Vous êtes sur la page 1sur 88

Revista Portuguesa de Cirurgia II Série • n.

° 12 • Março 2010

Corpo Editorial Editor Chefe – José Manuel Schiappa, Editores – José Crespo Mendes de Almeida (Editor Científico), José Augusto
Gonçalves (Editor Técnico), Jorge Penedo (Editor de Supervisão), Amadeu Pimenta, Eduardo Xavier da Cunha (Editores Associados)
• Conselho Científico A. Silva Leal, Amadeu Pimenta (Presidente), António Marques da Costa, A. Araújo Teixeira, C. Alves Pereira,
Eduardo Barroso, F. Castro e Sousa, Fernando José Oliveira, Francisco Oliveira Martins, Jaime Celestino da Costa, João Gíria, João
Patrício, Jorge Girão, Jorge Santos Bessa, José Guimarães dos Santos, José Luís Ramos Dias, José M. Mendes de Almeida, Pedro Moniz
Pereira (Secretário Geral), Rodrigo Costa e Silva, Vítor Passos de Almeida • Edição e Propriedade Sociedade Portuguesa de Cirur-
gia – Rua Xavier Cordeiro, 30 – 1000-296 Lisboa, Tels.: 218 479 225/6, Fax: 218 479 227, spc@spcir.com, revistaspcir@gmail.com
Redacção e Publicidade SPOT Depósito Legal 255701/07 • Composição, impressão e acabamento G.C. – Gráfica de Coimbra, Lda.

Índice
PÁGINA DOS EDITORES/EDITORS PAGE .............................................. 3
José M. Schiappa

PAGINA DA SPC/SPC PAGE


Editorial do Presidente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Amadeu Pimenta

30º CONGRESSO DA SPC .......................................................... 9


Pedro Moniz Pereira

ARTIGOS ORIGINAIS/ORIGINAL PAPERS


Cirurgia “fast-track no cólon: resultados de um estudo piloto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Colon Fast-track Surgery: results of a pilot study
J.P. Silva, L. Miranda, R. Valente, S. Cabral, A. Bastos, T. Sousa, D. Gomes, A. Sousa, L. Santos

Nota dos Editores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20


J.C. Mendes de Almeida

The potential of bone marrow stem cells( BMSC) in liver regeneration . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21


Madhava Pai MS, Duncan RC Spalding, Nagy A Habib

Departamentação e formação pós-graduada – curriculum em cirurgia Geral: experiência de 20 anos num


hospital universitário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Departamentation and post-graduate teaching: General surgery Curriculum; the experience of 20 years in a
universitary hospital
Inês Bessa, Jaime Vilaça, Vítor Ribeiro

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):1-2


1
CADERNO ESPECIAL/SPECIAL DOSSIER
LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Vídeo cirurgia com acesso por “porta única” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39


videosurgery and single Incision
José M. Schiappa

Transumbilical single-incision laparoscopic surgery: a single center Experience . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41


Kirschniak A., Granderath F. A.

Single incision laparoscopic surgery with conventional instruments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47


Puntambekar Sh., Puntambekar Se., Sathe R, Joshi S., Rajamanickam, S, Rayate N.

Single incision laparoscoy in solid organ surgery: is there a limit? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53


Barbaros U.

Technique of double incision laparoscopic cholecystectomy (DILCH) as an alternative to SILS . . . . . . . . 61


Wroblewski T, Piotrowicz S, Ziarkiewicz B, Krawczyk M

Micro-laparoscopia – uma alternativa ou um complemento às técnicas de vídeo-cirurgia por porta única? 65


Micro-laparoscopy – an alternative or a complement to the techniques of video-surgery through single port?
José M. Schiappa

CASO CLINICO/CLINICAL CASE


Lipoma duodenal – uma causa rara de hemorragia digestiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Duodenal lipoma – a rare cause of digestive hemorraege
Rui Martins; Carlos Quental; A.J. Ribeiro Oliveira; A. Neves Firmo

PASSOS TÉCNICOS/TECHNICAL STEPS


Abordagem mini-invasiva da necrose pancreática infectada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Mini-invasive management of the infected necrotic pancreatitits
Francisco d’Oliveira Martins; Pedro Amado; Javier Mulet; Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva

HISTÓRIA E CARREIRAS
In Memoriam – Dr. José Balcão F. Reis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Rui Vasconcelos de Macedo

AGENDA/AGENDA ............................................................... 85

INSTRUÇÕES PARA AUTORES/INSTRUCTIONS FOR AUTHORS ............................ 87

Revista Portuguesa de Cirurgia


2
Página dos editores
José M. Schiappa

EDITORIAL

TEMPO DE MUDANÇA

Constitui este número da Revista Portuguesa de Cirurgia o último número em que estarei à frente do seu
Corpo Editorial. Creio estar chegada a altura de “passar o testemunho”. Com o passar do tempo aparecem novos
desafios, as circunstâncias mudam e tornam obrigatórias estas mudanças. Foram definidos princípios de posi-
cionamento, logo à partida da tarefa que iniciei com esta série da Revista que, a meu ver, tornam incompatíveis
determinados cargos; é crucial que esteja sempre bem clara a independência dos Editores da Revista.
É também recomendável proceder a ajustes que permitam, dentro de um espírito de continuidade, salutares reno-
vações de responsáveis, abrindo caminho a novas ideias. Muito há ainda a fazer e muito está delineado nesse sentido
e talvez mesmo as orientações a tomar pela renovada equipa de Editores possam trazer ideias mais dinâmicas.
Quando, inicialmente, aceitei o convite que me foi feito, foram estabelecidas uma série de propostas, con-
dicionantes e metas. De modo geral foram cumpridas, e tenho como um dos pontos que considero mais impor-
tantes e a realçar, o excelente modo como sempre funcionaram as relações entre a Direcção da Sociedade Portu-
guesa de Cirurgia e os Editores da Revista Portuguesa de Cirurgia.
Tivemos durante estes 3 anos o prazer de verificar que a independência dos Editores da Revista – ponto cru-
cial para os mesmos e acordado desde início – foi sempre respeitada, sem a mais pequena questão. A abertura sem-
pre demonstrada pela Direcção foi muito importante para que os Editores se sentissem à vontade para progra-
mar os sucessivos números de acordo com o que achámos ser o mais apropriado e para podermos, por vezes, ultra-
passar o número de páginas inicialmente estabelecido; isto era para nós importante para que se mantivesse uma
estrutura correcta de cada número, dando continuidade à uniformidade editorial.
Todo o trabalho efectuado na concepção, preparação, edição e publicação destes números da segunda série
da Revista foi muito gratificante e entusiasmante. As relações existentes dentro da equipa que liderei contribuí-
ram também bastante para tudo isto, verificando-se, a curto prazo, que todos comungávamos do mesmo espí-
rito em relação às metas a atingir.
Na verdade, penso que conseguimos “construir” um Jornal com boa credibilidade, bom conteúdo e um
nível científico que o pode colocar numa boa posição dentro do padrão dos Jornais europeus de Cirurgia. Mais
ainda, conseguimos quebrar algumas barreiras que muitos não acreditavam ser possível.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):3-6


3
Tenho, portanto, que agradecer à equipa que me acompanhou durante este tempo pelo excelente trabalho
efectuado e por todas as contribuições feitas. Todo o mérito do trabalho feito pertence a esta equipa e, neste caso
particular, o termo “equipa” estende-se a todos os colegas que contribuíram com o seu tempo e trabalho ao fazer
a revisão dos artigos que foram sendo enviados para publicação. A revisão “por pares” é um dos pontos mais
importantes para a manutenção de um bom nível científico, para a independência e para que se tenha, verda-
deiramente, a “nossa” Revista.
Também há que transmitir de forma clara a importância que tem o trabalho dos revisores, em termos de
responsabilidade, de credibilidade científica e de valor, quer no curriculum dos mesmos, quer no seu empenha-
mento na defesa da comunidade científica cirúrgica, quer ainda no prestígio pessoal e das instituições que repre-
sentam, pelo implícito reconhecimento profissional.
Continuando o Balanço do trabalho feito, terei que fazer referência a desígnios não cumpridos e a pontos
menos sucedidos.
Não foi conseguida – ainda – a indexação da nossa Revista. Não creio que tenham sido, ainda, atingidas as
condições para fazer o pedido oficial para a New York Library of Medicine para que a Revista Portuguesa de Cirur-
gia seja ali indexada. Penso que será preferível aguardar um pouco mais, trabalhando para que todos os pressu-
postos estejam reunidos, e fazer uma candidatura com boas possibilidades de êxito numa primeira abordagem.
O desaire e o descrédito da recusa podem ser evitados deste modo. Há outros índices com exigências mais redu-
zidas e temos trabalho feito e em curso quanto a conseguir aí a indexação da Revista numa primeira fase.
Houve alguns atrasos de distribuição da Revista, quase todos sem culpas da nossa parte, exceptuando uma
falta de previsão; muito frequentemente há prazos vários que não são cumpridos, pelas mais variadas razões.
Em todo o trabalho que fizemos, procurámos sempre zelar pelo princípio de ter uma Revista de qualidade
científica de bom nível e de manter essa linha editorial. Foi também nesse sentido que iniciámos os Cursos pré
Congresso sob nossa responsabilidade, tentando “formar” os potenciais autores, nos meandros da publicação
científica. Note-se que esta “formação” é da maior utilidade, não só para a escrita de artigos e para a investiga-
ção, mas também para toda a leitura crítica dos mesmos. É nosso ponto de vista que estes Cursos são úteis para
todos e que a sua frequência será sempre enriquecedora.
Em relação à participação empenhada e mais geral dos membros da nossa comunidade cirúrgica, devo con-
fessar que a resposta havida me deixou desiludido; talvez tivesse uma visão “sonhadora” de que as coisas seriam
diferentes, não levando em conta os tempos que hoje atravessamos. Quando, há longos anos, trabalhava em Lon-
dres, o tema de conversa no Hospital, todas as segundas feiras, eram os artigos que tinham sido publicados no
British Medical Journal que nos chegava a casa todos os Sábados; isto independentemente dos assuntos serem
médicos ou cirúrgicos (o British Journal of Surgery era mensal). As discussões eram vivas e havia sempre grande
número de comentários e de cartas ao editor enviados todas as semanas. Tive uma vaga esperança – santa ino-
cência! – de que uma versão mitigada desta vivência pudesse acontecer.
A Revista Portuguesa de Cirurgia propôs-se cumprir a sua missão através da prossecução de dois objectivos
principais: a promoção da cultura científica dos cirurgiões portugueses e, a sua constituição como veículo de
divulgação do trabalho de índole científica produzido pelos mesmos.
É aqui que fico com a sensação de não conseguimos despertar o interesse suficiente para “fazer o leitor che-
gar à Revista”. Tal como a interactividade, o número de artigos originais fica muito abaixo do mínimo exigido
em qualquer comunidade científica “viva”.

Página dos Editores


4
Temos tido algumas dificuldades em preencher os conteúdos de forma consistente com as tendências cien-
tíficas de hoje, em que uma boa percentagem de trabalho publicado deve corresponder a trabalho original.
Os artigos originais de autores nacionais ficam quase limitados aos concorrentes ao prémio da melhor comu-
nicação do Congresso; mesmo aqui houve, nalguns casos, discordância entre o estabelecido e o enviado. A pro-
dução de trabalho original é o verdadeiro “barómetro” da actividade científica dos nossos Serviços e Departa-
mentos. É evidente que os níveis e a actividade hospitalar das instituições distribuídas pelo país são bem diferentes
uns dos outros e que a actividade científica que se espera terá de corresponder a essa realidade. No entanto, há
uma discrepância marcada entre os vários Serviços existentes – considerando a sua importância institucional,
formativa e educacional – e a produção cientifica gerada. Talvez seja tempo para meditar sobre esta realidade e
tentar tirar algumas conclusões construtivas.
Não são os “Casos Clínicos” (boa forma de iniciar a produção científica mas limitativos em continuidade),
nem os “Artigos de Revisão” que traduzem a vida científica e hospitalar. Os “Artigos de Revisão”, se bem feitos,
incluindo pesquisa bibliográfica exaustiva e pertinente são bem vindos; infelizmente poucos respondem aos
requisitos científicos e educacionais dos tempos que correm.
Por outro lado, encontramos bastantes casos em que os autores não cumprem com as instruções específicas
da Revista quanto a tipos de trabalhos e formas de os produzir (variam de Jornal para Jornal) nem informam devi-
damente sob que rubrica pretendem que seja publicado o artigo que enviam. O cumprimento destas regras tem
razões práticas pelo lado da Revista e, pelo lado dos autores implica o seguimento de metodologia científica, que
é importante para este tipo de formação.
Boa parte do interesse de uma Revista científica está no impacto produzido nos seus leitores pelo que é
publicado; pelo nível de informação, pela actualidade, pela novidade e pela polémica. No nosso caso o esforço
foi feito e temos a noção que o que foi produzido tem, globalmente, qualidade. Mas, como já disse, não foi con-
seguida a interactividade e uma participação mais activa dos leitores. Há uma área de informação que gostaría-
mos também de ter visto mais participada: o envio de simples notícias de interesse geral ou local como, por
exemplo, o anúncio de reuniões científicas a terem lugar. O nosso trabalho de pesquisa nesta área tem limitações
e seguramente que não anunciámos actividades que o mereceriam.
Chego ao fim desta etapa com o sentido de que foi efectuado um bom trabalho, de acordo com os propó-
sitos inicialmente estabelecidos. Foi criada uma Revista científica de Cirurgia, digna, com conteúdo científico
de bom nível, cumprindo – mais do que isso – os requisitos mínimos dos Jornais Científicos deste tipo.
Tenho a certeza de que o tempo se encarregará de corrigir as falhas existentes e de que a Revista Portuguesa
de Cirurgia continuará a sua boa caminhada, com um empenhamento continuado e crescente da nossa comu-
nidade cirúrgica.
Está chegada a ocasião de, dentro de um espírito de continuidade, proceder a uma renovação de responsá-
veis e dar lugar a novas ideias. Parte da equipa continuará e dará ao trabalho a continuidade necessária; outra parte
será remodelada e desta nova interacção de ideias sairão novos rumos.
Os responsáveis que me irão substituir podem contar com o meu apoio para o que for necessário. Tenho a
maior confiança na sua capacidade de continuar e melhorar o trabalho feito.
No entanto, considerando os processos de indexação que foram iniciados e estão em curso e a necessidade
de transição fluida e sem qualquer sobressalto, este processo será faseado. Mas a despedida já fica feita.

Revista Portuguesa de Cirurgia


5
NOTA DO EDITOR

A indexação de uma revista cientifica corresponde a um reconhecimento da qualidade científica da mesma


e acarreta uma responsabilização acrescida.
Vários são os sistemas de indexação de revistas médicas. Uns mais complexos do que outros. Uns mais
exigentes do que outros.
A actual equipa de editores da Revista Portuguesa de Cirurgia desde que iniciaram as suas funções que
estabeleceram como um dos seus objectivos o conseguir obter a indexação da revista em vários dos sistemas de
indexação.
Tendo já 12 números publicados é hoje possível iniciar este processo que gostaríamos de terminar a sua
primeira fase durante o ano de 2010. Tal facto só foi possível pela resposta que os cirurgiões portugueses têm
sabido dar enviando os seus trabalhos para a revista da sua Sociedade. Importa no entanto referir que ainda
estamos longe de poder candidatar-mo-nos aos sistemas mais exigentes como é o caso do PubMed. Para tal
necessitamos de aumentar o número de artigos originais publicados, entre outras exigências. Este é um esforço
de todos, quer a nível individual quer a nível das Direcções de Serviço. O incremento da nossa produção cientifica
constituirá um claro sinal do peso dos cirurgiões portugueses e da sua capacidade para inovar e tratar cada vez
melhor os nossos doentes.
Podemos anunciar desde já que iniciamos desde já o processo de candidatura ao sistema SciELO e ao sistema
Latindex. Esta é, tal como já afirmámos a primeira fase de um processo que decorrerá durante o presente ano.
O sucesso destas duas candidaturas fará entrar a Revista Portuguesa de Cirurgia num lote de mais de 1000 revistas
indexadas alargando muito significativamente a divulgação daquilo que representa a Cirurgia Portuguesa.

Página dos Editores


6
Página da SPC
Amadeu Pimenta
Presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia

Neste XXX Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, termina o meu mandato como Presidente da
Sociedade. Foi uma honra que me concederam e que muito prezei, pois como cirurgião sempre considerei a
Sociedade algo da maior relevância para todos nós.
Durante o biénio deste mandato e ao longo dos anos que partilhei com outros colegas a actividade direc-
tiva da Sociedade, tive a oportunidade de reflectir sobre cada um dos aspectos que aqui vivi, desembaraçá-los da
ferrugem do tempo, da inércia e alteração do olhar, de enfrentar os factos que os hábitos antigos vão introdu-
zindo na memória e nos sentimentos, retirar camada a camada os comentários lenitivos que se vão acumulando
desde há tantos anos e olhar com clareza para o meu próprio pensamento.
Ficarei satisfeito e tranquilo, ajuizarei que este pequeno editorial em que temerariamente quero dizer da
importância que a Sociedade Portuguesa de Cirurgia teve na minha vida profissional, como cirurgião, não foi
escrito em vão, se um único leitor, ao terminar de o ler, entreveja num relance o que esta vertente da minha vida
significou para mim.
Foi, aqui, neste fórum, que aprendi, actualizei conhecimentos, troquei opiniões, partilhando experiências.
Aqui onde também vim, ano após ano, ao encontro de velhos e novos amigos com quem não tinha opor-
tunidade de conviver ao longo do ano, devido à complexa vida dos apressados tempos em que vivemos.
Ter sido Presidente dela, não foi só e apenas uma honra. Dizer isso seria minimalista. Na verdade, quero dei-
xar expresso aos jovens que um dia virão a ocupar este lugar: foi um prazer e fiz com gosto o que estava ao meu
alcance para que a Sociedade ficasse mais enriquecida e consolidada.
É este pois o fruto da reflexão que fiz: deu trabalho, valeu a pena, foi um prazer e uma grande honra.
Este ano, o Dr. Nelson Pereira, figura conhecida e muito respeitada da cirurgia portuguesa, que sempre deu
grande contributo às realizações da nossa Sociedade e que foi Director do Departamento de Cirurgia do Centro
Hospitalar de Vila Nova de Gaia e grande impulsionador das Jornadas de Cirurgia, organizadas por esse hospi-
tal ao longo de muitos anos, foi escolhido para Presidente de Honra do Congresso, enriquecendo a lista de cirur-
giões notáveis que o precederam.
Do programa do Congresso é de salientar, para além de nove convidativos Cursos pré-Congresso organiza-
dos pelos Capítulos, dedicados sobretudo à formação dos mais jovens, as habituais e estimulantes “Provas de
Caras” e Sessões das “Melhores Comunicações Orais”, “Melhores Vídeos” e “Melhores “Posters”; a abordagem
dos temas sobre “Cirurgia Hepática Laparoscópica”, “Novas Tecnologias em Cirurgia” e “Novos Desafios em
Cirurgia” por prestigiados conferencistas estrangeiro; a mesa-redonda conjunta da SPC e o Colégio da Espe-
cialidade da Ordem dos Médicos sobre “Valorização do Acto Médico”; e, a mesa-redonda nacional sobre “Cirur-

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):7-8


7
gia de Intenção Profilática”. A mesa-redonda organizada pelos nossos internos terá como tema a “Apendicite
Aguda” e irá despertar, como é habitual, grande interesse e participação.
Concordo inteiramente com aqueles de entre nós que entendem que a parte científica não esgota o âmbito
de uma reunião organizada por uma sociedade deste género, pelo que uma parte relevante do nosso congresso
será a vertente cultural e artística. Convidamos para palestrante da “conferência não médica” o Senhor Doutor
Luís Portela, Presidente do Conselho de Administração da Bial e Doutor Honoris Causa pela Universidade do
Porto, que irá falar sobre “O Desafio da Inovação em Saúde em Portugal”. Mas, este ano, a direcção entendeu
que poderíamos aproveitar esse fim de tarde de convívio, do domingo que precede o congresso, para que o capí-
tulo da história da cirurgia apresentasse a reedição de duas obras impares na história da medicina portuguesa: a
“História da Cirurgia Portuense” (1926), do Prof. Doutor Hernâni Monteiro e a “ História do Ensino Médico
no Porto ” (1925), do Prof. Doutor Maximiano Lemos. Não podemos deixar de felicitar o Dr. Damas Mora, o
Prof. Doutor João Patrício e o Dr. Reis Lima por escolha tão acertada, e que a Direcção apoiou inteiramente, pois
são trabalhos notáveis de investigação histórica e de conhecimento do exercício da medicina em Portugal, escri-
tos por dois ilustres Professores da Faculdade de Medicina do Porto. Haverá, também, uma exposição de pintu-
ras de Catarina Castel-Branco e uma exposição de “tábuas votivas”, organizada pelo Prof. Doutor João Patrício.
Nunca será demais sublinhar a importância de aproveitar o fórum do Congresso para comunicar os frutos
do amadurecimento das vossas experiências adquiridas ao longo da vossa vivência como cirurgiões. É assim que
a ciência vai avançando.
Basta um rápido olhar para a evolução que sofreu em poucas décadas uma ínfima parte desse mesmo conhe-
cimento científico :para a física, para a biologia ou para qualquer uma das outras epistemologias
Olhemos, de relance, para o que se tem passado na Física, nos últimos anos.
Há pouco, há muito pouco tempo, a Física que no liceu aprendemos, era uma verdade aceite sem discus-
são ou dúvidas.
Aos poucos, essa verdade “magister dixit” foi abalada, alterada, modificada, questionada, por alguns homens
com coragem de não aceitar o conhecimento instalado, de enfrentar a comunidade científica que os não aceitava
e até por vezes ridicularizava. E, esses homens demonstraram que tinham razão, ajudando a humanidade a dar
mais um passo em frente na compreensão de alguns fenómenos científicos.
Com eles, aprendemos que a massa e a energia estão interligados, que tudo é relativo, até mesmo a grande
constante da Física: a velocidade da luz. Que os quantas se comportam de um modo tal que põem em causa as
leis antigas da Física; que afinal o Universo está em expansão e parece que é curvo; e, que o tempo e o espaço
intervêm na lei da gravidade.
Amanhã, daqui a pouco, será tudo isto questionado. A história confirma essa grande probabilidade.
Por isso, sublinho que temos que ser curiosos, estudar, reflectir sobre as nossas experiências e vivências e não
deixar de comunicar o que pensamos. Discutam entre nós. Pode ser importante para avançarmos no conheci-
mento da Cirurgia. É-o de certeza.
Mas não com temeridade e de forma isolada. A história dos avanços e recuos da ciência demonstraram ine-
quivocamente a grande e antiquíssima constatação: só temos a certeza de estar a avançar, a amadurecer no cami-
nho certo e a guiar bem outros por esse mesmo caminho, quando maravilhados, mas humildes reconhecemos o
pouco que sabemos, que temos um longo caminho a percorrer e muito, muito mais para aprender.
Que desfrutem de um Congresso agradável e muito enriquecedor.

Página da SPC
8
30.° Congresso da SPC
Pedro Moniz Perreira
Secretário Geral

Estamos naquela altura do ano em que só começa a sobrar tempo para Congresso e mais Congresso. Esta é
a aflição da Direcção, que tem como responsabilidade pôr de pé mais esta reunião magna dos cirurgiões
portugueses.
Efectivamente, é com muito gosto e orgulho que estamos a organizar o 30º congresso da SPC, este ano
subordinado ao tema “Novas tecnologias em Cirurgia” e em que vamos poder tomar contacto com alguns dos
desenvolvimentos mais entusiasmantes da nossa área. A robótica, os novos biomateriais e os avanços, em campos
que já são clássicos, como a laparoscopia, são temas a desenvolver por palestrantes reconhecidos. Também o curso
pós-graduado sobre “NOVAS TECNOLOGIAS EM CIRURGIA: ESTADO DA ARTE” e a mesa redonda
internacional a propósito de “NOVOS DESAFIOS EM CIRURGIA” serão pontos altos da nossa reunião.
“APENDICITE AGUDA” é o tema sempre actual que vai ocupar as apresentações da mesa redonda dos internos.
Sempre foi preocupação da SPC comunicar com o que lhe é exterior, e nessa linha, temos a sessão conjunta
com o colégio de cirurgia da Ordem dos Médicos sobre “valorização do acto médico” onde se vai reflectir sobre
o que é, nos dias de hoje, a função do cirurgião. O que vale, não só modo ponto de vista material, mas também
ético e laboral.
O congresso começa no domingo com os vários cursos pós-graduados, coordenados pelos capítulos e, mercê
da grande aceitação que têm tido, serão certamente um sucesso. À sessão de boas-vindas segue-se a conferência
não-médica proferida este ano pelo Dr. Luís Portela, CEO do Laboratório BIAL, sobre os desafios do
desenvolvimento tecnológico em Portugal.Depois é tempo para a cultura com a inauguração da mostra artística
dos quadros de Catarina Castel-Branco e das representações de“ex-votos” recolhidos pelo Prof. João Patrício
Enfim, pensamos ter construido um programa interessante e mobilizador que traga ao Estoril um número
record de cirurgiões. O interesse demonstrado até agora tem sido grande, não só da indústria, que participam
significativamente no que é a maior reunião nacional de cirurgia, mas também dos médicos participantes que já
enviaram para selecção e mostra, 163 comunicações, 294 posters e 78 vídeos. Este ano é implementado um novo
modo de apresentação e selecção das melhores comunicações, como resposta a várias sugestões feitas pelos sócios,
e que se espera, aumente o nível cientifico dos trabalhos apresentados.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):9-10


9
É de realçar ainda que este é ano de eleições, o que significa uma renovação importante da direcção da SPC.
Como membro integrante da direcção cessante não posso deixar de salientar a importância que tiveram na
organização desta reunião, e em geral na vida da SPC dos últimos anos, alguns que, não fazendo parte das listas
candidatas ao próximo mandato, não integrarão os corpos sociais que vão assumir funções no 30º congresso. Para
eles, o agradecimento sincero de todos os sócios da SPC reconhecendo o papel fundamental que a vários níveis
tiveram.

Muito Obrigado

Página da SPC
10
ARTIGO ORIGINAL

Cirurgia “Fast-Track no Colon:


Resultados de um Estudo Piloto
J. P. Silva1, L. Miranda2, R. Valente2, S. Cabral 3, A. Bastos4,
T. Sousa4, D. Gomes1, A. Sousa1 & L. Santos1

1Serviço de Oncologia Cirúrgica, 2Anestesiologia, 3Nutrição,


4Enfermagem do Instituto Português de Oncologia, EPE, Porto, Portugal

ABSTRACTO

Objectivos: Estudar a viabilidade da aplicação do modelo da cirurgia “fast track” em doentes portadores com neoplasia do cólon e
submetidos a cirurgia radical.
Material e métodos: Estudo piloto, prospectivo, que decorreu entre Novembro de 2007 e Junho de 2008, período no qual foram
operados, por laparotomia, 30 doentes portadores de neoplasia do cólon. As variáveis estudadas incluíram: características demográfi-
cas; tipo de tumor; ASA; P-POSSUM; tipo e duração da cirurgia; controlo da dor, complicações pós-operatórias; duração do inter-
namento e a satisfação global do doente.
Resultados: Dos 30 doentes estudados, 16 doentes eram do sexo masculino, 70% tinha mais que 60 anos (Min. 40; Max. 77 com
uma mediana de 70 anos); 30% tinha um Índice Massa corporal (IMC) Maior ou igual a 30 (Min.: 20,09; Max.: 43,75; Med.: 28,32).
21 doentes apresentavam co-morbilidade associada, sendo a HTA a mais prevalente. 90% dos doentes foram classificados como ASA
II e segundo a avaliação pelo P-POSSUM uma morbilidade média prevista de 27,56% e uma mortalidade média prevista de 1,53%.
Em 40% dos casos o tumor estava localizado no cólon sigmoide. Num doente não se conseguiu colocar o cateter epidural torácico defi-
nido. A média de duração da cirurgia foi de 99,5 minutos (Min.: 50; Max.:150 min.). 66,7% (20 doentes) nunca apresentaram vómi-
tos no pós-operatório e em 64% dos doentes a dor esteve sempre controlada; 50% dos doentes tiveram alta ao 3º dia pós-operatório e
os restantes até ao 5º dia pós-operatório; 2 doentes foram reinternados e um deles foi reoperado por deiscência da anastomose
(pT3N2M0). A maior parte dos doentes (12) foi estadiado como pT3N0M0. O mínimo de gânglios isolados foi de 4 e o máximo de
60 (mediana de 18).
Conclusão: Este estudo piloto revela que o protocolo “Fast-Track” na cirurgia colorectal é viável e permite tempos de internamento
de 3 a 5 dias. Este protocolo é uma opção a ter em conta no tratamento cirúrgico do cancro do cólon.

