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Como Lidar com as

Explosões Emocionais
na relação
Mãe & Filho!
POr: Clarissa Yakiara
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sobre Clarissa Yakiara


Mãe do João e do Lucas, psicóloga, palestrante e autora dos
e-books: “Limite na Medida Certa”, “Como Lidar com as Explosões
Emocionais na Relação Mãe e Filho” “A Comunicação Mãe e Filho
como um Caminho de Cura e Liberação”.

Fundou em 2013 a Escola de Pais Bee Family, um portal para pais e


mães de crianças entre 0 e 7 anos, que desejam se tornar um exemplo
digno de ser imitado por seus filhos.

Atualmente a Bee Family possui três cursos on-line: “Limite na Medida Certa”, “Pais Conscientes,
Crianças Felizes” e “Zum Zum de Mães”.

Seja bem-vindo à nossa Escola de Pais Bee Family!


/ClarissaYakiara /escoladepaisbeefamily @clarissayakiara www.beefamily.com.br
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SUMÁRIO
I Introdução ...................................3
Um pouco da minha história de mãe ............................................................................................................6
Considerações Iniciais: A Segunda Chance ................................................................................................13
Um caminho possível ...................................................................................................................................18

II Os cinco passos ...........................21


Assuma o compromisso com você mesmo ................................................................................................21
Resgate o INTERESSE GENUÍNO ..................................................................................................................27
Defina as regras e limites .............................................................................................................................33
Mostre o limite para a criança .....................................................................................................................40
Conecte-se com a criança ............................................................................................................................45

III Recado para o leitor .................53


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I Introdução
Imagino que, se você está lendo este documento, você já leu o meu e-book "Limite na Medida
Certa!”. Caso ainda não conheça este livro você pode baixá-lo agora, gratuitamente,
neste link: www.ebook.beefamily.com.br

De qualquer forma, vou retomar neste texto alguns pontos do conteúdo principal do “Limite na
Medida Certa" para contextualizar a sacada que tive sobre como dar limites para crianças de
0 a 7 anos. São ideias complementares ao conteúdo do “Limite na Medida Certa” e que podem
ajudar a mudar o seu olhar e a sua forma de atuar frente a um choro forte, gritos, esperneios, e
outras reações emocionais intensas das crianças que costumamos chamar de pirraças, birras, falta
de limite, etc. Essas reações infantis geralmente “tiram pais e mães do sério”, nos fazem atuar de
forma autoritária, agressiva, ou simplesmente ignoramos nossos pequenos e depois de todo o
estresse da situação, nos sentimos culpados e tristes por tratarmos nossos filhos de uma maneira
que nem de longe é a que desejávamos tratar. Se você já vivenciou alguma vez uma situação
parecida com esta, este texto é para você!
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E isso é apenas uma parte do conteúdo que vou compartilhar por aqui. Minha ideia, além de
apresentar uma nova visão sobre como lidar com momentos desafiantes com as crianças, é
despertar em você a consciência da segunda chance que recebeu de presente quando seu(sua)
filho(a) nasceu.

Muitos de nós não nos atentamos para a possibilidade de nos reeducarmos e mudarmos
completamente o rumo de nossas vidas quando decidimos (conscientemente ou não) trazer uma
criança para o mundo. Foi neste momento, quando a vida te disse “sim”, quando ela confiou em
você e te entregou um SER para cuidar e educar, que você recebeu um presente extra, um bônus,
uma segunda chance de rever sua vida, com toda a alegria e conquistas vividas e também com todos
os nós e desafios que, na maior parte dos casos, ficam guardados e esquecidos nos recônditos do
inconsciente.

E é exatamente aí, nestes pontos de dor e confusão mental/emocional, que a criança


com sua transparência e espontaneidade vai atuar, trazendo luz e movimento para aquilo que estava
a ponto de se tornar obscuro e que precisava vir à tona, para possibilitar a sua cura.
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Essa é a grande oportunidade que nossos filhos nos entregam, e que muitos pais e mães deixam
passar. O meu convite para você é que agarre com unhas e dentes tudo que seu(sua) filho(a) está te
mostrando, aspectos inconscientes que estavam rondando sua mente e guiando suas ações sem
você sequer saber disso. Dessa forma, você poderá evoluir e viver a vida de maneira plena, feliz e
coerente, sem deixar nada para trás e, principalmente, sem deixar uma herança de dor e sofrimento
para seus pequenos!

A partir de agora convido pais e mães a trilharem um caminho de auto educação que tem início
nesta relação com a criança. É preciso força de vontade e coragem para empreender esta jornada,
vamos confrontar padrões familiares e sociais que talvez já não façam mais sentido para você hoje
em dia. Além de resgatarmos uma atitude respeitosa e amorosa para conosco mesmo e com nossos
filhos.

Vamos lá, vamos continuar a ler este pequeno livro! E se você sente este desejo de crescer,
transformar sua vida e educar quem você mais ama com o seu exemplo, SEJA MUITO BEM-VINDO (A)
e conte com meu apoio!
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Um pouco da minha história de mãe…
Para que você conheça um pouco mais sobre mim e minhas motivações, resolvi começar contando
um breve resumo da minha história de vida. Vou focar nos momentos que se sucederam à
maternidade e às muitas descobertas que emergiram deste percurso de autoeducação, inspirado nos
nascimentos dos meus filhos. Afinal de contas, é porque você também se tornou um pai ou uma mãe
que chegou até aqui.

Sinto que o que mais potencializou meus insights recentes em relação a este tema do LIMITE, foi o
fato de ter percorrido de forma comprometida um caminho de autoeducação entre o nascimento do
meu primeiro filho, há mais de 7 anos, e o nascimento do segundo, há aproximadamente 10 meses.

Desde que o João – o mais velho – nasceu, senti um chamado forte para assumir tudo que estava
acontecendo em minha vida. Como se naquele instante a mãe que nasceu ali, junto com a chegada
do bebê, começasse a compreender que agora ela era a grande responsável por sua vida: não era
mais legítimo depender dos meus pais, do meu "namorado/marido" e das contingências que me
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cercavam. A menina, jovem e filha, decidiu empreender um caminho de "apropriação da sua própria
vida” e abrir espaço para novos papéis: o de mulher, mãe, esposa, dona de casa etc.

A partir de então, grandes transformações começaram a acontecer. Citarei apenas algumas dessas
mudanças para que você entenda a reviravolta que estes papéis trouxeram para minha vida:

Assim que o João completou um mês, nos mudamos de Belo Horizonte para São Luís, no Maranhão.
Naquela época, meu marido trabalhava em uma obra lá. Eu passava o dia cuidando do João, sem
apoio de familiares e amigos, pois não conhecia ninguém naquela cidade. A vida em São Luís era
tranquila e cheia de pequenos momentos gostosos em família: tomávamos sorvete de tapioca todo
final de semana depois da praia, fiz algumas aulas de kite surf, caminhávamos na praia com o João
e a Biela, nossa cadela, etc. Depois de seis meses a obra acabou e voltamos para Belo Horizonte.

Alguns meses depois, já em BH, eu e meu marido decidimos nos separar. Foi um momento intenso,
onde vivi períodos com muita raiva dos homens, tristeza, solidão, mas aos poucos fui assumindo a
responsabilidade pelo que estava acontecendo e parando de responsabilizar o mundo por meu sofrimento.
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O que observo hoje, que contribuiu para esta situação foi um excesso de foco meu em relação ao
João e um descuido e acomodação da relação do casal, o que é natural nos primeiros anos de vida
de um bebê. Só que para um jovem casal ainda bastante imaturo esta situação foi difícil de se
sustentar e culminou numa separação.

