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Aula 11

Noções de Direito Penal p/ PC-DF 2018 (Agente)


Professor: Renan Araujo

79832539587 - ROZELINA DE ALMEIDA SANTOS


DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð AGENTE
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
AULA 11: CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL.
SUMçRIO
1 CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL . 2
1.1 Usurpa•‹o de fun•‹o pœblica ............................................................................... 2
1.2 Resist•ncia ....................................................................................................... 3
1.3 Desobedi•ncia .................................................................................................. 4
1.4 Desacato .......................................................................................................... 4
1.5 Tr‡fico de influ•ncia........................................................................................... 6
1.6 Corrup•‹o ativa ................................................................................................ 7
1.7 Contrabando E descaminho ................................................................................ 9
1.8 Impedimento, perturba•‹o ou fraude de concorr•ncia .......................................... 14
1.9 Inutiliza•‹o de edital ou de sinal ........................................................................ 15
1.10 Subtra•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento .................................................. 16
1.11 Sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria ........................................................... 16
2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 19
3 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................... 22
4 RESUMO .............................................................................................................. 24
5 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 29
6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 33
7 GABARITO .......................................................................................................... 44

Ol‡, meus amigos!

Hoje vamos estudar os crimes praticados por PARTICULAR contra a


administra•‹o em geral.
Trata-se de um grupo de crimes com alguma relev‰ncia, principalmente em
rela•‹o aos tipos penais de desacato, contrabando e descaminho.

Bons estudos!
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1! CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL

Estes crimes, assim como os crimes do cap’tulo anterior do CP, s‹o crimes
que possuem a administra•‹o pœblica como sujeito passivo, sempre,
podendo haver, ainda, casos em que, eventualmente, algum particular tambŽm
seja sujeito passivo do crime.
Naqueles crimes, no entanto, exige-se que o sujeito ativo seja
funcion‡rio pœblico, e tenha se valido do cargo para praticar o delito. Diz-se,
portanto, que s‹o crimes pr—prios, embora seja admitido o concurso de pessoas,
respondendo o particular pelo delito, desde que conhe•a a qualidade de
funcion‡rio pœblico do agente.
Aqui, os crimes s‹o comuns, ou seja, podem ser praticados por
qualquer pessoa.

1.1! Usurpa•‹o de fun•‹o pœblica


Este crime est‡ previsto no art. 328 do CP:
Art. 328 - Usurpar o exerc’cio de fun•‹o pœblica:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a dois anos, e multa.

Aqui, diferentemente do que ocorre no crime de exerc’cio funcional ilegal, o


agente n‹o possui qualquer v’nculo com a administra•‹o pœblica ou, caso
possua, suas fun•›es s‹o absolutamente estranhas ˆ fun•‹o usurpada.1
CUIDADO! O funcion‡rio pœblico que exerce fun•‹o na qual n‹o fora investido
comete este crime, pois nesse caso Ž considerado particular, j‡ que a conduta
n‹o guarda qualquer rela•‹o com sua fun•‹o pœblica.

ƒ necess‡rio que o agente pratique atos inerentes ˆ fun•‹o. N‹o basta que
apenas se apresente a terceiros como funcion‡rio pœblico.2
A consuma•‹o se d‡ quando o agente pratica qualquer ato inerente ˆ fun•‹o,
e a tentativa Ž plenamente poss’vel, uma vez que se pode fracionar o iter criminis
do delito.
O ¤ œnico estabelece, ainda, uma forma qualificada do delito:
Par‡grafo œnico - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclus‹o, de dois a cinco anos, e multa.

1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 193
2
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 194

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A Doutrina entende que esta ÒvantagemÓ pode ser de qualquer
natureza, n‹o necessariamente uma vantagem financeira, podendo ser,
inclusive, um favor sexual, etc.3

1.2! Resist•ncia
Art. 329 - Opor-se ˆ execu•‹o de ato legal, mediante viol•ncia ou amea•a a
funcion‡rio competente para execut‡-lo ou a quem lhe esteja prestando aux’lio:
Pena - deten•‹o, de dois meses a dois anos.

A conduta punida Ž a resist•ncia comissiva (a•‹o), ou seja, aquela na qual


o agente pratica uma conduta, qual seja, o emprego de viol•ncia ou amea•a ao
funcion‡rio que ir‡ executar o ato legal.
Entende-se, ainda, que essa viol•ncia deve ser contra o funcion‡rio pœblico,
n‹o contra coisas (chutar a viatura da pol’cia, por exemplo).4
Aquele que resiste ˆ pris‹o em raz‹o de estar sendo preso em flagrante por
crime que exige a viol•ncia ou grave amea•a para sua caracteriza•‹o, n‹o
responde por este crime, considerando-se a viol•ncia aqui empregada como mero
desdobramento do crime principal (posi•‹o Doutrin‡ria).5
O ato deve ser legal, ou seja, deve estar fundamentado na Lei ou em decis‹o
judicial. Assim, a decis‹o judicial injusta pode ser ato legal. N‹o pode o particular
se rebelar contra ela desta maneira, pois o meio pr—prio para isso Ž a via recursal.
Entretanto, se a pris‹o, por exemplo, decorre de uma senten•a que n‹o a
determinou, ou a determinou em face de outra pessoa, o ato de pris‹o Ž ilegal,
e a resist•ncia est‡ amparada por uma causa de exclus‹o da ilicitude (ou da
tipicidade, para alguns).6
E se o particular resistir ˆ pris‹o em flagrante executada por um
particular (atitude permitida pelo art. 301 do CPP)? Nesse caso, n‹o
pratica o crime em quest‹o, pois o particular n‹o Ž considerado funcion‡rio
pœblico7, n‹o podendo ser realizada analogia in malam partem.
A tentativa sempre ser‡ poss’vel quando a resist•ncia puder se dar mediante
fracionamento da conduta. ƒ o caso da resist•ncia mediante amea•a via carta.
Se o ato n‹o Ž executado, h‡ a figura do crime qualificado, nos termos do ¤
1¡:
¤ 1¼ - Se o ato, em raz‹o da resist•ncia, n‹o se executa:
Pena - reclus‹o, de um a tr•s anos.

3
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 767
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 200
5
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 200
6
ƒ irrelevante se o ato Ž ou n‹o manifestamente ilegal. Basta que seja ilegal para que esteja legitimada a
resist•ncia. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 202/203
7
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 769

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AlŽm disso, o agente responde n‹o s— pelo crime de resist•ncia, mas
responde de maneira aut™noma pela viol•ncia ou amea•a:
¤ 2¼ - As penas deste artigo s‹o aplic‡veis sem preju’zo das correspondentes ˆ
viol•ncia.

1.3! Desobedi•ncia
Est‡ tipificado no art. 330 do CP:
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcion‡rio pœblico:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a seis meses, e multa.

Aqui o agente deixa de fazer algo que lhe fora determinado ou faz algo cuja
absten•‹o lhe fora imposta mediante ordem de funcion‡rio pœblico competente.
Trata-se, portanto, de crime omissivo ou comissivo, a depender da conduta do
agente.
Esse crime n‹o se configura quando o rŽu desobedece a ordem que
possa lhe incriminar, pois n‹o est‡ obrigado a contribuir para sua
incrimina•‹o.8
A tentativa s— ser‡ admitida nas hip—teses de desobedi•ncia mediante
atitude comissiva (a•‹o).
Diversas Leis Especiais preveem tipos penais que criminalizam
condutas espec’ficas de desobedi•ncia. Nesses casos, aplica-se a
legisla•‹o especial, aplicando-se este artigo do CP apenas quando n‹o houver
lei espec’fica tipificando a conduta.

1.4! Desacato
Nos termos do art. 331 do CP:
Art. 331 - Desacatar funcion‡rio pœblico no exerc’cio da fun•‹o ou em raz‹o dela:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa.

ƒ ineg‡vel que haver‡ o crime quando o desacato partir de um particular.


Mas e se quem cometer o desacato for funcion‡rio pœblico? Tr•s
correntes existem:
¥! N‹o Ž poss’vel Ð A lei determina que somente o extraneus
(particular) pode cometer este delito, pois ele se encontra no cap’tulo
dos crimes praticados por particular;
¥! ƒ poss’vel, desde que o funcion‡rio desacate seu superior
hier‡rquico Ð Para esta corrente, se entre os funcion‡rios n‹o h‡
rela•‹o hier‡rquica, n‹o h‡ o crime em quest‹o;

8
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 774

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¥! ƒ poss’vel, em qualquer caso9 Ð Essa Ž a predominante10, e
entende que o funcion‡rio pœblico que desacata outro funcion‡rio
pœblico, Ž, neste momento, apenas mais um particular, devendo
responder pelo crime. Exige-se, apenas, que o infrator n‹o esteja no
exerc’cio de suas fun•›es. 11

O conceito de ÒdesacatarÓ pode ser definido como a falta de respeito, a


humilha•‹o, com gestos ou palavras, vias de fato, atŽ mesmo agress›es f’sicas,
etc.
Entretanto, isto n‹o significa que a mera cr’tica ao exerc’cio da fun•‹o
pelo servidor seja considerada desacato, desde que seja realiza de
maneira condizente com os padr›es de respeito e urbanidade.
N‹o se exige que o funcion‡rio esteja na reparti•‹o ou no hor‡rio de
trabalho, mas sim que o desacato ocorra em raz‹o da fun•‹o exercida
pelo servidor.12
EXEMPLO: Se o particular desacata um Delegado de Pol’cia no domingo ˆ tarde,
quando este estava na praia, em raz‹o de ter sido preso por ele meses antes,
pratica o crime de desacato. No entanto, se um particular ofende o mesmo
Delegado, dentro da Delegacia, no hor‡rio do expediente, mas em raz‹o de
uma rixa particular (venda de um carro defeituoso, por exemplo), n‹o
h‡ desacato, pois a ofensa se dirige ao homem, ˆ pessoa, e n‹o ˆ figura do
funcion‡rio pœblico, podendo ser o agente responsabilizado pelo crime de
injœria.

Parte da Doutrina entende que o agente deve ter a inten•‹o de ofender a


administra•‹o pœblica e a honra subjetiva do funcion‡rio, e que esta inten•‹o n‹o
se coaduna com estado de exalta•‹o ou ‰nimo. No entanto, para a maioria da
Doutrina e da Jurisprud•ncia, o fato de o agente estar exaltado ou
irritado n‹o descaracteriza o crime.
Considera-se o crime formal, pois basta que a ofensa exista, ainda que o
resultado n‹o ocorra (ainda que o funcion‡rio pœblico n‹o se sinta ofendido ou
menosprezado pela conduta).
Quanto ˆ tentativa, h‡ diverg•ncia. Parte entende incab’vel pois, exigindo-
se que o funcion‡rio pœblico esteja presente no momento do desacato, Ž invi‡vel

9
(HC 104.921/SP, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), SEXTA TURMA,
julgado em 21/05/2009, DJe 26/10/2009)
10
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 777
11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 214.
12
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 778

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a tentativa, por se tratar de crime unissubsistente (praticado mediante um œnico
ato). Outra parcela entende cab’vel a tentativa, embora de dif’cil caracteriza•‹o13.
Por fim, exige-se que o ato seja praticado na presen•a do funcion‡rio
pœblico14. AlŽm disso, entende-se que se o ofendido j‡ n‹o Ž mais
funcion‡rio pœblico (demitido, aposentado, etc.), o crime de desacato
n‹o se caracteriza, ainda que praticado em raz‹o da fun•‹o anteriormente
exercida pelo funcion‡rio.15

CUIDADO! O STJ chegou a proferir decis‹o16 reconhecendo a


descriminaliza•‹o do crime de desacato. Isso mesmo. Sustentou o STJ,
nessa decis‹o, que a criminaliza•‹o da conduta de desacato atenta contra o
art. 13 do Pacto de San JosŽ da Costa Rica (Conven•‹o Americana de Direitos
Humanos), ao colocar os funcion‡rios pœblicos em posi•‹o superior ˆ dos
demais cidad‹os no que toca ˆ cr’tica ˆ sua atua•‹o funcional.
Todavia, tal entendimento n‹o durou muito tempo. A Terceira Se•‹o do STJ,
posteriormente, uniformizou entendimento no sentido de que o desacato
CONTINUA sendo crime no nosso ordenamento jur’dico.
(...) 1. A Terceira Se•‹o deste Superior Tribunal, no julgamento do Habeas Corpus
n. 379.269/MS, uniformizou o entendimento de que o art. 13 da Conven•‹o
Americana sobre Direitos Humanos n‹o excluiu do ordenamento jur’dico a
figura t’pica do crime de desacato e, consequentemente, o ato infracional
an‡logo.
(...)
(AgRg no HC 359.880/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 26/09/2017, DJe 06/10/2017)

1.5! Tr‡fico de influ•ncia


Esta Ž a conduta do ÒmalandroÓ que pretende obter vantagem em face de
um particular, sob o argumento de que poder‡ influenciar na pr‡tica de
determinado ato por um servidor pœblico. ƒ uma espŽcie de ÒestelionatoÓ, pois o
agente promete usar uma influ•ncia que n‹o possui.
A Doutrina entende que o particular que paga ao agente para a suposta
intermedia•‹o NÌO ƒ SUJEITO ATIVO, mas sujeito PASSIVO17 do delito, pois,
embora sua conduta seja imoral, n‹o Ž penalmente relevante, tendo sido ele
tambŽm lesado pela conduta do agente, que o enganou.