INTRODUÇÃO tos mais recentes das técnicas anestésicas e analgési-


cas, da cirurgia minimamente invasiva e do suporte
Os programas de aceleração da convalescença pós- nutricional peri-operatório, de maneira a reduzir a
cirúrgica conhecidos como programas “fast-track” ou morbilidade, acelerar a recuperação e consequente-
ERAS (“Enhanced Recovery After Surgery”), são pro- mente reduzir o tempo de internamento dos doentes
gramas multimodais que combinam os conhecimen- cirúrgicos. (1,2).

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):11-19


11
Após a cirurgia electiva do cólon com o programa radical, por laparotomia, no Serviço de Oncologia
de reabilitação tradicional o tempo médio de interna- Cirúrgica do Instituto Português de Oncologia, EPE –
mento situa-se entre os 6 e 10 dias na ressecção do Porto (IPO – Porto) e avaliou-se a morbilidade peri-
cólon por laparotomia ou mesmo quando a aborda- operatória até aos 30 dias com este programa.
gem é laparoscópica. A morbilidade da cirurgia colo-
rectal electiva varia entre os 15 e 20% (3). As principais
razões do internamento prolongado e morbilidade MATERIAIS E MÉTODOS
após a cirurgia do cólon são: hipotermia intra-opera-
tória, sobrecarga hídrica, reacção de stress pós-trau- Entre Setembro e Outubro de 2007 no IPO - Porto
mática, dor, imobilização, íleo pós-operatório, nutri- foi elaborado, após parecer positivo da Comissão de
ção entérica tardia, náuseas e vómitos pós-operatórios. Ética local e com o acordo com os Serviços de Cirurgia
Menos de 50% dos cirurgiões europeus providen- Oncológica, Anestesiologia, Enfermagem e de Nutri-
ciam aos seus doentes nutrição precoce após a cirurgia ção, um protocolo “fast-track” para doentes portadores
abdominal e só 66% dos médicos europeus utiliza de neoplasia colorectal com indicação cirúrgica, no sen-
analgesia epidural após uma cirurgia abdominal major. tido de se realizar um estudo piloto. (Tabela 1)
Vários estudos demonstraram que o programa “fast- Os critérios de inclusão e exclusão específicos estão
track” associado à cirurgia colorectal reduziu o tempo condensados na Tabela 2. Este protocolo foi também
de internamento para 2-3 dias sem aumentar a taxa de apresentado a todos os enfermeiros que iriam prestar
complicações (4,5). os cuidados de enfermagem aos doentes seleccionados.
O programa “fast-track” engloba vários aspectos, O estudo decorreu entre Novembro de 2007 a
nomeadamente, a informação ao doente, ausência de Junho de 2008 tendo sido operados, por laparotomia,
preparação intestinal, ausência de pré-medicação seda- 30 doentes.
tiva, ausência de jejum pré-operatório (promove a Os doentes foram informados oralmente e por
ingestão de líquidos ricos em carbohidratos até duas escrito das vantagens e desvantagens do conceito “fast-
horas antes da cirurgia), anestesia epidural com anes- track” e do protocolo cerca de uma semana antes da
tésicos locais, restrição de fluidoterapia endovenosa cirurgia, altura em que também recebiam um folheto
peri-operatória, cirurgia minimamente invasiva informativo relativo à dieta a seguir no período peri-
(pequenas incisões na laparotomia ou cirurgia lapa- operatório (dieta pobre em resíduos). O consenti-
roscópica), controle da dor com analgésicos não opiá- mento para a inclusão no estudo era obtido após esta
ceos, a não utilização por rotina de drenos e sondas informação.
nasogásticas, remoção precoce da algália, uso de laxan- A avaliação peri-operatória e o seguimento até ao
tes e procinéticos, mobilização e alimentação pós-ope- 30º dia pós-operatório foram realizados pelo mesmo
ratória precoces. cirurgião.
Para o sucesso destes programas contribui de forma No dia de admissão, dia da cirurgia (cerca de 2
significativa o doente, já que este é parte activa na horas antes da cirurgia) e 1º dia pós-operatórios foi
recuperação, assim, a informação detalhada ao doente utilizada a solução oral preOp® (Nutricia) como
de todo o protocolo antes da cirurgia é fundamental. suplemento rico em carbohidratos. Além disso, no dia
Para a introdução deste programa no nosso centro, foi da cirurgia (cerca de 5 horas após), os doentes inge-
recomendada a realização de um estudo piloto que riam 2 suplementos nutricionais orais de alto valor
avaliasse a sua exequibilidade e morbilidade. energético (Nutridrink® – Nutricia).
Assim, estudou-se a viabilidade de aplicação do O protocolo de analgesia recorria à administração
modelo da cirurgia “fast track” em 30 doentes porta- epidural torácica de ropivacaina mais sufentanil e para-
dores de neoplasias do cólon e submetidos a cirurgia centamol endovenosos.

J. P. Silva, L. Miranda, R. Valente, S. Cabral, A. Bastos, T. Sousa, D. Gomes, A. Sousa, L. Santos


12
Tabela 1 – Protocolo “Fast-track”

Fase pré- 1º Dia pós- 2º Dia pós-


Dia da admissão Dia da cirurgia 3º Dia pós-operatório
-operatória -operatório -operatório
• Selecção dos • Enema às 18h • Enema de limpeza às • 4 unidades de • Remove Cateter • Critérios de alta incluem
doentes 7h preOp® epidural controlo da dor, deambulação,
durante o dia tolerância da dieta
• Avaliação do • Última refeição sólida • 2 Unidades de • Dieta mole • Inicia Parecoxibe • Se cumprir critérios tem alta
risco cirúrgico às 21h30 (pobre em preOp® , 2 horas pobre em endovenoso e com paracetamol e AINE
resíduos) antes da cirurgia resíduos paracetamol oral
• Informação oral e • 2 Unidades de • Lactato de Ringer a • Remove algália • Dieta ligeira pobre • Motivos que podem a
escrita do preOp® às 22h 63ml/h em resíduos regressar: dor não controlada,
protocolo febre persistente, náuseas e
vómitos persistente e paragem
de emissão de gases e fezes
mais de 2 dias
• Consentimento • Bromazepan 3mg oral • Protocolo de • Suspende • Expandir
informado às 22h antibioterapia na soros mobilização (mais
indução (cefazolina e de 8 oras fora da
metronidazol cama)
• Marcação da • Colocação de cateter • Inicia laxante
cirurgia epidural (T6-T10) e (Hidróxido de
infusão de magnésio
ropivacaina e 15ml, duas
sufentanilo vezes por dia)
• Início de dieta • Uso profilático de • Expandir
pobre em Ondansetron no mobilização
resíduos 1 término da cirurgia (mais de 6
semana antes da horas fora da
cirurgia cama)
• Retirada da SNG no
fim da cirurgia
• Não usar por hábito
drenos
• Água e chá 2h após a
cirurgia
• 2 unidades de
Nutridrink® 5 horas
após a cirurgia
• Infusão de
1500ml/dia de
Lactato de Ringer
• Mobilização para
cadeirão à noite (2h)
• Dieta líquida pobre
em resíduos ao
jantar

AINE – Anti-inflamatório não esteroide

Cirurgia fast-track no colon: resultados de um estudo piloto


13
Tabela 2 – Critérios de inclusão e exclusão No primeiro grupo de 15 doentes, foi utilizado um
elastómero (DIB Baxter®) com um débito fixo
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO (10ml/hora). No segundo grupo de 15 doentes utili-
• Idade entre os 30 e 80 anos (inclusivé) zou-se um elastómero que permitia débitos variáveis
• Neoplasias colorectais, incluindo cancro do cólon e rectosig- de 5, 7 e 12 ml/hora. No caso de não se colocar o cate-
moideu (acima dos 15 cm) e preferencialmente limitadas ao ter epidural, recorreu-se à administração de morfina
intestino sem haver evidência de doença à distância ou inva- endovenosa (“Patient Controlled Analgesia” – PCA).
são de orgãos adjacentes A dor foi avaliada com uma escala analógica visual
• ASA I-III (VAS – 1 a 10) utilizada pela Unidade de Dor Aguda.
• Sem alterações psico-motoras incapacitantes
Todos os doentes foram contactados telefonica-
• Consentimento informado
mente ao quinto dia e trigésimo dia do pós-operatório.
• Habitação ou estadia durante o período do estudo na região
Ao décimo e décimo-quinto dia do pós-operatório
do Grande Porto
foram observados pelo cirurgião e anestesista respon-
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO sáveis do estudo, na sala de pensos e na consulta de
• Idade superior a 80 anos Grupo Multidisciplinar da Unidade de Patologia
• ASA IV Digestiva, respectivamente.
• Necessidade de colostomia Após o 30º dia de pós-operatório todos os doentes
• Cirurgia de urgência (estenose vs hemorragia) foram contactados telefonicamente para responder a
• Alterações psico-motoras incapacitantes um inquérito de satisfação (Tabela 3).
• Contraindicação para a colocação de cateter epidural A análise descritiva dos dados foi realizada para
todas as variáveis incluídas no estudo. Estudaram-se as
características epidemiológicas da população em
estudo, as características do tumor, o impacto da clas-
sificação ASA e P-POSSUM no pós- operatório, o
Tabela 3 – Inquérito de satisfação do doente tipo de cirurgia e de anastomose intestinal, a duração
da cirurgia, as complicações per-operatórias, a dura-
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO GLOBAL DO DOENTE ção do internamento e a satisfação global do doente.
• Teve dificuldade em tolerar a dieta pobre em resíduos? (0-10) Esta foi realizada com o apoio do programa específico
–A SPSS v. 13 (SPSS, Chicago, III, USA).
• Teve dificuldade em tolerar os suplementos orais no pós-ope-
ratório? (0-10) – B
• Considera que a dor no pós-operatório esteve controlada ou
RESULTADOS
não? (0-10) – C
• Tendo tido a experiência da preparação intestinal prévia
Os dados epidemiológicos da amostra estão conden-
aquando da realização da colostomia, consideraria para si difí-
sados na Tabela 4. Trinta doentes consecutivos foram
cil a repetição da preparação intestinal? (0-10) – D
• Sentiu dificuldade em ter iniciado a dieta no próprio dia da
submetidos a colectomia segmentar radical, sendo a
cirurgia? (0-10) – E maioria do sexo masculino (53,3%) e com idade supe-
• Após ter passado pelo protocolo de cirurgia “Fast-Track”, qual rior a 60 anos (70%). Em 30 doentes, 30% tinham um
o seu grau de satisfação na globalidade? (0-10) – F Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30. Só um
• Voltaria a entrar no protocolo de cirurgia “Fast-Track” se lhe doente apresentava história pessoal de cancro, nomea-
propusessem? (Sim ou Não) damente cancro do útero, mas 7 doentes (23,3%) refe-
riram história familiar de cancro colorectal. Nenhum
0 – Sem 10 – Muito doente mencionou hábitos alcoólicos e só 6,7% ingeria

J. P. Silva, L. Miranda, R. Valente, S. Cabral, A. Bastos, T. Sousa, D. Gomes, A. Sousa, L. Santos


14
Tabela 4 – Dados epidemiológicos Tabela 5 – Dados relacionados com a cirurgia

Idade – mediana (Min.-Max.) 70 anos (40-77) Tipo de Cirurgia


IMC (kg m-2) – mediana (Min.-Max.) 28,3 (20,09-43,75) ⇒ Hemicolectomia direita 8
⇒ Hemicolectomia direita e colecistectomia 1
N.º de doentes
⇒ Hemicolectomia esquerda 4
Hábitos alcoólicos (Não/Mais que 2 bebidas por dia) 28/2
⇒ Colectomia do sigmoide 6
Hábitos tabágicos (Não/ Sim) 30/0
⇒ Colectomia do sigmoide e Implantofix 1
Alterações do trânsito intestinal
⇒ Colectomia do sigmoide e cistectomia parcial 1
⇒ Regular 20
⇒ Ressecção anterior do recto-sigmoide alta 9
⇒ Obstipado 6
Tipo de anastomose
⇒ Mais que 2 dejecções diárias 4
⇒ Mecânica 30
História pessoal de cancro (Não/Sim) 29/1
⇒ Manual 0
História familiar de cancro colorectal (Não/Sim) 23/7
Tipo de incisão
Co-morbilidades
⇒ Vertical mediana 17
⇒ Sem 9
⇒ Horizontal supraumbilical 6
⇒ HTA isolada 7
⇒ Horizontal infraumbilical 7
⇒ HTA associada a dislipidemia ou obesidade 7
Tamanho da incisão – mediana (Min.-Max.) 14 cm (10-30cm)
⇒ HTA, Diabetes, Obesidade 2
Perdas hemáticas – mediana (Min.- Max.) 140cc (0-300cc)
⇒ Dislipidemia ou obesidade 5
Drenos intra-abdominais (Não/Sim) 29/1
Duração média da cirurgia – mediana
IMC – Índice de Massa Corporal; HTA – Hipertensão arterial
(Min.-Max.) 100 min (50-150)

Tabela 6 – Classificação de risco cirúrgico


mais de 2 bebidas alcoólicas por dia. 33,3% apresentava e nível de introdução do cateter epidural
alterações do trânsito intestinal (20% com tendência
para a obstipação e 13,3% com mais de duas dejecções Classificação ASA
diárias). Só 30% dos doentes não apresentava comorbi- ⇒ ASA I 2
lidade associada, sendo a hipertensão arterial (HTA) iso- ⇒ ASA II 27
lada ou associada a mais prevalente (16 casos). ⇒ ASA III 1
Os dados relacionados com a cirurgia estão resumi- P-POSSUM
dos na Tabela 5. A maior parte dos tumores primários ⇒ Score Fisiológico – mediana (Min.-Max.) 17 (12-30)
⇒ Score de Severidade Operatória – mediana
estava localizada no cólon sigmoide (40%). As duas
(Min.-Max.) 11 (8-17)
operações mais frequentes foram a ressecção anterior
⇒ Morbilidade prevista (%) – mediana
do rectosigmoide (30%) e a colectomia do sigmoide
(Min.-Max.) 23,52 (11,01-64,6)
(26,7%). Em todos os casos a anastomose intestinal ⇒ Mortalidade prevista (%) – mediana
foi mecânica. Em 56,7% dos casos realizou-se uma (Min.-Max.) 1,03 (0,41-6,95)
incisão vertical mediana. A mediana do tamanho dessa Nível de introdução do cateter epidural
incisão foi de 14 cm (Min.- 10cm e Max.- 30cm). Em ⇒ T6 1
96,7% dos casos não se deixaram drenos intra-abdo- ⇒ T7 5
minais. A mediana das perdas sanguíneas intraopera- ⇒ T8 11
tórias foi de 140 cc (Mínimo de 0 e Max. de 300 cc). ⇒ T9 7
A duração média da cirurgia foi de 100 minutos (Min. ⇒ T10 5
50 min e Max. de 150 min). ⇒ Falência na introdução 1

Cirurgia fast-track no colon: resultados de um estudo piloto


15
Tabela 7 – Aspectos nutricionais Tabela 8 – Dados relacionados com o tumor

Tolerância de dieta pobre em resíduos na semana antes Localização do tumor primário


da cirurgia (sim/não) 30/0 ⇒ Cego 1
Tolerância do preOp® antes da cirurgia (sim/não) 29/1 ⇒ Cólon ascendente 8
Tolerância de água e chá 2 horas após a cirurgia (sim/não) 26/4 ⇒ Cólon descendente 4
Tolerância da dieta líquida ao jantar do dia da cirurgia ⇒ Cólon sigmoide 12
(sim/não) 24/6 ⇒ Transição rectosigmoideia 5
Estadiamento pós-operatório
⇒ Lesão pré-neoplásica 2
⇒ T1N0M0 1
Na Tabela 6 estão resumidos os factores relacionados ⇒ T2N0M0 4
com a classificação de risco cirúrgico e nível de intro- ⇒ T3N0M0 12
dução do cateter epidural. 90% dos doentes foram ⇒ T3N1M0 6
classificados como ASA II. Segundo o P-POSSUM, a ⇒ T3N2M0 4
mediana da morbilidade prevista foi de 23,52 e a ⇒ T3N1M1 1
mediana da mortalidade prevista foi de 1,03. Em
36,7% dos caso o cateter epidural foi colocado em T8 Gânglios isolados – mediana (Min.-Max.) 18 (4 – 60)
e só num doente não se conseguiu introduzir o mesmo
por razões técnicas.
Os aspectos nutricionais estão resumidos na Tabela grupo de 15 doentes, que usaram um elastómero (DIB
7. Todos os doentes realizaram dieta pobre em resí- Baxter®) de débito fixo, 6 destes apresentaram hipo-
duos uma semana antes da cirurgia. tensão pós-operatória o que motivou a sua remoção
Só um doente não tolerou o preOp® antes da cirur- em dois dos doentes apesar das medidas tomadas
gia. 90% dos doente toleraram água e chá 2 horas após (coloides e/ou vasopressores). Nos 15 doentes opera-
a cirurgia e 80% toleraram a dieta líquida à noite. dos posteriormente adoptou-se um elastómero de
Todos os doentes toleraram a dieta do 1º dia pós-ope- débito variável (5, 7 e 12 ml/hora) e nenhum dos
ratório. doentes apresentou hipotensão pós-operatória.
Na Tabela 8 estão condensados os dados relaciona- A maior parte dos doentes (67%) não referiu náu-
dos com o tumor. O cólon sigmoide foi a localização seas ou vómitos no pós-operatório e dos restantes só
mais frequente do tumor primário em 12 casos. Rela- 6% os referiu até ao 2º dia pós-operatório.
tivamente à classificação por estádios no pós-opera- Em relação à dor, 64% dos doentes teve a dor bem
tório, a maior parte das neoplasias era T3N0M0 – controlada, 13% apresentou uma dor moderada
estádio II (40%), havendo ainda a referenciar 2 lesões (escala de dor 4-6) em algum período do pós-opera-
pré-neoplásicas e um doente com metastização hepá- tório e 23% apresentou dor forte (escala de dor 6-10).
tica. Só em 4 doentes foi necessário remover o cateter
A mediana dos gânglios isolados foi de 18 (Min. -4; epidural antes do 2º dia pós-operatório, por analgesia
Max. – 60). Os dois casos com 4 e 5 gânglios isolados, não eficaz ou hipotensão refractária.
corresponderam aos doentes operados a lesões pré- No dia da cirurgia, 50% dos doentes não referiram
neoplásicas (pólipos de grandes dimensões). nem apresentaram qualquer queixa ou complicação,
Os dados relacionados com a evolução e complica- 20% tiveram dor mal controlada e 20% náuseas ou
ções pós-operatórias estão resumidos na Tabela 9. Em vómitos. No 1º dia pós-operatório, 50% dos doentes
20% dos doentes verificou-se hipotensão sustentada mantiveram-se sem queixas, sendo a dor mal contro-
no período pós-operatório. Se analisarmos o primeiro lada e as náuseas e vómitos as queixas principais, nos

J. P. Silva, L. Miranda, R. Valente, S. Cabral, A. Bastos, T. Sousa, D. Gomes, A. Sousa, L. Santos


16
Tabela 9 – Dados relacionados com a evolução tinal com fezes. Num doente o intestino só funcionou
e complicações pós-operatórias para fezes ao 5º dia e em 2 casos ao 8º dia.
A algália foi removida em 83,3% dos doentes no 1º
Hipotensão pós-operatória (Sim/Não) 6/24
dia pós-operatório.
Náuseas ou vómitos
⇒ Não 20
Metade dos doentes tiveram alta ao 3º dia pós-ope-
⇒ Só no dia da cirurgia 3 ratório, 33% ao 4º dia e os restantes 17% ao 5º dia.
⇒ No dia e no 1º dia pós-operatório 5 Complicações após alta hospitalar e até ao 30º dia
⇒ Até ao 2º dia pós-operatório (inclusive) 2 pós-operatório foram observadas em 6 doentes (2
Dor controlada infecções da ferida operatória, 1 seroma pericicatricial
⇒ Sim 19 e um caso de epigastralgias e vómitos). Um doente teve
⇒ Não (até às 48 horas pós-operatórias) 9 abdómen agudo, tendo sido relaparotomizado, cons-
⇒ Não (após as 48 horas pós-operatórias) 2 tatando-se deiscência da anastomose colorectal; foi rea-
Funcionamento do intestino para fezes lizada colostomia e teve alta bem, 7 dias após a rein-
⇒ 1º dia pós-operatório 2 tervenção. Foi internado um doente com a suspeita
⇒ 2º dia pós-operatório 14
clínica de abcesso intra-abdominal; esta não se confir-
⇒ 3º dia pós-operatório 9
mou e teve alta após 5 dias de reinternamento.
⇒ 4º dia pós-operatório 2
Ao 30º dia pós-operatório, 28 doentes não apre-
⇒ 5º dia pós-operatório 1
⇒ 8º dia pós-operatório 2
sentaram qualquer queixa ou complicação, e apenas
Retirada da algália dois doentes referiram diarreia e falta de apetite.
⇒ 1º dia pós-operatório 25 No Gráfico 1 estão esquematizadas as respostas obti-
⇒ 3º dia pós-operatório (por retenção urinária) 3 das (A a F) no inquérito telefónico sobre a satisfação
⇒ 4º dia pós-operatório (por obstrucção) 1 do protocolo realizado a todos os doentes do estudo
⇒ 12º dia pós-operatório (por cistectomia parcial (Tabela 3).
associada à cirurgia cólica) 1 Todos os doentes manifestaram vontade de entrar
Dia da alta do pós-operatório novamente no protocolo se lhe propusessem.
⇒ 3º dia 15
⇒ 4º dia 10
⇒ 5º dia 5
DISCUSSÃO
Complicações
⇒ Ausência 24
O presente estudo piloto revelou que no nosso hos-
⇒ Minor
• Infecção da ferida operatória 2
pital o programa “Fast-Track é realizável e não acres-
• Seroma subcutâneo (aspirado) 1 centa morbilidade. Nos primeiros 15 doentes que usa-
• Epigastralgias e vómitos 1 ram elastómeros (DIB Baxter®) de débito fixo
• Suspeita de abcesso intra-abdominal 1 (10ml/hora) tiveram episódios de hipotensão arterial
⇒ Major sustentada, o que não se verificou nos restantes doen-
• Deiscência da anastomose colorectal 1 tes que beneficiaram de elastómeros de débito variável
(5, 7 e 12 ml/h). Estes últimos devem ser os elastó-
meros a utilizar. Porém, observou-se neste último
restantes. No 2º dia pós-operatório 80% dos doentes grupo de doentes referências a uma analgesia menos
não referia qualquer queixa ou sintoma. eficaz, quando se iniciava por um débito menor. Assim
Em 63,3% dos doentes o intestino funcionou para o protocolo de analgesia deve ser optimizado. De real-
gases no 1º e 2º dias de pós-operatório e em 83,3%, çar, no entanto, que o plano de contingência previsto
após os 3 dias de pós-operatório, houve trânsito intes- no caso de dor pouco controlada foi eficaz. Registá-

Cirurgia fast-track no colon: resultados de um estudo piloto


17
Gráfico 1 – Avaliação da satisfação global do doente

mos que alguns doentes tiveram dificuldade em tole- de surgir algum imprevisto que ponha em causa a
rar os suplementos nutricionais no pós-operatório. progressão do protocolo.
Este facto merece também reformulação do protocolo. Os cuidados peri-operatórios cirúrgicos, anestésicos
Somos de opinião que o preOp® prescrito no 1º dia e nutricionais clássicos, em doentes portadores de neo-
de pós-operatório do protocolo testado deve ser reti- plasia colorectal, incluem geralmente preparação intes-
rado. Após inquérito de satisfação, os doentes mani- tinal mecânica, recurso a sonda nasogástrica até trân-
festaram que se tivessem que se submeter de novo a sito intestinal restabelecido (motivando jejum prolon-
cirurgia colorectal adeririam de novo a este programa. gado), a drenos abdominais, a algaliação, bem como o
A implementação de um programa multimodal de recurso a opiáceos no controlo da dor e a mobilização
“fast-track” em doentes propostos para cirurgia colo- do doente é, por vezes, tardia.
rectal requer uma equipa motivada e dedicada, cen- Na Europa as taxas médias de complicações após a
trada sempre no doente, que toma parte activa na sua cirurgia colorectal electiva variam entre 15-20% e o
recuperação, envolvendo sempre o cirurgião, o anes- tempo de internamento varia entre 6-10 dias (3). No
tesiologista, o nutricionista e o enfermeiro. Não é entanto, estes valores podem chegar aos 35% de taxa
possível obter o sucesso desejado, sem a informação média de complicações após a cirurgia e, o tempo de
detalhada do programa ao doente, sem a formação internamento pós-operatório pode atingir os 20 dias
dos enfermeiros que cuidam do doente e sem o após ressecção cólica (8-11). Este facto, tem motivado
conhecimento profundo e detalhado por parte de distintas abordagens.
toda a equipa envolvida do protocolo implementado Estudos clínicos prospectivos recentes mostraram que
(“clinical pathways”). As vantagens de trabalhar com uma abordagem multimodal no período peri-operató-
um protocolo é que não há dúvidas quanto ao rio, que inclui curtos períodos de jejum, controlo agres-
momento da introdução e progressão da dieta, da sivo da dor, ausência de preparação intestinal mecânica,
remoção da algália, do cateter epidural e da mobili- permite recuperações mais rápidas dos doentes cirúrgicos
zação, existindo planos de contingência no caso de e diminuição da morbilidade, nomeadamente nos doen-
dificuldades. É, importante, que um elemento tes submetidos a cirurgia colorectal, com resultados
médico da equipa seja facilmente contactável no caso sobreponiveis aos encontrados neste estudo (11-17).

J. P. Silva, L. Miranda, R. Valente, S. Cabral, A. Bastos, T. Sousa, D. Gomes, A. Sousa, L. Santos


18
CONCLUSÃO meiros e depende claramente da colaboração activa do
doente e do entusiasmo e dedicação de toda a equipa
A implementação de um programa “fast-track” na envolvida. Porém, recompensas como diminuição do
cirurgia colorectal é complexa, pois obriga a um tra- tempo de internamento, menor morbilidade e morta-
balho acrescido para os cirurgiões, anestesistas e enfer- lidade são conseguidas.