Permanecemos separados por um ano, apenas sendo o pai e a mãe do João e não mais um casal.
E depois deste período reatamos nosso casamento novamente. Eu realmente acreditava que não
teria mais volta, mas sinto que as mudanças que cada qual empreendeu ao longo deste um ano de
separação nos reaproximaram. Eu percebo o quanto este tempo me fez bem. Foi um resgate da
minha autoestima e conexão com aspectos internos que desconhecia. Isso me fez ir novamente
em direção da união do casal, agora mais madura e disponível para a relação a dois.

Nos dois primeiros anos de vida do João vivi grandes transformações pessoais e pude vivenciar a
maternidade de forma intensa, sem me ocupar de outras obrigações (eu não trabalhava fora de casa
naquela época). Quando o João completou 2 anos, comecei a retomar o trabalho (como psicóloga
fazendo palestras e atendendo no consultório) e agarrei com unhas e dentes uma grande
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oportunidade profissional, que surgira fruto do meu compromisso com meu crescimento: me tornei
instrutora internacional de um curso de desenvolvimento pessoal chamado Free Mind da
Organização Chilena Condor Blanco.

Surgiu, então, de maneira mais intensa, a necessidade de conciliar vida pessoal, maternidade, carreira
e casamento e este grande desafio gerou uma série de mudanças no sistema familiar.
Eu, que antes estava grande parte do tempo disponível para meu filho e para a casa, saí para o mundo
em busca de uma vida “mais livre". Na mesma época, meu esposo saiu do emprego “estável” para
começar um novo empreendimento, mais coerente com seus valores e com o que desejava ensinar
para nosso filho. Além disso, ele se viu “obrigado” a ficar mais presente para o João por conta das
minhas viagens profissionais.

Nesta época eu viajava uma ou duas vezes por mês; fui para os EUA, Argentina, Venezuela, México
e várias cidades do Brasil.
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Após alguns anos vivendo nesta rotina, muitos desafios foram gerados por minha ausência constante
e pelo início instável da carreira autônoma do meu marido. Percebi que estava ficando muito tempo
longe do ninho e que era hora de me recolher e diminuir o ritmo do trabalho fora de casa.

Foi aí que foquei no trabalho on-line e desenvolvi dois cursos para pais que me trouxeram uma certa
estabilidade e maior reconhecimento em minha área de atuação. Quando o trabalho on-line que
desenvolvi, chamado Escola de Pais Bee Family, estava começando a tomar proporções maiores,
engravidei do meu segundo filho.

Durante a gestação, foquei no trabalho no consultório, atendendo pais e mães de crianças de 0 a 7


anos e organizei parte do trabalho on-line. Além disso, dediquei parte do meu tempo aos cuidados
com meu corpo e com meu bebê, fazia yoga, caminhada, meditação etc.

No dia 01 de novembro de 2014, dia de Todos os Santos, nasceu o Lucas, meu segundo filho, num
lindo parto domiciliar! Após o parto me senti extremamente empoderada, segura, confiante e certa
das minhas escolhas. Lembro que chegou a passar em minha mente que o segundo filho seria bem
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mais fácil, afinal de contas eu já tinha o João e trabalho com o universo materno, portanto saberia
exatamente o que fazer nos momentos desafiantes. Até que, quinze dias após o nascimento do Lucas,
ele adoeceu e teve que ficar internado no hospital por 21 dias. Aquela doença me abalou muito.

Fiquei ali com meu bebê durante todo o tempo, não saí do quinto andar do hospital para nada. Foi um
momento de parar no tempo, de sentir cada instante passando, de olhar para a fragilidade da vida e
para o mistério que ronda a vida e a morte. Muita reflexão, desconstrução de crenças e confiança no
porvir. Felizmente tudo terminou bem e, após esse período dramático, eu pude sair do hospital,
radiante de alegria, com meu pequeno Lucas nos braços.

O tempo foi passando... Com sua força e constância, a vida seguia. Outros desafios e aprendizados
foram aparecendo para nossa família: João, o mais velho, ficou mais agressivo e agitado, me pedia
atenção constantemente. Lucas começou a acordar muito à noite e eu cada dia mais cansada,
dormindo pouco, acabei ficando muito exigente e impaciente com os meninos, especialmente com
o João. Atuava de forma agressiva com meus filhos e após cada momento de briga e estresse, me
sentia culpada por não tratá-los da maneira que gostaria.
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Fui convocada pelo João, meu filho mais velho, a ir além do que já sabia e buscar outras possibilidades
para lidar com a agressividade, agitação e falta de cooperação que ele me apresentava.

Percebi mais uma vez que o trabalho deveria começar comigo. Novamente, senti o convite da vida
para dar um mergulho profundo em minhas emoções e crenças trancadas em meu inconsciente e
lançar luz a tudo isso que aquelas duas pequenas crianças, com todo amor e compaixão por sua mãe,
sinalizavam que precisava vir à tona. Não foi fácil, tive que buscar apoio, retomei minhas sessões de
terapia e algumas disciplinas que me colocam em contato com meu mundo interno.

Novas questões emergiram, insights poderosos, desconstrução e muito redesenho. Neste processo
encontrei uma maneira mais consciente de expressar minhas emoções, de transcender meu cansaço
e estresse diários para me aproximar verdadeiramente dos meus filhos. Foi ai que comecei a
escuta-los, a perceber as verdadeiras necessidades dos mesmos e com minha presença e conexão
consegui apoiá-los a extravasarem também o que estavam sentindo. E a partir das minhas conquistas
e aprendizados juntos com meus pequenos, resolvi retomar o trabalho e compartilhar com meus
clientes, a grande sacada que tive sobre como dar limite com conexão, amor e firmeza! E é sobre
isso que vou compartilhar com você agora neste pequeno livro.
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Considerações Iniciais: A Segunda Chance
A chegada de um filho é um momento ímpar na vida de um casal, pois além de ter que lidar com os
arranjos e peculiaridades da vida a dois, agora também terão que se organizar para assumir as
responsabilidades da escolha que fizeram, conscientemente ou não, de trazer um novo membro para
o sistema familiar. É um momento de muita transformação e novas possibilidades de organização.

Uma vez que este homem e esta mulher, agora pai e mãe, estão acompanhados deste pequeno ser
(desde o momento da concepção), é importante colocar atenção no que acontece ali, pois tudo que
rodeia este pequeno ser interfere na formação do seu corpo físico, emocional e mental.

Desde o nascimento até por volta dos três anos de idade, principalmente, a criança está
completamente aberta e receptiva para o que seu entorno tem a oferecer. Ela traz consigo uma
capacidade inata de amar e confiar no que está ao seu redor. E, a partir dessa interação com as
pessoas e o ambiente, ela começa a apreender o mundo e suas leis, utilizando o recurso da imitação
como principal fonte de aprendizado.
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Em seus primeiros anos de vida, a criança funciona como uma esponjinha absorvendo tudo que está
em seu entorno. Ela está emocionalmente disponível para os membros deste sistema familiar, por
meio do seu sistema límbico que está formado já no seu nascimento. O sistema límbico é a parte do
cérebro responsável pelas emoções, relações e comportamentos sociais, e é por meio deste sistema,
que a criança é capaz de se conectar com o seu entorno e perceber emoções e sensações que ali se
encontram. Essa percepção, a princípio, é não verbal e se dá através de pequenos estímulos que a
criança observa tais como: tom de voz, expressões faciais e corporais, etc.

“Sugiro observar o que disse no parágrafo anterior sobre esta capacidade das crianças de se
conectarem com as emoções que estão no seu entorno. Veja estes exemplos simples que observei
recentemente com meu filho mais novo: desde aproximadamente quatro meses de idade, o Lucas
chora muito quando escuta outra pessoa chorando, fica visivelmente agitado e se conecta tão
fortemente com esta emoção que sua atitude é imitar e chorar de maneira intensa. Outro exemplo
que posso citar é o quanto seu sono se altera nos dias em que eu ou seu pai estamos mais ansiosos
ou preocupados com alguma questão.”
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Dessa maneira, a partir do nascimento do(a) filho(a), é importante que pai e mãe fiquem atentos ao
seu campo emocional, padrões, crenças, valores, maneiras de se comunicarem, conteúdo de
conversas e informações, ritmos e hábitos familiares ali presentes. Todo o contexto que cerca a
criança vai gerar um grande impacto na formação deste ser que está completamente “desprotegido"
e entregue a este lar.

