Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
° 12 • Março 2010
Corpo Editorial Editor Chefe – José Manuel Schiappa, Editores – José Crespo Mendes de Almeida (Editor Científico), José Augusto
Gonçalves (Editor Técnico), Jorge Penedo (Editor de Supervisão), Amadeu Pimenta, Eduardo Xavier da Cunha (Editores Associados)
• Conselho Científico A. Silva Leal, Amadeu Pimenta (Presidente), António Marques da Costa, A. Araújo Teixeira, C. Alves Pereira,
Eduardo Barroso, F. Castro e Sousa, Fernando José Oliveira, Francisco Oliveira Martins, Jaime Celestino da Costa, João Gíria, João
Patrício, Jorge Girão, Jorge Santos Bessa, José Guimarães dos Santos, José Luís Ramos Dias, José M. Mendes de Almeida, Pedro Moniz
Pereira (Secretário Geral), Rodrigo Costa e Silva, Vítor Passos de Almeida • Edição e Propriedade Sociedade Portuguesa de Cirur-
gia – Rua Xavier Cordeiro, 30 – 1000-296 Lisboa, Tels.: 218 479 225/6, Fax: 218 479 227, spc@spcir.com, revistaspcir@gmail.com
Redacção e Publicidade SPOT Depósito Legal 255701/07 • Composição, impressão e acabamento G.C. – Gráfica de Coimbra, Lda.
Índice
PÁGINA DOS EDITORES/EDITORS PAGE .............................................. 3
José M. Schiappa
HISTÓRIA E CARREIRAS
In Memoriam – Dr. José Balcão F. Reis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Rui Vasconcelos de Macedo
AGENDA/AGENDA ............................................................... 85
EDITORIAL
TEMPO DE MUDANÇA
Constitui este número da Revista Portuguesa de Cirurgia o último número em que estarei à frente do seu
Corpo Editorial. Creio estar chegada a altura de “passar o testemunho”. Com o passar do tempo aparecem novos
desafios, as circunstâncias mudam e tornam obrigatórias estas mudanças. Foram definidos princípios de posi-
cionamento, logo à partida da tarefa que iniciei com esta série da Revista que, a meu ver, tornam incompatíveis
determinados cargos; é crucial que esteja sempre bem clara a independência dos Editores da Revista.
É também recomendável proceder a ajustes que permitam, dentro de um espírito de continuidade, salutares reno-
vações de responsáveis, abrindo caminho a novas ideias. Muito há ainda a fazer e muito está delineado nesse sentido
e talvez mesmo as orientações a tomar pela renovada equipa de Editores possam trazer ideias mais dinâmicas.
Quando, inicialmente, aceitei o convite que me foi feito, foram estabelecidas uma série de propostas, con-
dicionantes e metas. De modo geral foram cumpridas, e tenho como um dos pontos que considero mais impor-
tantes e a realçar, o excelente modo como sempre funcionaram as relações entre a Direcção da Sociedade Portu-
guesa de Cirurgia e os Editores da Revista Portuguesa de Cirurgia.
Tivemos durante estes 3 anos o prazer de verificar que a independência dos Editores da Revista – ponto cru-
cial para os mesmos e acordado desde início – foi sempre respeitada, sem a mais pequena questão. A abertura sem-
pre demonstrada pela Direcção foi muito importante para que os Editores se sentissem à vontade para progra-
mar os sucessivos números de acordo com o que achámos ser o mais apropriado e para podermos, por vezes, ultra-
passar o número de páginas inicialmente estabelecido; isto era para nós importante para que se mantivesse uma
estrutura correcta de cada número, dando continuidade à uniformidade editorial.
Todo o trabalho efectuado na concepção, preparação, edição e publicação destes números da segunda série
da Revista foi muito gratificante e entusiasmante. As relações existentes dentro da equipa que liderei contribuí-
ram também bastante para tudo isto, verificando-se, a curto prazo, que todos comungávamos do mesmo espí-
rito em relação às metas a atingir.
Na verdade, penso que conseguimos “construir” um Jornal com boa credibilidade, bom conteúdo e um
nível científico que o pode colocar numa boa posição dentro do padrão dos Jornais europeus de Cirurgia. Mais
ainda, conseguimos quebrar algumas barreiras que muitos não acreditavam ser possível.
Neste XXX Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, termina o meu mandato como Presidente da
Sociedade. Foi uma honra que me concederam e que muito prezei, pois como cirurgião sempre considerei a
Sociedade algo da maior relevância para todos nós.
Durante o biénio deste mandato e ao longo dos anos que partilhei com outros colegas a actividade direc-
tiva da Sociedade, tive a oportunidade de reflectir sobre cada um dos aspectos que aqui vivi, desembaraçá-los da
ferrugem do tempo, da inércia e alteração do olhar, de enfrentar os factos que os hábitos antigos vão introdu-
zindo na memória e nos sentimentos, retirar camada a camada os comentários lenitivos que se vão acumulando
desde há tantos anos e olhar com clareza para o meu próprio pensamento.
Ficarei satisfeito e tranquilo, ajuizarei que este pequeno editorial em que temerariamente quero dizer da
importância que a Sociedade Portuguesa de Cirurgia teve na minha vida profissional, como cirurgião, não foi
escrito em vão, se um único leitor, ao terminar de o ler, entreveja num relance o que esta vertente da minha vida
significou para mim.
Foi, aqui, neste fórum, que aprendi, actualizei conhecimentos, troquei opiniões, partilhando experiências.
Aqui onde também vim, ano após ano, ao encontro de velhos e novos amigos com quem não tinha opor-
tunidade de conviver ao longo do ano, devido à complexa vida dos apressados tempos em que vivemos.
Ter sido Presidente dela, não foi só e apenas uma honra. Dizer isso seria minimalista. Na verdade, quero dei-
xar expresso aos jovens que um dia virão a ocupar este lugar: foi um prazer e fiz com gosto o que estava ao meu
alcance para que a Sociedade ficasse mais enriquecida e consolidada.
É este pois o fruto da reflexão que fiz: deu trabalho, valeu a pena, foi um prazer e uma grande honra.
Este ano, o Dr. Nelson Pereira, figura conhecida e muito respeitada da cirurgia portuguesa, que sempre deu
grande contributo às realizações da nossa Sociedade e que foi Director do Departamento de Cirurgia do Centro
Hospitalar de Vila Nova de Gaia e grande impulsionador das Jornadas de Cirurgia, organizadas por esse hospi-
tal ao longo de muitos anos, foi escolhido para Presidente de Honra do Congresso, enriquecendo a lista de cirur-
giões notáveis que o precederam.
Do programa do Congresso é de salientar, para além de nove convidativos Cursos pré-Congresso organiza-
dos pelos Capítulos, dedicados sobretudo à formação dos mais jovens, as habituais e estimulantes “Provas de
Caras” e Sessões das “Melhores Comunicações Orais”, “Melhores Vídeos” e “Melhores “Posters”; a abordagem
dos temas sobre “Cirurgia Hepática Laparoscópica”, “Novas Tecnologias em Cirurgia” e “Novos Desafios em
Cirurgia” por prestigiados conferencistas estrangeiro; a mesa-redonda conjunta da SPC e o Colégio da Espe-
cialidade da Ordem dos Médicos sobre “Valorização do Acto Médico”; e, a mesa-redonda nacional sobre “Cirur-
Página da SPC
8
30.° Congresso da SPC
Pedro Moniz Perreira
Secretário Geral
Estamos naquela altura do ano em que só começa a sobrar tempo para Congresso e mais Congresso. Esta é
a aflição da Direcção, que tem como responsabilidade pôr de pé mais esta reunião magna dos cirurgiões
portugueses.
Efectivamente, é com muito gosto e orgulho que estamos a organizar o 30º congresso da SPC, este ano
subordinado ao tema “Novas tecnologias em Cirurgia” e em que vamos poder tomar contacto com alguns dos
desenvolvimentos mais entusiasmantes da nossa área. A robótica, os novos biomateriais e os avanços, em campos
que já são clássicos, como a laparoscopia, são temas a desenvolver por palestrantes reconhecidos. Também o curso
pós-graduado sobre “NOVAS TECNOLOGIAS EM CIRURGIA: ESTADO DA ARTE” e a mesa redonda
internacional a propósito de “NOVOS DESAFIOS EM CIRURGIA” serão pontos altos da nossa reunião.
“APENDICITE AGUDA” é o tema sempre actual que vai ocupar as apresentações da mesa redonda dos internos.
Sempre foi preocupação da SPC comunicar com o que lhe é exterior, e nessa linha, temos a sessão conjunta
com o colégio de cirurgia da Ordem dos Médicos sobre “valorização do acto médico” onde se vai reflectir sobre
o que é, nos dias de hoje, a função do cirurgião. O que vale, não só modo ponto de vista material, mas também
ético e laboral.
O congresso começa no domingo com os vários cursos pós-graduados, coordenados pelos capítulos e, mercê
da grande aceitação que têm tido, serão certamente um sucesso. À sessão de boas-vindas segue-se a conferência
não-médica proferida este ano pelo Dr. Luís Portela, CEO do Laboratório BIAL, sobre os desafios do
desenvolvimento tecnológico em Portugal.Depois é tempo para a cultura com a inauguração da mostra artística
dos quadros de Catarina Castel-Branco e das representações de“ex-votos” recolhidos pelo Prof. João Patrício
Enfim, pensamos ter construido um programa interessante e mobilizador que traga ao Estoril um número
record de cirurgiões. O interesse demonstrado até agora tem sido grande, não só da indústria, que participam
significativamente no que é a maior reunião nacional de cirurgia, mas também dos médicos participantes que já
enviaram para selecção e mostra, 163 comunicações, 294 posters e 78 vídeos. Este ano é implementado um novo
modo de apresentação e selecção das melhores comunicações, como resposta a várias sugestões feitas pelos sócios,
e que se espera, aumente o nível cientifico dos trabalhos apresentados.
Muito Obrigado
Página da SPC
10
ARTIGO ORIGINAL
ABSTRACTO
Objectivos: Estudar a viabilidade da aplicação do modelo da cirurgia “fast track” em doentes portadores com neoplasia do cólon e
submetidos a cirurgia radical.
Material e métodos: Estudo piloto, prospectivo, que decorreu entre Novembro de 2007 e Junho de 2008, período no qual foram
operados, por laparotomia, 30 doentes portadores de neoplasia do cólon. As variáveis estudadas incluíram: características demográfi-
cas; tipo de tumor; ASA; P-POSSUM; tipo e duração da cirurgia; controlo da dor, complicações pós-operatórias; duração do inter-
namento e a satisfação global do doente.
Resultados: Dos 30 doentes estudados, 16 doentes eram do sexo masculino, 70% tinha mais que 60 anos (Min. 40; Max. 77 com
uma mediana de 70 anos); 30% tinha um Índice Massa corporal (IMC) Maior ou igual a 30 (Min.: 20,09; Max.: 43,75; Med.: 28,32).
21 doentes apresentavam co-morbilidade associada, sendo a HTA a mais prevalente. 90% dos doentes foram classificados como ASA
II e segundo a avaliação pelo P-POSSUM uma morbilidade média prevista de 27,56% e uma mortalidade média prevista de 1,53%.
