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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método


Elementos Finitos e o Modelo de Winkler

David Eduardo Lourenço

Porto Alegre
2009
David Eduardo Lourenço

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UMA ESCAVAÇÃO:


COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO ELEMENTOS FINITOS E O
MODELO DE WINKLER

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Engenharia. Orientação: . Ph.D. Fernando Schnaid.

Porto Alegre
2009
DAVID EDUARDO LOURENÇO

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UMA ESCAVAÇÃO:


COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO ELEMENTOS FINITOS E O
MODELO DE WINKLER

Esta dissertação de mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA, Geotecnia, e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.

Porto Alegre, 4 de Agosto de 2009.

Prof. Fernando Schnaid


Ph. D. Oxford University, Reino Unido
Orientador

Prof. Marcelo Maia Rocha


Dr. Universitaet Innsbruck, Áustria
Orientador

BANCA EXAMINADORA

Prof. Edgar Odebrecht


Dr. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Prof. Karla Salvagni Heineck


Dra. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Prof. Nilo Cesar Consoli


Ph. D. Concordia University, Canadá

Prof. Rodrigo Caberlon Cruz


Dr. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Dedico este trabalho à memória do meu pai António, à minha
mãe Pié e à minha irmã Inês , a toda a nossa vivência.
AGRADECIMENTOS

Tenho a agradecer a realização desta dissertação de mestrado a todas as pessoas que


contribuiram para que se tenha tornado realidade e em especial, por ordem cronológica:

Ao professor José Alfeu Sá Marques que sugeriu o Brasil para realizar intercâmbio
académico;

Ao professor Jorge Nuno Almeida e Sousa que acreditou nas minhas competências e me
recomendou;

Ao professor Fernando Schnaid, meu orientador, cuja função desempenhou com primor e pela
sua amizade, consideração e grande sentido de humor demonstrados ao longo deste período
académico. Não posso deixar de referir a sua disponibilidade, que embora sendo muito
ocupado esteve sempre quando necessário. Obrigado;

Ao professor Marcelo Rocha, meu orientador, pela sua disponibilidade, dedicação e empenho
ao transmitir-me conhecimentos em especial de Matlab, sem os quais seria mais difícil
realizar a dissertação;

Ao professor Nilo Consoli pela amizade, consideração e disponibilidade demonstrados neste


período académico;

Às secretárias do PPGEC Liliane, Ana Luíza e Joseane pelo auxílio prestado;

Aos colegas do LEGG/ENVIRONGEO que me integraram como se fosse um deles;

Ao Rui e ao Vítor pale amizade e camaradagem com que vivemos estes magníficos seis meses
de intercâmbio no Brasil;

Ao Santiago e Andrea;

À minha mãe e irmã que suportaram este período da minha ausência e me deram toda a força
possível;
A primeira e a melhor das vitórias é a conquista de si mesmo.
Platão.
RESUMO

LOURENÇO, D. Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação Entre o Método


Elementos Finitos e o Modelo de Winkler. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
– Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

Apresenta-se neste trabalho o estudo numérico do processo executivo de cortinas de concreto


autoportantes em solos friccionais, usando duas abordagens distintas e complementares:
Método de Elementos Finitos (MEF) e o Modelo das Molas de Winkler (MMW). A simulação
que usa o MEF serve de base para estimativa de deslocamentos e momentos flectores
máximos, valores que são usados na validação das análises que empregam o MMW.
Para a análise de MEF foi usado o programa de cálculo Plaxis, específico para projetos
geotécnicos, que considera a linearidade constitutiva dos materiais e os fatores reológicos do
solo. Nestas análises o solo foi modelado como elástico-perfeitamente plástico com superfície
de rotura Mohr-Coulomb e para a cortina de concreto o modelo usado foi elástico linear.
A análise pelo MMW foi implementada no programa MATLAB para realizar um cálculo
prático e expedito que possibilite estimar os deslocamentos da cortina e conseqüentemente os
empuxos ativo e passivo mobilizados. O solo é representado por elementos de mola, elasto-
plásticos unidimensionais usando o modelo de Winkler, enquanto a cortina é configurada
como elemento viga com comportamento linear elástico.
Os parâmetros do solo usados nas análises foram escolhidos de forma a representar a faixa de
variabilidade de areias, buscando avaliar o desempenho da cortina através de análise
paramétrica. Os valores da primeira análise no programa Plaxis, correspondente à influência
dos valores de ângulo de atrito (φ´), coesão (c) e módulo de elasticidade (E), são mantidos
para posterior comparação com os da análise feita através do MATLAB e também para
calibração da rigidez das molas deste último. Nos dois modelos a rigidez da cortina de
concreto foi testada para valores de espessura distintos, respectivamente 40 e 60 centímetros.
Os deslocamentos são fortemente influenciados na primeira abordagem pelo módulo Young
do solo e ângulo de atrito, enquanto os momentos se mantêm aproximadamente constantes.
Como conclusão, apresenta-se uma recomendação para a determinação dos coeficientes de
rigidez do modelo de Winkler usado no MATLAB, possibilitando que esta abordagem seja
utilizada com forma simples e expedita de estimativa de momentos e deslocamentos de
estruturas de contenção.

Palavras-chave: método dos elementos finitos; modelo de molas de winkler; deslocamentos


máximos; momentos fletores; PLAXIS; MATLAB.
ABSTRACT

LOURENÇO, D. Numerical Simulation of Excavations: Comparisons Between Finite


Element Method and Winkler Model. 2009. M.Sc. Dissertation – Department of Civil
Engineering, UFRGS, Porto Alegre.

Numerical simulations of the excavation process of retaining walls are presented in this work
Two different and complementary approaches have been used: Finite Elements Method
(FEM) and the Winkler spring model (WSM). The FEM simulation serves as the basis for the
prediction of displacements and maximum bending moment, values that are later used to
validate the analysis with the WSM. Plaxis was used for run the FEM analysis considering the
retaining wall as linear elastic and the soil as elastic-perfectly plastic with the Mohr-Coulomb
failure criterion. The WSM analysis was implemented in MATLAB to achieve a practical and
expeditious calculation of retaining wall displacements and bending moments. In this program
the soil is represented as elastic-plastic spring elements using the Winkler model, while the
retaining wall is set to finite element beam with linear elastic behavior.
The soil parameters used in the analysis have been chosen to represent the range of variability
of sand parameters, trying to evaluate the retaining performance through parametric analysis.
The Plaxis values in the first analysis were designed to evaluate the influence of friction angle
(φ´), cohesion (c) and modulus of elasticity (E) and were later kept for comparisons with the
MATLAB analysis and for springs stiffness calibration. In both models the concrete stiffness
of the retaining wall was tested for different values of thickness, respectively 40 and 60 cm.
The displacements are strongly influenced in the first approach by soil Young modulus and
friction angle, while the second approach behavior is dominated by the Winkler springs
stiffness model and the friction angle. In conclusion, the work produces a series of
recommendations for determining the stiffness coefficients of the Winkler's model used in
MATLAB which are consider to produce displacements and bending moments that are
comparable to those estimated from a finite element model. This type of analysis produces a
straightforward way of accessing the performance of retaining wall bridging the gab of
geotechnical and structural analyses adopted in design.

Key-words: finite element method; Winkler spring model; maximum displacements; bending
moments; PLAXIS; MATLAB.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................15
1.1 APRESENTAÇÃO........................................................................................................15

1.2 HIPÓTESE E OBJETIVOS...........................................................................................16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................................................18


2.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE ESCAVAÇÕES ............................................18

2.1.1 Cortinas de Concreto ..................................................................................................19

2.2 INTERAÇÃO SOLO ESTRUTURA ............................................................................19

2.2.1 Carregamento nas Estruturas ......................................................................................20

2.2.1.1 Empuxo de terra.......................................................................................................20

2.2.2 Deslocamentos ............................................................................................................20

2.3 MÉTODOS DE CÁLCULO..........................................................................................22

2.3.1 Métodos Clássicos ......................................................................................................23

2.3.1.1 Método de Rankine..................................................................................................23

2.3.2 Métodos Modernos .....................................................................................................25

2.3.2.1 Método dos Elementos Finitos ................................................................................25

2.3.2.2 Modelo de Winkler ..................................................................................................26

3 MODELAÇÃO NO PLAXIS................................................................................................28
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .....................................................................................28

3.2 MODELOS CONSTITUTIVOS....................................................................................28

3.3 MODELO GEOMÉTRICO ...........................................................................................28

3.4 CÁLCULO NO PLAXIS...............................................................................................29

3.4.1 Parâmetros de entrada.................................................................................................29

3.3.2 Resultados...................................................................................................................32

4 MODELO DE WINKLER COM PLASTIFICAÇÃO ..........................................................39


4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................................39

4.2 SIMULAÇÃO NO MATLAB .......................................................................................41

4.2.1 Exemplo dos parâmetros de entrada do modelo híbrido no MATLAB......................42


4.2.3 Resultados do exemplo do modelo híbrido no MATLAB..........................................43

4.3 AJUSTE E CALIBRAÇÃO DO MODELO NO MATLAB .........................................47

4.3.1 Ajuste do modelo no MATLAB .................................................................................47

4.3.2 Calibração dos coeficientes KwA, KwP e K0 modelo no MATLAB.............................56

5 COMPARAÇÃO MATLAB VERSUS PLAXIS..................................................................59


5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .....................................................................................59

5.2 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO COM OS COEFICIENTES DEFINIDOS POR


EQUAÇÕES ........................................................................................................................61

5.3 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS..........................................................................63

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................68


6.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................68

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.........................................................69