Os primeiros anos de vida das crianças, para muitos pais e mães, podem ser extremamente angustiantes
e conflitivos, pois aquele pequeno ser irá refletir diversos aspectos inconsciente que fazem parte deste
ambiente no qual foi inserido. Ou seja, ela vai devolver para seus pais a informação que vem recebendo
do inconsciente familiar. Exatamente por isso, considero um filho como uma.

segunda chance que a vida nos oferece. Essa criança traz consigo um presente para seus pais, um
espelho fiel que refletirá o que está guardado no mundo interno de cada um, disponibilizando questões
que não foram bem “digeridas”, deixando-as mais claras e conscientes, e aproximando a possibilidade
de elaboração das mesmas. Um filho é uma das grande oportunidade que a vida nos dá, a de nos
educarmos a medidanos relacionamos com nossos filhos. É um momento único na vida do ser humano,
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que conta com a sabedoria e compaixão dos ciclos perfeitos da vida, que nos entregam constantemente
chances de nos aprimorarmos, nos refazermos, nos reeducarmos e reaprendermos o que ainda é
preciso para evoluirmos!

O caminho para pais e mães que desejam evoluir é o de aceitarmos esse convite da vida e nos
comprometermos com nosso processo de autoeducação. Dizer “sim” para esta oportunidade e olhar
sem medo para nossa sombra, que virá refletida em nossos filhos. Lembre-se: ela é SUA sombra e
não deles. A criança, com sua transparência, está apenas te sinalizando por onde começar este
trabalho de desenvolvimento pessoal. É um trabalho árduo, não vou te enganar.

Mas acredite: o pior já passou, as questões que você vai acessar já foram vividas, em geral de forma
imatura, sem apoio e agora é apenas uma segunda chance de olhar para elas como um adulto e
assumir a responsabilidade por cada ponto de dor e confusão que ficou guardado na gaveta do seu
inconsciente. Dessa forma, você poderá se apropriar das suas questões e não duplicar de forma
inconsciente para o seu filho. A meu ver esse é o motivo principal da urgência deste processo.
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Se julgar necessário aproveite o momento para buscar ajuda de um profissional, um terapeuta,
psicólogo ou psicanalista. Este apoio pode ser fundamental para uma transformação profunda em
sua vida e para a educação de seu filho de forma consciente, autêntica e respeitosa.

É importante percebermos que, como pais e mães, precisamos aprofundar de maneira intensa na
relação com nossos filhos, criando um vínculo forte e seguro com essa criança, que nos permitirá
decifrar o que esse ser está trazendo à tona. Quanto mais disponíveis estivermos, quanto maior for
a nossa capacidade de silenciar, não julgar e ficar presente para o aqui e agora desta relação, maior
será nosso crescimento e evolução. Dessa forma, há uma possibilidade real de educarmos nossos
filhos através do nosso exemplo de pai e mãe autênticos, respeitosos e amorosos!
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Um caminho possível
Agora que você tem uma ideia do que eu estou chamando de “segunda chance” e da importância de
se comprometer com esta oportunidade, quero compartilhar com você um caminho possível para
honrar este presente que lhe foi entregue, mesmo nos momentos mais desafiantes do seu dia a dia
com a criança, uma possibilidade de atuar com amor e respeito por seus filhos mesmo diante de
situações que te geram estresse e sofrimento hoje.

Este caminho vem sendo trilhado por centenas de mães e pais que apoio com meu trabalho de
orientação em grupo e individualmente, e tenho certeza de que ele poderá te ajudar também,
especialmente se você estiver atento às seguintes sugestões:

PRATIQUE E NÃO JULGUE! Pratique as orientações apresentadas antes de julgá-las. Não deixe sua
mente atuar de forma reativa e criar um conceito rígido para o que vai ser apresentado. Experimente
atuar como uma criança pequena que confia e imita o mundo. Se você chegou até aqui, confie que
algo de bom você poderá aprender nesta jornada, siga-a de forma comprometida e se entregue,
sem resistências!
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PACIÊNCIA E CONSTÂNCIA! Coloque em prática o passo a passo apresentado e tenha paciência
para colher os resultados. Lembre-se de que seu filho acabou de chegar ao mundo e precisa de tempo
para aprender. Não adianta fazer uma vez e achar que a questão está resolvida. Repita, repita, repita
e, por muitas vezes, repita. Você vai falar e fazer a mesma coisa por diversas vezes, estamos
construindo hábitos e isso requer persistência. Tente diminuir sua ansiedade e estabelecer uma relação
mais harmônica com o tempo, se aproximando do seu ritmo natural. Uma dica para reduzir sua
ansiedade e acalmar sua mente é respirar de forma consciente, lenta e profundamente várias vezes
ao dia. Inspire e expire colocando atenção no ar que entra e sai de seu corpo, acompanhe o caminho
do ar por sua via respiratória. E vá acalmando seus pensamentos simplesmente dirigindo sua atenção
para a respiração. Pare e faça este exercício sempre que se lembrar. No começo pode parecer chato
e sem sentido, mas com o tempo vai perceber o quanto esta prática pode te trazer para o presente,
acalmar e revigorar!

INTENÇÃO E COERÊNCIA! Observe a si mesmo e descubra suas motivações/ intenções ao educar


seu filho. Investigue quais os pontos que vão guiar sua viagem junto a este ser que o universo te
presenteou. Quando você tem clareza disso, fica mais fácil manter a coerência com o que deseja para
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sua criança, pois com elas o que vale é "faça o que eu digo e faça o que eu faço”. Quando não somos
coerentes com o que exigimos das crianças, elas podem até fazer o que estamos pedindo, mas a
probabilidade de estabelecermos uma relação baseada no medo e não no amor e respeito é grande.
Ao educar um ser é importante pensar no longo prazo também e refletir sobre quais os valores que
estão por trás das nossas ações, sobre o que estamos “plantando” e disseminando para nossos filhos.

Estamos falando de educar um SER HUMANO, de valores, de caráter, e não de “treinamento de ratinho
de laboratório”. Compartilho aqui com você um exercício simples e eficaz para te apoiar a ter clareza
de suas intenções como Mãe: Escreva em uma folha de papel grande palavras e frases curtas que
representem suas intenções para com seu filho. As perguntas, a seguir, podem te apoiar a ter clareza
disso: “Que tipo de pessoa gostaria que seu filho fosse? Quais qualidades gostaria que ele tivesse?
Como gostaria que os outros descrevessem o meu filho?” Depois coloque este papel em um lugar
visível (espelhos do banheiro, closet e armário por exemplo), para te recordar, sempre que for preciso,
de suas intenções ao educar este ser e te apoiar a manter firme em seu propósito.
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II Os cinco passos
Agora que já falamos sobre os pontos importantes que você deve observar na sua jornada como pai
ou mãe, posso lhe apresentar, os 5 passos para este caminho de autoeducação e educação do seu
filho através do seu exemplo de pai ou mãe autêntico, respeitoso e amoroso!

Assuma o compromisso com você mesmo


Educar é educar-se. Vivenciar esta máxima significa compreender profundamente que existe um SER
que confiou em você para guiá-lo e educá-lo, que vai seguir seu exemplo e imitar tudo lhe for
apresentado. E quando você realmente toma consciência disso, você entende que o assunto da
educação do seu filho tem muito mais a ver com você do que com a criança em si.