Em 40% dos casos o tumor estava localizado no cólon sigmoide. Num doente não se conseguiu colocar o cateter epidural torácico defi-
nido. A média de duração da cirurgia foi de 99,5 minutos (Min.: 50; Max.:150 min.). 66,7% (20 doentes) nunca apresentaram vómi-
tos no pós-operatório e em 64% dos doentes a dor esteve sempre controlada; 50% dos doentes tiveram alta ao 3º dia pós-operatório e
os restantes até ao 5º dia pós-operatório; 2 doentes foram reinternados e um deles foi reoperado por deiscência da anastomose
(pT3N2M0). A maior parte dos doentes (12) foi estadiado como pT3N0M0. O mínimo de gânglios isolados foi de 4 e o máximo de
60 (mediana de 18).
Conclusão: Este estudo piloto revela que o protocolo “Fast-Track” na cirurgia colorectal é viável e permite tempos de internamento
de 3 a 5 dias. Este protocolo é uma opção a ter em conta no tratamento cirúrgico do cancro do cólon.
mos que alguns doentes tiveram dificuldade em tole- de surgir algum imprevisto que ponha em causa a
rar os suplementos nutricionais no pós-operatório. progressão do protocolo.
Este facto merece também reformulação do protocolo. Os cuidados peri-operatórios cirúrgicos, anestésicos
Somos de opinião que o preOp® prescrito no 1º dia e nutricionais clássicos, em doentes portadores de neo-
de pós-operatório do protocolo testado deve ser reti- plasia colorectal, incluem geralmente preparação intes-
rado. Após inquérito de satisfação, os doentes mani- tinal mecânica, recurso a sonda nasogástrica até trân-
festaram que se tivessem que se submeter de novo a sito intestinal restabelecido (motivando jejum prolon-
cirurgia colorectal adeririam de novo a este programa. gado), a drenos abdominais, a algaliação, bem como o
A implementação de um programa multimodal de recurso a opiáceos no controlo da dor e a mobilização
“fast-track” em doentes propostos para cirurgia colo- do doente é, por vezes, tardia.
rectal requer uma equipa motivada e dedicada, cen- Na Europa as taxas médias de complicações após a
trada sempre no doente, que toma parte activa na sua cirurgia colorectal electiva variam entre 15-20% e o
recuperação, envolvendo sempre o cirurgião, o anes- tempo de internamento varia entre 6-10 dias (3). No
tesiologista, o nutricionista e o enfermeiro. Não é entanto, estes valores podem chegar aos 35% de taxa
possível obter o sucesso desejado, sem a informação média de complicações após a cirurgia e, o tempo de
detalhada do programa ao doente, sem a formação internamento pós-operatório pode atingir os 20 dias
dos enfermeiros que cuidam do doente e sem o após ressecção cólica (8-11). Este facto, tem motivado
conhecimento profundo e detalhado por parte de distintas abordagens.
toda a equipa envolvida do protocolo implementado Estudos clínicos prospectivos recentes mostraram que
(“clinical pathways”). As vantagens de trabalhar com uma abordagem multimodal no período peri-operató-
um protocolo é que não há dúvidas quanto ao rio, que inclui curtos períodos de jejum, controlo agres-
momento da introdução e progressão da dieta, da sivo da dor, ausência de preparação intestinal mecânica,
remoção da algália, do cateter epidural e da mobili- permite recuperações mais rápidas dos doentes cirúrgicos
zação, existindo planos de contingência no caso de e diminuição da morbilidade, nomeadamente nos doen-
dificuldades. É, importante, que um elemento tes submetidos a cirurgia colorectal, com resultados
médico da equipa seja facilmente contactável no caso sobreponiveis aos encontrados neste estudo (11-17).
REFERÊNCIAS
1. Feara KC, Ljungqvist O, Von MM e al. Enhanced recovery after surgery: a consensus review of clinical care for patients undergoing colonic resection. Clin.
Nutr. 2005; 24: 466-477
2. Wilmore DW, Kehlet H. Manegement of patients in fast track surgery. Br. Med. J. 2001; 322:473-476.
3. Nikolaos Gouvos, Emile Tan, Alistair Windsor, E. Xynos, Paris P. Tekkis. Fast-track vs Standard Care in colorectal surgery: a meta-analysis update. Int. J. Colo-
rectal Disease (2009) 24: 1119-1131.
4. Kehlet H, Dahl J B. Anesthesia, surgery and challenges in post operative recovery. Lancet 2003; 363: 1921-28.
5. Kehlet H. Fast Track colorectal surgery. Lancet 2008; Vol 371; 791-793.
6. Kehlet H, Wilkimson K, Buchler M W, Beart R W. A survey of perceptions and atitudes towards the clinical impact and manegement of postoperative ileus.
Colorectal Dis. (2005), 7: 245-250.
7. W. Schwenk, J. Neudecker, W. Raue, O. Haase, J.M. Muller. Fast.track rehabilitation after rectal cancer ressection. Int J Colorectal Dis. (2006) 21: 547-553.
8. Staib L, Link KH, Blatz A, Beger HG. Surgery of colorectal cancer: surgical morbidity and five- and ten-year results in 2400 patients – monoinstitutional expe-
rience. World J. Surg. 2002; 26: 59-66.
9. Marush F, Koch A, Schmidt U et al. Prospective multicentre studies of colorectal carcinomas as comprehensive surgical quality assurance. Chirurg 2002; 73:
138-46.
10. Alves A, Panis Y, Mathieu P, Mantion G, Kwiatkowski F, Slim K. Postoperative mortality and morbidity in French patients undergoing colorectal surgery. Results
of a prospective multicenter study. Arch. Surg. 2005; 140: 138-46.
11. Marusch F, Gastinger I, Schneider C et al. Experience as a factor influencing the indications for laparoscopic colorectal surgery and the results. Sur. Endosc.
2001; 15: 116-20.
12. Kehlet H, Wilmore DW. Fast-track surgery. Br. J. Surg. 2005; 92: 3-4.
13. Kehlet H, Wilmore DW. Multimodal stratagies to improve surgical outcome. Am. J. Surg. 2002; 183: 630-41.
14. Anderson AD, McNaught CE, MacFie J, Tring I, Barker P, Mitchell CJ. Randomized clinical trial of multimodal optimization and standard perioperative sur-
gical care. Br. J. Surg. 2003; 90: 1497-504.
15. Basse L, Hjort Jakobsen D, Billesbolle P, Werner M, Kehlet H. A clinical pathway to accelerate recovery after colonic resection. Ann. Surg. 2000; 232: 51-7.
16. Stephen AE, Berger DL. Shortened length of stay and hospital cost reduction with implementation of an accelerated clinical care pathway after elective colon
resection. Surgery 2003; 133: 277-82.
17. Kehlet H, Mogensen T. Hospital stay of 2 days after open sigmoidectomy with a multimodal rehabilitation programme. Br. J. surg. 1999; 86: 227-30.
18. Delaney CP, Fazio vW, Senagore AJ, Robinson B, Halverson AL, Remzi FH. “Fast track” postoperative management protocol for patients with high co-mor-
bidity undergoing complex abdominal and pelvic colorectal surgery. Br. J. Surg. 2001; 88: 1533-8.
Autor de contacto
DR. JOSÉ PEDRO SILVA
jpmsilva@netc.pt
Venho por este meio assinalar a publicação deste artigo pois, apesar da metodologia empregue não ser isenta
de críticas, realça a importância de uma moderna abordagem ao período pós-operatório.
Esta nova estratégia para o fluxo de internamento cirúrgico em patologia colo-rectal, conhecida no passado
como “fast-track”, actualmente ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) – ( Eskicioglu, C., et al. “Enhanced
Recovery after Surgery (ERAS) Programs for Patients Having Colorectal Surgery: A Meta-analysis of Randomized
Trials.” J.Gastrointest.Surg. – 2009), permite uma drástica diminuição dos tempos de internamento pós-opera-
tório, com uma substancial redução tanto do incómodo para os doentes como dos custos associados à interven-
ção cirúrgica.
Presentemente, podemos afirmar que, se não incluir os doentes num protocolo ERAS, a cirurgia colo-rec-
tal está desactualizada face aos padrões actuais. A aplicação desta estratégia deve ser feita independentemente da
via de acesso utilizada. No caso específico de uma abordagem laparoscópica, esta não fará qualquer sentido na
ausência de um programa de recuperação pós-operatória desta natureza.
Assim, temos que realçar esta publicação, pois servirá seguramente de veículo de divulgação desta estraté-
gia no nosso meio cirúrgico.
31 de Janeiro de 2010.
ABSTRACT
Background: Recent advances in regenerative medicine, including haematopoietic stem cell (HSC) transplantation have brought
hope for patients with liver cirrhosis who await transplantation due to the shortage of organ donors. This article focuses on the poten-
tial of bone marrow stem cells (BMSCs) in the management of liver disease and the unresolved issues regarding their role. We also out-
line the different mechanisms by which stem cells may impact on liver disease.
Methods: Medline searches using the keywords ‘liver disease’, ‘stem cells’, ‘transplantation’ and ‘regenerative medicine’ limited to
the years 1990 to the present.
Discussion: New findings in adult stem cell biology are transforming our understanding of tissue repair raising hopes of successful
regenerative hepatology. Although all clinical trials to date have shown some improvement in liver function and CD34+ cells have been
used safely for BM transplantation for over 20 years, only randomised controlled clinical trials will be able to fully assess the potential
clinical benefit of adult stem cell therapy for patients with liver insufficiency.
Key words: Liver disease; Stem cells; Transplantation; Regenerative Medicine; Immunosuppression
Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
22
plants from syngeneic males. The Y-chromosome MECHANISM OF HEPATOCYTE REGENERA-
markers dipeptidyl peptidase IV enzyme (DPPIV) TION
and L21-6 antigen were used to identify liver cells
of BM origin. This cross-sex model allowed the There is much controversy concerning the mecha-
identification of male liver cells in the female rats’ nism by which BMSCs contribute to hepatocyte
livers indicating that BM-derived HSCs have the regeneration or to liver repair. Transdifferentiation into
capacity to transdifferentiate into hepatocytes [18]. hepatocytes represents genomic plasticity in response
Similar sex-mismatched experiments in mice by to the microenvironment and has been shown in sev-
Theise et al (2000) demonstrated the presence of Y eral experiments in vivo [23-25]. However, some
chromosome positive hepatocytes in lethally irradi- authors have proposed that conversion to hepatocytes
ated female mice following BM transplants from may occur via cell fusion [1, 2].
males. In this study no liver injury was induced, The so-called ‘bystander effect’ is postulated to be
supporting the theory that marrow-derived HSCs due to factors secreted by BMSCs that are chemo-
can differentiate into hepatocytes in the absence of attracted to the site of injury, leading to the stimula-
acute liver injury [19]. tion of mitosis of endogenous liver cells. This mecha-
Although evidence of transdifferentiation to hepa- nism is thought to recruit endogenous BM for cardiac
tocytes is compelling from animal studies, few have repair following myocardial infarction following
examined this possibility in humans. Alison and asso- administration of granulocyte colony-stimulating fac-
ciates (2000) detected Y-chromosome positive cells in tor (G-CSF) [26].
a retrospective analysis of the livers of 9 female recip- Other possible explanations for target organ regen-
ients of bone marrow transplants from male donors. eration and improvement in function include facili-
Cells were confirmed as being hepatocytes due to their tating the release of vascular endothelial growth factor
expression of cytokeratin-8 [20]. The authors also (VEGF) by stem cells, thus increasing the blood sup-
looked for the presence of Y-chromosome-positive ply to cells and helping to repair damaged tissue [27].
