1) Discuta a relação entre elaboração e implementação, bem como a importância dessa

relação para os resultados do planejamento.

Muitos economista e burocratas colocam como se com a escolha do “plano certo”, a

implementação do planejamento viria automaticamente, porém não é isso que observamos.
Tendo isso em vista é importante que o planejamento em políticas públicas tem que ser visto
como um processo, e não apenas como um produto técnico. Se deve ressaltar que a
importância do processo se dá majoritariamente na implementação.

Logo, um dos motivos que observa-se as falhas nos resultados de políticas públicas é a
dissociação entre elaboração e implementação no processo do planejamento, pode-se
destacar a visão de algumas escolas:

 A primeira escola é vista primordialmente como confecção de planos, caso esses

planos desenhados sejam bons, o resultado final também será. Essa escola defende
que o que as políticas públicas necessitam é de bons planejadores, com visão de futuro
que consigam anteceder os resultados e com isso fazer planos corretos que levem aos
resultados calculados.
 A segunda escola reconhece o papel importante da implementação mas ainda defende
que a elaboração de planos é a chave primordial para o sucesso de políticas públicas.
 Essa terceira escola um pouco mais moderna adiciona componentes de
implementação nos planos, como monitoramento, auditorias e reuniões técnicas,
porém ainda há resultados insatisfatórios por diversos problemas institucionais.
 Por último tem-se a visão mais popular do planejamento, com ênfase total na
participação da população ou sociedade civil na implementação dos planos.

Pode-se observar que essas escolas separam a elaboração da implementação de políticas

públicas no processo de planejamento, colocando o planejamento apenas como um processo
de fazer planos. Dessa forma é importante notar como resultados decepcionantes e as vezes
catastróficos dessa separação pode trazer para as políticas públicas.

Assim é importante que o estudo da implementação requeira um entendimento da sua

complexidade e da sua interação com o processo de planejamento. Sempre visando o
resultado de um processo de planejamento tem de ser uma sequencia de eventos
aparentemente simples, mas que dependam de uma cadeia complexa de interações recíprocas
para que se consiga os resultados esperados.

2) Que contexto favoreceu a chegada ao poder dos partidos de centro-esquerda e

esquerda na América Latina, na década de 2000? Em que as características requeridas
para esses novos governos contrastavam com aquelas herdadas?

A década de 90 se apresentou como uma ofensiva neoliberal, o consenso de Washington,

políticas fiscais contracionistas, desregulação dos mercados, diversas reformas. Essas medidas
vieram como promessas de redução de desigualdade, eliminação do atraso, porém o que se
entregou foram crises, desespero miséria e impotência nacional. Essas crises colocaram em
dúvidas a orientação política vigente.

Dessa forma abriu-se espaço para o centro-esquerda e a esquerda chegarem ao poder na

primeira década dos anos 2000. Essas coalizões políticas centravam num novo tipo de
desenvolvimento, redução das desigualdades sociais, crescimento mais equitativo,
aprofundamento democrático, soberania nacional e etc. Assim o progressivo fortalecimento
desse programa fez com que fosse absorvido (ainda que parcialmente) em alguns países.

3) Quais as características reunidas por Carlos Matus para elaborar o Planejamento

Estratégico Situacional, segundo Garcia e Cardoso Jr.?

O PES pode ser resumido como o sistema que suporta o agir do dirigente com direcionalidade,
rumo à situação objetivo, para se realizar o que prometeu é necessário conseguir o equilíbrio
permanentemente de três variáveis-chave:

 o projeto de governo: conteúdo propositivo do programa que se compromete em

realizar;
 a capacidade de governar: qualidade do governante e de sua equipe, capacidades
institucionais, organização do aparato técnico-administrativo, informações disponíveis
e os métodos de planejamento utilizados;
 a governabilidade: é o maior ou menor controle dos recursos necessários para realizar
os objetivos pretendidos e enfrentar os problemas que se apresentem.

4) Caracterize o processo de governar como um jogo complexo.