13
Exemplo de possibilidade da ocorr•ncia da tentativa se d‡ quando o agente Ž impedido por alguŽm de
atirar objetos sobre o funcion‡rio pœblico (com a inten•‹o de ofender). CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit.,
p. 779
14
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 778
15
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 216
16
STJ - REsp n¼ 1640084
17
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 780. Em sentido contr‡rio, BITENCOURT. BITENCOURT, Cezar
Roberto. Op. Cit., p. 227

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Na verdade, entende-se que aquele que paga pelo suposto tr‡fico de
influ•ncia Ž um corruptor putativo, pois imagina que est‡ corrompendo a
administra•‹o pœblica, no entanto, essa possibilidade n‹o existe, face ˆ aus•ncia
de influ•ncia do agente que recebe a vantagem.
Se a influ•ncia do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga por
ela s‹o considerados CORRUPTORES ATIVOS (art. 333 do CP).
O crime se consuma quando o agente solicita, cobra ou exige a
vantagem do terceiro.
CUIDADO! Assim, a obten•‹o da vantagem Ž mero exaurimento, sendo
dispens‡vel para a consuma•‹o do crime. No entanto, parte da Doutrina
entende que, por haver no nœcleo do tipo tambŽm o verbo ÒobterÓ, nessa œltima
modalidade, o crime seria material.18

Se, por fim, o agente diz que parte da vantagem se destina ao


funcion‡rio pœblico que dever‡ praticar o ato, em raz‹o de essa conduta
contribuir ainda mais para o descrŽdito da moralidade administrativa, sua pena
Ž aumentada, nos termos do ¤ œnico do artigo 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcion‡rio pœblico
no exerc’cio da fun•‹o: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de 1995)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
9.127, de 1995)
Par‡grafo œnico - A pena Ž aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que
a vantagem Ž tambŽm destinada ao funcion‡rio. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de
1995)

1.6! Corrup•‹o ativa


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico, para
determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio:
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.763, de 12.11.2003)

Este crime pode ser cometido de duas formas diferentes (Ž, portanto, crime
de a•‹o mœltipla): oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio
pœblico.
O elemento subjetivo Ž o dolo, exigindo-se que o agente possua a finalidade
especial de agir consistente no objetivo de fazer com que, mediante a vantagem
oferecida ou prometida, o funcion‡rio pœblico aja de tal ou qual maneira.

18
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 781

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Aqui, n‹o se pune a corrup•‹o subsequente. O que seria isto? Vejam
que se exige que a promessa ou oferecimento seja anterior ˆ pr‡tica do
ato19, n‹o havendo o crime se o ato j‡ fora praticado pelo funcion‡rio pœblico.
Note-se que a exist•ncia da corrup•‹o ativa independe da passiva, e vice-
versa. Assim, pode acontecer de o agente oferecer ou prometer a vantagem e
funcion‡rio n‹o a aceitar. Neste caso, haver‡ apenas corrup•‹o ativa.
CUIDADO! Se o funcion‡rio pœblico solicita a vantagem indevida e o particular
a fornece (paga uma quantia, por exemplo), o particular NÌO comete o
crime de corrup•‹o ativa, eis que o tipo somente prev• os verbos de
OFERECER e PROMETER vantagem indevida, que pressup›em que o particular
tome a iniciativa.

A Doutrina entende que o mero pedido de favor, o famoso ÒjeitinhoÓ,


n‹o configura o crime de corrup•‹o ativa.20
O ¤ œnico estabelece, ainda, que se em raz‹o da vantagem oferecida ou
prometida o funcion‡rio pœblico age da maneira que n‹o deveria, a pena Ž
aumentada:
Par‡grafo œnico - A pena Ž aumentada de um ter•o, se, em raz‹o da vantagem ou
promessa, o funcion‡rio retarda ou omite ato de of’cio, ou o pratica infringindo dever
funcional.

Existe, ainda, a figura da corrup•‹o ativa em transa•‹o comercial, ˆ qual se


aplicam as mesmas regras, inclusive no que tange ˆ causa de aumento de pena.
Est‡ prevista no art. 337-B do CP, e seu ¤ œnico:
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a
funcion‡rio pœblico estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determin‡-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de of’cio relacionado ˆ transa•‹o comercial internacional:
(Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de
11.6.2002)
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada de 1/3 (um ter•o), se, em raz‹o da vantagem
ou promessa, o funcion‡rio pœblico estrangeiro retarda ou omite o ato de of’cio, ou o
pratica infringindo dever funcional. (Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de 11.6.2002)

Por fim, existe uma œltima modalidade de corrup•‹o ativa especial prevista
no CP, que Ž a corrup•‹o ativa de testemunha, perito, tradutor, contador ou
intŽrprete, que Ž um crime contra a administra•‹o da Justi•a, previsto no art.
343 do CP:
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
testemunha, perito, contador, tradutor ou intŽrprete, para fazer afirma•‹o falsa, negar
ou calar a verdade em depoimento, per’cia, c‡lculos, tradu•‹o ou interpreta•‹o:
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.268, de 28.8.2001)

19
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 783
20
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 783

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Pena - reclus‹o, de tr•s a quatro anos, e multa.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.268, de
28.8.2001)
Par‡grafo œnico. As penas aumentam-se de um sexto a um ter•o, se o crime Ž
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou
em processo civil em que for parte entidade da administra•‹o pœblica direta ou
indireta. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.268, de 28.8.2001)

Nesse caso, a œnica diferen•a em rela•‹o ao crime de corrup•‹o ativa comum


Ž que a causa de aumento da pena ocorre n‹o quando o funcion‡rio pœblico age
da maneira que n‹o deveria, mas quando a corrup•‹o ocorre no bojo de processo
em que seja parte a administra•‹o pœblica direta ou indireta.

1.7! Contrabando E descaminho


Descaminho (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela sa’da ou pelo consumo de mercadoria (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de
26.6.2014)
¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navega•‹o de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Reda•‹o dada pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)
III - vende, exp›e ˆ venda, mantŽm em dep—sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de proced•ncia estrangeira que introduziu clandestinamente no Pa’s ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdu•‹o clandestina no
territ—rio nacional ou de importa•‹o fraudulenta por parte de outrem; (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de proced•ncia estrangeira, desacompanhada de
documenta•‹o legal ou acompanhada de documentos que sabe serem
falsos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
¤ 2o Equipara-se ˆs atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma
de comŽrcio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido
em resid•ncias. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Inclu’do pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)

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II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, an‡lise ou autoriza•‹o de —rg‹o pœblico competente; (Inclu’do pela
Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
III - reinsere no territ—rio nacional mercadoria brasileira destinada ˆ
exporta•‹o; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
IV - vende, exp›e ˆ venda, mantŽm em dep—sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Inclu’do pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)
¤ 2¼ - Equipara-se ˆs atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comŽrcio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
exercido em resid•ncias. (Inclu’do pela Lei n¼ 4.729, de 14.7.1965)
¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)

Existem, aqui, dois crimes distintos, cada um correspondente a um TIPO


PENAL distinto. Tratarei ambos no mesmo t—pico porque facilita nosso estudo e
porque atŽ bem pouco tempo ambos faziam parte do mesmo tipo penal.
A figura do descaminho ocorre quando o agente ilude, no todo em parte,
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, sa’da ou
consuma da mercadoria.
O segundo crime Ž a conduta de importar ou exportar mercadoria
proibida. Esta Ž a conduta do CONTRABANDO.
No caso do contrabando, a mercadoria Ž il’cita, ou seja, a sua
importa•‹o ou exporta•‹o, por si s—, Ž vedada. No caso do descaminho, a
importa•‹o, exporta•‹o ou consumo n‹o s‹o il’citos. O que se pune, no
descaminho, Ž a burla ao sistema tribut‡rio.
Entretanto, estas s‹o figuras t’picas genŽricas. Assim, o contrabando de
subst‰ncia entorpecente configura hip—tese espec’fica de contrabando, prevista
no art. 40, I da Lei 11.343/05 (Tr‡fico internacional de Drogas). Havendo lei
espec’fica, aplica-se esta, e n‹o o CP.
Ambos s‹o crimes comuns, ou seja, podem ser praticados por qualquer
pessoa. Se algum funcion‡rio pœblico, valendo-se da fun•‹o, concorrer para a
pr‡tica do delito, n‹o responde por este, mas pelo crime do art. 318 do CP
(facilita•‹o de contrabando ou descaminho), em verdadeira exce•‹o ˆ teoria
monista do concurso de pessoas.
O STF possui algumas decis›es no sentido de que a mera omiss‹o
em declara•‹o ao fisco, acerca da quantidade de mercadoria, configura
o crime de descaminho.
A consuma•‹o de cada um dos delitos ocorre em momento diferente. O
contrabando se consuma quando a mercadoria il’cita ultrapassa a barreira
alfandeg‡ria, sendo liberada pelas autoridades. Se o crime Ž praticado por via
clandestina, exige-se, somente, que o agente ultrapasse a fronteira do pa’s.

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O descaminho, por sua vez, ir‡ se consumar com a libera•‹o na alf‰ndega,
sem o pagamento dos impostos devidos21. Trata-se de crime FORMAL.
Admite-se a tentativa em ambos os crimes.
Em rela•‹o ao DESCAMINHO, a Jurisprud•ncia entende, ainda, que em se
tratando de preju’zo inferior a ao patamar estabelecido pela Fazenda
Nacional como irrelevante para fins de execu•‹o fiscal, temos hip—tese de
aplica•‹o do PRINCêPIO DA INSIGNIFICåNCIA22, de forma a afastar a
tipicidade do fato, ou seja, o fato seria at’pico (por aus•ncia de lesividade social
apta a justificar a tutela penal, j‡ que por esse valor a Fazenda sequer promove
a execu•‹o fiscal, de modo que n‹o faz sentido aplicar o Direito Penal se n‹o se
aplica nem o Direito Administrativo ao caso). Vejamos:

(...) A pertin•ncia do princ’pio da insignific‰ncia deve ser avaliada


considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 2. Para crimes de
descaminho, considera-se, na avalia•‹o da insignific‰ncia, o patamar previsto no art.
20 da Lei 10.522/2002, com a atualiza•‹o das Portarias 75 e 130/2012 do MinistŽrio
da Fazenda. Precedentes. (...)
(HC 123035, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 19/08/2014, PROCESSO
ELETRïNICO DJe-177 DIVULG 11-09-2014 PUBLIC 12-09-2014)
CUIDADO! Isso s— se aplica aos tributos federais, j‡ que a Lei 10.522/02 foi
editada dirigindo-se ˆ Fazenda Nacional.

