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Polícia de SP retoma investigação

contra laboratórios farmacêuticos


14-07-2008

Empresas são suspeitas de patrocinar ações para vender


sem licitação; paciente admite interferência de indústria

Fabiane Leite

A Polícia Civil de São Paulo retomou as investigações para apurar


um suposto esquema em que laboratórios farmacêuticos são
acusados de financiar ações judiciais de pacientes para garantir
vendas emergenciais, com preços mais altos, ao Sistema Único de
Saúde (SUS).

São alvo das apurações as empresas Abbott, Novartis, Wyeth e o


laboratório Serono, além da distribuidora de medicamentos Benatti,
médicos e pacientes. Todos tiveram documentos apreendidos em
suas sedes ou casas, após autorização, em dezembro do ano
passado, da juíza do Departamento de Inquéritos Policiais Claudia
Ribeiro. Ela entendeu que, apesar de as apurações terem
começado por causa de denúncias anônimas, havia detalhes
suficientes para a medida.

A Wyeth havia obtido em abril deste ano um habeas corpus que,


segundo advogados divulgaram à época, paralisaria as
investigações. No entanto, antes disto, o delegado Eduardo Aoki, da
3ª Delegacia Seccional, na zona oeste de São Paulo, havia
desmembrado as apurações em diferentes inquéritos, um para cada
laboratório, o que lhe permitiu seguir com o caso.
Na última semana, uma outra decisão favoreceu o trabalho da
polícia. Questionado pela juíza, o desembargador Geraldo Pinheiro
Franco, que havia concedido o habeas corpus à Wyeth, esclareceu
que o recurso protege apenas dois funcionários da empresa,
citados pelos advogados da farmacêutica.

O delegado Aoki investiga possível tentativa dos laboratórios de


burlar licitações com o esquema. Um dos principais depoimentos
até o momento é de Dayse da Silva, ex-presidente do Grupo de
Pacientes Artríticos de Jundiaí (Grupajun). Dayse, cuja casa foi alvo
de buscas autorizadas pela Justiça, afirmou à polícia que o
laboratório Abbott a teria auxiliado a ingressar com ação contra o
governo do Estado para obter o medicamento Humira, contra artrite
reumatóide, há três anos (leia texto nesta página).

É a primeira vez que o Estado de São Paulo consegue algum tipo


de prova formal para a suposta ligação entre as ações e os
laboratórios, algo sugerido pelas autoridades nos últimos anos em
debates públicos sobre processos judiciais e em peças de defesa.
Em 2007, as ações com pedidos de medicamentos custaram R$
400 milhões ao governo, o dobro do registrado em 2005.

DENÚNCIA ANÔNIMA

As investigações da polícia começaram por causa de denúncias


anônimas, que teriam sido feitas por supostos ex-funcionários da
Wyeth. Eles enviaram carta ao Ministério da Saúde, que repassou o
caso ao Ministério Público.

O texto da denúncia descreve com detalhes um suposto esquema


em que laboratórios concederiam descontos e prazos longos de
pagamentos para que os distribuidores patrocinassem escritórios de
advocacia. Esses advogados ingressariam com ações
gratuitamente na Justiça em nome de pacientes carentes pedindo
medicamentos não oferecidos pelo SUS.

Os distribuidores, segundo a denúncia, utilizariam recursos de


suposto caixa 2 (receitas omitidas dos órgãos de fiscalização) para
o pagamento dos defensores. O texto diz ainda que funcionários
públicos estariam sendo subornados para fazer parte do esquema.
Eles canalizariam os pedidos de compra por ordem judicial, que não
demandam licitação, direto para o distribuidor que financiou a ação.
Já os médicos, de acordo com a denúncia, receberiam benefícios
para indicar ao paciente os advogados. Os lucros dos laboratórios
seriam garantidos pela compra direta e emergencial feita pelos
governos por preços mais altos.

A juíza Claudia Ribeiro autorizou em dezembro de 2007 buscas em


escritórios da Wyeth, Serono, Abbott, Novartis e na distribuidora
Benatti, após a polícia demonstrar por apurações que as empresas
existiam em São Paulo e que havia compras sem licitação
realizadas por ordens judiciais.