A partir daí, nasce uma vontade avassaladora de ser uma pessoa melhor e se tornar um exemplo digno
de ser seguido por seu filho. E para isso é preciso crescer, evoluir, responsabilizar-se, sair da zona de
conforto e mergulhar de uma vez por todas nesta bela e desconhecida relação com você mesmo, pois
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este é o único caminho possível. Não há formula, técnica ou conselho sobre educação infantil que
fará você educar seu filho de maneira conectada, com amor e respeito que não passe pela via do
autoconhecimento e da autoeducação. É preciso encarar esta viagem, aproveitar esta grande
oportunidade que a vida está te dando de presente e se aproximar da sua verdade interna com toda
luz e sombra que existe ali.

Em outras palavras o que quero apontar aqui é: que a relação com seu filho pode ser um grande ponto
de partida para uma grandiosa viagem rumo ao seu mundo interno, um lugar até então desconhecido,
repleto de questões que não foram nomeadas e que, por esse motivo, não existem para a sua
consciência. Na maioria das vezes este é um lugar temido, mas posso te garantir que todos os seres
são capazes de trabalhar com esse conteúdo "escondido" e que trazê-lo à tona irá contribuir ricamente
com seu processo evolutivo. Tudo que você vai encontrar ali já foi vivido, de alguma maneira você já
conhece, simplesmente não foi nomeado de maneira adequada e por isso você não se lembra bem.

O seu trabalho agora é “escarafunchar”, debruçar-se com paciência e persistência sobre você mesmo.
Talvez este seja o único ou o mais assertivo caminho que conheço para viver a vida de forma plena,
íntegra, feliz e em paz.
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compromete com a mudança interna, que assume a responsabilidade por sua vida, que para de
responsabilizar o acaso e os outros por seus desafios, começa a viver a vida de forma plena e feliz e
passa a inspirar e impactar várias outras pessoas com seu exemplo, especialmente os filhos, que são
nosso principal interesse.

Compreender todo esse panorama e tomar consciência de nosso próprio mundo interno, que é refletido
pela criança, nos apoia a romper...” nos apoia a romper com a indústria da educação parental que não
está interessada neste movimento do olhar para dentro de si e que deseja nos manter hipnotizados
olhando para fora, para seguirmos cegamente consumindo a infinidade de atrativos e distrações que
tem para nos oferecer: novas ofertas, novos modelos, novas possibilidades, novos produtos e técnicas
para você ser o Pai Perfeito e a Mãe perfeita, rodeado por crianças "felizes e bem comportadas".
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Existem inúmeras maneiras de empreender um caminho de autoconhecimento e autoeducação.
Se você procurar no Google, por exemplo, vai encontrar muitas organizações e profissionais que
desenvolvem trabalhos nesta área. Minha ideia aqui, neste pequeno guia, é apontar um caminho
possível que te apoie a educar-se e a educar seu filho de maneira coerente, amorosa e respeitosa.

O mais importante você já sabe: Tudo começa com você, com seu processo de autoeducação.
Tudo começa no momento em que você decide assumir o compromisso de mudança e crescimento
com você mesmo. E por falar nisso, vamos voltar à nossa pergunta, como empreender este caminho
de autoeducação (olhar para dentro e crescer)?

Como já disse, este não é um caminho simples e rápido, mas minha sugestão é que você comece a
buscar os sinais que seu filho está trazendo à tona. Eles são grandes sinais de aspectos existentes em
seu mundo interno. Veja só:

1 - Grande parte do aprendizado das crianças acontece por imitação. Elas imitam o que apreendem
com seus sentidos do mundo ao redor, especialmente das pessoas mais próximas e posso afirmar
que mais ainda da mãe, ao menos nos primeiros anos de vida.
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2 - A partir daí, podemos dizer que grande parte dos comportamentos e sensações das crianças são
projeções do que elas vêm captando do seu entorno.

O que você precisa fazer é OBSERVAR seu filho da maneira mais neutra que conseguir, pois assim você
terá a possibilidade de desvendar quais aspectos do seu mundo interno ele está refletindo, quais os
sinais que ele está te dando. Veja este exemplo recente que vivi com meu filho mais novo, que pode
te ajudar a entender melhor o que estou dizendo:

Desde que o Lucas foi para o hospital, com 15 dias de vida, o sono dele foi uma questão que me
incomodava e intrigava. Ele acordava de duas em duas horas, ou em intervalos menores até os
nove meses, e eu o amamentava para que voltássemos a dormir logo. Foram noites intensas que
traziam à tona uma gama variada de emoções, pensamentos e tentativas de soluções em sua
maioria frustrantes. Essa situação só começou a dar sinais de melhora recentemente, há mais ou
menos 2 meses, quando, com a ajuda da minha terapeuta, comecei a encaixar algumas peças do
meu quebra cabeça interno. Comecei a me dar conta que o sono é "uma preparação para a morte”,
um momento no qual nos entregamos e saímos do controle, nos desconectamos e deixamos de
atuar de forma consciente. Percebi que Lucas estava me apontando desafios que eu tenho de me
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entregar aos mistérios da vida e da morte e aos poucos fui recordando dos meus medos infantis,
que não eram poucos, e que, em última instância, remetem a um medo profundo da morte.
Recordei também de situações de perdas que vivenciei e percebi que busquei maneiras de fugir
delas e não vivenciar o luto. Esses foram alguns dos insights que tive. Tomar consciência disso,
pois ainda estou vivenciando este processo, tem sido uma oportunidade maravilhosa de crescer e
evoluir muito, de resgatar aspectos da minha infância que me geraram dor, olhar como um adulto
hoje e ressignificá-los, com responsabilidade e compromisso de fazer diferente com meus filhos e
em situações em minha vida que essas questões me forem exigidas. Acima de tudo, tem sido
fantástico perceber o quanto este processo de tomada de consciência tem apoiado o Lucas a ficar
mais tranquilo, seguro e dormir de maneira mais profunda e por mais horas seguidas.

Ficou mais claro agora com este exemplo? O caminho que te sugiro é basicamente este: olhar para a
criança, observá-la e, posteriormente, buscar a correspondência, a origem do sintoma que a criança
está manifestando, o ponto de dor, de incômodo em seu mundo interno. A criança, com seu amor e
confiança primordiais na vida e em você, te presenteia com esta oportunidade de crescer, evoluir e
mudar padrões de comportamentos que te geram dor e sofrimento. Aceite este presente, diga “sim”
e assuma o compromisso de crescimento e evolução com você e com seu filho. Cada Ser que se
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Resgate o INTERESSE GENUÍNO


Quando um bebê nasce, é ativada em seus pais uma vontade original de conhecer aquele ser, um
interesse genuíno de entender como ele se comporta, de conhecer suas necessidades e de descobrir
qual a melhor maneira de atuar para apoiá-lo a chegar ao mundo. Atuamos frente aquela pequena
criança como se fôssemos um investigador tentando decifrar as pistas de um caso muito importante,
observando com atenção cada pequeno sinal que encontramos em nossa relação.

Recorde-se dos primeiros meses de vida do seu filho(a) e veja como sua intenção era a de compreender
o que estava acontecendo a cada instante, descobrir qual a sua necessidade, para que prontamente
pudesse atendê-la. Essa postura investigativa, diz de um espaço de não saber, de humildade, de
neutralidade, na qual o observador (pai, mãe ou outro cuidador da criança) se mantém em silêncio
interno, não julga e simplesmente ativa seus sentidos para perceber as necessidades daquele ser em
sua totalidade. É um dos poucos momentos na vida do ser humano adulto no qual percebemos este
comportamento de interesse genuíno pelo outro tão profundamente. E esse movimento acontece de
maneira inata, sem que tenhamos que aprender ou nos esforçar para isso.
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Com o passar do tempo, a criança vai se tornando mais ágil, se apropriando do seu corpo, percebendo
com mais clareza o que está ao seu redor. Aos poucos ela vai “acordando”, buscando mais autonomia
e despertando sua força de vontade para ir em direção ao mundo. Neste momento, seus pais já estão
mais acostumados com sua presença constante no sistema familiar, já existem uma série de conceitos,
crenças e valores a respeito daquela criança e algo muito interessante começa a acontecer.