cells in 11 female livers transplanted to male recipi- Stem cells may also act by up-regulating the Bcl-2 gene
ents that were later removed due to recurrent disease, and suppressing apoptosis [28] or by suppressing
finding a number that expressed cytokeratin-8 (0.5%- inflammation in the diseased organ via the inter-
2%). This confirmed that circulating extra-hepatic leukin-6 (IL-6) pathway [29]. Both these processes are
stem cells colonise the liver [20]. Thiese et al (2000) thought to contribute to the regeneration of normal
have also reported their analysis of archival autopsy cells in the damaged organ. Finally, HSCs may stim-
and biopsy specimens from female recipients of male ulate tissue specific stem cells, such as oval cells in the
donor bone marrow transplants and male recipients liver, facilitating regeneration of the target organ [30].
of female livers. Marrow-derived cell engraftment in
the livers ranged between 4 and 40%. The study
demonstrated that hepatocytes and cholangiocytes can ANIMAL DATA SUPPORTING BMSC TREATMENT
be obtained from extrahepatic circulating stem cells, OF LIVER DISEASE
probably of BM origin in humans [21]. Finally, Kor-
bling and colleagues (2000) have reported that the fre- Jang and colleagues transplanted highly enriched
quency of hepatocytes generated from the BM of CD45+ HSCs into lethally irradiated mice treated with
recipients of sex-mismatched liver or BM transplants a single dose of carbon tetrachloride (CCl4) [25]. In
varies from 4% to 7% and appears to be unrelated to this model 7.6% of liver cells were of donor origin
both liver injury and to the time following transplan- within 7 days of transplantation. There was early ame-
tation [22]. lioration of liver disease with some improvement in
Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
24
Table 1. Clinical trials of bone marrow stem cells in liver disease
25
Alcoholic, hepatitis C, Autologous, Procedure well tolerated
Lyra et al.[44]
cholestatic and 10 Hepatic artery Iliac crest, Improvement in Child’s Pugh
World J Gastronterol 2007
cryptogenic cirrhosis unsorted BM score, biliruibn & albumin
Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
26
approach has the potential of both enhancing and
accelerating hepatic regeneration in a clinical setting.
Unlike hepatocytes, the use of BMSCs for liver
regeneration does not depend on the procurement of
cadaveric livers whose donors are often immunologi-
cally disparate and also in short supply. The use of
adult stem cells is attractive as it overcomes the moral
and ethical barriers of ES cell manipulation. Further
advantages of the use of BMSCs are that they are mul-
tipotent, there is already considerable experience in
their use, they are easily accessible and there is unlim-
ited supply. Conversely, concerns have been raised
about the adverse long term effects of stem cell ther-
apy. There is evidence to suggest that treatment with
BMSCs may provide liver fibrogenic cells (hepatic stel-
late cells and myofibroblasts) which contribute to
fibrosis and could have a deleterious effect on already
Figure 1. Infusion of stem cells into the hepatic artery
decompensated cirrhotic livers [52, 53]. Similarly, there
are concerns that hepatocellular carcinoma (HCC)
originates from hepatic oval cells and BMSCs [54].
Much of the data concerning the malignant potential
of BMSCs, however, originates from genetically mod-
ified rodent models and may not be present in humans
[55].
New findings in adult stem cell biology are trans-
forming our understanding of tissue repair raising
hopes of successful regenerative hepatology. Although
all clinical trials to date have shown some improve-
ment in liver function and CD34+ cells have been used
safely for BM transplantation for over 20 years, only
randomised controlled clinical trials will be able to
fully assess the potential clinical benefit of adult stem
Figure 2. Infusion of stem cells into the portal vein.
cell therapy for patients with liver insufficiency.
REFERENCES
1. Vassilopoulos, G., P.R. Wang, and D.W. Russell, Transplanted bone marrow regenerates liver by cell fusion. Nature, 2003. 422(6934): p. 901-4.
2. Wang, X., H. Willenbring, Y. Akkari, et al., Cell fusion is the principal source of bone-marrow-derived hepatocytes. Nature, 2003. 422(6934): p.
897-901.
3. Arias IM, B.J., Fausto N, Chisari FV, Schachter D, Shafritz DA, The Liver: Biology and Pathobiology. 4 ed. 2001, Philedelphia, PA: Lippincott
Williams & Wilkins. 1088.
4. Health, M.o., Annual Report of the Chief Medical Officer. 2001, Ministry of Health, UK: London.
5. UNOS. United Network of Organ Sharing Online. http://www.unos.org/data. 2006 [cited 2006 February 21]; Available from: http://
www.unos.org/data.
Madhava Pai MS MSc FRCS, Duncan RC Spalding BSc MD FRCS, Nagy A Habib ChM FRCS
28
38. Gordon, M.Y., N. Levicar, M. Pai, et al., Characterization and clinical application of human CD34+ stem/progenitor cell populations mobilized
into the blood by granulocyte colony-stimulating factor. Stem Cells, 2006. 24(7): p. 1822-30.
39. Levicar, N., M. Pai, N.A. Habib, et al., Long-term clinical results of autologous infusion of mobilized adult bone marrow derived CD34+ cells in
patients with chronic liver disease. Cell Prolif, 2008. 41 Suppl 1: p. 115-25.
40. am Esch, J.S., 2nd, W.T. Knoefel, M. Klein, et al., Portal application of autologous CD133+ bone marrow cells to the liver: a novel concept to sup-
port hepatic regeneration. Stem Cells, 2005. 23(4): p. 463-70.
41. Terai, S., T. Ishikawa, K. Omori, et al., Improved liver function in patients with liver cirrhosis after autologous bone marrow cell infusion therapy.
Stem Cells, 2006. 24(10): p. 2292-8.
42. Yannaki, E., A. Anagnostopoulos, D. Kapetanos, et al., Lasting amelioration in the clinical course of decompensated alcoholic cirrhosis with boost
infusions of mobilized peripheral blood stem cells. Exp Hematol, 2006. 34(11): p. 1583-7.
43. Yan, L., Y. Han, J. Wang, et al., Peripheral blood monocytes from patients with HBV related decompensated liver cirrhosis can differentiate into func-
tional hepatocytes. Am J Hematol, 2007. 82(11): p. 949-54.
44. Lyra, A.C., M.B. Soares, L.F. da Silva, et al., Feasibility and safety of autologous bone marrow mononuclear cell transplantation in patients with
advanced chronic liver disease. World J Gastroenterol, 2007. 13(7): p. 1067-73.
45. Gasbarrini, A., G.L. Rapaccini, S. Rutella, et al., Rescue therapy by portal infusion of autologous stem cells in a case of drug-induced hepatitis. Dig
Liver Dis, 2007. 39(9): p. 878-82.
46. Mohamadnejad, M., M. Namiri, M. Bagheri, et al., Phase 1 human trial of autologous bone marrow-hematopoietic stem cell transplantation in
patients with decompensated cirrhosis. World J Gastroenterol, 2007. 13(24): p. 3359-63.
47. Mohamadnejad, M., K. Alimoghaddam, M. Mohyeddin-Bonab, et al., Phase 1 trial of autologous bone marrow mesenchymal stem cell trans-
plantation in patients with decompensated liver cirrhosis. Arch Iran Med, 2007. 10(4): p. 459-66.
48. Pai, M., D. Zacharoulis, M.N. Milicevic, et al., Autologous infusion of expanded mobilized adult bone marrow-derived CD34+ cells into patients
with alcoholic liver cirrhosis. Am J Gastroenterol, 2008. 103(8): p. 1952-8.
49. Selden, C., D. Calnan, N. Morgan, et al., Histidinemia in mice: a metabolic defect treated using a novel approach to hepatocellular transplanta-
tion. Hepatology, 1995. 21(5): p. 1405-12.
50. Muraca, M., G. Gerunda, D. Neri, et al., Hepatocyte transplantation as a treatment for glycogen storage disease type 1a. Lancet, 2002. 359(9303):
p. 317-8.
51. Selden, A.C. and H.J. Hodgson, Growth factors and the liver. Gut, 1991. 32(6): p. 601-3.
52. Russo, F.P., M.R. Alison, B.W. Bigger, et al., The bone marrow functionally contributes to liver fibrosis. Gastroenterology, 2006. 130(6): p. 1807-
21.
53. Cassiman, D., A. Barlow, S. Vander Borght, L. Libbrecht, and V. Pachnis, Hepatic stellate cells do not derive from the neural crest. J Hepatol,
2006. 44(6): p. 1098-104.
54. Wu, X.Z. and D. Chen, Origin of hepatocellular carcinoma: role of stem cells. J Gastroenterol Hepatol, 2006. 21(7): p. 1093-8.
55. Dumble, M.L., E.J. Croager, G.C. Yeoh, and E.A. Quail, Generation and characterization of p53 null transformed hepatic progenitor cells: oval
cells give rise to hepatocellular carcinoma. Carcinogenesis, 2002. 23(3): p. 435-45.
Autor de Contacto
MADHAVA PAI
madhava.pai04@imperial.ac.uk
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
Participadas 1831 1717 2011 1935 Gráfico 5: Apendicectomias por interno por período
de conclusão do internato
Efectuadas 805 747 876 829
Departamentação e formação pós-graduada – Curriculum em Cirurgia Geral: experiência de 20 anos num Hospital Universitário
33
Gráfico 6: Laparoscopias por interno por período 1º e 2º períodos de conclusão em relação ao último
de conclusão do internato
(p=0.003 e p=0.021 respectivamente).
Cinco internos, a cujos currícula se teve acesso, não
usufruiram de estágios parcelares noutros hospitais
nacionais – média de 2 estágios por interno. Onze
internos estagiaram fora do país.
Participadas 1924
Efectuadas 833
Tiróide 17
Mama 33
Gastroduodenal 33
Apêndice 83
Colo-rectal 50
Proctológica 75
Tabela 4: Relação cirurgias afectuadas/cirurgias oncológicas
Baço 8
1988- 1993- 1998- 2004- Vias biliares 108
-1992 -1997 -2003 -2007
Parede 100
Cirurgias oncológicas* 86 84 72 94
Cirurgias efectuadas * 805 747 876 829 Outras 42
Proporção 0,11 0,11 0,08 0,11 Oncológica 92
* (média/interno). Laparoscopias 58
SU 308
Tabela 5: Actividade científica
Tabela 6b: Curriculum tipo – actividade científica
média mínimo máximo
Trabalhos Científicos 29 3 91 Trabalhos Científicos 48
Comunicações Orais 8 0 26 Comunicações Orais 13
Pósters 2 0 22
Pósters 6
Publicações 1 0 7
Cursos 8 2 16 Publicações 1
Congressos 24 10 43 Cursos 11
Congressos 27
Apesar de o número médio absoluto de interven- Estágios Nacionais 1
ções efectuadas por interno se ter mantido relativa- Estágios Internacionais 1
mente estável ao longo dos anos a proporção de cirur-
gias do foro oncológico sofreu um aumento estatisti-
camente significativo entre o 3º e 4º períodos de con- DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
clusão.
A produção científica (tabela 5) aumentou de forma É previsível que sejam confiadas mais intervenções
estatisticamente significativa particularmente entre o a internos com mais oportunidades de treino, como
BIBLIOGRAFIA
“A Departamentação em Cirurgia: uma vez mais” in Arquivos do Hospital Geral de Santo António – nº 1, vol 6, Janeiro/Março 2002, pág. 7-8 –
BRANCO, R.;
“Razões de uma Departamentação em Cirurgia – 3 Anos de Experiência” in Arquivos Portugueses de Cirurgia – 4(4), Novembro 1995, pág. 209-
213 – BRANCO, R..