REFERÊNCIAS

1. Feara KC, Ljungqvist O, Von MM e al. Enhanced recovery after surgery: a consensus review of clinical care for patients undergoing colonic resection. Clin.
Nutr. 2005; 24: 466-477
2. Wilmore DW, Kehlet H. Manegement of patients in fast track surgery. Br. Med. J. 2001; 322:473-476.
3. Nikolaos Gouvos, Emile Tan, Alistair Windsor, E. Xynos, Paris P. Tekkis. Fast-track vs Standard Care in colorectal surgery: a meta-analysis update. Int. J. Colo-
rectal Disease (2009) 24: 1119-1131.
4. Kehlet H, Dahl J B. Anesthesia, surgery and challenges in post operative recovery. Lancet 2003; 363: 1921-28.
5. Kehlet H. Fast Track colorectal surgery. Lancet 2008; Vol 371; 791-793.
6. Kehlet H, Wilkimson K, Buchler M W, Beart R W. A survey of perceptions and atitudes towards the clinical impact and manegement of postoperative ileus.
Colorectal Dis. (2005), 7: 245-250.
7. W. Schwenk, J. Neudecker, W. Raue, O. Haase, J.M. Muller. Fast.track rehabilitation after rectal cancer ressection. Int J Colorectal Dis. (2006) 21: 547-553.
8. Staib L, Link KH, Blatz A, Beger HG. Surgery of colorectal cancer: surgical morbidity and five- and ten-year results in 2400 patients – monoinstitutional expe-
rience. World J. Surg. 2002; 26: 59-66.
9. Marush F, Koch A, Schmidt U et al. Prospective multicentre studies of colorectal carcinomas as comprehensive surgical quality assurance. Chirurg 2002; 73:
138-46.
10. Alves A, Panis Y, Mathieu P, Mantion G, Kwiatkowski F, Slim K. Postoperative mortality and morbidity in French patients undergoing colorectal surgery. Results
of a prospective multicenter study. Arch. Surg. 2005; 140: 138-46.
11. Marusch F, Gastinger I, Schneider C et al. Experience as a factor influencing the indications for laparoscopic colorectal surgery and the results. Sur. Endosc.
2001; 15: 116-20.
12. Kehlet H, Wilmore DW. Fast-track surgery. Br. J. Surg. 2005; 92: 3-4.
13. Kehlet H, Wilmore DW. Multimodal stratagies to improve surgical outcome. Am. J. Surg. 2002; 183: 630-41.
14. Anderson AD, McNaught CE, MacFie J, Tring I, Barker P, Mitchell CJ. Randomized clinical trial of multimodal optimization and standard perioperative sur-
gical care. Br. J. Surg. 2003; 90: 1497-504.
15. Basse L, Hjort Jakobsen D, Billesbolle P, Werner M, Kehlet H. A clinical pathway to accelerate recovery after colonic resection. Ann. Surg. 2000; 232: 51-7.
16. Stephen AE, Berger DL. Shortened length of stay and hospital cost reduction with implementation of an accelerated clinical care pathway after elective colon
resection. Surgery 2003; 133: 277-82.
17. Kehlet H, Mogensen T. Hospital stay of 2 days after open sigmoidectomy with a multimodal rehabilitation programme. Br. J. surg. 1999; 86: 227-30.
18. Delaney CP, Fazio vW, Senagore AJ, Robinson B, Halverson AL, Remzi FH. “Fast track” postoperative management protocol for patients with high co-mor-
bidity undergoing complex abdominal and pelvic colorectal surgery. Br. J. Surg. 2001; 88: 1533-8.

Autor de contacto
DR. JOSÉ PEDRO SILVA
jpmsilva@netc.pt

Cirurgia fast-track no colon: resultados de um estudo piloto


19
Nota dos Editores
J. C. Mendes de Almeida

Venho por este meio assinalar a publicação deste artigo pois, apesar da metodologia empregue não ser isenta
de críticas, realça a importância de uma moderna abordagem ao período pós-operatório.
Esta nova estratégia para o fluxo de internamento cirúrgico em patologia colo-rectal, conhecida no passado
como “fast-track”, actualmente ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) – ( Eskicioglu, C., et al. “Enhanced
Recovery after Surgery (ERAS) Programs for Patients Having Colorectal Surgery: A Meta-analysis of Randomized
Trials.” J.Gastrointest.Surg. – 2009), permite uma drástica diminuição dos tempos de internamento pós-opera-
tório, com uma substancial redução tanto do incómodo para os doentes como dos custos associados à interven-
ção cirúrgica.
Presentemente, podemos afirmar que, se não incluir os doentes num protocolo ERAS, a cirurgia colo-rec-
tal está desactualizada face aos padrões actuais. A aplicação desta estratégia deve ser feita independentemente da
via de acesso utilizada. No caso específico de uma abordagem laparoscópica, esta não fará qualquer sentido na
ausência de um programa de recuperação pós-operatória desta natureza.
Assim, temos que realçar esta publicação, pois servirá seguramente de veículo de divulgação desta estraté-
gia no nosso meio cirúrgico.

31 de Janeiro de 2010.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):20


20
ARTIGO ORIGINAL

The Potential of Bone Marrow Stem Cells


(BMSC) in Liver Regeneration
Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
Department of HPB Surgery, Hammersmith Campus, Imperial College London, UK.

ABSTRACT

Background: Recent advances in regenerative medicine, including haematopoietic stem cell (HSC) transplantation have brought
hope for patients with liver cirrhosis who await transplantation due to the shortage of organ donors. This article focuses on the poten-
tial of bone marrow stem cells (BMSCs) in the management of liver disease and the unresolved issues regarding their role. We also out-
line the different mechanisms by which stem cells may impact on liver disease.
Methods: Medline searches using the keywords ‘liver disease’, ‘stem cells’, ‘transplantation’ and ‘regenerative medicine’ limited to
the years 1990 to the present.
Discussion: New findings in adult stem cell biology are transforming our understanding of tissue repair raising hopes of successful
regenerative hepatology. Although all clinical trials to date have shown some improvement in liver function and CD34+ cells have been
used safely for BM transplantation for over 20 years, only randomised controlled clinical trials will be able to fully assess the potential
clinical benefit of adult stem cell therapy for patients with liver insufficiency.

Key words: Liver disease; Stem cells; Transplantation; Regenerative Medicine; Immunosuppression

INTRODUCTION the rise in deaths from cirrhosis amongst younger peo-


ple where binge-drinking patterns appear to be com-
The liver has a variety of functions including the mon. In the year 2000, cirrhosis accounted for nearly
synthesis of plasma proteins, the production and secre- 500 deaths in men aged between 25-44 years and
tion of bile, and the biotransformation and excretion nearly 300 deaths in women in the same age group in
of endogenous metabolic products [3]. It is essential to the UK [4].
the metabolism of protein, carbohydrate and fat, plays At present orthotopic liver transplantation is the
a major role in energy haemostasis and is important only therapeutic option for patients with acute and
in drug metabolism. Although it has a remarkable chronic ESLD. Liver transplantation, however, has the
capacity to regenerate in response to injury, in severe disadvantage of requiring lifelong immunosupression
cases its regenerative capacity may prove insufficient and follow-up, with 10-15% of patients dying whilst
and the liver injury may progress to end stage liver dis- on the waiting list due to the shortage of donated
ease (ESLD) and subsequent liver failure. Recently, organs [5], highlighting the need for research into
large rises in death rates from chronic liver disease have alternative methods of treatment. Hepatocyte trans-
occurred in most age groups. Of particular concern is plantation has been suggested as an alternative to liver

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):21-29


21
transplantation, especially for hepatic disorders caused INDICATIONS FOR STEM CELL THERAPY IN
by inherited protein deficiency [6]. The widespread LIVER DISEASE
application of hepatocyte transplantation, however, is
also limited by organ availability, by problems with There are three broad groups of liver disease that
viability of isolated hepatocytes after cryopreservation can potentially benefit from cell therapeutic options.
and by the potential formation of hepatocyte aggre- The first, fulminant hepatic failure is characterised
gates during injection obstructing liver sinusoids by rapid failure of the liver and death if not treated
resulting in portal hypertension or fatal emboli. with an urgent liver organ transplant. Cell thera-
Recent advances in the understanding of stem cell peutic trials for fulminant hepatic failure in the form
biology and plasticity have raised expectations for of liver cell transplants have shown moderate suc-
using stem cells as new cellular therapeutics in regen- cess [15], whilst bioartificial livers that use stem cells
erative medicine. Although stem cell therapy is not as opposed to hepatoma cell lines or porcine hepa-
considered classically within the realm of clinical med- tocytes, are currently undergoing clinical trials as an
icine, this technology will become increasingly impor- alternative in patients awaiting organ transplanta-
tant for clinicians in the future. Much of the interest tion [16].
in stem cell research has centred on embryonic stem The second, chronic liver disease is characterised by
(ES) cells because of their high plasticity. Their use in simultaneous liver regeneration and fibrosis resulting
clinical therapy, however, remains controversial for in end-stage cirrhosis. Cirrhosis is thought to be an
ethical reasons, and there are concerns with tumori- inhibitor of cell engraftment via altered cytokine
genicity when introduced in vivo following the obser- milieu for any form of cell therapy, whether using
vation of teratomas developing in Severe Combined hepatocytes for transplantation or stem cells.
Immunodeficiency (SCID) mice when injected sub- Finally, metabolic liver diseases are characterised by
cutaneously [7]. Adult stem cells from bone marrow an inherited defect of a specific hepatic enzyme result-
(BM), however, are well characterised and have been ing in the build up of harmful toxic metabolites. The
used therapeutically for some time [8]. function of the rest of the liver, however, remains nor-
The BM compartment is largely made up of mal. In some metabolic liver diseases, the pathology
haematopoietic stem cells (HSC), committed progen- occurs extrahepatically, thus total replacement of the
itor cells and non circulating stromal cells called mes- liver is not required. Metabolic liver diseases are ideal
enchymal stem cells (MSC) which have the ability to targets for the development of cell therapeutic pro-
develop into mesenchymal lineages [9, 10]. Haema- grams, as only a small number of functional donor
topoietic stem cells are adult stem cells that can be cells can potentially result in disease correction
identified by their ability to differentiate into all blood through single enzyme replacement [17].
cell types and reconstitute the haematopoietic system
in a host that has been lethally myelo-ablated [11]. It
was previously thought that adult stem cells were lin- ROLE OF BONE MARROW STEM CELLS (BMSCS)
eage restricted, but recent studies have shown that IN LIVER REPAIR
BM-derived progenitors participate in the regenera-
tion of ischaemic myocardium [12], damaged skeletal One of the first demonstrations of the ability of
muscle [13] and neurogenesis [14], in addition to BMSCs to reconstitute liver was reported by
haematopoiesis. This article focuses on the potential Petersen and colleagues in 1999. Lethally irradiated
of HSC in the management of liver disease, concen- female rats with induced hepatic injury and treated
trating on experimental models in animal and human with 2-aminoacetylfluorine to prevent hepatic pro-
tissue along with the current status of clinical trials. liferation, were rescued using bone marrow trans-

Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
22
plants from syngeneic males. The Y-chromosome MECHANISM OF HEPATOCYTE REGENERA-
markers dipeptidyl peptidase IV enzyme (DPPIV) TION
and L21-6 antigen were used to identify liver cells
of BM origin. This cross-sex model allowed the There is much controversy concerning the mecha-
identification of male liver cells in the female rats’ nism by which BMSCs contribute to hepatocyte
livers indicating that BM-derived HSCs have the regeneration or to liver repair. Transdifferentiation into
capacity to transdifferentiate into hepatocytes [18]. hepatocytes represents genomic plasticity in response
Similar sex-mismatched experiments in mice by to the microenvironment and has been shown in sev-
Theise et al (2000) demonstrated the presence of Y eral experiments in vivo [23-25]. However, some
chromosome positive hepatocytes in lethally irradi- authors have proposed that conversion to hepatocytes
ated female mice following BM transplants from may occur via cell fusion [1, 2].
males. In this study no liver injury was induced, The so-called ‘bystander effect’ is postulated to be
supporting the theory that marrow-derived HSCs due to factors secreted by BMSCs that are chemo-
can differentiate into hepatocytes in the absence of attracted to the site of injury, leading to the stimula-
acute liver injury [19]. tion of mitosis of endogenous liver cells. This mecha-
Although evidence of transdifferentiation to hepa- nism is thought to recruit endogenous BM for cardiac
tocytes is compelling from animal studies, few have repair following myocardial infarction following
examined this possibility in humans. Alison and asso- administration of granulocyte colony-stimulating fac-
ciates (2000) detected Y-chromosome positive cells in tor (G-CSF) [26].
a retrospective analysis of the livers of 9 female recip- Other possible explanations for target organ regen-
ients of bone marrow transplants from male donors. eration and improvement in function include facili-
Cells were confirmed as being hepatocytes due to their tating the release of vascular endothelial growth factor
expression of cytokeratin-8 [20]. The authors also (VEGF) by stem cells, thus increasing the blood sup-
looked for the presence of Y-chromosome-positive ply to cells and helping to repair damaged tissue [27].
cells in 11 female livers transplanted to male recipi- Stem cells may also act by up-regulating the Bcl-2 gene
ents that were later removed due to recurrent disease, and suppressing apoptosis [28] or by suppressing
finding a number that expressed cytokeratin-8 (0.5%- inflammation in the diseased organ via the inter-
2%). This confirmed that circulating extra-hepatic leukin-6 (IL-6) pathway [29]. Both these processes are
stem cells colonise the liver [20]. Thiese et al (2000) thought to contribute to the regeneration of normal
have also reported their analysis of archival autopsy cells in the damaged organ. Finally, HSCs may stim-
and biopsy specimens from female recipients of male ulate tissue specific stem cells, such as oval cells in the
donor bone marrow transplants and male recipients liver, facilitating regeneration of the target organ [30].
of female livers. Marrow-derived cell engraftment in
the livers ranged between 4 and 40%. The study
demonstrated that hepatocytes and cholangiocytes can ANIMAL DATA SUPPORTING BMSC TREATMENT
be obtained from extrahepatic circulating stem cells, OF LIVER DISEASE
probably of BM origin in humans [21]. Finally, Kor-
bling and colleagues (2000) have reported that the fre- Jang and colleagues transplanted highly enriched
quency of hepatocytes generated from the BM of CD45+ HSCs into lethally irradiated mice treated with
recipients of sex-mismatched liver or BM transplants a single dose of carbon tetrachloride (CCl4) [25]. In
varies from 4% to 7% and appears to be unrelated to this model 7.6% of liver cells were of donor origin
both liver injury and to the time following transplan- within 7 days of transplantation. There was early ame-
tation [22]. lioration of liver disease with some improvement in

The potential of bone marrow stem cells (BMSC) in liver regeneration


23
liver function in transplanted mice compared to con- CLINICAL TRIALS OF BMSCS IN LIVER DISEASE
trols. The most promising study to date demonstrates
liver disease correction following transplantation of Pioneering cardiac clinical trials have stimulated the
enriched HSCs into fumarylacetoacetate hydrolase enthusiasm for stem cell therapies in other organs. The
(FAH)-deficient mice, an animal model of tyrose- delivery of marrow-derived cells into the coronary cir-
naemia type I [31]. Bone marrow from metabolically culation of humans has been reported to improve
competent donor mice was transplanted into a lethally blood flow and cardiac function in ischaemic
irradiated FAH-deficient mouse strain, resulting in the myocardium [35, 36]. The application of BM cell treat-
proliferation of large numbers of donor LacZ+ hepa- ment in hepatology is currently not as far advanced.
tocytes and restoration of liver biochemical function. Granulocyte colony-stimulating factor, when given to
Oyagi and associates have transplanted MSCs, increase circulating CD34+ cells in patients with cir-
induced to adopt hepatocyte phenotype in vitro, intra- rhosis of the liver, has shown inconsistent improve-
venously into non-irradiated CCl4-damaged recipients ment in liver function [37].
and observed both a rise in serum albumin and a his- A number of clinical trials have now been con-
tological decrease in hepatic fibrosis [32]. Similarly, ducted using BM-derived stem cells to assess the safety
Jiang et al. (2002) transplanted ROSA26 mouse mul- and feasibility of adult stem cell therapy. Our group
tipotent adult progenitor cells (MAPC) into non- conducted a phase I clinical trial of the infusion of
obese diabetic/severe combined immunodeficiency CD34+ cells into the portal vein or hepatic artery of
disease (NOD/SCID) mice sacrificing them 4–24 five patients with chronic liver disease with no adverse
weeks later. Recipient livers contained 5–10% donor effects [38]. Although these patients received relatively
cells co-localised with the hepatocyte markers CK18 low numbers of cells (2 x 106), a moderate improve-
and albumin. Since there was no noxious liver injury ment in serum bilirubin was seen in 3 of the 5 patients
creating a donor cell survival advantage, there was no which lasted for more than 18 months [39]. Our expe-
increase in the number of donor cells in the 6-month rience is in keeping with the observations made by am
post-transplant period [33]. Esch and associates, who demonstrated increased liver
Persistent injury has been found to induce efficient regeneration in 3 patients following intra-portal
trans-differentiation of BMCs into functional hepato- administration of autologous CD133+ BM cells into
cytes [24]. Green fluorescent protein (GFP)-transfected left lateral portal vein branches during right portal vein
BMCs from non-treated mice injected into those with embolisation (PVE). By CT criteria, left lateral seg-
liver cirrhosis induced by CCl4 efficiently migrated into ment hypertrophy was 2.5 fold higher compared to 3
the peri-portal area of liver lobules after one day, repop- patients that had right PVE only [40]. Terai and col-
ulating 25% of the recipient liver by 4 weeks. In con- leagues have also shown improvement in liver func-
trast, no GFP-positive BMCs were detected following tion following peripheral infusion of autologous BM
transplantation into control mice with undamaged liv- cells in patients with liver cirrhosis. Nine patients who
ers. Serum albumin levels were significantly elevated to received a peripheral vein infusion of an average of
compensate for chronic liver failure in BMC trans- 5.2x109 autologous mononuclear cells (CD34+,
plantation suggesting that recipient conditions and CD45+ and ckit+) demonstrated significant improve-
microenvironments are key factors for successful cell ment in Child–Pugh scores and serum levels of albu-
therapy using BMCs. Wang and colleagues trans- min. Liver biopsies were taken in 3 patients revealing
planted wild type BMCs into lethally irradiated FAH- an increase in proliferating cell nuclear antigen stain-
deficient mice. Two months later clusters of bone mar- ing, an indirect marker of hepatocyte turnover [41].
row-derived hepatocytes were detected, while after 5 Yannaki and associates (2006) have reported 2
months significant liver repopulation was present [34]. patients with alcohol induced liver cirrhosis treated

Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
24
Table 1. Clinical trials of bone marrow stem cells in liver disease

Reference Patient Group Number (n) Site Injection BM Cells Outcome

Autologous, Procedure well tolerated


Am Esch et al.[40] Patients with liver Study =3
Portal Vein Bone marrow, 2.5 fold increase in left lobe
Stem Cells 2005 cancer, no cirrhosis Control =3
CD133+ in study group on CT volumetry

Hepatitis B or C Portal Vein-3 Autologous Procedure well tolerated


Gordon et al.[38]
Alcoholic cirrhosis & 5 Hepatic Peripheral blood, Improvement in albumin
Stem Cells 2006
Primary sclerosing cholangitis artery-2 post G-CSF CD34+ or bilirubin in 3/5 patients

Autologous, Procedure well tolerated


Terai et al.[41] Hepatitis B or C
9 Peripheral vein Iliac crest, Improvement in Child’s Pugh
Stem Cells 2006 Cirrhosis
unsorted BM score & albumin

Autologous Procedure well tolerated


Yannaki et al.[42]
Alcoholic cirrhosis 2 Peripheral vein Peripheral blood, Improvement in Child’s Pugh
Exp Haem 2006
post G-CSF CD34+ & MELD score

25
Alcoholic, hepatitis C, Autologous, Procedure well tolerated
Lyra et al.[44]
cholestatic and 10 Hepatic artery Iliac crest, Improvement in Child’s Pugh
World J Gastronterol 2007
cryptogenic cirrhosis unsorted BM score, biliruibn & albumin

Procedure well tolerated


Autologous
Gasbarrini et al.[45] Drug induced Improvement in clotting (PT),
1 Portal Vein Peripheral blood,
Dig Liv Dis (2007) acute liver failure AST & ALT up to 30 days.
post G-CSF CD34+
Patient died of Sepsis at day 60.

Procedure well tolerated


Yan et al.[43] Autologous peripheral blood
Hepatitis B cirrhosis 2 Hepatic artery Improvement in albumin, Bilirubin, AST, ALT &
Am J Hem (2007) monocytes post G-CSF
Child’s Pugh score

Two patients showed minor improvement in albumin,


Mohamadnejad et al.[46] Autologous bone marrow-
Decompensated cirrhosis 4 Hepatic artery one had nephropathy and hepatorenal syndrome –
World J Gastroenterol (2007) haematopoietic CD34+ cells
trial terminated
Mohamadnejad et al.[47] Autologous bone marrow Procedure well tolerated
Decompensated cirrhosis 4 Peripheral vein
Arch Iran Med (2007) mesenchymal stem cells MELD score improvement in 2 patients.

Procedure well tolerated


Pai et al.[48] Autologous, post G-CSF,
Alcoholic liver cirrhosis 9 Hepatic artery Significant improvement in bilirubin and liver
Am J Gastroenterol (2008) CD34+ cells expanded in vitro
enzymes.

The potential of bone marrow stem cells (BMSC) in liver regeneration


with autologous mobilised HSCs [42]. Each patient Although all clinical trials to date have shown some
underwent three rounds of G-CSF mobilisation and improvement in liver function it must be remembered
peripheral vein infusion of CD34+ cells. The proce- that the natural course of cirrhosis tends to be vari-
dure was well tolerated and both patients improved able. Thus one would expect some patients will
their baseline Child-Turcotte-Pugh (CTP) and model improve with time, particularly in compliant patients
for end-stage liver disease (MELD) scores during 30 who can be followed up and remain abstinent from
months of follow up. A further 2 patients with hepa- alcohol.
titis B related decompensated liver cirrhosis treated
with mobilised autologous peripheral blood mono-
cytes (PBMC) also showed an improvement in serum SUMMARY
albumin, bilirubin, alanine aminotransferase (ALT),
aspartate aminotransferase (AST) and CTP scores for The liver in a healthy adult maintains a balance
greater than one year following transfusion [43]. between cell gain and cell loss. Though normally pro-
A larger study on 10 patients with chronic end-stage liferatively quiescent, hepatocyte loss such as that
liver disease, receiving committed progenitor cells and caused by partial hepatectomy (uncomplicated by
no BM cells via the hepatic artery, showed improve- virus infection or inflammation), invokes a rapid
ment in serum bilirubin, albumin and international regenerative response to restore liver cell mass. This
normalised ratio (INR) [44]. Gasbarrini et al have also restoration of moderate cell loss and ‘wear and tear’
reported the successful use of autologous CD34+ renewal is largely achieved by hepatocyte self-replica-
BMSCs via the portal vein as rescue treatment in a tion. More severe liver injury can activate a potential
patient with drug induced acute liver failure [45]. A stem cell compartment located within the intrahep-
liver biopsy performed at 20 days post infusion atic biliary tree, giving rise to cords of bipotential, so-
showed increased hepatocyte replication around called oval cells, within the lobules that can differen-
necrotic foci, and there was improvement in synthetic tiate into hepatocytes and biliary epithelial cells [30].
liver function within the first 30 days. The patient, The liver contains approximately 2.8×1011 hepato-
however, died secondary to multi-organ failure related cytes and the required mass of cells to correct a single
to bacterial infection. enzyme biochemical defect is likely to be significantly
In contrast to the previous studies, a trial of 4 patients less than that required for treatment of chronic or
with decompensated cirrhosis treated with CD34+ stem acute liver failure. There is evidence to suggest that
cells via the hepatic artery was stopped prematurely due transplantation of only 1–5% of the total liver mass
to one patient developing nephropathy and hepatorenal by may be sufficient to restore adequate functional
syndrome secondary to radiocontrast [46]. The same activity [6, 49, 50]. Cells can be delivered to patients
group showed that MSC transplantation in a further 4 via a peripheral vein; via the portal vein (Figure 1) or
patients with decompensated liver cirrhosis, this time hepatic artery (Figure 2) or an intra-splenic injection.
via a peripheral vein, was well tolerated and resulted in As both fulminant and chronic liver failure requires
a MELD score improvement in two [47]. the replacement of greater than 10% of functional
Finally, our group has recently published the results liver, the cell mass required for transplantation will be
of administering autologous expanded mobilised adult significantly higher. The liver cell mass is restored pri-
BM CD34+ cells via the hepatic artery in 9 patients marily through division of mature hepatocytes. Stim-
with alcoholic liver cirrhosis. Significant decreases in ulation of regeneration, such as a partial hepatectomy,
serum bilirubin, ALT and AST levels were observed, promotes increases in carbamyl phosphate synthetase
whilst Child–Pugh scores and radiological ascites I activity with subsequent liver hypertrophy [51]. This
improved in 7 and 5 patients respectively [48]. early experience suggests that this therapeutic

Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
26
approach has the potential of both enhancing and
accelerating hepatic regeneration in a clinical setting.
Unlike hepatocytes, the use of BMSCs for liver
regeneration does not depend on the procurement of
cadaveric livers whose donors are often immunologi-
cally disparate and also in short supply. The use of
adult stem cells is attractive as it overcomes the moral
and ethical barriers of ES cell manipulation. Further
advantages of the use of BMSCs are that they are mul-
tipotent, there is already considerable experience in
their use, they are easily accessible and there is unlim-
ited supply. Conversely, concerns have been raised
about the adverse long term effects of stem cell ther-
apy. There is evidence to suggest that treatment with
BMSCs may provide liver fibrogenic cells (hepatic stel-
late cells and myofibroblasts) which contribute to
fibrosis and could have a deleterious effect on already
Figure 1. Infusion of stem cells into the hepatic artery
decompensated cirrhotic livers [52, 53]. Similarly, there
are concerns that hepatocellular carcinoma (HCC)
originates from hepatic oval cells and BMSCs [54].
Much of the data concerning the malignant potential
of BMSCs, however, originates from genetically mod-
ified rodent models and may not be present in humans
[55].
New findings in adult stem cell biology are trans-
forming our understanding of tissue repair raising
hopes of successful regenerative hepatology. Although
all clinical trials to date have shown some improve-
ment in liver function and CD34+ cells have been used
safely for BM transplantation for over 20 years, only
randomised controlled clinical trials will be able to
fully assess the potential clinical benefit of adult stem
Figure 2. Infusion of stem cells into the portal vein.
cell therapy for patients with liver insufficiency.

REFERENCES

1. Vassilopoulos, G., P.R. Wang, and D.W. Russell, Transplanted bone marrow regenerates liver by cell fusion. Nature, 2003. 422(6934): p. 901-4.
2. Wang, X., H. Willenbring, Y. Akkari, et al., Cell fusion is the principal source of bone-marrow-derived hepatocytes. Nature, 2003. 422(6934): p.
897-901.
3. Arias IM, B.J., Fausto N, Chisari FV, Schachter D, Shafritz DA, The Liver: Biology and Pathobiology. 4 ed. 2001, Philedelphia, PA: Lippincott
Williams & Wilkins. 1088.
4. Health, M.o., Annual Report of the Chief Medical Officer. 2001, Ministry of Health, UK: London.
5. UNOS. United Network of Organ Sharing Online. http://www.unos.org/data. 2006 [cited 2006 February 21]; Available from: http://
www.unos.org/data.