A mente humana toma aquele objeto, a criança, como algo já conhecido e, na maioria das vezes, sem
se dar conta, pai e mãe vão deixando para trás aquela postura de investigador, se desconectam do
silêncio e da atenção plena que mantinham quando havia o “interesse genuíno” por seus filhos e por
suas necessidades. E passam a enxergá-los já com todo um filtro de crenças e conceitos que os
separam de quem estes seres realmente são.

Acreditamos, erroneamente, que este é o momento de assumir outra postura: a do “professor de


escola com métodos educacionais tradicionais”. Somos agora os grandes detentores do saber e
precisamos ensinar aos nossos filhos tudo que eles precisam saber sobre o mundo ao redor, o que é
certo e o que é errado. Passamos a focar no comportamento dos mesmos e buscamos constantemente
maneiras de eliminar o que não está de acordo com nossas expectativas. Queremos suprimir tudo que
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não corresponde às “nossas ideias” de como uma criança deve se comportar, sendo que esses nossos
conceitos normalmente têm origem na maneira como nós (pais e mães) fomos educados e trazem
consigo aspectos inconscientes de nossas memórias infantis e modelos ultrapassados de educação.

Hoje já sabemos que esse modelos não trazem tantos benefícios para as crianças e famílias, de modo
geral.

A maioria de nós foi educada de forma punitiva. Quando nos comportávamos mau éramos punidos
(recebíamos palmadas, castigos, éramos ignoradas…) e a partir do sofrimento entendíamos que não
deveríamos nos comportar de determinada maneira. Hoje sabemos que algumas das consequências
deste tipo de disciplina punitiva para a criança são: ela aprende que o mau comportamento chama
mais a atenção dos adultos que o bom; ela se torna submissa a qualquer tipo de autoridade; ou se
rebela primeiro contra os pais e leva isso para toda sua vida. Por outro lado, o que venho propor aqui
é um modelo baseado na empatia e no respeito.

Muitos pais e mães conseguem atuar com amor, carinho e respeito nos momentos em que a criança
está cooperando, obedecendo e agindo de acordo com as regras estabelecidas ou expectativas
30
familiares. No entanto, a partir do momento que a criança começa a se tornar mais independente, a
fazer escolhas diferentes do que é esperado, muitos conflitos surgem e, na maior parte das vezes, nós
pais e mães não conseguimos manter mais nossa atitude empática e respeitosa com a criança.

Os comportamentos infantis são a forma que as crianças encontram de comunicar suas necessidades.
Eles funcionam como um sintoma de algo que está ali e que a criança está tentando, da melhor
maneira possível, trazer à tona. Cada comportamento precisa ser olhado, validado, integrado e
compreendido em sua totalidade pelos membros do sistema no qual a criança está inserida e não
simplesmente eliminado sem entender sua origem.

O desafio aqui é que nem sempre o comportamento infantil vai mostrar claramente qual a necessidade
daquela criança. No entanto, pode estar certo que seu filho está tentando te mostrar, da melhor
maneira que ele sabe, o que necessita de você. Você precisa deter-se e resgatar seu interesse genuíno
por apoiar aquele ser da maneira que ele necessita e não como você acha que deve ser. Afinal, vocês
já se relacionaram tendo como base o interesse genuíno de sua parte para com o seu filho, o seu
trabalho agora é relembrar como isso acontecia e reativá-lo, trazendo este aspecto como pilar
principal da sua relação com a criança.
31
Quando existe o interesse genuíno, há uma relação de atenção, de respeito, de amor, de aceitação,
de liberdade e um desejo autêntico de conhecer-se e de conhecer o outro. Por outro lado, é somente
a partir do momento que você se conhece, ou que está trilhando os primeiros passos deste trabalho,
de assumir o compromisso consigo mesmo, com seu crescimento pessoal, que você pode criar as
condições de silêncio e atenção plena para conhecer verdadeiramente o outro e para escutar quais
as suas reais necessidades. Dessa forma estará apto a compreender com mais clareza e assertividade
o que está por trás de determinado comportamento de seu filho.

Vou dar um exemplo simples de algumas necessidades do meu filho mais novo – que percebi nos
últimos meses – e contar como lido com elas no meu dia a dia. Eu dispensei a funcionária que
trabalhava em minha casa há alguns meses. No momento, tenho uma faxineira que me ajuda duas
vezes por semana com a limpeza da casa. Por esse motivo, precisei assumir mais tarefas domésticas
como, por exemplo, o almoço da família. Na maioria das vezes, quando estou cozinhando e o Lucas
está acordado, ele fica brincando na cozinha com as panelas, vasilhas e colheres de pau por mais de
40 minutos sem me solicitar. No entanto, algumas vezes, ele não coopera tanto comigo, fica me
solicitando mais, choramingando, agarrando minhas pernas, o que me atrapalha a fazer o almoço.
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Geralmente, quando isso acontece, percebo que com este comportamento, Lucas está me pedindo
um pouco mais de atenção e contato físico. Frequentemente, o que faço é parar de cozinhar, desligar
as panelas e dedicar alguns minutos exclusivos para meu filho. Muitas vezes eu o amamento e ficamos
ali juntinhos, olhando nos olhos um do outro, fazendo carinho e eu aproveito para sussurrar uma
música suave. Outras vezes, sento no chão com ele e fico brincando um pouquinho, fazendo carinho
em seu corpinho e ficando muito presente para aquele momento com meu bebê. Uns 10 ou 15 minutos
de atenção e presença exclusivos são suficientes para ele seguir brincando sozinho tranquilamente e
eu conseguir terminar o nosso almoço.

Observe o quanto as necessidades de uma criança são simples e de alguma maneira elas virão à tona
através de um comportamento. O que você precisa fazer é simplesmente estar ali, presente e disposto
a desvendar o que significa aquilo que seu filho está te “dizendo”, com seu corpo, suas atitudes,
gestos e comportamento. A cada mensagem compreendida, uma resposta criativa nasce, os vínculos
se fortalecem e o amor e o respeito passam a fazer parte desta relação de maneira natural.
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Defina as regras e limites


Os dois passos anteriores formam a base deste caminho que indico para o nosso aprimoramento.
Imagine que, ao assumir o compromisso com você e resgatar o interesse genuíno por seu filho, você
está construindo um chão firme para trilhar esta jornada de crescimento familiar.

Como se a combinação entre os dois primeiros passos fosse a medida exata de terra e pedras para
forjar uma estrada perfeita para um caminhar estruturado e estável.

Além do chão, é preciso trabalhar também no entorno que indicará qual direção devemos seguir.
E, para definir esta margem, este conjunto de árvores, flores e arbustos que contornam a estrada e
apontam o norte desta jornada, precisamos definir as regras, valores e crenças que desejamos plantar
nesta relação. Este é o terceiro passo para pais que buscam vivenciar uma relação de amor, respeito
e autenticidade com seu filho. Precisamos ter clareza das regras e limites que envolvem, guiam e
trazem segurança em nosso percurso.
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Vamos começar então entendendo o que são e como definir os limites e as regras que vão pautar
nossa relação com nossos filhos. Gosto de dizer que os limites, na primeira infância, são as fronteiras
que guiam o desabrochar da criança e trazem a proteção e autoconfiança necessárias para este
momento de tanto crescimento e descobertas da vida.

Idealmente, este entorno que sustenta e traz segurança para a criança deveria ser definido por pai e
mãe em comum acordo, uma vez que estamos aqui há mais tempo que nossos filhos e, teoricamente,
somos responsáveis por todas as nossas escolhas. Faz parte do ser pai e mãe o grande desafio de
fazer escolhas por este novo ser que recém chegou em nosso sistema familiar. É preciso assumir a
responsabilidade de guiar e educar esta criança que deseja conhecer o mundo e vivenciá-lo
integralmente.

