Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Fabio de Novaes
Engenheiro Agrônomo Msc,
especialista em irrigação e drenagem - SRH/OEA
Nota: Nossos especiais agradecimentos aos Engenheiros Agrônomos Antônio José Simões e
Walter Caldas Junior, técnicos da Codevasf, que muito contribuiram para o desenvolvimen-
to da drenagem agrícola no semi-árido do vale do São Francisco, especialmente na região
Petrolina-Juazeiro. Nossos agradecimentos também ao Técnico da FAO, Matias Prieto-Celi,
pelo trabalho feito no Brasil na área de drenagem agrícola.
BATISTA, Manuel de Jesus; NOVAES, Fabio de; SANTOS, Devanir Garcia dos et.al.
Drenagem como instrumento de dessalinização e prevenção da salinização de solos.
2ª ed., rev. e ampliada. Brasília: CODEVASF, 2002
216 p. il. (Série Informes Técnicos)
1. Drenagem 2. Dessalinização I. SUGUINO, Hermínio Hideo. II. Título III. Série.
626.862.423.5 B333d
SUMÁRIO
1. Introdução, 09
2. Drenagem Superficial, 11
4. Salinização de Solos, 35
7. Topografia, 69
11. Condutividade Hidráulica - teste de furo de trado em presneça de lençol freático, 111
12. Condutividade Hidráulica - teste de furo de trado em presneça de lençol freático, 130
12.1. Método de Winger, 130
12.2 Método de Porchet, 144
A drenagem agrícola é uma prática significativa para o sucesso de projetos de irrigação, prin-
cipalmente para aqueles situados em regiões de acentuada deficiência hidroclimática.
A drenagem subterrânea, em nosso país, praticamente não existia até meados da década de
80, mesmo em projetos de irrigação e drenagem situados na região semi-árida do Brasil, inclu-
sive do Vale do Rio São Francisco.
Antevendo essa necessidade, a Codevasf decidiu implantar, de maneira experimental, drenos
subterrânes em seus projetos de irrigação. Em 1984 foram implantados os primeiros drenos
subterrâneos entubados em 2,2 ha, na região semi-árida do Vale do Rio São Francisco e pos-
teriormente, conduzidos estudos semelhantes em outras áreas de projetos públicos de irriga-
ção, com a finalidade de se avaliar o desempenho dos drenos estubados e assim desenvolver
critérios de drenagem para os diversos tipos de solos.
Atualmente, considerando apenas o semi-árido do Vale do Rio São Francisco, existem cerca
de 5600 ha com drenagem subterrânea, incluindo áreas de de projetos privados, o que mostra
a credibilidade alcançada por esse tipo de técnica.
A Codevasf, através desta publicação, que sintetiza os conhecimentos adquiridos e desenvol-
vidos pelos seus técnicos co-autores da Secretaria de Recursos Hídricos - SRH, acredita estar
dando importante contribuição para a implantação de sistemas de drenagem agrícola, princi-
palmente para a região semi-árida do país.
A drenagem agrícola constitu uma parte essencial dos projetos de aproveitamento hidroagrícola,
pois traz, entre seus objetivos, o de facilitar o manejo do solo ao evitar os indesejáveis
encharcamentos deste, além de inibir processos de salinização.
Curiosamente, apesar da importância que tem esse tipo de projeto, os pleitos de outorga de
direito de uso da água para irrigação,, no Brasil, são acompanhados do projeto de engenha-
ria de derivação e de aplicação da água, raramente apresentando o necessário projeto de
drenagem.
A questão é tanto mais grave no caso da região semi-árida onde os ganhos hauridos através de
um bom projeto de irrigação podem ser desperdiçados pela falta de uma orientação segura
para a drenagem. Assim, a drenagem agrícola constitui fator de incremento da produtividade
no uso do solo e, portanto, deve ser alvo da preocupação primeira dos gestores de recursos
hídricos em relação ao aproveitamento hidro-agrícola.
Este trabalho, da lavra dos engenheiros agrônomos Manuel Batista, Fabio de Novaes, Devanir
Garcia e Hermínio Suguino, reúne, em vinte um capítulos, um relevante conjunto de conheci-
mentos e informações teórico-práticas capazes de tornar a tarefa do projetamento da drena-
gem agrícola algo a um só tempo simples e objetivo, criando as condições para resultados
promissores no que se refere à utilização racional dos recursos hídricos e do solo.
De especial interesse, pelo caráter prático contido na abordagem dos autores, destaquem-se
os capítulos do 13 ao 21. Para o técnico já experimentado, aliás, a leitura pode ser iniciada
por esses capítulos, ficando o estudo dos demais para o momento imediatamente seguinte.
1. INTRODUÇÃO
2. DRENAGEM SUPERFICIAL
11
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
A declividade geral da bacia é dada pela fórmula S Os projetos de drenagem superficial são conce-
= H/L. bidos geralmente para tempo de recorrência
superiores a 5 anos. A decisão quanto ao período
Outra fórmula recomendada, por levar em de recorrência de uma determinada chuva deveria
consideração a altitude média da bacia, é a de ser feita em função de um balanço econômico entre
Giandotti, a seguir: os prejuízos anuais previstos, provenientes de
perdas agrícolas e danos a estruturas e os custos
anuais de escavação de drenos e construção de
S = superfície da bacia – Km2 estruturas de maior capacidade.
L = compromento da linha do talvegue – Km
Hm = altitude média da bacia – m
Ho = altitude no final do trecho – m Intensidade máxima de chuva (I)
12
Drenagem Superficial
ou curvas, que permitam obter intensidades de Para a conversão das chuvas máximas diárias em
chuvas para diversas durações e freqüências. chuvas com duração entre 6 minutos e 24 horas,
Segundo Torrico, a metodologia a ser adotada é a adota-se a seguinte metodologia.
seguinte:
• Converte-se a chuva de um dia em chuva de 24
• Compilam-se para cada ano os dados das chuvas horas, multiplicando-se a primeira pelo fator 1,10.
máximas diárias dos postos pluviométricos da • Determina-se, através da Figura 1, a isozona na
região do projeto. qual a área do projeto se situa.
• Os projetos que abranjam regiões muito extensas, • Na tabela 1 fixam-se, para a isozona do projeto
com climas diferentes, ou que contenham micro- e para o tempo de recorrência previsto, as
lima, deverão ser subdivididos em sub-regiões. percentagens para 6 minutos e 1 hora.
• Calcula-se, empregando qualquer método • A partir dos percentuais para 1 hora e para 6
estatístico (Hazen, Gumbel, Person, etc.) e, para minutos, obtidos na mesma tabela e da chuva de
cada estação meteorológica, a chuva máxima de 24 horas (100%), calcula-se as alturas de preci-
um dia para o tempo de recorrência desejado. pitação para 6 minutos e para 1 hora.
13
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 1-
Valores para converter alturas de chuva de 24 horas
em chuva de 1 hora e chuva de 6 minutos
14
Drenagem Superficial
• Delimitam-se, Figura 2, as alturas de chuva para de cada sistema de drenagem. Não é indicado
24 horas, para 1 hora e para 6 minutos de duração. também para que condições da Espanha a fórmula
• Liga-se a seguir os pontos para obter as alturas foi desenvolvida.
de chuva versus duração em horas. Pode-se assim
obter as alturas de chuvas para qualquer tempo de Tendo-se calculado o tempo de concentração (Tc)
duração entre 6 minutos e 24 horas. e tendo-se escolhido o tempo de recorrência
• A partir da altura de chuva e sua duração obtém- desejado (5, 10, 15, 20, 25 anos etc.) que é uma
se a intensidade de precipitação em mm/h. função do risco assumido para a estrutura projetada,
calcula-se com base nos registros de precipitações
Uma outra forma de solucionar o problema é aquele da região a intensidade máxima de chuva em mm/
que consiste em estimar diretamente a intensidade h.
máxima de chuva a partir, segundo Pires (3), de
valores da precipitação máxima diária para o
período de recorrência desejado, o que pode ser Coeficiente de escoamento (c)
feito empregando-se a fórmula:
Este coeficiente depende de vários fatores como
-0,55
I = 2,31p Tc solo, cobertura vegetal, grau de saturação do solo
Onde: e declividade geral da bacia.
I - Intensidade máxima de chuvas (mm/h)
p - Precipitação máxima diária (mm) O ideal é que fosse obtido através de dados
Tc- Tempo de concentração em minutos. experimentais, colhidos na própria bacia ou então
que fosse proveniente de bacias próximas, mas que
Esta fórmula, recomendada por Pizarro para as apresentem condições similares.
condições da Espanha, vem, de acordo com Pires,
dando bons resultados na drenagem de várzeas do É comumente obtido em função de fatores como
Estado de Minas Gerais. O autor, no entanto, não textura predominante da área, declividade geral
apresenta uma análise dos resultados obtidos, da bacia e tipo de cobertura vegetal, utilizando-
considerando as recorrências utilizadas nos se para isso tabelas existentes, como a tabela 2 a
dimensionamentos dos drenos, áreas das bacias seguir:
drenadas e períodos decorridos após a implantação
15
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tendo-se obtido os valores de C, I e A, calcula-se dente a uma recorrência igual a 1:2,3 ou aproxima-
a vazão Q empregando-se a fórmula Q = CIA/ damente 1:3 anos.
360. Em função da descarga obtida, dimensiona-
se a obra desejada que pode ser a seção de um Usando esta tabela a seleção da chuva seria feita
dreno, um bueiro ou um outro tipo de estrutura da seguinte maneira:
desejado. N = fn
N = número de anos de registro de chuvas.
Várias outras fórmulas poderão ser usadas para o f = freqüência ou recorrência desejada.
cálculo do escoamento superficial sendo que a es- n = número de ordem, na coluna, de valores anuais
colha desta ou daquela vai depender das informa- decrescentes de chuvas.
ções hidrológicas existentes, da dimensão e forma
fisiográfica da área e do grau de precisão desejado. Exemplo:
DURAÇÃO
(minutos) 5 10 15 30 60 90 120
ORDEM ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec.
1 1908 21.6 1908 30.5 1908 35.6 1908 43.7 1908 54.6 1908 62.5 1919 75.4
2 1921 19.3 1915 26.4 1915 30.0 1904 49.4 1904 48.8 1915 60.5 1908 66.8
3 1915 18.5 1921 23.6 1904 28.2 1915 34.5 1915 43.2 1904 54.4 1904 59.8
4 1934 18.3 1904 22.4 1921 26.2 1921 31.0 1926 36.8 1921 46.0 1921 53.9
5 1929 16.8 1926 21.3 1926 24.6 1926 30.0 1921 35.6 1926 41.9 1926 46.5
6 1926 15.8 1934 20.3 1934 23.4 1931 28.0 1914 33.8 1914 38.1 1917 41.7
7 1931 13.0 1929 19.8 1929 22.7 1934 26.1 1931 31.8 1931 35.6 1914 39.4
8 1904 11.4 1931 17.3 1931 20.8 1929 25.7 1934 30.5 1917 34.5 1931 38.4
9 1917 9.1 1911 13.2 1911 17.0 1911 24.1 1929 29.0 1934 34.0 1934 37.1
10 1914 7.1 1917 13.0 1917 15.8 1917 21.1 1911 28.2 1929 32.3 1929 35.8
11 1911 5.3 1914 8.9 1914 12.7 1914 20.1 1917 27.7 1911 31.2 1911 34.0
16
Drenagem Superficial
Muitas vezes são preparadas tabelas que apresen- curvas estão correlacionadas as alturas de
tam os valores de precipitação de uma dada região, precipitação, em milímetros, com as durações e
em mm/h, em função do período de retorno e do os tempos de recorrência.
tempo de concentração (ver Tabela 4) . Neste caso
basta determinar o tempo de concentração e Também são apresentadas fórmulas empíricas e
assumir qual o período de retorno desejado para tabelas que visam definir precipitações máximas
obter-se intensidade de precipitação diretamente em função da duração e do tempo de recorrência.
em mm/h.
Uma outra fórmula e que é bastante utilizada nos
Para algumas áreas existem curvas como aquela Estados Unidos, é a fórmula Cypress Creek (10).
da Figura 3, que correlacionam a precipitação,
em milímetros, com a duração em horas, para 2.1.2. Fórmula Cypress-Creek
determinadas curvas de recorrência. Neste caso, Q = 0,00028 C A5/6
após estimar-se a duração da chuva, entra-se no Q = descarga (m3/se g.)
gráfico e acha-se a altura da lâmina d’água A = área da bacia (ha)
precipitada para a duração considerada; a seguir, C = coeficiente que engloba características de solo,
calcula-se a precipitação ou intensidade (I) de cobertura vegetal, declividade e condições de
precipitação em mm/h. precipitação.
A obra intitulada "Chuvas Intensas no Brasil" de O valor "C" pode ser obtido diretamente na área a
autoria do Engenheiro Otto Pfafstetter (4) apresenta ser drenada ou nas imediações desta.
grande quantidade de curvas provenientes de
leitura de pluviógrafos de postos de serviços de Para obter-se o valor desejado é preciso que
meteorologia do Ministério da Agricultura. Nas existam bueiros ou pontilhões sob estradas ou
Tabela 4 -
Intensidade de precipitação em mm/h para o posto " x " em função
do tempo de concentração e período de retorno.
TEMPO DE
CONCENTRAÇÃO PERÍODO DE RETORNO (ANOS)
(MIN.)
2 5 10 15 20 25 50 75 100
5 123,6 159,0 182,4 195,4 202,8 221,8 233,4 246,0 255,0
10 102,0 127,8 144,6 154,2 160,2 167,4 182,4 191,4 198,6
15 85,8 110,4 126,6 136,2 141,6 147,6 162,6 171,6 177,6
20 76,2 98,4 112,8 121,8 126,0 131,4 144,6 153,0 158,6
25 67,2 86,4 99,0 106,2 110,4 114,6 126,6 133,8 138,6
30 61,2 78,0 89,4 96,0 99,6 103,8 114,6 120,6 124,8
40 51,6 66,6 76,2 81,6 85,2 88,8 97,8 103,2 106,8
50 45,0 58,2 67,2 72,6 75,0 78,6 87,0 91,8 95,4
60 39,6 52,8 61,2 66,0 69,0 72,6 80,4 85,2 88,8
75 32,4 43,2 50,4 54,6 57,0 60,0 66,6 70,8 73,2
90 27,6 37,2 43,2 46,8 48,6 51,0 57,0 60,0 62,4
105 24,0 31,8 37,2 40,2 42,0 43,8 48,6 51,6 54,0
120 21,6 28,2 33,0 35,4 37,2 39,0 43,2 45,6 47,4
17
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig.3: Curva de altura - duração -frequência de chuvas para o posto meteorológico de piaçabuçu
canais, e que se disponha de plantas topográficas sistema de drenagem superficial do projeto Senador
para delas obter-se as áreas das bacias que Nilo Coelho- Petrolina - Pe, com área de 25.000 ha.
contribuem para cada ponto de deságüe. De posse
desses valores, adicionados do conhecimento, A partir de estimativas de vazões máximas
mesmo que aproximado, do tempo de existência ocorridas em bueiros de estradas que cortam a área,
de cada estrutura e após obter-se informações, na observando marcas de nível d’água deixados, foi
área, sobre o funcionamento de cada estrutura possível obter um valor "C" razoavelmente
considerada, se já houve transbordamento, quantas confiável, que no caso foi igual a 35.
vezes e quando, pode-se então determinar o valor
do coeficiente "C" com razoável segurança. 2.1.3. Fórmula de McMath
Q = 0,0091 C i A4/5 S1/5
O valor "C" é empregado para obter-se a descarga Q = vazão (m3/seg.)
máxima para determinada recorrência. Só pode C = coeficiente de escoamento de McMath
ser extrapolado para áreas que apresentem i = intensidade de chuvas (mm/h)
condições de solo, topografia e clima semelhantes. A = área da bacia (ha)
S = declividade no talvegue principal = metro/metro
O Serviço de Conservação de Solos dos Estados
Unidos apresenta uma série de tabelas e curvas Na tabela 5 são apresentados os coeficientes de
que visam a obtenção do coeficiente desejado. McMath, sendo o valor "C" a soma dos três coefi-
Para fazer uso das curvas precisa-se, no entanto, cientes selecionados para caracterizar a bacia.
de uma série de informações que geralmente não
existem em nossas condições, o que limita entre Esta fórmula foi obtida em função da fórmula
nós o uso da fórmula. racional, sendo que o valor da intensidade de
chuvas é obtido da mesma forma que para a fórmula
Esta fórmula foi utilizada no cálculo de vazões do citada. Possui um fator de redução de área que
18
Drenagem Superficial
evita um aumento linear e irreal das vazões em pela CODEVASF para bacias de contribuição
função da áreas de contribuição. maiores que 50 ha.
2.1.4. Cálculo da vazão de escoamento superficial O fluxograma da figura 4 abaixo indica como
pelo método das curvas-número proceder no uso do método, enquanto que as
É um método prático que aparentemente tem tabelas 6,7,8 orientam como obter os dados
resultado na obtenção de valores confiáveis de necessários para os cálculos de que trata o
escoamento superficial. É o método mais utilizado fluxograma.
19
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 6
Dados da Bacia
Grupos de solo segundo o potencial de escoamento superficial (*)
GRUPO CARACTERÍSTICAS
(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 105
20
Drenagem Superficial
Tabela 7
Curvas-número (cn) representando escoamento superficial para as condições de solo, cobertura vegetal
e umidade abaixo apresentadas (condições de umidade ii e ia = 0,2 S) (*)
(*) Segundo Shwab et al. Soil and water conservation engeneering - pag. 104
21
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 8 -
Fatores de conversão de curvas-número para as condições I e III para Ia = 0,2 S (*)
(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 106
22
Drenagem Superficial
• Vazão do dreno
Q= C A5/6 x 10-3 = 9,8 x 10.0005/6 x 10-3= 21,1m3/s
•A vazão neste caso pode também ser estimada
da seguinte forma:
b) Fórmula Cypress - Creek
Q = 0,01 A5/6
Q = 0,01 (10.000)5/6 = 21,5m3/s
Q = 21,5m3/s
23
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Neste caso o método racional pode ser usado para Na Figura 5 é apresentado desenho esquemático
áreas maiores que 50 ha, desde que haja segurança de dreno trapezoidal, onde:
quanto ao cálculo estimativo da lâmina de chuvas
do período considerado, mesmo ocorrendo chuvas
convectivas que geralmente cobrem áreas
pequenas.
24
Drenagem Superficial
25
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
26
Drenagem Superficial
27
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
climáticas e de solo, as paredes dos drenos se 3 - PIRES, Elias Teixeira. Informações mínimas para
mantém parcialmente desnudas ou desprotegidas drenagem de várzea. Belo Horizonte:
por longos períodos de tempo, o que facilita a EMATER (MG), 1982. 30p.
erosão de seus taludes.
4- PFAFSTETTER, Otto. Chuvas intensas no Brasil;
O plantio de gramíneas ou leguminosas de relação entre precipitação, duração e
pequeno porte em taludes de drenos, com fins de freqüência de chuvas com pluviógrafos. SP:
protegê-los, não tem sido feito até o momento em DNOS, 1975.419 p. il.
nosso país por ser uma prática muito onerosa,
mesmo sendo empregado o processo da hidros- 5- RHODIA S.A. Drenos; princípios básicos e
semeadura. sistemas drenantes. São Paulo: 1978. 64 p.
il.
O problema de proteção de taludes se torna mais
necessário em áreas onde há predominância de 6- SCHWAB, Glenn O. et al. Precipitation. In:
argila expansiva tipo 2:1 (Teor de argila natural SOIL AND WATER CONSERVATION ENGI-
baixo). NEERING. 2ed. New York: John Wiley & Sons,
1966.
Em casos como esses, tudo indica que a melhor
opção é proteger as paredes do dreno, imedia- 7- TABORGA, JAIME JOSÉ TORRICO. Práticas Hi-
tamente após a sua escavação, por meio do plantio drológicas. Rio de Janeiro: TRANSCON,
de vegetação apropriada. 1974. 120p.
Quanto a limpeza de vegetação, é geralmente feita 8- TEIXEIRA, Antônio Libânio. Cálculo estimativo
manualmente através de roçagem. Esta deveria, de hidrograma de cheia. Belo Horizonte:
para drenos de seções maiores, ser sempre feita 1969. 14 p. il.
com o emprego de máquinas apropriadas,
constituídas de ceifadeira hidráulica de braço 9- USDA BUREC. Drainage manual; a water
móvel e ajustável, acoplada a trator de roda, que resources technical publication. Denver:
poderia roçar não só as paredes como também o 1978. 268 p. i l.
fundo do dreno.
10- U.S. DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. Soil
No caso de desassoreamento, este também pode conservation service; drainage of agri-
ser feito manualmente, para drenos pequenos, ou cultural land. Washington: 1971 1v. il.
mecanicamente para drenos maiores sempre que (National engineering handbook, section 16).
a operação for julgada necessária.
11-VILLELA, Swami M., MATTO, Arthur. Hidrolo-
gia aplicada. São Paulo McGraw-Hill do
Bibliografia Brasil, 1975. 245p. il.
28
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais
3. DRENAGEM SUBTERRÂNEA –
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução
As primeiras referências sobre drenagem subter- corrugado de material plástico perfurado, com a
rânea foram feitas no ano 2 AC, na antiga Roma, finalidade de coletar e escoar o excesso de água
onde já era recomendada a abertura de valas que do subsolo.
eram preenchidas com cascalho. O cascalho
atuava ao mesmo tempo como meio coletor de Enquanto a drenagem superficial visa à remoção
água do solo e condutor desta para fora da área do excesso de água da superfície do solo ou piso
drenada. A próxima referência data do ano de 1620, construído, a drenagem subterrânea visa à remoção
onde, pela primeira vez, em um convento da do excesso de água do solo até uma profundidade
França, foi feita drenagem subterrânea através de predeterminada.
tubos de barro, sendo a prática depois repetida na
Inglaterra em 1810. Em regiões úmidas e muito úmidas, com precipi-
tações médias anuais maiores que 1.000 mm, a
De uma maneira geral, pode-se afirmar que o drenagem subterrânea visa evitar o encharcamento
grande avanço da drenagem subterrânea, por meio do solo por período de tempo prolongado, que
de condutores subterrâneos, ocorreu nas últimas venha a prejudicar, de maneira significativa, o
quatro décadas. Este fato deu-se devido à grande rendimento econômico das plantas cultivadas.
demanda de alimentos causada pela explosão
demográfica, considerando-se que a população do No aumento da produção de alimentos a drenagem
planeta dobrou nos períodos de 1500 a 1900 e de contribui não só como fator de aumento da
1900 a 1950, bem como de 1950 até por volta de produtividade, como de incorporação de terras
1970 apesar das duas grandes guerras mundiais. encharcáveis ao processo produtivo.
A drenagem subterrânea tem por finalidade No Brasil esta técnica tende a expandir-se,
rebaixar o lençol freático através da remoção da principalmente em função dos trabalhos desenvol-
água gravitativa localizada nos macroporos do vidos pelo Programa Nacional de Aproveitamento
solo. Propicia, em áreas agrícolas, melhores Racional das Várzeas e, também, em função da
condições para o desenvolvimento das raízes das crescente salinização dos solos irrigados no
plantas cultivadas. Em regiões semi-áridas e semi- nordeste brasileiro, onde a irrigação começou a
úmidas evita o encharcamento e também a ser feita em maior escala a partir da década de
salinização de solos irrigados. 70.
De uma maneira geral os projetos de irrigação e Da mesma maneira, como tem acontecido em
drenagem têm sido implantados sem que sejam quase todos os países, a drenagem é uma prática
feitos os estudos necessários da parte relativa à que vem sempre a reboque da irrigação em
drenagem subterrânea dos solos, o que tem decorrência do surgimento de problemas de
propiciado condições favoráveis ao encharcamento encharcamento e/ou salinização.
e salinização de grande parte das áreas irrigadas.
A implantação de projeto de irrigação sem que
No presente momento a drenagem subterrânea é seja dada a devida atenção ao fator drenagem,
feita utilizando-se mais comumente o tubo decorre muitas vezes da falta de conhecimento
2 9
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
ou descuido, nesta área, dos técnicos envolvidos Nas regiões do Nordeste Brasileiro e do Vale do
nos estudos e preparo do projeto. Rio São Francisco estima-se que existam um
mínimo de 50.000 ha com teores médios a altos
Felizmente já existe uma maior conscientização de salinização, onde a instalação de drenos
quanto à importância da drenagem subterrânea subterrâneos é prática indispensável.
em relação aos cultivos e à preservação dos solos.
Somente na região do sub-médio São Francisco
existem em torno de 15.000 ha salinizados.
2. Estimativa de Áreas que
Requerem Drenagem Subterrânea Esses solos começaram a ser irrigados a partir dos
anos 50, motivo porque se tornaram salinos, o que
A drenagem subterrânea é importante para evitar tem redundado no abandono de muitas áreas e sub-
o encharcamento em regiões de baixo ou nulo utilização de outras, tornando evidente, na região,
déficit hídrico e para evitar o encharcamento e que solos rasos e de textura leve a média, irrigados
também a salinização em zonas de alto déficit com baixa eficiência, são salinizadas em poucos
hídrico, como na maioria das áreas do Nordeste anos de irrigação. Nos perímetros Maniçoba e
Brasileiro. Curaçá, situados em Juazeiro/BA, muitas áreas se
tornaram encharcadas, já nas primeiras irrigações
São muitas as áreas de terras do Brasil, irrigadas e a seguir, em período aproximado de 5 anos de
ou não, que necessitam de drenagem subterrânea, irrigação, se tornaram salinos o que, sem dúvida,
tendo, dentre elas, as várzeas úmidas e todas as reflete o quadro esperado para as zonas nordestinas
demais áreas cultivadas que apresentam problemas de baixas precipitações pluviais e má drenabi-
de drenabilidade de perfil. lidade.
As valas abertas têm o custo de instalação mais 3.1. Drenagem de rodovias e ferrovias
baixo, mas por outro lado as perdas de áreas de
terra, os custos elevados de manutenção e a maior É constituída de drenos subterrâneos interceptores
dificuldade oferecida por este sistema ao trabalho e rebaixadores do lençol freático nas proximidades
das máquinas agrícolas fazem com que, a médio e/ou sob a obra. São drenos instalados geralmente
prazo, a drenagem subterrânea por valas abertas em trechos em cortes ou em trechos de baixada
se torne mais dispendiosa do que aquela efetuada onde haja formação e ascensão do lençol freático
através dos condutos subterrâneos. a níveis que possam comprometer a capacidade
de carga do sistema.
3 0
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais
É a drenagem subterrânea de floreiras ou jardins O sistema é instalado de forma idêntica aos casos
internos e externos, concebidos em leito confinado anteriores tendo, no entanto, a finalidade de criar
de edificações. Evita o encharcamento prolongado uma grande área de infiltração e assim facilitar o
do solo, propiciando condições de umidade fluxo de água da fossa para o solo.
favorável às plantas e a obra.
É uma prática de baixo custo e bastante eficiente,
principalmente em se tratando de solos profundos
3.4. Drenagem temporária e permeáveis como os latossolos. Em áreas de solo
com fins construtivos que possuam a camada impermeável situada
próxima da superfície ou zonas que possuam o
Consiste na instalação, nas proximidades de uma lençol freático alto é mais eficiente que o sistema
obra, de sistema de drenagem subterrânea com a de sumidouro tipo cisterna.
finalidade de interceptar e rebaixar temporaria-
mente o lençol freático para permitir que os O sistema fornece ainda condições favoráveis a
trabalhos se desenvolvam normalmente. realização de sub-irrigação de plantas, principal-
mente quando instalado em regiões sujeitas a
É o tipo de drenagem chamada comumente de períodos de seca prolongados. Apresenta também
ponteira vertical ou horizontal. No caso da ponteira a vantagem de propiciar a fertilização do solo pela
horizontal a água é coletada através de tubos ferti-irrigação que automaticamente se processa.
perfurados ou condutos subterrâneos, tendo ao seu
redor um envoltório de cascalho, brita ou manta
sintética. 4. Drenagem subterrânea
com fins agrícolas
De uma maneira geral, a água captada é escoada
da área por bombeamento. É a drenagem que tem como finalidade propiciar
às raízes das plantas cultivadas condições
3 1
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Em regiões úmidas e muito úmidas, com precipita- • Perda de área na sua abertura o que, em solos
ções médias anuais maiores que 1.000 mm a de alto valor econômico e com culturas intensivas,
drenagem subterrânea visa evitar o encharcamento tem grande importância;
do solo por período de tempo prolongado que • Dificulta o trabalho de máquinas - manejo do
venha a prejudicar, de maneira significativa, o solo;
rendimento econômico das plantas cultivadas. • Custo do espalhamento do material ou alto custo
do descarte como bota-fora, quando não apropri-
Em regiões semi-áridas a drenagem subterrânea é ado para ser espalhado;
utilizada para evitar o encharcamento e também • Alto custo de manutenção devido ao crescimento
a salinização de solos irrigados. de ervas daninhas terrestres em seus taludes, e
aquáticas em seu leito.