Para Matus o processo de governar é um jogo social dinâmico e complexo, por conta da
existência de atores sociais criativos, com diferentes interesses e na presença de conflitos
variados. O jogo é jogado por diversos atores, que podem ser uma força social organizada,
instituições, personalidades que controlam centros de recursos de poder. Esses atores possuem
diversos recursos e estão sob as regras próprias de cada jogo. Eles são caracterizados por terem
um projeto, controlarem um recurso importante para o jogo e possuírem a capacidade de
produzir fatos no jogo social. Os recursos utilizados por esses atores podem ser de diversos
tipos: econômicos, políticos, organizacionais, comunicacionais, conhecimento/informação ou
qualquer outro pertinente à natureza de cada jogo. Ou seja, um determinado jogo social, de
acordo com suas características, será exigido um determinado recurso crítico, ainda que não
dispense o apoio secundário de outros.

5) Com base na leitura da página 19, caracterize o ambiente do processo de governar

compreendido pelo PES.

6) Com base nos momentos do PES, caracterize-o como um processo de planejar

dinâmico.

O Planejamento Estratégico Situacional possui quatro momento no processo de planejar

organizado: O M1 que é o momento explicativo (tende a ser), o M2 que é o momento
normativo-prescritivo (deve ser), o M3 que é o momento estratégico (pode ser do deve ser) e o
M4 que é o momento tático operacional (fazer, avaliar, recalcular e fazer). Esses momentos se
realizam em uma espiral ascendente de forma entrelaçada, mas sob a dominância de um deles.
 7) Caracterize o Sistema de Direção Estratégica.

É um conjunto de subsistemas, que cada um é responsável por cuidar das dimensões cruciais, a
situação-objetivo apontada como desejável no plano. Pela figura abaixo dá pra se ter um
esquema do sistema de direção estratégica:

8) Como a segunda geração de reformas responde a uma das duas principais categorias
de problemas apontados pelos autores – que “afetam significativa e negativamente a
capacidade estatal em alcançar resultados de desenvolvimento” – qual seja, a baixa
implementação?

Diferentemente da velha administração para o desenvolvimento que se baseava em conceitos

nacionalistas, xenófabos e autóctane, a nova administração para o desenvolvimento se baseia
no desenvolvimento aberto, buscando de forma integrada a dimensão do desenvolvimento
econômico com o social, além da sustentabilidade ambiental. O estado tem papel central,
numa linha de estado-rede, na qual é um elemento concertador, ativador e direcionador das
capacidades do mercado e da sociedade civil na direção do desenvolvimento, no caso o estado
atua em conjunto com outros atores.

9) Quais os conceitos usados para responder à outra categoria de problemas apontados

pelos autores, qual seja, a fragmentação?

Por conta da necessidade dos países latino-americanos em adquirirem crédito para o

desenvolvimento, o Consenso de Washington atuou como um dos principais problemas, tendo
em vista que os países latino-americanos precisariam seguir o receituário de políticas liberais
para conseguir crédito internacional. Dentre essas políticas estavam o ajuste fiscal com cortes e
restrições, por conta disso houve efeitos colaterais da capacidade de crescer dos países e a
gestão pública foi muito afetada já que os governos estavam comprometidos em cortes de
gastos, o que influenciou significativamente na gestão publica e seus projetos.

10) Defina Governo Matricial.

É um modelo de governança social baseado em redes, tanto intra quanto extragovernamental.

É um modelo de gestão governamental visando os resultados do desenvolvimento baseados na
definição e gerenciamento intensivo de pontos nodais entre programas e organizações
necessárias a sua implementação.

11) Quais são as técnicas que relacionam qualitativa e quantitativamente resultados de

programas e metas mobilizadoras?

Na técnica qualitativa se encontra a metodologia da matriz lógica, na qual os objetivos macro

são derivados em objetivos micros e sucessivamente em ações. Já no modelo quantitativo se
dá pela construção de um modelo relacional a partir de um conjunto estruturado de variáveis
mensuráveis, dependentes e independentes, essa variáveis são os resultados de programas e
de metas mobilizadoras cuja relação pode ser deduzida estatisticamente através do tratamento
multivariado ou pela análise de modelos de causalidade.

12) Promovida pela Central de Resultados, o que incentiva a adesão e o comprometimento

de organizações (isoladamente ou em rede) com os resultados esperados?

A rede é uma estrutura de organização com capacidade de reunir pessoas e instituições em

torno de objetivos comuns. Dentro dessa rede se encontra a rede contratual, na qual incentiva
a adesão e o comprometimento das organizações com os resultados visados numa lógica de
agencificação e direção contratual, sem, contudo, promover a perda de identidades setoriais
ou organizacionais específicas.