Para tal tarefa, sugiro que primeiramente você se coloque no papel de observador do seu filho,
lembrando sempre de manter a sensibilidade e ausência de juízos antecipados durante sua observação.

É preciso descobrir quais são as reais necessidades da criança antes de estabelecer os limites e regras
familiares.
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Em seguida, olhe também com atenção para suas necessidades pessoais (enquanto pai ou mãe),
levando em consideração o momento que está vivendo. É importante ressaltar que estou falando de
questões básicas e primordiais, tais como sono, alimentação, apoio emocional, clareza mental etc. e
não de questões supérfluas que também fazem parte de nossa vida mas não devem ser observadas
quando estamos falando de definir regras e valores familiares.

Por exemplo, uma mãe que acabou de dar à luz, e está com um bebê recém-nascido, precisa de
descansar, de ficar em um ambiente acolhedor e tranquilo, receber o apoio de amigos íntimos e
parentes para lidar com as suas tarefas rotineiras, para que esteja 100% focada, disponível e atenta
para suas necessidades pessoais e as do bebê neste momento tão peculiar.

Uma vez que você já tem clareza das necessidades da criança, é chegado o momento de definir os
limites que irão pautar as relações. Lembre-se que tais necessidades se alteram à medida que as
crianças crescem.

Para que fique mais claro, vou citar alguns exemplos de regras, valores ou crenças que indicam os
limites que envolvem meu lar e minha relação com meus filhos para que você possa se inspirar:
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Hora de dormir - Aqui em casa eu e os meninos dormimos cedo. O Rafael, meu marido, na maioria das
vezes também. Eu e o Rafa estamos cientes da necessidade de sono das crianças. Além disso, sabemos
o quanto uma noite bem dormida é vital para que nós, adultos, tenhamos um dia produtivo e energizado.

Levando isso em consideração, e também o horário da escola do João, estabelecemos que o horário
das crianças irem para a cama é aproximadamente às 18h30, pois acordam por volta das 6h30.
Fazemos isso desde que o João é bem novinho, e ele está extremamente adaptado a esta rotina.
O Lucas agora também está se adaptando à rotina de sono da casa. Nós respeitamos muito esta regra
e cooperamos para que o ambiente seja propício para que isso aconteça da mesma forma todas as
noites, exceto nos finais de semana, em que eles dormem um pouco mais tarde. O fato das crianças
dormirem cedo funciona muito bem para nossa família, pois assim os adultos têm algumas horas para
desfrutar um da presença do outro e fazer coisas que dão prazer e que nem sempre é possível fazer
na presença dos filhos, como ler, meditar, escutar música e namorar.

O que comer e quando comer - O corpo da criança ainda está se formando e crescendo muito nestes
primeiros anos de sua vida, por isso uma alimentação saudável é extremamente importante para o
seu desenvolvimento, além de ajudar a estabelecer hábitos alimentares saudáveis no futuro.
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Sendo assim, optamos por alimentos saudáveis, naturais e, em sua maioria, orgânicos para nossa
família. Ademais, observamos o quanto a criança pequena precisa de ritmo e rotina para se desenvolver
de forma harmônica e confiante no mundo que a cerca. Dessa forma, organizamos os horários de
nossas refeições de uma maneira na qual todos possam compartilhar deste momento sagrado juntos.
Nossa atitude durante as refeições é de muita gratidão e respeito, fazemos antes do almoço e jantar
uma oração para agradecer a comida. Eu e o Rafael combinamos de não interrompermos as refeições,
e permanecemos na mesa junto com as crianças até o momento que elas terminam de comer.
Aproveitamos este momento para conversar sobre situações cotidianas da vida familiar.

Local das brincadeiras e o tipo de brinquedos utilizados - A criança, em sua rotina diária, tem
necessidade de expansão e contração, ou seja, ela precisa de entrar em contato com ambientes
externos, abertos, no qual possa se perceber e relacionar com este ambiente amplo, assim como
também precisa estar em contato com ambientes internos, fechados, no qual possa se perceber e
relacionar com este ambiente que inspira recolhimento. Cientes disso, estabelecemos na rotina das
crianças momentos de brincar dentro e fora de casa, sempre na presença de um adulto de confiança,
que prepara e cuida deste espaço. Outra questão fundamental aqui é o tipo de brinquedo que nossos
filhos vão ter contato nesses espaços durante o brincar. Tentamos variar bem o tipo de estímulos,
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e priorizamos o simples e natural (sementes, toquinhos de madeira, panos, bonecos de pano e lã etc.).
Outra questão que consideramos de extrema importância aqui é ensinar nossos filhos a separar
brinquedos e roupas para doar. Isto acontece sempre antes dos aniversários e no Natal, pois são
épocas em que recebem vários presentes.

Hora do banho - No final do dia, por volta de 17h30, as crianças vão para o banho, que é um momento
de relaxamento e preparação para o jantar em família e o sono que estão por vir.

Como se comunicar com as crianças - Eu e o Rafael temos o acordo e o propósito comum de manter
nossa atenção no sentimento no qual queremos terminar nossa comunicação com as crianças. Esse
sentimento é estabelecido antes de nos comunicarmos com as crianças. O que fazemos é observar
nossa relação, de forma geral, com cada uma das crianças e definir, por um período, o propósito interior
que desejamos trazer para nossa relação. Esse acordo nos apoia muito a nos manter focados no que
precisamos trabalhar em nossa relação com cada um de nossos filhos. Temos experimentado resultados
incríveis. Por exemplo, recentemente estava me sentindo muito culpada por não dedicar tanto tempo
quanto gostaria para o João. A partir desta percepção, defini como propósito para minhas comunicações
estar disponível para meu filho. Isso me apoia a manter o foco, pois a cada situação que estou em
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contato com o João procuro atuar e comunicar deixando claro que estou ali disponível para ele. Em
alguns momentos, quando começo a atuar de forma reativa e percebo que falo com raiva e
agressividade, logo recordo meu propósito interno, respiro fundo e tento retomar meu objetivo de
disponibilidade para meu filho.

Os exemplos acima, como disse anteriormente, fazem parte das regras da minha casa e funcionam
bem para as necessidades da minha família. O fato de destacar essas "regras" aqui, de forma específica,
não significa que você precise fazer o mesmo em sua casa. Lembre-se que, para estabelecer os limites,
é preciso observar as necessidades da criança e dos adultos que convivem no lar.

Parte destas regras dizem respeito à rotina da criança, que deve ser muito bem estabelecida, respeitada
e constante. A repetição da rotina para a criança pequena é fundamental, pois gera uma base segura
e confiável para o seu desenvolvimento. Sobre este tema indico assistir ao vídeo que gravei sobre os
“Três segredos de uma rotina saudável, disponível em: http://3segredos.beefamily.com.br
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Mostre o limite para a criança


A partir do momento que os limites e regras familiares estão definidos, você precisa agora assumir,
de forma comprometida e responsável, o papel de guia desta criança, e atuar e se comunicar desde
este espaço, com clareza e segurança. Isso vai trazer muita paz e confiança para seu filho, que saberá
que tem ao seu lado um adulto atento às suas necessidades. Dessa maneira, a criança ficará liberada
para vivenciar este momento mágico que é a infância sem precisar se ocupar de questões que não
fazem parte do universo infantil, mas muitas vezes por não termos clareza das regras deixamos a
mercê da decisão de nossos filhos.

O adulto que abraça este desafio, de conduzir uma criança com responsabilidade, se vê diante de
uma grande oportunidade de amadurecimento e transformação. Ele já decidiu trilhar o caminho da
autoeducação e tem a intenção clara de se tornar um exemplo digno de ser imitado por seu filho.