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................70
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Experiências de Terzaghi associadas aos estados passivo e ativo, Fernandes
(1995). ......................................................................................................................................22
Figura 2.2 – Estados de equilíbrio limite ativo e passivo: a) circunferências de Mohr
representativas do estados limite e de repouso e direções das superfícies de cedência; b)
dedução das expressões de Ka e Kp, Fernandes (1995). ..........................................................24
Figura 3.1 – Esquema da geometria no PLAXIS para uma análise do estado plano de
deformações..............................................................................................................................29
Figura 3.2 – A geometria definida no plaxis pelo utilizador. ...................................................30
Figura 3.3 – Modelo geométrico do cálculo no plaxis. ............................................................31
Figura 3.4 – Malha deformada com os pontos de cálculo de tensões após a escavação. .........33
Figura 3.5 – Deslocamento vetorial do maciço geotécnico e da cortina após a escavação......33
Figura 3.6 – Pontos de plastificação do maciço geotécnico após a escavação.........................34
Figura 3.7 – Deslocamentos da cortina após a escavação:a) totais; b) horizontais. .................35
Figura 3.8 – Esfoços atuantes na cortina após a escavação: a) esforço axial; b) esforço
cortante; c) momento fletor. .....................................................................................................36
Figura 4.1 – Formas de representar de uma escavação: a)situação real; b) modelo de Winkler.
..................................................................................................................................................40
Figura 4.2 – Elemento viga com quatro graus de liberdade, Rocha (2009). ............................40
Figura 4.3 – Janela do programa MATLAB onde são fornecidos após o cálculo os resultados
que o utilizador pretende de imediato. .....................................................................................44
Figura 4.4 – Diagramas das tensões que atuam ao longo da cortina de concreto. ...................44
Figura 4.5 – Representação da rigidez do solo ao ongo da cortina de concreto.......................45
Figura 4.6 – Diagramas ao longo da cortina de concreto de a) deslocamentos; b) momento
fletor; c) esforço cortante..........................................................................................................46
Figura 4.7 – Diagramas de tensões atuantes nos elementos solo ao longo da cortina de
concreto. ...................................................................................................................................47
Figura 4.8 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 30˚...................................................................50
Figura 4.9 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de34˚....................................................................50
Figura 4.10 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 38˚...................................................................51
Figura 4.11 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 42˚...................................................................51
Figura 4.12 – Momentos fletores para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 30˚...................................................................52
Figura 4.13 – Momentos fletores para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 34˚...................................................................52
Figura 4.14 – Momentos fletores para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 38˚...................................................................53
Figura 4.15 – Momentos fletores para as três fases de escavação com duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 42˚...................................................................53
Figura 4.16 – Evolução do coeficiente de empuxo ativo calculado pela expessão de Rankine
comparado com a evolução do empuxo ativo resultante do ajuste manual no modelo
implementado no Matlab. .........................................................................................................54
Figura 4.17 – Evolução do quociente de KwA por Ka em função do quociente da altura de
escavação pela altura da cortina. ..............................................................................................54
Figura 4.18 – Evolução do coeficiente de empuxo passivo calculado pela expessão de
Rankine comparado com a evolução do empuxo passivo resultante do ajuste manual no
modelo implementado no Matlab. ............................................................................................55
Figura 4.19 – Evolução do quociente de KwP por Kp em função do quociente da altura de
escavação pela altura da cortina. ..............................................................................................55
Figura 4.20 – Evolução do quociente de KwA(ajuste) por KwA(função) em função do quociente
da altura de escavação pela altura da cortina............................................................................56
Figura 4.21 – Evolução do quociente de KwP(ajuste) por KwP(função) em função do quociente
da altura de escavação pela altura da cortina............................................................................57
Figura 5.1 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 30˚...................................................................64
Figura 5.2 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 34˚...................................................................64
Figura 5.3 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 38˚...................................................................65
Figura 5.4 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as duas rigidezes de parede
consideradas da areia com ângulo de atrito de 42˚...................................................................65
Figura 5.5 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com duas rigidezes de
parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 30˚. ......................................................66
Figura 5.6 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com duas rigidezes de
parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 34˚. ......................................................66
Figura 5.7 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com duas rigidezes de
parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 38˚. ......................................................67
Figura 5.8 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com duas rigidezes de
parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 42˚. ......................................................67
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Propriedades do solo usadas no plaxis ................................................................30


Tabela 3.2 – Propriedades da cortina usadas no plaxis ............................................................31
Tabela 2.3 – Dados de entrada (input) e saída (output) do programa de cálculo plaxis...........36
Tabela 4.1 – Valores de referência do PLAXIS e parâmetros ajustados do modelo de cálculo
no MATLAB- KwA, KwP e K0 ..................................................................................................48
Tabela 5.1 – Equações dos parâmetros de entrada usados no MATLAB. ...............................59
Tabela 5.2 – Resumo das Propriedades do solo usadas no MATLAB.....................................60
Tabela 5.3 – Resumo propriedades da cortina usadas no MATLAB. ......................................60
Tabela 5.4 – Síntese dos parâmetros obtidos pelas equações e resultados dos diferentes
programas de cálculo para todos os casos. ...............................................................................61
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

D: deslocamento do topo da cortina

Ec: módulo de young do concreto

EI : rigidez à flexão

Es: módulo de young do solo

f: ficha da cortina

G: módulo de distorção

b : espessura da cortina

Hesc: altura de escavação

Htot: altura total da cortina

K: coeficiente de empuxo, rigidez

K0: coeficiente de empuxo em repouso

K0: rigidez por área

Ka: coeficiente de empuxo ativo de Rankine

KwA: coeficiente ativo de Winkler

KwP: coeficiente passivo de Winkler

Kp: coeficiente de empuxo passivo de Rankine

M: momento fletor

R : rugosidade aparente solo-estrutura

νc: coeficiente de poisson do concreto

νs: coeficiente de poisson do solo

φ´: ângulo de atrito interno

γ: peso específico seco


15

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Abordagens convencionais de projetos geotécnicos de estruturas de contenção consideram


campos de tensões (empuxos calculados analiticamente) e avaliados por equilíbrio limite. A
abordagem recomendável seria a adoção de métodos numéricos para avaliar a distribuição de
tensões atuantes sobre estruturas de contenção. Estes esforços são posteriormente usados
como input em programas de cálculo estrutural para dimensionamento da estrutura. Entretanto
no cálculo estrutural os esforços são substituídos por coeficientes elásticos no modelo de
winkler que não representam a distribuição de esforços na sua integridade. O presente
trabalho procura conhecer o campo de tensões, deformações e programas de cálculo
estrutural, verificando as hipóteses adotadas no modelo de winkler para, com um modelo
simplificado de molas, aprimorar o projeto estrutural, compatibilizando-o ao projeto
geotécnico. Esta abordagem é possível através de calibração entre o modelo de winkler e o
método dos elementos finitos.

A presente dissertação de mestrado relaciona-se ao estudo realizado através de duas análises


numéricas utilizando o Método dos Elementos Finitos e o Modelo das Molas de Winkler no
MATLAB, simulando uma escavação com cortina flutuante de concreto e comparação de
resultados entre os programas computacionais usados para cada método, em solos arenosos
friccionais, não saturados.

As estruturas de suporte flexíveis autoportantes são executadas com freqüência na solução de


obras de engenharia geotécnica, definitivas ou provisórias, até uma altura de escavação
máxima em torno de seis metros e que não seja necessário limitar os deslocamentos nos
maciços geotécnicos adjacentes à escavação em função da ocupação ou uso dos mesmos. Para
alturas maiores este tipo de solução de contenção de escavações torna-se economicamente
inviável, uma vez que a ficha da estrutura desempenha um papel importante na sua

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
16

estabilidade e como conseqüência sua dimensão impacta a relação custo-benefício impondo o


uso de linhas de tirantes.

O programa de cálculo numérico PLAXIS tem por base o Método de Elementos Finitos,
sendo específico para análises de deformações e estabilidade de projetos geotécnicos. Nas
simulações utilizam-se diferentes modelos constitutivos com tensão/deformação linear,
incluindo fenômenos reológicos que possibilitam avaliar diferentes trajetórias de tensões.

O software MATLAB é uma linguagem de programação que possibilita diversos


procedimentos de cálculo, funções e gráficos integrados, sendo portanto produtivo na criação
de executáveis (scripts). Na programação do script de MATLAB, específico para o caso de
cortinas o cálculo da deformada, foi desenvolvido um processo iterativo de convergência
rápida, considerando a existência de redistribuição de tensões no solo à medida que são
atingidos os limites de plastificação do mesmo, considerando a sua não linearidade.

1.2 HIPÓTESE E OBJETIVOS

O principal objetivo deste trabalho consiste na previsão dos deslocamentos horizontais do


topo da cortina e nos valores do momento flector máximo observados durantes as fases de
escavação de estruturas de contenção.

Este objectivo foi atingido através das seguintes etapas:

• Rodar os casos de escavação usando o programa PLAXIS para obter valores de


referência de momentos flectores e deslocamentos no topo da cortina;

• Rodar os casos de escavação usando o script do programa MATLAB;

• Comparação de resultados do PLAXIS com os de MATLAB, através de uma análise


paramétrica que possibilite determinar os parâmetros do modelo de Winkler para
estimativas de projeto.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


17

O capítulo II trata da revisão bibliográfica sobre cortinas de concreto e os mecanismos


associados à interação solo-estrutura pretendendo conjugar os aspectos relativos aos métodos
e reunir conhecimento sobre trabalhos relacionados com a mesma. No capítulo III são
descritos o procedimento numérico, os modelos constitutivos dos materiais no programa e são
ainda apresentados os resultados da simulação no programa PLAXIS. O capítulo IV
caracteriza a modelação no MATLAB referindo também o procedimento numérico e os
modelos constitutivos dos materiais. No capítulo V são estabelecidas comparações entre os
dois programas de cálculo. E por fim no capítulo VI são apresentadas as conclusões e
sugestões para trabalhos futuros.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta trata dos principais pontos teóricos relacionados com suporte de escavações por
estruturas de contenção em concreto armado, bem como os métodos numéricos empregues em
algumas análises e compreensão dos mecanismos de interação solo estrutura presentes nas
mesmas. Relativamente às estruras de contenção é dada especial atenção às cortinas flutuantes
por ser objeto de estudo nesta dissertação de mestrado. Outros métodos numéricos são
referidos, mas com maior aprofundamento os que empregam os elementos finitos com o
modelo de molas de Winkler na representação do solo.

2.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE ESCAVAÇÕES


Quando se realiza uma escavação e o solo por si próprio não consegue permanecer estável e
se encontra na iminência de romper, ou quando é necessário limitar os deslocamentos
resultantes tem que ser feita uma correta e adequada contenção da escavação, que pode ser
designada conforme a sua utilidade, tipo construtivo e pelos elementos necessários na sua
execução. Algumas explicações claras e breves são apresentadas em seguida:

Contenção, estrutura ou elemento que se destinam a suportar empuxos ou acréscimos de


tensões originadas pela alteração do estado de equilíbrio que um maciço se encontra, por
execução de eventual escavação, corte ou aterro.

Cortina, é um tipo de contenção podendo esta ser flutuante, ancorada ou apoiada noutra
estrutura a fim de limitar fortemente os deslocamentos. Geralmente é constituída por pranchas
demadeira, perfis de aço ou concreto armado.

Tardoz ou Parede, é a parte da cortina que contata diretamente com a massa de solo a ser
contida.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


19

Ficha, é uma parte da altura da cortina que não é alvo de escavação.

A classificação das estruturas de contenção varia de acordo com os materiais usados na


construção, o processo construtivo e deslocamentos inerentes, estando em destaque neste
trabalho a cortina de concreto autoportante.