CUIDADO II Ð A Portaria MF n¼ 75 aumentou para R$ 20.000,00 o valor dos


crŽditos tribut‡rios federais considerados irrelevantes para fins de execu•‹o
fiscal, dispensando sua cobran•a, de forma que o STF passou a entender que
este Ž o patamar para se aplicar o princ’pio da insignific‰ncia a tal delito.
Todavia, a terceira se•‹o do STJ havia firmado entendimento no sentido de que
o valor deveria ser o de R$ 10.000,00, seguindo o patamar previsto na Lei
10.522/02.
PorŽm, mais recentemente, a pr—pria Terceira Se•‹o do STJ decidiu que o
patamar deve ser o de R$ 20.000,00:
(...) Considerando os princ’pios da seguran•a jur’dica, da prote•‹o da confian•a e
da isonomia, nos termos do art. 927, ¤ 4¼, do C—digo de Processo Civil, afetou-se
recurso especial para fins de revis‹o da tese fixada no REsp n. 1.112.748/TO
(representativo da controvŽrsia) - Tema 157 (Relator Ministro Felix Fischer, DJe

21
(AgRg no REsp 1493968/PR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 07/05/2015,
DJe 26/05/2015)
22
Importante lembrar, ainda, que devem estar presentes os demais requisitos que autorizam o
reconhecimento da insignific‰ncia, dentre eles o fato de NÌO ser o agente um criminoso ÒcontumazÓ. A
reitera•‹o delitiva impede o reconhecimento da insignific‰ncia, conforme entendimento do STJ e do STF:
STF - HC 124867 AgR / PR
STJ - AgRg no REsp 1511445 / RS

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13/10/2009), a fim de adequ‡-la ao entendimento externado pela Suprema
Corte, no sentido de considerar o par‰metro fixado nas Portarias n. 75 e
130/MF - R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia aos crimes tribut‡rios federais e de descaminho.
(ProAfR no REsp 1709029/MG, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, TERCEIRA
SE‚ÌO, julgado em 28/11/2017, DJe 01/12/2017)

Existem algumas decis›es no ‰mbito do STF entendendo que o


pagamento do tributo devido, no caso do descaminho, antes do
recebimento da denœncia, gera a extin•‹o da punibilidade.
O STJ atŽ j‡ proferiu alguns julgados nesse sentido. Entretanto, mais
recentemente vem prevalecendo o entendimento (no STJ) de que o
pagamento n‹o pode gerar a extin•‹o da punibilidade (no
descaminho).23
A Lei 13.008/14 alterou a disposi•‹o dos crimes de contrabando e
descaminho, previstos no CP.
Nada mudou quanto ao nœcleo estrutural de cada um dos tipos penais;
Contrabando continua sendo, basicamente, a importa•‹o ou exporta•‹o de
mercadoria proibida; Descaminho continua sendo a conduta de Òtentar n‹o pagar
impostoÓ que incidiria pela entrada, sa’da ou consumo de mercadoria.
Contudo, embora as bases estruturais de ambos os delitos tenham
permanecido inalteradas, algumas modifica•›es interessantes foram realizadas.
A primeira delas, j‡ reclamada pela Doutrina h‡ algum tempo, foi a
SEPARA‚ÌO dos crimes em dois tipos penais distintos. Antes, ambos se
encontravam no tipo penal do art. 334 do CP. Com a nova reda•‹o, o crime de
descaminho permanece no art. 334 e o crime de contrabando vai para o recŽm-
criado art. 334-A. Vejamos:
Descaminho (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela sa’da ou pelo consumo de mercadoria (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de
26.6.2014)
(...)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)!

Esta modifica•‹o, porŽm, n‹o traz consequ•ncias relevantes para o sistema


jur’dico-penal, eis que n‹o houve Òextin•‹oÓ e Òcria•‹oÓ de crime, apenas
continuidade t’pico-normativa (um delito passa a ser tratado em outro tipo
penal).

23
(RHC 43.558/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 13/02/2015)

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Contudo, podemos perceber a primeira altera•‹o substancial da nova Lei: A
pena para o delito de descaminho permanece a mesma (1 a 4 anos de reclus‹o),
mas a pena do delito de contrabando foi AUMENTADA para 02 a 05 anos
de reclus‹o.
Essa altera•‹o na quantidade da pena produz consequ•ncias negativas para o rŽu
(e, portanto, sabemos que NÌO IRç RETROAGIR). Vejamos:
¥! N‹o cabe mais suspens‹o condicional do processo (a pena m’nima
ultrapassa um ano)
¥! Passa a admitir pris‹o preventiva (antes s— cabia em hip—teses
excepcionais)
¥! O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III do CP)

Podemos dizer que esta tenha sido a altera•‹o mais sens’vel da nova lei.
A nova lei trouxe, ainda, algumas outras inova•›es.
Tanto no crime de descaminho quanto no crime de contrabando, a reda•‹o
anterior do CP considerava que a pena seria aplicada em dobro se o delito
fosse cometido mediante transporte AƒREO. Pois bem, a nova lei estendeu esta
previs‹o tambŽm para os transportes mar’timos ou fluviais (mares ou
rios). Vejamos:
Art. 334 (...)
¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
(...)
Art. 334-A (...)
¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)

Em rela•‹o ao crime de CONTRABANDO, foram inseridas duas novas formas


ÒequiparadasÓ:
Art. 334-A (...)
¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
(...)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, an‡lise ou autoriza•‹o de —rg‹o pœblico competente; (Inclu’do pela
Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
III - reinsere no territ—rio nacional mercadoria brasileira destinada ˆ
exporta•‹o; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)

N‹o h‡ grandes considera•›es a fazer sobre estas figuras. No primeiro caso,


podemos dizer que j‡ havia tal previs‹o, ainda que ÒimplicitamenteÓ. Isto porque
a importa•‹o ou exporta•‹o clandestina de uma mercadoria que dependa de
registro, an‡lise ou autoriza•‹o do —rg‹o competente, na pr‡tica, Ž o mesmo que
importar ou exportar uma mercadoria proibida, j‡ que sem o registro, an‡lise ou
autoriza•‹o sua importa•‹o ou exporta•‹o Ž vedada. De qualquer forma, isso
agora est‡ expl’cito.

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Um exemplo cl‡ssico em rela•‹o a esta figura Ž a importa•‹o de
determinados produtos aliment’cios sem autoriza•‹o da Vigil‰ncia Sanit‡ria
(alguns queijos, por exemplo, que muita gente traz da Holanda).
Em rela•‹o ao inciso III, podemos chegar ˆ mesma conclus‹o, ou seja, se a
reimporta•‹o de mercadoria destinada ˆ exporta•‹o j‡ era proibida, isso significa
que tal conduta j‡ estava inserida na veda•‹o do caput do artigo (importa•‹o de
mercadoria proibida), logo, entendo como desnecess‡ria esta previs‹o.
Esta figura tem por finalidade punir aqueles que trazem de volta ao pa’s
determinados produtos que s‹o aqui fabricados e depois exportados e n‹o podem
ser aqui comercializados, especialmente por quest›es tribut‡rias.
Ex.: Alguns cigarros s‹o fabricados no Brasil e exportados para o Paraguai.
Alguns brasileiros ÒreimportamÓ de forma clandestina estes produtos, para aqui
revend•-los. Como os cigarros foram destinados ˆ exporta•‹o, possuem pre•o
mais baixo, eis que o regime tribut‡rio Ž diferenciado. Assim, a compra de tais
produtos fora do pa’s Ž financeiramente mais vantajosa e, tambŽm, ilegal.
CUIDADO! Importa•‹o clandestina de ÒcigarrosÓ pode ser tanto descaminho
quanto contrabando. Se a entrada destes produtos era LEGAL, e houve apenas
finalidade de deixar de pagar o imposto devido pela importa•‹o, temos
DESCAMINHO. Se a importa•‹o Ž VEDADA (no casso de cigarros legalmente
exportados e ilegalmente reimportados), teremos CONTRABANDO.

1.8! Impedimento, perturba•‹o ou fraude de concorr•ncia


Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorr•ncia pœblica ou venda em hasta
pœblica, promovida pela administra•‹o federal, estadual ou municipal, ou por entidade
paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de viol•ncia,
grave amea•a, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, alŽm da pena correspondente
ˆ viol•ncia.

A Doutrina entende que este artigo foi parcialmente revogado pela Lei
8.666/93, que estabeleceu diversos crimes em processos licitat—rios. No entanto,
Ž pac’fico o entendimento de que o crime permanece em vigor em rela•‹o
ˆ conduta referente ˆ venda em Hasta Pœblica, pois n‹o se insere no bojo
de procedimento licitat—rio.24
As condutas podem ser de fraude, impedimento ou perturba•‹o da
pr—pria venda em hasta pœblica, promovida pela administra•‹o federal, ou,
ainda, de tentativa de afastamento de concorrente mediante fraude,
vantagem, viol•ncia ou amea•a.
Na primeira conduta, exige-se apenas o dolo. Na segunda, exige-se,
ainda, a finalidade especial de agir, consistente na finalidade de afastar
o concorrente do certame. Na primeira, trata-se de crime material, pois se

24
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 798

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exige que o agente efetivamente perturbe, impe•a ou fraude a venda. Na
segunda, temos um crime formal, pois se exige apenas que o agente empregue
os meios narrados para afastar o concorrente, n‹o se exigindo que consiga,
efetivamente, afast‡-lo.
No entanto, o ¤ œnico estabelece que se o outro concorrente se abstiver de
participar da venda em raz‹o da VANTAGEM oferecida, incidir‡ nas mesmas
penas:
Par‡grafo œnico - Incorre na mesma pena quem se abstŽm de concorrer ou licitar, em
raz‹o da vantagem oferecida.

Assim, MUITO CUIDADO! Se o terceiro se abstŽm n‹o em raz‹o da


vantagem, mas em raz‹o da viol•ncia empregada pelo agente, ou ainda, em
raz‹o de grave amea•a ou fraude, n‹o incide nas penas relativas a este crime.

1.9! Inutiliza•‹o de edital ou de sinal


Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por
ordem de funcion‡rio pœblico; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determina•‹o legal ou por ordem de funcion‡rio pœblico, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:
Pena - deten•‹o, de um m•s a um ano, ou multa.

Trata-se de duas condutas diversas. A primeira consiste em inutilizar (tornar


inv‡lido ˆ finalidade destinada), conspurcar (sujar, de modo a impedir a leitura)
ou rasgar de edital afixado por funcion‡rio pœblico. Pode ser edital judicial,
administrativo, etc. Nesse caso, se o agente pratica a conduta ap—s o prazo
de utilidade do edital, n‹o h‡ este crime25. Assim, se um edital foi publicado
pelo prazo de 30 dias, mas expirado o prazo, l‡ permaneceu por seis meses, e
um particular o inutilizou, n‹o cometeu este crime.
A segunda consiste em viola•‹o de selo ou sinal empregado por funcion‡rio
pœblico para identificar ou cerrar (fechar) qualquer objeto.
A Doutrina entende que n‹o comete este crime o particular que inutiliza o
selo ou sinal empregado de maneira ilegal por funcion‡rio pœblico. Exemplo:
Particular que rasga c—pia do mandado de despejo afixado abusivamente na porta
de sua casa, para que todos os vizinhos vejam.
N‹o se exige finalidade especial de agir em nenhuma das condutas, apenas
o dolo simples.

25
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 289

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1.10!Subtra•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
documento confiado ˆ cust—dia de funcion‡rio, em raz‹o de of’cio, ou de particular em
servi•o pœblico:
Pena - reclus‹o, de dois a cinco anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.

A conduta pode ser tanto de subtrair quanto de inutilizar livro, processo


ou documento. A subtra•‹o e a inutiliza•‹o podem ser totais ou parciais.
N‹o se exige nenhuma finalidade especial de agir (dolo espec’fico) por parte
do agente, bastando o dolo genŽrico.
A consuma•‹o divide a Doutrina: uns entendem que se consuma com a
subtra•‹o ou inutiliza•‹o do documento, livro ou processo. Outros entendem que
deve haver preju’zo, dano ao regular desenvolvimento da atividade
administrativa.26
Se o documento, livro ou processo Ž restitu’do sem que haja qualquer
preju’zo, uns entendem que este fato (espŽcie de repara•‹o do erro) Ž causa que
beneficia o agente na fixa•‹o da pena, e outra parte da Doutrina entende que
isso desconfigura o crime, podendo permanecer eventual desacato.

1.11!Sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria


Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria e qualquer acess—rio,
mediante as seguintes condutas: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informa•›es previsto
pela legisla•‹o previdenci‡ria segurados empregado, empres‡rio, trabalhador avulso
ou trabalhador aut™nomo ou a este equiparado que lhe prestem servi•os; (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II - deixar de lan•ar mensalmente nos t’tulos pr—prios da contabilidade da empresa as
quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
de servi•os; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunera•›es pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribui•›es sociais previdenci‡rias:
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)

A conduta Ž a de suprimir ou reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria ou


qualquer de seus acess—rios, e pode ser praticada nas tr•s modalidades diferentes
previstas nos incisos I, II e III do art. 337-A do CP.
Este crime NÌO ƒ COMUM! Trata-se de CRIME PRîPRIO! Somente o
particular que tinha a incumb•ncia de realizar corretamente o lan•amento de

26
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 804/805

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informa•›es, etc., Ž quem pode cometer o crime.27 O sujeito passivo aqui Ž, mais
precisamente, a previd•ncia social.
As condutas incriminadas s‹o normas penais em branco, pois
carecem de complementa•‹o, j‡ que a lei n‹o diz quais s‹o os
documentos que devem conter as informa•›es, prazos, etc.
A Doutrina majorit‡ria entende tratar-se de crime omissivo. Entretanto,
alguns doutrinadores (prestem aten•‹o nisso!) entendem que se trata de crime
comissivo, pois, na verdade, quando o agente deixa de lan•ar o tributo pr—prio,
est‡ lan•ando um errado. Quando omite receitas e lucros, est‡ declarando outros,
ou seja, est‡ prestando declara•‹o falsa.
A Doutrina entende que este crime Ž material, ou seja, Ž necess‡ria
a efetiva ocorr•ncia da obten•‹o da vantagem relativa ˆ redu•‹o ou
supress‹o da contribui•‹o social devida. Se o agente, mesmo praticando as
condutas, n‹o obtŽm •xito, o crime Ž tentado.28
Se antes do in’cio da a•‹o do fisco o agente se retrata e presta as
informa•›es corretas, extingue-se a punibilidade (n‹o se exige o pagamento!).
Nos termos do ¤ 1¡:
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)