Esta decisão é o ponto principal do caminho que sugiro, pois difere de outros trabalhos nos quais os
pais se colocam numa postura de detentores do saber e, muitas vezes, vão atuar de forma autoritária
41
com seus filhos buscando eliminar o comportamento desafiador. Nestes casos, usamos nossos medos
e outras emoções "negativas" como forma de manipular as crianças através de chantagens,
recompensas, castigos e outros meios que não fazem parte de um processo educativo baseado no
respeito e amor, como o que estou propondo aqui.

No caminho que indico o adulto é o guia sim, mas atua de forma amorosa e respeitosa com seu filho.
Ele é o que aponta o limite para a criança, mas lembre-se que este limite foi previamente estabelecido
a partir do despertar do interesse genuíno pela criança e da observação das necessidades dela e da
família como um todo. Ou seja, existe toda uma atitude de interesse e respeito pelo outro, por si
mesmo e somente depois disso nascem os limites. A maneira como as fronteiras, que guiam e trazem
segurança para nossos filhos, serão apresentadas a eles é bem peculiar. É preciso trazer cada regra no
seu tempo, no momento que a necessidade aparecer na família, e fazer isso com amor e firmeza.

Isso tudo tem um propósito muito importante na educação infantil, que fará toda a diferença na vida
emocional presente e futura da criança. Ao apresentar um limite, você tem a possibilidade de acessar
um espaço no qual emoções estavam sendo armazenadas e atuando de forma inconsciente.
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Vou explicar um pouco melhor isso: cada vez que a criança se depara com um limite, ela se vê obrigada
a interromper o fluxo de uma atividade, ou seja, ela estava fazendo algo ou tentando fazer e de repente
percebe a presença do adulto que a detêm. Isso gera uma emoção na criança. Aos poucos, a criança
começa a acumular estas pequenas frustrações em seu inconsciente e, quando estas emoções atingem
um limite interno, que varia de um indivíduo para o outro, elas vêm à tona de maneira intensa e, por
vezes, descontroladas.

Vamos voltar um pouquinho no tempo, à época em que você era uma criança, para que você tente
relembrar como isso funcionava quando você sabia "ainda expressar suas emoções de maneira mais
autêntica e natural". Tente se lembrar o que acontecia com você quando um limite lhe era apresentado,
em situações nas quais você era impedido de fazer algo que queria. Imagino que, assim como toda
criança, você começava a chorar, espernear e expressar sua raiva com toda intensidade, que é o
natural desta emoção. Naquela época, assim como hoje em dia, a maioria dos pais não sabia como
atuar diante deste comportamento e pensavam que a criança estava fazendo birra, que aquele
comportamento era inaceitável, que aquela forma de se expressar não era legal. Aí você pode bem se
recordar o que acontecia: na melhor das hipóteses, a criança era ignorada ou castigada, mas muitas
43
vezes ouvia gritos ou recebia palmadas, chineladas e outras reações que, para mim, são birras dos
adultos e não da criança. Eles, os adultos, estão desesperados por não saber mais como lidar com
alguns comportamentos da criança e têm este tipo de reação. Essa forma autoritária e desesperada
de atuar frente a um comportamento emocional tem um impacto muito negativo na formação do
sistema de crenças e estrutura emocional das crianças. De maneira resumida, o que nossos pais
fizeram e o que estamos fazendo com nossos filhos quando atuamos desta forma é "ensiná-los" a
acreditar que o que eles estão sentido (raiva, tristeza, frustração etc) não é legal, que sentir esta
emoções não é bom, pois toda vez que ele sente isso e expressa ele é punido ou ignorado.

Mas será mesmo que sentir raiva, tristeza ou qualquer outra “emoção negativa” é ruim? Será que
estas emoções, tão comuns em nossas vidas e das pessoas ao nosso redor, são algo que devemos
temer, reprimir ou eliminar?

O que quero propor é: reflita um pouco sobre o que realmente está por trás destas emoções que
culminam nas birras e pirraças das crianças. Muitas vezes, estes conflitos emocionais que chamamos
de birras podem indicar uma necessidade de maior independência e autonomia da criança. Pode ser
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que ela precise se diferenciar e negar o que já conhece ao seu redor para mostrar que é um indivíduo
único e diferente de seus pais. Já parou para pensar que estes momentos também podem ser
importantes para o crescimento saudável da criança, pois funcionam como uma preparação para que
ela aprenda a lidar com frustrações e sentimentos fortes que lhe acompanharão ao longo de sua vida
adulta? Pois é, preste atenção neste ponto: acima de tudo, o que considero fundamental que você
compreenda sobre as “pirraças", é que elas são grandes oportunidades de nós, pais e mães, nos
conectarmos com nossos filhos e apoiá-los a extravasarem emoções que estão acumuladas em seu
inconsciente e que, se ficarem ali reprimidas, podem impactar de forma muito negativa o
desenvolvimento deste ser. Estas emoções ficam aprisionadas internamente e guiam diversos
"comportamentos desafiadores" de maneira inconsciente e quando a criança se depara com um limite,
isso pode desencadear uma descarga destas emoções. Se conseguirmos olhar para uma “pirraça”
como uma grande oportunidade de limpeza interna que nossos filhos estão fazendo em seu campo
emocional, mudamos completamente o nosso paradigma. E ao invés de ver aquilo como algo indesejado,
passamos a enxergar os choros fortes, esperneios e gritos como uma maneira sabia e natural que a
criança encontrou para extravasar emoções que estavam acumuladas em seu mundo interno.
45
Conecte-se com a criança
A apresentação do limite pode vir acompanhada de uma reação emocional da criança, como já
expliquei. Agora, quando compreendemos as oportunidades que estão envolvidas neste processo
para a criança e para o adulto, podemos transformar nossa maneira de atuar frente a situações que
antes nos geravam estresse, raiva, tristeza, frustração, culpa etc.

O ponto principal é essa mudança de olhar que nasce da compreensão das necessidades de ambas
as partes envolvidas. Quando a criança começa a expressar suas emoções de maneira intensa, existe
ali uma necessidade de extravasar essas emoções que já não cabem mais nela.

Toda emoção tem um fluxo, um movimento. A raiva, a tristeza, a alegria ou o medo são exemplos de
emoções. Elas nascem, movimentam algo em nosso ser e, se permitirmos que elas fluam, logo
retornaremos a um estado normal de quietude. No entanto, se resistirmos, lutarmos contra e a
aprisionarmos em nosso ser, elas não desaparecerão, ficarão ali dando voltas sem que sequer tenhamos
consciência disso. O pior é que, vira e mexe, estas emoções encontrarão maneiras de vir à tona e
mobilizarão algum tipo de “desconforto", na tentativa de seguir seu movimento natural.
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Essa é a natureza das nossas emoções: elas nascem e precisam ser sentidas e expressadas, não há
julgamento sobre as mesmas, não há emoção boa ou ruim, simplesmente existe algo que já está ali e
precisa ser sentido. Elas funcionam mais ou menos como um tornado que passa por um lugar
movimentando tudo ao redor, destruindo o que está em seu caminho, não há como detê-lo, ele está
ali e precisamos nos render, deixá-lo passar. Depois de um tempo, quando tudo se aquietar novamente,
teremos a chance de reconstruir com o que sobrou, agora sob novas perspectivas e somando o
aprendizado daquela experiência que aquele evento trouxe àquele lugar.

O nosso desafio neste processo de mudança é romper com a nossa maneira de lidar com nossas
emoções e, para isso, vou compartilhar com você um exercício simples de auto-observação:

observe como você foi educado e quais são as suas crenças sobre as emoções básicas - raiva, tristeza,
medo e alegria. Tente perceber como você expressa cada uma delas em seu dia a dia, se há espaço
para senti-las quando aparecem, se você reprime ou responsabiliza e "desconta" nas pessoas ao seu
redor o que está sentindo etc. Este é um exercício que deve ser feito de forma disciplinada e constante,
isso vai levar um bom tempo. Paralelamente, siga observando as crianças ao seu redor e veja como
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elas expressam cada uma destas emoções, observe o quanto é natural, simples e fluida a maneira
com que as crianças sentem e expressam! Esta é mais uma chance de aprender com nossos filhos e
voltar a ter intimidade com o que sentimos e como vamos expressar isso.