É importante lembrar que tanto para a drenagem
superficial como para a drenagem subterrânea, a O talude adequado e bem construído evita
existência de ponto de descarga próximo da área desmoronamento.
a ser drenada é de fundamental importância,
podendo as condições de acesso e distância a esse A seguir apresenta-se uma estimativa prática para
ponto inviabilizarem a implantação de sistema a escolha de taludes, de acordo com o tipo de
de drenagem subterrânea de determinada área. solo:
3 2
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais
O sistema evita que as máquinas tenham que Os tubos corrugados oferecem vantagens em termos
trabalhar dando voltas em faixas estreitas de terras, técnicos e econômicos, como: custo de aquisição
3 3
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
3 4
Salinização de Solos
4. SALINIZAÇÃO DE SOLOS
1. Salinidade
O termo salinidade se refere a existência de níveis possuam precipitações pluviais médias de até
de sais no solo que possam prejudicar de maneira 1.000 mm/ano. Como exemplo temos o projeto
economicamente significativa o rendimento das São Desidério/Barreiras Sul, cujas chuvas situam-
plantas cultivadas. se em torno de 1.000 mm/ano e onde existe
salinização, em solos rasos e outros solos situados
A sensibilidade à existência de maiores ou menores em áreas de baixadas, de má drenabilidade. A
teores de sais no solo é uma característica de cada irrigação por sulco de baixíssima eficiência, é um
tipo de planta. Umas toleram concentrações altas fator que tem contribuído com grande intensidade
como a cevada e o algodão, enquanto que outras, para a evolução do processo.
como o feijão e a cenoura, são bastante sensíveis,
mesmo a teores baixos. Nas regiões norte, sul, centro-oeste e quase todo o
sudeste os solos são muito pouco sujeitos de se
A salinização ocorre, de uma maneira geral, em tornarem salinos, mesmo que tenham deficiência
solos situados em regiões de baixas precipitações de drenagem subterrânea. Nessas áreas o grande
pluviais, alto déficit hídrico e que tenham volume de água das chuvas lava os sais que
deficiências naturais de drenagem interna. venham a se acumular durante a irrigação, sendo
que o mesmo não acontece no nordeste e parte do
No Brasil, levando-se em consideração tão norte de Minas Gerais, por se tratar de região
somente as precipitações pluviais e a distribuição climática propicia à salinização dos solos quando
destas ao longo do ano, pode-se separar as regiões irrigados.
em:
• Semi-áridas - com período de seca igual ou 1.1. Como um solo se torna salino
superior a 6 meses por ano e precipitações médias
anuais menores que 800 mm; nesta classe situa-se A água das chuvas, quase pura ao cair e penetrar
50% da área do Nordeste Brasileiro. no solo, solubiliza e arrasta consigo íons de Ca++.
• Semi-úmidas - período de seca de 4 a 5 meses Mg++, Na+, Ka+, bem como radicais CO3- -, HCO3-
por ano. , SO4- - e outros, transformando-se então em uma
• Úmidas - período de seca de 1 a 3 meses por solução, que flui para formar os rios e lagos.
ano.
• Muito-úmida - sem seca. Ao se irrigar um solo de drenabilidade deficiente
a nula, situado em região de baixas precipitações
Quanto menor o valor das precipitações médias médias anuais e alto déficit hídrico, este se torna
anuais de uma região e maior a evapotranspiração salino em período de tempo bastante curto, porque
potencial, maior é a possibilidade de salinização as plantas removem basicamente H2O do solo,
de seus solos quando irrigados, tendo em vista que enquanto que a maior parte dos sais fica retida.
o déficit hídrico é maior. Nestas condições o solo tende a se tornar salino
caso não seja drenado artificialmente o que vem
Tem-se observado que a salinização, onde há ocorrendo nas regiões semi-áridas do nordeste
irrigação, ocorre mais comumente nas zonas que brasileiro.
35
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
No passado o homem desconhecia as causas que A salinidade afeta as culturas de duas maneiras:
levavam um solo a se tornar salino com a irrigação;
hoje a salinização ocorre pela negligência dos • Pelo aumento do potencial osmótico do solo.
órgãos e pessoas envolvidas com a irrigação, uma Quanto mais salino for um solo, maior será a
vez que suas causas são bem conhecidas, assim energia gasta pela planta para absorver água e
como os meios de evitar esse tipo de degradação com ela os demais elementos vitais.
dos solos. • Pela toxidez de determinados elementos,
principalmente o sódio, o boro, e os bicarbonatos
O laboratório de salinidade dos Estados Unidos da e cloretos, que em concentração elevadas causam
América classifica os solos quanto à salinidade distúrbios fisiológicos nas plantas.
em função da condutividade elétrica do extrato
da saturação (CE), da percentagem de sódio Na tabela 1, é mostrado o percentual de perda de
trocável (PST) ou da relação de absorção de sódio produtividade de uma cultura em função da
(RAS) e do pH em: condutividade elétrica do extrato de saturação do
solo, desde que todos os outros fatores de produção
SOLO CE RAS pH sejam favoráveis.
(mmhos/cm) (%)
NORMAL < 4 < 13 < 8,5 Os fatores que contribuem para a salinização dos
SALINO >4 < 13 < 8,5 solos são:
SÓDICO <4 > 13 ≥ 8,5 • clima - deficit hídrico climático acentuado;
SALINO/SÓDICO > 4 > 13 < 8,5 • irrigação em solos rasos ou solos de má
drenabilidade;
• irrigação com água de má qualidade - teores
elevados de sais;
• baixa eficiência de irrigação;
• manutenção inadequada do sistema de
drenagem ou ausência de sistema de drenagem
superficial e/ou subterrânea.
* No caso do PST o valor é igual a 15.
36
Salinização de Solos
Tabela 1 -
Níveis de Tolerância a Teores de Sais
no Solo e na Água de Irrigação (*)
Produtividade Potencial
100% 90% 75% 50% 0%
CEes CEi CEes CEi CEes CEi CEes CEi CEes (máximo)
CEVADA 8,0 5,3 10,0 6,7 13,0 8,7 12,0- 18,0 28
FEIJÃO 1,0 0,7 1,5 1,0 2,3 1,5 3,6 2,4 07
MILHO 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10
CANA AÇÚCAR ** 3,0 5,0 8,5
ALGODÃO 7,7 5,1 9,6 6,4 13,0 8,4 17,0 12,0 27
AMENDOIM 3,2 2,1 3,5 2,4 4,1 2,4 4,9 3,3 07
ARROZ INUNDADO 3,0 2,0 3,8 2,6 5,1 3,4 7,2 4,8 12
GIRASSOL 5,3 3,5 6,2 4,1 7,6 5,0 9,9 6,6 15
SORGO 4,0 2,7 5,1 3,4 7,2 4,8 11,0 7,2 18
SOJA 5,0 3,3 5,5 3,7 6,2 4,2 7,5 5,0 10
TRIGO 6,0 4,0 7,4 4,9 9,5 6,4 13,0 8,7 20
BETERRABA 4,0 2,7 5,1 3,4 6,8 4,5 9,6 6,4 15
BROCOLI 2,8 1,9 3,9 2,6 5,5 3,7 8,2 5,5 14
REPOLHO 1,8 1,2 2,8 1,9 4,4 2,9 7,0 4,6 12
MELÃO (CANTALOUPE) 2,2 1,5 3,6 2,4 5,7 3,8 9,1 6,1 16
CENOURA 1,0 0,7 1,7 1,1 2,8 1,9 4,6 3,1 08
PEPINO 2,5 1,7 3,3 2,2 4,4 2,9 6,3 4,2 10
ALFACE 1,3 0,9 2,1 1,4 3,2 2,1 5,2 3,4 09
CEBOLA 1,2 0,8 1,8 1,2 2,8 1,8 4,3 2,9 08
PIMENTA 1,5 1,0 2,2 1,5 3,3 2,2 5,1 3,4 09
BATATINHA 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10
RABANETE 1,2 0,8 2,0 1,3 3,1 3,1 5,0 3,4 09
ESPINAFRE 2,0 1,3 3,3 2,2 5,3 3,5 8,6 5,7 15
BATATA DOCE 1,5 1,0 2,4 1,6 3,8 2,5 6,0 4,0 11
TÂMARA 4,0 2,7 6,8 4,5 10,9 7,3 12,3 17,9 32
TOMATE 2,5 1,7 3,5 2,3 5,0 3,4 7,6 5,0 13
ABACATE 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 3,7 2,4 06
FIGO 2,7 1,8 3,8 2,6 5,5 3,7 8,4 5,6 14
UVA 1,5 1,0 2,5 1,7 4,1 2,7 6,7 4,5 12
LARANJA-LIMÃO 1,7 1,1 2,3 1,6 3,2 2,2 4,8 3,2 08
PÊSSEGO 1,7 1,1 2,2 1,4 2,9 1,9 4,1 2,7 07
MORANGO 1,0 0,7 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 04
ALFAFA 2,0 1,3 3,4 2,2 5,4 3,6 8,8 5,9 16
CAP. BERMUDA 6,9 4,6 8,5 5,7 10,8 7,2 14,7 9,8 23
(*) - Segundo Ayers e Westcot, 1976 - Irrigation and Drainage paper, nº 24 - FAO; CROP
WATER/REQUIREMENT
** Adicionado.
CEes = Cond. Elet. do extrato de saturação do solo em mmhos/cm ou dS/m.
CEi = Cond. Elet. da água de irrigação em dS/m
37
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tem-se então:
a) conteúdo de sais da água de irrigação. Condições 03:
CE x 640 = ppm ou 0,08 mmhos/cm x 640 = 51,2 Cálculo estimativo da evolução do processo de
ppm = 51,2 g/m3 (51 gramas de sal por metro cúbico salinização dos vertissolos do perímetro Tourão,
de água); situado próximo da cidade de Juazeiro/BA, através
b) volume anual de água aplicada por ha. da irrigação da cana de açúcar.
1.200 mm/ano = 1,2 m/ano x 10.000 m2 = 12.000
m3/ha/ano; A área, de 10.548 ha é constituída em sua quase
c) quantidade de sal adicionada. totalidade de vertissolos, existindo nos talvegues
12.000 m3/ano x 0,0512 Kg de sal/m3 = 614,4 Kg pequenas manchas de solos bruno não cálcicos
de sal/ha/ano; que já se encontram parcialmente salinizados pela
d) quantidade de sal que a solução do solo deve irrigação.
conter para que este seja considerado salino.
4 mmhos/cm x 640 = 2.560 ppm = 2,56 Kg/m3 de Assume-se as seguintes condições:
solução; • Drenabilidade nula dos solos;
e) volume de solução no solo, por hectare, • Região de clima semi-árido;
assumindo-se que em um dado momento todo o • Aplicação de uma lâmina de água de 1.500 mm/
perfil estaria saturado. ano;
• Alta eficiência de condução e distribuição de
• Solo constituído de 38% de espaço poroso, 60% água;
de matéria mineral e 2% de matéria orgânica; • Solo de 3,0 m de profundidade (solo e subsolo
38
Salinização de Solos
39
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
colmos da cana de açúcar = 581 Kg/ha/ano altas podem nunca se salinizarem ou se salini-
Aporte anual de sal zarem em períodos bastante maiores.
1.560 Kg - 581 = 979 Kg/ha/ano
g) Quantidade de sal que a solução do solo deve 1.3. Como evitar a salinização
conter para que este seja considerado levemente
salino para a cultura de cana de açúcar. Todo solo situado em regiões climáticas caracte-
3 mmhos/cm x 640 = 1.920 ppm = 1,92 Kg sal/m3 rizadas por baixas precipitações e altos déficits
solução hídricos climáticos e que ao mesmo tempo possua
má drenabilidade, tende a se tornar salino, com a
h) Volume de solução no solo, por hectare, irrigação, mesmo que esta seja feita com água de
assumindo-se que em um dado momento todo o boa qualidade.
perfil estaria na capacidade de campo.
• Solo constituído de 48,2% de espaço poroso, Somente irrigar terras de boa drenabilidade, ou
51,5 de matéria mineral e 0,3 matéria orgânica; seja, áreas selecionadas tendo como base estudos
V = 10.000 m2 x 3,00 x 0,48 = 14.400 m3 de solos ou classificação de terras para irrigação
que se baseie em parâmetros adequados para a
i) Quantidade de sal necessário por hectare, para região, principalmente no que se refere à
que o solo já seja considerado como levemente profundidade do impermeável.
salino:
14.400 m3 de solução/ha x 1,92 Kg de sal/m3 = Solos com menos de 1,0 m de profundidade não
27.648 Kg/m3 devem ser irrigados a não ser em condições muito
especiais e quando se tratar de região semi-arida,
j) Número de anos de irrigação necessário para terão que contar coma implantação de sistema de
que o solo atinja um estágio de salinização que drenagem subterrânea.
prejudique significativamente o desenvolvimento
da cultura da cana de açúcar: A evolução do processo de salinização pode ser
evitada, em caso mais favoráveis, através de uma
irrigação eficiente ou por meio da instalação de
sistema de drenagem subterrânea e coletores, para
desta forma facilitar a percolação profunda de parte
No que se conclui que para a condição 01 os solos das águas das chuvas ou excedentes de irrigação
começariam a apresentar queda de produtividade e assim promover a lavagem de sais do solo.
apreciável devido a salinização, após 19 anos de
irrigação. Na condição 02 bastariam 3 anos de Fazer manutenção adequada do sistema de
irrigação, enquanto que na condição 03 levariam drenagem - coletores e subterrânea.
28 anos.
A salinização comumente se manifesta primeiro
nas partes mais baixas do terreno, porque o lençol 1.4. Recuperação de solos
freático nestas áreas fica mais próximo da afetados por sais
superfície. Desta forma o solo apresenta área
salinizadas em período bem inferior ao estimado, Um solo se torna salino pela irrigação quando
conforme vem ocorrendo nos projetos Maniçoba e possui deficiência de drenagem interna e situa-se
Curaçá, situados no semi-árido, próximo da cidade em região cujas condições climáticas são
de Juazeiro/BA. Por outro lado, devido a este favoráveis a evolução do processo.
mesmo fenômeno, as áreas situadas nas partes mais
40
Salinização de Solos
Para solos argilosos com abundância de microporos, A recuperação de um solo salino pode levar dias e
estudos de campo tem demonstrado que a lavagem até meses, dependendo da sua drenabilidade e da
através de inundação por período longo é menos lâmina de lavagem necessária.
eficiente que quando são feitos inundações
periódicas, onde o solo é inundado por um certo Os íons e radicais mais comumente encontrados
período de tempo e a seguir deixado secar. no solo são Ca++ , Mg++, Na+, K+, Cl-, SO4- -, CO3-
-
HCO3-, NO3- e NH4-, sendo que em um solo
Este processo tende a promover uma melhoria na normal o complexo do solo é composto de 80%
estrutura do solo com melhoria da condutividade de íons Ca++ e em torno de 5% Na+.
hidráulica.
Como regra geral de lavagem dos solos aplica-se
Uma outra vantagem deste processo é que uma lâmina de água igual a três (3) vezes a
desestimula o desenvolvimento de microorga- profundidade do solo a ser recuperado.
nismos que diminuem a condutividade hidráulica.
Para uma eficiente lixiviação do solo um sistema
Este processo aumenta a eficiência de lixiviação de drenagem apropriado deve ser instalado. Em
pelo fato de que, na medida em que o solo seca, certos casos, linhas adicionais e provisórias de
os microporos, que em condição de saturação não drenos (linhas que poderão ser de fácil deterio-
estavam conduzindo água, passam a fazê-lo. Desta ração), podem ser instaladas para atender a uma
forma, a água salina dos microporos é substituída maior descarga durante o período de recuperação.
e os sais gradativamente carreados. Em condições
de saturação, o único meio de reduzir a concen- Recuperação de solo salino-sódico
tração de sais dos microporos seria por difusão, o
que é mais demorado. A estrutura e aparência dos solos salino-sódicos é
muito similar à dos solos salinos. Se nesses solos o
Por meio de ensaios de campo, em pequenas excesso de sais solúveis for lavado, a porcentagem
parcelas, pode-se acompanhar a evolução do de sódio trocável aumentará e, como conse-
processo de dessalinização com a conseqüente qüência, o solo poderá se tornar sódico e ter sua
lixiviação dos sais. estrutura destruída.
O cálculo da lâmina de lavagem a ser aplicada, A recuperação deste tipo de solo deve ser feita
pode ser feito com o uso da seguinte fórmula: com a lavagem do excesso de sais, ao mesmo
tempo em que são aplicados corretivos de cálcio
com a finalidade de substituir o sódio do complexo
do solo.
Onde:
L = lâmina de água requerida para lixiviar o solo - A substituição do sódio por cálcio deve ser feito
mm antes que a lavagem produza a difusão das
41
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Ci= concentração inicial de Ca + Mg na água de que o restante da água percola através dos
irrigação (obtido de análise) - me/1. macroporos podendo ser considerada como não
reativa, daí ser mais eficiente a lixiviação do solo
3) Calcula-se a quantidade total de (Ca + Mg) através de aspersão (onde o solo pode ser mantido
necessária para recuperar um solo sódico pela próximo da capacidade de campo) ou então a
fórmula: inundação intermitente - inundar e deixa secar em
fase alternadas.
Exemplo:
PSTi = percentagem inicial de sódio trocável - %
PSTf = percentagem final de sódio trocável - % Deseja-se recuperar os primeiros 50 cm de um solo
CTC = capacidade de troca de cátions - mE/100g sódico usando o processo de inundação:
h = profundidade de solo a melhorar - cm A percentagem inicial de sódio trocável (PSTi) é
da = densidade aparente do solo - g/cm3 . de 25, devendo a PSTf ser equivalente a 5%; os
A percentagem de sódio trocável deve ser reduzida demais parâmetros são:
de acordo com tabelas de tolerância. • Densidade aparente = 1,8 g/cm3
• Capacidade de troca de cátions = 20 mE/100 g
4) Calcula-se a lâmina de água requerida para • Água de irrigação contendo 12 mE/1 de sódio e
suprir a quantidade de (Ca + Mg) necessária para 3 mE/1 de (Ca + Mg), ou Ci=3
a recuperação do solo pela fórmula:
Deseja-se saber:
Lâmina = = mm, sendo 1 - A relação de absorção de sódio da solução
(Ca + Mg) = eq/ha solo-água
Ci = eq/1 2 - A quantidade de gesso que tem que ser
adicionado a água de irrigação
5) Calcular-se a quantidade de gesso em Keq/ha 3 - A quantidade de (Ca + Mg) necessária em keq/
através da a fórmula: ha
4 - A lâmina de água necessária para recuperar o
(Ca + Mg) = Keq/ha de gesso solo.
5 - A quantidade de gesso necessária em keq/ha
(Ca + Mg) = Keq/ha 6 - A quantidade de gesso em kg/ha.
x = mE/1
Resposta:
6) Calcula-se a quantidade de gesso (CaSO4 . 1) Para estimar a RAS da solução solo-água a partir
2H2O) em kg/ha multiplicando o seu valor em keq/ da porcentagem final de sódio trocável (PSTf)
ha pelo peso equivalente do corretivo a ser usado, desejada usa-se a seguinte equação:
conforme tabela que segue.
43
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
(25 − 5)
(Ca + Mg) = x 20 mE/100g x 1,8 g/cm3 x Como o equivalente grama do
100
50 CaSO4 . 2H2O = 86.0g/eq
=
1.4.2. Lâmina de lixiviação
Ci = concentração inicial de Ca + Mg na água de para balanço de sais
Irrigação,
Onde: (Ca + Mg) = eq/ha É a fração da água de irrigação que deve atravessar
(Ci + x ) = eq/1 a zona das raízes.
5) A quantidade de gesso necessária em Keq/ha é A fração da água de irrigação a ser lixiviada vai
de: depender do nível de salinidade desta e da
tolerância das plantas cultivadas.
Tabela 1
Corretivos de aplicação direta no solo ou dissolvidos na água
de irrigação e suas capacidades relativas de fornecimento de cálcio ao solo.
*
aplicando diretamente no solo
ou com água de irrigação.
**
somente adicionado ao solo.
44
Salinização de Solos
Tabela 2
Tolerância de várias culturas à porcentagem de sódio trocável (PST)
- Segundo a publicação SALT-AFECTED SOIL, LECTURE NOTES. BY J.J. Jurinak - 1978, Utah State
University. USA
CEi = condutividade elétrica da água de irrigação tividade elétrica na zona das raízes de 8 mmhos/
em mmhos/cm a 25oC. cm e usando-se uma água de irrigação de, 0,50
CEd = condutividade elétrica da água de drenagem. mmhos/cm e excluindo as águas das chuvas, a
lâmina de lixiviação será de:
Para ser mais realista toda a água que infiltra deve
ser considerada, o que implica em adicionar toda
a precipitação efetiva. Assim sendo,
Este valor de 6% é bastante conservador tendo em
vista que as precipitações naturais podem, por si
só recuperar o solo, desde que um sistema
CE ( i + c) = condutividade elétrica das águas de adequado de drenagem subterrânea seja instalado.
irrigação e chuvas. Na realidade, toda a água que penetra no solo e
Lc = lâmina de chuva. atravessa a zona das raízes deve ser considerada
CEc = condutividade elétrica da águas de chuva nos cálculos.
em mmhos/cm a 25oC.
Cálculos da lâmina de água a ser aplicada
Os valores da CEd são obtidos a partir de tabela
de tolerância à salinização para diversas culturas, É necessário conhecer os tipos de plantas a serem
sendo que o valor da condutividade elétrica cultivadas e uso consuntivo de cada uma delas.
assumida para a água de drenagem vai depender
do nível de redução da produção assumido para a A lâmina de água a ser aplicada será então igual
cultura. ao uso consuntivo adicionado da lâmina a ser
drenada ou:
Quando existem várias culturas juntas, pode-se
assumir como guia um decréscimo de 25% de Li = Luc + Ld; como Ld = RL x Li, tem-se:
produção para a cultura menos tolerante. Li = Luc + RL x Li. Dividido por Li resulta:
tividade elétrica na zona das raízes igual a 4 Madrid: Institute Nacional de Reforma y
mmhos/cm. Se o uso consuntivo é de 7 mm/dia, Desarrollo Agrário, 1986. 239 p i1.
calcular a lâmina líquida de irrigação.
4 - BATISTA, Manuel de Jesus. Drenagem
a) A lâmina bruta de Irrigação Subterrânea por Tubos Corrugados. Brasília:
b) A lâmina de percolação profunda ou lâmina de 1989. 26 p.
drenagem
c) o requerimento de lixiviação 5 - NIMER, Edmon. Climatologia do Brasil. Rio de
Janeiro: IBGE/SPREN, 1970 p. 353-358.
a)
6 - MELLO, Aristóteles Fernandes de. PROJETO
b) Ld = Li - Luc = 8,9 - 7,0 = 1,9 mm/dia; TOURÃO. IN: ESTUDOS GEOLÓGICOS
GEOTÉCNICOS NOS PROJETOS CURAÇÁ,
c) MANIÇOBA, TOURÃO. 1978. Brasília:
CODEVASF, 1978. (Item C.)
Para a irrigação com água do Rio São Francisco, o
requerimento de lixiviação seria de: 7 - ORLANDO FILHO, José. Coord. Nutrição e
adubação de cana-de-açúcar no Brasil.
a) Piracicaba: IAA/PLANALSUCAR, 1983. 368
p. i1.
b) Ld = Li - Luc =7,25 - 7,00 = 0,25 mm/dia;
c)
Bibliografia
47
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
5. NOÇÕES DE SOLOS,
CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM INTERNA
1. Introdução
científica e preparar mapa de classes de terras para
O conhecimento de solos é bastante importante irrigação, que é uma classificação técnica.
para todo técnico de drenagem agrícola. As
características de perfil de solo indicam as condi- 2. Classes pedológicas principais
ções de drenabilidade no ponto descrito.
2.1. Latossolo
Por se tratar do líquido, água, a ser drenado de
São solos muito profundos (mais de 2,0 m de
um meio poroso, solo, o conhecimento das
profundidade), de cor vermelha, alaranjada ou
características de drenabilidade deste é muito
amarela, muito porosos, com textura variável, baixa
importante. As condições de drenagem interna e
capacidade de troca de cátions e fortemente
a forma fisiográfica de uma área indicam a
intemperizados. Os teores de óxidos de ferro e
necessidade de drenagem agrícola que, em zonas
alumínio são elevados.
úmidas, tem a finalidade de evitar o encharcamento
e/ou acúmulo da água na superfície do terreno; As características morfológicas mais marcante são
nas regiões semi-áridas indicam a necessidade a grande profundidade, porosidade e a pequena
de drenagem como instrumento para evitar o diferenciação entre horizontes, com transição gra-
acúmulo de água na superfície do solo, por tempo dual ou difusa e textura praticamente uniforme em
prolongado, ou o seu encharcamento ou a profundidade.
salinização.
São destituídos de horizonte “B” de acúmulo de
O conhecimento dos tipos de solo da área a ser argila. São encontrados mais comumentes nas
estudada dá uma idéia da ordem de grandeza dos regiões de clima tropical-úmido, sendo solos
estudos a serem feitos. Cada classe de solo possui bastante envelhecidos, estáveis e intemperizados.
características próprias de drenabilidade e dentro
de uma mesma classe pedológica podem existir
áreas com deficiências de drenagem interna e 2.2. Solos Podzólicos (Argissolos,
áreas de boa drenabilidade. Alissolos, Luvissolos e Plintossolos)
Nos estudos de solos patrocinados pela Companhia São solos de profundidade mediana (1,5 a 2,0 m),
de Desenvolvimento do Vale do São Francisco com perfis bem desenvolvidos, moderadamente a
(CODEVASF) visando a implantação de projeto de bem intemperizados, apresentando comumente dife-
irrigação e drenagem, são feitos estudos pedoló- renciação marcante entre os horizontes. Possuem
gicos e de classificação de terras para irrigação. um horizonte “B” vermelho a vermelho-amarelado,
que mostra claramente a acumulação de argila trans-
Os estudos de classificação de solos identificam locada do horizonte “A” pela ação da água gravitativa.
parâmetros pedogenéticos. Para a classificação
de terras para irrigação são levantados, na mesma Ocorrem em regiões de florestas, de clima úmido,
etapa dos estudos, parâmetros adicionais, próprios sendo mais encontrado no Brasil o podzólico
e necessários para este fim, o que permite mapear vermelho-amarelo que freqüentemente ocorre
as classes pedológicas, que é uma classificação associado a Latossolo. Ocorre em situação de
48
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna
Apresenta o horizonte “A” assentado diretamente São solos moderadamente rasos (0,50 a 1,00 m),
sobre o horizonte “C”, composto de estratos das situados geralmente nas regiões de transição entre
decomposições sedimentares. florestas e campinas. Apresentam horizonte
superficial de coloração marrom não muito escuro.
2.5. Cambissolos O horizonte “B” geralmente tem cor vermelha e
evidências de acumulação de argila que tem alta
São solos com “B” incipiente ou câmbico, sem capacidade de troca de cátions. O conteúdo de
evidências de iluviações de argila e sem cimen- cálcio, magnésio e potássio é alto.
tação. Podem apresentar baixo gradiente textural.