13) O que é um arranjo de coordenação de rede para implementação de um programa?

Quais são seus tipos?

São utilizados para alinhas os pontos de implementação (de diferentes organizações) de acordo
com cada programa, para que dessa forma os resultados dos respectivos programas sejam
alcançados. Esses arranjos podem ser a autocoordenação, o rodízio, o colegiado a supervisão
interna ou externa ou etc.)

14) “O Governo deve assegurar os meios necessários para seu alcance com tratamento
diferenciado na alocação de recursos (não contingenciamento, limites e tetos
orçamentários diferenciados, precedência na alocação de força de trabalho e recursos
informacionais, flexibilidades gerenciais, principalmente em relação a compras e
contratos etc.)”. Essa frase define o quê?
Define o alinhamento horizontal, que é a implantação de formas de pactuação de resultados
entre Governo e a rede de implementação de cada programa, representado pelo gerente do
programa, na qualidade de coordenador da rede de nós implementadores.

15) Caracterize a maneira como Getúlio lidava com o planejamento, tomando como
exemplo o que ele fez com o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, bem
como o que caracterizou o Plano Especial de Obras Públicas e Reaparelhamento da
Defesa Nacional.

O governo de Getúlio foi um marco no processo de intervenção do Estado na economia tendo

como fim a promoção do seu desenvolvimento. Ele promoveu uma reforma administrativa e
adotou medidas protecionistas para promover mudanças na estrutura produtiva. A criação do
Conselho Federal de Comércio Exterior em 1943 tinha a competência técnica de estudar os
problemas e propor soluções tendo como principal atribuição formular políticas econômicas
voltadas para a redução da dependência externa, sendo assim considerado o primeiro
organismo governamental com funções típicas de um órgão de planejamento. Ele criou o DASP
(Departamento Administrativo do Serviço Público) e coube ao DAPS a tarefa de elaborar o
primeiro plano quinquenal da história do planejamento brasileiro, chamado de Plano Especial
de Obras Públicas e Reaparelhamento da Defesa Nacional.

16) Caracterize o papel do Legislativo no interregno de Vargas ao governo militar, com

relação ao planejamento.

Nota-se que as experiências de industrialização obtidas anteriormente ao regime militar se

davam ao fato do Poder Executivo ter a hegemonia política no que tange as decisões de política
econômica. Quando o Poder Legislativo assumiu participações nessas decisões, a coordenação
da política econômica foi mais difícil, especialmente as divergências políticas e posições
ideológicas distintas.

17) Caracterize a maneira como o governo militar lidou com o Planejamento, usando como
referência a substituição de Delfim Neto por Roberto Simonsen no ministério.

Simonsen defendia enfaticamente o planejamento e a intervenção do Estado em prol da

industrialização, enquanto que Delfim Neto ficou responsável por liderar o processo de
coordenação das decisões de política econômica e foi na sua época como ministro da fazenda
que o sistema de planejamento e orçamento consolida-se e ganha força como elemento
estruturador de estudos, análises e propostas de utilização dos instrumentos à disposição do
governo para conduzir a economia.

18) Explique como o Sistema Federal de Planejamento sintetiza aquilo que Rezende
considera o auge do planejamento no Brasil.

O sistema conseguiu alcançar todas as dimensões relevantes da ação governamental. A

atuação direta através do orçamento público e do controle sobre as atividades a cargo das
instituições financeiras e das empresas estatais. E a atuação indireta através de órgãos
colegiados que tratavam de questões relacionadas à política monetárias, de preços e de
comércio exterior. Fazendo com que conseguisse se desempenhar um papel relevante na
administração federal, exercendo não apenas as funções de órgãos deliberativos, mas também
funções executivas relevantes para a condução da política de desenvolvimento.

19) Por que se pode dizer que o Governo Sarney é o marco, segundo Rezende (2011), do
processo de desconstrução do planejamento público no Brasil?

A segunda metade de 1980 deu continuidade ao processo de esvaziamento do planejamento

como lugar central das decisões de política econômica e de coordenação das ações
empreendidas pelo governo. Tudo isso se soma o enfraquecimento do IPEA, observou-se o
desmonte de toda estrutura técnica que era responsável em dar suporte ao funcionamento do
sistema de planejamento. Também é importante se levar em conta a instabilidade política e
econômica na qual o Brasil passava, aliado a perda de hegemonia do Executivo nas decisões de
política econômica reduziu muito a sua efetividade.