The potential of bone marrow stem cells (BMSC) in liver regeneration


27
6. Fox, I.J., J.R. Chowdhury, S.S. Kaufman, et al., Treatment of the Crigler-Najjar syndrome type I with hepatocyte transplantation. N Engl J Med,
1998. 338(20): p. 1422-6.
7. Reubinoff, B.E., M.F. Pera, C.Y. Fong, A. Trounson, and A. Bongso, Embryonic stem cell lines from human blastocysts: somatic differentiation in
vitro. Nat Biotechnol, 2000. 18(4): p. 399-404.
8. Thomas, E.D., Bone marrow transplantation from the personal viewpoint. Int J Hematol, 2005. 81(2): p. 89-93.
9. Pittenger, M.F., A.M. Mackay, S.C. Beck, et al., Multilineage potential of adult human mesenchymal stem cells. Science, 1999. 284(5411): p.
143-7.
10. Bianco, P., M. Riminucci, S. Gronthos, and P.G. Robey, Bone marrow stromal stem cells: nature, biology, and potential applications. Stem Cells,
2001. 19(3): p. 180-92.
11. Herzog, E.L., L. Chai, and D.S. Krause, Plasticity of marrow-derived stem cells. Blood, 2003. 102(10): p. 3483-3493.
12. Orlic, D., J. Kajstura, S. Chimenti, et al., Mobilized bone marrow cells repair the infarcted heart, improving function and survival. Proc Natl Acad
Sci U S A, 2001. 98(18): p. 10344-9.
13. Gussoni, E., Y. Soneoka, C.D. Strickland, et al., Dystrophin expression in the mdx mouse restored by stem cell transplantation. Nature, 1999.
401(6751): p. 390-4.
14. Mezey, E., K.J. Chandross, G. Harta, R.A. Maki, and S.R. McKercher, Turning Blood into Brain: Cells Bearing Neuronal Antigens Generated
in Vivo from Bone Marrow. Science, 2000. 290(5497): p. 1779-1782.
15. Strom, S.C., R.A. Fisher, M.T. Thompson, et al., Hepatocyte transplantation as a bridge to orthotopic liver transplantation in terminal liver fail-
ure. Transplantation, 1997. 63(4): p. 559-69.
16. Selden, C. and H. Hodgson, Cellular therapies for liver replacement. Transpl Immunol, 2004. 12(3-4): p. 273-88.
17. Neuberger, J., K.-H. Schulz, C. Day, et al., Transplantation for alcoholic liver disease. Journal of Hepatology, 2002. 36(1): p. 130-137.
18. Petersen, B.E., W.C. Bowen, K.D. Patrene, et al., Bone Marrow as a Potential Source of Hepatic Oval Cells. Science, 1999. 284(5417): p. 1168-
1170.
19. Theise, N.D., S. Badve, R. Saxena, et al., Derivation of hepatocytes from bone marrow cells in mice after radiation-induced myeloablation. Hepa-
tology, 2000. 31(1): p. 235-40.
20. Alison, M.R., R. Poulsom, R. Jeffery, et al., Hepatocytes from non-hepatic adult stem cells. Nature, 2000. 406(6793): p. 257.
21. Theise, N.D., M. Nimmakayalu, R. Gardner, et al., Liver from bone marrow in humans. Hepatology, 2000. 32(1): p. 11-6.
22. Korbling, M., R.L. Katz, A. Khanna, et al., Hepatocytes and Epithelial Cells of Donor Origin in Recipients of Peripheral-Blood Stem Cells. N Engl
J Med, 2002. 346(10): p. 738-746.
23. Krause, D.S., N.D. Theise, M.I. Collector, et al., Multi-organ, multi-lineage engraftment by a single bone marrow-derived stem cell. Cell, 2001.
105(3): p. 369-77.
24. Terai, S., I. Sakaida, N. Yamamoto, et al., An In Vivo Model for Monitoring Trans-Differentiation of Bone Marrow Cells into Functional Hepa-
tocytes. J Biochem (Tokyo), 2003. 134(4): p. 551-558.
25. Jang, Y.Y., M.I. Collector, S.B. Baylin, A.M. Diehl, and S.J. Sharkis, Hematopoietic stem cells convert into liver cells within days without fusion.
Nat Cell Biol, 2004. 6(6): p. 532-9.
26. Takano, H., M. Ohtsuka, H. Akazawa, et al., Pleiotropic effects of cytokines on acute myocardial infarction: G-CSF as a novel therapy for acute
myocardial infarction. Curr Pharm Des, 2003. 9(14): p. 1121-7.
27. Tang, J., Q. Xie, G. Pan, J. Wang, and M. Wang, Mesenchymal stem cells participate in angiogenesis and improve heart function in rat model of
myocardial ischemia with reperfusion. Eur J Cardiothorac Surg, 2006. 30(2): p. 353-61.
28. Chen, Z., C.C. Chua, Y.S. Ho, R.C. Hamdy, and B.H. Chua, Overexpression of Bcl-2 attenuates apoptosis and protects against myocardial I/R
injury in transgenic mice. Am J Physiol Heart Circ Physiol, 2001. 280(5): p. H2313-20.
29. Wang, M., B.M. Tsai, P.R. Crisostomo, and D.R. Meldrum, Pretreatment with adult progenitor cells improves recovery and decreases native
myocardial proinflammatory signaling after ischemia. Shock, 2006. 25(5): p. 454-9.
30. Austin, T.W. and E. Lagasse, Hepatic regeneration from hematopoietic stem cells. Mech Dev, 2003. 120(1): p. 131-5.
31. Lagasse, E., H. Connors, M. Al-Dhalimy, et al., Purified hematopoietic stem cells can differentiate into hepatocytes in vivo. Nat Med, 2000. 6(11):
p. 1229-34.
32. Oyagi, S., M. Hirose, M. Kojima, et al., Therapeutic effect of transplanting HGF-treated bone marrow mesenchymal cells into CCl4-injured rats.
J Hepatol, 2006. 44(4): p. 742-8.
33. Jiang, Y., B.N. Jahagirdar, R.L. Reinhardt, et al., Pluripotency of mesenchymal stem cells derived from adult marrow. Nature, 2002. 418(6893):
p. 41-9.
34. Wang, X., M. Al-Dhalimy, E. Lagasse, M. Finegold, and M. Grompe, Liver repopulation and correction of metabolic liver disease by transplanted
adult mouse pancreatic cells. Am J Pathol, 2001. 158(2): p. 571-9.
35. Tse, H.F., Y.L. Kwong, J.K. Chan, et al., Angiogenesis in ischaemic myocardium by intramyocardial autologous bone marrow mononuclear cell
implantation. Lancet, 2003. 361(9351): p. 47-9.
36. Assmus, B., V. Schachinger, C. Teupe, et al., Transplantation of Progenitor Cells and Regeneration Enhancement in Acute Myocardial Infarction
(TOPCARE-AMI). Circulation, 2002. 106(24): p. 3009-17.
37. Gaia, S., A. Smedile, P. Omede, et al., Feasibility and safety of G-CSF administration to induce bone marrow-derived cells mobilization in patients
with end stage liver disease. J Hepatol, 2006. 45(1): p. 13-9.

Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
28
38. Gordon, M.Y., N. Levicar, M. Pai, et al., Characterization and clinical application of human CD34+ stem/progenitor cell populations mobilized
into the blood by granulocyte colony-stimulating factor. Stem Cells, 2006. 24(7): p. 1822-30.
39. Levicar, N., M. Pai, N.A. Habib, et al., Long-term clinical results of autologous infusion of mobilized adult bone marrow derived CD34+ cells in
patients with chronic liver disease. Cell Prolif, 2008. 41 Suppl 1: p. 115-25.
40. am Esch, J.S., 2nd, W.T. Knoefel, M. Klein, et al., Portal application of autologous CD133+ bone marrow cells to the liver: a novel concept to sup-
port hepatic regeneration. Stem Cells, 2005. 23(4): p. 463-70.
41. Terai, S., T. Ishikawa, K. Omori, et al., Improved liver function in patients with liver cirrhosis after autologous bone marrow cell infusion therapy.
Stem Cells, 2006. 24(10): p. 2292-8.
42. Yannaki, E., A. Anagnostopoulos, D. Kapetanos, et al., Lasting amelioration in the clinical course of decompensated alcoholic cirrhosis with boost
infusions of mobilized peripheral blood stem cells. Exp Hematol, 2006. 34(11): p. 1583-7.
43. Yan, L., Y. Han, J. Wang, et al., Peripheral blood monocytes from patients with HBV related decompensated liver cirrhosis can differentiate into func-
tional hepatocytes. Am J Hematol, 2007. 82(11): p. 949-54.
44. Lyra, A.C., M.B. Soares, L.F. da Silva, et al., Feasibility and safety of autologous bone marrow mononuclear cell transplantation in patients with
advanced chronic liver disease. World J Gastroenterol, 2007. 13(7): p. 1067-73.
45. Gasbarrini, A., G.L. Rapaccini, S. Rutella, et al., Rescue therapy by portal infusion of autologous stem cells in a case of drug-induced hepatitis. Dig
Liver Dis, 2007. 39(9): p. 878-82.
46. Mohamadnejad, M., M. Namiri, M. Bagheri, et al., Phase 1 human trial of autologous bone marrow-hematopoietic stem cell transplantation in
patients with decompensated cirrhosis. World J Gastroenterol, 2007. 13(24): p. 3359-63.
47. Mohamadnejad, M., K. Alimoghaddam, M. Mohyeddin-Bonab, et al., Phase 1 trial of autologous bone marrow mesenchymal stem cell trans-
plantation in patients with decompensated liver cirrhosis. Arch Iran Med, 2007. 10(4): p. 459-66.
48. Pai, M., D. Zacharoulis, M.N. Milicevic, et al., Autologous infusion of expanded mobilized adult bone marrow-derived CD34+ cells into patients
with alcoholic liver cirrhosis. Am J Gastroenterol, 2008. 103(8): p. 1952-8.
49. Selden, C., D. Calnan, N. Morgan, et al., Histidinemia in mice: a metabolic defect treated using a novel approach to hepatocellular transplanta-
tion. Hepatology, 1995. 21(5): p. 1405-12.
50. Muraca, M., G. Gerunda, D. Neri, et al., Hepatocyte transplantation as a treatment for glycogen storage disease type 1a. Lancet, 2002. 359(9303):
p. 317-8.
51. Selden, A.C. and H.J. Hodgson, Growth factors and the liver. Gut, 1991. 32(6): p. 601-3.
52. Russo, F.P., M.R. Alison, B.W. Bigger, et al., The bone marrow functionally contributes to liver fibrosis. Gastroenterology, 2006. 130(6): p. 1807-
21.
53. Cassiman, D., A. Barlow, S. Vander Borght, L. Libbrecht, and V. Pachnis, Hepatic stellate cells do not derive from the neural crest. J Hepatol,
2006. 44(6): p. 1098-104.
54. Wu, X.Z. and D. Chen, Origin of hepatocellular carcinoma: role of stem cells. J Gastroenterol Hepatol, 2006. 21(7): p. 1093-8.
55. Dumble, M.L., E.J. Croager, G.C. Yeoh, and E.A. Quail, Generation and characterization of p53 null transformed hepatic progenitor cells: oval
cells give rise to hepatocellular carcinoma. Carcinogenesis, 2002. 23(3): p. 435-45.

Autor de Contacto
MADHAVA PAI
madhava.pai04@imperial.ac.uk

Address for correspondence:


Professor Nagy Habib
Chair of Surgery, Faculty of Medicine
Imperial College London
Hammersmith Campus
Du Cane Road, London W12 0NN, UK
Email: nagy.habib@imperial.ac.uk
Tel: +44 20 8383 8574
Fax: +44 20 8383 3212

The potential of bone marrow stem cells (BMSC) in liver regeneration


29
ARTIGO ORIGINAL

Departamentação e formação pós-graduada


– Curriculum em Cirurgia Geral:
experiência de 20 anos
num Hospital Universitário
Inês Bessa, Jaime Vilaça, Vítor Ribeiro
Colaboração: Eduarda Matos

Hospital Geral de Santo António – Departamento de Cirurgia

INTRODUÇÃO • optimização de resultados (ex. a mortalidade ope-


ratória associada à Duodenopancreatectomia cefá-
O Hospital de Santo António (HSA), Porto, conta lica caiu de 25%, no início dos anos 90, para infe-
com mais de 200 anos de história e de uma impor- rior a 5% ,actualmente;
tância nacional inquestionável na formação médica pré • desenvolvimento de novas técnicas (ex. laparosco-
e pós-graduada. pia colorrectal, do tubo digestivo alto ou hepato-
Também no campo da cirurgia geral a tradição é biliar) e expansão para campos cirúrgicos comple-
longa: a orgânica dos serviços de cirurgia do Hospital xos (ex. transplantação hepática, pancreática e
foi sendo modificada ao longo dos tempos sendo pro- cirurgia bariátrica);
vavelmente a mais profunda e radical dessas modifica- • ambulatorização progressiva;
ções a realizada no início da década de 1990 com a • estabelecimento de protocolos e registos;
Departamentação da Cirurgia Geral. Criaram-se qua- • acréscimo da actividade científica.
tro serviços com áreas de dedicação distintas, a saber: Se por um lado aliciante, a departamentação impôs de-
1. patologia digestiva; safios mormente sentidos na Cirurgia de Urgência (último
2. patologia hepatobiliopancreática; reduto do cirurgião generalista) e na formação de Internos.
3. patologia extra-digestiva, compreendendo esta a Através da análise do currículo cirúrgico dos fina-
cirurgia de partes moles, endócrina e de cabeça e listas de Internato Complementar de Cirurgia Geral
pescoço; (ICCG) do HSA nos últimos 20 anos pretende-se,
4. cirurgia de ambulatório. com este estudo, conhecer o seu Internato Comple-
O departamento de cirurgia surge oficialmente em mentar, caracterizar a formação técnica e científica e
Março de 1991 sob a direcção de Ruy Branco, indivi- identificar tendências no que concerne ao tipo de
dualidade incontornável da cirurgia moderna do Hos- cirurgias que têm vindo a ser realizadas.
pital e do País. Os propósitos desta reorganização
foram, desde início, muito claros: OBJECTIVOS
• Concentração de experiência e diferenciação dos
profissionais (que conduziu ao aumento da refe- – Determinar em que sentido tem vindo a evoluir a
renciação de doentes a este centro); experiência cirúrgica dos Internos Complementares e

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):31-36


31
identificar diferenças que distinguem os recém-espe- Gráfico 1: Internos formados por ano
cialistas de agora dos de há 20 anos;
– caracterizar o ICCG, através da elaboração de um
“Curriculum Tipo”, de modo a conhecer as oportuni-
dades que este hospital oferece aos seus internos.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se um estudo retrospectivo descritivo atra-


vés da análise dos Curricula Vitae dos Candidatos a
Assistente Hospitalar em Cirurgia Geral entre 1988 e Gráfico 2: Distribuição dos internos por sexo
2007, no HSA. Procedeu-se ao registo de informação
relativa a:
1) Estatística operatória (Tabela 1a);
2) actividade científica (Tabela 1b);
3) estágios parcelares fora do hospital e no estrangeiro.
Todos os dados colhidos são relativos ao período de
Internato Complementar. A base de dados foi sujeita
a tratamento estatístico em SPSS. Elaborou-se um
“Curriculum Tipo” através da proporção média de
cada área cirúrgica em relação ao número médio de
cirurgias efectuadas por interno. Cada interno participou, em média, em 1855 ope-
Em 1991, 2000 e 2001 não houve nenhum candi- rações e realizou, como cirurgião principal, 805 cirur-
dato a exame de especialidade. Este facto, por um lado gias. Estes valores têm-se mantido relativamente está-
e, por outro, o número reduzido de candidatos em veis ao longo dos anos (gráficos 3 e 4).
cada ano, implicou o agrupamento dos vários candi-
datos de modo a obter para a variável “ano de conclu-
Gráfico 3: Cirurgias participadas por período
são de internato” valores passíveis de tratamento esta- de conclusão do internato
tístico válido. Criaram-se 4 “períodos de conclusão de
internato”, com aproximadamente 5 anos – ao inter-
valo contendo os anos lacunares correspondem 6 anos
civis e ao intervalo contendo mais candidatos a exame
por ano correspondem apenas 4 anos civis.

RESULTADOS

Formaram-se 38 cirurgiões, 26 dos quais do sexo


masculino. Vinte e quatro prestam actualmente servi-
ços no Hospital de formação. O aumento do número
de mulheres em cirurgia não tem, para já, significado
estatístico. Teve-se acesso a 33 dos 38 currícula.

Inês Bessa, Jaime Vilaça, Vítor Ribeiro


32
Gráfico 4: Cirurgias efectuadas por período vez em 1993. O aumento encontrado no exercício des-
de conclusão do internato
tas técnicas tem elevado significado estatístico e é par-
ticularmente visível entre os 2º e 3º períodos de con-
clusão relativamente ao 4º (p<0.001 e p=0.001 res-
pectivamente).

Tabela 3: Cirurgias efectuadas por interno

média mínimo máximo


Participadas 1855 1323 2783
Efectuadas 805 396 1309
Tiróide 20 7 65
Mama 32 14 59
Gástrica+ duodenal 53 19 97
Apêndice 98 39 141
Colo-rectal 49 24 97
Identificou-se uma relação significativa entre o Proctológica 66 26 127
número de cirurgias participadas e o número de cirur-
Baço 11 0 24
gias efectuadas (p<0,001). Como ilustra a tabela 2, a
Vias biliares 85 15 205
acréscimos no número de cirurgias participadas cor-
responde um acréscimo de cirurgias efectuadas. Parede 126 49 324
Outras 79 19 184
Oncologica 86 45 144
Tabela 2: Relação entre cirurgias participadas e efectuadas
Laparoscopias 25 0 137
por período de conclusão do internato.
SU 344 162 593
1988-1992 1993-1997 1998-2003 2004-2007

Participadas 1831 1717 2011 1935 Gráfico 5: Apendicectomias por interno por período
de conclusão do internato
Efectuadas 805 747 876 829

A diferença verificada no número de cirurgias reali-


zadas pelos internos que mais e menos operaram sobre
determinada área anatómica é acentuada (tabela 3).
Verificou-se uma queda estatisticamente significa-
tiva do número médio de apendicectomias efectuadas
por interno, decréscimo este particularmente notório
do 1º para o 4º e do 3º para o 4º períodos de conclu-
são de internato considerados.
As intervenções laparoscópicas surgem nos currícula
dos internos, como cirurgiões principais, pela primeira

Departamentação e formação pós-graduada – Curriculum em Cirurgia Geral: experiência de 20 anos num Hospital Universitário
33
Gráfico 6: Laparoscopias por interno por período 1º e 2º períodos de conclusão em relação ao último
de conclusão do internato
(p=0.003 e p=0.021 respectivamente).
Cinco internos, a cujos currícula se teve acesso, não
usufruiram de estágios parcelares noutros hospitais
nacionais – média de 2 estágios por interno. Onze
internos estagiaram fora do país.

Tabela 6a: Curriculum tipo – estatística operatória

Participadas 1924
Efectuadas 833
Tiróide 17
Mama 33
Gastroduodenal 33
Apêndice 83
Colo-rectal 50
Proctológica 75
Tabela 4: Relação cirurgias afectuadas/cirurgias oncológicas
Baço 8
1988- 1993- 1998- 2004- Vias biliares 108
-1992 -1997 -2003 -2007
Parede 100
Cirurgias oncológicas* 86 84 72 94
Cirurgias efectuadas * 805 747 876 829 Outras 42
Proporção 0,11 0,11 0,08 0,11 Oncológica 92
* (média/interno). Laparoscopias 58
SU 308
Tabela 5: Actividade científica
Tabela 6b: Curriculum tipo – actividade científica
média mínimo máximo
Trabalhos Científicos 29 3 91 Trabalhos Científicos 48
Comunicações Orais 8 0 26 Comunicações Orais 13
Pósters 2 0 22
Pósters 6
Publicações 1 0 7
Cursos 8 2 16 Publicações 1
Congressos 24 10 43 Cursos 11
Congressos 27
Apesar de o número médio absoluto de interven- Estágios Nacionais 1
ções efectuadas por interno se ter mantido relativa- Estágios Internacionais 1
mente estável ao longo dos anos a proporção de cirur-
gias do foro oncológico sofreu um aumento estatisti-
camente significativo entre o 3º e 4º períodos de con- DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
clusão.
A produção científica (tabela 5) aumentou de forma É previsível que sejam confiadas mais intervenções
estatisticamente significativa particularmente entre o a internos com mais oportunidades de treino, como

Inês Bessa, Jaime Vilaça, Vítor Ribeiro


34
se comprova pela correspondência entre o aumento do especial interesse para a formação”. A legislação vigente
número de cirurgias participadas e o número de cirur- obriga ainda os pedidos de estágio fora do país com
gias efectuadas como cirurgião principal. mais de 30 dias de duração a despacho do secretário-
A grande disparidade entre os valores mínimos e geral do Ministro da Saúde e tem conduzido a proces-
máximos na estatística operatória dos internos poderá sos deliberativos morosos pela vigência de regulamen-
dever-se a: tos contraditórios no que respeita remuneração/esta-
• características pessoais dos internos; tuto de bolseiro. Estes factos obstaculizarão, por certo,
• diferentes modos de apresentação curricular (ex. a saída dos internos do país nos próximos anos.
inclusão de pequena cirurgia na estatística opera- A identificação das mudanças progressivas nos cur-
tória por alguns e não inclusão de actividade cien- rículos dos internos de cirurgia geral acima citadas per-
tífica por outros). mite concluir que os currícula mais antigos não são
Estas diferenças poderão ainda sugerir o exercício representativos da actividade operatória e centífica
de um controlo débil sobre a evolução curricular dos actuais. Tendo isso em conta, elaborou-se um “curri-
internos. culum tipo” com base nos CVs dos internos formados
Do aumento da produção científica pode-se salien- entre 2003 e 2007 (tabelas 6a e 6b), pretenso esboço
tar o contributo das aplicações informáticas modernas do que poderá ser o actual CV de fim de internato de
que têm sido utilizadas de forma proveitosa pelos especialidade em cirurgia geral. É importante notar
internos permitindo-lhes, pela simplificação de tarefas que este “curriculum tipo” deriva da utilização dos
morosas, maior dedicação à investigação. dados obtidos com este estudo.
A grande maioria dos internos teve formação par- De acordo com os valores mínimos para o desem-
celar noutras instituições hospitalares portuguesas. penho cirúrgico global do Programa de Formação do
Muitos tiveram ainda a oportunidade de estagiar no Internato Complementar de Cirurgia Geral (de 1997
estrangeiro. e 2003) a sectorização da cirurgia geral não terá posto
O actual Regulamento do Internato Médico dita, em causa o cumprimento dos objectivos de formação
com a inerente subjectividade, que apenas será conce- técnica exigidos pelo colégio de especialidade de Cirur-
dida frequência a estágios no estrangeiro “nos casos de gia Geral.

BIBLIOGRAFIA

“A Departamentação em Cirurgia: uma vez mais” in Arquivos do Hospital Geral de Santo António – nº 1, vol 6, Janeiro/Março 2002, pág. 7-8 –
BRANCO, R.;
“Razões de uma Departamentação em Cirurgia – 3 Anos de Experiência” in Arquivos Portugueses de Cirurgia – 4(4), Novembro 1995, pág. 209-
213 – BRANCO, R..
Regulamento do Internato Médico – Ministério da Saúde, Portaria nº 183/2006
Programa de Formação do Internato Complementar da Àrea Profissional Médica de Cirurgia Geral – Ministério da Saúde, Portaria nº 337/97 e
Portaria nº 555/2003

Departamentação e formação pós-graduada – Curriculum em Cirurgia Geral: experiência de 20 anos num Hospital Universitário
35
ANEXOS

1) Tabela 1a: Critérios de inclusão nos campos pesquisados.

CAMPO PESQUISADO INCLUI:

Cirurgia Proctológica cirurgia anal e perineal


Cirurgia da Mama abordagem da axila em relação com patologia mamária
Cirurgia do Baço indicação por traumatismo e malignidade
Cirurgia Biliar intervenções sobre o fígado, hipertensão portal e pâncreas
Cirurgia de “outras áreas” cirurgia urológica, ginecológica, vascular e pediátrica
Cirurgia Oncológica ablação de tumor, estadiamento e paliação, dentro e fora da área de especialização
Laparoscopia Exclui intervenções percutâneas sob visualização directa

2) Tabela 1b: Critérios de inclusão nos campos pesquisados.

CAMPO PESQUISADO INCLUI:

Total de Trabalhos Realizados como 1º autor ou co-autor, apresentados em reuniões formais ou informais
Comunicações Orais, Pósters e Publicações como 1º autor

Autor de contacto
INÊS BESSA
inesqlbessa@gmail.com

Inês Bessa, Jaime Vilaça, Vítor Ribeiro


36
CADERNO ESPECIAL

LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA


CADERNO ESPECIAL • Sumário

Vídeo Cirurgia com acesso por “Porta Única” – Editorial . . . . . . . . . . . . . . 39


JOSÉ M. SCHIAPPA

Transumbilical Single-Incision Laparoscopic Surgery:


A single center experience . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
ANDREAS KIRSCHNIAK, FRANK A. GRANDERATH

Single Incision Laparoscopic Surgery


with Conventional Instruments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
SHAILESH PUNTAMBEKAR, SEEMA PUNTAMBEKAR, RAVI SATHE, SOURABH JOSHI,
SARAVANA RAJAMANICKAM, NEERAJ RAYATE

Single Incision Laparoscopy in Solid Organ Surgery:


Is there a limit? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
UMUT BARBAROS

Technique of double incision laparoscopic cholecystectomy (DILCH)


as an alternative to SILS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
TADEUSZ M. WRÓBLEWSKI, SEBASTIAN PIOTROWICZ,
BOGNA ZIARKIEWICZ-WRÓBLEWSKA, MAREK KRAWCZYK

Micro-Laparoscopia – Uma Alternativa ou um Complemento


às Técnicas de Video-Cirurgia por Porta Única? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
JOSÉ M. SCHIAPPA

Revista Portuguesa de Cirurgia


38
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Vídeo Cirurgia com acesso


por “Porta Única”
José M. Schiappa
H.CUF Infante Santo, Lisboa e Clínica CUF Cascais, Cascais

EDITORIAL
Com o recente entusiasmo pelas técnicas de NOTES (Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery)
abriu-se mais uma porta à introdução não controlada de técnicas e tecnologias sem que exista suporte científico
que permita a sua implementação fundamentada.
A base de promoção de técnicas e tecnologias em circunstâncias como estas leva a que se possa questionar
o que está por detrás de tudo e quais os verdadeiros e últimos beneficiários. “Quem precisa de NOTES?” é uma
questão que pode ser posta e pode ser extrapolada para outras situações.
Já em outro Editorial desta Revista se questiona a “progressão” de especialidades baseadas em técnicas e tec-
nologias, sem a devida fundamentação científica1. “Nesta medida não pode invocar-se a Ciência quando se está
exclusivamente dependente da Técnica. Um tal posicionamento desvia-se da procura do conhecimento, tem uma razão
de ser conjuntural e, como tal, não é perene”.
Apesar destas dificuldades de implementação, continua a haver um contínuo desenvolvimento da tecnolo-
gia e o aparecimento de técnicas “paralelas”. Todas as diversas modalidades de abordagem abdominal por “Porta
Única” – e são muitas – são fruto desse “pensar paralelo”.
No entanto, não se pense que questionamos por princípio o natural e inevitável desenvolvimento de novas
tecnologias. Esse desenvolvimento é absolutamente necessário e louvável; o que questionamos é a sua aplicação
sem critérios científicos ou, por vezes mesmo, experimentais.
Também num número anterior da nossa Revista, num artigo de opinião que então publicámos2, Richard
Satava fazia uma afirmação que tem a essência de uma base tão frequentemente esquecida, mas muitas vezes
mencionada: “Notes on N.O.T.E.S.: It is about the Journey, not the Destination”. O importante não é o objectivo

1 Revista Portuguesa de Cirurgia - II Série • Número 3 • Dezembro 2007; 3


2 Revista Portuguesa de Cirurgia - II Série • Número 3 • Dezembro 2007; 7-8

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):39-40


39
final mas antes aquilo que o caminho vai mostrando; é a demonstração de que, mesmo dentro dos condiciona-
lismos de que falámos, se continua a pensar e a progredir.
Esta “viagem” é baseada em ideias que não estão demonstradas mas que permitem prosseguir outras vias.
Mais importante, esta “viagem” procura, simultaneamente, a demonstração dessas ideias, a tal base científica que
falta quando se dá – como infelizmente acontece com frequência – demasiada importância à tecnologia, enten-
dendo-a como suficiente para justificar congregações profissionais que a usam, seja como associações, seja como
especialidades. Mostra que o espírito nunca para em busca de novas e, eventualmente, melhores soluções.
A execução de vídeo-cirurgia com acesso por “Porta Única”, apesar de muitas dúvidas e de várias condicio-
nantes, está a ser praticada em muitos hospitais e por muitos cirurgiões; em todo o mundo e também entre nós.
A Revista Portuguesa de Cirurgia decidiu, por isso, dedicar um Caderno Especial a este tema, procurando fazer
uma revisão e actualização dos conhecimentos e da prática a ele referentes.
Para isso, pedimos a vários cirurgiões que estão envolvidos nesta área que escrevessem artigos sobre o assunto;
temos assim uma visão geral sobre o tema, relatos de várias experiências clínicas e a apresentação de alternativas
à abordagem por “Porta Única”.
É também com a apresentação das alternativas que iniciamos neste número, uma inovação que esperamos
que seja apreciada pelos leitores da Revista: estes dois artigos são apresentados sob uma forma de texto curto que
acompanha um vídeo relativo à técnica mencionada. O acesso a esses vídeos pode ser feito no site da Revista Por-
tuguesa de Cirurgia, de um modo simples, que aí é explicado, e também o URL de acesso é publicado na Revista
(ver em baixo).
Por tudo isto, gostaríamos de ter também a visão dos leitores através de comentários e Cartas ao Editor.

ACESSO AOS VÍDEOS


Para aceder entrar na página web da Revista, fazer login e ir para a secção ‘Videoteca’

José M. Schiappa
40
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Transumbilical Single-Incision Laparoscopic


Surgery: A single center experience
Andreas Kirschniak*, Frank A. Granderath#
*Department of General, Visceral and Transplant Surgery, University Hospital Tuebingen, Tuebingen, Germany
#Department of General, Visceral and Minimally Invasive Surgery, Hospital Neuwerk, Moenchengladbach, Germany

ABSTRACT

During the last two years, the so called Single-incision-laparoscopic surgery is developing rapidly and seems to be the next step in
reducing abdominal wall trauma for laparoscopic abdominal procedures. Different techniques and equipment are under development
and reports cumulate regarding laparoscopic procedures which are performed through one single skin incision.
We report our first experiences in single incision laparoscopic surgery for cholecystectomy and transperitoneal hernia repair (TAPP
repair). Until now, approximately 50 patients underwent cholecystectomy with this new approach in our clinic, experience for inguinal
hernia repair have been made in experimental setup on anatomical specimen.