2.1.1 Cortinas de Concreto

As cortinas flutuantes de concreto geralmente são executadas na forma de paredes moldadas,


estacas secantes ou estacas afastadas, sendo determinada a melhor opção dependendo de
diversas variáveis de projeto. Aqui caraterizo as paredes moldadas, que resultam da
concretagem submersa com recurso a tremonha em trincheiras escavadas de espessura
pequena e cuja estabilidade, durante a construção, é garantida pela injeção de uma suspensão
estabilizante em água, denominada de “lama bentonítica”. Esta por sua vez permite a
colocação da armadura na posição definitiva e posterior concretagem do espaço que será
ocupado pela cortina. A parede moldada é executada em trechos próximos de dois a três
metros os quais se recomenda que sejam escavados alternadamente, podendo ser também
escavados continuamente.

O dimensionamento das cortinas de concreto deve respeitar a NBR-6118 e de acordo com os


aspetos construtivos “in situ” é prática comum o dimensionamento à flexão considerando o
momento fletor máximo. Em relação ao corte as cortinas são dimensionadas como se tratasse
de uma viga, sendo usados estribos para o efeito. É comum na distribuição das armaduras
variar o diâmetro das barras e o espaçamento ao longo da altura da cortina.

Em caso de ocorrência em simultâneo de esforços de flexão a compressão na cortina, os


painéis que a compõem devem ser dimensionados à flexão composta, isto caso esta condição
seja mais desfavorável que o dimensionamento à flexão simples, não esquecendo no cálculo
todas as combinações de esforços possíveis.

2.2 INTERAÇÃO SOLO ESTRUTURA


Os métodos práticos de dimensionamento de interação solo estrutura, o método direto, o da
sobreposição de efeitos e as disposições regulamentares de cada país procuram retratar o

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
20

modo como a estrutura e o solo se conjugam um em relação ao outro, ou seja, como se


movimentam e a influência mútua.

Trabalhos recentes tornam claro que a relação tensão-deformação é não linear inclusive para
deformações pequenas, ao contrário da linearidade nesta relação que foi aceite durante muitos
anos.

Aktinson et al. (1990) e Aktinson & Sällfors (1991) questionaram as circunstâncias


envolvidas com a rigidez do solo, e concluiram que na maioria dos casos esta decresce com o
aumento de deformações e para pequenas deformações, o histórico de tensões e ou
deformações do solo condiciona sua rigidez.

Burland et al. (1979) sugerem que os alívio de tensões verticais e horizontais são responsáveis
pelos movimentos do solo e sua grandeza não depende exclusivamente do estado de tensões,
contribuindo também para isso a rigidez do solo.

2.2.1 Carregamento nas Estruturas

Independente do tipo de obra, o carregemento no elemento estrutural a que as estruturas de


escavação e contenção ficam sujeitas é normalmente constituido por três componentes:
empuxo de terra, empuxo originado por sobrecargas externas e empuxo originado pela
posição do nível freático. Como não está aplicada sobrecarga e o solo considerado nas
análises não é saturado, apenas se considera o empuxo de terra a atuar na estrutura.

2.2.1.1 Empuxo de terra

Durante as fases de escavação, o empuxo de terra e a distribuição das tensões ao longo da


cortina de concreto dependem da interação solo-estrutura e provocam deslocamentos
horizontais na mesma, que provoca uma nova distribuição do empuxo e seu valor ao longo de
cada fase. Por sua vez, carregamento do elemento estrutural dependerá das suas
características reológicas e geométricas por integrar um sistema estaticamente indeterminado.

2.2.2 Deslocamentos

Os deslocamentos induzidos quando a execução da estrutura são importantes no projeto


geotécnico, porque a escavação do solo leva à ocorrência de deslocamentos verticais e

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


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horizontais que podem ser suficientes para provocar danos em edificações, infraestruturas ou
equipamentos localizados nas proximidades da escavação.

Os deslocamentos resultantes da alteração do estado de tensões in situ, resultantes do alívio


que o corte produz no solo são dependentes da rigidez, do ângulo de atrito do mesmo e da
estrutura de contenção, mas são também enormemente influenciados pela qualidade de
execução da obra, são conhecidos como os deslocamentos de curto prazo.

Outros deslocamentos de solo são associados a processos de drenagem e seguinte


adensamento, são eles os deslocamentos de longon prazo, que são notados em contenções de
solos abaixo do nível freático, podendo ser mais gravosos que os de curto prazo. Reffatti
(2002) refere que em solos aluvionares saturados, orgânicos, compressíveis, os
deslocamentos de longo prazo são muito superiores aos de curto prazo e a extensão da
magnitude e a extensão da área afetada é maior, sendo usada e teoria do adensamento dos
solos com os respectivos parâmetros constitutivos correspondentes para os prever. Nesta
dissertação os deslocamentos a considerar são os de curto prazo porque não há interseção do
nível freático pela contenção.

A figura 2.1 resulta das experiências de Terzeghi a propósito das deformações de paredes
associadas aos estados limite ativo e passivo onde se representa o deslocamento que é
necessário que ocorra para que sejam mobilizados os respetivos empuxos. Os deslocamentos
oscilam entre os 5 a 20% e 0,1 a 0,2% da altura do paramento, para que ocorra instalação do
estado limite passivo e ativo, respetivamente, Fernandes (1995).

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
22

Figura 2.1 – Experiências de Terzaghi associadas aos estados passivo


e ativo, Fernandes (1995).

2.3 MÉTODOS DE CÁLCULO


A quantificação das pressões de terras sobre estuturas flexíveis reveste-se, à partida de uma
complexidade acrescida devido ao elevado grau de hiperestaticidade de o problema de
interação entre a estrutura e o solo, no entanto ao longo dos tempos vários autores e de
maneiras distintas defenderam inúmeros métodos de cálculo destinados às estruturas de
contenção. Métodos estes que se podem enquadrar numa classificação mais abrangente, sendo
dividida em dois grandes grupos básicos e diferentes.

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23

2.3.1 Métodos Clássicos

Os mais conhecidos são os de Rankine e Coulomb cujas teorias permitem, com base em
parâmetros geotécnicos vulgares, o cálculo de empuxos ativos e passivos. Estes métodos de
fácil interpretação e simples continuam sendo aplicados a pequenos e médios projetos de
obras, podendo também ser usados para anteprojetos de grandes obras. São métodos de
dimensionamento directo, ou seja, como resultado obtém-se as dimensões da estrutura e
baseiam-se nos parâmetros de resistência ao corte, ângulo de atrito, coesão e massa específica.
É feita referência a um dos mais conhecidos.

2.3.1.1 Método de Rankine

Torna possível o cálculo de empuxo ativo para solos com atrito e coesão sobre um paramento
supondo que o maciço está em estado de equilíbrio limite e cujas fórmulas podem ser
deduzidas a partir do círculo de Mohr. Fernandes (1995) refere que método de Rankine
assenta nos seguintes princípios:

O maciço é puramente friccional;

A superfície do terreno é horizontal;

O paramento é vertical e rígido;

É nulo o atrito entre o solo e o paramento.

E ainda sendo γ o peso específico do solo, as tensões atuantes no paramento na profundidade


z, para um maciço homogéneo e sem presença de àgua, são de acordo com a seguinte
expressão:

σ′hz=Kσ′vz=Kγggggz

que resulta num diagrama de pressões triangular e em que o coeficiente de impulso (ativo ou
passivo) é K cujas expressões são as deduzidas da figura 2.2.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
24

Figura 2.2 – Estados de equilíbrio limite ativo e passivo: a)


circunferências de Mohr representativas do estados limite e de
repouso e direções das superfícies de cedência; b) dedução das
expressões de Ka e Kp, Fernandes (1995).

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25

A resultante das pressões atuantes num maciço homogéneo até uma determinada
profundidade, h, designa-se por impulso (ativo ou passivo) e resulta da integração, das
mesmas, entre a superfície e a profundidade h:

I=0hKσ′vdz= 0hKγggggzdz=12 Kγh2gggg

Com o respetivo ponto de aplicação a 2/3ℎ.

2.3.2 Métodos Modernos

Mais conhecidos como métodos de análise numérica. procurando desenvolver processos de


cálculo (algoritmos), utilizando uma sequência finita de operações aritméticas básicas, de
forma a que certos problemas matemáticos se tornem exequíveis. Estes algoritmos envolvem,
em geral, um grande número de cálculos aritméticos. É normal que com o rápido crescimento
das potencialidades dos computadores digitais, o papel dos métodos numéricos na resolução
de problemas de engenharia tenha sofrido grande incremento. Existem métodos utilizados na
resolução numérica de problemas matemáticos, realçando suas potencialidades e condições
práticas de aplicação a problemas de engenharia que são, em geral, os que não têm soluções
analíticas ou, também, os problemas cujas soluções analíticas são matematicamente
trabalhosas ou de dificil obtenção. Na análise de escavações, recorrendo a estes métodos, é
possível considerar a deformabilidade dos solos e das contenções dando origem a cálculos de
interação solo-estrutura. Os métodos numéricos empregues no trabalho são referidos a seguir.

2.3.2.1 Método dos Elementos Finitos

O método dos elementos finitos (MEF) é uma forma de resolução numérica de um sistema de
equações diferenciais parciais e cuja região de análise é dividida em elementos discretos e
cada um tem pontos nodais comuns com outros elementos. No seu interior encontram-se
pontos de cálculo de tensão que estão relacionados com os delocamentos nos nós, Clayton et
al.(1993). No caso de escavações de contenções é usado normalmente para calcular, através
dos pontos de integração dentro dos elementos, o momento fletor, esforço de corte e
deslocamentos da estrutura de contenção e deslocamentos e pontos de plastificação do maciço
de solo, considerando o solo contínuo com comportamento isotrópico linear. Segundo Lim e

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
26

Briaud (1996) o MEF simula o modo de deformação e determina a ação de vários fatores na
deflexão da cortina, que incluem o embutimento da ficha e a rigidez da mesma. A análise
através deste método é feita no estado plano de deformação (plano bidimensional), apesar da
realidade ser tridimensional cuja modelação é difícil e complexa de ser realizada. A
distribuição final de tensões na cortina não é uniforme devido à variação de tensões impostas
pelo carregamento em cada fase de escavação, resultando o arqueamento da cortina de
contenção, Ng et al. (1995). É importante definir corretamente a localização dos limites de
contorno da simulação para que sua influência seja mínima nos resultados.