ATEN‚ÌO! Existe outra hip—tese de extin•‹o da punibilidade para este delito,


mas que pressup›e o PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO ou contribui•‹o social
(inclusive acess—rios). O pagamento poder‡ ocorrer mesmo depois de iniciada a
a•‹o do fisco, mas antes do recebimento da denœncia, mas com fundamento
no art. 34 da Lei 9.249/95. Muita aten•‹o a isso, meus amigos!
CUIDADO! O STF entende que o pagamento integral do dŽbito, ANTES DO
TRåNSITO EM JULGADO (mesmo ap—s o julgamento), extingue a
punibilidade, com base no art. 69 da Lei 11.941/09:
ÒEm conclus‹o de julgamento, o Plen‡rio, por maioria, acolheu embargos de
declara•‹o e declarou extinta a punibilidade de parlamentar apenado pela pr‡tica
dos crimes de apropria•‹o indŽbita previdenci‡ria e de sonega•‹o de contribui•‹o
previdenci‡ria (CP, art. 168-A, ¤ 1¼, I, e art. 337-A, III, c/c o art. 71, caput, e art.
69). O embargante alegava que o ac—rd‹o condenat—rio omitira-se sobre o
entendimento desta Corte acerca de pedido de extin•‹o de punibilidade pelo
pagamento integral de dŽbito fiscal, bem assim sobre a ocorr•ncia de prescri•‹o
retroativa da pretens‹o punitiva do Estado Ñ v. Informativos 650, 705 e 712.
Preponderou o voto do Ministro Luiz Fux, que deu provimento aos
embargos. No tocante ˆ assertiva de extin•‹o da punibilidade pelo
pagamento do dŽbito tribut‡rio, realizado ap—s o julgamento, mas antes da
publica•‹o do ac—rd‹o condenat—rio, reportou-se ao art. 69 da Lei
11.941/2009 (ÒExtingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68
quando a pessoa jur’dica relacionada com o agente efetuar o pagamento

27
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 806
28
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 809

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integral dos dŽbitos oriundos de tributos e contribui•›es sociais, inclusive
acess—rios, que tiverem sido objeto de concess‹o de parcelamentoÓ).
Sublinhou que eventual inconstitucionalidade do preceito estaria pendente de exame
pela Corte, nos autos da ADI 4273/DF. Entretanto, haja vista que a efic‡cia do
dispositivo n‹o estaria suspensa, entendeu que o pagamento do tributo, a qualquer
tempo, extinguiria a punibilidade do crime tribut‡rio, a teor do que j‡ decidido pelo
STF (HC 81929/RJ, DJU de 27.2.2004). Asseverou que, na aludida disposi•‹o legal,
n‹o haveria qualquer restri•‹o quanto ao momento ideal para realiza•‹o do
pagamento. N‹o caberia ao intŽrprete, por isso, impor restri•›es ao exerc’cio do
direito postulado. Incidiria, dessa maneira, o art. 61, caput, do CPP (ÒEm qualquer
fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, dever‡ declar‡-lo de
of’cioÓ). (...) AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac—rd‹o Min. Luiz
Fux, 5.12.2013. (AP-516) Ð INFORMATIVO 731 DO STF.

O ¤ 2¡ prev• a possibilidade de concess‹o do perd‹o judicial ou aplica•‹o


apenas da pena de multa, caso presentes todos os requisitos ali enumerados:
¤ 2o ƒ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o
agente for prim‡rio e de bons antecedentes, desde que: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
I - (VETADO) (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II - o valor das contribui•›es devidas, inclusive acess—rios, seja igual ou inferior ˆquele
estabelecido pela previd•ncia social, administrativamente, como sendo o m’nimo para
o ajuizamento de suas execu•›es fiscais. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)

Assim, s‹o tr•s os requisitos para o perd‹o judicial ou aplica•‹o


apenas da pena de multa:
a)! Ter o agente bons antecedentes
b)! Ser prim‡rio
c)! O valor das contribui•›es n‹o ser superior ao valor estabelecido pela
Previd•ncia Social como o m’nimo ao ajuizamento de execu•›es fiscais
Isso se justifica pela mesma raz‹o que no crime de descaminho: se a
conduta n‹o Ž considerada relevante nem na seara c’vel ou administrativa, n‹o
pode ser considerada penalmente relevante, pois o Direito Penal Ž a ultima ratio,
ou seja, s— pode ser aplicado quando os outros ramos do Direito forem
insuficientes.
O STF entende que se o valor das contribui•›es sonegadas for
inferior a este valor, n‹o h‡ hip—tese de perd‹o judicial ou aplica•‹o da pena
de multa, mas sim ATIPICIDADE DA CONDUTA, em raz‹o do princ’pio da
insignific‰ncia.
O ¤ 3¡ estabelece uma espŽcie de crime privilegiado, quando o sonegador
n‹o for pessoa jur’dica (obviamente, ent‹o, deve ser pessoa f’sica J) e sua folha
de pagamento Ž m—dica:
¤ 3o Se o empregador n‹o Ž pessoa jur’dica e sua folha de pagamento mensal n‹o
ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poder‡ reduzir a pena
de um ter•o atŽ a metade ou aplicar apenas a de multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)

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¤ 4o O valor a que se refere o par‡grafo anterior ser‡ reajustado nas mesmas datas
e nos mesmos ’ndices do reajuste dos benef’cios da previd•ncia social. (Inclu’do pela
Lei n¼ 9.983, de 2000)

2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES


CîDIGO PENAL
Ä Arts. 328 a 337-A do CP Ð Tipificam os crimes praticados por particular
contra a administra•‹o em geral:
Usurpa•‹o de fun•‹o pœblica
Art. 328 - Usurpar o exerc’cio de fun•‹o pœblica:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a dois anos, e multa.
f aufere vantagem:
Par‡grafo œnico - Se do fato o agente
Pena - reclus‹o, de dois a cinco anos, e multa.
Resist•ncia
Art. 329 - Opor-se ˆ execu•‹o de ato legal, mediante viol•ncia ou amea•a a
funcion‡rio competente para execut‡-lo ou a quem lhe esteja prestando aux’lio:
Pena - deten•‹o, de dois meses a dois anos.
¤ 1¼ - Se o ato, em raz‹o da resist•ncia, n‹o se executa:
Pena - reclus‹o, de um a tr•s anos.
¤ 2¼ - As penas deste artigo s‹o aplic‡veis sem preju’zo das correspondentes ˆ
viol•ncia.
Desobedi•ncia
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcion‡rio pœblico:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcion‡rio pœblico no exerc’cio da fun•‹o ou em raz‹o dela:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tr‡fico de Influ•ncia (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de 1995)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcion‡rio pœblico
no exerc’cio da fun•‹o: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de 1995)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
9.127, de 1995)
Par‡grafo œnico - A pena Ž aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que
a vantagem Ž tambŽm destinada ao funcion‡rio. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de
1995)
Corrup•‹o ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico, para
determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio:
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.763, de 12.11.2003)

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Par‡grafo œnico - A pena Ž aumentada de um ter•o, se, em raz‹o da vantagem ou
promessa, o funcion‡rio retarda ou omite ato de of’cio, ou o pratica infringindo dever
funcional.
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela sa’da ou pelo consumo de mercadoria (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de
26.6.2014)
¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navega•‹o de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Reda•‹o dada pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)
III - vende, exp›e ˆ venda, mantŽm em dep—sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade comercial ou industrial,
8
mercadoria de proced•ncia estrangeira que introduziu clandestinamente no Pa’s ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdu•‹o clandestina no
territ—rio nacional ou de importa•‹o fraudulenta por parte de outrem; (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de proced•ncia estrangeira, desacompanhada de
documenta•‹o legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
¤ 2o Equipara-se ˆs atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma
de comŽrcio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido
em resid•ncias. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de
26.6.2014)
¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Inclu’do pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, an‡lise
ou autoriza•‹o de —rg‹o pœblico competente; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de
26.6.2014)
III - reinsere no territ—rio nacional mercadoria brasileira destinada ˆ exporta•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
IV - vende, exp›e ˆ venda, mantŽm em dep—sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Inclu’do pela Lei n¼
13.008, de 26.6.2014)¤ 2¼ - Equipara-se ˆs atividades comerciais, para os efeitos
deste artigo, qualquer forma de comŽrcio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em resid•ncias. (Inclu’do pela Lei n¼ 4.729, de
14.7.1965)

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¤ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando Ž praticado em transporte
aŽreo, mar’timo ou fluvial. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Impedimento, perturba•‹o ou fraude de concorr•ncia
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorr•ncia pœblica ou venda em hasta
pœblica, promovida pela administra•‹o federal, estadual ou municipal, ou por entidade
paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de viol•ncia,
grave amea•a, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, alŽm da pena correspondente
ˆ viol•ncia.
Par‡grafo œnico - Incorre na mesma pena quem se abstŽm de concorrer ou licitar, em
raz‹o da vantagem oferecida.
Inutiliza•‹o de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por
ordem de funcion‡rio pœblico; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determina•‹o legal ou por ordem de funcion‡rio pœblico, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:
Pena - deten•‹o, de um m•s a um 4ano, ou multa.
Subtra•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
documento confiado ˆ cust—dia de funcion‡rio, em raz‹o de of’cio, ou de particular em
servi•o pœblico:
Pena - reclus‹o, de dois a cinco anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.
Sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria e qualquer acess—rio,
mediante as seguintes condutas: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
I Ð omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informa•›es
previsto pela legisla•‹o previdenci‡ria segurados empregado, empres‡rio, trabalhador
avulso ou trabalhador aut™nomo ou a este equiparado que lhe prestem servi•os;
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II Ð deixar de lan•ar mensalmente nos t’tulos pr—prios da contabilidade da empresa
as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de servi•os; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
III Ð omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunera•›es pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribui•›es sociais previdenci‡rias:
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2o ƒ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o
agente for prim‡rio e de bons antecedentes, desde que: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
I Ð (VETADO) (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II Ð o valor das contribui•›es devidas, inclusive acess—rios, seja igual ou inferior ˆquele
estabelecido pela previd•ncia social, administrativamente, como sendo o m’nimo para
o ajuizamento de suas execu•›es fiscais. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)

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¤ 3o Se o empregador n‹o Ž pessoa jur’dica e sua folha de pagamento mensal n‹o
ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poder‡ reduzir a pena
de um ter•o atŽ a metade ou aplicar apenas a de multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
¤ 4o O valor a que se refere o par‡grafo anterior ser‡ reajustado nas mesmas datas
e nos mesmos ’ndices do reajuste dos benef’cios da previd•ncia social. (Inclu’do pela
Lei n¼ 9.983, de 2000)

3! JURISPRUDæNCIA CORRELATA
Ä STJ - HC 104.921/SP Ð O STJ decidiu no sentido de que o funcion‡rio pœblico
que desacata outro funcion‡rio pœblico Ž, neste momento, apenas mais um
particular, devendo responder pelo crime de desacato. Exige-se, apenas, que o
infrator n‹o esteja no exerc’cio de suas fun•›es:
2 de desacato por funcion‡rio pœblico contra
(...) ƒ poss’vel a pr‡tica do crime
pessoa no exerc’cio de fun•‹o pœblica, pois se trata de crime comum em que
a v’tima imediata Ž o Estado e a mediata aquela que est‡ sendo ofendida.
(...) Ordem denegada. (HC 104.921/SP, Rel. Ministra JANE SILVA
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), SEXTA TURMA, julgado em
21/05/2009, DJe 26/10/2009)

Ä STJ - AgRg no REsp 1493968/PR Ð Durante algum tempo houve diverg•ncia


quanto ˆ necessidade de constitui•‹o definitiva do crŽdito tribut‡rio para a
consuma•‹o do delito de descaminho. A sexta turma do STJ entendia
necess‡ria a constitui•‹o definitiva do crŽdito, entendendo tratar-se de crime
material. A quinta turma do STJ, por sua vez, entendia desnecess‡ria a
constitui•‹o definitiva, por entender que se tratava de crime material. A matŽria,
por fim, foi pacificada, no sentido de que se trata de crime formal,
dispensando a constitui•‹o definitiva do crŽdito para sua consuma•‹o, o
que implica, inclusive, a n‹o aplica•‹o da Sœmula Vinculante 24:
(...) 1. Consolidado no Supremo Tribunal Federal e neste Superior Tribunal o
entendimento de que o crime de descaminho Ž formal, n‹o dependendo sua
caracteriza•‹o da constitui•‹o definitiva do dŽbito tribut‡rio.
2. O delito de descaminho "n‹o se submete ˆ Sœmula Vinculante n¼ 24 do
Supremo Tribunal Federal, expressa em exigir o exaurimento da via
administrativa somente em crime material contra a ordem tribut‡ria, previsto
no art. 1¼, incisos I a IV, da Lei n¼ 8.137/90" (STJ, HC 270285/RS, Rel. Min.
Laurita Vaz, QUINTA TURMA, DJe 02/09/2014).
(...) (AgRg no REsp 1493968/PR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA,
julgado em 07/05/2015, DJe 26/05/2015)