Keywords: Single-incision surgery, NOTES, Cholecystectomy, Hernia repair

INTRODUCTION cystectomy and inguinal hernia repair (TAPP). Allto-


gether approximately 50 patients have been treated for
Laparoscopic techniques have supersede conven- cholecystectomy, the TAPP repair has been performed
tional surgery since the early 90s1. Since a few years, on anatomical specimen.
the N.O.T.E.S. movement (Natural Orifice Translu-
minal Endoscopic Surgery) significantly stimulated
the development of new instruments and new CHOLECYSTECTOMY:
approaches into the abdominal cavity. However, the
aim to operate only through natural orifices as mouth, Operative Technique
vagina or rectum has been very ambitious, a milestone The operation is performed in general anaesthesia
seems to be the reduction of abdominal trauma dur- and the patient is positioned in a modified Anti-Tren-
ing laparoscopic surgery by using only one small skin delenburg position (Figure 1). The surgeon stands
incision. For this, multiple devices and additional between the legs of the patient with the first surgical
instruments capture the market. assistant right to the surgeon (Figure 2). A 15 mm
We report our experience of single-skin-incision large skin incision is performed intraumbilical and the
surgery using standard laparoscopic equipment in central port (5 mm) is inserted perpendicularly after
combination with a 5 mm 30° laparoscope for chole- establishing a pneumoperitoneum by using a Verress-

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):41-46


41
Figure 1: Positioning of the patient Figure 3: Schematic view of the incision with 3 trocars (T1= camera
trocar, T2=left hand grasper, T3= right hand scissors)

Figure 2: Positioning of the surgeon and assitants Figure 4: Intraoperative view of trocar placement

needle. The 5 mm 30 degree laparoscope is inserted


and diagnostic laparoscopy is arranged. After exclud-
ing adhesions or other contraindications two further 5
mm trocars are inserted beneath the central one
through separate facial penetrations (Figure 3, 4). The
gallbladder is grasped via a grasping device which is
placed through the left trocar and the preparation tool
(monopolar hook or scissors) is installed through the
right trocar. The cholecystectomy is performed as
known from conventional laparoscopic cholecystec-
tomy (Figure 5). Figure 5: Clipping of the cystic duct with a 5mm clipping device

Andreas Kirschniak, Frank A. Granderath


42
Own clinical results (Kirschniak et al 2) With one single incision and uncurved instruments,
A preliminary group of 38 patients (31 female, 7 the camera and the two working instruments work
male) with a BMI 27,8 (+-3,25 kg/m2, 22,2-34,6 parallel to each other, which sometimes can make tri-
kg/m2) have been operated and worked-up postopera- angulation uncomfortable and hindering of the two
tively. The mean age of the patients was 53,8 (+-14,1, working instruments extracorporally may occur some-
26-81) years. The mean operation time was 67,1 min times. This can be avoided by using extra-long
(+-16,1, 45-114 min). In 4 Patients, one additional graspers/scissors.
incision was necessary due to chronic cholecystitis. The At this time, no exact prediction regarding the post-
hospital stay was 4,4 days (+- 0,93, 3-6 days). We operative incidence of incisional hernias is possible. By
noticed no major complications such as damaging hol- unsing a single port system, the postoperative rate of
low organs, the liver or postoperative cholestasis. Intra- herniation might be higher due to the 2-3 cm large
operatively the mean blood loss was 35 ml (10-70, incision. In our technique, we perform a 1.5 -2cm
+-17 ml). We noticed no wound healing problems, in large single incision and the fascia is penetrated with
two patients small hematomas occurred postoperatively the trocars at 3 different points, so that we have one
but resolved spontaneously without any intervention. single skin incision and three single fascia incisions
with 5mm defect. At this time, we did not see a
Personal considerations patient with postoperative incisional hernia.
Since the first reports have been published about In our opinion, the unproblematic intraoperative
single-incision surgery, medical databases explode with conversion from the single incision procedure to the
retrospective analyses about this operation technique laparoscopic procedure by adding one or two further
2-13. There is a general agreement in all reports that trocars is one of the main advantage of this procedure.
the “single-site” , “single-port” or “single-incision” This aspect might be a certain argument for this access
technique for cholecystectomy is feasible and safe, technique in comparison to real NOTES procedures
accompanied with a higher satisfaction of the patients. with penetration of other hollow organs.
However there is no consensus wether to use standard In summary, the single incision cholecystectomy,
instruments or special trocar aids like the Triport Sys- when performed standardized, can be a safe and effec-
tem or the SILS-port. Additionally, many special tive and also cost-effective alternative to the “conven-
instruments, e.g. curved graspers or articulated scis- tional” laparoscopic procedure. We look forward to
sors are available at the time. new instrument developments and further indication
In our opinion, such a procedure is feasible, safe and for this access in abdominal surgery.
cost-effective with 3 standard 5 mm trocars , a 5 mm
30° laparoscope and standard laparoscopic instru-
ments. Beyond doubt, comfort and ergonomic aspects SINGLE-INCISION LAPAROSCOPIC TRANSAB-
may improve the operation as well as the operating DOMINAL INGUINAL HERNIA REPAIR
time by using deflected scopes or curved instruments,
however most of this equipment will make the proce- Experimental experiences:
dure much more expensive which is a problematic In an experimental setup, we performed a single-
aspect regarding the german “Diagnose-related- incision transumbilical laparoscopic hernia repair
system” (DRG-system). Additionally, the laparoscopic (TAPP) on anatomical specimen, which have been
cholecystectomy is one of the most common training donated for research and medical education to the
procedures for our young colleagues and the single- Institute of Anatomy of the University of Tübingen.
incision procedure still should be reserved for experi- The cadavers were preserved with alcohol-glycerol and
enced laparoscopic surgeons. stored airtightly under refrigerated conditions (8° Cel-

Transumbilical single-incision laparoscopic surgery: a single center experience


43
Figure 6. Trocar placement for inguinal TAPP repair Figure 9: Preperitoneal region after mesh placement

sius). The fixation allows the preservation of the tis-


sue properties14.
We used a standard 5 mm 30° laparoscope with
three trocars, witch have been placed transumbilically
as we do for the cholecystectomy procedure. The
laparoscope is inserted into a lateral trocar, the central
and the third are used for the grasper and the scissors
(Figure 6). In our setup we used rotatable arcuated
instruments (Covidien, USA ).
The procedure is performed as known from the
conventional laparoscopic transabdominal procedure.
The peritoneum is cut and preparated in the inguinal
Figure 7: Preperitoneal preparation of the fossa medialis region and the landmarks are visualized (Figure 7,8).
We placed a standard 10*15 mm mesh and fixed it
with Protack® (Covidien, USA) spiral needles (Fig-
ure 9). The peritoneum is adapted continuously with
a monofile running suture (Figure 10). All procedures
could be finished and the steps described could be fin-
ished. The operation time as 45,5 min in average (35-
55, +- 7 min).
Single incision laparoscopic hernia repair seems to
be possible and feasible using available laparoscopic
instruments. However, from ergonomic point of view,
there is need for improvement for establish in clinical
practice. The anatomical specimen, beneath computer
simulation, is one available model for simulating oper-
ations in the inguinal region. However, the prepared
Figure 8: Completed medial preparation (Ramus ossis pubis) specimen had no relevant inguinal hernia and the

Andreas Kirschniak, Frank A. Granderath


44
Figure 10: Closed peritoneum with a running suture Figure 11: Postoperative result on day 2:

results must be interpreted critically from this point optimal triangulation expecially in the inguinal region.
of view. Most of these instruments are not reusable at the time,
In our opinion, the inguinal TAPP repair with a sin- so we will wait for suitable instruments, before we will
gle incision access might be good procedure in the perform this procedure routinely in our clinic.
future. At this time, we did not implement this pro- In the literature only one report could be found
cedure in our clinical practice for educational reasons describing the feasibility of single-site transabdominal
and due to increasing costs. Our experience on the hernia repair 15. It seems to be the next step for reduc-
anatomical specimen showed us, that this procedure ing postoperative pain, scars (Figure 11) and trocar
has to be done with articulated instruments for an hernias also for this indication.

REFERENCES

1. Rao PP, Bhagwat SM, Rane A, Rao PP. The feasibility of single port laparoscopic cholecystectomy: a pilot study of 20 cases. HPB (Oxford)
2008;10:336-40.
2. Kirschniak A, Bollmann S, Pointner R, Granderath FA. Transumbilical single-incision laparoscopic cholecystectomy: preliminary experiences.
Surg Laparosc Endosc Percutan Tech 2009;19:436-8.
3. Hirano Y, Watanabe T, Uchida T, Yoshida S, Tawaraya K, Kato H, Hosokawa O. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: single insti-
tution experience and literature review. World J Gastroenterol;16:270-4.
4. Romanelli JR, Roshek TB, 3rd, Lynn DC, Earle DB. Single-port laparoscopic cholecystectomy: initial experience. Surg Endosc 2009.
5. Rivas H, Varela E, Scott D. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: initial evaluation of a large series of patients. Surg Endosc 2009.
6. Schlager A, Khalaileh A, Shussman N, Elazary R, Keidar A, Pikarsky AJ, Ben-Shushan A, Shibolet O, Horgan S, Talamini M, Zamir G,
Rivkind AI, Mintz Y. Providing more through less: current methods of retraction in SIMIS and NOTES cholecystectomy. Surg Endosc 2009.
7. Hu H, Zhu J, Wang W, Huang A. Optimized transumbilical endoscopic cholecystectomy: a randomized comparison of two procedures. Surg
Endosc 2009.
8. Philipp SR, Miedema BW, Thaler K. Single-incision laparoscopic cholecystectomy using conventional instruments: early experience in com-
parison with the gold standard. J Am Coll Surg 2009;209:632-7.
9. Hernandez JM, Morton CA, Ross S, Albrink M, Rosemurgy AS. Laparoendoscopic single site cholecystectomy: the first 100 patients. Am Surg
2009;75:681-5; discussion 685-6.
10. Chow A, Purkayastha S, Aziz O, Paraskeva P. Single-incision laparoscopic surgery for cholecystectomy: an evolving technique. Surg Endosc
2009.

Transumbilical single-incision laparoscopic surgery: a single center experience


45
11. Binenbaum SJ, Teixeira JA, Forrester GJ, Harvey EJ, Afthinos J, Kim GJ, Koshy N, McGinty J, Belsley SJ, Todd GJ. Single-incision laparo-
scopic cholecystectomy using a flexible endoscope. Arch Surg 2009;144:734-8.
12. Kuon Lee S, You YK, Park JH, Kim HJ, Lee KK, Kim DG. Single-port transumbilical laparoscopic cholecystectomy: a preliminary study in
37 patients with gallbladder disease. J Laparoendosc Adv Surg Tech A 2009;19:495-9.
13. Chamberlain RS, Sakpal SV. A comprehensive review of single-incision laparoscopic surgery (SILS) and natural orifice transluminal endoscopic
surgery (NOTES) techniques for cholecystectomy. J Gastrointest Surg 2009;13:1733-40.
14. Kirschniak A, Schmidt, T., Wiedemann, M., Bensemann, I., Kalanovic, D., Drews, U. Development, Evaluation and Training of Mediacal
techniques on anatomical specimens. Biomedizinische Technik 2004;49 Suppl 2:2.
15. Rahman SH, John BJ. Single-incision laparoscopic trans-abdominal pre-peritoneal mesh hernia repair: a feasible approach. Hernia 2009.

Contact Author
FRANK A. GRANDERATH
fagzellamsee@yahoo.com

Correspondence:
PROF. DR. F.A. GRANDERATH
Department of General, Visceral and Minimally Invasive Surgery,
Hospital Neuwerk,
Dünner Straße 214-216,
41066 Mönchengladbach
Germany
Email: akirschniak@aol.com
Phone: +49-(0) 151-22630982
Fax: +49-(0) 2161 668-2215

Andreas Kirschniak, Frank A. Granderath


46
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Single Incision Laparoscopic Surgery with


Conventional Instruments
Dr. Shailesh Puntambekar, Dr. Seema Puntambekar, Dr. Ravi Sathe,
Dr. Sourabh Joshi, Dr Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
Galaxy Care Laparoscopy Institute, Pune, India

INTRODUCTION obtaining a written informed consent. All procedures


were performed using conventional laparoscopic
Increasing public demand for less and less invasive instruments. Operative data including operative
surgery have seen the gradual shift from many access time(from time of incision to port closure), blood loss,
incisions to single incision and NOTES. Several additional ports used, energy sources used, intraoper-
reports of laparoscopic surgery being performed ative complications, margins and lymph nodes har-
through a single incision have come up over the recent vested(where applicable)were recorded. Postoperative
years. Several case reports and articles have been pub- length of stay in hospital was recorded. The patients
lished describing appendectomy, cholecystectomy, were followed up at one week after the surgery and at
nephrectomy, pyeloplasty, colectomy and sleeve gas- three months.
trectomy being performed through a single incision
umbilical access [1-7]). This shift however has been
gradual. Needlescopic surgery where the size of the SURGICAL TECHNIQUE
ports were reduced from 5mm to 2mm and conse-
quent miniaturization of the instrument was reported General anesthesia was used in all patients and
was the first step in the direction [8]. Single Incision epidural analgesia was added in pelvic surgery.
Laparoscopic Surgery (SILS) has seen rapid progress
from innovative ports and instruments to operative The Incision
techniques have been [9]. These new instruments how- A standard 2 cm peri-umbilical skin incision was
ever are expensive and beyond the reach of many sur- used in all patients, the incision being supra-umbilical
geons in the developing world. Thus our aim was to for cholecystectomies and infra-umbilical for surgeries
study the feasibility of performiing SILS using con- in the pelvis.
ventional ports and instruments.
Pneumoperitoneum
In the initial few procedures the open technique was
METHODS. used to insert the 10 mm trocar into the superior or
inferior umbilical tube as per the procedure. In the
Patients undergoing laparoscopic surgery at our cen- subsequent procedures Veress needle was used through
ter were selected for participation in this study after the same incision, followed by trocar entry.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):47-52


47
Fig. 1: Port postion – external wiew Fig 3: The 2 cm incision that remains prior to skin closure

“straight” working instruments were used to complete


all procedures. Energy sources used for dissection
included the Harmonic Ace (Ethicon Endosurgery,
Cincinnati, Ohio), vessel sealing (Bowa Electric,
Gomaringen, Germany), monopolar and the bipolar
electro-cautery devices (Valley Lab,Tyco Healthcare,
Boulder,CO,USA). Standard 5mm clip applicators
were used for ligation of the cystic duct and hemoclips
were used for vascular control when necessary. In some
cases when a 10mm clip applicator was required, a 5
mm telescope was used interchangeably. High defini-
tion optics (Maxer HD, Germany) were used.

Incision closure
Fig. 2: Schematic representation of port position for SILS Hysterectomy The 10 mm trocar fascial incision was closed with
delayed absorbable polyglactin Vicryl 2-0 sutures
(Ethicon, Johnson&Johnson, Aurangabad, India). The
Ports and instruments 2 cm scar that remained is shown in Fig.3. Skin was
A total three ports were used which were inserted approximated with subcuticular Monocryl 3-
transperitoneally through the periumbilical skin inci- 0(Ethicon, Johnson&Johnson, Aurangabad, India)
sion (Fig. 1). Entry was through the open umbilical sutures.
tube technique. Multi-fascial punctures were made as
shown in (Fig.2).Triangulation approaching that of
conventional surgery was achieved by positioning two RESULTS
5 mm ports 1 to 2 cm ahead of the10mm port and
oriented in 10 and 2 o’clock positions respectively. Twenty two procedures were performed during the
Zero degree telescope and standard laparoscopic study period (Table 1).24.6,26.8, and 21.6 for chole-

Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
48
Average Blood Mean Operative Average Length
Procedure No. Mean Age Mean BMI Conversion
loss(ml) time(mins) of stay(days)

Cholecystectomy 5 41.8(28-52) 30.8(20.4-36.4) 25(15-35) 54.2(40-68) 2(1-4) –

Oophorectomy 3 33.3(26-42) 24.6(19.6-26) 25(25-50) 28.7(16-38) 1(1) –

Hysterectomy 11 41.9(28-58) 26.8(18.1-30.0) 20(10-35) 88 (60-128) 1(1-3) –

Radical Hysterectomy 2 40(34-46) 21.6(23.4-19.8) 60(50-70) 190(186-300) 3 –

cystectomy, oophorectomy, hysterectomy and radical camera trocar toward the pelvis. Crossing of instru-
hysterectomy respectively. All procedures were com- ments and uterine manipulation greatly improved
pleted to totally through the single incision. There were ergonomics. Standard steps as described by the
no conversions to conventional laparoscopic or open author could be executed to complete the procedure.
surgery. Data for the various procedures performed The uterine vessels were taken down with harmonic
show that operative time, blood loss and hospital stay shears or metal clips as necessary. The specimen was
are comparable with those of conventional laparoscopy. placed in a bag and removed transvaginally. The
The mean BMI of patients were 30.8. colpotomy was closed using polyglactin sutures intra-
corporeally. We had found the colpotomizer, a very
CHOLECYSTECTOMY useful instrument to delineate the level of colpotomy,
despite the fact that we do not use it in conventional
The incision was placed in the supra-umbilical multiport surgery.
region centering over the umbilical tube. Three con-
ventional laparoscopic ports were used as described OOPHORECTOMY
earlier. A conventional grasper and the harmonic
shears were used to for dissection. Starting the proce- Two patients underwent ovariectomy for benign
dure with the ‘traditional’ dissection of the Calot’s tri- cysts of the ovary. One patient underwent bilateral
angle proved to be difficult due limited working space oophorectomy for ovarian cancer risk reduction. The
and difficulty in retraction. We adopted the “fundus ovarian pedicles and cysts were dissected with the har-
first technique” in all subsequent patients which monic shears and large vessels were clipped with
enabled better retraction of the gallbladder without hemoclips when necessary.
the need for extra-corporeal retraction. The cystic duct
was clipped with metal clips which required the inter- RADICAL HYSTERECTOMY
changing of the 10mm telescope with the clip appli-
cator, vision being provided with a 5mm telescope The ”Pune technique” of Laparoscopic radical hys-
through one of the working ports. Specimen extrac- terectomy has been described [12]. Two patients with
tion was through the use of bags through the primary FIGO stage IB and CT scan showing no pelvic lym-
access port which at times required dilatation. phadenopathy were selected for the procedure. Keep-
ing with oncologic principles no uterine manipulators
HYSTERECTOMY were used. The standard steps included identifying the
ureters on both sides with their medialization, the pos-
The skin incision was placed in the infra-umbili- terior ‘U’ cut and dissection in the pouch of Douglas,
cal region with the two working trocars ahead of the dissection of para-rectal spaces, clipping the uterine

Single incision laparoscopic surgery with conventional instruments


49
arteries, anterior peritoneal U cut with bladder dis- The most difficult part of the procedure was the intra-
section and a colpotomy with a 3.5 cm vaginal cuff on corporeal suturing due to lack of triangulation. Nev-
the specimen side. The fatty and lymphatic tissue ertheless we could complete successful vaginal closure
along the external iliac vessels and the obturator nerve in all patients. Mean operative time was 88 minutes
on both sides was dissected. Sword-fighting of instru- for hysterectomy which included intracorporeal sutur-
ments enabled dissection. The specimen and the nodal ing times, a time comparable to conventional laparo-
tissue was placed in a endobag and extracted through scopic hysterectomy.
the colpotomy. The excised specimen was examined In the two patients with Stage Ib2 carcinoma cervix
for tumor margins, parametrium clearance, number who underwent radical hysterectomy, we were able to
of lymph nodes and length of the vaginal cuff as appli- successfully apply the same principles of single inci-
cable. sion surgery combined with the Pune technique. We
had achieved lymph node and parametrial clearance
comparable to our existing series. [17] A colpotomizer
DISCUSSION was used to delineate the cervico vaginal interface. An
additional 5mm trocar was required in the first patient
Conventional single incision surgery has been used through the same incision top complete the ureteric
for almost three decades now, in the form of tunnel dissection on the right side. Both patients were
laparoscpic tubal ligation for fertility control. The first discharged on the third postoperative day with one
Single incision surgery for removal of the gallbladder patient requiring a Foley’s catheter at discharge owing
was published in 1997 by Navarra and colleagues. [14] to urinary retention which was removed after 10 days.
Since then there has been an explosion of reports and Both patients had non bulky disease and a small uter-
instruments through which even complex surgeries ine size whichcould be manipulated with one instru-
could be performed through a single incision. Several ment for traction.
names exist like LESS, SILS, NOTUS, etc but essen-
tially the concept remains the same, surgery that is per-
formed in entirety through a single incision. Vaginal Lymph Operative
Stage Parametrium
margin nodes time
We started with laparoscopic gynecologic proce-
dures and then moved ahead with cholecystectomy Patient 1 Stage Ib2 3 cm 14 3.5 cm 300 mins
with increasing experience. As our expertise increased Patient 2 Stage Ib2 3.5 cm 16 3 cm 186 mins
with SIL hysterectomies we attempted and successfully
completed two SIL radical hysterectomies using the
authors’ Pune technique. Patients were carefully Removal of the gall bladder by the use of less inva-
selected only after laparoscopic vision confirmed sive ports is not new. SIL cholecystectomy was per-
anatomic feasibility for the procedure to continue, in formed as early as 1997. [14] Several ports and tech-
the form of absent adhesions, non bulky uterus, frozen niques have been described. [9] The use of extracor-
pelvis, etc. Total laparoscopic hysterectomy could be poreal slings to delineate the Calot’s triangle is also
performed with the use of the bipolar and ultrasonic described by others [10]. We performed all the chole-
instruments. The addition of the harmonic (Har- cystectomies with the ‘fundus first’ technique. This
monic Ace 5 mm, Ethicon Endosurgery, Cincinnati, was a safe adaptation as the gallbladder could be used
USA) made dissection quicker and less frequent as a retracting aid to spread out the Calot’s. We found
instrument changes were required further improving it a safe adaptation for dissection of the gallbladder,
operative times. The internal view of instruments enabling visualization of the critical angle of safety
crossing over in sword-fighting is shown in the figure. avoiding use of slings. ‘Cold dissection’ was performed

Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
50
at the Calot’s triangle and energy sources used only in have been in access ports, the SILS Port Multiple
fundus and gallbladder-liver interface. Instrument Access Port(Covidien, Mansfield, Mas-
saceusetts), GelPort (Applied Medical Systems,
Boston, MA), ASC R-Port laparoscopic Access Device
(Advanced Surgical Concepts, Wicklow, Ireland).
[9][15]. These ports are disposable and have not
reached the developing world market until recently.
The cost-effectiveness of these ports in our patients are
to be seen, as we are able to perform reasonably well
without them.
The surgery however performed is satisfactory only
when vision is flawless, assistance is apt, surgeon is
experienced and patient is accomodating. All depart-
ments must work in harmony to complete the surgery.
Inexperience on the part of the surgeon, his assistant,
camera surgeon, and defective instrumentation could
force the team to convert. We have not converted a
Fig.4: Internal view of Sword-fighting single procedure to either conventional or open. This
is obviously due to the bias in selection, which is also
Three problems mainly arise in SILS. First, instru- the way of performing such surgery in the future. We
ment crowding. This was overcome by crossing instru- had no wound complications in our 22 patients and
ments in the operative field akin to fighting with a no hernias or delayed pain at three month followup.
sword. This maneuver uses the increased space and Since this was feasibility study we did not measure
ergonomics afforded by working inversely with instru- pain and quality of life, but patients definitely seemed
ments, the left hand dissecting on the right and the optimistic about their scar and surgery.
right hand working on the left. (Fig 4) Second, the With laparoscopic surgery being adapted to per-
problem of gas leakage. This was most commonly at form almost any operation within visceral cavities with
the middle 10mm port. This was overcome by chang- surgical outcome comparable and sometimes better
ing to Veress needle entry followed by port insertion in than open procedures, SILS may take over the role of
our subsequent cases. The 5 mm trocars rarely caused conventional multiport laparoscopy in performing
problems as their entry was in a different fascial plane. simple procedures like cholecystectomies, nephrec-
The insertion of the 5 mm working trocars is essen- tomies, etc.
tially blind, though safe as they are inserted at a level Reproducibility is the big question as SILS is tech-
higher than the camera port in a direction just paral- nically demanding. Most of the above difficulties may
lel to the anterior abdominal wall. The third problem be obviated by the use of robotics. The concept of a
is due t o poor vision as the camera surgeon is left with fixed surgeon controlled camera, the seven degrees of
very little space. We operate with high definition freedom of the operating robotic arms and the unpar-
optics which greatly enhance vision and enable fine alleled three dimensional vision, make robotic appli-
dissection. We also are of the opinion that the surgery cation in SILS the next step forward. Reports of suc-
is better performed in patients with a healthier BMI, cessful application of robotics to SILS have emerged
as patients with a lower BMI compounded crowding and seem promising [13]. Tackling advanced laparo-
increasing operative time. scopic procedures with robotic aid coupled with single
Recent advances in the field of single port surgery incision is what the future probably holds.

Single incision laparoscopic surgery with conventional instruments


51
Whether SILS passes from the hands of advanced tion of the current gold standard ‘Conventional’
laparoscpic surgeon to mainstream practice, only time laparoscopic procedures is debatable. Innovation in
will tell. And if costs of such instruments is an imped- instrumentation, growing demand from the health
iment for resource constrained countries like ours, we care industry has forced the surgeon to develop skills
have shown a feasible way of moving forward in the to sustain such an approach. We have shown that SILS
scarless direction. using conventional instruments is feasible and safe.
The question of reproducibility remains as the skill
CONCLUSION level required is extremely high. Improvising robotics
could be the future of SILS. The entry of robotic sur-
This is the first report of SILS including gynecol- gery into surgical practice might define the future of
ogical oncological surgeries. Whether laparoscopic sur- SILS bridging the learning curve required to master
gery through a single incision would threaten the posi- the procedure otherwise.

REFERENCES

1. Desai MM, Rao PP, Aron M, et al. Scarless single port transumbilical nephrectomy and pyeloplasty: first clinical report. BJU Int
2008;101:83-88.
2. Canes D, Desai MM, Aron M, et al. Transumbilical singleport surgery: evolution and current status. Eur Urol 2008;54:1020–1029.
3. Barbaros U, Dinçça A. Single incision laparoscopic splenectomy: the first two cases. J Gastrointest Surg. 2009 Aug;13(8):1520-3. Epub
2009 Apr 14.
4. Gumbs AA, Milone L, Sinha P, et al. Totally transumbilical laparoscopic cholecystectomy. J Gastrointest Surg 2009,13:533–534.
5. Messina M, Garzi A, Molinaro F, et al. [Video-assisted transumbilical appendectomy: an effective and safe alternative in noncomplicated
appendicitis].Minerva Chir 2005;60:129–130.
6. Remzi FH, Kirat HT, Kaouk JH, Geisler DP. Single-port laparoscopy in colorectal surgery. Colorectal Dis. 2008 Oct;10(8):823-6. Epub
2008 Aug 5.
7. Saber AA, Elgamal MH, Itawi EA, Rao AJ. Single incision laparoscopic sleeve gastrectomy (SILS): a novel technique. Obes Surg. 2008
Oct;18(10):1338-42. Epub 2008 Aug 8.
8. Reardon PR, Kamelgard JI, Applebaum B, Rossman L, Brunicardi FC. Feasibility of laparoscopic cholecystectomy with miniaturized
instrumentation in 50 consecutive cases. World J Surg. 1999 Feb;23(2):128-3.
9. Ponsky TA. Single Port Laparoscopic Cholecystectomyin Adults and Children: Tools and Techniques. J Am Coll Surg. 2009
Nov;209(5):e1-6. Epub 2009 Sep 3.
10. Marescaux J, Dallemagne B, Perretta S, Wattiez A, Mutter D, Coumaros D. Surgery without scars: report of transluminal cholecystectomy
in a human being. Arch Surg. 2007 Sep;142(9):823-6; discussion 826-7.
11. Philipp SR, Miedema BW, Thaler K. Single-Incision Laparoscopic Cholecystectomy Using Conventional Instruments: Early Experience in
Comparison with the Gold Standard. J Am Coll Surg. 2009; 209(5):632-7.
12. Puntambekar SP, Palep RJ, Puntambekar SS, Wagh GN, Patil AM, Rayate NV, Agarwal GA. Laparoscopic total radical hysterectomy by the
Pune technique: our experience of 248 cases. J Minim Invasive Gynecol. 2007 Nov-Dec;14(6):682-9.
13. Escobar PF, Fader NA, Paraiso MF, Kaouk JH, Falcone T. Robotic-Assisted Laparoendoscopic Single-Site Surgery in Gynecology: Initial
Report amd Tecnique. J Minim Invasive Gynecol. 2009;16(5):589-91.
14. Navarra G, Pozza E, Occhionorelli S, et al. One-wound laparoscopic cholecystectomy. Br J Surg 1997;84:695.
15. Rane A, Rao P, Bonadio F, Rao P. Single port laparoscopic nephrectomy using a novel laparoscopic port (R-port) and evolution of single
laparoscopic port procedure (SLIPP). J Endourol 2007;21:A287.