2.3.2.2 Modelo de Winkler

Também conhecido como o modelo do módulo de reação das molas, considera a cortina como
uma viga vertical, muitas vezes com a rigidez constante com a profundidade e pode usar uma
aproximação para a equação da viga pelo método das diferenças finitas ou elementos finitos,
no qual os materiais são representados por zonas numa grelha de pontos em que o utilizador
define a geometria do solo e da parede a ser modelado, descrevendo em cada zona um
comportamento padrão de tensão-deformação e os pontos da grelha servem para calcular
deslocamentos, forças, esforços e deformações. Clayton et al.(1993) referem que as cargas são
aplicadas na viga em diversos níveis de discretização através de molas que caracterizam o
comportamento do solo. Tendo como fim chegar a uma boa solução a viga é discretizada num
grande número de segmentos. Para caraterizar o solo como sendo homogeneo e com
comportamento istotrópico elástico linear contínuo são necessários no mínimo dois
parâmetros (Es e νs ou G e K) para o definir completamente. O modelo de Winkler através de
um parâmetro, K(módulo de reação da mola), não consegue capturar completamente o
comportamento do solo. No modelo a rigidez do solo é caraterizada pela reação da mola e é
geralmente expressa em termos de força/área/deslocamento ou pressão/deslocamento que é a
constante da mola e a sua magnitude é limitada pelos seus valores ativo e passivo nos
diferentes níveis da cortina, isto para que a carga não seja distribuida só pela sua rigidez, mas
também pela cedência das molas. Terzaghi (1955) escreveu que não há relação direta entre o
módulo de young do solo e o módulo de reação da mola, e refere ainda que o módulo de
reação da mola deve ser obtido a partir da experiência. O cálculo da deformada é um
processo iterativo com rápida convergência, considerando a redistribuição de tensões no solo
na medida em que os limites de plastificação das molas são atingidos.

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27

Um número de pessoas não gosta de usar o conceito do módulo de reação, prefere usar o Es
em análises pelo métodos dos elementos finitos. A experiência de autores usando ambos, o
método o dos elementos finitos e o conceito do módulo de reação, é que, até que o estado de
arte melhore de modo que os valores exatos do Es possam ser obtidos, o método do módulo
de reação é preferido pela sua maior facilidade de utilização e pela poupança no tempo de
cálculo, Bowles (1998).

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
28

3 MODELAÇÃO NO PLAXIS

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O PLAXIS é um programa comercial de elementos finitos usado para simular desempenhos


de obras geotécnicas e os movimentos de maciços adjacentes. Emprega no cálculo diferentes
modelos constitutivos de materiais, tendo sua validade amplamente testada e verificada
através da simulação de soluções fechadas, comparações com resultados obtidos de outros
programas de elementos finitos e verificação de monitoramento de obras de engenharia.

3.2 MODELOS CONSTITUTIVOS


Na presente análise o modelo elástico perfeitamente plástico com superfície de rotura Mohr-
Coulomb é adotado para o solo, enquanto o modelo linear elástico é utilizado para a cortina
de concreto. Solicitações externas provocam rearranjo das partículas componentes do solo
que, quando superiores às forças de atrito resultantes dos pontos de contato, conduzem a
deformações e alteração do estado de tensão no maciço. As alterações nos campos de tensões
e deformações podem produzir elevadas deformações plásticas e podem levar o solo à
ruptura.

3.3 MODELO GEOMÉTRICO


O Modelo geométrico para uma análise do estado plano de deformações consiste em uma
malha de elementos triangulares definida automaticamente pelo PLAXIS, possuindo nesta
análise quinze nós, para os quais são calculados os deslocamentos e doze pontos, para os
quais são calculadas as respetivas tensões. A geometria da obra é definida pelo usuário através
de segmentos de recta, pontos e também por elementos prontos, parcialmente definidos no
programa, cujas caraterísticas e localização competem ao usuário estabelecer. Os elementos
prontos que aqui simulam a cortina de concreto têm por base a teoria viga de Mindlin que

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permite atribuir deflexões devido à flexão e ao esforço cortante. A interface solo-estrutura é


simulada atribuindo-se um valor à rugosidade da interação entre zero e um, do liso ao rugoso,
respectivamente. A rugosidade(R) adotada foi de 0,7. A escavação tem uma profundidade de
cinco metros e considera-se uma condição de deformação plana. Considerando uma ficha de
cinco metros para a cortina, tem-se um elemento de concreto de dez metros de comprimento.
Ilustrações esquemáticas da geometria da cortina e do intput do Programa Plaxis são
mostradas nas Figuras 3.1 e 3.2.

Figura 3.1 – Esquema da geometria no PLAXIS para uma análise do


estado plano de deformações.

3.4 CÁLCULO NO PLAXIS

3.4.1 Parâmetros de entrada

Tendo por base o esquema da figura anterior foram simulados 24 casos no Plaxis, sendo doze
para uma rigidez à flexão da cortina de 1,600E+05 KNm2/m, com b=0,4m, e outros doze
rigidez de 5,400E+05 KNm2/m, com b=0,6m. Para cada um dos dois conjuntos de casos

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
30

referidos foram usados quatro ângulos de atrito (φ´) da areia, correspondendo a 30˚, 34˚,38˚ e
42˚. Para cada ângulo de atrito, variou-se o módulo de Young (Es) com valores de 4MPa,
20MPa e 40MPa. O módulo de Young do concreto (E) é adotado como 30GPa.

Figura 3.2 – A geometria definida no plaxis pelo utilizador.

As propriedades dos materiais que constituem o modelo geométrico são apresentadas nas
Tabelas 3.1 e 3.2.

Tabela 3.1 – Propriedades do solo usadas no plaxis


Parâmetros do solo Designação Valor Unidade
Modelo do material Mohr-Coulomb -- --
4 MPa
Módulo de Young Es 20 MPa
40 MPa
Coeficiente de poisson νs 0,25 --
Peso volúmico específico γ 16 KN/m3
30 ˚
34 ˚
Ângulo de atrito φ´
38 ˚
42 ˚
Coeficiente de empuxo em repouso K0 0,441 --
Rugosidade ISS R 0,7 --

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Tabela 3.2 – Propriedades da cortina usadas no plaxis


Parâmetros da cortina Designação Valor Unidade
Modelo do material Elástico linear -- --
Módulo de Young Ec 30 GPa
Coeficiente de poisson νc 0,15 --
Peso volúmico específico γ 25 KN/m3
EI 1,60E+05 KN.m2/m
Rigidez à flexão
EI 5,40E+05 KN.m2/m

Na Figura 3.3 é apresentado o modelo geométrico composto pela malha de elementos finitos
triangulares, pelos nós representados por cruzes vermelhas, pelos pontos de tensão a roxo e
pelo elemento pronto que representa a cortina. Também se podem ver os cinco níveis de
escavação que se encontram delimitados na horizontal por segmentos de reta azuis.

Figura 3.3 – Modelo geométrico do cálculo no plaxis.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
32

As fases do modelo de cálculo no Plaxis foram estabelacidas na sequência seguinte:

Fase I- Implantação da cortina no maciço de solo;

Fase II- Escavação até à profundidade de 1 m;

FaseI II- Escavação até à profundidade de 2 m;

Fase IV- Escavação até à profundidade de 3 m;

Fase V- Escavação até à profundidade de 4 m;

Fase VI- Escavação até à profundidade de 5 m.

Os deslocamentos horizontais do topo da cortina para as fases IV, V e VI, assim como os
momentos fletores máximos actuantes, serão posteriormente comparados aos estimados pelo
modelo de Winkler.

Depois de rodados os casos no PLAXIS que resultaram das várias combinações dos
parâmetros geotécnicos, são apresentados em seguida exemplos da malha deformada após a
escavação, dos deslocamentos do sistema solo-cortina, dos pontos de plastificação do solo e
dos diagramas de deslocamentos totais, horizontais e de momentos fletores da cortina. Foi
escolhido o caso em que a areia tem um ângulo de atrito de 30˚ e um módulo de Young de
4GPa, para uma espessura da parede de 40cm.

3.3.2 Resultados

A malha de elementos finitos deformada após a execução da escavação aparece na Figura 3.4.
Verifica-se que ocorreram deslocamentos da cortina e da massa de solo. No rodapé da figura
o programa indica o deslocamento máximo da malha de elementos e número de vezes que a
malha foi aumentada para melhor visualizar.

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33

Figura 3.4 – Malha deformada com os pontos de cálculo de tensões


após a escavação.

Na Figura 3.5 os delocamentos do maciço geotécnico e da cortina estão representados por


vetores que indicam a direção, sentido e grandeza dos deslocamentos. Onde há grande
concentração de vetores significa que a malha é mais refinada, indicando que o número de
interpolações aumenta, otimizando a precisão dos resultados.

Figura 3.5 – Deslocamento vetorial do maciço geotécnico e da cortina


após a escavação.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
34

O programa fornece a visualização dos pontos onde o maciço plastificou. É evidente na


Figura 3.6 que a plastificação ocorreu dentro da potencial superfície de rotura descrita na
literatura e a concentração dos pontos não representa ruptura.

Figura 3.6 – Pontos de plastificação do maciço geotécnico após a


escavação.

A figura seguinte indica em detalhes os deslocamentos totais e horizontais que seguem o


padrão deste tipo de estruturas de contenção de escavações e ainda os seus valores máximos
que se encontram no rodapé da figura.

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Figura 3.7 – Deslocamentos da cortina após a escavação:a) totais; b)


horizontais.

Para efetuar o dimensionamento estrutural é importante e necessário que o engenheiro


conheça os esforços que atuam na estrutura. São eles o esforço axial, o cortante e o momento
fletor. Os diagramas referentes a esses esforços são também fornecidos pelo PLAXIS e
encontram-se na Figura 3.8, que no seu rodapé tem descriminados os valores máximos para
cada esforço.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
36

Figura 3.8 – Esfoços atuantes na cortina após a escavação: a) esforço


axial; b) esforço cortante; c) momento fletor.

É apresentado um quadro síntese com os valores dos parâmetros de entrada (input) e os


correspondentes valores dos dados de saída (output) do programa computacional PLAXIS.
Nele constam como input o ângulo de atrito (φ´), o módulo de Young do solo (Es), a ficha da
cortina (f), a altura de escavação (H) e a espessura da cortina (b). Como output aparece o
deslocamento máximo (D) e o momento fletor máximo (m).