Ä STJ - AgRg no AREsp 812.459/PR Ð O STJ consolidou entendimento no


sentido de que n‹o cabe a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia ao delito de
descaminho quando, a despeito do valor insignificante, fica configurada a
reitera•‹o delitiva por parte do agente, caracterizada pela reitera•‹o em delitos
da mesma natureza:

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1. Segundo o entendimento deste Tribunal, n‹o Ž poss’vel a aplica•‹o do princ’pio
da insignific‰ncia no crime de descaminho quando a exist•ncia de
informa•›es acerca da reitera•‹o criminosa em delitos da mesma natureza
demostra elevado grau de reprovabilidade da conduta e maior grau de
lesividade jur’dica provocada, sendo que, inclusive as reiteradas autua•›es em
processos administrativos fiscais, os inquŽritos e a•›es penais em curso, mesmo
n‹o configurando reincid•ncia, s‹o suficientes para caracterizar a habitualidade
criminosa. Precedentes.
(...) (AgRg no AREsp 812.459/PR, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe 09/06/2016)

Ä STJ - AgRg no REsp 1602575/PR Ð Ainda sobre o crime de descaminho, o


mesmo STJ, porŽm, entendeu que mesmo em casos nos quais resta comprovada
a reitera•‹o delitiva Ž poss’vel, excepcionalmente, a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia, desde que a medida seja socialmente recomend‡vel:
1 verificadas pelas inst‰ncias ordin‡rias as
(...) 2. Excepcionalmente, porŽm,
especificidades do caso em an‡lise, admite-se a aplica•‹o da princ’pio da
insignific‰ncia ainda que verificada a reitera•‹o delitiva, tendo a Terceira
Se•‹o deste Superior Tribunal de Justi•a, no recente julgamento dos Embargos de
Diverg•ncia 1.276.607/RS, acolhido a tese esposada pelo eminente Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Relator, segundo a qual "a reitera•‹o criminosa
inviabiliza a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia nos crimes de
descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as inst‰ncias
ordin‡rias verificarem que a medida Ž socialmente recomend‡vel." 3.
Considerando que, como no caso analisado pela Terceira Se•‹o, tambŽm na
hip—tese ora em exame as inst‰ncias ordin‡rias n‹o apontaram dados concretos
nos autos que indicassem a excepcional possibilidade de aplica•‹o do princ’pio em
tela, na linha do entendimento firmado pelo referido Colegiado cumpre afastar
sua incid•ncia, determinando o retorno dos autos ˆ origem para prosseguimento
do feito.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1602575/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 30/06/2016)

Ä STJ - RHC 43.558/SP Ð O STJ j‡ proferiu algumas decis›es no sentido de


que o pagamento do tributo devido (inclusive acess—rios), no crime de
descaminho, geraria a extin•‹o da punibilidade. Entretanto, mais recentemente
vem prevalecendo o entendimento (no STJ) de que o pagamento n‹o pode gerar
a extin•‹o da punibilidade (no descaminho).
(...) 3. Assim, o descaminho n‹o pode ser equiparado aos crimes materiais
contra a ordem tribut‡ria, o que revela a impossibilidade de que o agente
tenha a sua punibilidade extinta pelo pagamento do tributo. (...)
(RHC 43.558/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
05/02/2015, DJe 13/02/2015)

Ä STJ - HC 299.165/RS Ð O STJ j‡ decidiu no sentido de que o descumprimento


das medidas protetivas de urg•ncia n‹o configura crime algum, nem mesmo o
delito de desobedi•ncia, pois o Estado pode fazer valer sua decis‹o por meio
de for•a policial ou da decreta•‹o da pris‹o:

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(...) 2. O descumprimento das medidas protetivas emanadas no ‰mbito da Lei
Maria da Penha admite requisi•‹o de aux’lio policial e tambŽm a decreta•‹o
da pris‹o, nos termos do art. 313 do C—digo de Processo Penal, com o objetivo
de garantir a execu•‹o da ordem da autoridade, afastando, desse modo, a
caracteriza•‹o do delito de desobedi•ncia.
Precedentes.
3. Na espŽcie, o paciente foi denunciado pelo crime de desobedi•ncia ˆ decis‹o judicial
sobre perda ou suspens‹o de direito, porque teria descumprido medida protetiva
consistente na proibi•‹o de se aproximar da v’tima Neraci, de seus filhos e familiares,
de frequentar a casa onde a v’tima reside e guardar dist‰ncia m’nima de 300
(trezentos metros), conduta que n‹o configura, de forma aut™noma, o crime tipificado
no art. 330 do C—digo Penal.
4. Habeas corpus n‹o conhecido. Ordem concedida, de of’cio, para restabelecer a
absolvi•‹o do paciente quanto ao crime tipificado no art. 330 do C—digo Penal, na a•‹o
penal origin‡ria n.
020/2.10.0002990-8, em tr‰mite na Comarca de Palmeira das Miss›es/RS.
(HC 299.165/RS, Rel. Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 12/12/2014)

4! RESUMO
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO EM
GERAL
Usurpa•‹o de fun•‹o pœblica - O agente n‹o possui qualquer v’nculo com a
administra•‹o pœblica ou, caso possua, suas fun•›es s‹o absolutamente
estranhas ˆ fun•‹o usurpada.
OBS.: ƒ necess‡rio que o agente pratique atos inerentes ˆ fun•‹o. N‹o
basta que apenas se apresente a terceiros como funcion‡rio pœblico.

Resist•ncia
Conduta Ð Opor-se ˆ execu•‹o de ato LEGAL de funcion‡rio pœblico (viol•ncia
contra coisa n‹o caracteriza o delito), mediante viol•ncia ou grave amea•a. O
agente responde de, ainda, de maneira aut™noma, pela viol•ncia ou amea•a
OBS.: O ato deve ser legal, ou seja, deve estar fundamentado na Lei ou em
decis‹o judicial. Assim, a decis‹o judicial injusta Ž considerada ato legal.
! E se o particular resistir ˆ pris‹o em flagrante executada por um
particular (atitude permitida pelo art. 301 do CPP)? Nesse caso, n‹o
pratica o crime em quest‹o, pois o particular n‹o Ž considerado funcion‡rio
pœblico, n‹o podendo ser realizada analogia in malam partem.

Desobedi•ncia
Conduta - O agente deixa de fazer algo que lhe fora determinado ou faz algo
cuja absten•‹o lhe fora imposta mediante ordem de funcion‡rio pœblico
competente.
! A tentativa s— ser‡ admitida nas hip—teses de desobedi•ncia mediante
atitude comissiva (a•‹o).

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Diversas Leis Especiais preveem tipos penais que criminalizam condutas
espec’ficas de desobedi•ncia. Nesses casos, aplica-se a legisla•‹o
especial, aplicando-se este artigo do CP apenas quando n‹o houver lei espec’fica
tipificando a conduta.

Desacato
Conduta Ð Ocorre quando um particular desacata (falta de respeito, humilha•‹o,
com gestos ou palavras, vias de fato, etc.) funcion‡rio pœblico. Exige-se que o
ato seja praticado na presen•a do funcion‡rio pœblico.
OBS.: Mas e se quem cometer o desacato for funcion‡rio pœblico? Tr•s
correntes existem, mas prevalece que:
¥! ƒ poss’vel, em qualquer caso Ð Essa Ž a predominante, e entende
que o funcion‡rio pœblico que desacata outro funcion‡rio pœblico, Ž,
neste momento, apenas mais um particular, devendo responder pelo
crime. Exige-se, apenas, que o infrator n‹o esteja no exerc’cio de suas
fun•›es.

ATEN‚ÌO!! N‹o se exige que o funcion‡rio esteja na reparti•‹o ou no hor‡rio de


trabalho, mas sim que o desacato ocorra em raz‹o da fun•‹o exercida pelo
servidor.

! Tentativa - H‡ diverg•ncia. Parte entende incab’vel pois, exigindo-se que


o funcion‡rio pœblico esteja presente no momento do desacato, Ž invi‡vel a
tentativa, por se tratar de crime unissubsistente (praticado mediante um œnico
ato). Outra parcela entende cab’vel a tentativa, embora de dif’cil caracteriza•‹o.
! E se o ofendido j‡ n‹o Ž mais funcion‡rio pœblico (demitido,
exonerado, etc.)? Neste caso, o crime n‹o se caracteriza, ainda que
praticado em raz‹o da fun•‹o anteriormente exercida pelo funcion‡rio.

OBS.: H‡ decis‹o do STJ reconhecendo a descriminaliza•‹o do desacato, ao


argumento de que a criminaliza•‹o do desacato Ž uma afronta ˆ liberdade de
express‹o e pensamento (viola•‹o ao Pacto de San JosŽ da Costa Rica).

Tr‡fico de influ•ncia
Conduta Ð Conduta daquele que pretende obter vantagem em face de um
particular, sob o argumento de que poder‡ influenciar na pr‡tica de determinado
ato por um servidor pœblico. ƒ uma espŽcie de ÒestelionatoÓ, pois o agente
promete usar uma influ•ncia que n‹o possui.
E o particular que Òcontrata os servi•osÓ? Doutrina entende que NÌO ƒ
SUJEITO ATIVO, mas sujeito PASSIVO do delito, pois, embora sua conduta
seja imoral, n‹o Ž penalmente relevante, tendo sido ele tambŽm lesado pela
conduta do agente, que o enganou (considerado corruptor putativo).

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OBS.: Se a influ•ncia do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga
por ela s‹o considerados CORRUPTORES ATIVOS (art. 333 do CP).
Consuma•‹o - Quando o agente solicita, cobra ou exige a vantagem do terceiro.
Assim, a obten•‹o da vantagem Ž mero exaurimento, sendo dispens‡vel
para a consuma•‹o do crime. Na modalidade de Òobter vantagem indevidaÓ,
a obten•‹o Ž necess‡ria.
Causa de aumento de pena Ð Quando o agente diz que parte da vantagem se
destina ao funcion‡rio pœblico. Aumento de metade.

Corrup•‹o ativa

Conduta - Este crime pode ser cometido de duas formas diferentes (Ž, portanto,
crime de a•‹o mœltipla): oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio
pœblico.
Elemento subjetivo Ð DOLO. Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir
consistente no objetivo de fazer com que, mediante a vantagem oferecida ou
prometida, o funcion‡rio pœblico aja de tal ou qual maneira.
ATEN‚ÌO! Se o funcion‡rio pœblico solicita a vantagem indevida e o
particular a fornece (paga uma quantia, por exemplo), o particular NÌO
comete o crime de corrup•‹o ativa, eis que o tipo somente prev• os
verbos de OFERECER e PROMETER vantagem indevida, que pressup›em
que o particular tome a iniciativa.

Causa de aumento de pena - Se em raz‹o da vantagem oferecida ou prometida


o funcion‡rio pœblico age da maneira que n‹o deveria, a pena Ž
aumentada de um ter•o.

Contrabando
Conduta - Importar ou exportar mercadoria proibida. Ou seja, a importa•‹o
ou exporta•‹o da mercadoria, por si s—, Ž vedada.
Consuma•‹o - O contrabando se consuma quando a mercadoria il’cita ultrapassa
a barreira alfandeg‡ria, sendo liberada pelas autoridades.
Insignific‰ncia Ð NÌO CABE APLICA‚ÌO do princ’pio da insignific‰ncia ao
contrabando (STF e STJ).
T—picos importantes
! Com a Lei 13.008/14 a pena do delito de contrabando foi
AUMENTADA para 02 a 05 anos de reclus‹o. Essa altera•‹o na quantidade
da pena produz consequ•ncias negativas para o rŽu (e, portanto, sabemos que
NÌO IRç RETROAGIR):
¥! N‹o cabe mais suspens‹o condicional do processo (a pena m’nima
ultrapassa um ano)

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¥! Passa a admitir pris‹o preventiva (antes s— cabia em hip—teses
excepcionais)
¥! O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III do CP)

! Causa de aumento de pena - A pena Ž aplicada em dobro se o crime Ž


praticado em transporte aŽreo, mar’timo ou fluvial.
! Figuras equiparadas Ð Quem:

§! Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando


§! Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, an‡lise ou autoriza•‹o de —rg‹o pœblico competente - Ex.:
importa•‹o de determinados produtos aliment’cios sem autoriza•‹o da
Vigil‰ncia Sanit‡ria (alguns queijos, por exemplo, que muita gente traz da
Holanda).
§! Reinsere no territ—rio nacional mercadoria brasileira destinada ˆ
exporta•‹o Ð Esta figura tem por finalidade punir aqueles que trazem de
volta ao pa’s determinados produtos que s‹o aqui fabricados e depois
exportados e n‹o podem ser aqui comercializados, especialmente por
quest›es tribut‡rias. Ex.: Reimporta•‹o clandestina de cigarro destinado ˆ
exporta•‹o.
§! Vende, exp›e ˆ venda, mantŽm em dep—sito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito pr—prio ou alheio, no exerc’cio de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira
§! Adquire, recebe ou oculta, em proveito pr—prio ou alheio, no
exerc’cio de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida
pela lei brasileira.