Corresponding Author
DR. SHAILESH PUNTAMBEKAR
shase63@gmail.com

Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
52
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Single Incision Laparoscopy in Solid Organ


Surgery: Is there a limit?
Umut Barbaros
Asssociated Professor of General Surgery
Istanbul Faculty of Medicine, Department of General Surgery

Background
Single incision laparoscopic surgery is recently became popular on behalf of inventing less invasive procedures. In this paper, we pres-
ent the first cases of SILS pancreas, SILS liver resection and SILS splenectomy cases.
Patients and Methods
Between January 2009 and January 2010, Among total 32 patients of single incision laparoscopic surgery (SILS) patients, 13 cases
have undergone SILS solid organ surgery composed of pancreatectomy (n=1), liver resection (n=2) and splenectomies (n=10).
Results
In 10 cases splenectomies, in one case distal pancreatosplenectomy, and in two cases liver resection were performed. The most
common splenectomy indication was idiopathic trombocytopenic purpura, distal pancreatosplenectomy indication was renal cell can-
cer metastases, and liver resection indications were left hepatic masses(adenoma, hemangioma) in segment 1 and 2. Single incision
laparoscopic surgery was performed successfully in 13 patients of solid organ pathologies. In a patient was converted to open proce-
dure.
Conclusion
To our knowledge, SILS in liver, pancreas and spleen were thr first cases in lietarture. In experienced centers, single incision laparo-
scopic surgery is could be performed successfully. However, to be able reveal the differences between Standard laparoscopic surgery and
SILS, prospective randomized comparative studies are required.
Key Words: Single incision, Laparoscopy, Surgery

INTRODUCTION have been thought recently. For this purpose safer


and equally as cosmetic approach use of single inci-
In the last 30 years, laparoscopic procedures have sion laparoscopic surgery (SILS) has gained signifi-
been used in various fields for treatment of many cant momentum in different fields of surgical prac-
malignant and benign diseases.[1] Currently, tise.[4,5] SILS practice has been started in our clinic
laparoscopy is preferred as an alternative to open sur- since January 2009. Single incision laparoscopic
gery due to its low complication rates, less postopera- splenectomy technique has been first described by
tive pain, achievement of better cosmetic results, and us.[6] In addition to splenectomy, we have per-
patients returning to their daily lives faster.[2,1,3] formed SILS pancreatectomy and liver resection
In order to have better cosmetic results, efforts which were the first cases in the literature in the
aiming to reduce incision of laparoscopic surgery world to our knowledge.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):53-60


53
MATERIALS AND METHODS ried out for exploring the other patologies. Following
placement of instruments into the abdomen, the basic
We prospectively analyzed the data of 13 patients mechanism is similar to that in 3-port laparoscopic
who have undergone SILS between January 2009 and procedures. The most difficult part of this technique
January 2010, in the Department of General Surgery, is to work with articulated instruments crossing each
Faculty of Medicine, Istanbul University. Demo- other. Ligasure (Valleylab division of Tyco Healthcare,
graphic data were collected including patient age, gen- Mansfield, MA) was used during most of the dissec-
der, diagnoses. Operative data were including opera- tion. Lower pole dissection and short gastric vessel lig-
tive time (from the first incision to the closure), blood ation were performed with 5 mm Ligasure. Finally at
loss, transfusion level, indications for conversion to the stapler stage in the splenic hilum, one of the ports
open surgery, pain score, complications, and length of was replaced with a 15 mm port and the operation was
hospital stay. During their hospital stay, pains of all resumed.(figue 1) Spleen in the endobag morcellated
the patients were scored based on the Visual Analog before removal. An aspirative drain was placed in lodge
Scale. All patients were vaccinated with Pneumovax routinely. In the last 6 splenectomy were conducted
23 (Merck&Co.Inc., Whitehouse Station, NJ, USA) 2 with a special SILS™ port ( Covidien, Mans-
weeks prior to the splenectomy and pancre- field,MA), specifically designed for SILS .(figure 2)
atosplenectomy and antibiotic prophylaxis (1g intra-
venous ampicillin-sulbactam) was applied. The SILS Pancreatectomy:
patients were operated on under general anesthesia. Patient was placed in a supine and reverse trende-
The entire series of operations were conducted by the lendburg position (30 degree) with open legs. The sur-
same team presided by UB. Postoperative analgesia geon stood between the legs, the first assistant was on
was established with PCA (patient controlled analge- the left side of the patient with the monitor placed on
sia). All the patients received the same nonsteroid anti- the cranial side of the patient. Under general anesthe-
inflammatory agents (8 mg intravenous lornoxicam, sia, completely trans-umbilical skin incision of 2 cm
twice a day) and narcotic analgesics (50 mg intramus- was performed. A special SILS port having four work-
cular pethidine, twice a day). ing channels is placed through this abdominal incision
of umbilicus. Pneumoperitoneum was applied
through this port. After the maintenance of 12 mmHg
SURGICAL TECHNIQUE
CO2 pneumoperitoneum, the three cannulas of 5 mm
were inserted inside this special port of SILS. We used
All procedures were performed using SILS instru- a rigid 30-degree, 5-mm laparoscope and two standard
ments. In the first 4 splenectomy cases, standard 3 rigid but articulating 5-mm laparoscopic instruments
ports with 5mm size were placed through the umbili- for all procedures of SILS. Once the laparoscope,
cus. In the last 6 splenectomies, 1 distal pancre- grasper, and dissector were placed, the overall proce-
atosplenectomy and two liver resections, interventions dures were similar to the procedures performed in a
were conducted with a special SILS™ port ( Covi- five-port laparoscopic pancreatectomy. The most dif-
dien, Mansfield,MA ), specifically designed for SILS . ficult part of this technique was that the working
instruments were crossing each other and roticulated.
SILS Splenectomy: The 5 mm telescope was introduced under both of the
For splenectomy, all standard laparoscopic splenec- working instruments and sometimes over them chang-
tomy steps followed by using roticulated instruments. ing according to the surgical step of the procedure.
A 5mm telescope with 30o angle was used. After ensu- After less invasive entry into the abdomen nothing dif-
flation of the abdominal cavity, exploration was car- ferent from multi-trocar laparoscopic pancreatectomy

Umut Barbaros
54
Figure 1 – Hilum
ligation with Endo
GIA which was
introduced through
the SILS port

technique, was performed. During all these steps at


least one of the equipments of roticulated grasper and
dissector were used. Following a diagnostic
laparoscopy, the lesser sac was entered by dividing the
gastrocolic ligament using advanced probe of Liga-
Sure (Valleylab, Boulder, CO, USA). The whole pan-
creatic body and tail were exposed and the 2 cm lesion
on the corpus was defined. Before starting pancreatic
dissection we placed a loop encircling the stomach
corpus by crossing the lesser curvature and greater cur-
vature for preoperative continous retraction. We pre-
pared the loop using polypropylene suture covered
with a plastic tube of IV serum set in order to prevent
a possible stomach injury. Two tips of this suture were Figure 2 – SILS port and working equipments
taken out of abdominal cavity with suture passer
placed under xiphoid process. During the whole pro-
cedure stomach retraction was provided with this staplers ( US Surgical Corp, Norwalk, CT, USA ). Dis-
tensed loop prolene hanging the stomach. ‘Medial-to- section of the pancreas from the pancreatic bed was
lateral’ technique for tumours in the body and proxi- started after ligation of the splenic artery near the
mal tail of the pancreas was the chosen method. The celiac trunk. Dissection was carried out in a medial-to-
peritoneal lining along the inferior edge of pancreas lateral fashion from the tail towards the hilum of the
was dissected at the point where transection of pan- spleen. Retroperitoneal dissection took time due to
creas would be carried.(figure 3) An adequate window dense fibrosis of the region caused by previous left
was created, a roticulated grasper was passed around nephrectomy. In this manner, the distal portion of
the body of the gland. The splenic vein was identified pancreas containing the tumour was removed together
and ligated with ligasure at this level. One of the 5 mm with splenic vessels and spleen itself and its retroperi-
trocar sites on Simport was replaced with a 15 mm toneal attachments and thus freed. Once the distal
trocar to be able to introduce lineer stapler. The pan- pancreas was mobilized, the stapled closure of the
creas was then transected using two 45 mm Endo-GIA proximal pancreatic stump was reinforced with Fibrin

Single incision laparoscopy in solid organ surgery: is there a limit?


55
Figure 3 – Dissected lower pancreatic edge and splenic vein lying under Figure 5 – SILS irregular left lateral segment resection and radiofre-
the pancreas quency probe (Habib IV) use for parenchyma dissection

was placed in the lesser sac. Umbilical site was sutured


with 0 polypropylene and the skin was closed with sta-
pler. (figure 4)

SILS Hepatectomy:
In this case again SILS port was used. Initially
round ligament was retracted by using a 0 polyprolene
suture from right subcostal region. Left triangular lig-
ament was dissected with angulated scissor and 5 mm
Ligasure. Irregular segment 2 and 3 resection was per-
formed with the help of radiofrequency probe (Habib
IV).(figure 5). After resection of liver segment, they
were placed into a special sterile nylon bag (endobag)
before removal. Both of the lesions (adenoma, heman-
gioma) were benign which were removed with SILS
technique.

Figure 4 – Postoperative closed umbilical incision in which also aspi- RESULTS


rative drain can be placed

Mean age of the patients was 37.4 years, and the


male/female ratio was 3/10. In 10 cases splenectomy,
glue. The splenic part of the specimen was retrieved in 1 case distal pancreatosplenectomy, and 2 cases of
using the Endo-Catch 15 ( US SurgicalCorp, Nor- irregular segmental liver resection were performed.
walk, CT, USA) by morcellation, and then, pancreatic The type of the SILS and patients number is shown in
part of the specimen was delivered through the umbil- table 1. None of the cases showed mortality. Indica-
ical port site as an intact piece. A closed suction drain tions, demographic characteristics, intraoperative

Umut Barbaros
56
Table 1. SILS Splenectomy cases

No A/S SS LO BL Transfusion LS D C COA VAS Diagnoses

F:200
1 28/F * 11.9 85 200 2 U PSA 4 S:25 No No F:2 ITP
T:10
2 U PSA +
2 40/F 15 120 Abundant 5 0 Hemorrhage Yes F:5 TTP
2 U ES

3 28/M 11.9 180 50 2 U PSA 2 F: 75 No No F:2 ITP

F:200
4 32/F 11.7 115 50 2 U PSA 4 S:50 No No F:2 ITP
T:20
F:80
5 22/F 11.9 100 70 2 U PSA 3 No No F:2 ITP
S:40
F:90
6 31/F 12.1 125 75 2 U PSA 3 No No F:2 ITP
S:30

7 28/F 13.4 60 50 2 U PSA 2 F:70 No No F:2 ITP

F:75
8 57/M 12 65 50 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:20
F:100
9 47/F 11.8 75 40 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:40
F:50
10 22/M 12.7 55 50 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:20

blood loss, pain scores on day 1 and 3, hospital stay with laparoscopic Habib probe of radiofrequency
length, daily drainage levels, and drain removal times energy. Whole operation lasted 2 hours. Patient was
of the cases are shown in Table 2,3,4,5 respectively. discharged on the 3 rd postoperative day without nay
Splenectomy indication was idiopathic thrombocy- complication. Pathology result revealed hepatic ade-
topenic purpura in all cases. In one case, we were noma with clean hepatic tissue margins. Similar case of
forced to conversion to open surgery due to hemor- 49 years of female left hepatic hemangioma (6 cm) was
rhage in the splenic artery as a result of failure to fire also treated with the same technique. Pancreatectomy
the stapler. Spleen sizes varied between 11.7-15cm. case was 59 years old female who underwent left
Blood loss occurred between 50-200cc. While short- nephrectomy 11 years ago for the treatment renal cell
est operation length was 60 minutes, longest one was cancer. In her follow-up two suspicious pancreatic
180 minutes in the splenectomy group. No wound lesions determined. After a successful SILS subtotal
infection was observed in the abdomen postopera- pancretosplenectomy with clean tumor free margins,
tively and there was perfect cosmetic appearance . In histopathology confirmed the two foci of renal cell
43 years old female there was a 5 cm left lobe tumor cancer metastasis. Operating time was 330 minutes.
located peripherically between segment 2 and 3. In In postopeartive period low volume pancreatic fistula
this case liver parenchyma resection was performed ceased after 20 days with the close follow up of drain

Single incision laparoscopy in solid organ surgery: is there a limit?


57
Table 2. Demographic characteristics, surgical datum and diagnoses of the other cases

A/S LO BL Transfusion LS C COA VAS Diagnoses

1 59/F 330 100 No 7 Pancreatic fistula 20cc/day No F.2 *Pancreatic metastases

2 49/F 150 30 No 2 No No F:2 *Liver hemangioma

3 44/F 120 50 No 4 No No F:2 *Liver mass (adenoma)

Abbreviatios: A/S: Age and sex, SS: Spleen size (cm), LO: Length of the operation (minutes), BL: Blood loss (cc), PSA: Platelet suspension was prepared by method of
apheresis ES : Erythrocyte suspension LS: Length of the stay (day), D: Drain volume(cc), F:First day,C: Complications, COA: Conversion to open approach, VAS:
Visual Analog Scale.
* To our knowledge first cases in the literature

that was placed during the surgical intervention. To compromise on current standards of surgical care? Sec-
our knowledge, subtotal pancreatectomy together with ond, are real benefits of SILS restricted to only
splenectomy and left irregular lateral segment hepatic improved cosmesis, or are there additional advantages
resections are the first cases that were performed with with respect to convalescence and postoperative recov-
SILS technique in the literature. ery period? Raman’s findings in single incision
nephrectomy cases underscore that, in the hands of an
experienced laparoscopic surgeon, SILS nephrectomy
DISCUSSION is equally efficacious to conventional laparoscopic
nephrectomy without compromising on surgical or
The introduction of laparoscopy in the early 1990s postoperative outcomes. Interestingly, despite this
leaded a new era in the surgical treatment of human series representing their initial SILS experience, they
diseases. Evolution of minimally invasive techniques noted no differences in any operative variables com-
has furthered an impulsion in the surgical community pared to conventional laparoscopy. Anecdotally, they
to reduce the invasiveness of laparoscopic surgery. observed no increased difficulty in their cases com-
Although SILS practice is relatively new, it has already pared to radical nephrectomy, although they presume
been applied in plenty of surgical procedures by keen that there may be future cases in which dense
on surgeons. Many procedures such as cholecystec- retroperitoneal inflammatory reaction may prove a
tomy, adrenalectomy, laparoscopic total extraperi- challenging obstacle.[6,12]
toneal inguinal hernia repair, right hemicolectomy, left Since the first laparoscopic splenectomy by Delaitre
hemicolectomy, rectum operations, sleeve gastrectomy, in 1991 and technique widened its range including
gastrojejunostomy, and nephrectomy have been per- massive splenomegaly cases.[13] Regarding minimally
formed through single incision and reported to the invasive surgeries, operations performed with three
world literature.[8,9,10,11] Although as the solid organs, trocars have been thought to be the best practice that
nephrectomy, prostatectomy and adrenalectomy pre- could ever be achieved. Together with our laparoscopic
viously performed with SILS tecnniques, to our splenectomy experience, use of SILS on solid organs
knowledge, first SILS splenectomy, pancreatectomy such as in nephrectomy gave us the inspiration that
and liver resection are performed in our clinic in the we could employ this method in splenectomy. Conse-
world.[6] quently, we performed the technique and reported the
As clinical experience with SILS increases, there are first SILS splenectomy cases in the world.[4] Single
two inevitable questions encountered: First, does SILS incision laparoscopy presents several advantages over

Umut Barbaros
58
standard laparoscopy. It is certain that although SILS of equipment for parenchyma transaction such as
requires articulated instruments, it is a harder practice radiofrequency, bipolar vessel sealing systems have
compared with the standard laparoscopic techniques. been introduced for clinical use. .[14] Although some
However, we are at the start point of a new route and reports declaring hepatic tumors located in the diffi-
have to learn many things. We believe that, by the cult localizations like right lobe posterior segment,
time practices will be easier and the technological major left lateral segment resections are performed
advances will increase the comfort of surgeons in this laparoscopically. We describe here the technical con-
technique. In our SILS splenectomy series, highest siderations for performing laparoscopic liver resection,
length of operation was 180 minutes in the first case, with SILS technique. In two cases of left lateral seg-
whereas the operation length in our last case was 60 ment benign lesions, we performed single port liver
minutes. resection without any complication successfully.
Many studies have recently reported on laparoscopic In conclusion, we believe SILS is as beneficial as
liver resection, although its development has been slow conventional laparoscopic surgery regarding the major
compared to laparoscopy in other fields. The indica- advantages of laparoscopy. Although SILS provides a
tions for the location of laparoscopic liver resection better cosmetic outcome, in order to reveal the main
have previously been limited to easily accessible lesions. advantages of SILS, more prospective, and random-
endoscopy, high definition imaging and various kinds ized studies, are required.

Single incision laparoscopy in solid organ surgery: is there a limit?


59
REFERENCES

1. Irwin BH, Rao PP, Stein RJ, Desai MM. Laparoendoscopic single site surgery in urology. Urol Clin North Am 2009;2:223-35.
2. Maartense S, Bemelman WA, Gerritsen van der Hoop A, Meijer DW, Gouma DJ. Hand-assisted laparoscopic surgery (HALS): a report of
150 procedures. Surg Endosc 2004;3:397-401.
3. Barbaros U, Sumer A, Dinccag A, Batman B, Mercan S, Seven R, Demir B. Single incision laparoscopic splenectomy. Our first experiences.
Med J Trakya University. (In publish)
4. Bayazit Y, Aridogan IA, Abat D, Satar N, Doran S. Pediatric Transumbilical Laparoendoscopic Single-site Nephroureterectomy: Initial Report.
Urology. 2009;74:1116-21.
5. Ponsky TA. Single port laparoscopic cholecystectomy in adults and children: tools and techniques. J Am Coll Surg 2009;5:e1-6.
6. Barbaros U, Dinçça A. Single Incision Laparoscopic Splenectomy: The First Two Cases. J Gastrointest Surg 2009;8:1520-3.
7. Langwieler TE, Nimmesgern T, Back M. Single-port access in laparoscopic cholecystectomy. Surg Endosc 2009;5:1138-41.
8. Filipovic-Cugura J, Kirac I, Kulis T, Jankovic J, Bekavac-Beslin M. Single-incision laparoscopic surgery (SILS) for totally extraperitoneal (TEP)
inguinal hernia repair: first case. Surg Endosc 2009;4:920-1.
9. Bucher P, Pugin F, Morel P. Single port access laparoscopic right hemicolectomy. Int J Colorectal Dis 2008;10:1013-6.
10. Bucher P, Pugin F, Morel P. Transumbilical single-incision laparoscopic intracorporeal anastomosis for gastrojejunostomy: case report. Surg
Endosc 2009;7:1667-70.
11. Reavis KM, Hinojosa MW, Smith BR, Nguyen NT. Single-laparoscopic incision transabdominal surgery sleeve gastrectomy. Obes Surg
2008;11:1492-4.
12. Raman JD, Bagrodia A, Cadeddu JA. Single-incision, umbilical laparoscopic versus conventional laparoscopic nephrectomy: a comparison of
perioperative outcomes and short-term measures of convalescence. Eur Urol 2008;5:1198-204.
13. Delaitre B, Bonnichon P, Barthes T, Dousset B. Laparoscopic splenectomy. The “hanging spleen technique” in a series of nineteen cases. Ann
Chir 1995;6:471–476. French.
14. Huang MT, Wei PL, Wang W, Li CJ, Lee YC, Wu CH. A series of laparoscopic liver resections with or without HALS in patients with hepatic
tumors. J Gastrointest Surg. 2009 May;13(5):896-906. Epub 2009 Mar 10.

Corresponding Author:
UMUT BARBAROS
Istanbul University, Istanbul Faculty of Medicine
Department of General Surgery
Çapa, ISTANBUL, TURKEY
00905423425115, umutbarbaros@yahoo.com

Umut Barbaros
60
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Technique of double incision laparoscopic


cholecystectomy (DILCH) as an
alternative to SILS
Tadeusz M. Wróblewski, Sebastian Piotrowicz,
¹Bogna Ziarkiewicz-Wróblewska, Marek Krawczyk

Department of General, Transplant & Liver Surgery, Warsaw Medical University


¹Department of Pathology, Warsaw Medical University, Poland

ABSTRACT
Background. Single incisions laparoscopic surgery (SILS) applied for cholecystectomy can ensure a good cosmetic effect expecting
without no visible scarring cosmetic effect after surgical procedures, but needrequires implementation of special ports, as well as artic-
ulating and banked instruments to be more comfortable for the surgeon. The aim of this paper is to present three three-ports chole-
cystectomy through two well hidden incisions – umbilical and suprapubic, – performed by with typical laparoscopic instruments.
Methods. Ten consecutive elective patients with typical, symptomatic cholelithiasis were qualified for DILS cholecystectomy. All acute
cases were excluded from intervention. Typical CO2 pneumoperitoneum was done after umbilical skin incision. Two ports, 5 mm and
11 mm, were inserted in the maximum external edges of this incision. The second incision for 11 mm optical trocar for optic was per-
formed in the suprapubic median line, just in the hairy zonewithin the hair line, to hidden conceal himit.
Results. DILCH were performed without any conversions to classical LCH or open cholecystectomy. Each procedure was different
according to technical improvement of access and manipulation of instruments manipulations. Time of interventions ranged between
from 2 hours for the first patients to 1 hour for the last according to the learning curve. No complications were observed and all
patients were discharged as after conventional LCH.
Conclusions. DILCH as a three three-port laparoscopic intervention, performed with typical laparoscopic instruments, is more
convenient for the surgeon than single incision LCH. Transfer of the optic from the umbilical port site to hidden the concealed supra-
pubic hairy region gives thereprovides more space for instruments but didn’t did not spoil theed good cosmetic effect of intervention.
This procedure is easy to learn and in case of technical problems we can always apply additional ports like foras in typical LCH.

The concept of NOTES ideas gave the surgeons the dien SILS port Covidien, Olympus LESS port,-
possibility to modify typical laparoscopic techniques Olympus and many new others) and new, recently
in the direction to of surgery with no visible scars sur- introduced recently bent instruments to provide make
gery. SILS cholecystectomy (SILS – single incision this intervention more easyier for the surgeon. [1-6].
laparoscopic surgery) is one of the example, but needs The aim of this paper is to present three three-ports
also requires implementation of three special small cholecystectomy through two well hidden incisions
three ports or special multi-channels ports (e.g. Covi- performed by with trocars and instruments typical for

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):61-63


61
laparoscopic cholecystectomy (LCH) trocars and 3-0 Monocryl (Ethicon, J&J) was inserted through the
instruments. Two ports were introduced in the umbili- abdominal wall firstly in the midline to hang up the
cus and a third one for the camera, through an addi- round ligament round of the liver. Second the same
tional suprapubic additional 1.5 cm incision. This suture from the anterior axillary line site, just below
modification of SILS gives the surgeon more space in of to the right costal margin was inserted and the fun-
the umbilical region and makes this intervention more dus of the gallbladder was stitched, moved superolat-
safer for the patient and more comfortable for the sur- erally and fixed to the abdominal wall just after mov-
geon. ing out the straight needle outside of the abdomen. A
third stitch was inserted through the abdomen 5 cm
below the second one and the neck of the gallbladder
MATERIAL AND METHODS: was punctured to help in openning of Calots’s triangle.
The endoclinch from the right trocar grasped the gall-
Ten consecutive patients, 8 women and 2 men with bladder to open Calot’s triangle for dissection. After
typical, symptomatic cholelithiasis, without the suspi- dissection of the cystic duct and artery the 5 mm tro-
cion of common bile duct (CBD) stones, were quali- car in the left umbilicus umbilical pole was changed
fied for DILCH. The age of the patients ranged from for an 11 mm metallic, no non-disposable trocar. The
18 to 72 years. All acute cases were excluded from the mentioned structures were then clipped by using a
intervention. All the patients underwent typical for typical 10 mm clips applier and finally cut by with
LCH general, endotracheal anaesthesia typical for laparoscopic shears. The gallbladder was dissected by
LCH. The patient was placed in a 30° reverse Trende- monopolar electrocautery like and the fixations of the
lenburg position and turned 20° laterally. them waswere released. Haemostasis of the gallblad-
The surgeon stood between the patient’s legs and der lodge had been done progressively by electro-
the camera operator to his left side. couteryelectrocautery. Rinsing and suction of the
Typical trocars, classical for LCH, trocars were used: abdominal cavity was done if necessary. Next the cam-
(5 mm Covidien, Norwalk, USA and 11 mm non-dis- era was translocated to the 11 mm umbilical trocar
posable Olympus, Hamburg, Germany). After a U- and the gallbladder was removed using a typical croc-
shape, 3 cm umbilical skin incision, 15 mmHg pneu- odile grasper by at the lower suprapubic trocar site.
moperitoneum was created 15mmHg with a Veress After that, through this orifice a 16 Fr Redon type
needle was done. The first trocar was inserted 5 mm drencatheter could be inserted and was placed into the
inside the left edge of the umbilical incision was gallbladder lodge if necessary. Pneumoperitoneum
inserted. Through this trocar a 5 mm angled 30° tele- desufflation was followed by closure of the fascia in
scope was placed. Under visual control a second the umbilicus and in the suprapubic port site by 1-0
11 mm trocar for the camera was inserted in the supra- PDS (Ethicon, J&J). The skin was closed with non-
pubic median line, slightly on to the right, just in absorbable separated stitches in the umbilicus and
within the hair liney zone, to hidden conceal ithim. purse-string in the suprapubic incision.
To this trocar the camera from the umbilicus was
transferred. For better vision it was changed for an
angled 30°, 10 mm telescope. Last The third, 5 mm RESULTS
trocar was introduced inside the right edge of the
umbilical incision, as far as possible to from the 5 mm, Double incision laparoscopic cholecystectomy
first inserted trocar. (DILCH) was performed without any conversion to
Standard 5 mm endoclinch and dissector ( Covi- the classical LCH or open cholecystectomy in all the
dien, Norwalk, USA) were used. Straight needle suture patients. Each procedure was different according to

Tadeusz M. Wróblewski, Sebastian Piotrowicz, Bogna Ziarkiewicz-Wróblewska, Marek Krawczyk


62
technical improvement of access and manipulation of hairy region gives thereprovides much more space for
instruments manipulations. Time of interventions instruments in this region than described by authors
ranged from 120 minutes for the first patient to 60 for all single access techniques [7-9]. The surgeon’s
minutes for the last one. It was unnecessary to put work was more easyier butwhile exposition exposure of
apply a drain in most of cases (6/10). No complica- the Calot’s triangle and gallbladder during DILCH
tions were observed and all patients were discharged in was n’t not as ideal as during classical LCH but much
on the second day after the intervention, like after con- better than in SILS patients. However, in all the
ventional LCH. All the patients were seen within one patients additional fixation of the gallbladder fundus
week after the intervention. The skin stitches were by straight needle suture was applied, which consider-
removed and replaced by with steristrips. There were ably ameliorated a lot the exposition exposure of
no visible scars on the abdomen after one month of Calot’s triangle. There were no visible scars after this
observation. The patients’ status were was found to be operation. The additional trocar placed in the lower,
similar like as after conventional LCH. The patholo- suprapubic region did n’ot spoil the good cosmetic
gist described cholelithiasis with cholecystitis in 6 for effect of the intervention. This procedure is easy to
of 10 patients. learn and in case of technical problems we can always
apply additional ports like as for typical LCH. Further
development of this method is will be possible when
CONCLUSIONS it becomes commonly possible to apply the bent
laparoscopic instruments will be commonly possible
DILCH as a three three-port laparoscopic chole- to apply.. Then the surgeon will obtain much more
cystectomy performed with typical laparoscopic splace then now, and DILCH will appear become the
instruments is more convenient for the surgeon than a intervention much more comfortable nvenient inter-
SILS cholecystectomy. Transfer of the camera from the vention then than now at present, and Calot’s triangle
umbilical port site to the hidden concealed suprapubic preparation will be safer to avoid CBD lesions.