Tabela 2.3 – Dados de entrada (input) e saída (output) do programa de


cálculo plaxis.
Caso INPUT OUTPUT
Número
φ´ Es (MPa) f (m) H (m) b (m) D (m) M (KN.m/m)
1 30 4 5 5 0,4 0,108278 132,623
2 30 4 5 5 0,6 0,096925 133,030
3 30 20 5 5 0,4 0,033961 130,330
4 30 20 5 5 0,6 0,023226 132,390
Caso INPUT OUTPUT

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Número φ´ Es (MPa) f (m) H (m) b (m) D (m) M (KN.m/m)


5 30 40 5 5 0,4 0,024349 128,420
6 30 40 5 5 0,6 0,014005 132,020
7 34 4 5 5 0,4 0,074683 100,700
8 34 4 5 5 0,6 0,066606 100,780
9 34 20 5 5 0,4 0,02405 100,600
10 34 20 5 5 0,6 0,016114 100,960
11 34 40 5 5 0,4 0,017406 99,760
12 34 40 5 5 0,6 0,009822 101,640
13 38 4 5 5 0,4 0,052035 73,360
14 38 4 5 5 0,6 0,0466 73,460
15 38 20 5 5 0,4 0,017245 74,730
16 38 20 5 5 0,6 0,011286 73,980
17 38 40 5 5 0,4 0,012797 75,940
18 38 40 5 5 0,6 0,006769 73,340
19 42 4 5 5 0,4 0,040125 58,390
20 42 4 5 5 0,6 0,036061 58,630
21 42 20 5 5 0,4 0,012568 57,180
22 42 20 5 5 0,6 0,008535 57,770
23 42 40 5 5 0,4 0,008045 56,360
24 42 40 5 5 0,6 0,005097 57,040
25 30 4 6 4 0,4 0,038799 63,983
26 30 4 6 4 0,6 0,034645 64,991
27 30 20 6 4 0,4 0,012335 62,550
28 30 20 6 4 0,6 0,008347 63,540
29 30 40 6 4 0,4 0,008862 62,310
30 30 40 6 4 0,6 0,005019 62,630
31 34 4 6 4 0,4 0,028598 47,830
32 34 4 6 4 0,6 0,025788 48,510
33 34 20 6 4 0,4 0,008775 46,260
34 34 20 6 4 0,6 0,006122 47,550
35 34 40 6 4 0,4 0,006157 46,130
36 34 40 6 4 0,6 0,003642 46,860
37 38 4 6 4 0,4 0,022088 36,480
38 38 4 6 4 0,6 0,019999 36,690
39 38 20 6 4 0,4 0,006525 35,130
40 38 20 6 4 0,6 0,004709 36,440
41 38 40 6 4 0,4 0,00456 35,470
42 38 40 6 4 0,6 0,00276 35,860
43 42 4 6 4 0,4 0,017034 27,650
44 42 4 6 4 0,6 0,015628 27,840
45 42 20 6 4 0,4 0,004951 27,460
46 42 20 6 4 0,6 0,003585 27,500
47 42 40 6 4 0,4 0,003387 27,670
48 42 40 6 4 0,6 0,002077 27,240
49 30 4 7 3 0,4 0,014934 27,508
Caso INPUT OUTPUT

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Número φ´ Es (MPa) f (m) H (m) b (m) D (m) M (KN.m/m)


50 30 4 7 3 0,6 0,013746 28,240
51 30 20 7 3 0,4 0,004135 25,270
52 30 20 7 3 0,6 0,003149 27,140
53 30 40 7 3 0,4 0,002682 24,310
54 30 40 7 3 0,6 0,001796 26,190
55 34 4 7 3 0,4 0,011307 20,430
56 34 4 7 3 0,6 0,010579 20,850
57 34 20 7 3 0,4 0,003001 19,110
58 34 20 7 3 0,6 0,00236 20,170
59 34 40 7 3 0,4 0,001894 18,320
60 34 40 7 3 0,6 0,001324 19,630
61 38 4 7 3 0,4 0,008373 14,880
62 38 4 7 3 0,6 0,007993 15,100
63 38 20 7 3 0,4 0,002105 14,160
64 38 20 7 3 0,6 0,001733 14,770
65 38 40 7 3 0,4 0,001291 13,600
66 38 40 7 3 0,6 0,00095 14,480
67 42 4 7 3 0,4 0,006123 11,270
68 42 4 7 3 0,6 0,005977 11,320
69 42 20 7 3 0,4 0,001438 10,800
70 42 20 7 3 0,6 0,001242 11,090
71 42 40 7 3 0,4 0,000854 10,280
72 42 40 7 3 0,6 0,000664 11,030

Os resultados obtidos através do programa PLAXIS e mantidos para calibração da rigidez das
molas do modelo de winkler no MATLAB foram os valores de deslocamentos horizontais no
topo da cortina (D) e os momentos fletores máximos (M) para os três últimos níveis de
escavação, correspondendo aos três, quatro e cinco metros de profundidade, respectivamente.
O número de casos a ser rodado no MATLAB são 72, compatíveis com os 24 casos do
PLAXIS para cada um dos três diferentes níveis de escavação.

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4 MODELO DE WINKLER COM PLASTIFICAÇÃO

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


A metodologia adotada no software MATLAB foi programada pelo professor Marcelo Maia
Rocha, UFRGS, e pretende descrever o comportamento de uma cortina de concreto flutuante
que serve de contenção para escavações. Rocha (2009) refere que na modelação, o solo é
representado por elementos de mola elasto-plásticos unidimensionais, conforme visualizado
na figura 4.1 (b), em que sua rigidez resulta da combinação do modelo de Winkler com
plastificação das molas, considera uma relação elástico-linear para as molas, com as tensões
limite ativa e passiva do solo, garantindo a não linearidade do seu comportamento. A parede é
modelada com elementos finitos tipo viga, elásticos não lineares, com dois graus de liberdade
por nó (desprezam-se as deformações por compressão axial). O comprimento do elemento de
discretização é definido por segmentos de reta com 5cm, que garantem um bom nível de
precisão para o problema. A representação deste elemento é apresentada na Figura 4.2.

Como a rigidez do solo pode diminuir, o processo de cálculo no MATLAB é iterativo até ser
obtida convergência. Se esta não se verificar, significa que existe instabilidade no sistema e
que é necessário proceder a alterações do projeto. O campo de tensões final corresponde ao de
uma abordagem híbrida, no qual o modelo de Winkler restringe-se apenas às regiões não
plastificadas. Num correto dimensionamento, a maior parte do solo deve atingir as tensões
limite ativa e passiva, minimizando a importância de uma estimativa precisa dos parâmetros
de rigidez, os quais apresentam um maior grau de incerteza.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
40

Figura 4.1 – Formas de representar de uma escavação: a)situação real;


b) modelo de Winkler.

Alonso (2003) refere que o modelo de Winkler é o que tem sido mais usado no estudo de
deslocamentos e esforços, tendo sido interpretados e publicados maior número de trabalhos do
que, como exemplo, o método de elementos finitos. A mesma opinião é sustentada por
Bowles (1998), que embora reconheça as vantagens do uso de MEF re-intera a dificuldade de
obter valores de Módulo de Young E (e Coeficientes de Poisson) de projeto capazes de
reproduzir os padrões de deformações observados in loco.

Figura 4.2 – Elemento viga com quatro graus de liberdade, Rocha


(2009).

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


41

4.2 SIMULAÇÃO NO MATLAB

O script de entrada de dados no MATLAB é em seguida transcrito e sublinhados aparecem os


parâmetros que o usuário tem que introduzir para simular a escavação. Tudo o que aparece a
seguir ao símbolo da percentagem funciona como comentário, ajudando o usuário, não
interferindo com o procedimento do cálculo. Depois de introduzidos, os dados do script são
gravados e em seguida é rodado no programa MATLAB. Os parâmetros de entrada da cortina
são a sua altura e espessura, o comprimento de discretização do elemento viga e o módulo de
Young do concreto. Para o solo os parâmetros são a profundidade do nível freático (nesta
dissertação não foi considerado), a cota do fundo de cada camada, a profundidade de
escavação, o peso específico da água, o ângulo de atrito, o peso específico do solo, a coesão, a
rigidez por área K0 e os coeficientes adimensionais KwA (coeficiente ativo de winkler) e KwP
(coeficiente passivo de winkler). O número de iterações compete ao usuário definir e neste
caso são 20.

Procedimento de cálculo da deformação da parede é resumido a seguir:

• Primeiro é calculada a tensão vertical ao longo do comprimento da parede e


consequentemente as tensões horizontais, a pressão neutra (na presente modelagem
não é considerada) e os limites ativo e passivo;

• É criada a matriz rigidez do trecho de parede e a rigidez do solo é acrescentada na


diagonal da matriz;

• As tensões horizontais iniciais do solo são adicionadas nos termos correspondentes do


vetor de cargas;

• O sistema é resolvido e são conhecidos os deslocamentos da cortina;

• Com os deslocamentos determinados, são calculadas as tensões nos elementos solo.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
42

4.2.1 Exemplo dos parâmetros de entrada do modelo híbrido no MATLAB

Exemplo de entrada de parâmetros para uma areia de 30˚, de peso específico 16 KN/m3, com
espessura de parede de 40cm e para uma escavação de 5m de profundidade e com K0, KwA e
KwP correspondentes ao solo rodado no PLAXIS com módulo de Young de 4GPa.

%=================================================================
=======
%=================================================================
=======
% ANALISE DE UMA PAREDE DIAFRAGMA FLUTUANTE - Memoria de Calculo
%
% ***** OBRA *****
%=================================================================
=======
%=================================================================
=======
clear; clc;
%=================================================================
=======
% 1. Dados gerais sobre a parede
%------------------------------------------------------------------------
ep = 0.400; % Espessura da parede (m)
hp = 10.00; % Altura total da parede (m)
Dz = 0.050; % Comprimento de discretizacao (m)
Ec = 30.00; % Modulo de Young do concreto (GPa)
q0 = 0.000; % Sobrecarga na cota zero (tf/m2)

gW = 1.000; % Peso especifico da agua (tf/m3)


zW = 15.000; % Nivel do lencol freatico (m)
Ni = 20; % Numero de iteracoes
%=================================================================
=======
% 2. Dados sobre o perfil geotecnico (uma linha por camada)
%------------------------------------------------------------------------
% Coluna 1: cota do fundo da camada (m)
% Coluna 2: peso especifico do solo (tf/m3)
% Coluna 3: angulo de atrito interno (graus)
% Coluna 4: coesao (tf/m2)
% Coluna 5: coeficiente kA (adim)
% Coluna 6: coeficiente kP (adim)
% Coluna 7: rigidez por area (MN/m3) - coeficiente l k0
%------------------------------------------------------------------------
% cota dofundo gama phi coesão kwA kwP k0
Solo = [15.00 1.6 30 0.0001 0.222 4 2.4 ]; % Camada 1

%=================================================================
=======

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


43

%=================================================================
=======
% 3. Fases de escavacao
%------------------------------------------------------------------------
OUT = zeros(12,11);

zei = [ 5 ];
%------------------------------------------------------------------------
% Fases
%------------------------------------------------------------------------
for kk = 1:1,
disp(['Fase ' num2str(kk)]);
zesc = zei(kk); % cota da escavacao (m)

end

PD_Script; % chama script de calculo

% OUT(1:7,kk) = [kk; 1000*min(DM); 1000*max(DM); ...