Além disso, foram vasculhadas a casa de Dayse e a de uma


médica, que a reportagem não conseguiu localizar. O mandado de
busca só não foi cumprido no endereço que seria da Serono porque
não era o do laboratório. Advogados também são investigados, mas
a polícia ainda não tomou providência contra eles. Um funcionário
de uma das empresas chegou a ser preso em flagrante por portar
arma sem registro. Quatro armas em situação irregular foram
encontradas em uma farmacêutica.

Procurados na semana passada, os laboratórios não se


manifestaram sobre as investigações (mais informações nesta
página). Todos negam o envolvimento em irregularidades, assim
como a distribuidora Benatti. “Aguardaremos e provaremos
inocência”, disse a advogada Vânia Mota.

Fonte:
http://www.estado.com.br/editorias/2008/07/14/ger-
1.93.7.20080714.2.1.xml

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Farmácia doméstica ameaça


crianças
12-07-2008

Unicamp aponta que 25% dos casais com filhos guardam


remédios, dos quais 48% na cozinha ou no banheiro
Fernanda Aranda

Uma em cada cinco casas onde moram crianças mantém as


chamadas farmácias domésticas, revela pesquisa da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Em visita domiciliar a 776 famílias de São Paulo, os
pesquisadores encontraram sobras de medicamentos em 20%
delas. O problema é que os remédios estavam guardados nos
piores locais possíveis.

Cozinha e banheiro lideram a lista de cômodos mais utilizados pelas


famílias, correspondendo a quase metade (48%) dos depósitos
caseiros de remédios. “São locais totalmente desapropriados devido
à umidade e à oscilação de temperatura”, alerta a autora da
pesquisa, a enfermeira Francis Tourinho. “Nessas condições
vulneráveis, além da eficácia da medicação ser comprometida,
pode aumentar o risco de reações adversas”, explica.

Outro problema encontrado é que a maior parte das farmácias


domésticas tinha algum medicamento vencido (75%) e, em todos os
casos, o armazenamento não cumpria a principal recomendação de
especialistas: estavam muito próximos do chão, o que facilita o
alcance de crianças. “A criança explora o mundo com a boca e com
a mão”, afirma a psicóloga da organização não-governamental
Criança Segura, que atua na prevenção de acidentes domésticos.
“Manter remédios sem proteção facilita a intoxicação, um dos casos
mais comuns que recebemos.”

A falta de cuidado no armazenamento de produtos farmacêuticos


explica o resultado do levantamento feito recentemente pela
Secretaria de Estado da Saúde. Em 34% dos envenenamentos
provocados por drogas terapêuticas, as vítimas têm entre 0 e 5
anos. “Analisamos 128 mil casos de intoxicação e, em cada 10
registros, 4 são desencadeados pelo uso errôneo de remédios”,
afirma Eliane Gandolfi, farmacêutica do Centro de Vigilância
Sanitária. “Para os pequenos, é difícil discernir comprimido de bala.
Cores e formas são semelhantes.”

Mãe de primeira viagem, Francine Simas Fetter, de 28 anos, não


precisou de muita experiência para saber que as mãozinhas de
Lucca, hoje com 3 anos, remexiam todos os cantos da casa. Após
ser surpreendida por uma moeda na boca do garoto, redobrou
cuidados. “Os remédios me preocupam, por isso estão em cima do
armário.”

Mas não é suficiente. Na pesquisa da Unicamp foi descoberto que


56,6% das famílias têm o hábito da automedicação e que em 15,3%
dos casos eram usadas prescrições antigas para escolher o
remédio. “Guardar medicações não significa que podem ser usadas
sempre”, diz a diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo (USP) Terezinha Pinto. “Além de
mascarar um sinal de uma doença grave, o resultado pode ser
reação. O remédio vira veneno.”

OUTROS DADOS

51% dos casos de automedicação de jovens e crianças são


causados pelas mães que dão o remédio sem receita

40% das intoxicações são por consumo indevido de remédio, diz a


Secretaria da Saúde

16 mil mortes são registradas ao ano por medicação ingerida de


maneira errônea

http://www.estado.com.br/editorias/2008/07/12/ger-
1.93.7.20080712.2.1.xml

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DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
REPORTAGEM COMPLETA

Primeira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA ”

02 de julho de 2008 (Quarta-feira)

No dia 02 de julho de 2008, o Jornal da Band apresentou uma


reportagem (será apresentada uma série de reportagens sobre
o tema), denunciando a indústria farmacêutica. O vídeo da
reportagem pode ser visto, acessando o link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

“Exclusivo, comida boa, hotéis de luxo, passeios com a família,


esses são alguns dos presentes que os laboratórios distribuem em
todo o país, para que médicos indiquem os seus remédios aos seus
pacientes. Na primeira reportagem da série “Receita Marcada”, o
Jornal da Band denuncia o prejuízo ao consumidor com esta
relação entre a indústria farmacêutica e a classe médica.”