Regulamento do Internato Médico – Ministério da Saúde, Portaria nº 183/2006
Programa de Formação do Internato Complementar da Àrea Profissional Médica de Cirurgia Geral – Ministério da Saúde, Portaria nº 337/97 e
Portaria nº 555/2003
Departamentação e formação pós-graduada – Curriculum em Cirurgia Geral: experiência de 20 anos num Hospital Universitário
35
ANEXOS
Total de Trabalhos Realizados como 1º autor ou co-autor, apresentados em reuniões formais ou informais
Comunicações Orais, Pósters e Publicações como 1º autor
Autor de contacto
INÊS BESSA
inesqlbessa@gmail.com
EDITORIAL
Com o recente entusiasmo pelas técnicas de NOTES (Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery)
abriu-se mais uma porta à introdução não controlada de técnicas e tecnologias sem que exista suporte científico
que permita a sua implementação fundamentada.
A base de promoção de técnicas e tecnologias em circunstâncias como estas leva a que se possa questionar
o que está por detrás de tudo e quais os verdadeiros e últimos beneficiários. “Quem precisa de NOTES?” é uma
questão que pode ser posta e pode ser extrapolada para outras situações.
Já em outro Editorial desta Revista se questiona a “progressão” de especialidades baseadas em técnicas e tec-
nologias, sem a devida fundamentação científica1. “Nesta medida não pode invocar-se a Ciência quando se está
exclusivamente dependente da Técnica. Um tal posicionamento desvia-se da procura do conhecimento, tem uma razão
de ser conjuntural e, como tal, não é perene”.
Apesar destas dificuldades de implementação, continua a haver um contínuo desenvolvimento da tecnolo-
gia e o aparecimento de técnicas “paralelas”. Todas as diversas modalidades de abordagem abdominal por “Porta
Única” – e são muitas – são fruto desse “pensar paralelo”.
No entanto, não se pense que questionamos por princípio o natural e inevitável desenvolvimento de novas
tecnologias. Esse desenvolvimento é absolutamente necessário e louvável; o que questionamos é a sua aplicação
sem critérios científicos ou, por vezes mesmo, experimentais.
Também num número anterior da nossa Revista, num artigo de opinião que então publicámos2, Richard
Satava fazia uma afirmação que tem a essência de uma base tão frequentemente esquecida, mas muitas vezes
mencionada: “Notes on N.O.T.E.S.: It is about the Journey, not the Destination”. O importante não é o objectivo
José M. Schiappa
40
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA
ABSTRACT
During the last two years, the so called Single-incision-laparoscopic surgery is developing rapidly and seems to be the next step in
reducing abdominal wall trauma for laparoscopic abdominal procedures. Different techniques and equipment are under development
and reports cumulate regarding laparoscopic procedures which are performed through one single skin incision.
We report our first experiences in single incision laparoscopic surgery for cholecystectomy and transperitoneal hernia repair (TAPP
repair). Until now, approximately 50 patients underwent cholecystectomy with this new approach in our clinic, experience for inguinal
hernia repair have been made in experimental setup on anatomical specimen.
Figure 2: Positioning of the surgeon and assitants Figure 4: Intraoperative view of trocar placement
results must be interpreted critically from this point optimal triangulation expecially in the inguinal region.
of view. Most of these instruments are not reusable at the time,
In our opinion, the inguinal TAPP repair with a sin- so we will wait for suitable instruments, before we will
gle incision access might be good procedure in the perform this procedure routinely in our clinic.
future. At this time, we did not implement this pro- In the literature only one report could be found
cedure in our clinical practice for educational reasons describing the feasibility of single-site transabdominal
and due to increasing costs. Our experience on the hernia repair 15. It seems to be the next step for reduc-
anatomical specimen showed us, that this procedure ing postoperative pain, scars (Figure 11) and trocar
has to be done with articulated instruments for an hernias also for this indication.
REFERENCES
1. Rao PP, Bhagwat SM, Rane A, Rao PP. The feasibility of single port laparoscopic cholecystectomy: a pilot study of 20 cases. HPB (Oxford)
2008;10:336-40.
2. Kirschniak A, Bollmann S, Pointner R, Granderath FA. Transumbilical single-incision laparoscopic cholecystectomy: preliminary experiences.
Surg Laparosc Endosc Percutan Tech 2009;19:436-8.
3. Hirano Y, Watanabe T, Uchida T, Yoshida S, Tawaraya K, Kato H, Hosokawa O. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: single insti-
tution experience and literature review. World J Gastroenterol;16:270-4.
4. Romanelli JR, Roshek TB, 3rd, Lynn DC, Earle DB. Single-port laparoscopic cholecystectomy: initial experience. Surg Endosc 2009.
5. Rivas H, Varela E, Scott D. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: initial evaluation of a large series of patients. Surg Endosc 2009.
6. Schlager A, Khalaileh A, Shussman N, Elazary R, Keidar A, Pikarsky AJ, Ben-Shushan A, Shibolet O, Horgan S, Talamini M, Zamir G,
Rivkind AI, Mintz Y. Providing more through less: current methods of retraction in SIMIS and NOTES cholecystectomy. Surg Endosc 2009.
7. Hu H, Zhu J, Wang W, Huang A. Optimized transumbilical endoscopic cholecystectomy: a randomized comparison of two procedures. Surg
Endosc 2009.
8. Philipp SR, Miedema BW, Thaler K. Single-incision laparoscopic cholecystectomy using conventional instruments: early experience in com-
parison with the gold standard. J Am Coll Surg 2009;209:632-7.
9. Hernandez JM, Morton CA, Ross S, Albrink M, Rosemurgy AS. Laparoendoscopic single site cholecystectomy: the first 100 patients. Am Surg
2009;75:681-5; discussion 685-6.
10. Chow A, Purkayastha S, Aziz O, Paraskeva P. Single-incision laparoscopic surgery for cholecystectomy: an evolving technique. Surg Endosc
2009.
Contact Author
FRANK A. GRANDERATH
fagzellamsee@yahoo.com
Correspondence:
PROF. DR. F.A. GRANDERATH
Department of General, Visceral and Minimally Invasive Surgery,
Hospital Neuwerk,
Dünner Straße 214-216,
41066 Mönchengladbach
Germany
Email: akirschniak@aol.com
Phone: +49-(0) 151-22630982
Fax: +49-(0) 2161 668-2215
Incision closure
Fig. 2: Schematic representation of port position for SILS Hysterectomy The 10 mm trocar fascial incision was closed with
delayed absorbable polyglactin Vicryl 2-0 sutures
(Ethicon, Johnson&Johnson, Aurangabad, India). The
Ports and instruments 2 cm scar that remained is shown in Fig.3. Skin was
A total three ports were used which were inserted approximated with subcuticular Monocryl 3-
transperitoneally through the periumbilical skin inci- 0(Ethicon, Johnson&Johnson, Aurangabad, India)
sion (Fig. 1). Entry was through the open umbilical sutures.
tube technique. Multi-fascial punctures were made as
shown in (Fig.2).Triangulation approaching that of
conventional surgery was achieved by positioning two RESULTS
5 mm ports 1 to 2 cm ahead of the10mm port and
oriented in 10 and 2 o’clock positions respectively. Twenty two procedures were performed during the
Zero degree telescope and standard laparoscopic study period (Table 1).24.6,26.8, and 21.6 for chole-
Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
48
Average Blood Mean Operative Average Length
Procedure No. Mean Age Mean BMI Conversion
loss(ml) time(mins) of stay(days)
cystectomy, oophorectomy, hysterectomy and radical camera trocar toward the pelvis. Crossing of instru-
hysterectomy respectively. All procedures were com- ments and uterine manipulation greatly improved
pleted to totally through the single incision. There were ergonomics. Standard steps as described by the
no conversions to conventional laparoscopic or open author could be executed to complete the procedure.
surgery. Data for the various procedures performed The uterine vessels were taken down with harmonic
show that operative time, blood loss and hospital stay shears or metal clips as necessary. The specimen was
are comparable with those of conventional laparoscopy. placed in a bag and removed transvaginally. The
The mean BMI of patients were 30.8. colpotomy was closed using polyglactin sutures intra-
corporeally. We had found the colpotomizer, a very
CHOLECYSTECTOMY useful instrument to delineate the level of colpotomy,
despite the fact that we do not use it in conventional
The incision was placed in the supra-umbilical multiport surgery.
region centering over the umbilical tube. Three con-
ventional laparoscopic ports were used as described OOPHORECTOMY
earlier. A conventional grasper and the harmonic
shears were used to for dissection. Starting the proce- Two patients underwent ovariectomy for benign
dure with the ‘traditional’ dissection of the Calot’s tri- cysts of the ovary. One patient underwent bilateral
angle proved to be difficult due limited working space oophorectomy for ovarian cancer risk reduction. The
and difficulty in retraction. We adopted the “fundus ovarian pedicles and cysts were dissected with the har-
first technique” in all subsequent patients which monic shears and large vessels were clipped with
enabled better retraction of the gallbladder without hemoclips when necessary.
the need for extra-corporeal retraction. The cystic duct
was clipped with metal clips which required the inter- RADICAL HYSTERECTOMY
changing of the 10mm telescope with the clip appli-
cator, vision being provided with a 5mm telescope The ”Pune technique” of Laparoscopic radical hys-
through one of the working ports. Specimen extrac- terectomy has been described [12]. Two patients with
tion was through the use of bags through the primary FIGO stage IB and CT scan showing no pelvic lym-
access port which at times required dilatation. phadenopathy were selected for the procedure. Keep-
ing with oncologic principles no uterine manipulators
HYSTERECTOMY were used. The standard steps included identifying the
ureters on both sides with their medialization, the pos-
The skin incision was placed in the infra-umbili- terior ‘U’ cut and dissection in the pouch of Douglas,
cal region with the two working trocars ahead of the dissection of para-rectal spaces, clipping the uterine
Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
50
at the Calot’s triangle and energy sources used only in have been in access ports, the SILS Port Multiple
fundus and gallbladder-liver interface. Instrument Access Port(Covidien, Mansfield, Mas-
saceusetts), GelPort (Applied Medical Systems,
Boston, MA), ASC R-Port laparoscopic Access Device
(Advanced Surgical Concepts, Wicklow, Ireland).
[9][15]. These ports are disposable and have not
reached the developing world market until recently.
The cost-effectiveness of these ports in our patients are
to be seen, as we are able to perform reasonably well
without them.
The surgery however performed is satisfactory only
when vision is flawless, assistance is apt, surgeon is
experienced and patient is accomodating. All depart-
ments must work in harmony to complete the surgery.