Agora que já sabe o quanto sentir e expressar o que está sentindo é importante para você e para seu
filho, o que precisa fazer é manter-se presente, atento e disponível durante cada oportunidade de
encontro com as emoções, em sua vida e na vida da criança. Mas vamos voltar ao tema do limite, pois
quando você o apresenta para a criança ele pode desencadear uma reação emocional forte.

Você precisa estar seguro do limite que está apresentando para não reagir ou se identificar com o que
a criança vai trazer à tona. Seu papel aqui é o de manter-se em equilíbrio, tranquilo, presente e atento
ao seu filho, mesmo que ele esteja se jogando no chão, gritando, chorando, te xingando.

Este é o principal segredo neste caminho: você dá o limite e depois se mantém em uma postura
disponível para receber o que quer que seja que a criança vai trazer à tona. Mas você pode estar se
perguntando: "como vou ficar presente e disponível para meu filho, em silêncio, diante de tanto gritos,
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movimentos fortes e choro?

É verdade. Não é algo simples, mas te garanto que é possível, especialmente se você se atentar para
estas questões:

1 - Tenha sempre em mente o quanto é importante para seu filho expressar o que ele está sentindo.
Já expliquei anteriormente, mas se ainda não estiver muito claro para você, releia o texto e me
escreva caso tenha alguma dúvida: clarissa@beefamily.com.br .

2 - Esteja constantemente atento ao seu campo emocional e busque expressar de forma consciente
suas emoções. Indiquei, anteriormente, fazer um exercício de observar suas emoções básicas.
Além disso, é preciso que você expresse o que está sentindo de forma mais constante e responsável.
Nós, seres humanos, desenvolvemos algumas maneiras naturais para extravasarmos o que estamos
sentindo, através do choro, movimentos rápidos e intensos, gritos, fazer força, gargalhar etc.
Procure acessar estes espaços em seu dia a dia e recrie sua maneira de lidar e expressar suas
emoções.
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3 - Pratique estar presente e viver sua vida no aqui e agora. No momento em que a criança está
extravasando, precisamos ter muito controle mental para mantermos nossa mente no aqui e agora.
Se mentalmente saio do que está acontecendo ali e me conecto com o que os outros estão pensando
ou com o que penso sobre as birras por exemplo não consigo estar presente para meu filho, gerando
este espaço seguro para que ele siga limpando suas emoções inconscientes. Neste caso, minhas
emoções também começarão a vir à tona e vou sofrer e reagir de forma automática (como estou
acostumado a fazer, seja com gritos, palmadas, castigos ou ignorar meu filho). No entanto, se
controlo minha mente e me mantenho ali presente para o que está acontecendo, conseguirei respeitar
a criança que está expressando o que está sentindo. Caso você não tenha muita intimidade com
práticas que te apoiem a manter a mente no momento presente te sugiro aprender algumas técnicas
de meditações, praticar Yoga e ler o livro “O Poder do Agora”, de Echart Tolle. Algo bem simples
que funciona muito bem para me manter no presente e que quero compartilhar com você é: ficar
repetindo mentalmente (não precisa falar para que a criança escute) frases que afirmem o meu
propósito/intenção durante aquele processo de conexão com meu filho. Por exemplo: “A mamãe
está aqui com você. Eu sei o quanto isso é importante para você. Coloque para fora tudo o que
estava aprisionado aí dentro. Obrigada por me ensinar a expressar com tanta intensidade o que está
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sentindo. Eu te amo. Estou fazendo isso porque respeito o que você está sentindo. Você simplesmente
está entrando em contato com esta emoção e isso é forte. Siga na sua limpeza interna, a mamãe
está aqui para te apoiar."

Quando estas três questões citadas acima já fizerem parte de sua relação com você mesmo e com
seu filho, você estará próximo de compreender o quanto ficar perto de uma criança que está chorando,
triste, com raiva traz benefícios para ambos. Você pode se beneficiar desta conexão, pois quando está
presente, escutando realmente uma pessoa que está expressando suas emoções, vocês começam a
vibrar numa mesma frequência e entram em equilíbrio. Ficar presente neste momento te coloca
naquele sistema e, se você tem algo diferente para agregar ali, se está em harmonia interna, sua
presença é capaz de equilibrar todos que estão presentes na situação desafiante. Cria-se uma nova
atmosfera para aquele sistema.

E não hesite, escutar seu filho quando ele está expressando uma emoção "negativa" não é reforçar
um mau comportamento de maneira alguma. Você segue sempre firme com o limite que apresentou,
não está deixando ele fazer tudo que quer, a única coisa que você está fazendo é respeitar o tempo
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e as emoções so seu filho que vieram a tona diante do limite. É um processo natural em que você se
coloca no lugar de suporte e parte daquele sistema. Uma criança chorando sozinha, longe da atenção
generosa de uma pessoa adulta é uma experiência ruim, não confortante e não curativa.

Diferente de ser escutada, de ter seu sentimento validado, de ser integrada ao sistema. Confie e tente
com todo seu ser vivenciar uma experiência de extravasamento conectado e disponível para seu filho,
sem julgá-lo, simplesmente validando com seu olhar, com sua presença, com poucas palavras o que
ele está sentindo. Não vai precisar de muitas explicações neste momento, lembre-se disso.

O ser humano, quando está tomado por suas emoções, não consegue discernir muito bem o que está
sendo dito. Poupe suas palavras e explicações nestes momentos e simplesmente entregue-se. Não se
preocupe em como conduzir ou como atuar durante o processo, se você estiver presente vai saber
exatamente o que fazer. Deixe a relação com a criança te guiar, deixe a sua intuição dizer o que deve
ser feito a cada instante. Apenas confie.
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Já passei algumas vezes por isso e conheço um bocado de gente que está trilhando este caminho
também. Não é fácil mas é possível, e quando tudo passar, quando o tornado passar e você conseguir
ficar ali, sem se misturar a ele, o que você vai sentir é muito bom. Algo quase inexplicável, difícil de
traduzir com palavras, uma sensação de que aquilo que acabou de acontecer é algo bem próximo do
que chamo de educação de um ser com respeito e amor. Um sensação de contentamento e alegria tão
profunda que tudo que você vai querer é uma nova chance de ver seu filho extravasar e você submergir
nesta conexão profunda.

Pais que assumem o compromisso com a busca de consciência não vão agir só nas situações de conflito.
Atuarão proativamente, atentos às principais necessidades de seus filhos, dispostos a se conectarem
intensamente com os mesmos. E a cada instante estarão abertos para aproveitar todas as possibilidades
que esta relação tão rica, que acessa nossa infância e nos conecta com a esperança de um futuro melhor,
tem a nos oferecer.
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III Recado para o leitor:
Querido(a) Leitor(a)! Como vai?
Se você está lendo essa mensagem, imagino que leu o e-book até o final. Fico muito feliz por seu
interesse em desenvolver sua relação com seu filho. Cada vez que encontro em meu caminho pais
e mães que compreendem que para educar um Ser é preciso educar-se, sinto-me agradecida e
motivada a seguir evoluindo e compartilhando o que aprendo com mais e mais pessoas.

Antes que você feche este arquivo e volte às suas atividades rotineiras quero lhe pedir um favor.
É bem rapidinho, pois sei o quanto seu tempo é precioso. O que preciso é que me mande um e-mail
dizendo o que você achou do e-book. Vou adorar saber que você leu o e-book até o final, e ler sua
opinião será de grande importância para mim!!! Meu e-mail é: clarissa@beefamily.com.br

Desde já agradeço seu carinho e atenção!

Com Carinho, Clarissa Yakiara


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