São comuns no semi-árido brasileiro, onde as
São solos intermediários entre os poucos e os bem chuvas escassas, mal distribuídas e de altas
desenvolvidos, sendo geralmente profundos (1,0 intensidades e baixas durações, contribuem para
a 1,5 m). que sejam rasos, por dificultar a decomposição
das rochas enquanto que as chuvas intensas
São solos com horizonte A ou "O" (orgânico), com A classificação de terras para irrigação é um arranjo
menos de 40 cm de espessura, assentados sistemático das terras em classes, baseado na
diretamento sobre a rocha ou horizonte "C" ou sua aptidão para a agricultura irrigada.
sobre material com mais de 90% do volume de
sua massa, constituída por fragmento de rocha A classificação é baseada em uma série de
maior que 2mm de diâmetro e contato lítico dentro parâmetros conforme o constante do exemplo
de 50 cm da superfície do solo. esquemático abaixo e da tabela 1.
2.10. Planossolos
Uso da terra
2.11. Solos Hidromórficos
Serve para determinar as atuais condições de
cultivo. É indicado pela primeira letra no
São solos que se desenvolvem sob a influência de
denominador do símbolo da classe de terra. São
lençol freático alto, estando a maior parte do tempo
utilizados os seguintes símbolos para separarem
saturados.
áreas de diferentes usos:
50
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna
NOTAS: Em áreas de solos aluviais deverão ser executados levantamentos ultra-detalhados com
requisitos a serem especificados. Poderão ser dispensadas as análises de densidade
global ou densidade e curva de retenção, dos solos a priori considerados não irrigáveis.
51
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
52
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna
drenagem interna dos solos e superficial da área subsídios para a eliminação de áreas não irrigáveis.
estudada. A CODEVASF, utilizando critérios básicos de
A profundidade da barreira, em relação à superfície classificação de terras para irrigação, desenvolvidos
do terreno, a presença de mosqueado, pelo Bureau of Reclamation e Critérios de
principalmente quanto a quantidade e contraste, a Drenabilidade para solos do semi-árido,
presença de cores indicativas de condições de oxi- desenvolvidos pela CODEVASF / Companhia
redução e de concreções, dentre outras, Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) preparou
complementadas com os valores de condutividade o constante das tabelas 2 e 3 anexas e dados
hidráulica de campo, são decisivos na indicação complementares.
de classes de drenabilidade, além de fornecerem 3.3. TESTES COMPLEMENTARES
53
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
54
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
6. DRENOS SUBTERRÂNEOS -
ENVOLTÓRIOS
1. Introdução
Solos bem estruturados, com grande poder de A ocorrência deste fenômeno é comum em solos
coesão de suas partículas, como os podzolos e pouco ou não estruturados (6), principalmente
latossolos, podem dispensar o uso de envoltório, naqueles com texturas variando de siltosa grosseira
enquanto que para solos não coesivos, do tipo a areia média.
siltoso, solos com predominância de areia fina e
aqueles com alta incidência de argila expansiva O material colocado ao redor do tubo deve
e/ou grande capacidade de dispersão, o emprego funcionar como "envoltório", devendo sempre
de envoltório é indispensável. possuir condutividade hidráulica muito superior
àquela do solo a ser drenado e área de fluxo, na
Envoltórios de cascalho, brita ou areia grossa interfase solo-envoltório, suficientemente grande
lavada são tecnicamente os mais recomendáveis para que a velocidade da água seja suficien-
para uso na drenagem de qualquer tipo de solo. temente pequena, nessa zona de transição, para
55
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
56
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
Quanto maior for a área de fluxo, maior será a satisfatoriamente porque dentro das corrugações o
capacidade de captação de água pelo dreno. solo não é naturalmente compactado. Nesses
intervalos a permeabilidade se mantém alta,
Drenos com área de captação reduzida podem resultando em uma área efetiva de fluxo que em
levar o sistema de drenagem a funcionar de alguns solos pode ser suficiente, o que não aconte-
maneira inadequada ou a um completo fracasso ce com manilhas de argila ou tubos de pvc de
devido à resistência enfrentada pela água para paredes lisas.
atingir o interior do tubo, o que resulta na elevação
do lençol freático. A seguir são mostradas representações esque-
máticas de áreas de fluxo para diversos tipos de
Em solos de boa estabilidade estrutural o emprego tubos e envoltórios, conforme ilustrações constan-
de tubo corrugado, sem envoltório, pode funcionar tes das figuras 2 a 8 a seguir:
Área de fluxo = 0,50% da área externa do tubo ou 15,7 cm2 por metro tubo
Fig. 2 - Manilha de argila sem envoltório
57
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
58
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
Avaliação da necessidade com base na textura Esse teste dá uma idéia geral da estabilidade
do solo estrutural da amostra e ou da erodibilidade do solo,
de acordo com o grau de desintegração da amostra
A necessidade do emprego de envoltório seria deixada em água por horas ou dias (5). Trata-se de
avaliada com base em dados constantes da tabela um método simples, prático e barato de se avaliar
1, anexa, preparada pelo Serviço de Conservação a necessidade do emprego de envoltório na
de Solos dos Estados Unidos, onde é feita recomen- drenagem de um determinado horizonte de solo.
dação para o emprego de envoltório tomando Para o teste são necessários dois vasilhames (figura
como base a textura do solo. 9) , concêntricos, preferentemente de plástico
transparente. O interno com cerca de 10 cm de
Teste de estabilidade dos agregados do solo, em diâmetro e 5 a 10 cm de altura e o externo, com
água, com agitação cerca de 20 cm de diâmetro e altura semelhante.
Consiste em analisar amostras quebradas a mão e O recipiente interno deverá ter, para entrada da
secas ao ar, empregado conjunto de peneiras água, perfurações pequenas no fundo, situadas
acopladas de 2,0; 1,0; 0,5; 0,25; e 0,01 mm de próximas das paredes deste, conforme figura 9,
malha que é colocado dentro de um recipiente devendo ser colocado no centro do vasilhame maior
com água. A amostra de terra é despejada na e sobre 3 pontos de apoio que permitam que a
peneira superior, de 2,0 mm , sendo o conjunto água, ao ser adicionada lentamente no recipiente
de peneiras agitado mecanicamente sob a água. externo, penetre neste de baix o para cima.
59
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 1
Avaliação da Necessidade de Envoltório em Função do Tipo de Solo (*)
Arenoso-siltosos
Silto-arenosos com granulometria uniforme Sim Sem restrição
Siltosos inorgânicos e areias finas
Solos pulverulentos siltosos ou argilo-arenosos
finos com baixa plasticidade
Micáceos
Solos siltosos
Siltosos Expansivos
Areno argiloso
Argilo siltoso de granulometria não uniforme Deve ser mínima de
0,30 m/s quando não é
empregado envoltório.
Cascalhento siltoso
Siltoso argilo cascalhento de granulometria
não uniforme
Areno siltoso
Silte arenoso de granulometria não uniforme
60
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
No centro do recipiente interno são colocados técnica de instalação de drenos apropriada para
fragmentos da amostra do solo a ser testado. A este tipo de solo.
seguir adiciona-se água suavemente ao cilindro
externo, até que esta, após penetrar no cilindro Este método, embora prático e simples, necessita
interno, através dos furos situados na parte inferior, de repetições com amostras de solo provenientes
cubra totalmente a amostra. Anota-se então o de áreas drenadas onde a decantação de partículas,
tempo e dá-se o teste por iniciado. tanto no tubo dreno como no envoltório, tenha sido
quantificada para serem então feitas comparações
Deve ser observado o comportamento dos quantitativas entre a estabilidade dos agregados
agregados, ao serem inundados e acompanhadas destes solos em água e a decantação ocorrida no
as alterações posteriores até que seja atingido um campo, considerando-se os tipos e dimensão dos
equilíbrio. envoltórios dos solos estudados.
Considerações
De início, as leituras podem ser feitas a cada 5 a
10 minutos, passando para intervalos de 1,0 hora
Até o momento não existe nenhum método,
e depois para intervalos maiores, que podem ser
consagrado internacionalmente, de avaliação da
superiores a 12 horas, ou a critério do condutor do
necessidade de envoltório em drenos subterrâneos.
teste. O importante é que todas as alterações sejam
anotadas. Para as 6 amostras de solos estudadas, nenhum
dos métodos ou parâmetros sugeridos foi efetivo
Se a água, ao penetrar no recipiente interno não na avaliação da necessidade do emprego de
desagregar ou desagregar parcialmente os envoltório em drenos subterrâneos. Com base no
fragmentos do solo é porque o mesmo possui alta exposto, acredita-se que não servirão de base para
estabilidade estrutural, o que dispensa o emprego avaliar a estabilidade estrutural dos solos tropicais
de envoltório como forma de evitar a desagregação encontrados no Brasil.
e carreamento de partículas para o dreno.
Com relação ao teste de dispersão do solo em água,
Quando a água se mantiver límpida, mesmo que em repouso, considerando a sua praticidade e
ocorra desagregação total da amostra, o solo pode custo, este pode ser muito útil. Há necessidade de
ser considerado como regular ou não problemático maiores estudos visando definir valores quantita-
em termos de drenagem subterrânea podendo, no tivos e assim consagrá-lo como método confiável.
caso dos solos podzólicos, ser dispensado o uso
de envoltório como forma de reter finos do solo. Em nosso caso é sabido que os latossolos testados
Tratando-se de solos com altos teores de argila apresentam alta estabilidade estrutural enquanto
expansiva, o emprego de envoltário é que o solo bruno não cálcico é instável em água.
recomendável. Quanto ao podzolo testado, o sistema de drenagem
implantado na área há mais de 5 anos, com
Para solo que se desagregue, com a formação de envoltório de cascalho, apresenta-se quase que
suspensão de partículas, criando turbidez na água totalmente isento de finos do solo, o que indica
e posterior decantação do material, fica evidente que o emprego de envoltório, como forma de evitar
que o mesmo não possui estabilidade estrutural. a desagregação e carreamento de partículas, é
Neste caso é indispensável o uso de envoltório e dispensável.
61
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Quanto aos vertissolos, crê-se que não haverá Mandacarú, onde a drenagem subterrânea foi
problema quando empregado envoltório de cascalho instalada com condições especiais para o tipo de
fino ou areia grossa lavada, desde que o material solo.
de aterro seja razoavelmente compactado para
diminuir os vazios e assim reduzir a possibilidade 5. Escolha do envoltório
de esboroamento do solo quando umedecido. O
envoltório de cascalho ou areia deve, por medida A escolha do envoltório deve, de uma maneira
de segurança, ser coberto com uma lâmina de geral, ser feita em função do custo final do material
polietileno. Esse tipo de envoltório em vertissolo, colocado no local da obra, custo de instalação e
bem como envoltório sintético de poliester agulhado efetividade do material como envoltório.
está funcionando satisfatóriamente no Projeto
Em casos de drenos onde o envoltório não
62
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
funcionou satisfatoriamente (14), o problema foi Para a drenagem de solos com altos teores de
resolvido com a eliminação das partículas finas e argila expansiva admite-se ser fundamental o uso
o conseqüente aumento da condutividade hidráu- de envoltório de brita fina ou areia grossa lavada
lica, o que reforça a importância de trabalhar-se como forma de reduzir o gradiente hidráulico na
com envoltório de material de alta condutividade interface solo-envoltório e assim evitar a
hidráulica. desagregação e o arraste de partículas do solo
para o dreno.
O envoltório pode ser de material sintético ou
natural. Tratando-se de solos de baixíssima estabilidade dos
agregados, como solos dispersíveis, tudo indica que
Como envoltório sintético, podem ser empregados, a drenagem subterrânea pode ser muito problemá-
mantas de nylon, de poliester ou outro material tica; neste caso somente envoltório de brita fina
apropriado. ou areia grossa lavada cobertos com lâmina de
material plástico, poderia ser apropriado.
Como envoltório natural podem ser empregados
fibra de casca de coco, palhas, sabugo de milho, Em solos ricos em ferro e manganês, não é
areia grossa lavada, cascalho, ou brita ou ainda recomendado o emprego de envoltório de fibra de
outros materiais de alta permeabilidade. vidro (15) e também de material orgânico (11) pelo
fato de entupirem-se com facilidade devido à ação
A seleção do tipo de envoltório a ser utilizado vai dos óxidos desses metais, sendo que fibra de vidro
depender do conhecimento de vários fatores, tais não resultou em bom evoltório.
como:
Fibra de vidro mostrou, com o tempo ser um
• Perfil do solo nas imediações do dreno. material não recomendado para uso como
• Disponibilidade de material apropriado nas envoltório porque se degrada facilmente devido a
proximidades da área a ser drenada, incluindo ataques químicos.
custo de transporte e limpeza.
• Tipo de tubo-dreno a ser instalado. Disponibilidade de material
• Características pluviométricas da região.
Muitas vezes não existe material apropriado nas
Tipos de solo imediações da área a ser drenada. Desta forma o
custo do envoltório natural pode ficar muito alto
Nos Estados Unidos (9) existem milhares de devido aos custos de coleta, limpeza e transporte.
hectares de terras drenadas, com resultados Isto pode ser ainda agravado pelas condições
satisfatórios, sem o emprego de qualquer tipo de oferecidas por terrenos baixos e úmidos como as
envoltório. Não são feitas no entanto, referências várzeas, onde geralmente é problemática a
aos tipos de solo. movimentação de máquinas ou equipamentos que
transportem cascalho, areia ou brita. Em situações
Solos com predominância de areia fina são os mais como essas, o emprego de envoltório sintético ou
difíceis de drenados (3), vindo a seguir os solos de material orgânico pode ser bem mais prático e
siltosos. Para estes solos o emprego de envoltório econômico.
é indispensável, sendo mais indicados envoltórios
de cascalho, brita, areia grossa lavada ou material Tipos de dreno
selecionado, segundo método do SCS dos
Estados Unidos, por resultarem em raio hidráulico Para drenos formados por tubos corrugados,
alto. principalmente aqueles que apresentem perfura-
63
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Seleção do material para envoltório Para solos e envoltórios com partículas distribuídas
com base em análise granulométrica uniformemente, poderá ser utilizada a seguinte
relação:
A seleção do material pode ser feita com base nos D15 envoltório
< 5 (3)
princípios adotados pelo Serviço de Conservação D85 solo
de Solos dos EEUU (11) procedendo-se da seguinte
maneira: Faz-se a análise granulométrica de
amostra representativa do horizonte do solo situado Ainda, segundo a mesma fonte, todos os
na profundidade pretendida para a instalação do envoltórios devem ser formados de material com
sistema de drenagem. O número de amostras a diâmetros inferiores a 1 1/2" sendo, 90% com
serem coletadas vai depender da uniformidade dos diâmetro inferior a 3/4" e não mais que 10% do
solos nos locais dos drenos. material deve passar através da peneira nº 60
(aprox. 0,2 mm).
De posse da análise granulométrica da amostra
64
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
A fração D15 do envoltório deve situar-se entre os Areia grossa lavada, cascalho ou brita não
valores 0,01 mm e 0,032 mm. apresentam restrições técnicas de uso como
envoltório, por funcionarem adequadamente para
Na Figura 10 é apresentada curva proveniente de qualquer tipo de solo. A existência de qualquer
resultados reais de análise granulométrica de um um destes materiais, a preços competitivos, dispen-
solo denominado delta, onde são plotados os sa a necessidade de serem feitas análises mecânicas.
limites para D50 e D15 de material julgado
apropriado para envoltório. É importante considerar-se que uma adequada
seleção do envoltório deve ser acompanhada de
Considerações uma instalação também adequada. É essencial que
a instalação de drenos, principalmente em solos
Com base no exposto, é de se notar que um solo problemáticos, seja feita em ausência de lençol
siltoso pode teoricamente servir como envoltório freático.
de tubo-dreno instalado em solo argiloso. A deposição de partículas do solo nos tubo-drenos
65
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
66
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios
7. Envoltório de cascalho, brita ou areia grossa drainage envelopes. In: NATIONAL SYM-
lavada são os que apresentam melhores resultados POSIUM, 3, 1976. Chicago. Proceedings. St.
técnicos, por serem bastante permeáveis e, ao Joseph: American Society of Agricultural
mesmo tempo, poderem aumentar Engineers, 1977 p. 31-33. il.
significativamente o raio efetivo do dreno; por outro
lado envoltório de manta sintética é o tipo 2- BATISTA, Manuel de Jesus. O gradiente
dominantemente utilizado por razões práticas e hidráulico de falha em relação a outros
técnico-econômicas. parâmetros do solo e sua influência na
determinação do diâmetro efetivos dos
drenos. In: CONGRESSO NACIONAL DE
7. Recomendações IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 5., 1980. São
Paulo. Anais. Brasília: ABID, 1980. v. 2 p.16-
• O material colocado ao redor do dreno deve ser 47.il.
sempre concebido como envoltório, por ter a
função de facilitar o fluxo da água do solo para o 3- BROUGHTON, R. S. et al. Tests of filter material
dreno e nunca como filtro. for plastic drain tubes. In: NATIONAL
DRAINAGE SYMPOSIUM, 3, 1976, Chicago.
• Em zona de clima tropical o emprego de Proceedings. St. Joseph: American Society
envoltório orgânico pode comprometer todo o of Agricultural Engineers, 1977. p. 34-39 il.
sistema de drenagem, devendo o assunto ser melhor
e mais especificamente avaliado. 4- DIELEMAN, P. J., TRAFFORD, B.D. Drainage
testing. Rome: FAO, 1984. p. 99-107 (FAO
• Mesmo em solos de alta estabilidade estrutural, Irrigation and Drainage Paper, 28).
o emprego de envoltório ao facilitar o fluxo da
água, do solo para o dreno, melhora a drenagem e 5- FEYEN, J. Drainage of irrigated land. Katho-
pode propiciar um aumento no espaçamento entre liekeUniversiteit Leuven: Center of Irrigation
drenos. Engin., s.d. p. 56-61.
• Pode ser adotado como envoltório material que 6- GULATI, O.P. et al. Control of sediment flow
se enquadre dentro dos critérios adotados pelo SCS into subsurface drains. Journal of the
dos Estados Unidos, desde que o seu emprego seja Irrigation and Drainage Division, Procee-
economicamente mais vantajoso. dings, New York, 96 (IR 4) : 4237/449. Dec.
1970.
• Brita, cascalho ou areia grossa lavada são os
melhores materiais para envoltório de qualquer 7- IRWIN, R.W. Drain problems. Ontario: Ministry
solo, desde que as condições econômicas sejam of Agriculture and Food, May 1977. 3 p.
vantajosas.
8- LUTHIN, James, N.. Drainage of agricultural
• O uso de envoltórios sintéticos é muito prático e land. Madison: American Society of
de baixo custo, além de funcionar satisfatoriamente Agronomy, 1957. 620 p. il. (Ser. Agronomy,
em tubos corrugados para a maioria dos nossos 7).
solos.
9- LUTHIN, James, N. Drainage engineering.
New York: Robert. E. Engin., 1973. 250 p. il.
Bibliografia
68
Topografia
7. TOPOGRAFIA
1. Levantamento Topográfico
Levantamento topográfico é um processo de As cotas podem ser reais, tendo como base o nível
medição que permite reproduzir em mapas todas médio das marés ou arbitrárias quando são tomados
as características físicas de um terreno. Quando planos de referência arbitrários. Cotas reais refletem
direcionado para drenagem, possibilita orientar a as altitudes dos pontos cotados, que são as distân-
concepção e a instalação dos sistemas de drenos. cias verticais em relação ao nível médio das marés.
Quanto a finalidade, os levantamento se dividem A determinação das cotas usado-se o nível do enge-
em: nheiro, são feitas através de duas regras básicas:
• Levantamento Topográfico Planimétrico: Visa
representar o contorno da área em estudo. A 1ª - A altura do instrumento ou plano de referencia
representação gráfica deste levantamento é a é igual a soma da visada de ré com a cota do
planta planimétrica. ponto onde a mesma foi feita. (PR = cota + leitura
• Levantamento Topográfico Altimétrico: Visa deré).
representar as alturas da área em estudo em relação
a um plano topográfico. A representação gráfica 2ª - A cota de um ponto, em função do plano de
deste levantamento é o PERFIL. referencia, é a diferença entre tal plano e a visada
• Levantamento Topográfico Planimétrico - a vante lida no mesmo ponto. (ver caderneta 1 e
Altimétrico: Visa representar o contorno da área Figura 1)
em estudo e as suas alturas em relação a um plano
topográfico. A representação gráfica é a PLANTA Além de ser usado no nivelamento, o nível do
TOPOGRÁFICA. engenheiro pode ser também utilizado, com baixa
precisão, para a determinação de ângulos. No uso
Atualmente os sistemas de medição baseados em deste aparelho para este fim deve-se preferen-
dados fornecidos por satélites em órbita tem tido cialmente (visando aumento da precisão) deter-
grande expansão no Brasil. Paralelamente, a evolu- minar apenas ângulo inteiros, o que é a razão do
ção tecnológica devido ao "laser" tem ampliado sucesso do emprego do aparelho no levantamento
sobejamente a capacidade e precisão dos teodo- em quadriculas (nivelamento geométrico das
litos e niveis. Trataremos, no entanto da descrição arestas). Pode ser também utilizado no levan-
e procedimentos dos aparelhos convencionais. tamento por irradiação, porém apenas para a
elaboração de um esboço, pois o erro na deter-
Os instrumentos ainda mais usados na execução minação dos ângulos é sempre grande.
dos levantamentos topográficos são:
• Nível de engenheiro O uso intensivo do aparelho poderá reduzir a
• Teodolito precisão dos dados obtidos. Faz-se então neces-
sária, periodicamente, a inspeção e testes do
O Nível do Engenheiro é um aparelho largamente mesmo com o intuito da aferição.
utilizado para o estudo do relevo do solo. Com ele
determinamos as distâncias verticais ou diferenças Passos para a aferição do aparelho:
de nível dos diversos pontos que os definem, • Escolher local plano
calculando suas cotas ou altitudes. • Bater dois piquetes, distância de 40 metros.
69
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
• Transferir o aparelho para aproximadamente 10,0 No exemplo a DN das Leituras variou 0,001 m o
m de distância do piquete 01 e proceder as leituras. que é admissível, podendo-se, portanto, confiar no
Teremos então: aparelho.
1ª Leitura Piquete 01 = 1,500 m
(± 20,0 m) Piquete 02 = 1,000 m DN = 0,500 m
CADERNETA 1 -
Exemplo de Caderneta de Nivelamento
70
Topografia
71
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
piqueteada em espaçamento uniformes (20 x 20 A distância entre o RNO e o RNI não deve ser
ou 40 x 40m etc) e transversais formado quadrículas inferior a 5m.
de lado igual ao espaçamento dos piquetes da linha
básica. Todas as estacas da linha básica deverão ser
numeradas com tinta não lavável.
O levantamento é executado com o nível de
engenheiro e as deflexões devem ser sempre com c) Lançamento das transversais
ângulos iguais a 90º. Com o nível instalado sobre um dos piquetes da
linha básica (sobre o ponto topográfico), visa-se a
a) Colocação das RN’s baliza instalada sobre o ponto topográfico de outro
As RN’s devem ser cravadas no solo, sobre o piquete da linha básica e zera-se o aparelho.
alinhamento estabelecido, sobressaindo-se cerca
de 10 cm em local protegido contra tratos culturais, Gira-se a luneta até um ângulo de 90o 00 a direita
pisoteio de animais, passagem de pedestre etc. A e procede-se a medição das distâncias e alinha-
referencias de nível poderão ser de madeira de lei mento das estacas até o limite da área a ser
ou cimento. levantada e repetindo-se a mesma operação para
a esquerda.
Em cada RN deve ser marcado o PONTO TOPO-
GRÁFICO com auxilio de prego ou tachinha Caso o contorno não coincida com a estaca inteira,
cravado na sua cabeça. A falta do ponto deverá constar a fração em metros na caderneta
topográfico nas RN’s impede a reconstituição do de campo, bem como observação concernente;
levantamento. Deve ser cravada uma estaca limite da várzea, divisa interna, divisa externa,
testemunha para cada RN. depressões, córregos etc.
72
Topografia
Além das observações de campo ela deve conter Para o cálculo das cotas procede-se conforme
dados da propriedade, proprietário, localização, descrito no item 2.1 do capítulo I.
área, data do levantamento, executor do trabalho
etc.
f) Conferência do nivelamento
O preenchimento das colunas referentes a estacas A nível de campo, para se certificar da exatidão
e observações deve ser feito simultaneamente à do levantamento, procede-se ao contra-nivela-
materialização das linhas básica e transversais, o mento da linha básica e compara-se, para cada
que torna o trabalho mais produtivo e reduz os piquete, com o resultado encontrado no nivela-
enganos. mento. O resultado dessa comparação será medido
de acordo com a precisão desejada.
O campo "ESTACAS" é preenchido normalmente
com dois números, sendo o primeiro correspondente No escritório a aferição é feita da seguinte forma:
ao piquete da linha básica e o segundo referente a • Somam-se todas as rés.
distância em que o ponto se encontra da linha • Somam-se todas as vantes com ré correspondente.
básica e o sinal + ou - indica respectivamente se Neste caso considera-se como vante da primeira
para direita ou esquerda da linha básica. ré a última vante da caderneta.
• Subtrai-se a última cota calculada da primeira
Exemplo - 10+20 estaca situada a 20m a direita (cota real ou arbitrária da RN).
do piquete 10 da linha básica. 10-20 estaca situada • Se os resultados das duas subtrações forem
a 20m a esquerda do piquete 10- da linha básica. idênticas, significa que os cálculos estão certos.
Com estes dados confecciona-se a planta plani- Trata-se apenas de uma conferência dos cálculos,
métrica da área. não implicando, contudo, que o levantamento
esteja correto. (ver caderneta 3)
Para o levantamento altimétrico, instala-se o
aparelho em qualquer ponto da área (o mais
próximo possível das estacas a serem lidas) faz-se g) Elaboração do mapa
uma leitura inicial chamada leitura de ré num dos Escolhida a escala, que deve ser de 1:1000 ou
RN’s ou num dos piquetes da linha básica e proce- 1:2000, inicia-se a locação dos pontos da linha
de-se à leitura de todas as estacas que se localiza- básica e das transversais. O mapa base é elaborado
rem num raio máximo de 200m, anotando-se estas em papel milimetrado opaco, locando-se todos os
como leituras a vante. Sempre que houver neces- acidentes e pontos notáveis contidos na caderneta
sidade de mudar o aparelho de local é necessário de campo.
a determinação de um novo plano de referência,
o que é feito através de uma nova leitura de ré. É necessário constar na legenda do mapa dados
da propriedade, proprietário, escala, área, data,
etc.
No preenchimento das cadernetas, é importan-
tíssimo que as leituras de vante de um determinado
plano de referência sejam anotadas em sequência 1.3. Levantamento planimétrico
logo após a anotação da leitura de ré originária do utilizando-se teodolito
plano e nunca após o estabelecimento de outro
plano, o que normalmente causa confusão, Para a medida de ângulos usa-se a bússola ou limbo
principalmente por parte de terceiros. (ver horizontal do teodolito. Para a medida de distância
caderneta 2) ela pode ser feita direta ou indiretamente. É feita
73
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
CADERNETA 2 -
Exemplo de Caderneta de Nivelamento
74
Topografia
CADERNETA 3 -
Aferição da Caderneta
75
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 2 - Sentido de notação para limbos graduados Fig. 3 - Regra para soma ou subtração das
de 0o a 90o deflexões para limbos graduados de 0o a 90o
diretamente quando se usa a trena, o fio invar ou Procedimento utilizando teodolito de bússola em
corrente do agrimenssor e é indireta quando se faz quadrantes :
a leitura através dos fios estadimétricos do retículo
e a mira falante. Os rumos são contados a partir do norte e do sul,
para leste (E) ou oeste (W ou O) cujos valores
A poligonal aberta é um método largamente variam de 0o a 90o.
utilizado no levantamento de cursos d’água e para
drenagem superficial. Neste caso, os rumos magnéticos deverão ser
acompanhados do quadrante a que pertenceram.
O lançamento da Poligonal previamente estudada
será ao longo do curso d’água, estaqueada de 20 Exemplo: 55o20’ NE, 87o15’ SE, 89o10’ SO.
em 20m.