20) Por que o Governo Itamar, segundo Rezende (2011), tendo chance de organizar o
planejamento, não o fez?

Apesar de Itamar Franco ter revertido a fusão de ministérios (ocorridos no governo de Collor) e
recriando a Secretaria de Planejamento e Coordenação da Presidência da República não
apresentou grandes avanços. A secretaria ressurgiu enfraquecida e a breve passagem pelo
planejamento de um técnico indicado pela presidência, foi removido em seguida para a pasta
do ministério da fazenda. Que fez com que em pouco tempo a tentativa de recompor o espaço
de planejamento no centro das decisões governamentais foi abandonada, e Itamar se rendeu a
realidade de ter de negociar com o Congresso a composição ministerial para que se
conseguisse construir a base de apoio político necessária para que se conseguisse governar.

21) Explique o modelo de planejamento por prioridades de governo inaugurado em

Fernando Henrique Cardoso, segundo Rezende (2011).

O Ministério do Planejamento focou-se para uma tarefa de eleição de projetos prioritários e a

busca de meios para assegurar os recursos para sua implementação. Surgiu então a primeira de
diversas tentativas da construção de um regime orçamentário especial para garantir a execução
de investimentos aos quais o governo atribui prioridade. O primeiro foi o Brasil em Ação,
lançado em 1997, representava mais uma tentativa de criar um modelo paralelo de gestão de
prioridades governamentais na qual se ressaltava a incapacidade da máquina pública para
tocar as ações do governo.

22) Quais os problemas que, segundo Rezende (2011) impediram o Governo Lula de levar
adiante um planejamento cujo desenho é elogiado por aquele autor?

Houveram limitações financeiras, além do desmantelamento de todo o aparato que sustentava

o planejamento do passado. Esses problemas contratam com a ambição que se expressavam
no planejamento do Lula. O PPA de 2004-2007 continha cinco macro-objetivos, 30 desafios,
374 programas e aproximadamente 4300 ações. Esse conjunto iria contribuir para a geração de
um círculo virtuoso de crescimento. Mesmo o plano ter sido bom, o governo errou em ignorar
a realidade na qual deveria se dar a execução.

23) Quais as condições necessárias para elaborar-se planos que precisariam ser
recompostas, para se planejar conforme a proposta de Roberto Cavalcanti defendida
por Rezende (2011)?

É necessário que um novo estilo de planejamento governamental tenha como referência um

projeto de nacional de desenvolvimento, construído com ampla discussão da sociedade. Onde
o papel do Estado na execução esteja claramente definido e a cooperação dos entes federados
na sua implementação esteja devidamente contemplada. Nele é necessário ter mudanças que
concorram para a eficiência da gestão pública, uma convivência harmônica entre os Poderes da
República e uma adequada representação dos interesses sociais no processo de formulação e
execução.

24) Caracterize a visão estratégica necessária para o novo planejamento público no Brasil,
segundo Rezende (2011).

Se faz necessário um longo predomínio das preocupações com a estabilidade macroeconômica

e o consequente direcionamento do foco das atenções governamentais para o curto prazo,
desprezando as consequências desse fato para a qualidade das políticas públicas e os
respectivos resultados.

25) Caracterize a capacidade de gestão necessária para o novo planejamento público no

Brasil, segundo Rezende (2011).

As condições efetivas para a implementação tem que ser adequadas. As deficiências na gestão
se manifestam nas dificuldades encontrada na execução dos investimentos em relação a
influência de outros elementos que interferem ao longo do processo, levando a
implementação de um grande projeto estar sujeito a inúmeras interrupções. Essas dificuldades
ocorreram mediante a outorga ao órgão de planejamento da atribuição de selecionar um
conjunto de projetos prioritários e instruir procedimentos especiais para viabilizar sua
execução, ampliando com isso, a perda de importância do planejamento.

26) Caracterize o sistema eficiente de coordenação necessário para o novo planejamento

público no Brasil, segundo Rezende (2011).

Tendo em vista que a administração pública se organiza por setores, mas os problemas tem
dimensão multissetorial, o sucesso do planejamento depende de uma boa sintonia das
iniciativas a cargo dos órgãos setoriais, e é função da coordenação fazer com que funcione da
melhor forma.