Inexperience on the part of the surgeon, his assistant,
camera surgeon, and defective instrumentation could
force the team to convert. We have not converted a
Fig.4: Internal view of Sword-fighting single procedure to either conventional or open. This
is obviously due to the bias in selection, which is also
Three problems mainly arise in SILS. First, instru- the way of performing such surgery in the future. We
ment crowding. This was overcome by crossing instru- had no wound complications in our 22 patients and
ments in the operative field akin to fighting with a no hernias or delayed pain at three month followup.
sword. This maneuver uses the increased space and Since this was feasibility study we did not measure
ergonomics afforded by working inversely with instru- pain and quality of life, but patients definitely seemed
ments, the left hand dissecting on the right and the optimistic about their scar and surgery.
right hand working on the left. (Fig 4) Second, the With laparoscopic surgery being adapted to per-
problem of gas leakage. This was most commonly at form almost any operation within visceral cavities with
the middle 10mm port. This was overcome by chang- surgical outcome comparable and sometimes better
ing to Veress needle entry followed by port insertion in than open procedures, SILS may take over the role of
our subsequent cases. The 5 mm trocars rarely caused conventional multiport laparoscopy in performing
problems as their entry was in a different fascial plane. simple procedures like cholecystectomies, nephrec-
The insertion of the 5 mm working trocars is essen- tomies, etc.
tially blind, though safe as they are inserted at a level Reproducibility is the big question as SILS is tech-
higher than the camera port in a direction just paral- nically demanding. Most of the above difficulties may
lel to the anterior abdominal wall. The third problem be obviated by the use of robotics. The concept of a
is due t o poor vision as the camera surgeon is left with fixed surgeon controlled camera, the seven degrees of
very little space. We operate with high definition freedom of the operating robotic arms and the unpar-
optics which greatly enhance vision and enable fine alleled three dimensional vision, make robotic appli-
dissection. We also are of the opinion that the surgery cation in SILS the next step forward. Reports of suc-
is better performed in patients with a healthier BMI, cessful application of robotics to SILS have emerged
as patients with a lower BMI compounded crowding and seem promising [13]. Tackling advanced laparo-
increasing operative time. scopic procedures with robotic aid coupled with single
Recent advances in the field of single port surgery incision is what the future probably holds.
REFERENCES
1. Desai MM, Rao PP, Aron M, et al. Scarless single port transumbilical nephrectomy and pyeloplasty: first clinical report. BJU Int
2008;101:83-88.
2. Canes D, Desai MM, Aron M, et al. Transumbilical singleport surgery: evolution and current status. Eur Urol 2008;54:1020–1029.
3. Barbaros U, Dinçça A. Single incision laparoscopic splenectomy: the first two cases. J Gastrointest Surg. 2009 Aug;13(8):1520-3. Epub
2009 Apr 14.
4. Gumbs AA, Milone L, Sinha P, et al. Totally transumbilical laparoscopic cholecystectomy. J Gastrointest Surg 2009,13:533–534.
5. Messina M, Garzi A, Molinaro F, et al. [Video-assisted transumbilical appendectomy: an effective and safe alternative in noncomplicated
appendicitis].Minerva Chir 2005;60:129–130.
6. Remzi FH, Kirat HT, Kaouk JH, Geisler DP. Single-port laparoscopy in colorectal surgery. Colorectal Dis. 2008 Oct;10(8):823-6. Epub
2008 Aug 5.
7. Saber AA, Elgamal MH, Itawi EA, Rao AJ. Single incision laparoscopic sleeve gastrectomy (SILS): a novel technique. Obes Surg. 2008
Oct;18(10):1338-42. Epub 2008 Aug 8.
8. Reardon PR, Kamelgard JI, Applebaum B, Rossman L, Brunicardi FC. Feasibility of laparoscopic cholecystectomy with miniaturized
instrumentation in 50 consecutive cases. World J Surg. 1999 Feb;23(2):128-3.
9. Ponsky TA. Single Port Laparoscopic Cholecystectomyin Adults and Children: Tools and Techniques. J Am Coll Surg. 2009
Nov;209(5):e1-6. Epub 2009 Sep 3.
10. Marescaux J, Dallemagne B, Perretta S, Wattiez A, Mutter D, Coumaros D. Surgery without scars: report of transluminal cholecystectomy
in a human being. Arch Surg. 2007 Sep;142(9):823-6; discussion 826-7.
11. Philipp SR, Miedema BW, Thaler K. Single-Incision Laparoscopic Cholecystectomy Using Conventional Instruments: Early Experience in
Comparison with the Gold Standard. J Am Coll Surg. 2009; 209(5):632-7.
12. Puntambekar SP, Palep RJ, Puntambekar SS, Wagh GN, Patil AM, Rayate NV, Agarwal GA. Laparoscopic total radical hysterectomy by the
Pune technique: our experience of 248 cases. J Minim Invasive Gynecol. 2007 Nov-Dec;14(6):682-9.
13. Escobar PF, Fader NA, Paraiso MF, Kaouk JH, Falcone T. Robotic-Assisted Laparoendoscopic Single-Site Surgery in Gynecology: Initial
Report amd Tecnique. J Minim Invasive Gynecol. 2009;16(5):589-91.
14. Navarra G, Pozza E, Occhionorelli S, et al. One-wound laparoscopic cholecystectomy. Br J Surg 1997;84:695.
15. Rane A, Rao P, Bonadio F, Rao P. Single port laparoscopic nephrectomy using a novel laparoscopic port (R-port) and evolution of single
laparoscopic port procedure (SLIPP). J Endourol 2007;21:A287.
Corresponding Author
DR. SHAILESH PUNTAMBEKAR
shase63@gmail.com
Shailesh Puntambekar, Seema Puntambekar, Ravi Sathe, Sourabh Joshi, Saravana Rajamanickam, Dr. Neeraj Rayate
52
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA
Background
Single incision laparoscopic surgery is recently became popular on behalf of inventing less invasive procedures. In this paper, we pres-
ent the first cases of SILS pancreas, SILS liver resection and SILS splenectomy cases.
Patients and Methods
Between January 2009 and January 2010, Among total 32 patients of single incision laparoscopic surgery (SILS) patients, 13 cases
have undergone SILS solid organ surgery composed of pancreatectomy (n=1), liver resection (n=2) and splenectomies (n=10).
Results
In 10 cases splenectomies, in one case distal pancreatosplenectomy, and in two cases liver resection were performed. The most
common splenectomy indication was idiopathic trombocytopenic purpura, distal pancreatosplenectomy indication was renal cell can-
cer metastases, and liver resection indications were left hepatic masses(adenoma, hemangioma) in segment 1 and 2. Single incision
laparoscopic surgery was performed successfully in 13 patients of solid organ pathologies. In a patient was converted to open proce-
dure.
Conclusion
To our knowledge, SILS in liver, pancreas and spleen were thr first cases in lietarture. In experienced centers, single incision laparo-
scopic surgery is could be performed successfully. However, to be able reveal the differences between Standard laparoscopic surgery and
SILS, prospective randomized comparative studies are required.
Key Words: Single incision, Laparoscopy, Surgery
Umut Barbaros
54
Figure 1 – Hilum
ligation with Endo
GIA which was
introduced through
the SILS port
SILS Hepatectomy:
In this case again SILS port was used. Initially
round ligament was retracted by using a 0 polyprolene
suture from right subcostal region. Left triangular lig-
ament was dissected with angulated scissor and 5 mm
Ligasure. Irregular segment 2 and 3 resection was per-
formed with the help of radiofrequency probe (Habib
IV).(figure 5). After resection of liver segment, they
were placed into a special sterile nylon bag (endobag)
before removal. Both of the lesions (adenoma, heman-
gioma) were benign which were removed with SILS
technique.
Umut Barbaros
56
Table 1. SILS Splenectomy cases
F:200
1 28/F * 11.9 85 200 2 U PSA 4 S:25 No No F:2 ITP
T:10
2 U PSA +
2 40/F 15 120 Abundant 5 0 Hemorrhage Yes F:5 TTP
2 U ES
F:200
4 32/F 11.7 115 50 2 U PSA 4 S:50 No No F:2 ITP
T:20
F:80
5 22/F 11.9 100 70 2 U PSA 3 No No F:2 ITP
S:40
F:90
6 31/F 12.1 125 75 2 U PSA 3 No No F:2 ITP
S:30
F:75
8 57/M 12 65 50 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:20
F:100
9 47/F 11.8 75 40 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:40
F:50
10 22/M 12.7 55 50 2 U PSA 2 No No F:2 ITP
S:20
blood loss, pain scores on day 1 and 3, hospital stay with laparoscopic Habib probe of radiofrequency
length, daily drainage levels, and drain removal times energy. Whole operation lasted 2 hours. Patient was
of the cases are shown in Table 2,3,4,5 respectively. discharged on the 3 rd postoperative day without nay
Splenectomy indication was idiopathic thrombocy- complication. Pathology result revealed hepatic ade-
topenic purpura in all cases. In one case, we were noma with clean hepatic tissue margins. Similar case of
forced to conversion to open surgery due to hemor- 49 years of female left hepatic hemangioma (6 cm) was
rhage in the splenic artery as a result of failure to fire also treated with the same technique. Pancreatectomy
the stapler. Spleen sizes varied between 11.7-15cm. case was 59 years old female who underwent left
Blood loss occurred between 50-200cc. While short- nephrectomy 11 years ago for the treatment renal cell
est operation length was 60 minutes, longest one was cancer. In her follow-up two suspicious pancreatic
180 minutes in the splenectomy group. No wound lesions determined. After a successful SILS subtotal
infection was observed in the abdomen postopera- pancretosplenectomy with clean tumor free margins,
tively and there was perfect cosmetic appearance . In histopathology confirmed the two foci of renal cell
43 years old female there was a 5 cm left lobe tumor cancer metastasis. Operating time was 330 minutes.
located peripherically between segment 2 and 3. In In postopeartive period low volume pancreatic fistula
this case liver parenchyma resection was performed ceased after 20 days with the close follow up of drain
Abbreviatios: A/S: Age and sex, SS: Spleen size (cm), LO: Length of the operation (minutes), BL: Blood loss (cc), PSA: Platelet suspension was prepared by method of
apheresis ES : Erythrocyte suspension LS: Length of the stay (day), D: Drain volume(cc), F:First day,C: Complications, COA: Conversion to open approach, VAS:
Visual Analog Scale.
* To our knowledge first cases in the literature
that was placed during the surgical intervention. To compromise on current standards of surgical care? Sec-
our knowledge, subtotal pancreatectomy together with ond, are real benefits of SILS restricted to only
splenectomy and left irregular lateral segment hepatic improved cosmesis, or are there additional advantages
resections are the first cases that were performed with with respect to convalescence and postoperative recov-
SILS technique in the literature. ery period? Raman’s findings in single incision
nephrectomy cases underscore that, in the hands of an
experienced laparoscopic surgeon, SILS nephrectomy
DISCUSSION is equally efficacious to conventional laparoscopic
nephrectomy without compromising on surgical or
The introduction of laparoscopy in the early 1990s postoperative outcomes. Interestingly, despite this
leaded a new era in the surgical treatment of human series representing their initial SILS experience, they
diseases. Evolution of minimally invasive techniques noted no differences in any operative variables com-
has furthered an impulsion in the surgical community pared to conventional laparoscopy. Anecdotally, they
to reduce the invasiveness of laparoscopic surgery. observed no increased difficulty in their cases com-
Although SILS practice is relatively new, it has already pared to radical nephrectomy, although they presume
been applied in plenty of surgical procedures by keen that there may be future cases in which dense
on surgeons. Many procedures such as cholecystec- retroperitoneal inflammatory reaction may prove a
tomy, adrenalectomy, laparoscopic total extraperi- challenging obstacle.[6,12]
toneal inguinal hernia repair, right hemicolectomy, left Since the first laparoscopic splenectomy by Delaitre
hemicolectomy, rectum operations, sleeve gastrectomy, in 1991 and technique widened its range including
gastrojejunostomy, and nephrectomy have been per- massive splenomegaly cases.[13] Regarding minimally
formed through single incision and reported to the invasive surgeries, operations performed with three
world literature.[8,9,10,11] Although as the solid organs, trocars have been thought to be the best practice that
nephrectomy, prostatectomy and adrenalectomy pre- could ever be achieved. Together with our laparoscopic
viously performed with SILS tecnniques, to our splenectomy experience, use of SILS on solid organs
knowledge, first SILS splenectomy, pancreatectomy such as in nephrectomy gave us the inspiration that
and liver resection are performed in our clinic in the we could employ this method in splenectomy. Conse-
world.[6] quently, we performed the technique and reported the
As clinical experience with SILS increases, there are first SILS splenectomy cases in the world.[4] Single
two inevitable questions encountered: First, does SILS incision laparoscopy presents several advantages over
Umut Barbaros
58
standard laparoscopy. It is certain that although SILS of equipment for parenchyma transaction such as
requires articulated instruments, it is a harder practice radiofrequency, bipolar vessel sealing systems have
compared with the standard laparoscopic techniques. been introduced for clinical use. .[14] Although some
However, we are at the start point of a new route and reports declaring hepatic tumors located in the diffi-
have to learn many things. We believe that, by the cult localizations like right lobe posterior segment,
time practices will be easier and the technological major left lateral segment resections are performed
advances will increase the comfort of surgeons in this laparoscopically. We describe here the technical con-
technique. In our SILS splenectomy series, highest siderations for performing laparoscopic liver resection,
length of operation was 180 minutes in the first case, with SILS technique. In two cases of left lateral seg-
whereas the operation length in our last case was 60 ment benign lesions, we performed single port liver
minutes. resection without any complication successfully.