Para valores entre 0o e 90o é indiferente a notação
Como a linha poligonal é aberta, o método aqui do 0o NO ou 0o NE, para o norte ou de 0o SO ou 0o
descrito será o caminhamento pelos ângulos de SE, para o sul bem como 90o NE ou SE se para
deflexões. Neste caso a bússola passa a funcionar leste e 90o NO ou SO se para oeste. (ver Figura 2)
como elemento controlador das operações de
campo. O cálculo do rumo magnético é feito através da
soma ou subtração da deflexão ao rumo anterior,
Se o teodolito empregado for dotado de bússola, de acordo com a regra contida na Figura 3.
cujo limbo é graduado de 0o a 360o, deve-se
relacionar a deflexão medida de um alinhamento Ou seja, deve-se somar as deflexões quando estas
com o azimute magnético do alinhamento anterior, forem contadas no mesmo sentido do rumo do
para se ter o azimute calculado, porém, se o alinhamento anterior, ou subtrair quando registradas
instrumento possui bússola em quadrantes, o em sentido contrário.
relacionamento permitirá proceder aos cálculos dos
rumos magnéticos dos alinhamentos considerados. No cálculo dos rumos magnéticos, ao utilizar as
regras aqui estabelecidas, é preciso não esquecer
Seguem exemplos de procedimentos utilizando que estes elementos não podem ter valores superior
teodolito dotado de bússola em quadrantes e a 90o.
bússola de limbo graduado de 0o a 360o.
76
Topografia
Quando as operações fornecem resultados Quando o resultado da aplicação das regras for
superiores a 90o deve se contar o rumo a partir do negativo, o rumo deverá ser contado no quadrante
outro extremo da linha N-S. oposto, com valor positivo. Por exemplo:
1 - RM = 45oNE - 75oE = -30oNE = 30NO
Seja por exemplo, calcular o rumo do alinhamento 2 - RM = 60o30’NO - 92o10’D = -31o40’NO =
2-3 cuja deflexão é de 70o 20’ D e o rumo do 31o40’NE
alinhamento 1-2 á de 45o 15’. (ver figura 4) 3 - RM = 15o30’SE - 30o30’D = -15oSE = 15o SO
4 - RM = 50o10’SO - 70o20’E = -20o10’SO = 20o10’SE
RM = (2-3) = 45o15’NE + 70o20’D
RM = (2-3) = 115o35’ Segue exemplo de um trecho do levantamento de
uma poligonal aberta utilizando o método de
Como o resultado foi maior do que 90o, o rumo caminhamento pelos ângulos de deflexões. (ver
deve ser contado a partir do sul para leste (SE) e o figura 5)
seu valor numérico é determinado subtraindo de
180o o valor encontrado, isto é: Cravado o piquete inicial e marcado o ponto
RM = (2-3) = 180o - 115o35’ topográfico com uma tachinha, centraliza-se e
RM = (2-3) = 64o25’SE nivela-se o teodolito sobre esse ponto; feita a
coincidência dos zeros do limbo e vernier dá-se a
Se a soma do rumo anterior for maior do que 180o, direção do primeiro alinhamento e lê-se no circulo
o rumo deverá ser contado no sentido SO e o seu graduado da bússola do instrumento, o rumo
valor numérico será determinado, subtraindo do magnético de 30o20’NE, que é o ângulo indicado
valor encontrado de 180o. pela ponta norte da agulha imantada.
RM = (2-A) = 45o15’ + 148o30’ = 193o45’
RM = (2-A) = 193o45’ - 180o = 13o45’SO Em seguida mede-se, no alinhamento com uma
trena de boa precisão, as distâncias de 20m 20
No mesmo desenho (figura abaixo) o cálculo do metros, nesses pontos colocam-se piquetes e ao
rumo do alinhamento 3-4 cuja deflexão é de lado deles, testemunhas com a devida numeração.
132o30’E e o rumo anterior de 64o25’SE será.
RM = (3-4) = 64o25’SE + 132o20’E Na estaca 03 houve necessidade de modificar o
RM = (3-4) = 196o55’ alinhamento (curva do curso d’água) então o
aparelho é transportado e centralizado na estaca
nº 03, feitas as operações preliminares, inverte-se
a luneta e visa a baliza de ré, colocada no piquete
02. A seguir prende-se o parafuso do movimento
geral, e atua-se no parafuso de chamada até obter
a coincidência do fio vertical do retículo com o
eixo da baliza. Isto feito volta-se a luneta à sua
posição normal, obtendo-se assim o prolongamento
do alinhamento anterior. O operador, voltado de
Fig. 4 - Desenho do alinhamento 2– 3 para ilustrar o
costa para a estação de ré, solta o movimento do
cálculo do rumo.
limbo e visa a baliza de vante colocada na estação
04. Prende o parafuso do movimento do limbo e
Como resultado foi maior que 180º, deve se subtrair atua no parafuso de chamada correspondente, até
dele dois ângulos retos para se ter o rumo do obter a incidência do fio vertical com o eixo da
alinhamento 3-4 contado no sentido NO daí vem: baliza. Em seguida procede se a leitura do ângulo
RM = (3-4) = 196º55’- 16º55’NO de deflexão do alinhamento 3-4.
77
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Como o deslocamento da luneta foi para a direita cálculo do azimute do alinhamento BC será:
do operador, a deflexão será de 70o00’D. Em
seguida, mede-se no alinhamento com a trena as Az mc (BC) = Az m (AB) + D
distâncias de 20 em 20m e assim por diante. Az mc (BC) = 50o20’ + 72o40’= 122o60’ = 123o
A diferença entre o rumo calculado e o rumo lido Em seguida dada a deflexão de 118o15’, à
não deve ultrapassar a certos limites de tolerância. esquerda, para determinar o ponto D, o cálculo do
Pequenas variações poderão ser aceitas, uma vez azimute do alinhamento CD, será:
que se trata de pequenas influências magnéticas
locais. Porém, as grandes diferenças são motivadas Az mc (CD) = Az m (BC) - E
geralmente por erros grosseiros na leitura dos Az mc (CD) = 123o00’ - 118o15’ = 4o45’
ângulos de deflexões, devendo-se, neste caso,
proceder-se a uma revisão nas determinações dos Ver exemplo de uma caderneta de levantamento
respectivos ângulos. com teodolito cujo lmbo é graduado de 0o a 360o.
(ver caderneta 4)
30o20’NE + 70o00’D = 100o20’NE 180o-100o20’NE
= 79o40’SE
79o40’SE + 51o00’ E= 130o40’SE 180o-130o40’SE = Passos complementares do levantamento:
49o20’NE
Nivelamento e contranivelamento geométrico dos
Procedimento utilizando teodolito cujo limbo é piquetes da poligonal base, sendo a tolerância para
graduado de 0o a 360o. (ver Figura 6) a diferença de cotas de cerca de 1 a 3 cm/Km.
78
Topografia
CADERNETA 4 -
Caderneta usada no levantamento com teodolito. Limbo de 0o a 360o
79
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Dados: m = FS - FI \ m = 1,00 metro ; a = 6o 30’; i = altura do instrumento = 1,5 metro; l = FM = 1,50 metro
+ i -l ⇒ dn = 11,24m
CADERNETA 5 -
Caderneta usada para levantamento estadimáetrico
80
Topografia
Determinar a diferença de nível entre os pontos A ortogonal, sendo a terceira dimensão, o relevo,
e B da Figura 8: representando ou não, dependendo do objetivo a
que se destina o desenho.
• Instala-se o aparelho no ponto A e após nivelado
e zerado, mede-se a sua altura (do ponto A ao Os desenhos podem ser classificados em:
eixo da luneta). Esta medição é feita com o uso
da mira. Planimétrico
• A seguir visa-se a mira colocada no ponto B e Quando representa simplesmente o resultado de
faz-se a leitura da estadia (fio superior menos fio um levantamento planimétrico. É utilizado na
inferior). descrição de qualquer porção do terreno em que
• Por último, faz-se a coincidência do fio médio não é preciso mostrar o relevo, recebendo
com a leitura igual à medida encontrada para a denominação de planta planimétrica.
altura do instrumento:
Altimétrico
Exemplo - altura do instrumento - 1,50, fio médio Quando representa o resultado de um levanta-
1,5 e procede-se a leitura do ângulo vertical mento altimétrico. É chamado perfil do terreno,
colocando-se o sinal + para leituras situadas em ou desenho de perfil.
pontos mais elevados e menos para aquelas em
pontos mais baixos. Desenho plani-altimétrico
Quando representa a planimetria e altimetria de
Calcula-se a diferença de nível, a qual se for região levantada recebendo a denominação de
positiva será somada à cota do ponto anterior e se planta topográfica, onde se descreve a posição dos
negativa será dela subtraída. Este nivelamento não acidentes naturais e das obras feitas pelo homem,
dá uma boa precisão, por isso, o seu uso deverá se como também o relevo representado em geral pelas
restringir às situações mencionadas anteriormente. curvas de nível.
81
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Feito o estudo dos métodos e dos instrumentos Assim uma escala de 1:1000 indica que o
empregados nas transferências dos ângulos e das comprimento de uma dimensão no terreno e mil
distâncias passa-se agora à execução do desenho. vezes maior que sua homóloga na planta. Quando
De posse da caderneta de campo devidamente maior for denominador, tanto menor será a escala
preparada, transfere-se para o papel os ângulos e e menor o desenho, sendo menos o número de
distâncias que definem as posições dos pontos pormenores a figurar na planta. Estabelecida a
topográficos levantados. escala, determina-se o comprimento que devem
ter as linhas do desenho, multiplicando-se a escala
Para obtenção da planta definitiva, do levanta- pelo Exemplo: 400 metros na escala 1:2000
mento realizado, o desenho topográfico passa por
duas fases: 0,20 ou 20cm
1ª - Rascunho
Onde o desenho topográfico é feito à lápis e à Exemplo: 20 cm no desenho feito na escala 1:2000
mão, em papel opaco, podendo ser simples (tipo M = m x n M = 20 cm x 2000 = 40.000 cm = 400
canson) ou papel milimetrado. Geralmente, por metros
não dispor-se de um tecnígrafo, e por trabalhar-se
com levantamento em quadrículas, prefere-se o A Escala em função de sua utilização no desenho,
papel milimetrado, cujas linhas verticais serão pode ser classificada em:
representativas da direção do meridiano magnético • Escala numérica
e do formato das quadrículas evitando-se traçado • Escala Gráfica
paralelos.
A escala, para maior facilidade de emprego, é
2ª - Desenho Original representada por uma fração ordinária, tendo o
Que é uma cópia minuciosa a naquim do rascunho numerador a unidade de medida (metro) e por
concluído na fase anterior. Esta fase e realizada denominador um número que indica em quantas
pelo desenhista em papel transparente, que poderá partes foi dividido o metro, afim de poder ser
ser o papel tela ou papel vegetal, colocado sobre representado no desenho. Esta concepção nos leva
o rascunho para então proceder-se a cópia. a determinar o que chama-se de fator de escala a
ser empregada, para reduzir as distâncias medidas
no terreno, é suficiente multiplicá-las pelo
2.1. Escala respectivo fator. Para se obter os alinhamentos no
terreno correspondentes as medidas do desenho, é
A escala de um desenho, é a razão constante entre necessário apenas dividir estas medidas pelo fator
o comprimento (m) de uma linha medida da planta escala.
e o comprimento (n) de sua medida homóloga no
terreno. Exemplo: 125 m terão que medida gráfica na
escala 1:500?
Exemplo: escala Exemplo = M.F = 125 m x 2 mm = 250 = 25 cm
Exemplo 19 cm em um desenho feito na escala de
m = 0,20 cm do desenho 1:2500, terão que medida no terreno?
n = 200 m no terreno
82
Topografia
Escalas numéricas usadas e que podem ser Observação: Os acidentes, cujas dimensões forem
consideradas preferenciais nos métodos topo- menores que a leitura mínima permitida (quadro
gráficos anterior) não figuração no desenho. Logo, nas
escalas 1:500 1:1000 1:2000 e 1:5000 não podem
Escala Distância Leitura mínima ser representados detalhes de dimensões inferiores
Terreno Papel a 10 cm 20 cm 40 cm e 1 m respectivamente.
1:500 5 m 1 cm 1 mm = 0,5 m
1:1000 10 m 1 cm 1 mm = 1,0 m Escala gráfica é uma figura geométrica represen-
1:2000 20 m 1 cm 1 mm = 2,0 m tativa de determinada escala numérica, sendo
geralmente empregada em desenho feito com
escala numérica, cujo denominador é um número
Os detalhes de projetos e perfis do terreno serão elevado. Daí ser muito utilizado em desenho
desenhadas em escala normal 10 vezes menor que cartográfico.
as acima referidas:
• ESCALAS 1:500 As escalas gráficas podem ser simples ou com-
1:100 postas, sendo as compostas conhecidas como
1:200 Escalas Transversais.
No Quadro seguinte indicamos as Escalas com O emprego das escalas gráficas nas determinações
respectivos fatores: de distâncias naturais requer as seguintes opera-
ções:
ESCALAS FATOR ESCALA • Tomar na planta as distâncias gráficas que se
1:10.000 0,1 mm pretende medir
1:5.000 0,2 mm • Transportar estas distâncias para a escala gráfica
1:2.500 0,4 mm • Proceder a leitura dos resultados.
1:2.000 0,5 mm
1:1000 1,0 mm
1:500 2,0 mm 2.2. Perfil topográfico
1:200 5,0 mm
1:100 1,0 cm O perfil topográfico é a projeção do terreno como
1:50 2,0 cm ele se apresenta ao longo dos alinhamentos de uma
poligonal (ver figuras 9 e 10). No desenho
topográfico os perfis são traçados de acordo com
Escolha da Escala as seguintes normas básicas:
Não existem normas rígidas para escolha de uma
escala para determinado desenho. Compete ao 1) Embora seja uma linha curva irregular, visto
topógrafo sua determinação de acordo com a como segue as irregularidade do solo, é sempre
natureza do trabalho. Na escolha dessa, o topógrafo representada por segmentos retíneos entre as
deve observar estacas, formando uma linha quebrada.
• Extensão do terreno a representar
• Extensão da área do terreno levantado comparada 2) Essa linha é desenhada planificada ou desen-
com as dimensões do papel, formato padrão volvida segundo um plano curvo que é o desenho.
• Natureza e número de detalhes que se pretende
figurar na planta, com clareza e precisão. Os elementos básicos para o traçado dos perfis
• Precisão gráfica com que o desenho será vem do campo "do nivelamento", cujo resultados
executado. são consignados em caderneta, sob a forma de
83
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
84
Topografia
Fig. 9 - Traçado do Perfil de Locação de um Dreno Fig. 10 - Eixo das Ordenadas - Cotas do
Terreno
Representadas a área do desenho do polígono meio das coordenadas retangulares dos vértices,
topográfico, para que se tenha a área do terreno, sem que seja necessário recorrer ao desenho.
basta multiplicar-se a área encontrada do desenho,
em centímetros, pelo quadrado do denominador No processo mecânico usa-se:
da escala em que foi feita o desenho.
• Vidro ou papel transparente quadriculado
Exemplo: (método das quadrículas).
S = Terreno = S = (desenho) x denom. Escala)
S = (terreno) = 33 cm2 x 20002 Para aplicação deste método, basta colocar um
S (terreno) 132000000 cm2 = 13200 m2 = 1,32 ha papel milimetrado transparente sobre a planta do
S (desenho) = 33 cm2 terreno, e contar o número de centímetros e
denominador Escala = 2.0002 = 4.000.000 milímetros quadrados encerrados pela linha do
contorno da figura que representa a área de tal
• As demais fórmulas matemáticas estão a seguir, desenho.
apenas citadas por se tratar de processo pouco
utilizado, em relação aos demais. Exemplo:
Se contarmos 2.350 quadrículas = 2.350mm2 =
• Fórmula de Bezout ou dos Trapézios 23,50cm x (1000)2 = 23,50 x 1000000 = 23500000
cm2 = 0,23ha
O processo analítico consiste na avaliação da São os símbolos empregados nas plantas topo-
superfície do polígono topográfico levantado por gráficas para representar os acidentes naturais e
85
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
86
Topografia
87
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
88
Estudos do Lençol Freático
1. Introdução
Estudos do lençol freático são normalmente feitos De uma maneira geral, poços de observação do
utilizando-se furos de trado ou poços de observação lençol são instalados em uma malha retangular,
do lençol freático, onde são medidas as flutuações espaçados de tal forma que permitam obter leitura
dos níveis de água visando detectar a existência do nível freático que forneçam uma configuração
de áreas mais propícias ao encharcamento e inden- do comportamento do lençol da área.
tificar as causas de sua ascensão.
Não existem regras que regulem o espaçamento
Poço de observação do lençol freático são entre poços de observação. Cada área a ser
instalados em toda a área a ser estudada ou em estudada apresenta características próprias.
pontos específicos da mesma, onde o lençol
freático apresente maiores possibilidades de Em áreas onde as condições de solo, subsolo e
ascender à níveis críticos que venham a causar recarga são idênticas, a forma da superfície do
danos às plantas cultivadas. lençol tende a ser uniforme.
89
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Quando executados na estação seca ou em área devendo ser feitos cerca de 30 cortes por metro de
onde a irrigação esteja suspensa, por período que tubo.
corresponda a rebaixamento significativo do lençol
freático, os poços devem penetrar cerca de 1,0 m Na parte superior do tubo ou poço deve ser fixada
na zona indicativa de flutuações do lençol uma luva liso-rosca onde é atarraxado um tampão,
freático. Se efetuados na estação úmida, é tipo plug, conforme Figura 1.
recomendável que penetrem aproximadamente 1,0
m na zona do lençol.
5. Instalação do poço
Poço provisório
Fig. 1 - Desenho esquemático de um poço de
Em se tratando de solos estáveis e estudo observação do lençol freático
temporário, pode simplesmente ser feito um furo
de trado para servir como poço de observação. Se
nos estudos for necessário o preparo de mapa de 6. Leituras dos poços
fluxo do lençol é recomendável instalar piquetes e equipamentos utilizados
próximo da boca de cada poço, os quais deverão
ser cotados. Podem ser diárias, semanais, quinzenais ou
mensais, dependendo da utilização a ser dada às
Para leituras de curto período, em solo instável, o informações requeridas.
poço pode constar de um furo de trado onde é
colocado um tubo tipo esgoto, de 50 mm, contendo Em casos de estudos de flutuações do lençol
perfurações ou cortes de serra de 2 mm para permitir freático em áreas onde se deseja avaliar o
que sejam feitas leituras, mesmo que ocorra o desempenho do sistema de drenagem subterrânea
desmoronamento das paredes do furo de trado. podem, inclusive, ser feitas várias leituras por dia.
O tubo deve ser recortado, com serra de 2 mm, Em anexo são apresentados modelos de fichas de
até um máximo de 1,0 m da superfície do terreno, cadastro, leituras e de anotação das profundidades
90
Estudos do Lençol Freático
91
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
11. Mapa de isoprofundidade (Isóbatas) Infelizmente são poucos os dados disponíveis sobre
o efeito do lençol freático alto sobre a produ-
É preparado a partir de dados da profundidade do tividade dos cultivos, no que se conclui pela
lençol em relação à superfície do terreno, obtidos necessidade de mais pesquisa nessa área. Alguns
a partir de leituras dos poços de observação. dos dados apresentados parecem refletir rendi-
mentos obtidos de cultivos submetidos a sistemas
Pode também ser preparado marcando-se a de sub-irrigação ao invés do efeito da elevação
intersecção das linhas de fluxo do lençol freático do lençol freático por excesso de irrigação, o que
com as cotas da superfície do terreno, quando pode ser observado quando ocorre decréscimo de
superpostos. A seguir une-se pontos de mesmas produtividade com o aumento da profundidade do
profundidades e obtêm-se linhas de mesma lençol freático.
profundidade do lençol em relação à superfície
do terreno. Como exemplo, pode-se trabalhar com A título de ilustração pode-se afirmar que na região
faixas de profundidades de planos de níveis freáticos de Mendoza, Argentina, é norma considerar que
que vão de 0- 0,50 m; 0,50 a 1,00; 1,00 a 1,50; para a cultura de uva o lençol deve ser mantido
1,50 a 2,00 m. A partir da escala pré-fixada são a 1,5 m de profundidade; por outro lado, na
feitas interpolações para a obtenção das isóbatas. Fazenda Milano, situada no semi-árido, próximo
da cidade de Petrolina - PE, a uva, tipo itália,
Na Figura 4 é apresentado mapa de isoprofun- produzia em 1985 cerca de 30 ton/ano, em duas
didade. Este é o mapa mais importante para mos- safras, em solo do tipo podzólico inclinado com
trar áreas com problemas de drenagem subterrânea. lençol a 50 cm de profundidade. Na área foi
92
Estudos do Lençol Freático
93
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
94
Estudos do Lençol Freático
implantado sistema de drenagem subterrânea, por ao tipo de solo, como por exemplo, se o terreno
valas abertas com 7,0 m de espaçamento e a 50 for arenoso a irrigação deve ser feita por aspersão
cm de profundidade. ou gotejamento.
• Trabalhar com alta eficiência de irrigação,
evitando perdas de água.
13. Como evitar ascensão do lençol • Construir sistema de drenagem superficial e/ou
subterrânea sempre que houver indicativo de locais
Em áreas não irrigadas de acumulação de águas superficiais ou o solo
Fazer drenagem superficial, para evitar o apresentar características de má drenabilidade do
enxarcamento do terreno ou drenagem subterrânea perfil.
quando somente a drenagem superficial não for • Dar manutenção adequada ao sistema de
capaz de resolver o problema. drenagem existente.
• Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados exemplos
Em áreas irrigadas de fichas de instalação, leitura e computação das
• Trabalhar com sistema de irrigação adequado cotas de profundidade do lençol.
30 60 90 120 150
Trigo* Argiloso - 77 95 - 100
Sorgo Argiloso 86 100 -
Milho Franco argilo siltoso 55 70 100 -
Franco arenoso 41 85 85 -
Areia franca 100 83 ? - -
Ervilha Argiloso - 90 100
Feijão Argiloso - 84 90 94
Soja Franco arenoso 63 100 - -
Tomate Franco argiloso 47 60 100 -
Franco arenoso 47 60 100 -
Batatinha Argiloso - 100 95 ? -
Repolho Franco arenoso 80 *** -
Abóbora Franco 48 65 90 100
Feijão** 40 90 99
(40 cm)
Batatinha 90 100 94 ? 32 ?
(40 cm)
Beterraba - 84 92 - 100 ?
Algodão**** 45 80 95 97
Pastagem 50 80 91 100
Trigo 50 76 86 93
95
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Projeto: Localidade:
Operador: Data:
Bibliografia
96
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais
9. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA -
CONCEITUAÇÃO E ASPECTOS GERAIS
97
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
98
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais
C. HIDRÁULICA
(m/dia)
SOLO PROF. CAMPO LABORAT. RELAÇÃO
E ESPESSURA (*) CAMPO/LAB.
CAMADA (m)
Podzólico Vermelho-Amarelo
Eutrófico. Textura Argilosa 100 - 180 0,03 5,0 1/167
Podzólico Vermelho-Amarelo
Eutrófico. Textura Argilosa 80 - 150 0,82 6,0 1/7
Cambissolo Eutrófico.
Textura muito Argilosa 90 - 150 0,24 2,1 1/8,5
Cambissolo Eutrófico.
Textura Argilosa 20 - 100 1,17 6,8 1/6
Cambissolo Vértico.
Textura muito Argilosa 100 180 0,06 1,8 1/30
99
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Observa-se que a vazão coletada em função do nos poros. Com o tempo este ar vai sendo
tempo é diretamente proporcional à condutividade eliminado caso não haja a ação de outros fatores
hidráulica do meio poroso, a área de fluxo e a atuando em sentido contrário.
carga hidráulica é inversamente proporcional à
distância a ser percorrida pela água. Nota: A condutividade hidráulica é igual à
velocidade de fluxo no solo quando o gradiente
Alterações dos valores de H, L e A (área de fluxo hidráulico é igual a unidade, sendo:
dentro do cilindro, sempre que mantido o mesmo Q = K i A Se i = 1, Q = KA
meio poroso, leva a alterações nos valores de Q = VA
descarga, sem alterar o valor de K; por outro lado,
sendo mantidos os valores de H, L e A, os valores Estabelecendo a igualdade, tem-se:
de “Q” só se alteram se a amostra de solo for VA = KA donde:
substituída por outra de valor “K” diferente da V=K
anterior, o que prova que a condutividade V = K i = Velocidade de avanço de uma lâmina
hidráulica é uma característica do meio poroso. de água no solo.
A condutividade hidráulica de um solo sofre Como se trata de fluxo em um meio poroso, têm-
influência de uma série de fatores tais como: se que a velocidade média de avanço da água
nos macro poros do solo, , sendo “P”a po-
• Qualidade da água utilizada - Em solos salinos rosidade drenável.
o teste deve ser conduzido também com água
salina.
Fórmulas para cálculo da condutividade hidráulica
• Viscosidade da água - Deve ser feita correção horizontal e vertical em solos estratificados
de viscosidade sempre que a temperatura da água
variar em valor igual ou superior a 2º C. A Figura 4 abaixo mostra esquematicamente o
padrão de fluxo horizontal em solo estratificado.
• Textura, estrutura e consistência - O parâmetro
textura, quando avaliado em separado, pode levar
a erros imensos porque solos de mesma textura
podem apresentar estrutura e consistência bem
diferentes. Um solo de textura argilo arenosa, de
estrutura maciça e bastante adensado ou
cimentado pode ser praticamente impermeável.
• Presença de ar nos poros do solo - Sempre que é Para facilitar a dedução da fórmula toma-se a
iniciado um teste, em solo não saturado, este sofre sessão retangular tendo um lado igual a unidade.
a influência da presença de ar que é confinado
100
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais
Como Q = K /
Condutividade hidráulica média vertical em solo
estratificado
K= média de Ki =
Bibliografia
2- Notas de aulas.
Assume-se que:
1) A lei de Darcy é aplicada a cada camada.
2) A1 = A2 = A3 = A = 1
3) Q1 = Q2 = Q3 = Q
101
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
102
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel
camada. Conforme a figura 02 os valores de c. hidráulica nos locais 1 e 2 devem ser idênticos.
.
.
O número de teste a ser conduzido em uma área e a escolha dos locais de condução vai depender da
uniformidade e extensão de cada tipo de solo ou mancha, bem como do nível de estudo desejado.
Para uma camada argilosa que pareça possuir baixa c. hidráulica e seja uniformemente distribuída
numa área vasta, dois ou três teste com repetição podem ser suficientes, desde que os resultados
sejam consistentes.
.
1- MATERIAIS E MÉTODOS.
A quantidade e o tipo de material a ser utilizado em cada teste é definida de acordo com as condições
específicas de cada área a ser estudada.
- Pick-up para carregar o material, servir de transporte de pessoal e conduzir água para abastecer
os testes.
- Vasilhames alimentadores, sendo um deles calibrado, para alimentar o cilindro interno. Quando
for usada pick-up para carregar água é muito útil dispor-se de vasilhames adicionais para o
reabastecimento dos testes.
- Funil para facilitar o abastecimento dos vasilhames utilizados nos testes.
A seguir mostra-se esquema de um teste em operação, conforme a figura 3, conduzido em uma camada
de solo situado próxima da superfície do terreno.
Fig.3 - Teste em operação, vendo-se cilindro interno, cilindro externo, bóias e vasilhames alimentadores.
103
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Quando a permeabilidade da zona a ser A esse cilindro devem ser soldadas alças de
testada for alta, ou quando os intervalos de leituras vergalham de ½ polegada, que são bastante úteis
forem longos é aconselhável unir dois vasilhames para facilitar a operação de desenterra-lo e também
alimentares ao cilindro externo por meio de um para tornar o seu transporte mais prático.
