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COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS

4ª TURMA RECURSAL CÍVEL E CRIMINAL

RECURSO INOMINADO
PROCESSO n° 0117367-42.2014.8.05.0001

RECORRENTE: VIABAHIA CONCESSIONARIA DE RODOVIAS S/A


RECORRIDO : CINTIA LORENA CASTELO BRANCO DE ANDRADE
RELATORA: MARY ANGELICA SANTOS COELHO

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE PREENCHIDAS. AÇÃO DE INDENIZA-


ÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PEDÁGIO. DEFEITO EM CANCELA QUE NÃO LEVAN -
TOU COM O USO DE SISTEMA AUTOMATIZADO CONHECIDO COMO “SEM PARAR”. DANOS NO
VEÍCULO DA AUTORA COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA RÉ SOBRE SERVIÇO
“VIA FÁCIL/SEM PARAR” POR PARTICIPAR DA CADEIA DE CONSUMO. REMUNERAÇÃO INDIRE-
TA DO SERVIÇO À RÉ. ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. DEVER DE RESTITUIR. DANO MORAL CONFIGURADO. DE-
VER DE INDENIZAR – INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 186 E 927 DO CC/02. DANOS MORAIS CON -
FIGURADOS E ARBITRADOS EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), ATENTENDO AOS CRITÉRIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO CONHECIDO
E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Trata-se de recurso inominado interposto por VIA BAHIA, em face da r. sentença prolatada
nos autos do processo em epígrafe, no qual litiga com CINTIA LORENA CASTELO BRANCO DE
ANDRADE.

A sentença hostilizada julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a acionada ao


pagamento da quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), a título de indenização por danos morais,
bem como condená-la ao pagamento dos danos materiais comprovados, no importe de R$ 699,33
(seiscentos e noventa e nove reais e trinta e três centavos).

Contrarrazões no evento nº 36.

Preparados e sorteados coube-me a função de Relatar, cujo voto ora apresento, fundamen -
tando-o de forma sucinta, conforme a regra legal acima referida.

VOTO

Versam os autos sobre pedido de indenização por danos morais e materiais, ao fundamento
de que devido a dano causado no veículo da autora que se chocou com a cancela de pedágio
mantido pela ré. O choque foi ocasionado por falha no dispositivo eletrônico que autoriza os veículos
conveniados a passarem pelos guichês sem parar, vez que a cobrança é realizada eletronicamente e
enviada posteriormente ao consumidor.
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4ª TURMA RECURSAL CÍVEL E CRIMINAL

Sustentou a ré sua ilegitimidade passiva, vez que tal sistema eletrônico seria de responsabili-
dade de terceira empresa. Entretanto, mesmo reconhecendo-se que o contrato de cobrança de valo -
res é, de fato, firmado com outra empresa, há de se observar a solidariedade da ré para o caso,
vez que participante da cadeia de consumo, sendo remunerada indiretamente pela empresa direta -
mente exploradora do serviço eletrônico.
Não bastante, a estrutura física da praça de pedágio é mantida pela ré, bem como a co-
mercialização do serviço é realizada ostensivamente na praça de pedágio, não podendo querer a
acionada receber apenas os “bônus” da contratação que incentivou o consumidor a realizar, mas
também deve ser responsabilizada quando existir defeito no serviço, como no caso dos autos. Por
isso, mantenho afastada a preliminar.

Da análise dos autos, restou incontroverso o defeito apresentado na prestação de serviços,


bem como os danos no automóvel da autora, que se chocou contra a cancela por falha no sitema
eletrônico de cobrança.

Desse modo, a má prestação do serviço aliada ao descaso da ré para com a consumidora,


não lhe reparando o automóvel de maneira imediada, configurou o dano moral, notadamente se viu
a autora obrigada a bater à porta do Judiciário para solucionar questão tão simples.

Ademais, a responsabilidade civil prevista no Código Civil demanda efetiva comprovação da


violação do direito, para que haja a caracterização do ato ilícito e daí advenha à obrigação de in -
denizar, se porventura restar comprovado o dano material ou moral sofrido.