REREFERENCES

1. Tacchino R, Greco F, Matera D. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: surgery without a visible scar. Surg Endosc. 2009 Apr; 23(4):
896-9
2. Hodgett SE, Hernandez JM, Morton CA, Ross SB, Albrink M, Rosemurgy AS. Laparoendoscopic single site (LESS) cholecystectomy. J Gas-
trointest Surg. 2009 Feb;13(2):188-92
3. Kommu SS, Rané A. Devices for laparoendoscopic single-site surgery in urology Expert Rev Med Devices. 2009 Jan;6(1):95-103
4. Chamberlain RS, Sakpal SV. A Comprehensive Review of Single-Incision Laparoscopic Surgery (SILS) and Natural Orifice Transluminal Endo-
scopic Surgery (NOTES) Techniques for Cholecystectomy. J Gastrointest Surg. 2009 May 2.[Epub ahead of print].
5. Kurpiewski W, Pesta W, Kowalczyk M, Głowacki L, Ju kiewicz W. SILS cholecystectomy – our first experiences. Videosurgery and other mini-
invasive techniques 2009; 4 (3): 91-94
6. Śmietański M, Kitowski J, Tarasiuk D. Laparoscopic abdominal hernia repair with SILS® port – our first experiences. Videosurgery and other
miniinvasive techniques 2009; 4 (2): 76–78.
7. Langwieler TE, Nimmesgern T, Back M. Single-port access in laparoscopic cholecystectomy. Surg Endosc. 2009 May;23(5):1138-41
8. Elazary R, Khalaileh A, Zamir G, Har-Lev M, Almogy G, Rivkind AI, Mintz Y. Single-trocar cholecystectomy using a flexible endoscope and
articulating laparoscopic instruments: a bridge to NOTES or the final form? Surg Endosc. 2009 May;23(5):969-72
9. Petrotos AC, Molinelli BM. Single-incision multiport laparoendoscopic (SIMPLE) surgery: early evaluation of SIMPLE cholecystectomy in a
community setting. Surg Endosc. 2009 Mar 6 [Epub ahead of print].

Autor de Contacto
TADEUSZ M. WRÓBLEWSKI
wroblewskitad@tlen.pl

Technique of double incision laparoscopic cholecystectomy (DILCH) as an alternative to SILS


63
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA

Micro-Laparoscopia – Uma Alternativa


ou um Complemento às Técnicas
de Video-Cirurgia por Porta Única?
Micro-Laparoscopy – an alternative or a complement to the techniques
of video-surgery through single port?

José M. Schiappa

Hospital CUF Infante Santo, Lisboa


Clínica CUF Cascais, Cascais

RESUMO
Como suporte da apresentação de um vídeo que mostra a técnica da colecistectomia através da Micro-laparoscopia, este texto suma-
ria a introdução à utilização da chamada “needlescopy”, a sua evolução tecnológica, os detalhes da técnica executada e os resultados obti-
dos pelo autor. No final são feitas considerações relativas à utilização desta abordagem, seja como alternativa, seja como complemento
das técnicas de “Porta Única”

ABSTRACT
As a text support for the presentation of a video clip showing the technique of cholecystectomy by Micro-laparoscopy, this text gives
a summarized introduction to the use of the so called “needlescopy”, to its technological evolution, to the details of the technique per-
formed and to the results the author has obtained. In the final part the author gives his comments on the use of this approach, as an
alternative and as a complement to the “Single Port” techniques.

INTRODUÇÃO várias das técnicas então rotineiras de cirurgia laparos-


cópica.
Em 1997, alguns fabricantes de material cirúrgico Também em Portugal se fez a divulgação deste equi-
começaram a desenvolver e a colocar no mercado pamento e efectuámos algumas cirurgias com ele.
material de laparoscopia com diâmetros de 2 e 3 mm. Este material existia com alguns dos instrumentos
A ideia base era a de minimizar ainda mais a agressivi- com diâmetro de 2mm. e outros com 3mm. de diâ-
dade da cirurgia, com pontos de entrada abdominal metro. Do mesmo modo, os trocartes, cânulas e man-
de dimensões muito reduzidas. dris tinham diâmetros reduzidos e correspondentes aos
Como habitual, imediatamente a seguir a esta intro- instrumentos e existiam ópticas de 3mm.
dução de equipamentos, começaram a ser publicados As vantagens teóricas da utilização desta abordagem,
relatos e a ser feitas apresentações da sua utilização em chamada de micro-laparoscopia ou “needlescopy”

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):65-67


65
pareciam sustentáveis, mas a prática não o demons- 1) As portas de acesso têm de ser colocadas mais
trou por problemas de vária ordem. perto do “ponto de actuação” do que o habitual. Isto
O primeiro – que também levou à nossa interrupção não só porque alguns dos instrumentos são um pouco
precoce da aplicação dos instrumentos – tinha que ver mais curtos do que os de 5 mm de uso corrente, mas
com a fragilidade do material. Quer o material de também porque há que minimizar as possíveis forças
acesso, quer os instrumentos, quer ainda as ópticas peca- de torção exercidas durante a manipulação.
vam por uma clara fragilidade, sem qualquer resistência 2) Há que considerar se vai ser necessário usar clips
ao torque. Nas mãos de profissionais de saúde, cirur- (conforme a cirurgia a ser efectuada); nesse caso a colo-
giões, enfermeiras e técnicos de esterilização que esta- cação das portas tem de permitir o uso fácil de uma
vam habituados ao material de 5 e 10mm, já então con- pinça de 5 mm. Durante esse tempo cirúrgico a visua-
siderado “clássico”, duraram pouco, sofrendo torções e lização é feita com a óptica de 3mm.
quebras nas várias fases dos processos de utilização. 3) Se vai ser efectuada a remoção de órgão (vesícula
O segundo problema era mais grave e, somado ao biliar ou outro), pode ser mais eficaz utilizar logo de
anterior, também contribuiu fortemente para que entrada uma porta de 10-12mm a nível umbilical para
abandonássemos a técnica: as ópticas de 3mm não se efectuar a remoção, no final, e permitir, através dela,
tinham qualidade suficiente para garantir a visualiza- o uso de instrumentos de maior diâmetro durante a
ção do campo operatório em boas condições. Havia cirurgia. Esta solução está dependente da dimensão do
um risco de segurança que não podia ser ignorado. órgão em questão já que, em alguns casos é possível a
remoção da vesícula, por exemplo, através de uma
porta de 5mm.
SITUAÇÃO ACTUAL A utilização de 3 ou 4 portas de acesso depende das
opções do cirurgião e da facilidade ou dificuldade de
Em 2008 e 2009, foi lançada uma nova geração de execução da colecistectomia em cada caso particular.
equipamentos como os acima referidos; são vários os Em geral tomamos a decisão durante a cirurgia, con-
fabricantes. Alguns dos problemas anteriores já não são forme as condições locais.
tão marcantes. A qualidade do material e a resistência Habitualmente usamos a colocação de porta umbi-
é superior, mantendo-se ainda – obviamente – uma lical para a óptica, de 5mm e a colocação de 2 ou 3
certa fragilidade; os equipamentos têm, de qualquer portas mais, de 2 ou 3mm. O posicionamento das por-
modo, que ser manipulados cuidadosamente. A maior tas é o nosso usual, com a ressalva de se colocarem mais
diferença encontra-se ao nível do que as ópticas são próximo do “ponto de actuação”, a região média do
hoje capazes de produzir em termos de imagem. A rebordo costal direito, no hipocôndrio. A técnica de
visualização pode-se considerar bastante boa e, fazendo dissecção, identificação e libertação das estruturas,
a comparação, é manifesta a melhoria de qualidade. nomeadamente do pedículo biliar, é semelhante à
usada na colecistectomia laparoscópica “clássica”.
Depois de identificadas as estruturas (canal e artéria
TÉCNICA E RESULTADOS císticos), é necessário proceder à troca de ópticas e de
seu posicionamento. É colocada uma óptica de 3mm
A técnica da Colecistectomia por Micro-laparosco- na porta localizada no hipocôndrio esquerdo e a porta
pia é semelhante à técnica que usamos normalmente umbilical de 5mm é usada para a utilização de uma
na Colecistectomia por via laparoscópica com o equi- pinça de clips de 5mm. Finalizada a clipagem e secção
pamento de uso corrente. das estruturas, pode-se voltar ao posicionamento ini-
Três pontos têm de ser realçados, uma vez que são cial e finalizar a cirurgia. Se necessário é convertida a
fundamentais para o sucesso da técnica: porta de 5mm umbilical em 12mm.

José M. Schiappa
66
A aplicação clínica da técnica de micro-laparosco- em termos de diminuição da dor e correspondente uti-
pia foi por nós efectuada em 1997 (foram efectuadas lização de analgésicos; os doentes referem satisfação
5 colecistectomias e 3 laparoscopias diagnósticas) e com o aspecto cosmético que, de facto, deixa cicatri-
retomada em 2009 (10 casos de colecistectomia efec- zes quase imperceptíveis. Não podemos deixar de fri-
tuados). sar que se tratam de dados subjectivos – nossos e dos
Todas as cirurgias correram sem incidentes e com doentes – que não têm substracto de evidência cientí-
post-operatórios sem complicações. Os tempos opera- fica dos resultados.
tórios ficaram dentro dos tempos médios habituais. O acesso por “Porta Única” é hoje muito falado.
Sob o ponto de vista de resultados estéticos, fica ape- Muitos cirurgiões têm efectuado cirurgias deste tipo,
nas visível uma cicatriz a nível umbilical (5 ou 12mm), usando os vários métodos de abordagem possíveis.
não havendo cicatriz residual nos pontos de aplicação Existem, claramente, dificuldades técnicas para a sua
das outras portas (“picada” de agulha de 2 ou 3mm). execução e essas dificuldades levantam questões de
Os doentes referem a ausência quase completa de vária ordem quanto à aplicação e, mais ainda, à gene-
dor e a satisfação cosmética. ralização da técnica.
Há que olhar para a micro-laparoscopia com espí-
VÍDEO DEMONSTRATIVO rito aberto e perceber bem todo o seu potencial. Tem,
de facto – apesar de não existir a fundamentação
No vídeo que pode ser visualizado a acompanhar científica –, vantagens de utilização, percebidas pelos
estas notas (ver noutro local deste caderno qual o URL executantes e pelos doentes. Se considerarmos a uti-
a usar) é feita a demonstração da técnica de Micro-lapa- lização conjunta das duas técnicas (“Porta Única”
roscopia, comparando a execução da cirurgia há dez como via principal de abordagem, visualização e
anos atrás, com o equipamento inicialmente disponibi- mesmo de trabalho e “Micro-Laparoscopia” como via
lizado, e em 2009, com o equipamento mais recente. de aplicação de instrumentos de manipulação e tra-
Pode-se verificar a grande diferença na qualidade da balho e mesmo de visualização em determinados pas-
imagem fornecida pelas ópticas actuais, permitindo ver sos), teremos, quanto a nós, a resolução de muitos
com clareza todo o campo operatório e fornecendo dos problemas existentes em qualquer das técnicas e
agora condições de observação segura para prossecução uma boa solução para a obtenção dos propósitos
da cirurgia. finais.
A complementaridade entre as duas técnicas e os
COMENTÁRIOS FINAIS equipamentos existentes é evidente e, quanto a nós,
será o caminho a seguir. Já tendo efectuado duas das
A utilização da Micro-laparoscopia, pela nossa expe- cirurgias utilizando esta opção parece-nos que a pode-
riência, tem vantagens sobre a “Laparoscopia Clássica” mos recomendar.

JOSÉ M.SCHIAPPA
jschiappa@net.vodafone.pt

Micro-laparoscopia – uma alternativa ou um complemento às técnicas de video-cirurgia por porta única?


67
CASO CLÍNICO

Lipoma Duodenal – Uma Causa Rara


de Hemorragia Digestiva
Rui Martins1, Carla Quental 2, A. J. Ribeiro Oliveira3 e A. Neves Firmo3

1 Interno do Internato Complementar de Cirurgia Geral


2 Assistente Hospitalar de Cirurgia Geral
3 Assistente Hospitalar Graduado de Cirurgia Geral

Serviço de Cirurgia Geral (Director Dr. Carlos Magalhães dos Santos) – Centro Hospitalar de Coimbra

RESUMO
O lipoma duodenal é um tumor raro, de natureza benigna, que normalmente se torna sintomático quando alcança dimensões supe-
riores a 4 cm de diâmetro. Foram descritos na literatura mais de 200 casos de lipomas duodenais, dos quais apenas 15 se manifestaram
através de uma hemorragia digestiva alta severa.
Apresentamos aqui o caso clínico de um homem de 73 anos, internado com um quadro clínico de anemia aguda, no qual, após a
realização de endoscopia digestiva alta, complementada por ultrassonografia endoscópica, se identificou, na face posterior da segunda
porção do duodeno, uma formação submucosa de base alargada e com sinais de sangramento recente. O doente foi submetido a uma
laparotomia, no decurso da qual se procedeu à exérese daquela lesão através de uma duodenotomia anterior. O estudo histopatológico
da peça operatória removida evidenciou a presença de um lipoma duodenal. A propósito deste caso clínico os autores fazem uma sumá-
ria revisão da literatura relativamente a este tema.
Palavras-chave: lipoma duodenal, hemorragia digestiva alta

ABSTRACT
The duodenal lipoma is a rare tumour, with a benign nature, which usually becomes symptomatic when its size surpasses 4 cm of
diameter. Two hundred cases of duodenal lipomas have been described in literature, among which only 15 manifested through a high
and severe digestive haemorrhage.
Here we present the clinical case of a 73 year-old man, interned in the hospital with a clinical picture of sharp anaemia in which,
after a high digestive endoscopy, complemented by an endoscopic ultrasonography, was identified, in the posterior face of the second
duodenal portion, a submucosal formation with a large base and signs of recent bleeding. The patient was submitted to a laparotomy,
during which the exeresis of that injury was undergone by an anterior duodenotomy. The histopathological study of the removed sur-
gical piece evidenced the presence of a duodenal lipoma. To purpose of this clinical case the authors make a brief revision of the lite-
rature related to this issue.

INTRODUÇÃO mente por hemorragia, ulceração, invaginação ou obs-


trução do lúmen intestinal2.
Os lipomas são tumores benignos com rara locali-
zação no intestino delgado, onde, contudo, são mais CASO CLÍNICO
frequentes no duodeno e no jejuno. A maioria dos
lipomas do tracto digestivo é assintomática, excepto J.J.N., doente do sexo masculino, 73 anos de idade,
quando atingem dimensões superiores a 4 cm de diâ- raça caucasiana, admitido no Serviço de Urgência do
metro1. Nestes casos, podem manifestar-se clinica- Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra no

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):69-72


69
Hemoglobina 5,4 g/dl [13-17,5 g/dl]
Hematócrito 17,3% [40-50%]
Volume Globular Médio 107 fl [80-100 fl]
Leucócitos 6.000/µL [4.000-10.000/µL]
Ureia 11,6 mmol/l [3,2-7,1 mmol/l]
Creatinina 52,2 mol/l [53-115 mol/l]
Albumina 23 g/dl [35-50 g/dl]
Glicose 144 mg/dl [54- 108 mg/ dl]
Sódio 140 mmol/l [136-145 mmol/l]
Potássio 3,59 mmol/l [3,5-5,1 mmol/l]
Cloro 104 mmol/l [98-107 mmol/l]
Fig. 1 – Imagem de endoscopia digestiva alta onde se identifica hemor-
Tempo Protrombina 10 (12) seg [10-14 seg]
ragia activa, de lesão submucosa, na segunda porção do duodeno
Tempo Tromboplastina
35 (30) seg [25-37 seg]
Parcial
dia 11 de Outubro de 2007, por quadro clínico de
melenas, com 3 dias de evolução. Para além de uma
marcada astenia, não eram referidas quaisquer outras Após transfusão de seis unidades de eritrócitos, o
queixas significativas. doente foi submetido a uma endoscopia digestiva alta
Como antecedentes médicos havia a salientar, num (fig. 1), a qual identificou a presença de abundante
passado remoto, a ocorrência de úlcera péptica gastro- quantidade de sangue e coágulos no estômago e de uma
duodenal e, mais recentemente, um quadro de hiper- lesão procidente para o lúmen da segunda porção duo-
tensão arterial moderada e disritmia cardíaca por fibri- denal, recoberta de mucosa aparentemente normal, mas
lhação auricular. Como medicação habitual domici- com vasos visíveis e sinais de hemorragia activa na ver-
liária havia a mencionar apenas a ingestão de ácido tente inferior da mesma (Forrest grau Ib). Procedeu-se
acetilsalicílico (150 mg/dia) e bisoprolol (5mg/dia). à aplicação local de adrenalina diluída e árgon.
Não referia antecedentes cirúrgicos significativos. Durante o internamento subsequente, o doente
Ao exame físico, no momento da admissão, o doente manteve-se hemodinamicamente estável, sem perdas
apresentava marcada palidez cutâneo-mucosa, embora hemáticas visíveis, tendo sido sujeito, ao quinto dia, a
com conservada estabilidade hemodinâmica (tensão arte- nova gastroduodenoscopia que reitera a presença de
rial de 137/ 59 mmHg; pulso de 74 ppm), que se man- um abaulamento da mucosa ao nível da segunda por-
teve. Encontrava-se eupneico, com murmúrio vesicular ção do duodeno, aparentemente a partir de uma lesão
simétrico sem ruídos adventícios audíveis. Auscultação submucosa, com pequena ulceração de fundo fibri-
cardíaca arrítmica, sem sopros audíveis. Abdómen apre- noso no topo (Forrest grau III). Para melhor caracte-
sentava-se escafóide, mole e depressível, indolor à palpa- rização da lesão, realizada ultrassonografia endoscópica
ção, sem defesa, com ruídos intestinais de timbre e inten- que confirmou a sua dependência da submucosa duo-
sidade normais. O exame anal não mostrou quaisquer denal, com integridade da túnica muscular própria,
lesões exteriores e o toque rectal evidenciou um esfíncter bem delimitada, moderadamente ecogénica, com
anal de tonicidade normal, uma ampola rectal sem mas- dimensões de 3,7 x 2,7cm de diâmetro, sem sinal de
sas palpáveis, tendo o dedo da luva saído sujo com fezes Doppler. Não foram detectadas adenopatias regionais.
escuras e com cheiro fétido, sugestivo de melenas. As características apresentadas excluíram a hipótese de
Foi realizado estudo analítico com hemograma e tumores do estroma gastrointestinal, tornando mais
investigação bioquímica geral, cujos resultados foram plausível a possibilidade de um pólipo fibróide ou um
os seguintes: adenoma das glândulas de Brunner.

Rui Martins, Carla Quental, A. J. Ribeiro Oliveira, A. Neves Firmo


70
Fig. 2– Exploração cirúrgica – duodenotomia anterior da segunda por- Fig. 4 – Exérese completa da lesão lipomatosa
ção deixando entrever a lesão luminal

Fig. 3 – A lesão polipoide procidente na segunda porção do duodeno Fig. 5 – Aspecto macroscópico do lipoma parcialmente recoberto por
mucosa duodenal

O doente é submetido a laparotomia em 5 de DISCUSSÃO


Novembro de 2007, sendo evidente à palpação a exis-
tência de um espessamento transmural da segunda por- Os lipomas do tracto digestivo são uma patologia
ção do duodeno. Após a realização de uma duodenoto- relativamente rara que, quando surgem, afectam pre-
mia anterior, procedeu-se à excisão completa de uma ferencialmente o cólon (64%), o intestino delgado
lesão séssil submucosa, com cerca de 5 cm. de maior (26%), o duodeno (4%), o estômago (3%) e o esófago
diâmetro, localizada na parede posterior da segunda (2%) 3. Quando localizados no duodeno atingem pre-
porção do duodeno (figs. 2, 3 e 4). Macroscopicamente dominantemente a segunda porção deste órgão.
e ao corte, a lesão era sugestiva de lipoma (fig. 5). A maioria dos lipomas intestinais é assintomática,
O estudo histopatológico da peça operatória con- tendo a ocorrência de sintomas uma relação directa
firmou a suspeita macroscópica de lipoma duodenal. com a dimensão da lesão. Estima-se que 75% dos lipo-

Lipoma duodenal – uma causa rara e hemorragia digestiva


71
mas com dimensões superiores a 4 cm de diâmetro como os adenocarcinoma, linfoma, tumor carcinóide e
possam produzir sintomas, onde se incluem a invagi- leiomiossarcoma. No caso clínico descrito, a ultrasso-
nação, obstrução e hemorragia2. nografia endoscópica sugeria a possibilidade de se tratar
Admite-se que estas lesões se originam na camada de adenoma das glândulas de Brunner, sendo com esta
entérica submucosa, onde crescem fazendo protusão presunção diagnóstica que o doente foi proposto para
para o lúmen. A sua configuração por vezes pedicu- cirurgia. Esta rara neoplasia duodenal, contudo, é mais
lada, parece estar relacionada com o crescimento do comum na primeira porção, diminuindo progressiva-
próprio lipoma em associação com as forças de tracção mente de frequência para as porções mais distais. A etio-
exercidas sobre a mucosa quer pelo conteúdo intesti- logia destes adenomas é desconhecida, sabendo-se,
nal e quer pelos movimentos peristálticos. À inicial porém, que ocorrem principalmente nas 5ª e 6ª décadas
pediculização da mucosa suprajacente segue-se a pedi- de vida, que raramente ultrapassam os 2 cm de diâme-
culização do próprio tumor3. tro e que se originam principalmente na parede poste-
Encontram-se descritos mais de duas centenas casos rior da junção entre a primeira e a segunda porções do
de lipomas duodenais, dos quais apenas quinze se duodeno. Tal como os lipomas, também os adenomas
manifestaram como hemorragia gastrointestinal supe- das glândulas de Brunner são, em geral, achados assin-
rior severa4. tomáticos, podendo em raras ocasiões evidenciarem
A caracterização imagiológica destas lesões lipomato- manifestações hemorrágicas ou obstrutivas5.
sas (ecografia e tomografia axial computorizada) é relati- Os lipomas duodenais somente necessitam de tra-
vamente pouco específica, sendo o resultado das biópsias tamento quando se tornam sintomáticos, podendo a
obtidas por endoscopia frequentemente negativo, dada sua excisão ser realizada quer por via endoscópica que
a localização submucosa das mesmas. O diagnóstico defi- por abordagem cirúrgica. Quando a lesão é pedicu-
nitivo fica assim, na maioria dos casos, dependente do lada, aquela via é a mais simples e segura2, ficando a
exame histológico da lesão cirurgicamente removida. excisão cirúrgica subsidiariamente reservada para as
O diagnóstico diferencial destas lesões inclui quer situações de tumores cujos volume e configuração tor-
outros tumores benignos, nomeadamente os adenoma nam impossível a polipectomia endoscópica.
das glândulas de Brunner, adenoma pancreático, ade- O prognóstico desta patologia é excelente, não
noma polipoide, leiomioma, angioma, ou tecido pan- tendo sido reportada a ocorrência de recidiva em
creático aberrante, quer lesões neoplásicas malignas, tais nenhum caso descrito5.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Chung-Fang Tung, Wai-Keung Chow, Yen-Chun Peng, Gran-Hum Chen, Dar-Yu Yang, Po-Cheung Kwan. Bleeding duodenal lipoma succes-
sfully treated with endoscopic polypectomy 2001; 54 (1): 116-117
2. Marie-Cecile Blanchet, Eric Arnal, et al. Obstructive duodenal lipoma successfully treated by endoscopic polypectomy. Gastrointestinal Endos-
copy 2003; 58 (6): 938-939
3. Suketo Sou, Hideyuki Nomura, Yasuhiro Takaki, Takashi Nagahama, Fujio Matsubara, Toshiyuki Matsui and Tsuneyoshi Yao. Hemorrhagic duo-
denal lipoma managed by endoscopic resection. J Gastro and Hepatology 2006; 21: 479- 481
4. Michel LA, Ballet T, Collard JM, Bradpiece HA, Haot J. Severe bleeding from submucosal lipoma of the duodenum. J. Clin Gastroenterology
1988; 10: 541- 545
5. Yu-Ping Gao, Jian-Shan Zhu, Wen-Jun Zheng. Brunner’s gland adenoma of duodenum: a case report and literature review. World J Gastroen-
terology 2004; 10 (17): 2616- 2617

Correspondência:
DR. RUI MARTINS
Serviço de Cirurgia, Hospital Geral, Centro Hospitalar de Coimbra
Quinta dos vales, 3041-801 S. Martinho do Bispo – Coimbra, Portugal.
ruimartins@chc.min-saude.pt

Rui Martins, Carla Quental, A. J. Ribeiro Oliveira, A. Neves Firmo


72
PASSOS TÉCNICOS

Abordagem mini invasiva da necrose


pancreática infectada
Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet
Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva

Serviço Cirurgia 2.6 CHLC – Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Hospital dos Capuchos

RESUMO

A abordagem cirúrgica da pancreatite aguda grave está fundamentalmente centrada na complicação séptica da necrose.
No doente com pancreatite aguda necrosante em sepsis severa ou shock séptico com síndrome de disfunção multiorganica/falência
multiorganica (MODS/MOF) o objectivo principal é o controlo de foco séptico. Se possível deve proceder-se a drenagem percutânea
com controlo imagiológico por Tomografia Computorizada ou Ultrasonografia (TC/US) das colecções fluidas infectadas.
No caso de sequestro sólido infectado, tem que se proceder a sequestrectomia, que quase invariavelmente tem de ser repetida.
Não há uma técnica ideal, mas parece haver evidências que uma abordagem mini-invasiva repetida, está associada a menor morbi-
lidade e menos complicações, limitando porventura a resposta inflamatória à agressão cirúrgica.

HISTORIA NATURAL DA PANCREATITE AGUDA ria ou renal, no entanto a agressão do processo infla-
matório resolve-se em poucos dias.
A pancreatite aguda (PA) é um processo inflamató- No entanto em cerca de 10 a 15 % dos casos de PA
rio pancreático podendo apresentar-se com uma varie- desenvolve-se processo de necrose pancreática e peri-
dade clínica e morfológica que pode ir de uma situa- pancreatica. Esta forma de evolução pode ser mode-
ção ligeira auto limitada com resolução espontânea até rada mas por vezes o processo de autólise conduz a
um processo de gravidade extrema com desfecho fatal complicações locais e sistémicas críticas que podem
(fig.1). conduzir a disfunções (MODS) ou falências (MOF)
Na grande maioria dos casos, cerca de 80%, a PA multiorganicas com desfecho fatal.
tem a forma de um edema intersticial periacinar, com A infecção da necrose pancreática é a complicação mais
acumulação de células inflamatórias e libertação de grave da PA e pode surgir em 40% dos casos em que se
exsudado contendo componentes biologicamente acti- observa necrose pancreática extensa, superior a 50%.
vos. Esta forma em geral tem uma morbilidade limi- A infecção da necrose pancreática e peripancrática
tada. O tratamento conservador com pausa alimentar surgem em regra por volta da 3ª semana. Este processo
resulta numa melhora clínica rápida. Nos casos de conduz, no caso de não tratado, a uma situação de sep-
etiologia biliar com evidência clínica, imagiologica ou sis, MODS/MOF e morte, sendo a complicação mais
biológica de colestase, tem indicação para colangio- temível da PA.
pancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com A mortalidade Hospitalar da pancreatite necroti-
esfincterectomia endoscópica (ETE). Em alguns casos sante ultrapassa os 20% passando para 70% no caso da
pode haver ligeira disfunção cardiovascular, respirató- infecção da necrose.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):73-79


73
grave ou shock séptico associado a MODS, confir-
mando imagiologicamente na tomografia computori-
zada (TC) por critérios de Balthazar com existência de
gás no retroperitoneu ou confirmação bacteriológica
por punção da necrose orientada por TC.