"T" de ½ polegadas acoplado a três bicos de Batente de cilindro interno. Deve ser feito
torneira de jardim. Esse procedimento também da chapa espessa e circular, com 35cm de
pode ser necessário para testes que passem de diâmetro, tendo um outro disco ajustado á parte
uma dia para o outro sem que sejam feitas leituras inferior, com diâmetro ligeiramente inferior ao
durante a noite. diâmetro do cilindro interno para que o batente se
Atualmente são usados vasilhames de ajuste ao mesmo.
plástico, de 40, 50 ou 100L. Na parte central desse disco, solda-se um
Para a colibragem o vasilhame é colocado tubo galvanizado de uma polegada de diâmetro e
em cima de um suporte com altura suficiente para 60cm de comprimento, que servia como condutor
ser coletar-se a água por meio de proveta, ou frasco guia da peça móvel utilizada como soquete. Essa
tarado para a remoção de água em volumes de ½ peça deve pesar em torno de 30kg e ser feita
litros. Enche-se o vasilhame para a seguir retirar- utilizando-se um disco de aço com furo no centro.
se a água em volumes de 1/2L. Para cada volume Nele será soldado um tubo que se ajuste ao tubo
de água drenado marca-se, na fita, o traço guia da parte fixa. O diâmetro interno desse tubo
correspondente ao nível do menisco no vaso deve ser de 1.1/4. Na figura 4 apresenta-se um
comunicante. São então feitas numerações nos esquema de batente em corte lateral, onde são
traços com divisões de litro e de 1/2L. indicadas as dimensões aproximadas das peças
Pode-se depois fazer as marcações componentes.
intermediárias correspondentes ás frações de Na construção do batente deve ser levado
250ml, o que é menos trabalhoso. em consideração que uma serie de opções podem
A água é drenada por meio de sifão de tubo plástico ser feitas quanto a forma do mesmo e tipo de chapa
de ½", que por ser pouco denso, é amarrado a empregado, desde que o peso do soquete situe-
pedaço de vergalhão para ser mantido no interior se em torno de 30kg e também que a parte fixa do
do reservatório, devendo ser deixado um pequeno conjunto se ajuste ao cilindro a ser introduzido no
espaço para decantação de impurezas da água. solo.
É conveniente que o vasilhame alimentador Deve ser deixado um espaço entre o soquete (parte
do cilindro interno seja nivelado, o que é facilitado móvel) e a extremidade da chapa base do batente
com a utilização de três peças de madeira para para que o operador possa colocar os pés;no caso
apoio de aproximadamente 15cm, de comprimento do nosso desenho esse espaço é de 9cm.
por 8 cm² de seção. As chapas poderão ser unidas por meio de solda ou
- Cilindro interno, de chapa nº14, reforçado parafusos, sendo que no caso de se usar parafusos, estes
na parte superior com anel de chapa nº 3 ou 5 de devem ficar encaixados onde as superfícies forem atritantes.
aproximadamente 8 cm de largura. O diâmetro
interno do cilindro deve ser de aproximadamente
30cm e a altura de 45cm.
Deve-se fazer um furo de 2,7cm, a uma
distância de 34cm da base do cilindro, para
adaptar-se o suporte de bóia ou válvula.
Aparte inferior do cilindro é afiada, em bisel,
através de desbaste na parte externa.
- Cilindro externo de chapa nº13 ou 14, com
aproximadamente 60cm de diâmetro. Fig. 4- Desenho esquemático de um batente.
104
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel
105
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
É mantida uma lâmina de água de aproximadamente 15cm durante todo o período do teste,
tanto no cilindro interno, como no externo.
São feitas a seguir leituras com intervalos que dependerão da velocidade de infiltração e do
tempo disponível do operador.
Os intervalos de tempo podem variar desde ½ hora até valores superiores a uma hora, como
acontece quando é conduzido mais de uma teste ao mesmo tempo.
Sempre que necessário completa-se o volume de água dos vasilhames alimentadores, não devendo
faltar água em nenhum momento.
Terminando o teste, escava-se ao redor do cilindro interno para vira-lo, a fim de verificar se na
parte inferior do mesmo existem canais feitos por raizes. rachaduras, fragmentos de rocha de volume
apreciável, ou qualquer outra anormalidade que possa influir significativamente no resultado da c.
hidráulica.
Podem ser feitas correções de viscosidade da água com base em valores constantes da tabela1, para
oscilações de temperatura superiores a 2ºC. Em nossas condições esse procedimento pode, na maioria
das vezes, ser dispensados.
106
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel
Os ajustes são relativos a viscosidade da água na primeira leitura feita após a estabilização do teste.
No exemplo abaixo, tabela 2, parte-se da vazão "Q", obtida nas leituras de campo e chega-se ao "Q",
ajustado.
Pode-se dar o teste por encerrado após três leituras consecutivas e que apresentem valores
iguais ou muito próximos. Conserva-se a primeira leitura e faz-se as correções de viscosidade das duas
seguintes em relação á esta.
Para corrigir a segunda leitura, procede-se da seguinte forma:
K = C. hidráulica (cm/ h)
Q = vazão ajuntada cm³/h)
L = altura da coluna de solo testada(cm)
A = área da base do cilindro (cm²)
H = altura da lâmina de água incluindo a camada de solo (cm)
107
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
· Solo situado imediatamente abaixo da camada a ser testada deve possuir uma condutividade
hidráulica igual ou superior a C.H. desta.
· Qualquer camada de permeabilidade inferior aquela do material a ser testado deve situar-se a
uma profundidade que permita que um fluxo constante seja alcançado, no mínimo por um período três
leituras consecutivas, antes que o lençol d'água formado atinja a parte inferior do anel interno.
· Um fluxo constante não é alcançado quando as camadas inferiores aquela testada vão se tornando
progressivamente mais compactadas. Nessa condição a condutividade hidráulica diminui, á medida
que o teste continua.
· o teste não pode ser conduzido em camadas com cascalho ou material rochoso devido a
dificuldade de se introduzir o cilindro, que, neste caso, tanto pode ser danificado, como também pode
facilitar a formação de rachaduras na camada de solo situada no seu inferior.
· o teste é muito demorado quando feito em material de baixa permeabilidade, podendo levar ate
dois dias para que sejam obtidos valores confiáveis.
8 - CONCLUSÕES.
Este teste, comparado com o teste de furo de trado em ausência de lençol freático é mais demorado e
mais trabalhoso, o que o torna mais oneroso. É muito útil na obtenção da condutividade hidráulica
vertical, necessária para se identificar a presença de barreira ao fluxo vertical saturado.
A amostra testada é bastante volumosa e o procedimento descrito evita ao máximo alterar as condições
naturais do solo; desta forma obtém-se resultados coerentes e seguros.
Geralmente o teste é feito para camadas mais argilosas e adensadas de solo, quando há suspeita de
condutividade hidráulica muito baixa.
Em projetos de irrigação e drenagem julga-se suficiente conduzir de 2 a 3 testes por camada de solo
que se queira obter a c hidráulica vertical; caso a extensão dos diversos tipos de solo em estudos seja
muito grande ou se repita muito dentro da área em estudo, a condução de mais testes pode ser
vantajosa.
108
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel
8- BIBLIOGRAFIA.
109
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
110
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
11 . CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA -
TESTE DE FURO DE TRADO EM
PRESENÇA DE LENÇOL FREÁTICO
O teste mede a condutividade hidráulica foi de fundamental importância, tendo em vista que
horizontal de camadas de solo situadas em os testes de laboratório não fornecem valores
presença de lençol freático, cujos valores são apropriados para fins de projetos de drenagem
empregados principalmente no cálculo de subsuperficial por que as amostras medidas são
espaçamento entre drenos. pequenas e em geral fragmentadas, sendo assim
alteradas características importantes como
Um furo de trado é feito até penetrar em profun- estrutura e consistência, que exercem grande
didade suficiente na camada da qual se quer medir influência na permeabilidade do meio poroso.
a condutividade hidráulica. Durante o preparo do
furo é feita uma descrição sucinta do perfil do solo. O método de teste de furo de trado em presença
de lençol freático foi idealizado por Diserens (6),
A condução do teste, após a estabilização do em 1934, tendo sido posteriormente aperfeiçoado
lençol freático e remoção da água é rápida, por pesquisadores como Hooghoudt, Kirkhan, Van
podendo ter duração mínima de cerce de 30 Bavel, Ernst e Jonson.
segundos, para solos de textura leve e muito
permeáveis e de um máximo de 36 horas para solos Valores de condutividade hidráulica obtidos por
argilosos e muito consistentes. meio deste método (2) são em geral aproximados
dos valores computados a partir de medidas de
É um teste prático, rápido e de baixo custo, sendo vazões de drenos, o que indica que o método é
necessário no máximo duas pessoas para a sua bastante confiável, sendo uma das maneiras mais
condução. simples e práticas de se medir a condutividade
hidráulica de uma camada de solo "in loco". Muita
O equipamento utilizado na sua condução é experiência já foi acumulada por meio da
simples e de fácil preparo e transporte. condução de milhares deste tipo de teste.
111
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Os valores de condutividade hidráulica obtidos por caso, inclui (7) o perfil abrangendo a zona das
meio deste método são utilizados principalmente raízes e as diversas camadas ou formações
no cálculo de espaçamento entre drenos, podendo geológicas.
também ser utilizados em estudos de perdas de
água provenientes dos canais de irrigação. Geralmente a escolha dos locais de testes é feita
"a priori" após a análise dos dados de perfis do solo
O equipamento utilizado na condução do teste é da área e o conhecimento do posicionamento do
muito simples de preparar e de baixo custo. Para a lençol freático.
sua condução são geralmente necessários dois
homens. O período de duração de um teste vai Praticamente não existem limitações no que se
depender das características da camada testada, refere ao acesso de materiais á área do teste, tendo
podendo em casos de camadas bastante permeá- em vista que este é bastante simples, podendo ser
veis ser de um mínimo de 60 segundos e de um todo transportado por um só homem.
máximo de 36 horas em solos muito adensados
(consistentes) ou solos muito argilosos, principal-
mente naqueles com predominância de argila 2:1, 3. Profundidade, espessura
como é o caso dos vertissolos. da camada e número de testes
Para a condução do teste basta fazer um furo até a Profundidade total do furo
profundidade desejada com o uso de trado manual,
perfurando na zona do lençol freático e na camada A profundidade do furo vai depender das caracterís-
da qual se deseja obter o valor da condutividade ticas das camadas do perfil do solo que se deseja
hidráulica. testar, como espessura, profundidade e distribuição
destas. Se o solo for homogêneo em todo o perfil,
Após a estabilização do lençol freático, a altura como é geralmente o caso de latossolos, basta
da lâmina de água é medida e a quase totalidade tradar aproximadamente 70 cm em zona de lençol.
desta é removida do furo. A ascensão do nível de Para solos heterogêneos, é necessário fazer furos
água no furo de trado é medida utilizando-se uma a diferentes profundidades para se determinar a
bóia fixada a um suporte (trena de aço, fita lisa, condutividade hidráulica de cada camada.
etc) onde as distâncias entre leituras em função
do tempo são lidas ou marcadas. Com base nas Para o cálculo de espaçamento entre drenos, os
leituras e empregando fórmulas e nomógrafos testes são comumente conduzidos em camadas
calcula-se o valor da condutividade hidráulica. situadas entre 0,80 e 2,0m de profundidade.
No presente trabalho inclui-se desenho com Para profundidades superiores a 6,0m, a condução
detalhamento de um novo equipamento para a deste tipo de teste é muito trabalhosa, devendo
condução deste tipo de teste. então ser substituído pelo teste de piezômetro.
112
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
113
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 1 - Esquema do sistema utilizado pelo U.S.Bureau of Reclamation em corte e vista de cima.
114
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
Fig. 2 - Vista esquemática do sistema de medição de ascensão do lençol onde é utilizada trena de aço.
No seu preparo podem ser utilizados dois pedaços tratar-se de variável importante na computação
de escova presos a um suporte que se adapte à da condutividade hidráulica.
haste do trado.
Um medidor de diâmetro pode ser improvisado
Pode-se também utilizar um cilindro de madeira utilizando-se o princípio de abertura empregado
confinado dentro de um pedaço de tubo de metal em compassos. Para isso, pode-se utilizar duas
com perfurações (Figura 3), com aproximadamente chapas que deverão ter as extremidades de contato
9cm de diâmetro e 7,5cm de comprimento (1). com o solo achatadas para aumentar a sua base
de contato, evitando assim a penetração destas
Em seguida, prendem-se cabeças de pregos nº 18, pontas no solo e conseqüentemente a obtenção
com folga entre o cilindro de madeira e as paredes de informações errôneas.
internas do tubo, com as pontas projetando-se para
fora. O conjunto é preso a um suporte adaptável à
haste de trado; 5. Preparo do furo
de trado e descrição do perfil de solo
• medidor de diâmetro de furo de trado - o uso do
medidor é dispensável quando se utilizam trados Em uma primeira etapa faz-se um furo de trado
cujos diâmetros dos furos produzidos são conheci- para descrever o perfil do solo e anotar as
dos. Geralmente, isto ocorre quando se trabalha profundidades da barreira e do lençol, após a sua
com os mesmos trados. Deve-se observar o fato de estabilização. A seguir é feito outro furo para a
que com o uso prolongado do trado, as lâminas se realização do teste, utilizando-se preferencial-
desgastam, reduzindo o diâmetro dos furos por eles mente trados de 3 polegadas de diâmetro nominal,
feitos. Quando não se sabe previamente qual o que podem ser do tipo holandês ou Riverside. Em
diâmetro do furo feito, este deve ser medido, por solos argilosos ou material mais consistente, é
115
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
116
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
117
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 4 - Desenho esquemático mostrando que o valor da condutividade hidráulica diminui a medida que o teste se
prolonga. Neste caso SD
SDY = ¼ Yo.
118
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
massa para provocar a sua queda no furo sempre inclusive ser feitas as leituras e anotações, por
em posição vertical. Na outra extremidade da fita um único operador. Para maior conveniência o
prende-se um contra-peso que pode ser idêntico intervalo de leitura é previamente fixado, o que é
ao que serve de bóia, devendo no entanto ser feito em função do conhecimento da camada a
ligeiramente mais leve que este. Desta forma a ser testada. No fim de cada intervalo são feitas
fita se mantém esticada durante todo o teste e ao marcas na trena ou fita, dependendo do sistema
mesmo tempo fica sensível a qualquer movimento de registro utilizado, até se observar que o intervalo
da água no furo de trado. entre estas vão se tornando menores.
As marcações na fita são feitas em relação a um Em função deste encurtamento, que representa uma
ponto fixo, situado na direção do suporte do eixo redução da vazão de entrada de água no furo,
da roda. (Figura 4) suspende-se a tomada de leituras, dando
esta fase por encerrada. O inicio de redução do
Vantagens: intervalo entre as marcas coincide em geral com
• os resultados são bastante precisos; uma altura de recuperação de água no furo
• pode ser utilizado para testes em camadas correspondente a aproximadamente 25% da altura
profundas. total da lâmina d'água removida, ou seja, se for
Desvantagens: retirada uma lâmina de 40cm (Yo = 40), 25% da
• o material é mais difícil de ser transportado; altura total retirada corresponderá 10cm. As
• é afetado por ventos, o que pode ser superado anotações que vão até este ponto são consideradas
com a instalação de quebra-ventos. confiáveis. Esta faixa varia em função do diâmetro
efetivo do trado usado, sendo que para furos de
A Figura 5 mostra desenho esquemático do sistema. 8cm de diâmetro esse valor pode ir a 30%,
enquanto que para diâmetros maiores que l2cm
Em ambos os métodos é, em geral, necessária a essa altura deve ser menor que 25%. Na Figura 5
atuação de dois homens experientes. é apresentado desenho esquemático da zona de
teste.
A confiabilidade dos resultados é maior quando
são utilizados, na computação da condutividade Observa-se que geralmente há uma discrepância
hidráulica, resultados de leituras provenientes da do primeiro intervalo em relação aos demais após
recuperação da altura da lâmina de água do poço a retirada da água do furo, sendo praticamente
até a metade da altura original da água ou valor inevitável porque a bóia ao cair provoca agitação
H. Os intervalos de leituras dependem da permea- da água por certo período de tempo.
bilidade da camada testada, geralmente variando
de 5 a 30 segundos. Caso sejam observados espaços irregulares durante
o período de leituras ou após o seu término, o teste
Imediatamente após a retirada da água por uma deve ser repetido, bastando para isso esperar que
pessoa, a outra desloca rapidamente em movi- o lençol freático se estabilize.
mento horizontal a parte móvel do sistema medidor
para a direção do eixo do furo. Instantaneamente 7. Cálculo da condutividade hidráulica
a bóia é liberada, caindo no seu interior. Nesse
momento é feita a primeira leitura ao mesmo Tendo-se a profundidade total do furo (D) e a pro-
tempo que se inicia a cronometragem. Em fundidade da barreira em relação à superfície do
camadas de baixa condutividade hidráulica estas terreno, obtém-se a profundidade da barreira em
operações podem ser mais demoradas, podendo relação ao fundo do furo (S), conforme Figura 6.
119
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
120
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
Para o caso específico de estudos de camadas intervalos de tempo entre as leituras. (ver Fig. 6)
ou horizontes de solo, barreira é toda camada que
restringe o movimento vertical da água no solo. A próxima etapa consiste em calcular os valores
de Y, Y/r e H/r. De posse destes valores e
De acordo com o U.S.Bureau of Reclamation conhecendo-se a distância do fundo do furo à
(5),"barreira é toda camada cuja condutividade barreira, obtém-se diretamente a condutividade
hidráulica é igual ou inferior a 1/5 da condutivi- hidráulica em metros por dia, empregando-se a
dade hidráulica média das camadas superiores." fórmula onde o valor da constante "C" é obtido
utilizando-se um dos nomogramas de Ernst
O U.S.Soil Conservation Service (4) assume que, apresentado por Millar (3), para as condições S=0
para que uma camada se constitua em barreira, a ou S>1/2 H conforme Figuras 7 e 8. O valor de C
sua condutividade hidráulica deve ser inferior a 1/ é uma função de Y, H, r e S.
10 da condutividade hidráulica do material que
sobre esta se assenta. Van Beers (6) assume que Existem gráficos específicos preparados por Ernst
barreira é toda camada cuja permeabilidade se para furos de raio igual a 4 e 6cm e também para
situa em torno de 1/10 da permeabilidade das as condições de S = O e S>1/2H (6). Estes não são
camadas que a ela se sobrepõe. apresentados porque dificilmente trabalha-se com
trados que perfurem exatamente nesse diâmetro e
Quando a seleção dos locais de condução de tes- também porque os nomogramas apresentados
tes, feita com base nos estudos pedológicos e satisfazem plenamente.
geológicos da área, em geral a barreira já é
conhecida antes do teste. É no entanto necessário O manual de drenagem do U.S.Bureau of Reclama-
fazer um furo de trado com fins de checagem, tion (5) também apresenta nomogramas para
quando houver indicação de que esta camada obtenção do valor C, que são 100 vezes maiores
encontra-se próxima daquela a ser testada. Quando que aqueles apresentados nos nomogramas de Ernst.
não se tem informações que possibilitem uma Dessa forma, a condutividade hidráulica é obtida
estimativa da possível presença de barreira, deve- diretamente em pés/dia, quando o valor "C" é
se fazer um furo de trado que ultrapasse a multiplicado por , sendo 'y em pés e 't em
profundidade da camada a ser testada até no segundos.
mínimo de 0,5H.
Apresenta-se, a título de ilustração, (Figura 9) um
Da condução do teste obtém-se os valores de altura modelo de ficha de computação utilizado pelo U.S.
total da lâmina de água removida do furo (Yo) bem Bureau of Reclamation. Nela são anotadas as
como os valores das distâncias entre leituras, em distâncias entre leituras e os tempos correspon-
função de um tempo prefixado, que são anotados dentes, ficando assim registradas todas as
na ficha de computação do teste. informações.
Estima-se então o valor de DY, que em geral, A primeira leitura neste caso foi desprezada por
corresponde a 1/4 de Yo. Este valor é indicativo problemas de precisão de medição, devendo-se
do ponto onde os espaços entre as leituras evitar que isto aconteça.
começam a se tornar mais próximos um do outro.
Toma-se um determinado número de espaços a Apresenta-se também ficha de computação da
partir da primeira leitura ou marcação, que somados condutividade hidráulica (Figura 6) contendo
resultem em um valor próximo do valor de DY valores obtidos em um teste realizado em material
estimado. Assim obtém-se o DY medido e, como de alta permeabilidade. A mesma ficha contém
conseqüência o valor de Dt que é a soma dos desenho esquemático do teste.
121
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
122
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
Quando não existem nomogramas disponíveis, A condutividade hidráulica é calculada para cada
podem ser usadas fórmulas para a computação camada em ordem de condução dos testes. A
da condutividade hidráulica; entretanto, o emprego condutividade hidráulica calculada para cada teste
dos nomogramas apresentados é mais prático do consecutivo representaria um valor médio de con-
que o cálculo feito através de fórmulas. Os dutividade hidráulica de toda a camada, desde a
resultados obtidos com uso dos nomogramas são superfície estática do lençol até a profundidade
também mais precisos, com uma margem de erro total do furo em cada teste. A permeabilidade de
de no máximo 5% enquanto que, com o uso de cada camada individual ou de diferentes trechos de
fórmulas, este pode ser de até 20%, razão pela uma mesma camada é obtida através da fórmula:
qual a apresentação das fórmulas torna-se
dispensável.
Kn.x= condutividade hidráulica a ser obtida - m/
Nas medições da altura da lâmina d'água (H) e do dia;
raio do furo (r) devem ser tomados cuidados Kn= condutividade hidráulica obtida na seqüência
especiais. Erros de 1 cm, no valor de H, quando de teste - m/dia;
este for de 50cm (6) podem causar diferenças de dn= espessura da camada em ordem de condução
2% no valor da condutividade hidráulica (K). Para do teste - m;
o caso do raio do furo de trado, qualquer erro pode Dn= profundidade total do teste em ordem de
ser bastante significativo, tendo em vista que dife- condução, tomando como referência o nível
rença de apenas 1 cm na medição pode causar estático do lençol freático - m;
erros na obtenção do valor da condutividade n = número do teste;
hidráulica da ordem de 20%. x = ordem de seqüência de testes.
123
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
124
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
Fig.7 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático.
125
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 8 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático
126
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
TEMPO Dt Yn Dy
SEGUNDOS Yn = = 2,82 pés
0 - - -
13 13 3,15 Yo DY = = 0,11 pés
23 10 3,04 0,11
33 10 2,93 0,11 Dt = 10 segundos
43 10 2,82 0,11 H
= = 25,15
53 10 2,70 0,12 r
63 10 2,59 0,11 Yn
0,8Yo 73 10 2,49 0,10 = = 16,89
r
83 10 2.40 0,09 C = 390 ( do nomograma )
93 10 2,31 0,09
K=C = 4,3 pés/dia
Fig. 9 - Dados e computação de condutividade hidráulica em teste de furo de trado em presença de lençol
freático, segundo o U.S.Bureau.
127
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 10 - Exemplo de cálculo da condutividade hidráulica de camadas específicas de solo, segundo o U.S.Bureau
of Reclamation. Os valores são apresentados nas unidades originais.
128
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático
Bibliografia
129
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
130
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
camadas de solo cuja condutividade hidráulica se função do grande número e variação das camadas
deseja obter. Essa escolha é a princípio feita em do solo.
escritório, com base nas descrições de perfis Na definição do número de testes o mais
provenientes de estudos de solo, devendo ser importante é a experiência do técnico de drenagem
também levadas em consideração as condições e o conhecimento dos solos da área.
de acesso e distâncias aos cursos de água ou
pontos de abastecimento.
4. Material Necessário
Em mapas topográficos, ou mesmo em aerofoto-
grafias da área, marcam-se "a priori", os locais de É necessário contar-se com uma quantidade
possíveis testes. Uma seleção final é geralmente apreciável de material, conforme segue:
feita"in-loco".
Para perfuração do furo de trado
É sempre interessante o conhecimento da e descrição do perfil
disposição das camadas superficiais da área do • enxada para limpar a área;
trabalho, porque as camadas a serem testadas • trados para solos de textura leve, média ou
podem apresentar-se onduladas e, então, caso isto pesada; deve-se contar com trados preferencialmente
aconteça, pode-se localizar os testes em pontos de 3 a 4" de diâmetro;
onde os horizontes do solo, a serem testados, • manivela ou haste de trado;
apresentem profundidades e espessuras mais • extensões de 1,0 m;
convenientes. • martelo de borracha;
• sacos plásticos e etiquetas, caso haja
Locais de fácil acesso devem ser preferidos, devido necessidade de coletar amostras;
a necessidade de se transportar todo o material e • prancheta escolar e ficha de descrição do perfil.
água para o local escolhido. No mínimo é
necessário que haja acesso para uma pick-up. Para condução do teste
• Escarificador para eliminar compactação e
superfícies que se tornem lisas devido aos
3. Número de testes movimentos do trado, o que prejudica a penetração
normal da água nos poros.
O número de testes vai depender principalmente
do nível de estudos, das dimensões do projeto e • Capa protetora, do mesmo tipo indicado para o
das dimensões de cada unidade de solo dentro do caso anterior, para testes a serem realizados em
projeto. camadas de solo instáveis, o que ocorre principalmente
em solos siltosos, solos de textura arenosa fina e
Deve-se fazer, de um modo geral, dois a três testes solos com predominância de argila do tipo
com repetição, para cada camada ou horizonte de montmorilonita, como é o caso dos vertissolos. O
solo a ser estudado. filtro serve para evitar o desmoronamento da parede
do furo de trado com a conseqüente alteração do
A nível de projeto executivo, é recomendável diâmetro interno desta.
conduzir de 2 a 3 testes para cada 5 a 25 hectares,
o que vai depender também da extensão da área e Para testes em camadas instáveis, abre-se o furo
da uniformidade das unidades de solo. com trado de 4 polegadas e usa-se capa de 3
polegadas, enchendo-se o espaço situado entre
Em solos aluvionais geralmente é necessária a o furo e o cilindro com areia grossa lavada. Com
condução de um maior número de testes em isso consegue-se manter a cavidade original do
131
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
furo do trado.
O uso de capa protetora pode ser substituído, e • Mangueiras de plástico flexível, de aproxima-
com grande vantagem de ordem prática, principal- damente 6,0 m de comprimento e de 1,0 a 1,5
mente quando se trabalha com camadas de solo polegadas de diâmetro interno, para abastecer de
de baixa condutividade hidráulica, pelo enchimento água os tambores a serem usados no teste.
do furo de trado, até a parte superior da vávula
reguladora de fluxo da água, com areia grossa • Vasilhames com capacidade para conter de 50 a
lavada ou cascalho fino, conforme Figura 1. A areia 200 litros de água.
é colocada no furo até atingir a altura definida para
a bóia, que a seguir é fixada no ponto Pode-se usar um único tanque alimentador, como
predeterminado e coberta com o mesmo tipo de também, conectar dois deles para serem usados
areia. em conjunto, conforme Figura 2. Quando o
consumo de água é grande, o uso de dois
• Estopa para ser colocada no fundo do furo e vasilhames ao mesmo tempo facilita a obtenção
pressionada (socada) para evitar a formação de de uma descarga contínua. Neste caso, antes de
suspensões ao colocar-se água no furo, quando a completar o volume de um deles (zerar), deve-se
água for inicialmente liberada. tomar nota do volume gasto e, ao mesmo tempo
em que o registro de um tambor é fechado, o
• Uma pick-up munida de vasilhames para o registro do outro é aberto.
transporte de água.
Fig. 1 - Esquema de teste onde é utilizada areia para manter a parede do furo estável.
132
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
A conexão entre vasilhames é feita por meio de • Trena de aço para medir a profundidade do furo e
um "T" de ½" munido de bicos de torneira de jardim, a altura da lâmina de água neste.
de preferência de metal, nas quais conectam-se
as mangueiras. • Ficha de anotação e computação do teste.
• Uma válvula com bóia para regular o fluxo de • Lanterna para eventuais necessidades de
água e manter seu nível constante no interior do observações no interior do furo e possíveis leituras
furo de trado. noturnas.
A válvula deve se ajustar, com folga, ao furo de • Varetas de vergalhão enferrujado, de preferência,
trado, fornecer a vazão necessária, e controlar o para medir, com maior precisão, a altura da lâmina
nível de água. de água.