Nesse sentido, os artigos 186 e 927 do Código Civil dispõem que aquele que violar direito e
causar dano a outrem, seja por ação ou omissão, negligência ou imprudência, comete ato ilícito,
cabendo a ele a obrigação de reparação dos danos causados.

Assim, quanto ao dano moral, em que pese os argumentos trazidos em sede de defesa, en-
tendo que a situação narrada nos autos configura incômodo sofrido pelo autor, ultrapassando os limi -
tes comuns no enfrentamento de problemas da vida do cotidiano.

Viável, portanto, a concessão da indenização vindicada, uma vez que os fatos narrados na
inicial geraram constrangimentos e transtornos para além dos meros dissabores ou aborrecimentos co-
tidianos. Desta forma, configurado o dano de natureza moral.

É importante observar que o dano moral decorre da prestação defeituosa do serviço, não
ocorrendo causa excludente nos autos e presentes os requisitos ensejadores da reparação.

A ideia de proporcionalidade e razoabilidade na fixação do valor do dano moral tem apoio em


densa doutrina formulada especialmente no campo do direito público. A reparabilidade do dano moral
constitui-se um direito fundamental, essência do nosso modelo constitucional e resguardado como
cláusula pétrea, não suscetível de modificação, conforme artigo 5º, incisos V e X, e artigo 60, §4º,
inciso IV, ambos da Constituição da República de 1988.

Sendo assim o valor estipulado, a título de indenização por danos morais, deve considerar os
critérios pertinentes recomendados pela doutrina e jurisprudência, não merecendo censura o valor de
R$ 3.000,00 (três mil reais) pelos danos morais.
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4ª TURMA RECURSAL CÍVEL E CRIMINAL

No mais, restaram parcialmente comprovados os danos materiais conforme disposto na senten-


ça recorrida, impondo-se o dever de restituição.

Ante o quanto exposto, por vislumbrar que não merece reforma a decisão vergastada, VOTO
NO SENTIDO DE CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto. Custas e honorários,
pela recorrente, que fixo em 20% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Salvador, 29 de setembro de 2015

Mary Angélica Santos Coêlho


Juíza Relatora
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4ª TURMA RECURSAL CÍVEL E CRIMINAL

RECURSO INOMINADO
PROCESSO n° 0117367-42.2014.8.05.0001

RECORRENTE : VIABAHIA CONCESSIONARIA DE RODOVIAS S/A


RECORRIDO: CINTIA LORENA CASTELO BRANCO DE ANDRADE
RELATORA: MARY ANGELICA SANTOS COELHO

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE PREENCHIDAS. AÇÃO DE INDENIZA-


ÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PEDÁGIO. DEFEITO EM CANCELA QUE NÃO LEVAN -
TOU COM O USO DE SISTEMA AUTOMATIZADO CONHECIDO COMO “SEM PARAR”. DANOS NO
VEÍCULO DA AUTORA COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA RÉ SOBRE SERVIÇO
“VIA FÁCIL/SEM PARAR” POR PARTICIPAR DA CADEIA DE CONSUMO. REMUNERAÇÃO INDIRE-
TA DO SERVIÇO À RÉ. ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. DEVER DE RESTITUIR. DANO MORAL CONFIGURADO. DE-
VER DE INDENIZAR – INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 186 E 927 DO CC/02. DANOS MORAIS CON -
FIGURADOS E ARBITRADOS EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), ATENTENDO AOS CRITÉRIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO CONHECIDO
E IMPROVIDO.

ACÓRDÃO

Realizado Julgamento do Recurso do processo acima epigrafado. A QUARTA


TURMA, composta dos Juízes de Direito MARY ANGÉLICA SANTOS CÔELHO,
ANTONIO MARCELO OLIVEIRA LIBONATI e ISABELLA SANTOS LAGO MIRANDA DE
ALMEIDA decidiu, à unanimidade de votos, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao
recurso interposto. Custas e honorários, pela recorrente, que fixo em 20% sobre o
valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, em 29 de setembro de 2015

JUIZ(A) MARY ANGÉLICA SANTOS CÔELHO


Presidente/ Relatora

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