% min(MM); max(MM); ...
% min(VM); max(VM)];
%
% if (pri(kk) ~= 0),
% OUT(8:(7+mC),kk) = [PL(1:mC)];
% end
DM(1) %fornece o deslocamento máximo
max(abs(MM)) %fornece o momento fletor máximo
end
%=================================================================
=======
% 5. Encerra script PD_Pilot
%------------------------------------------------------------------------
Return

4.2.3 Resultados do exemplo do modelo híbrido no MATLAB

O script de entrada transcrito supracitado foi rodado no MATLAB e os seus resultados são
apresentados a seguir.

Foi programado no script de cálculo que quando este rodasse, os primeiros valores a aparecer
na tela de ecran para o caso da areia em análise no MATLAB sejam o deslocamento máximo
em primeiro lugar e o momento fletor máximo de seguida, em valores absolutos, como ilustra
a figura 4.3.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
44

Figura 4.3 – Janela do programa MATLAB onde são fornecidos após


o cálculo os resultados que o utilizador pretende de imediato.

Em seguida como primeiro output são apresentados os diagramas das tensões


correspondentes, com as correspondentes envoltórias legendadas conforme representados na
Figura 4.4.

Figura 4.4 – Diagramas das tensões que atuam ao longo da cortina de


concreto.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


45

Como resultado do cálculo são apresentados os valores da rigidez do solo e o modo como
variam ao longo do comprimento da estrutura de contenção. Note-se na Figura 4.5 a rápida
convergência no processo de cálculo da rigidez do solo nos dois lados do paramento, que
converge para os limites representados na linha cheia para as zonas de concentração de linhas
a tracejado.

Figura 4.5 – Representação da rigidez do solo ao ongo da cortina de


concreto.

Os diagramas de esforços e os deslocamentos da parede também são resultado do cálculo e


são revelados na Figura 4.6. Nesta figura são mostrados os deslocamentos e a sua
convergência, o momento fletor e o esforço cortante.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
46

Figura 4.6 – Diagramas ao longo da cortina de concreto de a)


deslocamentos; b) momento fletor; c) esforço cortante.

Depois de conhecidos os deslocamentos ao longo da parede, são calculadas iterativamente as


tensões para os elementos do solo, conforme representado na Figura 4.7. É de referir que em
alguns pontos as tensões atingem valores limites ativo e passivo, sem no entanto o ultrapassar.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


47

Figura 4.7 – Diagramas de tensões atuantes nos elementos solo ao


longo da cortina de concreto.

4.3 AJUSTE E CALIBRAÇÃO DO MODELO NO MATLAB

4.3.1 Ajuste do modelo no MATLAB

Tendo sempre como referência os dados de saída do programa PLAXIS, deslocamento


horizontal no topo da cortina e momento fletor máximo, para cada caso rodado no MATLAB,
se procurou ajustar por tentativas os valores de KwA, KwP e K0 de modo a aproximar o melhor
possível os resultados obtidos pelos dois métodos (MEF e Winkler). Fisicamente os
coeficientes KwA e KwP significam para este modelo híbrido o mesmo que os coeficientes de
empuxo ativo e passivo significam para o modelo Mohr-Coulomb, porque é com base nestes
coeficientes que o programa calcula os empuxos atuantes na estrutura. A Tabela 4.1 contém
os resultados do Plaxis e os resultados dos valores ajustados manualmente no MATLAB.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
48

Pode-se comprovar pela leitura da tabela que os resultados obtidos pelo modelo no MATLAB
são próximos aos do PLAXIS, o que sugere um adequado ajuste dos parâmetros. Todos os
números dos casos aqui abaixo indicados têm o mesmo número na modelação do PLAXIS.

Tabela 4.1 – Valores de referência do PLAXIS e parâmetros ajustados


do modelo de cálculo no MATLAB- KwA, KwP e K0 .
PLAXIS MATLAB
Caso Nº OUTPUT INPUT OUTPUT
3
D (m) M (KN.m/m) KwA KwP K0 (MN/m ) D (m) M (KN.m/m)
1 0,108 132,623 0,222 4 2,4 0,107 130,073
2 0,097 133,030 0,222 4 2,4 0,096 130,144
3 0,034 130,330 0,222 4 12,0 0,034 129,709
4 0,023 132,390 0,222 4 12,0 0,023 130,218
5 0,024 128,420 0,222 4 30,0 0,023 129,303
6 0,014 132,020 0,222 4 30,0 0,012 129,821
7 0,075 100,700 0,182 4 2,4 0,075 101,536
8 0,067 100,780 0,182 4 2,4 0,067 101,681
9 0,024 100,600 0,182 4 12,0 0,025 100,933
10 0,016 100,960 0,182 4 12,0 0,016 101,438
11 0,017 99,760 0,182 4 30,0 0,017 100,296
12 0,010 101,640 0,182 4 30,0 0,009 101,096
13 0,052 73,360 0,142 4 2,4 0,050 75,451
14 0,047 73,460 0,142 4 2,4 0,044 75,648
15 0,017 74,730 0,142 4 12,0 0,017 74,597
16 0,011 73,980 0,142 4 12,0 0,011 75,319
17 0,013 75,940 0,142 4 30,0 0,012 73,699
18 0,007 73,340 0,142 4 30,0 0,006 74,834
19 0,040 58,390 0,116 4 2,4 0,038 59,746
20 0,036 58,630 0,116 4 2,4 0,033 59,957
21 0,013 57,180 0,116 4 12,0 0,013 58,844
22 0,009 57,770 0,116 4 12,0 0,008 59,616
23 0,008 56,360 0,116 4 30,0 0,009 57,889
24 0,005 57,040 0,116 4 30,0 0,005 56,777
25 0,039 63,983 0,195 3 1,6 0,042 64,866
26 0,035 64,991 0,195 3 1,6 0,037 65,130
27 0,012 62,550 0,195 3 8,0 0,014 63,738
28 0,008 63,540 0,195 3 8,0 0,009 64,698
29 0,009 62,310 0,195 3 24,0 0,009 62,443
30 0,005 62,630 0,195 3 24,0 0,004 63,853
31 0,029 47,830 0,155 3 1,6 0,031 48,599
32 0,026 48,510 0,155 3 1,6 0,027 48,854
33 0,009 46,260 0,155 3 8,0 0,010 47,602
34 0,006 47,550 0,155 3 8,0 0,007 48,438
35 0,006 46,130 0,155 3 24,0 0,006 46,426
36 0,004 46,860 0,155 3 24,0 0,003 47,703

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


49

PLAXIS MATLAB
Caso Nº OUTPUT INPUT OUTPUT
3
D (m) M (KN.m/m) KwA KwP K0 (MN/m ) D (m) M (KN.m/m)
37 0,022 36,480 0,123 3 1,6 0,024 36,776
38 0,020 36,690 0,123 3 1,6 0,021 37,017
39 0,007 35,130 0,123 3 8,0 0,008 35,846
40 0,005 36,440 0,123 3 8,0 0,005 36,626
41 0,005 35,470 0,123 3 24,0 0,005 34,828
42 0,003 35,860 0,123 3 24,0 0,002 35,938
43 0,017 27,650 0,098 3 1,6 0,019 28,284
44 0,016 27,840 0,098 3 1,6 0,017 28,523
45 0,005 27,460 0,098 3 8,0 0,006 27,394
46 0,004 27,500 0,098 3 8,0 0,004 28,137
47 0,003 27,670 0,098 3 24,0 0,004 26,500
48 0,002 27,240 0,098 3 24,0 0,002 27,482
49 0,015 27,508 0,170 2 1,5 0,018 28,519
50 0,014 28,240 0,170 2 1,5 0,016 29,059
51 0,004 25,270 0,170 2 7,0 0,006 26,999
52 0,003 27,140 0,170 2 7,0 0,004 28,275
53 0,003 24,310 0,170 2 23,0 0,003 25,919
54 0,002 26,190 0,170 2 23,0 0,002 27,030
55 0,011 20,430 0,138 2 1,5 0,014 22,237
56 0,011 20,850 0,138 2 1,5 0,013 22,766
57 0,003 19,110 0,138 2 7,0 0,004 20,721
58 0,002 20,170 0,138 2 7,0 0,003 21,996
59 0,002 18,320 0,138 2 23,0 0,002 19,612
60 0,001 19,630 0,138 2 23,0 0,001 20,750
61 0,008 14,880 0,107 2 1,5 0,012 16,792
62 0,008 15,100 0,107 2 1,5 0,011 17,301
63 0,002 14,160 0,107 2 7,0 0,003 15,327
64 0,002 14,770 0,107 2 7,0 0,003 16,562
65 0,001 13,600 0,107 2 23,0 0,002 14,205
66 0,001 14,480 0,107 2 23,0 0,001 15,358
67 0,006 11,270 0,087 2 1,5 0,010 13,393
68 0,006 11,320 0,087 2 1,5 0,009 13,841
69 0,001 10,800 0,087 2 7,0 0,003 12,084
70 0,001 11,090 0,087 2 7,0 0,002 13,188
71 0,001 10,280 0,087 2 23,0 0,001 11,058
72 0,001 11,030 0,087 2 23,0 0,001 12,110

De modo a facilitar a visualização, os dados foram plotados em gráficos que se apresentam


nas figuras das páginas seguintes.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
50

Deslocamento areia 30
0.120

Deslocamentos Matlab (m)


0.100
0.080 Esc5Kmenor

0.060 Esc4Kmenor

0.040 Esc3Kmenor
Esc5KMAIOR
0.020
Esc4KMAIOR
0.000
0.000 0.050 0.100 0.150 Esc3KMAIOR

Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 4.8 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas


rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 30˚.

Deslocamento areia 34
0.080
Deslocamentos Matlab (m)

0.070
0.060
Esc5Kmenor
0.050
0.040 Esc4Kmenor
0.030 Esc3Kmenor
0.020 Esc5KMAIOR
0.010 Esc4KMAIOR
0.000
Esc3KMAIOR
0.000 0.020 0.040 0.060 0.080
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 4.9 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas


rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de34˚.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


51

Deslocamento areia 38
0.060

Deslocamentos Matlab (m)


0.050
0.040 Esc5Kmenor

0.030 Esc4Kmenor
Esc3Kmenor
0.020
Esc5KMAIOR
0.010
Esc4KMAIOR
0.000
Esc3KMAIOR
0.000 0.020 0.040 0.060
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 4.10 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas


rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 38˚.