É fixada e mantida na altura desejada através de • Tubo plástico incolor para conectar o tambor à
arame ou barbante preso a um suporte atravessado bóia, devendo ser de ½ polegada de diâmetro
na "boca do furo" – pedaço de pau roliço e fino de interno.
1,0 a 1,5 cm de diâmetro.
• "T" de ½ polegada com três nipes e três pontas
Fig. 2 - Desenho esquemático de um teste onde são usados dois tambores e "T" para conexão.
133
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Para a sua calibragem o vasilhame é colocado • o braço ou alavanca de bóia é cortado e fixado,
sobre uma mesa, onde deve ser nivelado. A seguir em linha, com parte móvel da bóia.
enche-se totalmente o vasilhame, o qual deve ser O conjunto deve ser ajustado para que o curso da
mantido nivelado. Em um determinado ponto da parte móvel da válvula seja suficiente para liberar o
parte superior do mesmo, marca-se na fita o ponto máximo de água sem sair da cavidade guia.
"ZERO" com um lápis preto. Daí em diante, com o
emprego de uma proveta ou um frasco tarado, A operação seguinte consiste em fechar o conjunto,
retira-se a água de 250 em 250 mililitros, até encaixando-se primeiro a parte móvel da válvula,
que o vasilhame fique completamente calibrado. para depois ajustar-se a parte que confina a bóia.
Para evitar-se que o conjunto se solte, usa-se um
Daí a mangueira ascende esticada margeando a parafuso próprio para unir chapas de ferro. Na tampa
fita crepe onde é a seguir feita a calibragem. Neste superior é fixada uma alça para pendurar o conjunto
caso o vasilhame abastece o teste por meio de dentro do furo de trado. Ao conjunto fixa-se um
água sifonada, com uso de mangueira de ½ bico de torneira de jardim de ½" , conforme Figura 5.
134
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
• Solos instáveis
Estando o furo de trado pronto para o teste, Depois de iniciado o teste cobre-se a "boca do
procede-se da seguinte forma: furo" para evitar a penetração de quaisquer objetos
ou animais.
• Solos estáveis
135
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
O tanque alimentador deve ser checado e o volume de leitura em horas. Os intervalos de leitura são
de água completado sempre que necessário. determinados em função do material testado,
podendo variar de 15 minutos a algumas horas. O
Em uma ficha de "leitura do teste" deve-se anotar importante é que sejam tomadas leituras que
as leituras feitas de modo que seja obtido o volume apresentem valores mais ou menos constantes
de água consumido em litros, para cada intervalo após a saturação.
Fig. 5 - Desenho esquemático de conjunto regulador de fluxo (bóia). A) Em perspectiva, tampa de pvc rígido
de 50 mm com válvula de ½" de metal do tipo usado em caixa d’água doméstica. Do lado oposto fica um bico
de torneira de jardim; b) Em corte, parte vedante da válvula e bóia preparada de isopor, conforme a figura; c)
Planta de parte inferior do conjunto mostrando as perfurações de saída da água; d) Corte do conjunto
mostrando todas as partes.
136
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
137
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
138
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Tu
139
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Data Hora Data Hora Horas Inicial Final (1) (ºC) (1/h) (Cent.) (1/h) (m/dia)
06/09 16:45 06/09 17:45 1,0 0,00 29,25 29,25 28,5 29,25 - - -
06/09 17:45 06/09 18:45 1,0 29,25 44,00 14,75 28,0 14,75 - - -
06/09 18:45 06/09 19:45 1,0 44,00 59,00 15,00 27,0 15,00 - - -
06/09 19:45 06/09 20:45 1,0 59,00 72,75 13,75 27,0 13,75 0,8545 13,75 -
06/09 20:45 06/09 21:45 1,0 72,75 85,75 13,00 27,0 13,00 0,8545 13,00 -
06/09 21:45 06/09 22:45 1,0 0,00 13,75 13,75 26,0 13,75 0,8737 13,75 0,19
Obs.: O teste foi realizado em uma camada situada entre 110 e 230 cm de profundidade,
apresentando textura franco argilosa. Mosqueado fraco a partir de 270 cm.
Presença de concreções ferruginosas leves.
Tabela 2 -
Vazão ajustada em função da viscosidde da água na primeira leitura após a
estabilização.
DA ÁGUA (CENTIPOISE)
140
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Tabela 3 -
Valores da viscosidade de água
para temperaturas em graus centígrados
e Farenheit. (*)
(*) Notas da aula - de acordo com Binghan e Jackson, Bull. Bur. Stds. 14, 75 (1918).
141
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 9 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation
142
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Fig. 10 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation
143
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
144
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
A seguir são medidos valores de rebaixamento da O exemplo na tabela a seguir mostra dados de
lâmina de água (h+r/2) e os tempos correspon- um teste, conforme Oosterban(3) onde o valor da
dentes, que são plotados em papel semi-log, no condutividade hidráulica encontrado, para r = 4cm
que o gráfico deve resultar em uma linha reta. Caso e ho= 18cm foi de 0,55 m/dia.
seja obtida uma linha curva, deve-se dar continui-
dade ao processo de umedecimento e plotagem t Ht* ht ht + r/2
dos dados obtidos, até que o resultado seja 0 71 19 21
satisfatório.Calcula-se então a condutividade 140 72 18 20
hidráulica da camada testada, utilizando-se a 300 73 17 19
equação acima men-cionada, ajustada para 500 74 16 18
fornecer valores da condutividade hidráulica em m/ 650 75 15 17
dia, podendo-se trabalhar com logarítimo de base 900 76 14 16
decimal ou neperiano, logo:
*Distância da lâmina de água em relação à
referência.
ht + r/2 = cm
O teste de Porchet, quando comparado com o
teste de furo de trado em ausência de lençol
freático, desenvolvido por Winger, é prático e
simples de ser conduzido, ao mesmo tempo em
que reduz drasticamente o consumo de água, bem
como a quantidade de material necessário para a
sua condução.
145
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
146
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Há que se considerar que os valores de conduti- 7- WINGER, Jr., R.J. In place permeability tests
vidade hidráulica obtidos através deste método são used for subsurface drainage investigations.
aproximados, pelo fato de ter sido assumido na Colorado: Divison of Drainage and Groundwater
sua concepção que o gradiente hidráulico é Engineering, 1965. 1 v. il.
unitário, o que só ocorre para fluxo vertical, sendo
que no teste o fluxo é dominantemente horizontal. 8- Winger, Jr., R.J. LUTHIN, J.N. Guide for
Por outro lado os resultados obtidos com esse investigation of subsurface drainage
tipo de teste tem sido bastante compatíveis com problem on irrigated lands. Michigan:
as características físicas das camadas de solo American Society of Agricultural Engineers, s.d.
testadas (textura, estrutura e consistência de 1 v. il. (Special publication Sp-04-66).
campo o que indica que o teste, sempre que bem
conduzido, produz resultados confiáveis. 9- WINGER, Jr., R.J. Subsurface drainage.
Madrid: International Commission on Irrigation
and Drainage. 1960. lv . il.
Bibliografia
147
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
1. Introdução
Coeficiente de drenagem subterrânea é a taxa de rânea do Projeto Mandacaru, Juazeiro - Ba, pelo
remoção do excesso de água do solo, expressa em fato desse solo possuir baixíssimo valor de
altura de lamina de água por dia - m/dia. É utilizado condutividade hidráulica saturada.
para o cálculo do espaçamento entre drenos
quando são empregadas fórmulas de fluxo De acordo com Luthin (1), a recarga em regiões
contínuo. úmidas varia de 0,003 a 0,025 m/dia, dependendo
da altura das precipitações, em função do tempo
O cálculo estimativo do coeficiente de drenagem e das características de solo e topografia.
subterrânea depende de informações de solo, clima
e condições de irrigação ou chuvas.
2. Cálculo da recarga
Em regiões áridas o cálculo da recarga é feito em
função da irrigação que, por necessidade, é Não sendo conhecido um coeficiente de drenagem
aplicada em excesso, para que seja feita uma subterrânea usado e apropriado para a região e
lavagem da zona das raízes, a fim de evitar a quando se depara com condições específicas de
salinização do solo. Em nossas condições acredita- solo, este pode ser determinado conforme o
se que essa prática não é necessária porque as exemplo abaixo:
precipitações naturais são suficientes para lavar o
solo, desde que o mesmo possua boa drenabilidade
ou sistema de drenagem subterrânea. 2.1. Infiltração potencial.
O cálculo da recarga é então feito tomando como • Chuva máxima de 3 dias consecutivos e
base dados de chuvas da região do projeto, recorrência de 5 anos = ll8,6mm, conforme Quadro
informações sobre o perfil do solo a ser drenado e 1, anexo.
tipo ou tipos de cultivos existentes ou previstos. • Retenção pela cobertura vegetal, incluindo
plantas e cobertura morta: assumidos 5%
Na região de Petrolina/Juazeiro existiam cerca de • Escoamento Superficial - assumidos 30%.
2.000 ha com drenagem subterrânea (dez/96), onde
era normalmente utilizada recarga de 0,006 m/ I = 118,5mm - ( 118,5 x 0, 05) - ( 118,5 x 0,3)
dia, para solos dos tipos latossolo e solos podzó- I = 77,0 mm
licos, de textura média a arenosa. Atualmente os
drenos para esses solos estão sendo projetados com
recarga de 0,004 m/dia, tendo em vista a redução 2.2. Retenção de umidade pelo solo
dos custos da drenagem subterrânea, o que resulta
em sistemas menos eficientes mas que poderão É a lâmina de água necessária para elevar o teor
apresentar uma melhor relação custos/benefícios. de umidade atual do solo até capacidade de
campo, ou lâmina retida.
Para vertissolo o coeficiente é da ordem de 0,0005 No cáluclo da lâmina de chuva a ser retida pelo
m/dia, obtido com base em trabalho experimental solo assume-se:
conduzido em área piloto de drenagem subter-
148
Coeficiente de drenagem subterrânea
ou recarga
Número Ano Ocorr. Ano Ocorr. Chuvas Máx. 3 dias Chuvas Máx. 4 dias Seleção da Chuva de Projeto
Ordem 3 dias 4 dias Decrescente Decrescente
1 1963 1963 248,9 286,6 N = fn
2 1941 1941 209,3 228,8 N = num. de anos de registro
3 1916 1940 196,6 227,6 f = frequência desejada
4 1940 1916 192,1 220,9 n = número ordem na coluna
5 1969 1924 146,8 162,6
6 1955 1969 137,8 158,9 Para:
7 1912 1937 137,2 156,5 f = 5 anos
8 1914 1955 126,7 146,3 N = 54
9 1966 1914 126,0 142,0 n = N/f
10 1937 1960 119,0 141,7 n = 54/5 = 11
11 1947 1921 118,6 140,0
12 1924 1912 118,5 137,2 Para chuvas de 3 dias = 118,6 mm
13 1964 1929 118,2 127,6 Para chuvas de 4 dias = 140,0 mm
14 1954 1966 116,2 126,0
15 1967 1913 115,7 119,0 Para:
16 1921 1947 112,0 118,6 N = 10
17 1913 1964 111,5 118,2 n = 54/10 = 5,4 = 6
18 1960 1915 109,2 117,5
19 1970 1954 106,4 116,2 Para chuvas de 3 dias = 137,8 mm
20 1915 1967 103,7 115,7 Para chuvas de 4 dias = 158,9 mm
21 1952 1952 102,8 113,1
22 1926 1918 99,8 110,0
23 1922 1970 99,0 106,4
24 1965 1926 98,7 103,3
25 1929 1922 93,0 99,0
26 1918 1965 93,0 98,7
27 1920 1965 91,8 97,0
28 1945 1945 87,9 96,1
29 1917 1920 85,5 91,8
30 1938 1950 79,0 87,9
31 1927 1917 77,3 85,5
32 1944 1944 74,8 84,6
33 1951 1953 72,4 80,6
34 1953 1929 70,3 79,7
.35 1928 1927 69,7 77,3
36 1959 1951 68,4 76,4
37 1968 1968 67,1 76,1
38 1958 1936 67,0 68,4
39 1936 1959 66,9 68,4
40 1949 1930 65,2 68,1
41 1925 1949 64,0 67,8
42 1961 1958 58,4 67,0
43 1946 1948 57,4 65,4
44 1930 1925 57,2 64,0
45 1939 1946 56,6 62,0
46 1956 1961 56,5 58,4
47 1943 1939 48,0 56,6
48 1950 1956 46,5 56,5
49 1919 1943 35,0 48,0
50 1942 1919 33,7 35,0
51 1948 1942 32,9 33,7
52 1923 1923 25,5 25,5
53 1962 1962 14,7 20,9
54 1911 1911 12,8 12,8
(*) Fonte: Dados básicos - Instituto Nacional de Meteorologia do MA.
Área com sistema de drenagem subterrânea e O espaçamento estimado entre drenos, usando a
drenos situados a 1,30m de profundidade e com fórmula de Hooghoudt simplificada onde:
altura do lençol freático em relação aos drenos -
h= 0,l0m. Nesse caso, a profundidade do lençol e
freático seria 1,20m.
149
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
recarga proveniente da irrigação, que é a recarga mesmo tempo em que contribui para a elevação
que antecede às chuvas, seria de 15,54m, tendo do lençol freático é utilizada pelas plantas. Ocorre
como base os seguintes parâmetros: comumente que as precipitações, no caso a soma
• Camada de solo homogêneo até a barreira; de três dias consecutivos de chuvas são, na maioria
• Drenos instalados a 1,30m de profundidade; das vezes fracionadas, com evapotranspiração
• Profundidade da barreira em relação ao fundo concomitante durante e nos intervalos das
dos drenos - D = 1,70m; precipitações.
• Condutividade hidráulica de campo - K = 0,30m/
dia; Lâmina a drenar = 57,6 mm - 12,0 mm = 45,6 mm
• Recarga assumida - R = 0,001 m/dia.
• Altura assumida para o lençol no ponto médio
entre os drenos - h = 0, l0 m; 2.6 Ascensão do lençol freático
• Área de fluxo para o dreno - p = 0, l03m, para
tubo corrugado DN 65, com envoltório sintético e É obtida tomando como base o valor da porosidade
trabalhando a meia seção. drenável, considerando-se a camada de solo
Considerando-se que a água disponível é de 5,4 % uniforme até 1,30 m de profundidade.
e assumindo-se um teor de unidade atual de 70%
da água disponível, obtem-se:
Ascensão do lençol =
2.3. Lâmina potencialmente drenável
2.7 Cálculo estimativo do coeficiente de
77,0 mm - 19,4 mm = 57,6 mm drenagem subterrânea ou recarga
150
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos
As fórmulas mais comumente empregadas são: Fig. 1 - Desenho mostrando os parâmetros da fórmula
• Fluxo contínuo do Donnan
Donnan (fluxo horizontal)
Hooghoudt (fluxo horizontal e radial) Se a vala ou tubos de drenagem estiverem sobre o
Ernst (fluxo vertical, horizontal e radial) impermeável a fórmula fica reduzida a:
• Fluxo variável
Glover-Dumn (fluxo horizontal)
Boussinesq (fluxo horizontal)
Esta fórmula é mais recomendada para solos rasos a
serem drenados por valas abertas com bases inferiores
1.1 Fórmulas de Donnan
situadas próximo da barreira.
151
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
X = L/2 e Y = B = D + h.
152
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos
K1
K2
L2=
153
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
TABELA 1 -
Profundidades Equivalentes de Barreira - d
D(m) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 ì
L(m)
20 1.41 1.67 1.81 1.88 1.89
25 1.51 1.83 2.02 2.15 2.22 2.24
30 1.57 1.97 2.22 2.38 2.48 2.54 2.57 2.58
35 1.62 2.08 2.37 2.58 2.70 2.81 2.85 2.89 2.91
40 1.66 2.16 2.51 2.75 2.92 3.03 3.13 3.18 3.23 3.24 3.24
45 1.70 2.23 2.62 2.89 3.09 3.24 3.35 3.43 3.48 3.55 3.56
50 1.72 2.29 2.71 3.02 3.26 3.43 3.56 3.66 3.74 3.84 3.88
55 1.74 2.34 2.79 3.13 3.40 3.60 3.75 3.86 3.97 4.13 4.18
60 1.76 2.39 2.86 3.23 3.54 3.76 3.92 4.06 4.18 4.39 4.49
65 1.78 2.43 2.93 3.32 3.66 3.90 4.08 4.24 4.38 4.67 4.79
70 1.79 2.46 2.98 3.41 3.76 4.02 4.24 4.42 4.57 4.93 5.09
75 1.80 2.49 3.04 3.49 3.85 4.14 4.38 4.57 4.74 5.20 5.38
80 1.81 2.52 3.08 3.56 3.94 4.25 4.51 4.72 4.90 5.44 5.68
85 1.82 2.54 3.12 3.62 4.02 4.36 4.64 4.86 5.06 5.66 5.97
90 1.83 2.56 3.16 3.67 4.10 4.45 4.75 5.00 5.20 5.87 6.26
95 1.84 2.58 3.20 3.73 4.17 4.54 4.85 5.12 5.34 6.07 6.54
100 1.85 2.60 3.24 3.78 4.23 4.62 4.95 5.23 5.47 6.25 6.82
110 1.87 2.62 3.30 3.87 4.35 4.77 5.13 5.44 5.71 6.60 7.36
120 1.88 2.65 3.35 3.94 4.45 4.90 5.29 5.63 5.92 6.93 7.91
130 1.88 2.68 3.39 4.00 4.55 5.03 5.44 5.80 6.11 7.22 8.45
140 1.89 2.70 3.42 4.06 4.63 5.13 5.56 5.95 6.28 7.50 9.00
150 1.90 2.72 3.46 4.12 4.70 5.22 5.68 6.09 6.45 7.76 9.55
200 1.92 2.79 3.58 4.31 4.97 5.57 6.13 6.63 7.09 8.84 12.20
250 1.94 2.83 3.66 4.43 5.15 5.81 6.43 7.00 7.53 9.64 14.70
154
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos
Condições de uso
Foi desenvolvida para condições de solos que contenham dois ou mais horizontes, onde a fórmula de
Hooghoudt não possa ser aplicada.
O princípio geral de desenvolvimento da fórmula consiste na divisão das perdas de carga hidráulica
durante o fluxo da água em 3 componentes, conforme ilustrado na figura 3.
h = hh + hv + hr
h - Perda total de carga hidráulica - m
hh - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo horizontal - m
hv - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo vertical - m
hr - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo radial - m
Exemplo
155
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
9 9 9
95+
0,50 = 0,0009 7 2 + 0,0013L
+ 0,00044L 7L
0,00047L 4 - 0,50 = 0
0,0004L2 + 0,0013L
L = 34m
Fig. 4 - Nomograma para a determinação do fator geométrico “ a “ da fórmula de Ernst para o cálculo da resistência radial (Wr).
156
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos
As fórmulas de fluxo variável não trabalham Para o caso deste trabalho julga-se conveniente
diretamente com valores de recarga e sim com os implantar o sistema com espaçamento entre
valores de porosidade drenável e tempo estimado drenos de 20,0 m e observar o seu desempenho
de rebaixamento do lençol freático até uma para as chuvas de projeto.
profundidade prefixada. Porosidade drenável é o
volume de poros de um volume de solo, saturado,
que fica livre de água quando submetido a uma
tensão de 6 kPa (59,2 cm de coluna de água). A
porosidade drenável pode ser obtida em mesa de
tensão, em laboratório, o que é trabalhoso e
dispendioso, razão pela qual é obtida, normalmente
em função da média dos valores de c. hidráulica
saturada de campo, com o uso da fórmula.
V2=k(m/dia)/100 Fig. 5 - Desenho mostrando os parâmetros da
fórmula de Glover-Dumn
Foram desenvolvidas considerando que a irrigação
não é um processo contínuo a sim aplicada por Neste caso, por se tratar de fluxo variável, a
um determinado período e intervalo de tempo. A fórmula de Glover-Dumm é mais adequada.
figura 5 ilustra o emprego da fórmula a seguir
L = 16,14
157
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
158
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos
Bibliografia
159
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
15. DIMENSIONAMENTO DE
ESTRUTURAS DE DRENAGEM
Passagem molhada:
• Passagem molhada sem bueiro
É uma passagem por dentro do leito do dreno ou
Fig. 1 - desenho esquemático do fluxo em vertedouro
talvegue, com revestimento na parte inferior e talu-
de base larga
des suaves do trecho da passagem, conforme a
planta-tipo em anexo. A fórmula acima apresentada pode ser simplificada
• Passagem molhada com bueiro para:
É calculada utilizando-se fórmulas próprias para o
Q = 4,43uλh3 / 2
dimensionamento de vertedores de soleira espessa
retangular, onde, de maneira simplificada pode-
As figura 2 e 3 apresentam desenho esquemático
se utilizar a seguinte fórmula.
do vertedouro, como base da passagem molhada,
sendo. em perspectiva e um corte de passagem molhada.
160
Dimensionamento de estruturas
de drenagem
Tabela 1 -
Valores de u
0,06 0,349 0,343 0,335 0,327 0,317 0,309 0,304 0,297 0,292 0,310 0,334
0,12 0,364 0,349 0,339 0,329 0,325 0,324 0,322 0,317 0,312 0,319 0,337
0,30 0,414 0,391 0,371 0,343 0,332 0,329 0,330 0,333 0,334 0,334 0,328
0,60 0,414 0,413 0,411 0,378 0,355 0,344 0,339 0,334 0,330 0,329 0,328
1,20 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,383 0,348 0,337 0,329 0,32
1,50 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,383 0,348 0.329 0,328
Bueiro
Bueiros podem ter forma circular ou retangular,
neste caso denominados de bueiro celular. Podem
ser dimensionados para trabalhar com fluxo livre,
sob pressão atmosférica; neste caso é utilizada a
fórmula de Manning.
Fig. 2 - representação esquemática de vertedouro base Em função do tipo de talvegue pode ser mais
de passagem molhada elevada - com bueiro. vantajosa a utilização de bueiro celular, que não
necessita de um recobrimento mínimo de 60 cm
de solo; neste caso, a parte superior do bueiro
celular (armada) pode funcionar como pista de
rolamento, o que pode evitar, em casos menos
favoráveis, maior aprofundamento do dreno em
λ
longo trecho.
161
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Quando o bueiro puder ou tiver que trabalhar mento temporario da água. Pode também existir
afogado, conforme mostrado na figura 4, deve ser condições favoráveis à elevação do nível d’água
dimensionado usando-se a seguinte fórmula: a jusante ou ambas as condições.
Fig. 4 - Detalhes dos níveis de água em bueiro afogado De uma maneira prática recomenda-se, para solos
de baixa estabilidade estrutural, revestir, no caso
de junção, o equivalente a altura da lâmina d’água
De uma maneira geral, pode ser usado um de projeto (1H) a montante e 2H a jusante,
máximo de 3 bueiros circulares; caso não sejam conforme mostra a figura 5; no caso de curvas
suficiente, usar bueiro celular ou capeado revestir o equivalente a 1H.
(pontilhão).
Solos ou horizontes de solo de textura siltosa,
Por motivo de resistência a carga, o bueiro deve arenosa, ou com predominância de argila
ser coberto com uma camada de no mínimo de expansiva, como horizonte vértico, ou argila
0,60 m de terra. dispersiva, como solo bruno não-cálcico, devem
receber proteção nas junções e curvas sempre que
Para boeiros múltiplos o espaçamento mínimo as velocidades de fluxo de projeto possam, nesses
entre boeiros deve ser de 0,45m. pontos ser erosivas.
Exemplo de cálculo de bueiro para vazão de De uma maneira Geral, para solos que apresentem
2,0 m3/s boa estabilidade estrutural, as junções e curvas
• para D = 1,0 m; A = pr2 = 0,79 m2 não devem ser revestidas. As velocidades de fluxo,
(Dh)1/2 = = Q/CA (2g)1/2 x Dh ) = 0,92m de é que devem ser não erosivas para o tipo de solo.
submergência
• para d = 1,20; Dh = 0,44 m
•Dividindo a vazão por 2 bueiros de 1,0 m ou
Q = 1,0 m3 /s; Dh = 0,23 m de submergência para
ambos os bueiros
162
Dimensionamento de estruturas
de drenagem
163
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 2 -
Formas típicas de ressalto hidráulico*
164
Dimensionamento de estruturas
de drenagem
Tabela 3 -
Valores de "y" em função de valores de "x".
x y x y x y x y x y x y
0,01 14,137 0,18 3,245 0,35 2,222 0,52 1,718 0,69 1,392 0,86 1,154
0,02 9,990 0,19 3,151 0,36 2,184 0,53 1,695 0,70 1,376 0,87 1,142
0,03 8,150 0,20 3,064 0,37 2,147 0,54 1,673 0,71 1,360 0,88 1,130
0,04 7,051 0,21 2,983 0,38 2,112 0,55 1,652 0,72 1,345 0,89 1,119
0,05 6,300 0,22 2,907 0,39 2,078 0,56 1,630 0,73 1,330 0,90 1,107
0,06 5,744 0,23 2,836 0,40 2,045 0,57 1,610 0,74 1,315 0,91 1,096
0,07 5,310 0,24 2,769 0,41 2,013 0,58 1,589 0,75 1,300 0,92 1,085
0,08 4,960 0,25 2,706 0,42 1,982 0,59 1,570 0,76 1,286 0,93 1,073
0,09 4,669 0,26 2,647 0,43 1,952 0,60 1,550 0,77 1,272 0,94 1,063
0,10 4,422 0,27 2,590 0,44 1,923 0,61 1,531 0,78 1,258 0,95 1,052
0,11 4,209 0,28 2,536 0,45 1,895 0,62 1,513 0,79 1,244 0,96 1,041
0,12 4,023 0,29 2,485 0,46 1,868 0,63 1,494 0,80 1,231 0,97 1,031
0,13 3,858 0,30 2,436 0,47 1,841 0,64 1,476 0,81 1,218 0,98 1,020
0,14 3,710 0,31 2,390 0,48 1,815 0,65 1,459 0,82 1,206 0,99 1,010
0,15 3,577 0,32 2,345 0,49 1,790 0,63 1,442 0,83 1,192 1,00 1,000
0,16 3,456 0,33 2,302 0,50 1,766 0,67 1,425 0,84 1,179 - -
0,17 3,346 0,34 2,261 0,51 1,742 0,68 1,408 0,85 1,167 - -
165
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
166
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola
167
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
168
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola
3.14. Regadeira
3.7. Bueiro
3.8. Ponte
169
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
3.29. Cerca
3.30. Tradagem
3.22. Mangue
3.31. Trincheira
3.26. Rio
170
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola
• 0-50 cm - Vermelho
• 50-100 cm - Azul
• 100-150 cm - Laranja
• 150-200 cm - Verde
Bibliografia
171
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
1 - Máquinas
172
Máquinas e custos diversos
Equipamento leve do tipo valetador equipado com • Material de 3ª categoria ( detonar e remover ) -
raio lazer, acoplável a trator de pneus, pode ser R$ 40,00 a 50,00/m3.
adquirido no exterior, bem como grandes
máquinas valetadeiras. 5 – Bota fora - R$ 3,50/m3 .
Roçadeiras de drenos:
São implementos semelhantes aos usados na 6 – Argamassa traço 4:1 - R$ 120,00/m3
limpeza de vegetação marginal de estradas.
Equipamentos mais apropriados e sofisticados 7 – Alvenaria de pedra argamassada - R$120,00/m3.
são encontrados no mercado externo.
8 – Concreto simples - R$ 160,00/m3.
Nota - Para o conhecimento de características de
trabalho e demais informações sobre máquinas e 9 – Concreto armado fck = 18 MPa - R$ 350,00/m3.
implementos usados em trabalhos de drenagem agríco-
la é conveniente consultar os fabricantes ou seus repre- 10 – Fornecimento e assentamento de bueiro tipo
sentantes mais próximos. CA II.
Drenagem Superficial
Os custos das obras poderão ser estimados em Drenagem subterrânea
função dos seguintes parâmetros: Custos a nível de parcela, não incluindo os custos
de escavação dos coletores e suas obras, que já
1 – Custo dos estudos e projeto - 1 a 5% do valor constam do item anterior.
da obra, o que depende das dimensões do projeto
e dos níveis de dificuldades. 1 – Limpeza do eixo da vala.
