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FASCISMO E NAZISMO

Elcio Santana

Setembro, 2009
INTRODUÇÃO

Até a Primeira Guerra Mundial, o otimismo da “Belle Époque” imperava na Europa,


sendo reflexo do pensamento econômico liberal. Todos acreditavam no desenvolvimento do
Capitalismo. Somente os socialistas se opunham a esse “otimismo liberal”, tendo uma visão
pessimista da situação. O sucesso dos valores e a permanência das instituições liberais eram
tidos como certos, pelo menos nas partes “avançadas” do mundo. Esses valores eram a
desconfiança da ditadura e do governo absoluto; o compromisso com um governo
constitucional com ou sob governos e assembléias representativas livremente eleitos, que
garantissem o domínio da lei; e um conjunto aceito de direitos e liberdades dos cidadãos,
incluindo a liberdade de expressão, publicação e reunião. O Estado e a sociedade deviam ser
informados pelos valores da razão, do debate público, da educação, da ciência e da capacidade
de melhoria da condição humana.
As crises ocorridas após a Primeira Guerra Mundial foram campo fértil para a erupção
de idéias revolucionárias. Passaram a ocorrer uma série de movimentos de esquerda e o
fortalecimento da ação sindical. Isso criou uma situação de convulsão social e as classes
dirigentes, assim como as classes médias, se julgavam ameaçadas. Nesse contexto, os valores
liberais começaram a ser questionados. Os governos mostravam-se impotentes frente às crises
econômicas que aguçavam as insatisfações sociais e pauperizavam aqueles setores que mais
se agarravam aos valores liberais: as classes médias.
Esse quadro se mostrou mais crítico em países sem uma tradição liberal forte, como
era o caso da Alemanha e da Itália. Grupos revolucionários de esquerda cresciam e passavam
a ser ameaça ao poder. Os capitalistas sentiam a necessidade de uma autoridade central forte
que agisse de acordo com os seus interesses e afastasse o risco de revolução socialista.
De certa forma, o fascismo veio como uma resposta ao anseio dos capitalistas em deter
o avanço dos socialistas. Segundo Hobsbawm, sem a realidade da revolução social e do poder
operário em geral, sem a Revolução de Outubro e sem o leninismo, não teria havido fascismo.
(cf. HOBSBAWM, 1995: 127)
O surgimento de grupos de extrema direita, compostos por ex-militares, profissionais
liberais e estudantes, geralmente desempregados, decorria do empobrecimento que atingia as
classes médias com o desenvolvimento da concentração industrial e financeira. Esta mesma
concentração também tornava precária a existência dos pequenos comerciantes e industriais.
Esses grupos, de início se valiam de tentativas golpistas para a conquista do poder. Entretanto,
a persistência da crise e o risco iminente de uma Revolução Bolchevista estimularam os
setores ligados à grande indústria, aos bancos e às finanças em geral a sustentar os
movimentos fascistas. Os capitalistas sentiram que poderiam fazer uma aliança com os
fascistas e estes, uma vez no poder, manteriam a ordem. É de se ressaltar que tanto Mussolini
na Itália quanto Hitler na Alemanha atingiram o poder por vias legais. A novidade do
fascismo era que, uma vez no poder, ele se recusava a jogar segundo as regras dos velhos
jogos políticos, e tomava posse completamente onde podia, eliminando os adversários e
implantando a ditadura.
Outro ponto importante a ser abordado é a relação entre a evolução dos regimes
totalitários e a Grande Depressão (pós 1929). Na Itália, a subida dos fascistas ao poder se deu
em 1922, e, portanto, não se pode falar desta relação. No entanto, caso não tivesse ocorrido a
Crise de 1929, é pouco provável que a Itália funcionasse como base para exportação do
modelo fascista para outras nações do mundo. A própria Alemanha, apesar de ter saído da
Primeira Guerra completamente arrasada economicamente, vinha em plena recuperação
econômica (sobretudo, a partir de 1924), o que explica os resultados eleitorais pífios colhidos
pelo Partido Nazista nas eleições da época. Segundo Hobsbawn, os nazistas, nas eleições de
1928, conseguiram entre 2,5 a 3% do eleitorado. Em 1930, eles já haviam subido para 18% do
eleitorado e, em 1932, chegaram a 37%. Portanto,pode-se dizer que foi a Grande Depressão
que transformou Hitler “de um fenômeno de periferia política no senhor potencial, e
finalmente real, do país”. (cf. HOBSBAWM, 1995: 133).

CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS

O fascismo não ficou restrito à Itália e à Alemanha. A Itália pode ser considerada o
berço do fascismo (o próprio termo fascismo vem do italiano fascio, significando “feixe”). No
entanto, a proliferação de regimes fascistas na Europa só teve início após o triunfo de Hitler
na Alemanha. Pode-se dizer que o fascismo italiano sozinho não exerceu muita atração
internacional. Praticamente todos os movimentos fascistas com algum peso fora da Itália
foram fundados após a chegada de Hitler ao poder (1933) e o fascismo passou a ser visto
como movimento universal, uma espécie de equivalente direitista do comunismo
internacional, tendo Berlim como sua Moscou. Na Europa, o fascismo assumiu o poder em
Portugal, Espanha, Áustria, Bulgária, entre outros.
Basicamente, analisaremos as características do fascismo italiano e do fascismo
alemão (que ganhou o nome de nazismo). Iremos iniciar pelas características que foram
comuns aos dois movimentos.
Em primeiro lugar, o fascismo se caracteriza por um nacionalismo exacerbado. A
nação, sagrada, é o bem supremo. O seu interesse exige uma tripla coesão interna, política,
social e étnica,e exige também a supressão dos antagonismos que a dividem e enfraquecem.
Nesse sentido, o pluripartidarismo é uma fonte de antagonismos e deve ser eliminado.
Repudia a época que o precedeu e procura os seus modelos num passado da nação mais ou
menos mítico – a germanidade, a latinidade, etc. Esse nacionalismo é ambicioso.
Reconhecendo a sua nação como superiora, suas necessidades não reconhecem fronteiras. Daí
advém uma segunda característica: o Expansionismo. Para os alemães a agressão a outros
países era explicada pela teoria do “espaço vital”, necessário ao desenvolvimento do povo. No
caso da Itália, a justificativa era o restabelecimento do poderio do Império Romano.
Outra característica comum é o Totalitarismo. Nesse sentido, os regimes fascistas
rejeitam o individualismo, os direitos do homem e a dignidade da pessoa humana. Não
existem direitos individuais; o indivíduo apenas existe pela comunidade na qual se integra. Os
interesses do Estado estão acima de qualquer coisa. De acordo com Mussolini, “Nada deve
haver acima do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”.
Uma outra característica é o Anticomunismo. Conforme já foi citado, o fascismo
nasceu, em parte, como reação ao bolchevismo. Segundo Hannah Arendt (citada por Michel,
os dois são as duas faces de um fenômeno único, o totalitarismo. Este é o resultado da
formação das “massas”, conseqüência da atomização da sociedade – na Alemanha, em virtude
da derrota e da crise econômica, na Rússia em virtude do desastre czarista e da revolução. As
“massas são constituídas por indivíduos sem laços que os unam, e sentem-se, por isso,
inorgânicas, frustradas, humilhadas. Os totalitários apresentam-lhes uma ideologia, um grande
apelo à imaginação, que as desvia das realidades. Na verdade, porém as diferenças entre o
nazismo e o bolchevismo são fundamentais. A União Soviética procedeu a uma transformação
total da sociedade e da economia, transformação que o nazismo apenas preconizou. O
fascismo rejeita a “ditadura do proletariado”; pretende eliminar a luta de classes, fazendo com
que elas colaborem. Entende que o comunismo emerge da “vontade das massas”, o que,
dentro de sua própria concepção, não pode imperar.
A quarta característica a ser citada é o Militarismo. Em parte, esta está relacionada à
necessidade de expansão territorial. A guerra é vista como o instrumento do expansionismo,
que fortalece os indivíduos e regenera o povo. No entanto, o militarismo não se restringe a
esse expansionismo. Ele está impregnado em todo o funcionamento da sociedade. O sentido
de hierarquia dentro da organização e a obrigação da obediência ao Estado e, acima de tudo, a
um líder, o que deve ocorrer tanto em tempos de guerra como de paz, configuram esse
Militarismo.
A quinta característica comum a fascismo e nazismo a ser citada é o Corporativismo.
O trabalho é visto como um dever social e precisa ser dirigido para o crescimento do Estado.
A greve e o lock-out eram proibidos, sendo os conflitos submetidos à arbitragem do Estado.
Um documento importante que marcou a tentativa de controle rígido do movimento sindical
foi a Carta do Trabalho, promulgada por Mussolini em 1927, que serviu de base para
legislações trabalhistas de outros países, como a CLT do governo Vargas, no Brasil. Em 1934,
também na Itália, foi promulgada a lei que instituía as corporações. Estas eram associações
mistas de patrões e empregados, sob a tutela do Estado, árbitro das questões entre as classes.
Esse controle da atividade dos trabalhadores e a constituição de associações mistas de patrões
e empregados foram traços presentes também na Alemanha nazista.
Outro ponto importante comum entre os dois sistemas é que ambos utilizaram vias
legais para a tomada do poder (embora Hitler tenha tentado um golpe em 1923). Conforme já
foi dito, uma vez instalados no poder, os dois regimes modificaram completamente as regras,
levando a instalação de ditaduras. Ainda que possam ter suas bases nas classes médias,
fascismo e nazismo buscaram e conseguiram a adesão das massas aos seus projetos. Essa
cooptação das massas foi bastante facilitada porque, ao menos em princípio, os governos
fascistas conseguiram delinear saídas para as crises econômicas que os geraram. Sobretudo no
caso da Alemanha, bastante castigada pela Grande Crise desencadeada em 1929, a saída do
país dessa crise foi muito mais rápida do que em qualquer outro país. Segundo Hobsbawn, “o
antiliberalismo dos nazistas tinha o lado positivo de não comprometê-los com uma crença a
priori no livre mercado”. No entanto, é de se destacar também, nesse trabalho de conquista
das massas, a extensa utilização da propaganda. Apesar desse amplo apoio dos setores
populares, os regimes fascistas não podem ser considerados revolucionários, embora tenham
desejado ser vistos como tal, na medida em que estes não questionaram o Capitalismo. Pode-
se dizer mesmo que o fascismo teve algumas grandes vantagens para o capital,em relação a
outros regimes liberais. Em primeiro lugar, derrotou a revolução social esquerdista. Em
segundo lugar, eliminou os sindicatos e outras limitações aos direitos dos empresários de
administrar sua força de trabalho. Na verdade, o princípio da liderança fascista era o que a
maioria dos patrões e executivos de empresas aplicava a seus subordinados em suas firmas, e
o fascismo lhe dava justificação. Finalmente, a destruição dos movimentos trabalhistas ajudou
assegurar uma solução extremamente favorável d Depressão para o capital.

O RACISMO ALEMÃO

O racismo foi uma característica marcante no nazismo alemão, mas que não esteve
presente no fascismo italiano (lembrar que as leis anti-semitas só foram introduzidas na Itália
após 1938, e por pressão alemã).
O racismo era o fundamento do nazismo. Para proteger a raça alemã, tomaram-se
diversas medidas. W. Darré pretendia classificar as mulheres: umas poderiam casar e ter
filhos; as outras ficariam proibidas de fazê-lo. Himmler decretou, em 1931, que qualquer
membro da SS que quisesse casar teria que pedir uma licença, que seria concedida ou
recusada de acordo com os princípios da saúde racial e hereditária. Em contrapartida, as
mulheres não teriam o direito de se recusar aos membros da SS, que eram os autênticos
garanhões para a criação de “uma ordem sagrada, herdeira dos vickings e dos cavaleiros
teutônicos”. Não se pode afirmar que todos os dirigentes nazistas concordavam com toda essa
mistificação em torno da raça. No entanto, era ponto comum que entendessem que era
necessário purificar a Alemanha de qualquer influência judaica. Essa tradição anti-judaica, na
Alemanha, era anterior ao nazismo. Segundo Michel, no fim do século XIX, já havia 16
deputados anti-semits no Reichstag, O estereótipo do judeu corrupto e corruptor era freqüente
na literatura popular. Hitler considerava que o judeu era inassimilável; a sua presença impedia
o regresso aos valores salvadores da germanidade; o seu internacionalismo – pela sua
dispersão, mas também porque era a base das internacionais capitalista e comunista – era uma
suicídio para os povos entre os quais vivia; era a “anti-raça”.
Referências Bibliográficas:

AQUINO, Rubem Santos Leão de et alii. História das Sociedades: das sociedades modernas
às sociedades atuais. 26 ed. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1993.

HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos: O breve século XX 1914-1991. 2 ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.

MICHEL Henri, Os fascismos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1977. Disponível em


http://www.scribd.com/doc/7388977/Historia-Henri-Michel-Os-Fascismos Acesso em 15 de
setembro de 2009.

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