Deslocamento areia 42
0.040
Deslocamentos Matlab (m)

0.035
0.030
Esc5Kmenor
0.025
0.020 Esc4Kmenor
0.015 Esc3Kmenor
0.010 Esc5KMAIOR
0.005 Esc4KMAIOR
0.000
Esc3KMAIOR
0.000 0.010 0.020 0.030 0.040 0.050
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 4.11 – Deslocamentos para as três fases de escavação com duas


rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de 42˚.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
52

Momentos areia 30
140.000
Momentos Matlab (KN.m/m)
120.000
Esc5Kmenor
100.000
Esc4Kmenor
80.000
60.000 Esc3Kmenor
40.000 Esc5KMAIO
20.000 R
Esc4KMAIO
0.000
R
0.000 50.000 100.000 150.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 4.12 – Momentos fletores para as três fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
30˚.

Momentos areia 34
120.000
Momentos Matlab (KN.m/m)

100.000 Esc5Kmenor
80.000
Esc4Kmenor
60.000
Esc3Kmenor
40.000
Esc5KMAIO
20.000 R
0.000 Esc4KMAIO
R
0.000 50.000 100.000 150.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 4.13 – Momentos fletores para as três fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
34˚.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


53

Momentos areia 38
80.000

Momentos Matlab (KN.m/m)


70.000
60.000 Esc5Kmenor
50.000
40.000 Esc4Kmenor
30.000 Esc3Kmenor
20.000
Esc5KMAIOR
10.000
0.000 Esc4KMAIOR
0.000 20.000 40.000 60.000 80.000 Esc3KMAIOR
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 4.14 – Momentos fletores para as três fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
38˚.

Momentos areia 42
70.000
Momentos Matlab (KN.m/m)

60.000
50.000 Esc5Kmenor
40.000 Esc4Kmenor
30.000
Esc3Kmenor
20.000
10.000 Esc5KMAIOR
0.000 Esc4KMAIOR
0.000 20.000 40.000 60.000 80.000 Esc3KMAIOR
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 4.15 – Momentos fletores para as três fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
42˚.

Em seguida procedeu-se à abservação da relação entre os coeficientes de empuxo dos estados


limite ativo e passivo de Mohr Coulomb com os coeficientes do modelo em estudo. Os
coeficientes de empuxos são importantes na medida em que o cálculo das tensões atuantes na
estrutura de suporte é diretamente influênciado pelo seu valor. Da observação da Figura 4.16
é possível entender que o coeficiente ativo de Winkler (KwA) depende do ângulo de atrito do

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
54

solo, como o coeficiente de empuxo ativo de Rankine (Ka). A Figura 4.17 mostra também que
depende da relação entre a altura de escavação (H) e da altura total da cortina (Htotal). Na
Figura 2.2 já estão referidas e deduzidas as expressões de Rankine para o cálculo de Ka e Kp.
O coeficiente Kwi (ajuste) foi o introduzido diretamente no programa pelo utilizador com o
objetivo de aproximar o mais possível os valores de deslocamentos e momentos do MATLAB
com os do PLAXIS e o coeficiente Kwi (função) foi o obtido das equações mais adiante
indicadas.

Ka e KwA (ajuste)
Ka TEÓRICO
0.400
KwA(ajuste) e Ka

0.350
0.300
0.250 KwA Esc 5m
0.200
0.150
0.100
0.050 KwA Esc 4m
0.000
25 30 35 40 45
Ângulo de atrito KwA Esc 3m

Figura 4.16 – Evolução do coeficiente de empuxo ativo calculado pela


expessão de Rankine comparado com a evolução do empuxo ativo
resultante do ajuste manual no modelo implementado no Matlab.

KwA(ajuste) e Ka Areia 30
0.800 y = 0.78x + 0.275
0.700 Areia 34
KwA(ajuste)/KA

0.600 y = 0.778x + 0.248


0.500
Areia 38
0.400 y = 0.735x + 0.227
0.300
Areia 42
0.200
0.100 y = 0.731x + 0.213
0.000
0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Hesc/Htotal

Figura 4.17 – Evolução do quociente de KwA por Ka em função do


quociente da altura de escavação pela altura da cortina.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


55

O coeficiente de empuxo passivo calculado pela expressão de Rankine, como no caso do


empuxo ativo, depende exclusivamente do ângulo de atrito e pode ser constatado no gráfico
da Figura 4.18. Já o coeficiente passivo de Winkler parece só depender da relação entre a
altura de escavação e da altura total da cortina, como se pode verificar na Figura 4.19.

Kp e KwP(ajuste)
Kp TEÓRICO

6.000
KwP(ajustte) e Kp

5.000
KwP Esc 5m
4.000
3.000
2.000
KwP Esc 4m
1.000
0.000
25 30 35 40 45 KwP Esc 3m
Ângulo de atrito

Figura 4.18 – Evolução do coeficiente de empuxo passivo calculado


pela expessão de Rankine comparado com a evolução do empuxo
passivo resultante do ajuste manual no modelo implementado no
Matlab.

KwP(ajuste) e Kp
Areia 30
1.600 y = 3.333x - 0.333
1.400
1.200 Areia 34
y = 2.827x - 0.282
1.000
KwP/Kp

0.800 Areia 38
y = 2.378x - 0.237
0.600
0.400 Areia 42
y = 1.982x - 0.198
0.200
0.000
0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Hesc/Htotal

Figura 4.19 – Evolução do quociente de KwP por Kp em função do


quociente da altura de escavação pela altura da cortina.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
56

4.3.2 Calibração dos coeficientes KwA, KwP e K0 modelo no MATLAB

Da análise dos gráficos das Figuras 4.16 e 4.17 e dos dados de output do MATLAB foi
possível estabelecer uma equação que permite definir KwA em função do ângulo de atrito e da
relação Hesc/Htotal. O objetivo foi aproximar da unidade a relação KwA(ajuste)/KwA(função).
A equação estabelecida que melhor carateriza o coeficiente ativo de Winkler é dada por

KwA(função)=tan(π4−1,2∗φ′2)2∗(HescHtot+0,35).

O gráfico da Figura 4.20 elucida que para as várias areias e diferentes níveis de escavação a
relação KwA(ajuste)/KwA(função) varia pouco e é próxima da unidade.

KwA (ajuste) e KwA (função)


Areia
30
1.200
KwA (ajuste)/KwA( função)

y = -0.007x + 1.007
1.150
1.100 Areia
1.050 34
1.000 y = 0.043x + 0.989
0.950
0.900 Areia
38
0.850
y = 0.073x + 0.962
0.800
0.0 0.2 0.4 0.6 Areia
Hesc/Htotal 42
y = 0.101x + 0.990
Figura 4.20 – Evolução do quociente de KwA(ajuste) por KwA(função)
em função do quociente da altura de escavação pela altura da cortina.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


57

Do mesmo modo, KwP foi obtido a partir da leitura e interpretação da Figura 4.19 e dos dados
que lhe deram origem. A equação que define o coeficiente passivo no modelo de Winkler é

KwP(função)=10∗HescHtot−1

e a figura 4.21 torna claro que a relação KwP(ajuste)/KwP(função) é igual à unidade, definindo
perfeitamente o coeficiente passivo de Winkler, não sendo este dependente do ângulo de
atrito.

KwP (ajuste) e KwP (função)

Areia
1.100 30
KwP(ajuste)/KwP(função)

1.050 y=1 Areia


34
1.000
Areia
38
0.950
Areia
0.900 42
0.0 0.2 0.4 0.6
Hesc/Htotal

Figura 4.21 – Evolução do quociente de KwP(ajuste) por KwP(função)


em função do quociente da altura de escavação pela altura da cortina.

Da exclusiva observação dos dados de K0 no MATLAB, verificou-se que este varia na mesma
ordem de grandeza que varia o módulo de Young do solo (Es) e que é afetado pela altura de
escavação. Em consequência disso, foi estabelecida a seguinte equação que determina o seu
valor para input no MATLAB é

K0=3∗EsHesc.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
58

No capítulo seguinte será testada a validade das equações determinadas para KwA, KwP e K0,
usando-as para obter os parâmetros de entrada no programa MATLAB, para depois comparar
os valores de deslocamentos e momentos fletores máximos com os obtidos no PLAXIS.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


59

5 COMPARAÇÃO MATLAB VERSUS PLAXIS

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No capítulo anterior foram definidas três equações com a finalidade de permitir a entrada de
dados no modelo híbrido (modelo de Winkler com plastificação) no cálculo das tensões em
um maciço cuja escavação é contida por uma cortina de concreto.

As equações são novamente apresentadas na Tabela 5.1 e de seguida rodam-se novamente os


72 casos no programa MATLAB, para comparação dos deslocamentos no topo da cortina e
dos momentos fletores máximos resultantes com os do programa PLAXIS. Busca-se através
deste procedimento verificar a confiabilidade dos resultados extraídos do MATLAB.

Tabela 5.1 – Equações dos parâmetros de entrada usados no


MATLAB.
Equações dos coeficientes e da Rigidez por área Unidades

K =tan(π4−1,2∗φ′2)2∗(HescHtot+0,35). adimensional

=10∗ −1 adimensional

K0=3∗EsHesc MN/m3

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
60

Para modelar a camada de solo e a cortina de concreto foram utilizados os parâmetros


indicados no capítulo 4 e resumidos nas tabelas seguintes.

Tabela 5.2 – Resumo das Propriedades do solo usadas no MATLAB


Parâmetros do solo Designação Unidade
Winkler
Modelo do material complastificação --
Cota de fundo da camada zci m
Cota da escavação ze m
Peso volúmico específico γ KN/m3
Ângulo de atrito φ´ ˚
Coeficiente ativo de Winkler KwA --
Coeficiente passivo de Winkler KwP --
Rigidez por área K0 MN/m3

Tabela 5.3 – Resumo propriedades da cortina usadas no MATLAB.


Parâmetros da cortina Designação Unidade
Modelo do material Elástico linear --
Módulo de Young Ec GPa
Altura total da parede hp m
Comprimento de discretização da
Δz
parede m
Espessura ep m

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


61

5.2 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO COM OS COEFICIENTES


DEFINIDOS POR EQUAÇÕES

Com base nas propriedades do solo e da cortina foram rodados os casos, sendo apresentado a
seguir uma síntese com os seus valores e os respetivos resultados do programa (Tabela 5.4).