Many studies have recently reported on laparoscopic In conclusion, we believe SILS is as beneficial as
liver resection, although its development has been slow conventional laparoscopic surgery regarding the major
compared to laparoscopy in other fields. The indica- advantages of laparoscopy. Although SILS provides a
tions for the location of laparoscopic liver resection better cosmetic outcome, in order to reveal the main
have previously been limited to easily accessible lesions. advantages of SILS, more prospective, and random-
endoscopy, high definition imaging and various kinds ized studies, are required.
1. Irwin BH, Rao PP, Stein RJ, Desai MM. Laparoendoscopic single site surgery in urology. Urol Clin North Am 2009;2:223-35.
2. Maartense S, Bemelman WA, Gerritsen van der Hoop A, Meijer DW, Gouma DJ. Hand-assisted laparoscopic surgery (HALS): a report of
150 procedures. Surg Endosc 2004;3:397-401.
3. Barbaros U, Sumer A, Dinccag A, Batman B, Mercan S, Seven R, Demir B. Single incision laparoscopic splenectomy. Our first experiences.
Med J Trakya University. (In publish)
4. Bayazit Y, Aridogan IA, Abat D, Satar N, Doran S. Pediatric Transumbilical Laparoendoscopic Single-site Nephroureterectomy: Initial Report.
Urology. 2009;74:1116-21.
5. Ponsky TA. Single port laparoscopic cholecystectomy in adults and children: tools and techniques. J Am Coll Surg 2009;5:e1-6.
6. Barbaros U, Dinçça A. Single Incision Laparoscopic Splenectomy: The First Two Cases. J Gastrointest Surg 2009;8:1520-3.
7. Langwieler TE, Nimmesgern T, Back M. Single-port access in laparoscopic cholecystectomy. Surg Endosc 2009;5:1138-41.
8. Filipovic-Cugura J, Kirac I, Kulis T, Jankovic J, Bekavac-Beslin M. Single-incision laparoscopic surgery (SILS) for totally extraperitoneal (TEP)
inguinal hernia repair: first case. Surg Endosc 2009;4:920-1.
9. Bucher P, Pugin F, Morel P. Single port access laparoscopic right hemicolectomy. Int J Colorectal Dis 2008;10:1013-6.
10. Bucher P, Pugin F, Morel P. Transumbilical single-incision laparoscopic intracorporeal anastomosis for gastrojejunostomy: case report. Surg
Endosc 2009;7:1667-70.
11. Reavis KM, Hinojosa MW, Smith BR, Nguyen NT. Single-laparoscopic incision transabdominal surgery sleeve gastrectomy. Obes Surg
2008;11:1492-4.
12. Raman JD, Bagrodia A, Cadeddu JA. Single-incision, umbilical laparoscopic versus conventional laparoscopic nephrectomy: a comparison of
perioperative outcomes and short-term measures of convalescence. Eur Urol 2008;5:1198-204.
13. Delaitre B, Bonnichon P, Barthes T, Dousset B. Laparoscopic splenectomy. The “hanging spleen technique” in a series of nineteen cases. Ann
Chir 1995;6:471–476. French.
14. Huang MT, Wei PL, Wang W, Li CJ, Lee YC, Wu CH. A series of laparoscopic liver resections with or without HALS in patients with hepatic
tumors. J Gastrointest Surg. 2009 May;13(5):896-906. Epub 2009 Mar 10.
Corresponding Author:
UMUT BARBAROS
Istanbul University, Istanbul Faculty of Medicine
Department of General Surgery
Çapa, ISTANBUL, TURKEY
00905423425115, umutbarbaros@yahoo.com
Umut Barbaros
60
CADERNO ESPECIAL – LAPAROSCOPIA POR PORTA ÚNICA
ABSTRACT
Background. Single incisions laparoscopic surgery (SILS) applied for cholecystectomy can ensure a good cosmetic effect expecting
without no visible scarring cosmetic effect after surgical procedures, but needrequires implementation of special ports, as well as artic-
ulating and banked instruments to be more comfortable for the surgeon. The aim of this paper is to present three three-ports chole-
cystectomy through two well hidden incisions – umbilical and suprapubic, – performed by with typical laparoscopic instruments.
Methods. Ten consecutive elective patients with typical, symptomatic cholelithiasis were qualified for DILS cholecystectomy. All acute
cases were excluded from intervention. Typical CO2 pneumoperitoneum was done after umbilical skin incision. Two ports, 5 mm and
11 mm, were inserted in the maximum external edges of this incision. The second incision for 11 mm optical trocar for optic was per-
formed in the suprapubic median line, just in the hairy zonewithin the hair line, to hidden conceal himit.
Results. DILCH were performed without any conversions to classical LCH or open cholecystectomy. Each procedure was different
according to technical improvement of access and manipulation of instruments manipulations. Time of interventions ranged between
from 2 hours for the first patients to 1 hour for the last according to the learning curve. No complications were observed and all
patients were discharged as after conventional LCH.
Conclusions. DILCH as a three three-port laparoscopic intervention, performed with typical laparoscopic instruments, is more
convenient for the surgeon than single incision LCH. Transfer of the optic from the umbilical port site to hidden the concealed supra-
pubic hairy region gives thereprovides more space for instruments but didn’t did not spoil theed good cosmetic effect of intervention.
This procedure is easy to learn and in case of technical problems we can always apply additional ports like foras in typical LCH.
The concept of NOTES ideas gave the surgeons the dien SILS port Covidien, Olympus LESS port,-
possibility to modify typical laparoscopic techniques Olympus and many new others) and new, recently
in the direction to of surgery with no visible scars sur- introduced recently bent instruments to provide make
gery. SILS cholecystectomy (SILS – single incision this intervention more easyier for the surgeon. [1-6].
laparoscopic surgery) is one of the example, but needs The aim of this paper is to present three three-ports
also requires implementation of three special small cholecystectomy through two well hidden incisions
three ports or special multi-channels ports (e.g. Covi- performed by with trocars and instruments typical for
REREFERENCES
1. Tacchino R, Greco F, Matera D. Single-incision laparoscopic cholecystectomy: surgery without a visible scar. Surg Endosc. 2009 Apr; 23(4):
896-9
2. Hodgett SE, Hernandez JM, Morton CA, Ross SB, Albrink M, Rosemurgy AS. Laparoendoscopic single site (LESS) cholecystectomy. J Gas-
trointest Surg. 2009 Feb;13(2):188-92
3. Kommu SS, Rané A. Devices for laparoendoscopic single-site surgery in urology Expert Rev Med Devices. 2009 Jan;6(1):95-103
4. Chamberlain RS, Sakpal SV. A Comprehensive Review of Single-Incision Laparoscopic Surgery (SILS) and Natural Orifice Transluminal Endo-
scopic Surgery (NOTES) Techniques for Cholecystectomy. J Gastrointest Surg. 2009 May 2.[Epub ahead of print].
5. Kurpiewski W, Pesta W, Kowalczyk M, Głowacki L, Ju kiewicz W. SILS cholecystectomy – our first experiences. Videosurgery and other mini-
invasive techniques 2009; 4 (3): 91-94
6. Śmietański M, Kitowski J, Tarasiuk D. Laparoscopic abdominal hernia repair with SILS® port – our first experiences. Videosurgery and other
miniinvasive techniques 2009; 4 (2): 76–78.
7. Langwieler TE, Nimmesgern T, Back M. Single-port access in laparoscopic cholecystectomy. Surg Endosc. 2009 May;23(5):1138-41
8. Elazary R, Khalaileh A, Zamir G, Har-Lev M, Almogy G, Rivkind AI, Mintz Y. Single-trocar cholecystectomy using a flexible endoscope and
articulating laparoscopic instruments: a bridge to NOTES or the final form? Surg Endosc. 2009 May;23(5):969-72
9. Petrotos AC, Molinelli BM. Single-incision multiport laparoendoscopic (SIMPLE) surgery: early evaluation of SIMPLE cholecystectomy in a
community setting. Surg Endosc. 2009 Mar 6 [Epub ahead of print].
Autor de Contacto
TADEUSZ M. WRÓBLEWSKI
wroblewskitad@tlen.pl
José M. Schiappa
RESUMO
Como suporte da apresentação de um vídeo que mostra a técnica da colecistectomia através da Micro-laparoscopia, este texto suma-
ria a introdução à utilização da chamada “needlescopy”, a sua evolução tecnológica, os detalhes da técnica executada e os resultados obti-
dos pelo autor. No final são feitas considerações relativas à utilização desta abordagem, seja como alternativa, seja como complemento
das técnicas de “Porta Única”
ABSTRACT
As a text support for the presentation of a video clip showing the technique of cholecystectomy by Micro-laparoscopy, this text gives
a summarized introduction to the use of the so called “needlescopy”, to its technological evolution, to the details of the technique per-
formed and to the results the author has obtained. In the final part the author gives his comments on the use of this approach, as an
alternative and as a complement to the “Single Port” techniques.
José M. Schiappa
66
A aplicação clínica da técnica de micro-laparosco- em termos de diminuição da dor e correspondente uti-
pia foi por nós efectuada em 1997 (foram efectuadas lização de analgésicos; os doentes referem satisfação
5 colecistectomias e 3 laparoscopias diagnósticas) e com o aspecto cosmético que, de facto, deixa cicatri-
retomada em 2009 (10 casos de colecistectomia efec- zes quase imperceptíveis. Não podemos deixar de fri-
tuados). sar que se tratam de dados subjectivos – nossos e dos
Todas as cirurgias correram sem incidentes e com doentes – que não têm substracto de evidência cientí-
post-operatórios sem complicações. Os tempos opera- fica dos resultados.
tórios ficaram dentro dos tempos médios habituais. O acesso por “Porta Única” é hoje muito falado.