Descaminho
Conduta Ð Ocorre quando o agente ilude, no todo em parte, o pagamento de
direito ou imposto devido pela entrada, sa’da ou consuma da mercadoria.
Burla ao sistema tribut‡rio.
Consuma•‹o - Com a libera•‹o na alf‰ndega, sem o pagamento dos impostos
devidos. Trata-se de crime FORMAL.
Insignific‰ncia Ð CABêVEL! STF e STJ possuem entendimento no sentido de
que o patamar para considera•‹o da insignific‰ncia Ž de R$ 20.000,00.

Extin•‹o da punibilidade pelo pagamento? Controvertido. STF Ð Existem


algumas decis›es nesse sentido. STJ Ð TambŽm h‡ decis›es nesse sentido,
mas vem prevalecendo que n‹o.
! Causa de aumento de pena - A pena Ž aplicada em dobro se o crime Ž
praticado em transporte aŽreo, mar’timo ou fluvial.

Sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria

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Conduta - ƒ a de suprimir ou reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria ou
qualquer de seus acess—rios, e pode ser praticada nas tr•s modalidades diferentes
previstas nos incisos I, II e III do art. 337-A do CP.
Normas penais em branco - As condutas incriminadas s‹o normas penais em
branco, pois precisam de complementa•‹o, j‡ que a lei n‹o diz quais s‹o os
documentos que devem conter as informa•›es, prazos, etc.
Crime comissivo ou omissivo? Controvertido. A Doutrina majorit‡ria entende
tratar-se de crime omissivo. Entretanto, alguns doutrinadores entendem que se
trata de crime comissivo, pois quando o agente deixa de lan•ar o tributo correto,
est‡ lan•ando um errado; quando omite receitas e lucros, est‡ declarando outros,
ou seja, est‡ prestando declara•‹o falsa.
Consuma•‹o - Crime Ž material, ou seja, Ž necess‡ria a efetiva ocorr•ncia
da obten•‹o da vantagem relativa ˆ redu•‹o ou supress‹o da
contribui•‹o social devida.

Extin•‹o da punibilidade Ð Duas hip—teses:


§! Sem o pagamento - Se antes do in’cio da a•‹o do fisco o agente se
retrata e presta as informa•›es corretas.
§! Com pagamento integral do tributo (inclusive acess—rios) - O
pagamento poder‡ ocorrer mesmo depois de iniciada a a•‹o do fisco, mas
antes do recebimento da denœncia. OBS.: O STF entende que o
pagamento integral do dŽbito, ANTES DO TRåNSITO EM JULGADO
(mesmo ap—s o julgamento), extingue a punibilidade, com base no art.
69 da Lei 11.941/09

Perd‹o judicial
S‹o tr•s os requisitos para o perd‹o judicial ou aplica•‹o apenas da pena
de multa:
a)! Ter o agente bons antecedentes
d)! Ser prim‡rio
e)! O valor das contribui•›es n‹o ser superior ao valor estabelecido pela
Previd•ncia Social como o m’nimo ao ajuizamento de execu•›es fiscais
ATEN‚ÌO! Apesar de ser essa a previs‹o legal, o STF entende que se o valor
das contribui•›es sonegadas for inferior a este valor, n‹o h‡ hip—tese de
perd‹o judicial ou aplica•‹o da pena de multa, mas sim ATIPICIDADE DA
CONDUTA, em raz‹o do princ’pio da insignific‰ncia.
_____________
Bons estudos!
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5! EXERCêCIOS PARA PRATICAR

01.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð DELEGADO DE POLêCIA Ð ADAPTADA)


A corrup•‹o ativa n‹o pode existir na aus•ncia de corrup•‹o passiva, pois tais
condutas s‹o tipicamente bilaterais.

02.! (CESPE Ð 2018 Ð ABIN Ð AGENTE DE INTELIGæNCIA)


Acerca dos crimes contra a administra•‹o pœblica, julgue o item a seguir.
O crime de corrup•‹o ativa e o de corrup•‹o passiva s‹o considerados crimes
pr—prios praticados contra a administra•‹o pœblica.

03.! (CESPE Ð 2018 Ð ABIN Ð OFICIAL TƒCNICO DE INTELIGæNCIA Ð


çREA 02)
A respeito de crimes contra a administra•‹o pœblica, julgue o item seguinte.
O Superior Tribunal de Justi•a entende que manter a tipifica•‹o do crime de
desacato no sistema jur’dico brasileiro n‹o ofende a Conven•‹o Americana sobre
Direitos Humanos.

04.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð DELEGADO DE POLêCIA Ð ADAPTADA)


O crime de corrup•‹o ativa Ž de natureza material e se consuma com a efetiva
entrega da vantagem oferecida.

05.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð ESCRIVÌO)


Ad‹o, alegando ter poder de persuas‹o sobre seu primo, delegado de pol’cia que
presidia inquŽrito policial em que Cl‡udio estava sendo investigado, solicitou
deste determinada quantia de dinheiro, a pretexto de repass‡-la ao delegado,
para impedir o indiciamento de Cl‡udio pela pr‡tica de estupro.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, a conduta de Ad‹o configurou o crime de
a) corrup•‹o passiva privilegiada.
b) advocacia administrativa.
c) tr‡fico de influ•ncia.
d) explora•‹o de prest’gio.
e) corrup•‹o passiva.

06.! (CESPE Ð 2017 Ð PGM-BH Ð PROCURADOR Ð ADAPTADA)


Para a configura•‹o do crime de descaminho, Ž necess‡ria a constitui•‹o
definitiva do crŽdito tribut‡rio por processo administrativo-fiscal.

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07.! (CESPE Ð 2015 Ð TCE-RN Ð AUDITOR)


A respeito dos crimes contra a administra•‹o pœblica e do crime
de responsabilidade de prefeitos e vereadores, julgue o pr—ximo item.
Segundo o entendimento do STJ, Ž desnecess‡ria a constitui•‹o definitiva do
crŽdito tribut‡rio por processo administrativo-fiscal para a configura•‹o do crime
de descaminho.

08.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


O agente que deixa de atender ordem legal de funcion‡rio pœblico pratica o crime
de resist•ncia.

09.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð PROCURADOR - ADAPTADA)


A falsa apresenta•‹o de particular na qualidade de funcion‡rio pœblico configura
o crime de usurpa•‹o de fun•‹o pœblica, na sua modalidade simples.

10.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð PROCURADOR - ADAPTADA)


O crime de corrup•‹o ativa consiste no ato de exigir para si, ou para outrem,
vantagem indevida em raz‹o do cargo e configura crime de mera conduta.

11.! (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIçRIO - EXECU‚ÌO DE


MANDADOS - ESPECêFICOS)
Jonas, rŽu em a•‹o penal, ficou irritado com a inclus‹o de seu nome no rol de
denunciados e, ao ser citado pelo oficial de justi•a, rasgou o mandado e os
documentos que o acompanhavam, lan•ando-os, com desprezo, no rosto do
oficial. Nessa situa•‹o, Jonas praticou dois delitos: inutiliza•‹o de documento
pœblico e desacato.

12.! (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÌO DE POLêCIA - ESPECêFICOS)


No crime de desacato, o sujeito passivo Ž o funcion‡rio pœblico ofendido, e o
bem jur’dico tutelado Ž a honra do funcion‡rio pœblico.

13.! (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Maria, v’tima do crime de roubo, foi intimada para depor em ju’zo, mas n‹o
compareceu. Acusa•‹o e defesa insistiram na sua oitiva e, mais uma vez
intimada, ela deixou de comparecer.
Nessa situa•‹o, Maria cometeu crime de desobedi•ncia.

14.! (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA JUDICIçRIA


ƒ cab’vel a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia para fins de trancamento de
a•‹o penal em que se imputa ao acusado a pr‡tica de crime de descaminho.

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15.! (CESPE Ð 2012 Ð TC/DF Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


Acerca dos crimes contra a administra•‹o pœblica definidos no C—digo Penal,
julgue o item.
N‹o pratica crime de corrup•‹o ativa, definido como crime contra a administra•‹o
pœblica, aquele que, sem ter oferecido ou prometido anteriormente vantagem
indevida a um funcion‡rio pœblico, d‡-lhe essa vantagem, cedendo a seu pedido.

16.! (CESPE Ð 2009 Ð PF Ð AGENTE/ESCRIVÌO)


A respeito dos crimes contra o patrim™nio e contra a administra•‹o pœblica, julgue
o seguinte item.
Caso um policial federal preste ajuda a um contrabandista para que este ingresse
no pa’s e concretize um contrabando, consumar-se-‡ o crime de facilita•‹o de
contrabando, ainda que o contrabandista n‹o consiga ingressar no pa’s com a
mercadoria.

17.! (CESPE - 2013 - TCE-RO - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO -


DIREITO)
A diferen•a b‡sica entre os crimes de corrup•‹o passiva e de corrup•‹o ativa diz
respeito ˆ qualidade do sujeito ativo: no de corrup•‹o passiva, Ž o funcion‡rio
pœblico; no de corrup•‹o ativa, o particular.

18.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Em se tratando de crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria,
comprovada a conduta t’pica, il’cita e culp‡vel, dever‡ o juiz aplicar apenas a
pena de multa ao agente, se este for prim‡rio e de bons antecedentes.

19.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
O agente que ilude o pagamento de tributo aduaneiro devido pela entrada ou pelo
consumo de mercadoria pode incidir no crime de descaminho. Na hip—tese de o
tributo devido ser inferior ao m’nimo exigido para a propositura de uma execu•‹o
fiscal, o STF entende que a conduta Ž penalmente irrelevante, aplicando-se a ela
o princ’pio da insignific‰ncia.

20.! (CESPE Ð 2014 Ð TCDF Ð ACE)


Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administra•‹o pœblica e contra
a fŽ pœblica.
Considere que Pedro tenha oferecido e pagado quantia a determinado servidor
pœblico para que este praticasse ato de of’cio contr‡rio ao seu dever funcional.

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Nesse caso, evidencia-se a pr‡tica do delito de corrup•‹o passiva por parte de
Pedro.

21.! (CESPE Ð 2014 - CåMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL


LEGISLATIVO)
Durante uma passeata na Esplanada dos MinistŽrios, um manifestante, logo ap—s
ter sido alertado por um agente da pol’cia legislativa de que deveria se afastar
do local, arremessou pedras em dire•‹o ao Congresso Nacional, o que resultou
na quebra de vidra•as da C‰mara dos Deputados. O manifestante foi preso em
flagrante e, na delegacia, confessou a pr‡tica do delito.
Com base na situa•‹o hipotŽtica acima, julgue os itens seguintes, relativos ˆ
prova, ˆ pris‹o preventiva e aos crimes previstos na parte especial do C—digo
Penal.
O fato de o manifestante n‹o ter cumprido a ordem legal dada pelo agente de
pol’cia legislativa n‹o configura crime de desobedi•ncia, uma vez que a ordem
n‹o foi emitida por autoridade judici‡ria, o que constitui requisito espec’fico do
tipo penal.

22.! (CESPE Ð 2014 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE)


Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Carlos praticou o crime de sonega•‹o previdenci‡ria, mas, antes do in’cio da a•‹o
fiscal, confessou o crime e declarou espontaneamente os corretos valores
devidos, bem como prestou as devidas informa•›es ˆ previd•ncia social.
Nessa situa•‹o, a atitude de Carlos ensejar‡ a extin•‹o da punibilidade,
independentemente do pagamento dos dŽbitos previdenci‡rios.

23.! (CESPE Ð 2013 Ð SEFAZ-ES Ð AUDITOR FISCAL)


Considere que o advogado Caio tenha solicitado a Maria determinada quantia a
pretexto de usar sua influ•ncia junto a um auditor fiscal da fazenda estadual para
que ele a beneficiasse em um processo administrativo fiscal e liberasse
rapidamente mercadorias apreendidas. Nessa situa•‹o hipotŽtica, Caio praticou
o crime de:
a) corrup•‹o ativa.
b) corrup•‹o passiva.
c) explora•‹o de prest’gio.
d) tr‡fico de influ•ncia.
e) advocacia administrativa

24.! (CESPE Ð 2013 Ð TRF2 Ð JUIZ FEDERAL Ð ADAPTADA)


No crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria, ser‡ extinta a punibilidade
se o agente, espontaneamente, declarar e confessar as contribui•›es,
import‰ncias ou valores e prestar informa•›es devidas ˆ previd•ncia social, na

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forma definida em lei ou regulamento, ap—s o in’cio da a•‹o fiscal e antes do
oferecimento da denœncia.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TRF2 Ð JUIZ FEDERAL Ð ADAPTADA)


No crime de descaminho, n‹o se admite a incid•ncia do princ’pio da
insignific‰ncia, sob pena de isso facilitar a sonega•‹o fiscal.

