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12/11/2018 O papel social da arte - 10/12/2018 - Opinião - Folha

OPINIÃO (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/OPINIAO/) ISABEL ROTH

O papel social da arte


É imprescindível não deixar de se indignar

10.dez.2018 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2018/12/10/)

Seja pelas sucessivas notícias de violações de direitos ocorridas no Brasil e no


mundo, seja pela celebração da presente efeméride, a urgência de garantir o
cumprimento dos princípios afirmados na Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH) (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/oscarvilhenavieira/2018/12/humanos-direitos.shtml)
permanece, mesmo passados 70 anos da assinatura desse documento
histórico.

Todos devem participar desse amplo esforço político, e o grande desafio é


garantir as condições mínimas para que cidadãos dos mais variados
espectros sociais e políticos se sintam contemplados e motivados a discutir e
defender os direitos humanos.

Em meados dos anos 1970, o artista plástico e ativista Otávio Roth (1952-
1993), então residente em Oslo, teve acesso ao texto integral da DUDH.
Otávio percebeu a importância daquele material, mas chocou-se com a
maneira como este se apresentava, com uma “letra ilegível, em um
papelzinho mixuruca”.

O artista se lançou em um longo projeto para transcrever e ilustrar cada um


dos artigos da DUDH, que resultou em uma série de 30 xilogravuras sobre
papel artesanal, cuja harmônica articulação de elementos estéticos —

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tipografia, cores e ilustrações-síntese— permitia a aproximação espontânea


do público ao texto. 

Expostas em São Paulo até janeiro como parte da mostra “Para Respirar
Liberdade” (https://guia.folha.uol.com.br/exposicoes/unidades-do-sesc/para-respirar-liberdade-sesc-bom-retiro-
campos-eliseos-1104372533.shtml), realizada pelo Sesc SP em parceria com o Instituto

Vladimir Herzog, elas seguem cumprindo seu papel social de comunicar cada
um dos direitos fundamentais, comuns a todos os seres humanos, de
maneira acolhedora e não agressiva. 

 
Em 1979, Otávio Roth revelou publicamente que a epígrafe do túmulo do
jornalista Vladimir (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/ministerio-publico-reabre-investigacao-
sobre-morte-de-herzog.shtml)Herzog (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/ministerio-publico-reabre-

investigacao-sobre-morte-de-herzog.shtml) havia causado enorme impacto em sua obra. A


frase reflete sobre a responsabilidade de cada indivíduo diante das graves
violações de direitos humanos: “Quando perdemos a capacidade de nos
indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos
também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados”. 

Herzog, assassinado (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/07/ministerio-publico-reabre-investigacao-


sob tortura pela ditadura militar em 1975, chegou ao
sobre-morte-de-herzog.shtml)

Brasil ainda criança, fugindo da perseguição nazista por ser judeu. No texto
do jornalista, Otávio encontrou “a essência que procurava para a minha arte
—a defesa dos direitos humanos”. 

A arte é um poderoso vetor de transformação social, por meio da qual os


agentes que a produzem e promovem amplificam sua capacidade de
sensibilizar o público. Mais ainda, ela possibilita a formação de um espaço de
aproximação entre indivíduos, no qual o discurso pronto e as ideias
preconcebidas cedem lugar à exploração de novas perspectivas e emoções. 

Em um momento no qual o discurso de ódio deita raízes, é imprescindível


que não percamos a capacidade de nos indignarmos com violações de
direitos cometidas contra outros. 

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É urgente a articulação de um amplo campo de trocas que suporte e


promova os direitos humanos de maneira agregadora, positiva e não
traumática. Obras vibrantes e acessíveis podem aproximar o espectador do
tema, hoje em constante disputa de narrativas. 

Reconhecer a força social e política advinda de experiências estéticas, vividas


em um ambiente cultural generoso e plural, é uma das estratégias mais
eficientes para a promoção e defesa da dignidade humana para todos os
cidadãos, independentemente de idade, origem, credo e condição social. Que
neste aniversário de 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
possamos nos mobilizar nessa direção.

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Imagem do artista Otávio Roth reproduz um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos - Divulgação

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