“Convites para simpósios em hotéis de luxo no Brasil e no exterior


com tudo pago, jantares regados a muita comida e bebida alcoólica,
brindes e sorteios de eletro-eletrônicos; desde o primeiro ano da
faculdade de Medicina, os alunos já são assediados por
funcionários da indústria farmacêutica.”

“A gente recebe uma amostra grátis aqui, faz uso de uma coisa ou
outra, que, no final, o medicamento chega muito caro no mercado.”

“O orçamento mensal de Dona Regina foi prejudicado, o médico da


pensionista receitou um remédio que custa R$87,00 para
hipertensão, e disse que ela não poderia comprar o genérico.”

“Eu vou mudar de médico para ver se o outro tem a mesma


opinião.”

“O importante é que ele (o médico) mencione na prescrição dele, o


nome do genérico, e diga ao paciente que “este é o genérico”, e
existem muitas opções, e este tipo de franqueza, de informação, é
uma obrigação ética do médico.”

“A maioria das pessoas confia na prescrição médica”. “A marca


você segue o que o médico manda.”

“É disso que os laboratórios se aproveita: do desconhecimento.


Para vender os remédios, a indústria farmacêutica conta com
equipes, que visitam com freqüência, os médicos nos consultórios.
Além de oferecer amostras grátis, os chamados ‘propagandistas’
dão PRESENTES aos profissionais da medicina. Este homem, que
é propagandista há quatro anos, conta como é a relação com os
médicos:

-- O que que um médico pede em troca, para prescrever os


medicamentos do laboratório?
-- Muitas vezes o médico pede jantares, que o laboratório pague
alguns congressos e pague algumas viagens.

“Esta prática é muito mais comum do que se imagina nos


consultórios médicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS) 75% dos remédios prescritos não são adequados. A cada 42
minutos, uma pessoa é intoxicada, pelo uso indevido de
medicamentos no Brasil; muitas vezes, o paciente nem precisa
tomar remédios.”

“Nossa equipe acompanhou um jantar, promovido por um


laboratório, nesta churrascaria em São Paulo. Foram convidados 60
médicos, alguns deles levaram parentes.” (...)

“O laboratório que organizou o jantar, não promoveu uma palestra


com especialista médico, apenas apresentou um de seus produtos.
Esta prática é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Depois do jantar, todos os médicos agradeceram a
cortesia.” (...)

“Em maio, o Laboratório Novartis, patrocinou um Congresso sobre


osteoporose, de sexta a domingo, neste resorte em Florianópolis.
Passagem aérea e hospedagem de graça, e um desconto especial
para os acompanhantes de 50 médicos. Na manhã de sábado, eles
assistiram a 4 palestras. O restante do fim de semana foi livre. Na
maioria das vezes, os profissionais convidados são os que mais
indicam os medicamentos do laboratório que patrocina o evento.
Para verificar a venda dos produtos, e quem prescreveu, a indústria
farmacêutica negocia cópias das receitas médicas com as
farmácias.” (...)

“E quanto mais consumo, mais dinheiro para a indústria


farmacêutica. O setor fatura por ano R$ 28 BILHÕES DE REAIS NO
PAÍS, 30% são investidos em marketing.”

“Em nota o Laboratório Novartis, que patrocinou o congresso em


um hotel de luxo em Florianópolis, alega que o evento teve cunho
científico, e que o objetivo do encontro foi atualizar os profissionais
de saúde.”

“E amanhã, o Jornal da Band vai mostrar como os propagandistas


agem em hospitais, Universidades e farmácias. Até amostras de
remédios com tarja preta, que são proibidos, portanto, são
oferecidos aos médicos.”

Fonte:
Jornal da Band – 02/07/2008, primeira reportagem da série “Receita
marcada”.