26.! (CESPE Ð 2013 Ð TC-DF Ð PROCURADOR)


O disciplinamento previsto no CP acerca da conduta de suprimir ou reduzir
contribui•‹o social previdenci‡ria e qualquer acess—rio, mediante omiss‹o total
ou parcial de receitas ou lucros auferidos, remunera•›es pagas ou creditadas e
demais fatos geradores de contribui•›es sociais previdenci‡rias, prev• a extin•‹o
da punibilidade do agente, mesmo sem o pagamento do tributo devido, desde
que esse agente fa•a, espontaneamente, declara•‹o acompanhada de confiss‹o
das contribui•›es, import‰ncias ou valores devidos, e que ele preste, ainda, todas
as informa•›es devidas ˆ previd•ncia social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.

27.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


A pessoa que, ao ser abordada pela pol’cia, ofender um policial ter‡ praticado o
crime de desacato.

28.! (CESPE Ð 2012 Ð PC-AL Ð AGENTE DE POLêCIA)


Caracteriza corrup•‹o ativa oferecer vantagem indevida a policial militar, ainda
que em hor‡rio de folga e ˆ paisana, para que este se omita quanto a flagrante
que presenciou.

29.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Pratica o crime de desobedi•ncia o agente que se oponha ˆ execu•‹o de ato legal,
mediante viol•ncia ou amea•a a funcion‡rio competente para execut‡-lo ou a
quem lhe esteja prestando aux’lio.

30.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Em caso de crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria, se o agente,
espontaneamente, declarar e confessar as contribui•›es, import‰ncias ou valores
e prestar as informa•›es devidas ˆ previd•ncia social antes do in’cio da a•‹o
fiscal, ser‡ extinta a punibilidade.

6! EXERCêCIOS COMENTADOS

01.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð DELEGADO DE POLêCIA Ð ADAPTADA)

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A corrup•‹o ativa n‹o pode existir na aus•ncia de corrup•‹o passiva, pois
tais condutas s‹o tipicamente bilaterais.
COMENTçRIOS: Item errado, pois Ž perfeitamente poss’vel a caracteriza•‹o do
crime de corrup•‹o ativa mesmo que n‹o haja crime de corrup•‹o passiva. Nada
impede que o particular ofere•a ou prometa a vantagem ao funcion‡rio pœblico
(configurando-se, assim, o crime de corrup•‹o ativa, do art. 333 do CP) e este
recuse a vantagem (n‹o se configurando, assim, o crime de corrup•‹o passiva,
do art. 317 do CP).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

02.! (CESPE Ð 2018 Ð ABIN Ð AGENTE DE INTELIGæNCIA)


Acerca dos crimes contra a administra•‹o pœblica, julgue o item a seguir.
O crime de corrup•‹o ativa e o de corrup•‹o passiva s‹o considerados
crimes pr—prios praticados contra a administra•‹o pœblica.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o crime de corrup•‹o ativa, previsto no art.
333 do CP, Ž crime COMUM, pois pode ser praticado por qualquer pessoa:
Corrup•‹o ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico, para
determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio:
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.763, de 12.11.2003)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

03.! (CESPE Ð 2018 Ð ABIN Ð OFICIAL TƒCNICO DE INTELIGæNCIA Ð


çREA 02)
A respeito de crimes contra a administra•‹o pœblica, julgue o item
seguinte.
O Superior Tribunal de Justi•a entende que manter a tipifica•‹o do crime
de desacato no sistema jur’dico brasileiro n‹o ofende a Conven•‹o
Americana sobre Direitos Humanos.
COMENTçRIOS: Item correto. O STJ chegou a proferir decis‹o29 reconhecendo
a descriminaliza•‹o do crime de desacato. Isso mesmo. Sustentou o STJ, nessa
decis‹o, que a criminaliza•‹o da conduta de desacato atenta contra o art. 13 do
Pacto de San JosŽ da Costa Rica (Conven•‹o Americana de Direitos Humanos),
ao colocar os funcion‡rios pœblicos em posi•‹o superior ˆ dos demais cidad‹os
no que toca ˆ cr’tica ˆ sua atua•‹o funcional.
Todavia, tal entendimento n‹o durou muito tempo. A Terceira Se•‹o do STJ,
posteriormente, uniformizou entendimento no sentido de que o desacato
CONTINUA sendo crime no nosso ordenamento jur’dico.
(...) 1. A Terceira Se•‹o deste Superior Tribunal, no julgamento do Habeas Corpus n.
379.269/MS, uniformizou o entendimento de que o art. 13 da Conven•‹o Americana

29
STJ - REsp n¼ 1640084

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sobre Direitos Humanos n‹o excluiu do ordenamento jur’dico a figura t’pica do crime
de desacato e, consequentemente, o ato infracional an‡logo.
(...)
(AgRg no HC 359.880/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 26/09/2017, DJe 06/10/2017)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

04.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð DELEGADO DE POLêCIA Ð ADAPTADA)


O crime de corrup•‹o ativa Ž de natureza material e se consuma com a
efetiva entrega da vantagem oferecida.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o crime de corrup•‹o ativa Ž crime FORMAL,
consumando-se no momento em que o agente oferece ou promete a vantagem
indevida ao funcion‡rio pœblico, para para determin‡-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de of’cio, na forma do art. 333 do CP.
A efetiva entrega da vantagem, sua aceita•‹o pelo funcion‡rio ou a infra•‹o do
dever pelo funcion‡rio s‹o fatores irrelevantes para fins de consuma•‹o do delito.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

05.! (CESPE Ð 2018 Ð PC-MA Ð ESCRIVÌO)


Ad‹o, alegando ter poder de persuas‹o sobre seu primo, delegado de
pol’cia que presidia inquŽrito policial em que Cl‡udio estava sendo
investigado, solicitou deste determinada quantia de dinheiro, a pretexto
de repass‡-la ao delegado, para impedir o indiciamento de Cl‡udio pela
pr‡tica de estupro.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, a conduta de Ad‹o configurou o crime de
a) corrup•‹o passiva privilegiada.
b) advocacia administrativa.
c) tr‡fico de influ•ncia.
d) explora•‹o de prest’gio.
e) corrup•‹o passiva.
COMENTçRIOS: Ad‹o, neste caso, praticou o delito de tr‡fico de influ•ncia,
previsto no art. 332 do CP:
Tr‡fico de Influ•ncia (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de 1995)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcion‡rio pœblico
no exerc’cio da fun•‹o: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.127, de 1995)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
9.127, de 1995)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

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06.! (CESPE Ð 2017 Ð PGM-BH Ð PROCURADOR Ð ADAPTADA)
Para a configura•‹o do crime de descaminho, Ž necess‡ria a constitui•‹o
definitiva do crŽdito tribut‡rio por processo administrativo-fiscal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o descaminho Ž considerado crime formal,
sendo desnecess‡ria a constitui•‹o definitiva do crŽdito fiscal em desfavor do
agente, conforme entendimento do STJ.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

07.! (CESPE Ð 2015 Ð TCE-RN Ð AUDITOR)


A respeito dos crimes contra a administra•‹o pœblica e do crime
de responsabilidade de prefeitos e vereadores, julgue o pr—ximo item.
Segundo o entendimento do STJ, Ž desnecess‡ria a constitui•‹o
definitiva do crŽdito tribut‡rio por processo administrativo-fiscal para a
configura•‹o do crime de descaminho.
COMENTçRIOS: Item correto. O crime de descaminho Ž considerado FORMAL,
ou seja, se consuma independentemente da efetiva ocorr•ncia do resultado
pretendido pelo agente, bastando a mera pr‡tica da conduta. Assim, dispens‡vel
a constitui•‹o definitiva do crŽdito tribut‡rio (em rela•‹o aos valores iludidos)
para fins de consuma•‹o do delito (n‹o se aplicando a sœmula vinculante n¼ 24
do STF).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

08.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


O agente que deixa de atender ordem legal de funcion‡rio pœblico pratica
o crime de resist•ncia.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o mero descumprimento a ordem legal de
funcion‡rio pœblico caracteriza, apenas, o crime de DESOBEDIæNCIA, nos termos
do art. 330 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

09.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð PROCURADOR - ADAPTADA)


A falsa apresenta•‹o de particular na qualidade de funcion‡rio pœblico
configura o crime de usurpa•‹o de fun•‹o pœblica, na sua modalidade
simples.
COMENTçRIOS: A conduta de o particular apenas se apresentar como
funcion‡rio pœblico n‹o caracteriza o delito do art. 328 do CP, pois este crime
exige que o particular pratique algum ato relativo ˆ fun•‹o usurpada.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

10.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð PROCURADOR - ADAPTADA)

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O crime de corrup•‹o ativa consiste no ato de exigir para si, ou para
outrem, vantagem indevida em raz‹o do cargo e configura crime de mera
conduta.
COMENTçRIOS: Item errado, pois tal crime consiste no ato Òoferecer ou
prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico, para determin‡-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de of’cioÓ, nos termos do art. 333 do CP. A conduta narrada
pelo enunciado configura o delito de concuss‹o.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

11.! (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIçRIO - EXECU‚ÌO DE


MANDADOS - ESPECêFICOS)
Jonas, rŽu em a•‹o penal, ficou irritado com a inclus‹o de seu nome no
rol de denunciados e, ao ser citado pelo oficial de justi•a, rasgou o
mandado e os documentos que o acompanhavam, lan•ando-os, com
desprezo, no rosto do oficial. Nessa situa•‹o, Jonas praticou dois
delitos: inutiliza•‹o de documento pœblico e desacato.
COMENTARIOS: Nesse caso, Jonas praticou ambos os crimes, pois para a
realiza•‹o do desacato, n‹o Ž imprescind’vel a inutiliza•‹o de qualquer
documento pœblico, de forma que deve responder por ambos em concurso
material, nos termos do art. 69 do CP.
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

12.! (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÌO DE POLêCIA - ESPECêFICOS)


No crime de desacato, o sujeito passivo Ž o funcion‡rio pœblico ofendido,
e o bem jur’dico tutelado Ž a honra do funcion‡rio pœblico.
COMENTçRIOS: O sujeito passivo no crime de desacato, em primeiro lugar, Ž a
administra•‹o pœblica e, somente, em segundo plano vem o funcion‡rio pœblico,
que tambŽm Ž ofendido em sua honra.
O bem jur’dico tutelado, no entanto Ž, primordialmente, o regular
desenvolvimento das atividades da administra•‹o pœblica.
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

13.! (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Maria, v’tima do crime de roubo, foi intimada para depor em ju’zo, mas
n‹o compareceu. Acusa•‹o e defesa insistiram na sua oitiva e, mais uma
vez intimada, ela deixou de comparecer.
Nessa situa•‹o, Maria cometeu crime de desobedi•ncia.
COMENTçRIOS: Maria n‹o cometeu crime algum, pois o descumprimento ˆ
intima•‹o, pela v’tima, n‹o caracteriza o crime de desobedi•ncia.
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

14.! (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA JUDICIçRIA

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ƒ cab’vel a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia para fins de
trancamento de a•‹o penal em que se imputa ao acusado a pr‡tica de
crime de descaminho.
COMENTçRIOS: O STF e o STJ possuem entendimento consolidado no sentido
de que Ž poss’vel a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia ao crime de
descaminho e que, nos dias atuais, esse limite seria o limite estabelecido pela
Fazenda Nacional como limite m’nimo para ajuizamento de execu•›es fiscais (R$
20.000,00). Nesse sentido, plenamente cab’vel a utiliza•‹o deste argumento para
que seja trancada a a•‹o penal em raz‹o da atipicidade da conduta.
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

15.! (CESPE Ð 2012 Ð TC/DF Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


Acerca dos crimes contra a administra•‹o pœblica definidos no C—digo
Penal, julgue o item.
N‹o pratica crime de corrup•‹o ativa, definido como crime contra a
administra•‹o pœblica, aquele que, sem ter oferecido ou prometido
anteriormente vantagem indevida a um funcion‡rio pœblico, d‡-lhe essa
vantagem, cedendo a seu pedido.
COMENTçRIO: O crime de corrup•‹o ativa est‡ previsto no art. 333 do CP, e
tem a seguinte reda•‹o. Vejamos:
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico,
para determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio:
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003)
Vejam que o tipo penal prev• apenas as condutas de "oferecer" e "prometer"
vantagem indevida, de forma que a mera entrega da vantagem, mediante pedido
do funcion‡rio pœblico, n‹o caracteriza o delito de corrup•‹o ativa, podendo
caracterizar outro delito.
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

16.! (CESPE Ð 2009 Ð PF Ð AGENTE/ESCRIVÌO)


A respeito dos crimes contra o patrim™nio e contra a administra•‹o
pœblica, julgue o seguinte item.
Caso um policial federal preste ajuda a um contrabandista para que este
ingresse no pa’s e concretize um contrabando, consumar-se-‡ o crime de
facilita•‹o de contrabando, ainda que o contrabandista n‹o consiga
ingressar no pa’s com a mercadoria.
COMENTçRIO: O crime de facilita•‹o de contrabando ou descaminho se
consuma quando o funcion‡rio pœblico, respons‡vel por evitar a pr‡tica deste
delito, facilita a vida do infrator, n‹o sendo necess‡rio que o contrabando ou
descaminho chegue a se concretizar. Vejamos:
Art. 318 - Facilitar, com infra•‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando ou
descaminho (art. 334):

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Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137,
de 27.12.1990)
PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTç CERTA.