É feita preferencialmente com motoniveladora ou
2 – Levantamento topográfico no caso da impossibilidade de seu uso, com trator
• Sem abertura de picadas - R$ 120,00/km munido de lâmina frontal, em uma faixa de
• Com abertura de picadas - R$ 200,00/km 3,0m de largura ao longo de todos os drenos a serem
escavados. - R$ 0,14/m.
3 – Projeto de drenos coletores com preparos de
perfis a partir da caderneta - R$ 150,00/km. 2 – Escavação mecânica da vala tomando como
base uma profundidade média de 1,20 m e largura
4 – Escavação de valas. de 0,40m. - R$ 0,80/m.
• Material de 1ª categoria - R$1,50/m3
• Material de 2ª categoria - R$1,80/m3
173
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Bibliografia
9 – Construção de estruturas de proteção do deságüe
do dreno subterrâneo no coletor aberto, em 1- Informações textuais e verbais colhidas na Su-
argamassa ou pedra argamassada ou solo-cimento. pervisão de Irrigação e Drenagem da
Aproximadamente uma para cada 200m de dreno CODEVASF - Administração Central (Brasília).
- R$ 30,00/unidade.
2- SANTOS, José Mauro dos, VIEIRA, Dirceu Brasil,
Custo por metro de dreno subterrâneo instalado por TELES, Dirceu D´alkmin. Drenagem para
firma contratada - dreno DN 65 e envoltório fins agrícolas. Brasília: ABID,[198-]. 187 p.
sintético, incluindo topografia e projeto - R$ 4,75/m. il.
174
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola
1. Objetivo
O objetivo destas especificações técnicas é esta- serão consideradas as chuvas registradas na estação
belecer normas, critérios e condições contratuais climatológica de ............., para período de retorno
que permitam a elaboração de proposta, seleção de 10 anos e duração da chuva igual ao tempo de
e contrato de empresa projetista para a execução concentração. Para bacias com áreas de até 50
de estudos e elaboração de projeto executivo do ha, utilizar a fórmula racional. Para bacias com
sistema de drenagem agrícola dos projetos de áreas superiores a 50 ha e inferiores a 400 ha utilizar
irrigação ............. Estas especificações são parte valores médios entre os obtidos por McMath e pelo
do contrato, juntamente com os termos de referên- método da Curva-Número, do U.S Soil Conser-
cia, o edital e demais elementos do processo de vation Service. Para valores entre 400 e 2.000 ha,
licitação. usar valores obtidos pela curva que une os valores
obtidos para 400 ha e o valor obtido pela curva
número para área de 2.000 ha; para áreas maiores
2. Drenagem superficial que 2.000 ha usar o método da curva número, não
devendo, no entanto, ser adotado nenhum valor
O comprimento de cada dreno será definido a partir de vazão inferior ao obtido pela fórmula racional
do seu ponto de deságüe, pelo traçado contínuo para bacias de até 50 ha.
de maior extensão, dentro da área do projeto.
De uma maneira geral, os coletores quando
2.1. Levantamento topográfico dimensionados para atender aos sistemas de
drenagem subterrânea ficam naturalmente
Os dados de levantamento topográfico poderão ser superdimensionados. Neste caso, poderão ser
retirados de um mapa da área com curvas de nível. dispensados cálculos de escoamento superficial
Caso não exista o mapa, deve-se então fazer o para coletores, estruturas de obras de arte, a critério
levantamento topográfico conforme itens 3.2.1 e da fiscalização.
3.2.2.
Os coletores deverão ter profundidades suficiente
2.2. Cálculo da vazão e para que a rasante fique no mínimo 30 cm abaixo
dimensionamento hidráulico dos drenos da cota de deságüe do dreno subterrâneo,
permitindo assim a descarga livre da água.
Uma vez selecionado o lay-out definitivo, do
sistema de drenagem superficial e coletores de b) Dimensionamento hidráulico, detalhamento
drenagem subterrânea, serão então elaborados os dos drenos, obras especiais e tipo.
seguintes dimensionamentos hidrológicos e Com base nas vazões dos escoamentos superficiais,
hidráulicos: nos perfis do terreno natural, nos caminhamentos
dos drenos coletores, nas características de
a) Cálculo do escoamento superficial horizontes dos solos a serem escavados e nas
Para o cálculo dos escoamentos superficiais das profundidades dos drenos subterrâneos, será então
bacias contribuintes dos drenos coletores abertos, feito o dimensionamento hidráulico detalhado do
175
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
sistema de drenagem incluindo as obras especiais Os perfis de dreno projetados poderão ser
etipo. apresentados em papel vegetal ou feitos em
planilhas eletrônicas.
Para os locais dos drenos possíveis de serem
erodidos, nos pontos dos taludes onde haja concen- 2.3. Nomenclatura dos drenos
trações de fluxo superficial de chegada, quedas,
junções, curvas acentuadas e bueiros deverão ser Os drenos indicados no lay-out deverão receber a
feitos projetos para a proteção contra a erosão. seguinte nomenclatura:
176
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola
do procedimento exposto acima, comforme a A terra escavada deverá ser disposta sobre a
Figura 5 constante do Capítulo 2. superfície do solo, sempre em camadas correspon-
dentes cada 30 cm de escavação. Cada tradagem
2.4. Medição e pagamento será reaterrada após a descrição do perfil, nunca
A medição será feita mediante a apresentação dos utilizando o material escavado.
perfis e por quilometro de drenos coletores
totalmente projetados, incluindo as estruturas b) Medição e Pagamento
complementares. A medição será feita por tradagem efetivamente
executada, descrita e localizada em planta, escala
O pagamento será efetuado por quilometro de 1:5000. Após aprovada pela fiscalização o
drenos coletores projetados com base no preço pagamento será efetuado com base nas planilhas
unitário para esse serviço, constante na planilha de custos obedecendo o cronograma de desem-
de acordo com o cronograma de desembolso, da bolso da seguinte forma:
seguinte forma: • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
• 80% com a apresentação dos trabalhos de campo • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
• 20% após a entrega e aprovação do relatório Final.
final.
3.1.2. Trincheiras
a) Execução
3. Drenagem subterrânea Deverão ser escavadas, manual ou mecanica-
mente, com a finalidade principal de detectar a
3.1. Estudos complementares de solo profundidade do impermeável em locais onde isso
não for possível através de Tradagens, de forma a
3.1.1. Tradagens fornecer os parâmetros mencionados no sub-item
Serão feitos a nível de propriedade, tomando como anterior.
base plantas planialtimétricas, em escala de
1:5000, contendo curvas de nível, de metro em Suas dimensões serão de 1,20 x 0,80 metros, com
metro, sistema viário e parcelamento com a profundidade até encontrar o impermeável ou
identificação dos pontos investigados na gleba, máxima de 1,50 metros.
lote ou setor.
O número de trincheiras será em média de uma
a) Execução para cada 15,0 ha, ou a critério da fiscalização.
Deverão ser executadas com trado de diâmetro
mínimo de 3”, do tipo holandês ou caneco. Quando necessário, serão feitas tradagens a partir
do fundo das trincheiras, com uma profundidade
Deverá ser feita em média de 1 (uma) tradagem adicional até atingir a barreira ou máxima de 1,50
para cada 2,0 ha, até atingir a barreira ou o máximo metros.
de 4,0 metros de profundidade.
Após atestados pela fiscalização, todas as
As descrições de perfil do solo deverão dar ênfase trincheiras deverão ser reaterradas.
aos parâmetros indicativos de má drenabilidade
como: cores de oxi-redução, presença de b) Medição e Pagamento
mosqueado, plintita, laterita, concreções e pre- A medição será feita por unidade de trincheira
senças de barreiras tais como: fragipan, rocha ou efetivamente executadas, descrita e localizadas
qualquer material que restrinja o fluxo vertical em plantas na escala 1:5.000, bem como reaterrada
descendente da água. conforme os termos desta especificação e aprovada
177
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
pela fiscalização. O pagamento será efetuado com O Pagamento será efetuado com base na planilha
base no preço unitário proposto para este serviço de custos de cada tipo de teste, obedecendo o
e no cronograma de desembolso, da seguinte forma: cronograma de desembolso, da seguinte forma:
• 80% com a aprovação dos trabalhos de campo • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
• 20 % após a entrega e aprovação do Relatório • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
Final. Final.
Poderão ser extrapolados valores de condutividade As investigações geotécnicas terão como objetivo,
hidráulica de campo de um lote ou área para outro, caracterizar os perfis do terreno até a profundidade
sempre que as condições de solo forem idênticas. de projeto, principalmente para identificar e
quantificar volumetricamente as camadas
b) Medição e Pagamento rochosas ao longo dos traçados.
A medição será feita por teste realizado, localizado
em planta, escala 1:5000, após apresentação das Com base nessas investigações poderão ocorrer
fichas de campo calculadas e aprovadas pela outros ajustes dos traçados, a critério da
fiscalização. fiscalização.
178
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola
Os levantamentos topográficos não serão restritos Deverá ser elaborado o cálculo das cadernetas e
ao Lay-Out preliminar, podendo sofrer modifica- entregue cópia destas à fiscalização.
ções decorrentes de impedimentos identificados
em campo, ou de melhores alternativas topográ- A tolerância altimétrica será de 1 (um) centímetro
ficas, sempre a critério da fiscalização. por quilometro (1 cm / km) não cumulativos e
deverá ser utilizada a RN do IBGE.
A medição e pagamento destes serviços deverão
ser diluídos na composição dos preços propostos Os levantamentos dos drenos deverão ser
para levantamento topográfico e investigações materializados, através de piquetes de madeira
geotécnicas. de 20 em 20 metros, e piquetes e estacas nos locais
dos PI’s e obras tipo e especiais. O Levantamento
3.2.1. Abertura de picadas para é feito de jusante para montante, ou seja, a estaca
levantamento topográfico zero no ponto de deságüe do dreno.
a) Execução
Nos locais em que o levantamento topográfico não b) Medição e Pagamento
possa ser feito por causa da vegetação, deverá ser A medição do levantamento dos drenos coletores
feita a abertura de picada por processos manuais, será feita por quilometro efetivamente executado
com 2 metros de largura de modo a permitir a exe- e quantificado nas cópias das cadernetas de campo
cução do levantamento. Neste item deverão estar entregues à fiscalização.
incluídos os eventuais, serviços de abertura e re-
composição de cercas que as picadas interceptarem. O pagamento será efetuado com base nos preços
unitários para este serviço, constantes na planilha
b) Medição e Pagamento e o cronograma de desembolso da seguinte forma:
A medição desse serviço será feita por quilômetro
de picada efetivamente aberta com aproximação • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
de decâmetros e confrontada com o levantamento • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
topográfico. Final.
Os PI’s do caminhamento deverão estar amarrados NOTA: Em regiões ou locais de trechos da obra
ao sistema de coordenadas UTM , sempre que onde a projetista tenha conhecimentos que
possível. indiquem tratar-se de substrato rochoso profundo,
que não tenha possibilidade de ser cortado pelo
Todos os pontos notáveis tais como, cruzamentos dreno, esse procedimento é dispensavel.
com estradas, cercas, adutoras, etc, deverão estar
identificados neste levantamento.
179
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
180
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola
Esses levantamentos específicos deverão ser todos os pontos notáveis. A estaca 0 (zero) deve
executados com nível de detalhe suficiente para corresponder sempre ao ponto de descarga do
uma perfeita caracterização da obra em questão. dreno; Não é necessário apresentar os elementos
das curvas de caminhamento;
A necessidade e o nível de detalhe desses serviços • Os perfis poderão também ser apresentados em
de campo deverão ser definidos em conjunto com planilhas eletrônicos ou em escala mais
a fiscalização. apropriada as condições da área/projeto.
• Quadro com a denominação de todas as
3.4.2. Medição e Pagamento características de projeto de cada coletor.
A medição será feita mediante a entrega do • Quadros com detalhes técnicos da drenagem
Relatório Final, devidamente aprovado pela subterrânea, (anexar modelo);
fiscalização. • Desenhos detalhados das obras especiais e tipo
das redes coletoras e parcelares;
O pagamento será efetuado com base nas planilhas • Quantitativos e composição de custos para as
de custo, obedecendo o cronograma de desem- obras civis, serviços, materiais, equipamentos e
bolso. acessórios.
• Cronograma físico - financeiro de implantação
do sistema de drenagem proposto;
4. Apresentação do relatório técnico • Especificações técnicas para a implantação do
com projeto de drenagem sistema de drenagem proposto, onde todas as obras,
serviços e equipamentos necessários para à
O relatório final deverá ser apresentado em original implantação do sistema de drenagem deverão estar
e 3 cópias, mecanografado com encadernação especificados a nível de aquisição e execução;
simples e deverá conter: • Memória de cálculo contendo os métodos,
critérios e fórmulas utilizadas, inclusive alterna-
• Memorial descritivo; tivas estudadas, todas as fichas de tradagens,
• Quadro com dados e cálculos hidrológicos de trincheiras e testes de condutividade hidráulica,
cada bacia de contribuição; com respectivas localizações em campo e demais
• Planta geral da área na escala 1:10.000, com a informações que a contratante julgar necessárias.
disposição do sistema de drenagem coletora • Recomendações de como proceder na manuten-
projetada e obras existentes, tais como: sistema ção e conservação do sistema de drenagem e no
viário, agrovilas, parcelamento, sistema de monitoramento da evolução de eventuais
irrigação, etc.; problemas de drenagem e salinidade.
• Planta em escala 1:5.000, ou outras mais
conveniente, com curvas de nível de metro em
metro com Lay-Out do sistema de drenagem
coletora, e indicação das obras especiais e tipo; Fonte consultada:
Nessa planta, para a rede parcelar deverá ser Supervisão de Irrigação e Drenagem - DO/OM
indicado apenas o sentido do fluxo dos drenos da CODEVASF Administração Central - (Brasília)
subterrâneos;
• Perfis longitudinais dos drenos coletores, com
cotas do terreno natural, cotas de projeto, indicação
de obras de arte previstas, caminhamento do dreno
com coordenadas dos PI’S, indicação do perfil
rochoso, escala vertical 1:100 e horizontal 1:2000,
volumes de escavação, estruturas e indicação de
181
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
1. Finalidade
As presentes especificações têm por finalidade Todo material que não cumpra as especificações,
apresentar as condições gerais que deverão ser ou que por qualquer motivo tenha sido rejeitado,
obedecidas na execução de obras e serviços de será retirado da obra imediatamente.
drenagem no projeto de irrigação(nome do projeto).
As mesmas farão parte integrante do contrato, De um modo geral, são válidas todas as prescrições
juntamente com o projeto, termos de referência, dos fabricantes, especificações ou normas oficiais
edital e outros elementos do processo da licitação. que regulamentem a recepção, o transporte, a
manipulação ou emprego de cada material que
NOTA: O exemplo deste capítulo retrata um caso venha a ser utilizado nas obras dos Projetos.
específico de uma obra pública a ser licitada; para
contratos ou acordos entre organizações privadas Equipamentos
deverão ser feitos os ajustes para as condições Independente das condições particulares ou
reinantes. específicas que se exijam dos equipamentos
necessários para executar os serviços e obras, todos
eles devem cumprir as seguintes condições:
2. Condições gerais dos materiais,
equipamentos e serviços • Deverão estar disponíveis com suficiente
antecedência para o início dos trabalhos e
Materiais possuírem características compatíveis em relação
Todos os materiais a serem utilizados nas obras ao tipo e volumes de serviços a serem executados
deverão obedecer as normas e especificações da no prazo estabelecido no cronograma da obra;
ABNT, além das condições estabelecidas nesta • As manutenções necessárias no decorrer dos
especificações, que se comprovarão mediante serviços deverão ser programadas e realizadas em
ensaios correspondentes e deverão ser aprovados prazos compatíveis com os planos de execução
pela fiscalização. das obras e de forma a não interferir no prazo final;
• Os equipamentos que se apresentarem, durante
A aceitação em qualquer ocasião de um material a execução da obra, como inadequados à
não será obstáculo para que possa ser rejeitado no finalidade inicialmente proposta, seja por alteração
futuro, se forem verificados defeitos de qualidade das condições de trabalhos ou qualquer outro
ou uniformidade. motivo, deverão ser substituídos por outros que com
melhores desempenhos atendam às novas
Os materiais serão armazenados de forma que seja condições.
assegurada a conservação de suas características
e aptidões para o seu uso na obra, devendo ser Execução dos serviços e obras
facilitada a sua inspeção pela contratada. Todos os serviços e obras compreendidos nos
projetos serão executados de acordo com estas
especificações, normas, instruções, plantas do
projeto e ordens da fiscalização, a qual resolverá
182
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
as questões que se apresentarem referentes às A contratada deverá colocar uma placa na entrada
interpretações das plantas e condições de exe- dos canteiros ou outro local, a critério da
cução. fiscalização, indicativa das obras e onde deverá
constar o nome do órgão contratante, nome da
Os serviços deverão seguir a um plano de contratada , valor e prazo de obra.
execução que deverá ser apresentado á fisca-
lização para seu “de acordo”. Este plano de Serão de inteira responsabilidade da contratada
execução deverá contemplar os prazos dos diversos os prejuízos que possam vir a ser causados ao
serviços compatíveis com o cronograma de obra. sistema de distribuição de água do projeto e suas
estruturas, bem como aos usuários e terceiros, por
O plano deverá conter a programação mensal dos qualquer motivo ou deficiências nas medidas de
serviços a serem executados, com indicação das execução ou de segurança no desenvolvimento
obras a serem iniciadas, para possibilitar a dos trabalhos.
articulação precisa com os usuários do projeto
quando esses serviços e obras interferirem com as Os custos de instalação e mobilização estão
áreas dos lotes e consequentemente com os limitados ao valor máximo de 6% do valor da
interesses dos usuários. proposta.
Medição e pagamento
4. Instalação e mobilização Os serviços topográficos e de apoio necessários a
locação, quantificação e medição das obras não
A contratada deverá mobilizar-se e instalar-se de serão objeto de medição e pagamento devendo,
acordo com planos próprios e sob sua responsabi- desta forma, seus custos estarem diluídos nos
lidade. As instalações contemplarão todo o grupo preços unitários dos serviços e obras a eles
físico indispensável à conclusão dos serviços e inerentes.
obras.
183
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
184
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
de fundo do dreno. Para este fim o controle deve, de prévia escarificação, realizada por equipamento
preferencialmente, ser feito com uso de gabarito. específico acoplado a escarificador de dente.
Quando feito utilizando off-set (base maior do
dreno) como referência de corte, utilizando na Serão também considerados como material de 2ª
marcação corda ou cal virgem, as conchas da categoria os blocos ou fragmentos de rocha cuja
escavadeira deverão ter seções trapezoidais com dimensão mínima seja de 0,15 m e não exceda a
inclinações precisas e neste caso, a faixa de 1,00 metro.
escavação deve ser totalmente limpa para que a
c) Material de 3ª categoria
corda ou a cal fique bem visíveis sobre o solo.
Inclui toda rocha que só possa ser extraída com o
uso de explosivos e aqueles blocos ou fragmentos
Se durante a execução dos serviços, julgar-se
de rocha cuja dimensão mínima exceda a 1,00
necessário ou conveniente modificar taludes,
metro. Nenhum material exceto blocos ou
greides e seções das escavações, alterando
fragmentos de rocha se classificará nesta categoria,
aquelas inicialmente previstas, tal modificação
se a sua extração for possível sem uso de explosivo,
deverá ser realizada sem que a contratada tenha
barrilete (Pixotes), cunhas ou métodos similares.
por isso direito a qualquer composição adicional
em relação aos preço unitário estabelecidos na
Medição e pagamento
proposta para o serviço.
As escavações dos drenos coletores superficiais e
O material proveniente das escavações será, coletores entubados serão medidas, tomando-se
prioritariamente, depositado em local afastado de, como unidade o metro cúbico de material
pelo menos, 1,00 m da borda do dreno, ou a juízo escavado, usando-se o método da média das áreas
da fiscalização, removido para área de bota-fora extremas entre posições ou estações espaçadas no
previamente escolhida. máximo de 20 metros.
185
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
186
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
A faixa de limpeza será de 5,00 metros ao longo semi-árido, formados por capeamento do Terciário,
dos eixos definidos para os drenos e será efetuada onde existe grande variabilidade especial de
com o uso de máquina de lâmina. profundidade do impermeável (ondulado) e onde
os drenos subterrâneos são projetados com
Esta operação deve ser feita preferencialmente com profundidades próxima dessa camada restritiva ao
moto-niveladora. É de fundamental importância fluxo vertical saturado. Em solos ou áreas onde os
para permitir que toda a terra removida da vala drenos tenham sido projetados bem acima do
volte a esta como reaterro. impermeável esse trabalho é dispensável.
b) Levantamento e nivelamento topográficos dos d) Preparo dos perfis e projetos dos drenos
eixos dos drenos subterrâneos subterrâneos.
Apartir do projeto hidráulico e civil, será feita a A contratada, deverá fornecer à fiscalização as
locação topográfica dos eixos dos drenos cópias das cadernetas de campo e desenhos
subterrâneos, seguindo os espaçamento recomen- contendo os perfis do terreno natural e da barreira.
dados, conforme “ Lay Out” existente no projeto Os perfis, desenhados em papel milimetrado ou
executivo, com nivelamento e contra-nivelamento, em planilhas eletrônicas na escala horizontal
com estacas a cada 20 m. No cálculo das 1:2000 e vertical 1:100, com referencial de nível
cadernetas de campo a tolerância altimétrica será do IBGE, ou arbitrarias , serão utilizados pela
de 1 cm por km (1 cm/km). fiscalização para o traçado dos greides dos drenos.
(Projetos dos drenos)
c) Sondagens para detectar as profundidades da
barreiras ou camada impermeável. A elaboração dos projetos dos drenos subterrâneos
Deverão ser feitas tradagens manuais, próximas poderá ser, por outro lado, atribuição da contratada
dos locais de cada piquete, a cada 20,0 m ao longo devendo, neste caso, cada perfil ser submetido à
dos eixos dos drenos, até cerca de 20 cm além das contratante para aprovação.
profundidades de projeto ou até a barreira, quanto
esta estiver em profundidade interior, utilizando e) Escavação das valas para instalação dos drenos
trados tipo caneco ou holandês de diâmetro mínimo subterrâneos
de 3”. Objetivam detectar, no perfil do terreno, A escavação é do tipo vala aberta e será feita
levantado pela equipe de topografia, a posição da mecanicamente ou manualmente após a limpeza
barreiras ou camada impermeável, para fins de do terreno; neste caso, com equipamentos
projeto quanto a profundidade e declividade ou apropriados e respeitando as seções de projeto.
greide dos drenos. Caso seja detectada a presença
de lençol freático, a informação deverá ser A escavação será feita manualmente em áreas de
também registrada. Na impossibilidade serem lotes cultivados com fruticultura e onde, a juízo
feitas tradagens manuais devido a impedimentos da fiscalização, a execução com equipamento não
as perfurações causadas pela presença, no perfil seja recomendada. Também será feita manualmen-
do solo, de cascalho, calhau ou outros, deverão te nos pontos em que as escavações interfiram com
ser feitas escavações com o emprego de retro, redes de distribuição hidráulica ou componentes
após autorização pela fiscalização. Os resultados destas.
deste serviço deverão ser apresentados em
planilhas que identifiquem os lotes e drenos Em camadas de solo instável não deve ser feita
subterrâneos, pelo fato de que serão utilizados nos escavação em zona de lençol freático alto, sob
projetos de cada dreno subterrâneo. pena de ocorrer desmoronamento, que poderá
impossilitar o trabalho ou resultar em serviço de
NOTA: Este trabalho é importante para solos do má qualidade e até perda do trabalho.
187
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
As escavações serão executadas com 0,40 metro não tecido, de poliester ou polipropileno de
de largura por ... metro de profundidade, em média, gramatura ou densidade 150 g/m2 , em bobinas de
sempre no sentido jusante para montante do dreno ... metros de largura por 300 metros de compri-
a ser implantado. O material resultante da mento. No envelopamento o recobrimento da
escavação será colocado ao lado das valas, de manta será de 2 centímetros. A manta será presa
forma a facilitar as operações de nivelamento e ao tubo com fio de nylon nº 50 ou 60 de forma
manuseio da tubulação que será instalada na vala, espiral. O fio de amarração, bem como a manta e
bem como o seu reaterro. os tubos serão fornecidos (no caso pela contratada);
também é atribuição desta o transporte dos tubos
A escavação deve coincidir o máximo possível e bobinas de manta do local onde se encontrem
com as cotas de projeto, para que sejam evitados depositados no projeto até aos locais da obra.
aterros de regularização de níveis de fundo da
vala, o que pode comprometer o sistema se a Está ainda incluída entre as atividades deste item
camada de regularização for espessa e, ao mesmo a união dos tubos, que será feita com luvas
tempo se o material de regularização não estiver fornecidas pela (contratante ou contratada). Na
úmido e não for levemente compactado, o que falta de luvas, os tubos serão unidos fazendo-se
pode causar rebaixamento do tubo dreno no um corte de cerca 10 cm, transversal à seção de
trecho. jusante, a fim de proporcionar condição de
superposição dos mesmos. A união deverá ser
Nas escavações terá que ser feito, obrigatoria- amarrada com fio de nylon de forma a garantir o
mente, o acompanhamento rigoroso das cotas de manuseio da tubulação por ocasião de sua
projeto de fundo das valas, através do uso de instalação.
gabarito e linha de nylon presas às estacas, que
devem estar localizadas longitudinalmente a 1,8 g) Instalação dos drenos
m dos eixos de cada dreno a ser escavado, onde o A tubulação preparada e envelopada nas condições
gabarito deve tocar levemente a linha sempre pela especificadas no item anterior, será devidamente
parteinferior. posicionada nas valas previamente escavadas e
niveladas. Rigoroso acompanhamento do greide
O alinhamento dos eixos das valas poderá ser feito da tubulação deve ser efetuado nessa ocasião para
com a utilização de cal, ou outro método julgado evitar qualquer elevação que dificulte o fluxo das
conveniente e aprovado pela fiscalização. águas drenadas. No acompanhamento das
profundidades de instalação dos tubos e seus
Todo o material proveniente das escavações declives, deverão ser usados gabaritos e ser
deverá retornar, obrigatoriamente, às valas para instalada longitudinalmente à vala escavada, uma
evitar futuro rebaixamento do aterro e a formação linha de nylon para servir de referencial de nível
de via preferencial de fluxo das águas superficiais, para aferição do greide da tubulação após
o que pode causar a falência do sistema. posicionada na vala.
A escavação das valas possivelmente atingirá, em Apoio topográfico deverá estar a disposição para
casos de lotes cultivados, o lençol freático e nesse os trabalhos necessários à perfeita instalação da
caso, a escavação somente pode ser executada se tubulação de drenagem, não podendo haver
o solo for estável. desvios verticais da tabulação em relação ao
greide dos drenos superiores a 1 cm para cada 3
f) Envelopamento dos tubos corrugados metros de tubos, não cumulativos.
O envelopamento dos tubos consiste no envolvi-
mento destes com manta sintética, tipo geotextil
188
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
189
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
190
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
O preço inclui os custos de escavação, pedra, Tubos que apresentem avarias provenientes de
cimento, agregados, mão-de-obra, transporte de carga, descarga, transporte e instalação ou que
materiais, acabamento de superfícies e qualquer apresentem defeitos, ou rachaduras, serão
outro trabalho necessário para a conclusão da obra, recusados. Antes de serem instalados os tubos
inclusive reaterro e limpeza da área de construção. deverão ser limpos e mantidos livres de destritos
estranhos.