Sob o ponto de vista de resultados estéticos, fica ape- Muitos cirurgiões têm efectuado cirurgias deste tipo,
nas visível uma cicatriz a nível umbilical (5 ou 12mm), usando os vários métodos de abordagem possíveis.
não havendo cicatriz residual nos pontos de aplicação Existem, claramente, dificuldades técnicas para a sua
das outras portas (“picada” de agulha de 2 ou 3mm). execução e essas dificuldades levantam questões de
Os doentes referem a ausência quase completa de vária ordem quanto à aplicação e, mais ainda, à gene-
dor e a satisfação cosmética. ralização da técnica.
Há que olhar para a micro-laparoscopia com espí-
VÍDEO DEMONSTRATIVO rito aberto e perceber bem todo o seu potencial. Tem,
de facto – apesar de não existir a fundamentação
No vídeo que pode ser visualizado a acompanhar científica –, vantagens de utilização, percebidas pelos
estas notas (ver noutro local deste caderno qual o URL executantes e pelos doentes. Se considerarmos a uti-
a usar) é feita a demonstração da técnica de Micro-lapa- lização conjunta das duas técnicas (“Porta Única”
roscopia, comparando a execução da cirurgia há dez como via principal de abordagem, visualização e
anos atrás, com o equipamento inicialmente disponibi- mesmo de trabalho e “Micro-Laparoscopia” como via
lizado, e em 2009, com o equipamento mais recente. de aplicação de instrumentos de manipulação e tra-
Pode-se verificar a grande diferença na qualidade da balho e mesmo de visualização em determinados pas-
imagem fornecida pelas ópticas actuais, permitindo ver sos), teremos, quanto a nós, a resolução de muitos
com clareza todo o campo operatório e fornecendo dos problemas existentes em qualquer das técnicas e
agora condições de observação segura para prossecução uma boa solução para a obtenção dos propósitos
da cirurgia. finais.
A complementaridade entre as duas técnicas e os
COMENTÁRIOS FINAIS equipamentos existentes é evidente e, quanto a nós,
será o caminho a seguir. Já tendo efectuado duas das
A utilização da Micro-laparoscopia, pela nossa expe- cirurgias utilizando esta opção parece-nos que a pode-
riência, tem vantagens sobre a “Laparoscopia Clássica” mos recomendar.
JOSÉ M.SCHIAPPA
jschiappa@net.vodafone.pt
Serviço de Cirurgia Geral (Director Dr. Carlos Magalhães dos Santos) – Centro Hospitalar de Coimbra
RESUMO
O lipoma duodenal é um tumor raro, de natureza benigna, que normalmente se torna sintomático quando alcança dimensões supe-
riores a 4 cm de diâmetro. Foram descritos na literatura mais de 200 casos de lipomas duodenais, dos quais apenas 15 se manifestaram
através de uma hemorragia digestiva alta severa.
Apresentamos aqui o caso clínico de um homem de 73 anos, internado com um quadro clínico de anemia aguda, no qual, após a
realização de endoscopia digestiva alta, complementada por ultrassonografia endoscópica, se identificou, na face posterior da segunda
porção do duodeno, uma formação submucosa de base alargada e com sinais de sangramento recente. O doente foi submetido a uma
laparotomia, no decurso da qual se procedeu à exérese daquela lesão através de uma duodenotomia anterior. O estudo histopatológico
da peça operatória removida evidenciou a presença de um lipoma duodenal. A propósito deste caso clínico os autores fazem uma sumá-
ria revisão da literatura relativamente a este tema.
Palavras-chave: lipoma duodenal, hemorragia digestiva alta
ABSTRACT
The duodenal lipoma is a rare tumour, with a benign nature, which usually becomes symptomatic when its size surpasses 4 cm of
diameter. Two hundred cases of duodenal lipomas have been described in literature, among which only 15 manifested through a high
and severe digestive haemorrhage.
Here we present the clinical case of a 73 year-old man, interned in the hospital with a clinical picture of sharp anaemia in which,
after a high digestive endoscopy, complemented by an endoscopic ultrasonography, was identified, in the posterior face of the second
duodenal portion, a submucosal formation with a large base and signs of recent bleeding. The patient was submitted to a laparotomy,
during which the exeresis of that injury was undergone by an anterior duodenotomy. The histopathological study of the removed sur-
gical piece evidenced the presence of a duodenal lipoma. To purpose of this clinical case the authors make a brief revision of the lite-
rature related to this issue.
Fig. 3 – A lesão polipoide procidente na segunda porção do duodeno Fig. 5 – Aspecto macroscópico do lipoma parcialmente recoberto por
mucosa duodenal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Chung-Fang Tung, Wai-Keung Chow, Yen-Chun Peng, Gran-Hum Chen, Dar-Yu Yang, Po-Cheung Kwan. Bleeding duodenal lipoma succes-
sfully treated with endoscopic polypectomy 2001; 54 (1): 116-117
2. Marie-Cecile Blanchet, Eric Arnal, et al. Obstructive duodenal lipoma successfully treated by endoscopic polypectomy. Gastrointestinal Endos-
copy 2003; 58 (6): 938-939
3. Suketo Sou, Hideyuki Nomura, Yasuhiro Takaki, Takashi Nagahama, Fujio Matsubara, Toshiyuki Matsui and Tsuneyoshi Yao. Hemorrhagic duo-
denal lipoma managed by endoscopic resection. J Gastro and Hepatology 2006; 21: 479- 481
4. Michel LA, Ballet T, Collard JM, Bradpiece HA, Haot J. Severe bleeding from submucosal lipoma of the duodenum. J. Clin Gastroenterology
1988; 10: 541- 545
5. Yu-Ping Gao, Jian-Shan Zhu, Wen-Jun Zheng. Brunner’s gland adenoma of duodenum: a case report and literature review. World J Gastroen-
terology 2004; 10 (17): 2616- 2617
Correspondência:
DR. RUI MARTINS
Serviço de Cirurgia, Hospital Geral, Centro Hospitalar de Coimbra
Quinta dos vales, 3041-801 S. Martinho do Bispo – Coimbra, Portugal.
ruimartins@chc.min-saude.pt
Serviço Cirurgia 2.6 CHLC – Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Hospital dos Capuchos
RESUMO
A abordagem cirúrgica da pancreatite aguda grave está fundamentalmente centrada na complicação séptica da necrose.
No doente com pancreatite aguda necrosante em sepsis severa ou shock séptico com síndrome de disfunção multiorganica/falência
multiorganica (MODS/MOF) o objectivo principal é o controlo de foco séptico. Se possível deve proceder-se a drenagem percutânea
com controlo imagiológico por Tomografia Computorizada ou Ultrasonografia (TC/US) das colecções fluidas infectadas.
No caso de sequestro sólido infectado, tem que se proceder a sequestrectomia, que quase invariavelmente tem de ser repetida.
Não há uma técnica ideal, mas parece haver evidências que uma abordagem mini-invasiva repetida, está associada a menor morbi-
lidade e menos complicações, limitando porventura a resposta inflamatória à agressão cirúrgica.
HISTORIA NATURAL DA PANCREATITE AGUDA ria ou renal, no entanto a agressão do processo infla-
matório resolve-se em poucos dias.
A pancreatite aguda (PA) é um processo inflamató- No entanto em cerca de 10 a 15 % dos casos de PA
rio pancreático podendo apresentar-se com uma varie- desenvolve-se processo de necrose pancreática e peri-
dade clínica e morfológica que pode ir de uma situa- pancreatica. Esta forma de evolução pode ser mode-
ção ligeira auto limitada com resolução espontânea até rada mas por vezes o processo de autólise conduz a
um processo de gravidade extrema com desfecho fatal complicações locais e sistémicas críticas que podem
(fig.1). conduzir a disfunções (MODS) ou falências (MOF)
Na grande maioria dos casos, cerca de 80%, a PA multiorganicas com desfecho fatal.
tem a forma de um edema intersticial periacinar, com A infecção da necrose pancreática é a complicação mais
acumulação de células inflamatórias e libertação de grave da PA e pode surgir em 40% dos casos em que se
exsudado contendo componentes biologicamente acti- observa necrose pancreática extensa, superior a 50%.
vos. Esta forma em geral tem uma morbilidade limi- A infecção da necrose pancreática e peripancrática
tada. O tratamento conservador com pausa alimentar surgem em regra por volta da 3ª semana. Este processo
resulta numa melhora clínica rápida. Nos casos de conduz, no caso de não tratado, a uma situação de sep-
etiologia biliar com evidência clínica, imagiologica ou sis, MODS/MOF e morte, sendo a complicação mais
biológica de colestase, tem indicação para colangio- temível da PA.
pancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com A mortalidade Hospitalar da pancreatite necroti-
esfincterectomia endoscópica (ETE). Em alguns casos sante ultrapassa os 20% passando para 70% no caso da
pode haver ligeira disfunção cardiovascular, respirató- infecção da necrose.
TÉCNICA CIRURGICA
Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
74
Avaliação US transparietal com sonda de 3.5Hertz
para localização de colecções fluidas, eventualmente
para melhoria da interface US poder-se-á preencher o
estômago com 200ml de água.
Abordagem do compartimento pancreático por
incisão obliqua no hipocôndrio esquerdo de +/-4cm
(fig.3). Após abertura da cavidade peritoneal procede-
se à divisão do ligamento gastro-esplénico ou gastro
cólico que se sutura ao peritoneu parietal (marsupiali-
zação) (fig.4 e fig.5). Por vezes condicionado pela infil-
tração inflamatória regional é necessária uma aborda-
gem mais medial (fig.6).
Após o acesso ao compartimento pancreático pro- Fig. 3
cede-se a aspiração de fluido e sequestros infectados com
colheita de amostras para exame cito-bacteriologico.
Procede-se a irrigação com soro fisiológico aquecido
e remoção de sequestros necróticos orientados por
câmara de laparoscopia 0º e endograspe, assistência
por sonda de US para auxílio em relação aos eixos vas-
culares (fig.7).
A primeira sequestrectomia não deve ser muito
exaustiva para evitar hemorragia e limitar a resposta
inflamatória à agressão cirúrgica.
A repetição do procedimento de lavagem e seques-
trectomia deve ser feito com intervalos de 48h em
regime de “bed side surgery in ICU” (fig.8).
Todos os doentes devem ter monitorização da pres-
são intra-abdominal (PIA) por via transvesical. No Fig. 4
caso de hipertensão compartimental e disfunção orgâ-
nica relacionada, tem indicação formal para descom-
pressão abdominal infra mesocólica, se possível com
peritoneu fechado, mas sempre separado da incisão de
marsupialização pancreática de modo a manter perfei-
tamente separados o compartimento abdominal do
retroperitoneal (fig.9).
No caso de colecções fluidas infectadas pancreáticas
cefálicas, com extensão posterior ou justa raiz dos vasos
mesentéricos, poder-se-á complementar a drenagem
com mini-lombostomia (fig.10 e fig.11).
Todos os doentes iniciam precocemente dieta enté-
rica elementar através de sonda pós-pilórica tipo
“freka” colocada na fase inicial do processo, auxiliado
por endoscopia alta. Fig. 5
Fig. 7
COMPLICAÇÕES
Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
76
Fig. 10 Fig. 12
Fig. 11 Fig. 13
cação de dreno naso biliar. Por vezes complementa-se mento pancreático. Estas manobras terminam pro-
este procedimento com aplicação local no comparti- gressivamente com formação de tecido de granulação
mento pancreático de fibrina autologa. no leito pancreático, mantendo-se permeável o acesso
No caso de aparecimento de fístula cólica há neces- ao compartimento pancreático deixando-se no local
sidade de se proceder a disfuncionalização com ileos- um dreno tipo “Mallecot”.
tomia em ansa na fossa ilíaca direita. Os procedimen- O encerramento da mini-laparostomia é feito
tos locais de lavagem e desbridamento são na sua espontaneamente (fig.15). Por vezes persiste pequeno
maioria feitos á cabeceira do doente em regime de drenado de suco pancreático que encerra espontanea-
“bed side surgery” com auxílio de um anuscopio ou mente, no entanto pode em situações de excepção
espéculo vaginal para facilitar o acesso ao comparti- demorar meses a encerrar.