Para assistir ao vídeo da reportagem, utilize o link abaixo:


http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

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DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Segunda reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“LABORATÓRIOS PROMOVEM SORTEIOS PARA MEDICAÇÃO


DE SEUS REMÉDIOS”

O vídeo desta reportagem pode ser visto no link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

03 de julho de 2008 (Quinta-feira)

“Exclusivo, laboratórios sorteiam computadores, DVDs e até


automóveis entre médicos, para que eles receitem seus
medicamentos para pacientes. Uma estratégia “ilegal” flagrada por
nossa reportagem. Na série “Receita Marcada” você também vai ver
como agem os propagandistas da indústria farmacêutica em
hospitais, e até em Universidades. Amostras de remédios com tarja
preta, de uso “controlado”, também são oferecidas aos médicos.”
“Eles estão nos corredores dos hospitais, na porta dos consultórios,
nas universidades de Medicina. É só o médico ter um intervalo, que
os propagandistas dos fabricantes de remédios, aparecem com
amostras grátis, panfletos e brindes de todos os tipos: rádio-relógio,
livro, caneta, pen-drive e até bichinho de pelúcia. Este ortopedista,
caminha pelo corredor do Hospital de Clínicas de São Paulo, o
maior da América Latina, com uma caixa de medicamentos que
ganhou. Esta médica sai com uma sacola cheia de presentes.”

“Eu ganhei canetas, amostras (de remédios) e toalha.”

“Alguns chegam a pedir de tudo em troca da prescrição: “Tem um


médico que queria reformar o consultório. Ele falou: “Olha, eu
queria reformar o consultório, o que o laboratório vai me dar?”

“Este propagandista disse que a relação com grande parte dos


médicos, é de pura troca de interesses: “Na realidade, o
propagandista vê o médico como uma fonte para gerar capital de
vendas para o laboratório. O médico já olha como uma fonte de
interesse particular.”

“Riad Younes, Diretor do Hospital Sírio Libanês, diz: “São


relacionamentos, são patrocínios, são ajudas, que podem,
teoricamente, influenciar a decisão do médico, e esta decisão não é
mais independente e é aí que mora o problema.”

“A distribuição de amostras grátis de remédios de tarja preta é


ilegal, ainda assim, esta propagandista confirma que entrega
medicamentos controlados aos médicos:

-- “O que for liberado de amostra de tarja preta tem que constar o


carimbo no protocolo e a quantidade.”

-- “Então o propagandista pode levar (amostra de tarja preta)?”.

-- “Pode.”

“Os funcionários do Laboratório Ápice, fizeram um vídeo para contar


a rotina de trabalho; a paródia, que circula pela internet, fala da
relação com os médicos.” – “O médico amigo, que pediu
investimento, cobrou o patrocínio pra poder ir pro evento. A verba
está regada e o cara me pediu.”
Rodrigo Hidalgo (São Paulo): “Além da distribuição de brindes os
laboratórios investem em sorteios de produtos caros, o que é
proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fabricantes já sortearam entre os médicos que participaram de
congressos e simpósios como este no país, computadores
portáteis, aparelhos de TV e até carros.”

“E em um evento, promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia


Digestiva, em São Paulo, esta empresa definiu um estratégia para
chamar a atenção dos profissionais da medicina:

-- “Vai ter sorteio de que?”

-- “DVDKaraokê. Amanhã faremos o último sorteio. Vocês querem


preencher?”

“A Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, acredita que o


desvio de conduta dos médicos não é comum:

-- “O importante é que são casos que devem ser trados com focos
em cima destes casos, e não se pode generalizar para a atividade
de toda a indústria e de todos os profissionais médicos.” (Ciro
Mortella, Presidente da Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica).

“Para tentar acabar com as práticas ilegais, a Anvisa vai mudar a


regulamentação do setor:

-- “Por exemplo, a amostra grátis, ela fica proibida de ser distribuída


em congressos médicos. E o espaço previsto por lei, para receber e
utilizar esta amostra grátis, é o seu consultório”. (Maria José
Delgado – Gerente Fisc. Prop./ ANVISA)”

“Enquanto isso, negociações proibidas continuam. Nesta farmácia,


a nossa equipe conseguiu, o que devia ser confidencial, a relação
de médicos que prescrevem medicamentos de tarja preta:

-- “Posso te passar, né? As receitas do dia-a-dia. Posso te passar o


número do CRM, ta?”

Fonte:
Jornal da Band, 03 julho 2008, segunda reportagem da série
“Receita Marcada”.

O vídeo desta reportagem, pode ser vista no link abaixo:


“Laboratórios promovem sorteios para a medicação de seus
remédios”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

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Link do vídeo da primeira reportagem da série “Receita Marcada”,


abaixo:
“Denúncia do Jornal da Band sobre a indústria farmacêutica”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

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DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Terceira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“título...”

