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12/11/2018 Azar deixou ver um pouco mais da Coreia do Norte - 10/12/2018 - Mundo - Folha

Azar deixou ver um pouco mais da Coreia do Norte


Imprevisto com fatura me levou a hospedaria normalmente vetada a estrangeiros

10.dez.2018 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2018/12/10/)

Ana Estela de Sousa Pinto

SÃO PAULOJornalista às vezes tem que contar com a sorte. Ou, no meu caso,
com o azar. 

Apareceu uma fatura inesperada, o dinheiro que eu tinha não era suficiente e
na Coreia do Norte (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/crescimento-de-mercados-e-comercio-
causa-transformacao-na-coreia-do-norte.shtml) não há como sacar moeda ou usar o cartão de

crédito.

Por isso, precisei me mudar logo no primeiro dia do caro e vigiado hotel
Yanggakdo —que não por acaso fica numa ilha— para uma pequena
hospedaria normalmente vetada a estrangeiros. 

O imprevisto me deixou ver a rua de perto, andar pela calçada, assistir a


norte-coreanos jogando tênis na quadra ao lado ou flagrar casais
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/no-dia-do-casamento-norte-coreanos-fazem-sessao-de-fotos-e-

banquete.shtml)de noivos vestidos a caráter tirando fotos à beira do lago.

Foi uma exceção num país em que o controle da informação é total. Para me
acompanhar durante os dez dias, o governo destacou dois guias, que até
dormiam na mesma hospedaria, embora fossem moradores da cidade.

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Por que são necessárias duas pessoas? Estrangeiros dizem que é para que
elas se vigiem uma à outra. A justificativa dos próprios guias é que a prática
agiliza as visitas, já que em cada local era preciso achar o responsável e
registrar nossa presença.

Pode haver outro motivo mais concreto. Mesmo imposto pelo governo, o
serviço é cobrado do jornalista, em dólares, divisas valorizadas num
momento em que sanções impedem transferências para a Coreia do Norte.

Os guias não me impediam de tirar fotos, nem mesmo em regiões mais


pobres. Mas a passagem por locais carentes foi sempre de carro e de longe.
Na capital, poucas vezes o trajeto se desviou das avenidas principais.

Também me deixavam escolher pessoas para entrevistas na rua,


intermediadas por eles. As respostas, porém, nunca saíam do roteiro “Sou
feliz porque o Estado que me dá tudo e espero corresponder a isso”. 

Reportagem pluralista é impossível na Coreia do Norte, mas a simples


descrição jornalística também esbarra em um ciclo de desconfiança
retroalimentada.

Os norte-coreanos repetem sempre que a mídia ocidental só procura defeitos


no país e mente sobre o que vê. Preventivamente, só me levaram a escolas,
hospitais e fábricas modelo (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/coreia-do-norte-testa-
mudancas-na-economia-para-nao-mudar-na-politica.shtml). Não atendiam a meus pedidos de

conhecer locais comuns.

A tutela só faz aumentar a dúvida sobre o que é mostrado e a relevância


daquilo que não é possível ver. 
Afinal, onde acaba a encenação e começa a vida real? 

Como responde um executivo britânico que já esteve no país 174 vezes desde
2002, é impossível saber: “Você nunca vê a ‘Coreia do Norte de verdade’. Mas
qual ‘país de verdade’ existe?”.

FOLHA LEVA À COREIA DO NORTE PERGUNTAS DE LEITORES

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"O que você gostaria de perguntar a um norte-coreano, se tivesse a


oportunidade de visitar esse que é um dos países mais fechados do
mundo?" foi a questão feita pela Folha a seus leitores antes de embarcar.

Foram enviadas mais de 70 questões, parte delas respondidas durante


a viagem, no final de outubro.

Muito foi visto e ouvido, mas o número de vozes e pontos de vista ausentes
deixa sempre muitas questões em aberto.

Informação, internet e contato com o exterior


(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/sem-internet-nem-redes-sociais-norte-coreanos-ainda-falam-ao-

celular.shtml)

Casamento, sexo e família (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/no-dia-do-casamento-


norte-coreanos-fazem-sessao-de-fotos-e-banquete.shtml)

Vida coletiva e participação política (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/em-pre-


escolas-especiais-criancas-norte-coreanas-moram-por-ate-dez-dias.shtml)

Reunificação e Guerra das Coreias (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/coreia-do-


norte-quer-uniao-com-o-sul-mas-em-regime-de-separacao-politica.shtml)

Educação (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/criancas-decoram-passos-da-vida-de-avo-e-pai-de-
kim-jong-un.shtml)

Trabalho (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/norte-coreanos-tem-15-dias-de-ferias-e-maratonas-
nas-fabricas.shtml)

Diversão, esporte e arte (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/karaoke-cerveja-com-peixe-


seco-e-boliche-divertem-norte-coreanos.shtml)

Isolamento, controle e mudanças (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/coreia-do-


norte-testa-mudancas-na-economia-para-nao-mudar-na-politica.shtml)

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mais-da-coreia-do-norte.shtml

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