17.! (CESPE - 2013 - TCE-RO - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO -


DIREITO)
A diferen•a b‡sica entre os crimes de corrup•‹o passiva e de corrup•‹o
ativa diz respeito ˆ qualidade do sujeito ativo: no de corrup•‹o passiva,
Ž o funcion‡rio pœblico; no de corrup•‹o ativa, o particular.
COMENTçRIOS: A quest‹o deu pol•mica. Em tese, Ž basicamente isto mesmo.
Na corrup•‹o passiva o sujeito ativo Ž o funcion‡rio pœblico, e na corrup•‹o ativa
Ž o particular. Contudo, h‡ diferen•a, tambŽm, nos nœcleos (verbos) do tipo
penal. Na corrup•‹o passiva, o crime pode ser praticado Òsolicitando, aceitando
promessa ou recebendo vantagem indevidaÓ. J‡ na corrup•‹o ativa, somente nas
modalidades de Òoferecer ou prometer vantagem indevidaÓ. ƒ claro que que esta
diferen•a entre as condutas decorre da pr—pria posi•‹o do infrator. O funcion‡rio
nunca poderia Òoferecer ou prometer a vantagemÓ, eis que ele Ž quem ser‡
corrompido. Da mesma forma, o particular nunca poder‡ Òreceber, solicitar ou
aceitar promessa de vantagemÓ, j‡ que n‹o Ž ele quem tem que praticar o ato.
Assim, na pr‡tica, as diferen•as de condutas decorrem naturalmente da posi•‹o
do sujeito ativo (infrator), e assim a quest‹o est‡ correta.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

18.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Em se tratando de crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria,
comprovada a conduta t’pica, il’cita e culp‡vel, dever‡ o juiz aplicar
apenas a pena de multa ao agente, se este for prim‡rio e de bons
antecedentes.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado, pois o CP faculta ao Juiz proceder desta
forma, mas n‹o o obriga. Vejamos o art. 337-A, ¤2¼ do CP:
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria e qualquer acess—rio,
mediante as seguintes condutas: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
(...)
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2o ƒ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o
agente for prim‡rio e de bons antecedentes, desde que: (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

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19.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR
LEGISLATIVO Ð çREA III)
O agente que ilude o pagamento de tributo aduaneiro devido pela
entrada ou pelo consumo de mercadoria pode incidir no crime de
descaminho. Na hip—tese de o tributo devido ser inferior ao m’nimo
exigido para a propositura de uma execu•‹o fiscal, o STF entende que a
conduta Ž penalmente irrelevante, aplicando-se a ela o princ’pio da
insignific‰ncia.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. A conduta, neste caso, caracteriza o delito
de descaminho. Vejamos:
Descaminho (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de 26.6.2014)
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela sa’da ou pelo consumo de mercadoria (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008,
de 26.6.2014)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.008, de
==f8421==

26.6.2014)

Contudo, o STF e o STJ entendem que haver‡ atipicidade material da conduta


(por aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia), quando o montante do tributo
iludido for inferior ao limite m’nimo estabelecido como necess‡rio para o
ajuizamento de execu•›es fiscais.
Esse valor, de acordo com a Lei 10.522/02, Ž de R$ 10.000,00. Contudo, foi
editada a Portaria MF n¼ 75, aumentando este limite m’nimo para R$ 20.000,00.
O STF e o STJ, em julgados mais recentes, passaram a adotar o limite de R$
20.000,00, estabelecido na Portaria.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

20.! (CESPE Ð 2014 Ð TCDF Ð ACE)


Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administra•‹o pœblica
e contra a fŽ pœblica.
Considere que Pedro tenha oferecido e pagado quantia a determinado
servidor pœblico para que este praticasse ato de of’cio contr‡rio ao seu
dever funcional. Nesse caso, evidencia-se a pr‡tica do delito de
corrup•‹o passiva por parte de Pedro.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado. Neste caso Pedro praticou o delito de
corrup•‹o ATIVA, pois ele Ž o particular que oferece (e, no caso, efetiva o
pagamento) a vantagem indevida em troca da viola•‹o do dever funcional por
parte do funcion‡rio pœblico. Vejamos o que disp›e o art. 333 do CP:
Corrup•‹o ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcion‡rio pœblico, para
determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio:
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.763, de 12.11.2003)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

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21.! (CESPE Ð 2014 - CåMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL


LEGISLATIVO)
Durante uma passeata na Esplanada dos MinistŽrios, um manifestante,
logo ap—s ter sido alertado por um agente da pol’cia legislativa de que
deveria se afastar do local, arremessou pedras em dire•‹o ao Congresso
Nacional, o que resultou na quebra de vidra•as da C‰mara dos
Deputados. O manifestante foi preso em flagrante e, na delegacia,
confessou a pr‡tica do delito.
Com base na situa•‹o hipotŽtica acima, julgue os itens seguintes,
relativos ˆ prova, ˆ pris‹o preventiva e aos crimes previstos na parte
especial do C—digo Penal.
O fato de o manifestante n‹o ter cumprido a ordem legal dada pelo
agente de pol’cia legislativa n‹o configura crime de desobedi•ncia, uma
vez que a ordem n‹o foi emitida por autoridade judici‡ria, o que constitui
requisito espec’fico do tipo penal.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado. O crime de desobedi•ncia n‹o exige, para
sua configura•‹o, que a ordem seja emanada apenas por autoridade judici‡ria.
Vejamos:
Desobedi•ncia
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcion‡rio pœblico:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a seis meses, e multa.
No caso, o agente n‹o ir‡ responder pela desobedi•ncia apenas em raz‹o do fato
de esta ter sido um meio para a pr‡tica do delito de dano, devendo responder
apenas por este.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

22.! (CESPE Ð 2014 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE)


Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Carlos praticou o crime de sonega•‹o previdenci‡ria, mas, antes do in’cio
da a•‹o fiscal, confessou o crime e declarou espontaneamente os
corretos valores devidos, bem como prestou as devidas informa•›es ˆ
previd•ncia social.
Nessa situa•‹o, a atitude de Carlos ensejar‡ a extin•‹o da punibilidade,
independentemente do pagamento dos dŽbitos previdenci‡rios.
COMENTçRIOS: Item correto. A situa•‹o narrada constitui uma das hip—teses
de extin•‹o da punibilidade, conforme preconiza o art. 337-A em seu ¤1¼:
Art. 337-A (...)
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Embora existam outras hip—teses de extin•‹o da punibilidade para este delito,
como o pagamento integral do dŽbito, antes do tr‰nsito em julgado (conforme

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entendimento do STF sobre o art. 69 da Lei 11.941/09), o fato Ž que esta Ž uma
hip—tese de extin•‹o da punibilidade EXPRESSAMENTE prevista no CPP, que
inclusive possui um requisito espec’fico: DEVE OCORRER ANTES DO INêCIO DA
A‚ÌO FISCAL.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

23.! (CESPE Ð 2013 Ð SEFAZ-ES Ð AUDITOR FISCAL)


Considere que o advogado Caio tenha solicitado a Maria determinada
quantia a pretexto de usar sua influ•ncia junto a um auditor fiscal da
fazenda estadual para que ele a beneficiasse em um processo
administrativo fiscal e liberasse rapidamente mercadorias apreendidas.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, Caio praticou o crime de:
a) corrup•‹o ativa.
b) corrup•‹o passiva.
c) explora•‹o de prest’gio.
d) tr‡fico de influ•ncia.
e) advocacia administrativa
COMENTçRIOS: A conduta do agente, neste caso, caracteriza o delito de tr‡fico
de influ•ncia, previsto no art. 332 do CP, pois solicitou vantagem a pretexto de
influir no exerc’cio das fun•›es de funcion‡rio pœblico.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

24.! (CESPE Ð 2013 Ð TRF2 Ð JUIZ FEDERAL Ð ADAPTADA)


No crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria, ser‡ extinta a
punibilidade se o agente, espontaneamente, declarar e confessar as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e prestar informa•›es devidas ˆ
previd•ncia social, na forma definida em lei ou regulamento, ap—s o in’cio
da a•‹o fiscal e antes do oferecimento da denœncia.
COMENTçRIOS: Item errado, pois para que o agente receba o benef’cio previsto
no art. 337-A, ¤1¼ do CP Ž necess‡rio que assim proceda antes do in’cio da a•‹o
fiscal.
Art. 337-A (...)
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TRF2 Ð JUIZ FEDERAL Ð ADAPTADA)


No crime de descaminho, n‹o se admite a incid•ncia do princ’pio da
insignific‰ncia, sob pena de isso facilitar a sonega•‹o fiscal.

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COMENTçRIOS: Admite-se a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia ao delito
de descaminho, n‹o havendo qualquer diverg•ncia quanto a este ponto. A
diverg•ncia jurisprudencial reside apenas em rela•‹o ao montante que pode ser
considerado insignificante. O STF sustenta que este montante Ž de R$ 20.000,00.
O STJ tambŽm passou a adotar tal entendimento.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

26.! (CESPE Ð 2013 Ð TC-DF Ð PROCURADOR)


O disciplinamento previsto no CP acerca da conduta de suprimir ou
reduzir contribui•‹o social previdenci‡ria e qualquer acess—rio,
mediante omiss‹o total ou parcial de receitas ou lucros auferidos,
remunera•›es pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribui•›es sociais previdenci‡rias, prev• a extin•‹o da punibilidade
do agente, mesmo sem o pagamento do tributo devido, desde que esse
agente fa•a, espontaneamente, declara•‹o acompanhada de confiss‹o
das contribui•›es, import‰ncias ou valores devidos, e que ele preste,
ainda, todas as informa•›es devidas ˆ previd•ncia social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
COMENTçRIOS: Item correto, pois esta Ž a exata previs‹o do art. 337-A, ¤1¼
do CP:
Art. 337-A (...)
¤ 1o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio da a•‹o fiscal.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

27.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


A pessoa que, ao ser abordada pela pol’cia, ofender um policial ter‡
praticado o crime de desacato.
COMENTçRIOS: Item correto, pois esta Ž uma das formas por meio da qual se
pode praticar o delito previsto no art. 331 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

28.! (CESPE Ð 2012 Ð PC-AL Ð AGENTE DE POLêCIA)


Caracteriza corrup•‹o ativa oferecer vantagem indevida a policial militar,
ainda que em hor‡rio de folga e ˆ paisana, para que este se omita quanto
a flagrante que presenciou.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a conduta se amolda perfeitamente ao tipo
penal do delito de corrup•‹o ativa, previsto no art. 333 do CP. O fato de o policial
estar ˆ paisana e no hor‡rio de folga Ž irrelevante, pois a conduta Ž praticada em
raz‹o das fun•›es por ele exercidas.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

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29.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Pratica o crime de desobedi•ncia o agente que se oponha ˆ execu•‹o de
ato legal, mediante viol•ncia ou amea•a a funcion‡rio competente para
execut‡-lo ou a quem lhe esteja prestando aux’lio.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a pessoa, neste caso, estar‡ praticando o
delito de RESISTæNCIA, nos termos do art. 329 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

30.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Em caso de crime de sonega•‹o de contribui•‹o previdenci‡ria, se o
agente, espontaneamente, declarar e confessar as contribui•›es,
import‰ncias ou valores e prestar as informa•›es devidas ˆ previd•ncia
social antes do in’cio da a•‹o fiscal, ser‡ extinta a punibilidade.
COMENTçRIOS: Item correto. O agente que, de forma espont‰nea, declara e
confessa as contribui•›es, import‰ncias ou valores e presta as informa•›es
devidas ˆ previd•ncia social antes do in’cio da a•‹o fiscal, no crime de sonega•‹o
de contribui•‹o previdenci‡ria, ter‡ sua punibilidade extinta, nos termos do art.
337-A, ¤1¼ do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

7! GABARITO

1.! ERRADA
2.! ERRADA
3.! CORRETA
4.! ERRADA
5.! ALTERNATIVA C
6.! ERRADA
7.! CORRETA
8.! ERRADA
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