191
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
ficando a critério da fiscalização a sua utilização junção/inspeção, locais de deságüe dos drenos
ou não. Deverá ser disposto em camadas de no subterrâneos.
máximo 0,20 m e já com teor de umidade
apropriada. Cada camada deverá ser compactada Os drenos coletores entubados, em geral,
com compactador vibratório, tipo sapinho ou desaguarão em drenos coletores superficiais tipo
similar, ficando a cargo da fiscalização, através vala aberta, onde deverão ser construídas estruturas
de avaliação táctil, identificar o grau de de proteção contra erosão utilizando alvenaria de
compactação desejado. Quando os bueiros pedras.
cruzarem estradas, a última camada deverá ser
de revestimento primário ou cascalho. Os serviços e fornecimentos, caracterizados a
seguir, necessários para a construção dos drenos
Medição e pagamento coletores subterrâneos, serão medidos considerando
Nos custos unitários deverão estar incluídas todas como unidade, o metro de tubo fornecido e
as despesas, tais como aquisição dos tubos, instalado. Deverá compreender toda mão-de-obra,
materiais, transportes, mão-de-obra, uso de o transporte e distribuição dos tubos e o eventual
equipamentos, reaterro, leito de concreto e outros. fornecimento de areia para o preparo de leitos,
quando o assentamento correr em vala escavada
A medição será feita por metro de tubos assentados em rocha e também os custos de estruturas de
e devidamente reaterrados, conforme o diâmetro deságüe no coletor aberto.
indicado nos projetos, incluindo eventual leito de
concreto e o reaterro. Somente considerar-se-á concluído estes serviços
quando todas as caixas de junção/inspeção
O pagamento será feito pelo preço unitário de tubo estiverem concluídas conectadas aos drenos
fornecido e instalado, conforme conste na planilha subterrâneos e as valas devidamente reaterrados.
de custo apresentada pela contratada, consideran-
do o critério de medição estabelecido. O pagamento será efetuado considerando o critério
de medição acima apresentado, bem como os
diâmetros dos tubos e preços unitários constantes
Fornecimento e instalação de tubos nas planilhas para este serviço.
para a construção de
drenos coletores entubados
Reaterro dos drenos
Serão utilizados tubos de PVC de ... e ... mm de coletores entubados
diâmetros iternos, respectivamente, que serão
fornecidos pela ..... . Os tubos serão armazenados, Os reaterros serão feitos inicialmente de forma
transportados e distribuídos para os locais de manual e posteriormente com equipamentos. O
instalação pela ..... . Serão instalados em valas es- material do reaterro, que em principio será o
cavadas com seção retangular e largura de 0,40 m. proveniente das escavações, com execução
daqueles trechos em que as escavações forem
Serão assentados seguindo os greides executados em rocha, devem estar isentos de
estabelecidos em projeto, acoplados através da pedras e materiais que a critério da fiscalização
união das pontas e bolsas, alinhadas. No caso de sejam indesejáveis. Os reaterro deverão ser
instalação sobre trechos escavados em rocha, os convenientemente compactados de forma a todo
tubos serão assentados sobre um colchão de areia o material da escavação retorne as valas.
de altura mínima de 5 cm. A tubulação deve ficar
ajustada e perfeitamente ancorada nas caixas de
192
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
8. Da responsabilidade do construtor
6. Disposição do sistema implantado
(lay-out) A responsabilidade do construtor é integral para a
obra contratada nos termos do Código Civil
Toda e a qualquer alteração feita no projeto, por Brasileiro.
ocasião da sua implantação, deverá constar do
Lay-out definitivo da obra, a ser preparado e O construtor será também responsável por todos
apresentado, no final da mesma, pela contratada, os serviços relacionados com a construção,
na mesma escala e forma de apresentação do manutenção, mobilização e desmobilização de
projeto motivo do contrato. todas as instalações do canteiro de obras e
acampamentos que venham a ser necessários ao
No caso dos drenos coletores entubados e suas andamento dos serviços, assim como, o transporte,
caixas de junção – inspeção, essas obras deverão montagem e desmontagem de todos os equipa-
ser sempre amarradas (locadas) e ter seus ângulos mentos, máquinas e ferramentas.
medidos até segundos e as distâncias medidas com
precisão de até duas casas decimais; quanto às A presença da fiscalização da contratante na obra
profundidades das partes superiores das caixas de não exime a responsabilidade do construtor.
inspeção junção, em relação à superfície do
terreno, essas deverão ter aproximação correspon- É de inteira responsabilidade do construtor a
dente a uma casa decimal. reconstituição de todos os danos ou avarias
causados em obras existentes como, caiação,
Medição e pagamento urbanismo, edificações, rede elétrica e rede de
Os custos não serão motivo de pagamento, irrigação e drenagem e conservação e manutenção
devendo estar diluídos nos custos gerais das obras. de obra objeto do contrato até a sua entrega
definitiva à empresa contratante.
193
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
194
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola
195
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
196
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
• Dados do solo, segundo perfil tipo constante da • Retenção até a capacidade de campo =
tabela 2 em anexo. 50,2 mm x 0,40 = 20 mm
• Recarga ou percolação profunda:
104 - (12 + 20) = 72 mm
Porosidade drenável = v
Fig. 1- Profundidade do lençol antes das chuvas de
projeto Sendo K = 3,5 m/dia: tem-se que v = 18,71%
ou, segundo curva do USBR, µv = 19%
No cálculo estimativo da altura do lençol freático,
sobre os drenos, foram consideradas recargas de Ascenção do Lençol =
0,0025 m/dia e de 0,0030 m/dia para irrigação por
gravidade, em sulcos, com baixa eficiência de
irrigação, tendo-se empregado a fórmula de
Hooghoudt para camada de solo uniforme ou K1 = Altura da zona de saturação para a condição mais
K2, obtendo-se: crítica do projeto - h = 53 cm, conforme Fig. 2.
ou
ou:
197
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
carga hidráulica “h” de 53 cm ou com lençol, no v = fração drenável ou espaço poroso drenável (%)
ponto médio entre drenos, a 67 cm da superfície ho = altura máxima assumida para o lençol no
do terreno. ponto médio entre os drenos (m)
ht = altura do lençol freático após o período
Assumiu-se que o lençol freático, imediatamente considerado para o rebaixamento (m)
antes das chuvas de projeto estaria a 1,05 m de p = perímetro molhado do tubo dreno (m), conforme
profundidade devendo, após receber a recarga, figura 3
ascender para 67 cm abaixo da superfície do solo,
para ser então rebaixado para 80 cm em um período *D = d + ho/2 segundo o US Bureau of Reclamation
de 3 dias, o que resulta em um rebaixamento de
13 cm. Se d/ho < 0,1 – o espaçamento pode ser calculado
como se o dreno estivesse sobre a barreira
Obtêm-se então a lâmina de água a ser drenada No caso Do = d por se tratar de solo raso onde Do
pela seguinte expressão: é menor que a unidade
Percolação profunda ou lâmina de água a ser
drenada = camada saturada x porosidade drenável Valores utilizados:
L = 13 cm x 0,19 = 2,47 cm
K = 3,5 m/dia
A Recarga ou Coeficiente de Drenagem Subter- P =0,46 m (tubo DN 64 e envoltório de cascalho)
rânea é então de: ho = 0,53 m
R = 24,7 mm/3 dias = 8,2 mm/dia Do = d = 0,50 m
ht = 0,40 m
D = 0,73 m
10. Cálculo do Espaçamento Entre Drenos t = 3 dias
L2 = 2 x 3,5 x 0,73 x 3/0,19 x ln
Foram empregadas as fórmulas de Glover Dumn e (1,16 x 0,53/0,40) = 929 m2
Hooghoudt. L = 30,5 m Þ L = 30,0 m
Sendo:
198
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
199
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
a) Cálculo das vazões (Q) para tubos trabalhando à 1/2 e 3/4 de seção
C = Q (m3/s)/q (m3/s.m)
DN Comprimento (m)
1/2 Seção 3/4 Seção
65 118 205
75 169 295
100 385 677
Como serão instaladas linhas de drenos de 500 Nas Figuras 8 a 11 são apresentadas fichas com
m, conforme Figuras 6, selecionou-se o tubo DN resultados dos testes de condutividade hidráulica
100 para os primeiros 250 m e DN 75 para os de campo.
250 m à montante. Nos pontos de mudança de
diâmetro deverão ser instaladas caixas de Nota: É de fundamental importância que as especi-
inspeção, conforme Figura 7 em anexo. ficações técnicas, para fins de implantação das obras,
façam parte do projeto que deverá conter também
Neste caso não se opta pelo tubo de DN 65 porque plantas-tipo das obras, como caixas de inspeção,
este não atingiria os 250 m, nem trabalhando a ¾ proteções dos pontos de descarga dos drenos
de seção. O seu emprego implicaria na construção subterâneos nos coletores abertos e outras obras
de mais uma caixa de inspeção por linha, o que julgadas necessárias.
não seria economicamente vantajoso em função
dos custos dos diferentes tipos de tubo na época
do projeto.
200
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
Tabela 1 -
Chuvas máximas de três dias Estação Mandacaru - Juazeiro - BA (*)
Lat. = 9o 24’ S ; Long. = 40o 26’ W
Frequência de chuvas.
N = fnN = nº de anos registro f = frequência desejada n = nº de ordem na coluna
Para: f = 10 N = 18 Toma-se uma chuva de 160mm
201
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Tabela 2 -
Resultado de análises de solos segundo levantamento pedológico
realizado pela Sondotécnica S.A. - perfil 21, unidade PV1,
projeto Maniçoba - BA, 1973/74.
202
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
203
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
204
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
205
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
206
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea
207
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fonte:
Supervisão de Irrigação e drenagem - DO/OM -
Fig. 11 – Ficha de teste de Condutividade Hidráulica CODEVASF - Administração Central (Brasília).
208
Manutenção de drenos
Uma boa manutenção de drenos é muito impor- roçadeiras especiais para este tipo de serviço é
tante para o funcionamento adequado do sistema de uso mais restrito, tendo em vista que este tipo
de drenagem. de equipamento não é produzido no pais, o que
cria entraves quanto a aquisição; por outro lado o
Os drenos logo após serem escavados, principalmente custo deste tipo de mão de obra ainda é baixo
nos dois primeiros anos, são comumente invadidos entre nós.
por vegetação variada, além de se tornarem asso-
reados em maior ou menor tempo, dependendo da Vegetação do tipo arbustiva ou árvore deve ser
estabilidade do solo escavado e do tipo de prá- eliminada do dreno por arranquio ou corte na
ticas agrícolas realizadas na sua área de influência. região do colo; nesse caso é feita aplicação de
Chuvas de intensidade e duração superiores àque- herbicida, como TRIBUTON D, com uso de pincel,
las de projeto podem causar danos ao dreno e suas na proporção de 5% de TRIBUTON para 95% de
estruturas e ao mesmo tempo o seu assoreamento. óleo diesel, ou outro produto cuja eficiência tenha
sido comprovada e que esteja ao mesmo tempo
Para o bom desempenho do sistema de drenagem aprovado pelos orgãos ambientais para este tipo
é importante que seja feita uma manutenção de uso.
sistemática dos drenos, visando impedir que a vege-
tação de seu leito e o assoreamento atinjam níveis A roçagem deve ser feita, preferencialmente, até
que prejudiquem o seu funcionamento hidráulico. uma faixa de cerca de 3,0 m do talude do dreno
ou limite de cerca, cultivo ou estrada.
A vegetação controlada manual ou mecani-
camente, com uso de foice ou equipamento Dessassoreamento
mecânico roçador, é extremamente importante na Quanto ao desassoreamento, este pode ser feito
proteção dos taludes dos drenos, para que assim manualmente, com o uso de pás e enxadas, para
seja mantida a sua geometria de projeto e drenos de pequenas seções ou mecanicamente,
construção. para drenos maiores, podendo ser usadas retro-
escavadeiras, escavadeiras hidráulicas ou dragas,
É importante salientar ser totalmente desacon- dependendo das dimensões do dreno.
selhável fazer capinas em taludes de drenos onde
a vegetação, quando apropriada e bem mantido, A decisão de quando fazer o desassoreamento de
é importante para protege-los contra erosão. um dreno vai depender do nível de assoreamento
e sua interferência no desempenho do mesmo.
Roçagem Deve ser tomada em função de observações visuais
Os drenos devem ter a sua vegetação de feitas durante inspeções de rotina ao sistema de
gramineas e outras, de porte herbáceo, roçadas ou drenagem. A periodicidade deste serviço é difícil
aparadas e removidas do seu leito com uso de de se prever, tendo em vista depender de uma serie
garfos especiais, duas vezes ao ano, dependendo de fatores, conforme anteriormente mencionados,
do tipo de clima da região, tipo de solo cortado e suas interações. De uma maneira geral pode-se
pelo dreno e tipo de vegetação plantada ou prever um desassoreamento ou limpeza de fundo
invasora. A roçagem mecânica com uso de a cada 5 anos.
209
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Não foi até o presente momento adquirido ou O experimento já se encontra em sua etapa final
desenvolvido equipamento adequado porque a visando a aprovação e liberação de registro
amplitude dos problemas não justifica. As limpezas definitivo de uso pelo IBAMA. Trata-se de um
tem sido feitas com o uso de improvisações. herbicida conhecido comercialmente como
ARSENAL NA, cujo principio ativo é o IMAZAPIR.
210
Manutenção de drenos
colocação de terra de boa qualidade nos locais administração da área irrigada ou perímetro de
erodidos, que deve ser levemente compactada e irrigação, devendo os seus custos ser incluídos nas
coberta, preferencialmente , com placas de gramí- taxas de operação e manutenção pagas pelos
neas nativas; as estruturas deverão ser recuperadas usuários ou associados.
em conformidade com o projeto original.
A manutenção dos drenos entubados é feita com
Para evitar e diminuir este tipo de danos é reco- equipamento especial munido de bomba de alta
mendável que drenos escavados em solos ou pressão, mangueira e bico jateador composto de
horizontes de estrutura instável, como solo com um jato na parte frontal e três voltados para traz,
camada siltosa, arenosa fina, solos do tipo bruno com ângulo de aproximadamente 45 graus. A alta
não cálcico e outros, sejam protegidos com o pressão imprimida ao jato de água e a distribuição
plantio de vegetação graminóide apropriada para deste faz com que a mangueira seja arrastada dreno
o tipo de clima e solo da região, onde os taludes “adentro” e o material decantado ou raízes por-
dos drenos devem ser capeados por camada de ventura desenvolvidas dentro do mesmo, sejam
solo preparada para este fim. A seguir devem ser arrancados e arrastados para fora do tubo em
colocadas placas de grama ou capim apropriado direção ao coletor aberto.
ou ser feita semeadura e irrigações, até que a
cobertura se estabeleça, o que não tem sido feito Esta operação deve ser feita ao constatar-se que o
devido aos altos custos envolvidos. sistema se encontre parcialmente comprometido,
devido a presença de lençol freático alto na área,
Manutenção de drenos subterrâneos entubados acima do previsto em projeto, ou ainda e também
Um sistema de drenagem subterrânea, para através de observações nos pontos de descarga dos
funcionar adequadamente, necessita: drenos entubados nos coletores. Só deve ser feita
com o lençol freático alto - acima do nível dos
• Ser bem concebido,a partir de critérios e drenos, ou seja, drenando. Em condições de lençol
parâmetros apropriados para a área a ser drenada. freático baixo o trabalho será inútil.
• Ser bem implantado, tomando como base
critérios e detalhes de implantação próprios desta
atividade e adequados ao tipo de solo e condições
reinantes na área do serviço. Fonte Consultada:
• Ter o sistema de coletores bem mantido, que
permita sempre a descarga livre dos drenos. Supervisão de Irrigação e Drenagem - DO/OM -
• Ter os drenos subterrâneos mantidos livres de CODEVASF - Administração Central (Brasília).
assoreamento que comprometa o bom funcio-
namento.
211
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
212
Avaliação de desempenho de
drenos subterrâneos
213
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
214
Avaliação de desempenho de
drenos subterrâneos
2
L = = Um envoltório de drenos, adequado para o
tipo de solo, deve propiciar condições para que a
O espaço entre drenos (L) corresponde ao carga hidráulica, em suas imediações, seja mínima
afetivamente implantado; o valor da profundidade ou nula.
equivalente de fluxo (d) é estimada ou conhecida e Existem equipamentos de limpeza ou
os valores (R e h) são determinados conforme desassoreamentos de drenos entubados, tipo
explicado acima; resta obter o valor da condutividade jateadores de alta pressão, que inclusive indicam
hidráulica. pontos onde possam ocorrer obstrução por
O mesmo pode ser feito para fórmulas de fluxo estrangulamentos do tubo dreno.
variável, tendo em vista que o valor da porosidade A partir dos resultados dos estudos pode-se
drenável foi estimado. obter:
Para solos com mais de uma camada e - Planta de isoprofundidade do lençol freático da
portanto com mais de um valor de "K" no mesmo área estudada.
perfil, a checagem permite somente obter um valor - Planta de fluxos do lençol.
médio de "K" das camadas drenadas. - Hidrograma de poços.
Dieleman (3), pág.74, sugere o preparo de - Representações gráficos das seções
gráfico onde valores obtidos da relação R/h (dia-1 x transversais do lençol, incluindo poços e drenos.
10-2 ) são lançados no eixo "y' contra valores de - O valor da descarga média de cada dreno
h(m) no eixo "x", o que resulta em uma reta de ângulo subterrâneo estudado e, em conseqüência, a
"m" com a abscissa "x", A tangente desse ângulo recarga para o dreno em m/dia.
ou tan m = , fornece o valor da condutividade - Valor da carga hidráulica no ponto médio entre
drenos.
hidráulica, uma vez que o valor L é conhecido.
- Valor médio da condutividade hidráulica.
- O valor médio diário correspondente ao
· A resistência ao fluxo de entrada da água
rebaixamento do lençol freático.
no dreno
- O valor estimado da porosidade drenável.
A resistência ao fluxo de entrada da água no
- Dados indicativos de mudanças de níveis de
dreno, ou perda de carga hidráulica nas imediações
salinidade de solo e da água
deste, pode ser dada pela relação he/h, sendo he(m)
- Resistência ao fluxo de entrada de água nos
a carga hidráulica sobre o dreno, em relação ao nível
drenos.
d' água livre dentro do mesmo e h(m) a carga
hidráulica no ponto médio entre os drenos, em
relação ao plano de instalação destes.
O quadro a seguir fornece indicativos de
desempenho de linha de dreno em função da perda
de carga de entrada da água no tubo, conforme
segue:
215
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
216
TESTEIRA REVESTIDA
30cm O TUBO
m C/ PEDRA ARGAMASSADA
30c
30cm
SOLO 60cm
MÍNIMO
ATERRO
50% DO OC
30cm NOMINAL 30cm
15cm 15cm
40cm 40cm
VARIÁVEL VARIÁVEL VARIÁVEL
O TUBO O TUBO
1,5m B
30cm
0,5 60cm
26,3 o MÍNIMO
4
NOMINAL 30cm
15cm
BERÇO DE AREIA
A A 40cm 45cm 40cm
C
30
cm
PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
DRENO BUEIRO ELEVAÇÕES (m)
PROJETISTA DES. DATA
COMPR. DIÂMETRO SIMPLES, ESPAÇAM. ALT. CORTE ALT. CORTE
TALUDE VAZÃO N.o BASE BASE / /
N.o 3 ESTACA BUEIRO BUEIRO DUPLO, ENTRE
MANILHAS
MONTANTE
DO BUEIRO
JUSANTE
DO BUEIRO VERIFICAÇÃO DATA
(Z) (m/s) OBRA (m) (m) ETC MONTANTE JUSANTE
(m) (m) (m) / /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
0,45
BUEIRO TIPO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO BUEIRO1.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
B C
NOTAS :
Cb - COMPRIMENTO DA BASE
ESTRADA
Cm - COMPRIMENTO ENROCAMENTO À MONTANTE
Cj - COMPRIMENTO ENROCAMENTO À JUSANTE
SEÇÃO CC
B C
PLANTA
O TUBULAÇÃO
EIXO DA ESTRADA
TERRENO NATURAL
C
1% 1%
1
Z
DIREÇÃO DE FLUXO 1
A B 1
CAPEAMENTO DE PEDRA
30cm 30cm 30cm 30cm ARGAMASSADA
Cm Cb Cj TRANSIÇÃO b
Ct QUANDO OCORRER Lr
BASE DRENO> O BUEIRO
PROJETO DATA
/ /
SEÇÃO AA SEÇÃO BB PROJETISTA DES. DATA
/ /
DRENO BUERO (m) ELEVAÇÕES VERIFICAÇÃO DATA
/ /
TALUDE VAZÃO N.o TALUDE
N.o 3 ESTACA BASE DIÂMETRO Cm Cb Cj Ct Lr b A B C APROVAÇÃO VISTO DATA
(Z) (m/s) OBRA (Z) / /
BUEIRO TIPO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO BUEIRO.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
JUNÇÃO DE DRENOS COM QUEDA JUNÇÃO DE DRENOS SEM QUEDA
N.o JUNÇÃO L1 L2 L3 b1 b2 Z ELEVAÇÕES N.o JUNÇÃO L1 L2 L3 b1 b2 Z ELEVAÇÕES
DRENO ESTACA DRENO ESTACA
OBRA C/DRENO (m) (m) (m) (m) (m) A B C OBRA C/DRENO (m) (m) (m) (m) (m) A B
L2 L1 L2 L1
A A
b1 b1
b2
b2
L3 L3
A A
PLANTA BAIXA - JUNÇÃO COM QUEDA PLANTA BAIXA - JUNÇÃO SEM QUEDA
1 1 ELEV.C
Z 1
Z 1
ELEV.B Z ELEV.B Z
PEDRA
30cm PEDRA
ARGAMASSADA
ARGAMASSADA
30cm
JUNÇÃO DE DRENO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO JUNÇÃO.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
ELEV. C
2
ho 1
NA ELEV. A NA
8cm
ELEV. B h 1,5 38cm
d h'+8cm 1
h' h'
30cm
N5ø4.2-VAR N5ø4.2-VAR
VER DETALHE 1 L
8cm 20 20
b
N6
8cm 20 8cm 20 20
VAR N2ø4.2-VAR 20 ø4.2-VAR
N2ø4.2-VAR
20 N3ø4.2-VAR
20 N4ø4.2-VAR
20
20
CORTE A-A CORTE B-B
QUADRO DE FERROS
COMPRIMENTO
POSIÇÃO (mm) QUANTIDADE
UNITÁRIO(m) TOTAL(m)
EIXO DO DRENO
A A N1 4,2
N2 4,2
N3 4,2
N4 4,2
20cm N5 4,2
N6 4,2
20cm
QUADRO DE RESUMO
DETALHE 1
BITOLA COMPRIMENTO PESO TOTAL(m)
AÇO
(mm) (m) (kg/m) (kg)
CA50A 4,2
8cm 8cm
L 2 =2,0m Lb L1=2,0m
20cm
QUEDA TIPO PARA DRENOS
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO QUEDACON-ARMADA.DWG
DETALHE 1 ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
ELEV. C
Z
ho
NA ELEV. A NA 1
1,5
h 1 30cm
ELEV. B
h'+30cm d 60cm
h'
PEDRA 30cm
ARGAMASSADA
30cm L b
30cm 30cm
EIXO DO DRENO
A b A
30cm 30cm
L 2 =2,0m Lb L 1=2,0m
30cm
ENGASTE DE 30x30cm 60cm
30cm
CORTE A-A CORTE B-B
A C B
A A
L
EIXO DO DRENO
Cr
Ct
PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
DRENO ESTRUTURA (m) ELEVAÇÕES PROJETISTA DES. DATA
COMPR. LARGURA ALT. LÂMINA / /
TALUDE VAZÃO N.o BASE INCLINAÇÃO
COMP. PARTE
N.o 3 ESTACA PASSAGEM PASSAGEM ÁGUA DE REVESTIDA * A B C VERIFICAÇÃO DATA
(Z) (m/s) OBRA (m) (Z) Ct L PROJETO Cr / /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
SEM BUEIRO
* - COM REBATIMENTO. PEDRA ARGAMASSADA TRAÇO 1:4 (CIMENTO : AREIA E PEDRA DE 20 a 30cm) DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
EM UMA EXPESSURA DE 30cm, COM ENGASTE A JUSANTE E A MONTANTE, CONFORME CORTES. NOV/98 PADRÃO MOLHADA.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
DRENO ESTRUTURAS ELEVAÇÕES
N.o BASE TALUDE VAZÃO INCLINAÇÃO N.o CORTE ATERRO CONCRETO PEDRA
N.o ESTACA PASSAGEM C Ce Cd h Lc Lt Cm Cj ARGAMASSADA A B C D
OBRA (m) (Z) 3
(m/s) (Z) CÉLULAS (m3) (m3) (m3) 3
(m )
SIMPL. ARMADO
DRENO
0,75 0,75 0,20
C N2 5/16 19 600,0 114,00
Cm
TN TN QUADRO RESUMO
Cd Ce
A B C QUANTID.
AÇO BITOLA PESO (kg)
TOTAL(m)
L
D 3/8 69,61 38,56
ESTRADA
CA-50A
5/16 114,00 44,00
A A
CORTE B-B
PEDRA
Cj
ARGAMASSADA
PEDRA
15
ARRUMADA
30
Lt=2,10 m
Lt
B
NOTAS:
PLANTA BAIXA
Lx=6,0 m 1- LAJE DE CONCRETO ARMADO COM 15 cm
DE ESPESSURA.
NOTA 1 2- CONCRETO SIMPLES COM 20 cm DE ESPES-
SURA TRAÇO 1:2:4 (CIMENTO:AREIA:BRITA).
Z
3- DO DETALHE 1:
Lt 1 - O CÁLCULO DA LAJE FOI FEITO PARA
LARGURA DA CÉLULA DE 0,75 m CADA
12,5 E LARGURA DA ESTRADA DE 6,0 m.
PEDRA
ARGAMASSADA 2,5
VER 2 O5/16 C/30
NOTA 2
DETALHE 1 7 O3/8 C/15
Lc
CORTE A-A
a Lc
CONCRETO CONCRETO
SIMPLES SIMPLES PROJETO DATA
h / /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
c
/ /
FUNDO DO DRENO
PASSAGEM MOLHADA COM BUEIRO CELULAR
PEDRA ARGAMASSADA DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
b PADRÃO PASSMOLH2.DWG
DETALHE 1 - NOTA 3 ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
Z1
Cd C
A B Ce C
L
Z
1
A D A
PEDRA
PEDRA ARRUMADA
ARGAMASSADA
PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
CORTE A-A VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
DRENO PASSAGEM ELEVAÇÕES / /
VAZÃO TALUDE CORTES
N.o VAZÃO DIÂMETRO INCLINAÇÃO VAZÃO DESENHO ESQUEMÁTICO DE PASSAGEM
N.o ESTACA 3
DERIVAÇÃO BUEIRO E ATERRO 3 Cd C Ce L A B C D
OBRA (m/s) 3
(m/s) (m) PASSAGEM(Z ) 1 (Z) (m/s)
MOLHADA COM BUEIRO TUBULAR SITUADO
0,60 8 FORA DO EIXO NATURAL DO TALVEGUE
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
PADRÃO PASSMOLH.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
FERRO DE 1/4'' e 65cm
DE COMPRIMENTO
A CADA 10cm
A A
PLANTA
TRAÇO DO CONCRETO - 1:2:3
(CIMENTO, AREIA, BRITA), EM VOLUME
NÍVEL DO SOLO
NOTA:
* - DE ACORDO COM O DIÂMETRO EXTERNO DE
PROJETO DO TUBO. PARA TUBO CORRUGADO
DN 65, DOMINANTEMENTE UTILIZADO, 7cm
50cm ATENDE PERFEITAMENTE.
3,5cm
1,5cm
27cm
7cm *
PROJETO DATA
7cm / /
35cm PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
B 5cm B APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
70cm
CORTE B-B CAIXA DE INSPEÇÃO TIPO
50cm
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
5cm 5cm
NOV/98 PADRÃO CAIXAINS.DWG
CORTE A-A ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
3cm 80cm 3cm
5cm 3,5cm
1,5cm
CONCRETO ARMADO
VARIÁVEL*
CORTE A-A
PLANTA
TUBO CORRUGADO
DE DRENAGEM
O VARIÁVEL
A A
PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
30cm
TERRENO NATURAL TERRENO NATURAL
NOTA 2
VARIÁVEL 20cm 1
N
NOTA 1
40cm
~30cm
A 10cm
CORTE A-A
PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /