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O AMOR SÓ É LINDO QUANDO É CORRESPONDIDO

A menina que eu amo é doce, adoro a sua companhia, sua simples presença me faz
paradoxalmente querê-la e fugir: meu coração acelera, minha boca seca, minhas mãos
derramam suores incontroláveis, não consigo falar e quando as palavras saem não fazem
sentido algum. Estando ao lado dela me sinto tão bem, como se fosse possível parar o
mundo, cristalizar o instante e nada mais interessa. “Mas o amor só é lindo quando é
correspondido”. Assim dizia um bilhete amassado e jogado em uma mesa vazia de um
lugar qualquer e que eu encontrara ao acaso. O bilhete resumia o que sentia e sinto pela
menina que conheço e quero, mas diferente do que ouço falar querer não é poder e a
gente não podia.
Quando ela ri seus olhos se fecham, quando ela sorri meu coração se abre e derrama
líquido quente e corrosivo que me destrói por dentro. Será mesmo que amar é sofrer?
Não conseguia dormir há alguns meses. A imagem cristalizada na mente que volta e
meia me arrebatava era dela. Vício, pior que qualquer outro; vício cuja abstinência era
cruel demais e eu já não aguentava tanto amor dentro de mim.
Pensava com seus botões que poderia ser apenas um mal entendido, algo que ele
confundira, mas os pensamentos lhe traíam e retornavam sempre, paralisados na figura,
quase mítica, da menina do sorriso estrelado. Sim, aquele largo sorriso eram suas
estrelas, mas a lua insistia em lhe trair. Talvez um dia conte para ela sobre esse amor, ou
falso amor, talvez um dia lhe abra o coração e compreenda suas fases, era assim que
chamava. Quando se decidia que não iria mais se entregar assim a essa voraz paixão,
quando, então, compreendia das impossibilidades de viver essa Liberdade, a dor
retornava mais forte. Eram nesses dias que compreendia que a ferida que fora cavada
era profunda demais.
Ainda recordo as milhares de vezes que encontrei um pequeno defeito nela e me segurei
para reprimir esse outro amor impossível. Recordo os dias vagos que conseguia,
felizmente ou infelizmente, esquecê-la e viver minha vida cotidiana e certa em busca da
felicidade. Não há de ser nada eu sempre repetia e caía no limbo escuro da solidão e da
angústia que machuca mais que tênis novo nos primeiros dias. A ferida de uns sara, a de
outros só se abre, cada dia mais, só sangra e sangra.
Voltava para casa naquele dia pronto para estancar essa ferida, coloquei na cabeça a
frase: “O amor só é lindo quando é correspondido” e eu amaria a todos aqueles amigos
que faziam parte da minha rede que me segurava com força para não cair novamente.
Mas ela estava lá com aquele sorriso estrelado, se divertindo, rindo e sorrindo e a dor só
aumentava. Queria esquecer, queria que houvesse motivos para esquecer, talvez
remédios? Talvez terapia? Talvez... Talvez... Talvez... Mas sabia que depois que tudo
parasse ela estaria ali aguardando do lado de dentro.
Seguia seu dia fingindo muito bem. Parecia alguém, no mínimo normal. Poucos sabiam
da dor que carregava. Mas por que não se jogava de cabeça nessa paixão? Por que a
tornava tão platônica? Por que não conseguia sair dessa fossa há mais de 2 anos?
Eu também me perguntava isso, todos os dias e as repostas que movem o mundo só me
faziam descer mais os degraus escuros. Não me jogava porque outras vezes só encontrei
pedras. Recordo que uma vez me joguei e era ainda mais doloroso: Só encontrei
espinhos, afinal o amor só é lindo quando é correspondido e o medo afastava as
possibilidades de viver essa beleza.
Tornava platônico aquilo que tinha medo, sabia agora. Estranho pensar que sofria por
medo de sofrer, mas não era só dele a dor, com certeza mais alguém sairia ferido
daquela história e não sendo aquela do sorriso estrelado estava tudo bem.
Decide naquele dia que as coisas iriam mudar. Veste sua capa encarnada do próprio
sangue, escreve para todos que pode, principalmente aos que lhe afastam da sórdida
solidão. Encara a dor de frente, escuta música e deixa que as lágrimas rolem pesadas
debaixo do chuveiro. Tão clichê, pensava consigo. A quentura da água se misturava
com a quentura de seus fluídos. Deixar correr e a dor corria e a cicatriz doía e eu ali
naquele espaço fechado. Só conseguia lembrar de uma coisa: “O amor só é lindo
quando é correspondido”.

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