Outra vantagem da mini-laparostomia nos casos de total de 41 casos, em 22 doentes procedeu-se a necro-
sepsis grave e ARDS com necessidade de manobras de sectomia clássica por laparotomia com sistema de lava-
recrutamento alveolar é permitir ventilação em posição gem fechado ou ficando com laparostomia para se pro-
ventral sem qualquer risco de evisceração. ceder a necrosectomias repetidas. A mortalidade foi de
59.0%.
Em 19 doentes com situação clínica semelhante os
RESULTADOS autores procederam a abordagem mini.invasiva com
mini-marsupialização pancreática e necrosectomias de
Os autores fizeram um estudo prospectivo rando- repetição (MINI) observando-se uma mortalidade de
mizado, tendo analisado os doentes internados com 15.7%.
pancreatite aguda num período de 4 anos no Centro
Hospitalar de Lisboa Central
Analise de 335 doentes consecutivos. Nesta série SUMÁRIO
observa-se 75.8% de PA ligeira (254 doentes) e 24.1 %
de PA grave com MODS/MOF e necessidade de cui- Surgical management of severe pancreatitis is fun-
dados intensivos (81 doentes). damentally focused in infected necrosis and severe sep-
No conjunto dos doentes foram operados 12.2% sis.
havendo uma mortalidade global 7.76%. Mas se focar- Control of the septic focus is the primary issue in
mos a nossa atenção ns doentes com PA grave e the management of these patients. When possible, per-
MODS/MOF verificamos que houve necessidade de cutaneous drainage of the septic focus is the first
drenagem cirúrgica da necrose pancreática infectada em option. Repeated sequestrectomy is indicated in cases
50.6% dos doentes com uma mortalidade de 32.0%. of infected solid slough. There is no perfected techni-
Nos doentes com sepsis e infecção da necrose pan- que, but probably minimally invasive procedures have
creática com necessidade de drenagem cirúrgica num less local or systemic complications.
Francisco d’Oliveira Martins, Pedro Amado, Javier Mulet, Maria Veiga de Macedo, Aline Vaz da Silva
78
BIBLIOGRAFIA
1. Bradley E.L; Necrotising Pancreatitis. Clinical dilemma; BJ. Surg. 1999; 86:147-8
2. Berger H.G; Surgical management of necrotising pancreatitis; Surg. Clin of North America; 1989; 69
3. Nelson Jose Silva, Francisco Oliveira Martins, A. Cristina Alves- Breves noções de embriologia e anatomia do pâncreas. Revista da Sociedade
portuguesa de Cuidados Intensivos; Ano 9 nº2; 2000; 117
4. Oliveira Martins F e al. Terapêutica Cirúrgica da pancreatite aguda grave; Revista da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos; Ano9 nº2;
2000; 193-198
5. Beger H.G, Jseumaw R; Surgical management of necrotizing pancreatitis; Sur. Clin of North America; 1999; 79; 783-800
6. Oliveira Martins F, Jardim A.L, Amado P., Bed side surgery in ICU; Controversies in intensive care medicine 2008; European Society of
Intensive Care Medicine
7. Branum G, Galloway J, Hirchowitz W; pancreatic necrosis. Results of necrosectomy, packing and ultimate closure over drains; Annual Surg
1998; 227; 870-7
8. Del Castillo, Ratter D.W, Mokary M.A e al; debridement and close packing for treatment of necrotizing pancreatitis; Annual Surg. 1998; 228
9. Bosshak, Hulstaert P.F, Hennipman A e al; Fulminant acute pancreatitis and infected necrosis. Results of open management of the abdomen
and “planed” reoperations; S. Annual Coll Surg. 1998: 187, 255-62
10. Oliveira Martins F, e al. Abordagem cirurgica da pancreatite grave. Revista Portuguesa de Cirurgia II série nº8. 2009 Março; 75-82
11. Alverdys, Vagish T, Desai T, Laparoscopic debridement of pancreatic necrosis. Preliminary report and description of the technique ; Surgery
2000; 127: 112-4
12. Gambiez LP, Frank A e al; Retroperitoneal approach and endoscopic management of pancreatitis necrosis collection: Annual Surg. 1998: 133,
66-72
In Memoriam
Rui Vasconcelos de Macedo
No dia 3 de Janeiro de 2010 fui surpreendido pela Queirós no In Memoriam que escreveu, dedicado ao
notícia da morte do Dr. Balcão Reis. seu grande amigo Antero de Quental. Diz que o viu
Incrédulo, pois conversara com ele alguns dias antes, pela primeira vez nas escadarias da Sé Nova de Coim-
confirmei que falecera inesperadamente, no domicílio bra, rodeado de vultos negros que o ouviam religiosa
familiar (onde convalescia de fractura traumática da e emocionadamente. Sentou-se também, ouviu com
bacia, já em fase avançada de recuperação), acometido atenção e humildade as palavras sempre brilhantes e
por doença súbita, às onze horas desse dia, com 81 exaltadas de Antero e manteve-se para sempre seu dis-
anos de idade. cípulo.
Conheci-o em Janeiro de 1970 quando, terminada É assim que me sinto perante o Dr. Balcão Reis.
a minha comissão de serviço militar obrigatório em E foram 40 anos de convívio constante, 30 de con-
Angola, procurei integrar-me na mítica Instituição que vívio profissional intenso, quer na equipa do Banco do
eram, então, os Hospitais Civis de Lisboa. Aconse- Hospital de São José, quer no Serviço 5 do Hospital
lhado por um colega, meu familiar, e influenciado pela dos Capuchos até à sua aposentação no cargo de
fama de grande cirurgião que acompanhava já o seu Director de Serviço, em 21/11/1998, e ainda na sua
nome, escolhi a sua equipa para iniciar o internato clínica privada.
médico. Mantivemos, depois, um contacto pessoal muito
Fiquei fascinado com o seu desempenho logo nas regular e, nas primeiras terças-feiras de cada mês,
primeiras intervenções a que assisti, fascínio este que almoçávamos num restaurante de Lisboa, habitual-
tomou conta de mim para o resto da vida. E aqui lem- mente no Parque Mayer, em frutuosa confraternização
bro, salvas as devidas proporções, o que conta Eça de com outros antigos colaboradores seus e amigos, onde
In Memoriam
83
Agenda
JANEIRO, 2010 Buenos Aires, Argentina
Pan-pacific Surgical Association 29th Congress www.ihpba-ba2010.com/authorities/ahpba-committees
9 a 14 de Janeiro
Honolulu, EUA International Forum on Quality and Safety in Health Care
www.panpacificsurgical.org 2010
20 a 23 de Abril
Nice, França
MARÇO www.quality.bmjpg.com
2010 Annual cancer symposium of the Society of Surgical
Oncology (SSO) MAIO
4 a 7 de Março 50th Annual Meeting at Digestive Disease Week
St. Louis, EUA 1 a 5 de Maio
www.surgonc.org Nova Orleães, EUA
www.ssat.com/
XXX Congresso da SPC
7 a 10 de Março de 2010 I Congresso Ibérico de Coloproctologia
Estoril 5 a 7 de Maio
www.spcir.com Badajoz, Espanha
www.spcoloprocto.org
Hernia Update 2010
17 a 20 de Março VII Reunião Internacional de Actualização em Cirurgia do
Orlando, EUA Esófago e Estômago
www.americanherniasociety.org 10 e 11 de Maio
Porto
Lyon Coelio International www.accropole-servicos.pt
19 a 20 de Março
Lyon, França 4th Congress of the European Society of Endocrine
www.coelio-surgery.com Surgeons
13 a 15 de Maio
ABRIL Viena, Aústria
13ª Reunião Anual da Associação Portuguesa para o www.eses.cc
Estudo do Fígado
9 a 10 de Abril 11th European Congress of Trauma & Emergency Surgery
Porto 15-18 Maio 2010
Bruxelas, Bélgica
www.apef.com.pt
www.estescongress2010.org
Association of Surgeons of Great Britain and Ireland
2010 Annual Meeting of American Society of Colon &
International Surgical Congress
Rectal Surgeons (ASCRS) )
14 a 16 de Abril
Minneapolis, EUA
Liverpol, Londres
15 a 19 de Maio
http://www.asgbi.org.uk/liverpool
http://www.fascrs.org
Charing Cross 32nd International Symposium 6th Annual Health Care Congress
10 a 13 de Abril 19 a 20 de Maio
Londres, Inglaterra Bruxelas, Bélgica
www.cxsymposium.com www.worldcongress.com/europe
12TH World Congress of Endoscopic Surgery - SAGES BEST 2010 – Bariatric endoscopic surgery trends
14 a 17 de Abril 27 a 29 de MAio
Washington, EUA Hospital da Luz, Lisboa
www.12thworldcongress.org
JUNHO
9th World Congress of IHPBA 2010 X Congresso anual da Sociedade Portuguesa de
18 a 22 de Abril Angiologia e Cirurgia Vascular
Agenda
86
Instruções aos Autores
(Os Editores pedem a maior atenção para o cumprimento das regras de publicação, para minimizar rejei-
ções ou atrasos na publicação devido a falhas no seguimento das instruções.)
(O texto completo das “Instruções aos Autores” pode ser consultado no nosso website ou em alguns núme-
ros anteriores da Revista)
A Revista Portuguesa de Cirurgia é o orgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cirurgia.
Publica artigos originais, de revisão, casos clínicos, editoriais, artigos de opinião, cartas ao Editor, notas pré-
vias, controvérsias, passos técnicos, recomendações, colectâneas de imagens, informações várias e outros traba-
lhos desde que relacionados com quaisquer dos temas que respeitam ao exercício da cirurgia geral, seja sob a
forma básica, avançada, teórica ou aplicada.
Os trabalhos para publicação poderão ser escritos em Português, Inglês, Francês ou Espanhol.
Alguns destes trabalhos serão solicitados pelos Editores; todos os outros serão submetidos a apreciação por
Revisores ou poderão ser editados pelos Editores, conforme o tipo de trabalho enviado.
(Editors ask authors to follow carefully publication rules, in order to diminish rejections or delays in publica-
tion due to errors or failures in following these instructions)
(Full text of “Instructions for Authors” can be read at our website or in some previous issues of “Revista Por-
tuguesa de Cirurgia”)
“Revista Portuguesa de Cirurgia” is the official journal of the Portuguese Society of Surgery
The Journal publishes original and revision articles, clinical cases, editorials, opinion articles, letters to the Editor,
introductory notes, controverises, technical issues, recommendations, image collections, general information and other
papers related with any subject respecting general surgery practice, under either basic, advanced, theoric or applied
form.
Papers for publication will be accepted in Portuguese, English, French or Spanish.
Some of these Papers are to be done by Editorial invitation; all other papers will be submitted to Peer Review or may
have Editor’s editing, depending on the type of text sent.
E-mail submission
The complete manuscript can be sent by e-mail, as a simple Word file, with the covering letter for publication, to the
Editor at http://revista.spcir.com