TÉCNICA CIRURGICA

Na PA a cirurgia da necrose pancreática infectada


está acompanhada de elevada morbi-mortalidade,
tendo sido descritas varias técnicas cirúrgicas.
As técnicas actualmente aceites são a necrosectomia
e colocação de sistema de perfusão drenagem fechado,
laparostomia e necrosectomias repetidas, ou mais
recente abordagens mini-invasivas laparoscópicas.
Baseadas na sua experiência pessoal os autores têm
vindo a desenvolver uma forma de abordagem mini-
invasiva da necrose pancreática infectada”mini inva-
Fig. 1 sive necrosectomie infected” (MINI).
O racional para esta técnica é tentar minimizar a
agressão fisiológica associada a procedimentos cirúrgi-
cos, permitindo de forma segura abordagens repetidas
do compartimento pancreático. Evita as dificuldades
de manuseamento das laparostomias, não colocando
os graves problema de encerramento de uma laparos-
tomia de evolução prolongada (superior a uma
semana). Além disso minimiza complicações como a
fístula entérica.
No doente em sepsis severa ou shock séptico e
MODS/MOF, com PA e provável infecção da necrose
pancreática, no caso de instabilidade hemodinâmica e
com objectivo de controlo do foco séptico opta-se por
drenagem percutânea orientada por ultrasonografia
(US) em regime de “bed side surgery in ICU”.
Nos casos raros de colecção fluida peripancreatica
Fig. 2
poderá ser a terapêutica definitiva.
Nas situações de sequestro sólido infectado o trata-
No caso de infecção da necrose pancreática existe mento definitivo deve ser feito em diferido, no bloco
indicação formal para drenagem cirúrgica com objec- operatório, após recuperação fisiológica e melhoria da
tivo de controlo de foco séptico. MODS, em regra 24h a 48h.
A confirmação diagnostica de infecção de necrose Doente em decúbito dorsal, exposição e desinfec-
faz-se por critérios clínicos no doente com PA e sepsis ção do manubrio esternal à sinfise púbica (fig.2).

Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
74
Avaliação US transparietal com sonda de 3.5Hertz
para localização de colecções fluidas, eventualmente
para melhoria da interface US poder-se-á preencher o
estômago com 200ml de água.
Abordagem do compartimento pancreático por
incisão obliqua no hipocôndrio esquerdo de +/-4cm
(fig.3). Após abertura da cavidade peritoneal procede-
se à divisão do ligamento gastro-esplénico ou gastro
cólico que se sutura ao peritoneu parietal (marsupiali-
zação) (fig.4 e fig.5). Por vezes condicionado pela infil-
tração inflamatória regional é necessária uma aborda-
gem mais medial (fig.6).
Após o acesso ao compartimento pancreático pro- Fig. 3
cede-se a aspiração de fluido e sequestros infectados com
colheita de amostras para exame cito-bacteriologico.
Procede-se a irrigação com soro fisiológico aquecido
e remoção de sequestros necróticos orientados por
câmara de laparoscopia 0º e endograspe, assistência
por sonda de US para auxílio em relação aos eixos vas-
culares (fig.7).
A primeira sequestrectomia não deve ser muito
exaustiva para evitar hemorragia e limitar a resposta
inflamatória à agressão cirúrgica.
A repetição do procedimento de lavagem e seques-
trectomia deve ser feito com intervalos de 48h em
regime de “bed side surgery in ICU” (fig.8).
Todos os doentes devem ter monitorização da pres-
são intra-abdominal (PIA) por via transvesical. No Fig. 4
caso de hipertensão compartimental e disfunção orgâ-
nica relacionada, tem indicação formal para descom-
pressão abdominal infra mesocólica, se possível com
peritoneu fechado, mas sempre separado da incisão de
marsupialização pancreática de modo a manter perfei-
tamente separados o compartimento abdominal do
retroperitoneal (fig.9).
No caso de colecções fluidas infectadas pancreáticas
cefálicas, com extensão posterior ou justa raiz dos vasos
mesentéricos, poder-se-á complementar a drenagem
com mini-lombostomia (fig.10 e fig.11).
Todos os doentes iniciam precocemente dieta enté-
rica elementar através de sonda pós-pilórica tipo
“freka” colocada na fase inicial do processo, auxiliado
por endoscopia alta. Fig. 5

Abordagem mini invasiva da necrose pancreática infectada


75
Fig. 6 Fig. 8

Fig. 7

COMPLICAÇÕES

No caso da temível complicação hemorrágica, con-


trola-se com packing utilizando um sandwich pack
com pequeno rolo de duas compressas médias envolta
em “steridrap” (fig.12). Oitenta por cento das hemor- Fig. 9
ragias são venosas e param após 48h de tampona-
mento. Pode-se complementar a hemostase com
fibrina autóloga. tificar o ponto de hemorragia, mesmo retirando o pac-
Na hemorragia arterial a abordagem inicial é o tam- king na mesa de angiografia. Noutros casos a emboli-
ponamento com “sandwich pack” ou tamponameto zação não se pode proceder pelo risco de embolização
com sonda balonada tipo “foley” ou balão de Sengsta- de territórios vitais.
ken-Blackmore modificado, em que excluímos o balão Por vezes é necessário complementar o controle da
gástrico e utilizamos só o balão esofágico (fig.13). Após hemorragia com endoclips colocados via comparti-
a estabilização hemodinamica e a confirmação da efi- mento pancreático marsupializado com auxílio do
cácia do tamponamento procede-se a angiografia selec- laparoscopio.
tiva diagnostica e angioembolização (fig.14). No Outra complicação é a fístula biliar que pode ser
entanto grande parte das vezes não se consegue iden- controlada por esfincterotomia endoscópica ou colo-

Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
76
Fig. 10 Fig. 12

Fig. 11 Fig. 13

cação de dreno naso biliar. Por vezes complementa-se mento pancreático. Estas manobras terminam pro-
este procedimento com aplicação local no comparti- gressivamente com formação de tecido de granulação
mento pancreático de fibrina autologa. no leito pancreático, mantendo-se permeável o acesso
No caso de aparecimento de fístula cólica há neces- ao compartimento pancreático deixando-se no local
sidade de se proceder a disfuncionalização com ileos- um dreno tipo “Mallecot”.
tomia em ansa na fossa ilíaca direita. Os procedimen- O encerramento da mini-laparostomia é feito
tos locais de lavagem e desbridamento são na sua espontaneamente (fig.15). Por vezes persiste pequeno
maioria feitos á cabeceira do doente em regime de drenado de suco pancreático que encerra espontanea-
“bed side surgery” com auxílio de um anuscopio ou mente, no entanto pode em situações de excepção
espéculo vaginal para facilitar o acesso ao comparti- demorar meses a encerrar.

Abordagem mini invasiva da necrose pancreática infectada


77
Fig. 14 Fig. 15

Outra vantagem da mini-laparostomia nos casos de total de 41 casos, em 22 doentes procedeu-se a necro-
sepsis grave e ARDS com necessidade de manobras de sectomia clássica por laparotomia com sistema de lava-
recrutamento alveolar é permitir ventilação em posição gem fechado ou ficando com laparostomia para se pro-
ventral sem qualquer risco de evisceração. ceder a necrosectomias repetidas. A mortalidade foi de
59.0%.
Em 19 doentes com situação clínica semelhante os
RESULTADOS autores procederam a abordagem mini.invasiva com
mini-marsupialização pancreática e necrosectomias de
Os autores fizeram um estudo prospectivo rando- repetição (MINI) observando-se uma mortalidade de
mizado, tendo analisado os doentes internados com 15.7%.
pancreatite aguda num período de 4 anos no Centro
Hospitalar de Lisboa Central
Analise de 335 doentes consecutivos. Nesta série SUMÁRIO
observa-se 75.8% de PA ligeira (254 doentes) e 24.1 %
de PA grave com MODS/MOF e necessidade de cui- Surgical management of severe pancreatitis is fun-
dados intensivos (81 doentes). damentally focused in infected necrosis and severe sep-
No conjunto dos doentes foram operados 12.2% sis.
havendo uma mortalidade global 7.76%. Mas se focar- Control of the septic focus is the primary issue in
mos a nossa atenção ns doentes com PA grave e the management of these patients. When possible, per-
MODS/MOF verificamos que houve necessidade de cutaneous drainage of the septic focus is the first
drenagem cirúrgica da necrose pancreática infectada em option. Repeated sequestrectomy is indicated in cases
50.6% dos doentes com uma mortalidade de 32.0%. of infected solid slough. There is no perfected techni-
Nos doentes com sepsis e infecção da necrose pan- que, but probably minimally invasive procedures have
creática com necessidade de drenagem cirúrgica num less local or systemic complications.

Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
78
BIBLIOGRAFIA

1. Bradley E.L; Necrotising Pancreatitis. Clinical dilemma; BJ. Surg. 1999; 86:147-8
2. Berger H.G; Surgical management of necrotising pancreatitis; Surg. Clin of North America; 1989; 69
3. Nelson Jose Silva, Francisco Oliveira Martins, A. Cristina Alves- Breves noções de embriologia e anatomia do pâncreas. Revista da Sociedade
portuguesa de Cuidados Intensivos; Ano 9 nº2; 2000; 117
4. Oliveira Martins F e al. Terapêutica Cirúrgica da pancreatite aguda grave; Revista da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos; Ano9 nº2;
2000; 193-198
5. Beger H.G, Jseumaw R; Surgical management of necrotizing pancreatitis; Sur. Clin of North America; 1999; 79; 783-800
6. Oliveira Martins F, Jardim A.L, Amado P., Bed side surgery in ICU; Controversies in intensive care medicine 2008; European Society of
Intensive Care Medicine
7. Branum G, Galloway J, Hirchowitz W; pancreatic necrosis. Results of necrosectomy, packing and ultimate closure over drains; Annual Surg
1998; 227; 870-7
8. Del Castillo, Ratter D.W, Mokary M.A e al; debridement and close packing for treatment of necrotizing pancreatitis; Annual Surg. 1998; 228
9. Bosshak, Hulstaert P.F, Hennipman A e al; Fulminant acute pancreatitis and infected necrosis. Results of open management of the abdomen
and “planed” reoperations; S. Annual Coll Surg. 1998: 187, 255-62
10. Oliveira Martins F, e al. Abordagem cirurgica da pancreatite grave. Revista Portuguesa de Cirurgia II série nº8. 2009 Março; 75-82
11. Alverdys, Vagish T, Desai T, Laparoscopic debridement of pancreatic necrosis. Preliminary report and description of the technique ; Surgery
2000; 127: 112-4
12. Gambiez LP, Frank A e al; Retroperitoneal approach and endoscopic management of pancreatitis necrosis collection: Annual Surg. 1998: 133,
66-72

Abordagem mini invasiva da necrose pancreática infectada


79
HISTÓRIA E CARREIRAS

In Memoriam
Rui Vasconcelos de Macedo

Dr. José Balcão F. Reis (1928.2010)

No dia 3 de Janeiro de 2010 fui surpreendido pela Queirós no In Memoriam que escreveu, dedicado ao
notícia da morte do Dr. Balcão Reis. seu grande amigo Antero de Quental. Diz que o viu
Incrédulo, pois conversara com ele alguns dias antes, pela primeira vez nas escadarias da Sé Nova de Coim-
confirmei que falecera inesperadamente, no domicílio bra, rodeado de vultos negros que o ouviam religiosa
familiar (onde convalescia de fractura traumática da e emocionadamente. Sentou-se também, ouviu com
bacia, já em fase avançada de recuperação), acometido atenção e humildade as palavras sempre brilhantes e
por doença súbita, às onze horas desse dia, com 81 exaltadas de Antero e manteve-se para sempre seu dis-
anos de idade. cípulo.
Conheci-o em Janeiro de 1970 quando, terminada É assim que me sinto perante o Dr. Balcão Reis.
a minha comissão de serviço militar obrigatório em E foram 40 anos de convívio constante, 30 de con-
Angola, procurei integrar-me na mítica Instituição que vívio profissional intenso, quer na equipa do Banco do
eram, então, os Hospitais Civis de Lisboa. Aconse- Hospital de São José, quer no Serviço 5 do Hospital
lhado por um colega, meu familiar, e influenciado pela dos Capuchos até à sua aposentação no cargo de
fama de grande cirurgião que acompanhava já o seu Director de Serviço, em 21/11/1998, e ainda na sua
nome, escolhi a sua equipa para iniciar o internato clínica privada.
médico. Mantivemos, depois, um contacto pessoal muito
Fiquei fascinado com o seu desempenho logo nas regular e, nas primeiras terças-feiras de cada mês,
primeiras intervenções a que assisti, fascínio este que almoçávamos num restaurante de Lisboa, habitual-
tomou conta de mim para o resto da vida. E aqui lem- mente no Parque Mayer, em frutuosa confraternização
bro, salvas as devidas proporções, o que conta Eça de com outros antigos colaboradores seus e amigos, onde

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):81-83


81
podíamos continuar a usufruir da sua experiência de Foi Assistente de Clínica / Chefe de Clínica / Chefe
vida e da sua cultura geral diversificada. de Serviço de Cirurgia Geral (de acordo com as suces-
É, pois, com comovido respeito que escrevo estas sivas nomenclaturas hospitalares) nos Hospitais Curry
palavras para consagrar a memória de uma das figuras Cabral e Santo António dos Capuchos – Serviço 5 -,
mais carismáticas da cirurgia portuguesa. onde fez parceria com o Dr. António Galhordas, sob
José Balcão Fernandes Reis nasceu a 20 de Novembro a direcção do Dr. Leopoldo Laires. Após a aposentação
de 1928, em Vilar Formoso, distrito da Guarda, e desde deste, foi nomeado Director deste Serviço, cargo que
muito cedo veio para Lisboa onde frequentou a Escola ocupou desde 1982 a 1998, ano em que se aposentou.
Primária de Benfica e depois o Liceu de Camões, de Ao longo destes anos, foram muitos os seus colabo-
1939 a 1946, sempre com elevadas classificações, o que radores nos Serviços, designadamente, Manuel Pinho,
lhe valeu a presença quase constante no quadro de honra L. Coutinho Miranda, Malato Correia, Álvaro Flores,
deste Liceu, onde concluiu o Curso Complementar de Jorge Monjardino, Ary Catarino, Irene Crespo, Luís
Ciências com média final de 17 valores. Bagulho, A. Silva Morgado, C. Santos Costa, J. Pedro
Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Uni- Fernandes, Rui Macedo, Fernando Brito, Gomes de
versidade de Lisboa, onde continuou a ser aluno bri- Oliveira, Esaguy Manaças, Diogo Tomás, Crescêncio
lhante, completando a licenciatura em 10 de Novem- Pinto, Alfredo Kong, Teresa Colaço, Luísa Santiago,
bro de 1952 com média final de 17 valores. Clara Fonseca e David Andrade.
Fez os Internatos nos Hospitais Civis de Lisboa, Homem pragmático, de raciocínio rápido e bri-
onde foi admitido em 28 de Fevereiro de 1953 após lhante, com admirável senso clínico e grande destreza
provas públicas, tendo trabalhado com o Dr. Leopoldo e elegância cirúrgicas, foi o grande “Cirurgião de
Laires no Internato Complementar de Cirurgia, que Urgência” numa época em que a abrangência caracte-
terminou com alta classificação em 31 de Março de rizava o apogeu da Cirurgia Geral na segunda metade
1958. Foi, por isso, convidado pelo Professor Jaime do Século XX.
Celestino da Costa para seu assistente na cadeira de Criativo, mas rigoroso e perfeccionista, preparava
Propedêutica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da com minúcia as intervenções cirúrgicas e apesar da
Universidade de Lisboa, tendo tomado posse em grande erudição médica e constante actualização, era
27/03/1959. intelectualmente um inconformado, procurando sem-
Aberto o Concurso para Cirurgião dos Hospitais pre novidades que trouxessem novas e melhores solu-
Civis de Lisboa, de altíssima exigência e grande selec- ções.
tividade, decidiu candidatar-se, apesar da sua juven- Antecipando-se aos ventos do futuro, começou a
tude (31 anos). Foi, no entanto, aprovado à primeira dedicar particular interesse a algumas áreas da cirur-
tentativa, em 1960, o que era muitíssimo raro e cons- gia, nomeadamente ao cancro gástrico e às técnicas de
tituiu um verdadeiro acontecimento, muito comen- gastrectomia total, estudando as suas consequências
tado no meio, já que apenas um outro jovem cirurgião metabólicas.
tinha atingido essa meta, com a mesma idade, no lon- Foi também um dos pioneiros no tratamento cirúr-
gínquo ano de 1939... gico de tumores endócrinos do pâncreas, tendo acu-
A partir de então fez uma carreira cirúrgica fulgu- mulado uma grande casuística de insulinomas, opera-
rante e ocupou cargos muito relevantes. dos com êxito, numa época em que os exames ima-
Desde 1961 até 1977 foi Chefe da Equipa do Banco giológicos ainda poucas ajudas ofereciam na identifi-
do Hospital de São José, anteriormente chefiada pelo cação dos mesmos.
Dr. Leopoldo Laires, tendo sido entretanto nomeado No relacionamento profissional, embora exigente e
Director do Serviço de Urgência deste Hospital, em autoritário, sabia ouvir e considerar outras opiniões,
14/07/1971. respeitando sempre os seus colaboradores em quem

Rui Vasconcelos de Macedo


82
incutia muita segurança, que também se transmitia aos professores, mas Senhores havia poucos e o Dr. Balcão
doentes, com quem criava uma relação de grande Reis era um deles.
humanidade e compreensão. Era realmente um verdadeiro Senhor.
Não resisto a contar aqui uma pequena história que Muito considerado pelos seus pares, foi justamente
alguns colegas talvez recordem. reconhecido pelo Ministério da Saúde que o agraciou
Na enfermaria do Serviço, um doente tratava siste- com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos, entre-
maticamente o Director do Serviço por “Senhor Bal- gue pelo Ministro da Saúde, Dr. Correia de Campos,
cão Reis”, enquanto aos restantes membros da equipa em Abril de 2007, em cerimónia pública a que tive o
tratava por doutores. Pedagogicamente, um dos Cole- grato prazer de assistir.
gas chamou-lhe a atenção para a deselegância perante
o Director do Serviço. Da conversa mantida, o Colega O Dr. Balcão Reis partiu.
percebeu que o doente pretendia, intencionalmente, Deixa-nos o seu legado.
dizer que em Medicina havia muitos doutores, alguns E saudades.

In Memoriam
83
Agenda
JANEIRO, 2010 Buenos Aires, Argentina
Pan-pacific Surgical Association 29th Congress www.ihpba-ba2010.com/authorities/ahpba-committees
9 a 14 de Janeiro
Honolulu, EUA International Forum on Quality and Safety in Health Care
www.panpacificsurgical.org 2010
20 a 23 de Abril
Nice, França
MARÇO www.quality.bmjpg.com
2010 Annual cancer symposium of the Society of Surgical
Oncology (SSO) MAIO
4 a 7 de Março 50th Annual Meeting at Digestive Disease Week
St. Louis, EUA 1 a 5 de Maio
www.surgonc.org Nova Orleães, EUA
www.ssat.com/
XXX Congresso da SPC
7 a 10 de Março de 2010 I Congresso Ibérico de Coloproctologia
Estoril 5 a 7 de Maio
www.spcir.com Badajoz, Espanha
www.spcoloprocto.org
Hernia Update 2010
17 a 20 de Março VII Reunião Internacional de Actualização em Cirurgia do
Orlando, EUA Esófago e Estômago
www.americanherniasociety.org 10 e 11 de Maio
Porto
Lyon Coelio International www.accropole-servicos.pt
19 a 20 de Março
Lyon, França 4th Congress of the European Society of Endocrine
www.coelio-surgery.com Surgeons
13 a 15 de Maio
ABRIL Viena, Aústria
13ª Reunião Anual da Associação Portuguesa para o www.eses.cc
Estudo do Fígado
9 a 10 de Abril 11th European Congress of Trauma & Emergency Surgery
Porto 15-18 Maio 2010
Bruxelas, Bélgica
www.apef.com.pt
www.estescongress2010.org
Association of Surgeons of Great Britain and Ireland
2010 Annual Meeting of American Society of Colon &
International Surgical Congress
Rectal Surgeons (ASCRS) )
14 a 16 de Abril
Minneapolis, EUA
Liverpol, Londres
15 a 19 de Maio
http://www.asgbi.org.uk/liverpool
http://www.fascrs.org
Charing Cross 32nd International Symposium 6th Annual Health Care Congress
10 a 13 de Abril 19 a 20 de Maio
Londres, Inglaterra Bruxelas, Bélgica
www.cxsymposium.com www.worldcongress.com/europe
12TH World Congress of Endoscopic Surgery - SAGES BEST 2010 – Bariatric endoscopic surgery trends
14 a 17 de Abril 27 a 29 de MAio
Washington, EUA Hospital da Luz, Lisboa
www.12thworldcongress.org
JUNHO
9th World Congress of IHPBA 2010 X Congresso anual da Sociedade Portuguesa de
18 a 22 de Abril Angiologia e Cirurgia Vascular

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):85-86


85
2 a 5 de Junho Amsterdão, Holanda
Alfândega, Porto www.esvs.org
www.spacv.org/
5th Annual Meeting of the European Society of
XXX Congresso Nacional de Gastrenterologia, endoscopia Coloproctology
digestiva e hepatologia 20 a 25 de Setembro
10 a 12 de Junho Sorrento, Itália
Vilamoura www.escp.eu.com
www.spg.pt
111eme Congrès Français de Chirurgie
18th International Congress of the EAES 30 de Setembro a 2 de Outubro
16 a 19 de Junho Paris, França
Geneva, Suiça
www.eaes-eur.org
OUTUBRO
2010 World Conference on Disaster Management European Health Forum Gastein
(WCDM) 6 a 9 de Outubro
20 a 23 de Junho Gastein, Austria
Toronto, Canada www.ehfg.org
www.wcdm.org
93º Congresso do American College of Surgeons
CARS 2010 – Computer Assisted Radiology and Surgery 3 a 7 de Outubro
23 a 26 de Junho Washington, EUA
Geneve, Suiça www.facs.org
www.cars-int.org
32nd International Congress of European Hernia Society
Association of Coloproctology of Great Britain and 6 a 9 de Outubro
Ireland 2010 Annual Meeting Istanbul, Turquia
28 a 30 de Junho www.hernia2010.com
Bournemouth, Inglaterra
www.acpgbi.org.uk XX Jornadas de Cirurgia dos Hospitais da Catalunha
7 e 8 de Outubro
12th World Congress on Gastrointestinal Cancer (ESMO) Vic, Espanha
30 de Junho a 3 de Julho www.sccirurgia.org
Barcelona, Espanha
www.worldgicancer.com/WCGI/ ACG Annual Scientific Meeting and Postgraduate Course.
American College of Gastroenterology
SETEMBRO 15 a 20 de Outubro
19th Annual Meeting of the Society of Laparoendoscopic San António, EUA
Surgeons www.gi.org
1 a 4 de Setembro
Nova Iorque, EUA European Gastroenterology Week
www.sls.org 23 a 27 de Outubro
Barcelona, Espanha
SMIT 2010 www.uegw.org
2 a 4 de Setembro
Trondheim, Noruega NOVEMBRO
www.trondheim.cc/smit2010 XXVIII Congresso Nacional de Cirurgia
8 a 11 de Novembro
XV World Congress of International Federation for the Madrid, Espanha
Surgery of Obesity
www.aecirujanos.es
3 a 7 de Setembro
Los Angeles, EUA
www.ifso2010.com DEZEMBRO
XXXVIII ICS World Congress
XXIV Annual Meeting , The European Society for Vascular Dezembro
Surgery Manila, FIlipinas
16 a 19 de Setembro www.icsglobal.org

Agenda
86
Instruções aos Autores

(Os Editores pedem a maior atenção para o cumprimento das regras de publicação, para minimizar rejei-
ções ou atrasos na publicação devido a falhas no seguimento das instruções.)
(O texto completo das “Instruções aos Autores” pode ser consultado no nosso website ou em alguns núme-
ros anteriores da Revista)
A Revista Portuguesa de Cirurgia é o orgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cirurgia.
Publica artigos originais, de revisão, casos clínicos, editoriais, artigos de opinião, cartas ao Editor, notas pré-
vias, controvérsias, passos técnicos, recomendações, colectâneas de imagens, informações várias e outros traba-
lhos desde que relacionados com quaisquer dos temas que respeitam ao exercício da cirurgia geral, seja sob a
forma básica, avançada, teórica ou aplicada.
Os trabalhos para publicação poderão ser escritos em Português, Inglês, Francês ou Espanhol.

Apresentação Inicial de Manuscrito


Devem ser enviadas pelos Autores aos Editores:
1) Quatro cópias do artigo original (incluindo cópias das tabelas, quadros e ilustrações);
2) Uma cópia electrónica da versão final (ver parte relativa à apresentação em formato electrónico)
3) Uma carta de pedido de publicação, assinada por todos os autores.
4) Um acordo de transferência de Direito de Propriedade, com a(s) assinatura(s) original(ais);
5) Cartas de Autorização – é de responsabilidade do(s) autor(es) a obtenção de autorização escrita para repro-
dução (sob qualquer forma, incluíndo electrónica) de material para publicação.
Deve constar da informação fornecida, o nome e contactos do autor responsável pela correspondência.
Todos os documentos acima referidos devem ser enviados para:
Sociedade Portuguesa de Cirurgia
a/c de Editores da Revista Portuguesa de Cirurgia
R. Xavier Cordeiro, 30
1000-296 Lisboa

Categorias e Tipos de Trabalhos


a) Editoriais
b) e c) Artigos de Opinião e de Revisão
d) Artigos Originais
e) Controvérsias
f) Casos Clínicos
g) Nota Prévia
h) Cartas ao Editor
i) Imagens para Cirurgiões

Alguns destes trabalhos serão solicitados pelos Editores; todos os outros serão submetidos a apreciação por
Revisores ou poderão ser editados pelos Editores, conforme o tipo de trabalho enviado.

Pedido de Publicação por E-mail


O manuscrito completo pode ser enviado, por e-mail como um ficheiro único Word, acompanhado por uma
carta de pedido de publicação para o Editor em http://revista.spcir.com.

Revista Portuguesa de Cirurgia (2010) (12):87-88


87
Instructions to Authors

(Editors ask authors to follow carefully publication rules, in order to diminish rejections or delays in publica-
tion due to errors or failures in following these instructions)
(Full text of “Instructions for Authors” can be read at our website or in some previous issues of “Revista Por-
tuguesa de Cirurgia”)
“Revista Portuguesa de Cirurgia” is the official journal of the Portuguese Society of Surgery
The Journal publishes original and revision articles, clinical cases, editorials, opinion articles, letters to the Editor,
introductory notes, controverises, technical issues, recommendations, image collections, general information and other
papers related with any subject respecting general surgery practice, under either basic, advanced, theoric or applied
form.
Papers for publication will be accepted in Portuguese, English, French or Spanish.

Initial submission of the Manuscript


Authors must submit to the Editors (please see details in the Full Instructions):
1) Four copies of the original paper (including copies of tables, figures and illustrations)
2) An electronic copy of the final version of the work (see paragraphs related with electronic format submission)
3) A cover letter (or letters) signed by all authors, asking for publication of the paper.
4) Agreement of Copyright transferral, with original signature(s).
5) Permission Letters – it is author or authors responsibility to obtain written permission for reproduction (under
any way, including the electronic one) of any material which has been published in any other publication.
Name and contacts of the author responsible for correspondence.
All documents mentioned above are to be mailed to:
“Sociedade Portuguesa de Cirurgia”
a/c Editores da Revista Portuguesa
R. Xavier Cordeiro, 30
1000-296 Lisboa

Categories and Types of Papers


a) Editorials
b) and c) Opinion and Revision Articles
d) Original Papers
e) Controversies
f) Clinical Cases
g) Introductory Notes
h) Letters to the Editor
i) Images for Surgeons

Some of these Papers are to be done by Editorial invitation; all other papers will be submitted to Peer Review or may
have Editor’s editing, depending on the type of text sent.

E-mail submission
The complete manuscript can be sent by e-mail, as a simple Word file, with the covering letter for publication, to the
Editor at http://revista.spcir.com

Instruções aos Autores


88

Vous aimerez peut-être aussi