04 de julho de 2008 (Sexta-feira)

( ... )

... procurou outra opinião médica, e descobriu que Pedro não


precisa tomar o medicamento.”

“Ainda estou nesta prática, mais do amor mesmo, do carinho, da


atenção.”

-- Então, é o jeito dele?


-- É o jeito, tem que saber entender ele.
“O remédio (Ritalina) é controlado, e só pode ser vendido com este
tipo de receita, de cor amarela. Mas é fácil encontrar a droga, sendo
vendida livremente pela internet. No Brasil nos últimos quatro anos,
houve um aumento de 930% na venda da Ritalina. Em São José do
Rio Preto, no interior de São Paulo, 12 mil comprimidos foram
vendidos por mês em 2007. Segundo o Ministério da Saúde, a
cidade é uma das que mais prescrevem o medicamento.”

“Eu acho que houve um excesso de rótulos, muitas crianças que


não se adequavam ao comportamento em sala de aula, eram
rotuladas de crianças com déficit de atenção.” (Maria do Rosário
Laguna – Sec. Mun. Educação)

“Segundo especialistas, o crescimento do consumo do remédio,


está ligado ao marketing agressivo dos fabricantes. Cerca de 70%
das crianças que tomam o remédio não tem a doença.”

“A indústria farmacêutica na minha opinião, cria as doenças, para


que, os sujeitos possam então consumir medicamentos, para de
certa forma apaziguar, ou diminuir estes sintomas provocados por
esta doença”. (Kátia Forli Bautheney – Psicanalista/USP)

“Para chamar a atenção para a eficácia do produto, e induzir o


tratamento, os dois laboratórios que fabricam o “Cloridrato de
metilfenidato” divulgam pesquisas encomendadas e opiniões
médicas sobre o assunto. Este artigo diz que uma cada três
crianças com o transtorno é reprovada na escola. Quem informa, é
o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica, que produz o
“Concerta”, concorrente da ritalina. Este é o mais novo estudo
científico sobre o tema(*), produzido pelo Instituto de Psiquiatria da
Univerdade Federal do Rio de Janeiro. Quem patrocinou o trabalho,
foi o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica. Quem toma o
medicamento sem precisar, sofre com os efeitos colaterais.”

“Cefaléia, alteração do sono e alteração do apetite, são


relativamente comuns.” (Fábio de Nazaré – Neurologista)

“Este menino toma Ritalina de segunda a sexta-feira para se


concentrar na sala de aula.”

-- “E sábado e domindo? Quando você não toma, como é que você


fica? (repórter)
-- “Agitado”. (Pablo Barboza, 8 anos)
-- “Faz o que?”
-- “Fico brincando”.

“Para vender mais, os laboratórios facilitam o acesso ao remédio.”

“O famoso Ritalina o acesso é fácil. Você consegue em qualquer


carro de representante.”

“Os norte-americanos consomem 90% da produção mundial da


Ritalina. Nos Estados Unidos, o assunto é tratado como uma
epidemia. O governo tem promovido campanhas nas escolas, para
informar que nem todas as crianças precisam tomar o
medicamento. O Brasil, caminha no sentido contrário”.

“Hoje em dia prevalece, na minha opinião, na indústria


farmacêutica, aquilo que a gente chama brincando de “capitalismo
selvagem”, a “ganância”, o “lucro a qualquer custo”. (Raul Gorayeb
– Psiquiatra/ UNIFESP).

“Em nota, o Laboratório Janssem-Cilag, fabricante do “Concerta”,


afirmou que não interfere nos resultados das pesquisas científicas
que patrocina. Já o Laboratório Novartis, do remédio Ritalina, não
se pronunciou”.

___________________
(*) publicado no “Jornal Brasileiro de Psiquiatria”. Nome do artigo:
“Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na
prática clínica”; Editor convidado: Paulo Mattos. /Patrocinador deste
trabalho: Janssem-Cilag Farmacêutica.
J. bras. psiquiatr. vol.56 suppl.1 Rio de Janeiro 2007
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na prática
clínica
Attention deficit hiperactivity disorder (ADHD) in the clinical practice

Fonte:
Jornal da Band – 04 julho 2008 – sexta-feira – Terceira reportagem
da série “Receita Marcada” – Denúncia do Jornal da Band sobre a
Indústria Farmacêutica.

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