Tabela 5.4 – Síntese dos parâmetros obtidos pelas equações e


resultados dos diferentes programas de cálculo para todos os casos.
Matlab Plaxis
CASO Nº
KwA KwP K0 D (m) M (KN.m/m) D (m) M (KN.m/m)
1 0,221 4,000 2,4 0,106 129,315 0,108 132,623
2 0,221 4,000 2,4 0,095 129,390 0,097 133,030
3 0,221 4,000 12 0,034 128,952 0,034 130,330
4 0,221 4,000 12 0,023 129,268 0,023 132,390
5 0,221 4,000 24 0,025 128,661 0,024 128,420
6 0,221 4,000 24 0,014 129,114 0,014 132,020
7 0,178 4,000 2,4 0,072 98,786 0,075 100,700
8 0,178 4,000 2,4 0,064 98,941 0,067 100,780
9 0,178 4,000 12 0,024 98,141 0,024 100,600
10 0,178 4,000 12 0,016 98,696 0,016 100,960
11 0,178 4,000 24 0,017 97,643 0,017 99,760
12 0,178 4,000 24 0,010 98,439 0,010 101,640
13 0,142 4,000 2,4 0,050 75,451 0,052 73,360
14 0,142 4,000 2,4 0,044 75,648 0,047 73,460
15 0,142 4,000 12 0,017 74,597 0,017 74,730
16 0,142 4,000 12 0,011 75,319 0,011 73,980
17 0,142 4,000 24 0,013 73,942 0,013 75,940
18 0,142 4,000 24 0,007 74,986 0,007 73,340
19 0,110 4,000 2,4 0,035 56,160 0,040 58,390
20 0,110 4,000 2,4 0,031 56,371 0,036 58,630
21 0,110 4,000 12 0,012 55,254 0,013 57,180
22 0,110 4,000 12 0,008 56,029 0,009 57,770
23 0,110 4,000 24 0,009 54,523 0,008 56,360
24 0,110 4,000 24 0,005 55,673 0,005 57,040
25 0,195 3,000 3 0,025 64,561 0,039 63,983

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
62

Matlab Plaxis
CASO Nº
KwA KwP K0 D (m) M (KN.m/m) D (m) M (KN.m/m)
26 0,195 3,000 3 0,021 65,026 0,035 64,991
27 0,195 3,000 15 0,010 63,011 0,012 62,550
28 0,195 3,000 15 0,006 64,289 0,008 63,540
29 0,195 3,000 30 0,008 62,188 0,009 62,310
30 0,195 3,000 30 0,004 63,628 0,005 62,630
31 0,157 3,000 3 0,019 49,139 0,029 47,830
32 0,157 3,000 3 0,016 49,087 0,026 48,510
33 0,157 3,000 15 0,008 47,747 0,009 46,260
34 0,157 3,000 15 0,004 48,891 0,006 47,550
35 0,157 3,000 30 0,006 46,964 0,006 46,130
36 0,157 3,000 30 0,003 48,301 0,004 46,860
37 0,125 3,000 3 0,015 37,253 0,022 36,480
38 0,125 3,000 3 0,012 37,663 0,020 36,690
39 0,125 3,000 15 0,006 36,005 0,007 35,130
40 0,125 3,000 15 0,003 37,019 0,005 36,440
41 0,125 3,000 30 0,004 35,314 0,005 35,470
42 0,125 3,000 30 0,002 36,492 0,003 35,860
43 0,097 3,000 3 0,011 27,694 0,017 27,650
44 0,097 3,000 3 0,009 28,094 0,016 27,840
45 0,097 3,000 15 0,004 26,552 0,005 27,460
46 0,097 3,000 15 0,003 27,473 0,004 27,500
47 0,097 3,000 30 0,003 25,975 0,003 27,670
48 0,097 3,000 30 0,002 26,977 0,002 27,240
49 0,169 2,000 4 0,008 27,436 0,015 27,508
50 0,169 2,000 4 0,006 28,473 0,014 28,240
51 0,169 2,000 20 0,003 25,801 0,004 25,270
52 0,169 2,000 20 0,002 26,984 0,003 27,140
53 0,169 2,000 40 0,002 25,426 0,003 24,310
54 0,169 2,000 40 0,001 26,230 0,002 26,190
55 0,136 2,000 4 0,006 21,015 0,011 20,430
56 0,136 2,000 4 0,005 22,050 0,011 20,850
57 0,136 2,000 20 0,002 19,335 0,003 19,110
58 0,136 2,000 20 0,001 20,561 0,002 20,170
59 0,136 2,000 40 0,002 18,946 0,002 18,320

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


63

Matlab Plaxis
CASO Nº
KwA KwP K0 D (m) M (KN.m/m) D (m) M (KN.m/m)
60 0,136 2,000 40 0,001 19,785 0,001 19,630
61 0,108 2,000 4 0,005 16,100 0,008 14,880
62 0,108 2,000 4 0,004 17,037 0,008 15,100
63 0,108 2,000 20 0,002 14,465 0,002 14,160
64 0,108 2,000 20 0,001 15,670 0,002 14,770
65 0,108 2,000 40 0,001 14,069 0,001 13,600
66 0,108 2,000 40 0,001 14,918 0,001 14,480
67 0,084 2,000 4 0,004 12,243 0,006 11,270
68 0,084 2,000 4 0,004 13,129 0,006 11,320
69 0,084 2,000 20 0,001 10,717 0,001 10,800
70 0,084 2,000 20 0,001 11,847 0,001 11,090

71 0,084 2,000 40 0,001 10,324 0,001 10,280


72 0,084 2,000 40 0,001 11,456 0,001 11,030

5.3 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS

Com os dados da tabela anterior foi possível plotar gráficos que permitem uma visualização
comparativa, para cada ângulo de atrito da areia, dos deslocamentos e dos momentos fletores.
As retas das aproximações lineares são também apresentadas com o respetivo R2 para uma
melhor interpretação. Para plotar cada gráfico foram usados dezoito pontos a fim de obter
resultados mais precisos.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
64

Deslocamentos areia 30
Todos os dados
referentes a areia 30º

0.150 Linear(Todos os
Deslocamentos Matlab (m)

dados referentes a
areia 30º)
0.100

y = 0.980x - 0.002
0.050
R² = 0.979

0.000
0.000 0.050 0.100 0.150
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 5.1 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
30˚.

Deslocamentos areia 34
Todos os dados
referentes à areia 34

0.080 Linear(Todos os
Deslocamentos Matlab (m)

dados referentes à
0.060 areia 34)

0.040 y = 0.954x - 0.001


R² = 0.978
0.020

0.000
0.000 0.020 0.040 0.060 0.080
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 5.2 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
34˚.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


65

Deslocamentos areia 38
Todos os dados
referentes à areia 38

0.060 Linear(Todos os
Deslocamentos Matlab (m)

dados referentes à
areia 38)
0.040
y = 0.944x - 0.001
0.020 R² = 0.973

0.000
0.000 0.020 0.040 0.060
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 5.3 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
38˚.

Deslocamentos areia 42
Todos os dados
referentes à areia 42

0.040 Linear(Todos os
Deslocamentos Matlab (m)

dados referentes à
areia 42)

0.020 y = 0.843x - 0.000


R² = 0.977

0.000
0.000 0.020 0.040 0.060
Deslocamentos Plaxis(m)

Figura 5.4 – Deslocamentos para todas as fases de escavação com as


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
42˚.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
66

Momentos areia 30

Todos os dados
140.000 referentes à
Momentos Matlab (KN.m/m)

120.000 areia 30
100.000
80.000
60.000
40.000 y = 0.974x + 1.419
20.000 R² = 0.999
0.000
0.000 50.000 100.000 150.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 5.5 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
30˚.

Momentos areia 34
Todos os dados
referentes à
areia 34
120.000 Linear(Todos os
Momentos Matlab (KN.m/m)

100.000 dados
80.000 referentes à
60.000 areia 34)
40.000 y = 0.961x + 1.980
20.000 R² = 0.999
0.000
0.000 50.000 100.000 150.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 5.6 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
34˚.

David Eduardo Lourenço (lourencodavid@gmail.com)Dissertação PPGEC/UFRGS 2009


67

Momentos areia 38

Todos os dados
90.000 referentes à
Momentos Matlab (KN.m/m)

80.000 areia 38
70.000
60.000
50.000
40.000 y = 0.999x + 0.79
30.000 R² = 0.998
20.000
10.000
0.000
0.000 20.000 40.000 60.000 80.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 5.7 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
38˚.

Momentos areia 42

Todos os dados
60.000 referentes à
Momentos Matlab (KN.m/m)

50.000 areia 42
40.000
30.000
20.000 y = 0.946x + 1.169
10.000 R² = 0.999
0.000
0.000 20.000 40.000 60.000 80.000
Momentos Plaxis(KN.m/m)

Figura 5.8 – Momentos fletores para todas as fases de escavação com


duas rigidezes de parede consideradas da areia com ângulo de atrito de
42˚.

Desta análise comparativa é possível afirmar que os resultados - tanto dos momentos como
dos deslocamentos - são similares nas análises de Elementos Finitos e no Modelo de Winkler.
As retas de aproximação linear de cada gráfico apresentam um valor de R2 na faixa entre
0,973 e 0,999, comprovando a acurácia na comparação entre os métodos.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
68

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresenta um estudo destinado à verificação de projetos de estruturas de


contenção em solos arenosos. Os resultados são baseados em um amplo estudo numérico
realizado com base em duas abordagens distintas e complementares:

• Método dos Elementos Finitos no PLAXIS;

• Método de Winkler no MATLAB.

O objetivo principal do trabalho consiste em verificar a possibilidade de usar o Método de


Winkler, amplamente difundido entre engenheiros estruturais, na previsão de deslocamentos e
momentos atuantes em estruturas de contenção. Esta verificação é realizada com base na
comparação direta entre as duas abordagens avaliadas, a partir da qual foram definidos
parâmetros para o modelo de Winkler que podem ser adotados na prática de engenharia.

6.1 CONCLUSÕES
Da análise dos dados recolhidos das simulações numéricas das várias fases de escavação,
obtidas pelos programas computacionais PLAXIS e MATLAB e de uma análise comparativa
entre elas, foi possível estabelecer as seguintes conclusões:

1. Com os coeficientes calculados a partir de parâmetros do solo e para o modelo de


Winkler, KwA, KwP e K0, é possível modelar no MATLAB a execução de cortinas de
concreto em solos arenosos homogeneos não saturados, obtendo nos resultados
valores muito próximos aos do PLAXIS

2. O modelo numérico de Winkler implementado no programa computacional MATLAB


permite representar de forma satisfatória o campo de deslocamentos e momentos

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fletores provocados pela execução da cortina de concreto seguida de escavação num


solo arenoso;

3. O ângulo de atrito e o módulo de Young têm uma grande influência nos


deslocamentos e não convém que um deles seja ignorado numa análise numérica, sob
pena de não representar adequadamente o comportamento do solo e da interação solo-
estrutura;

4. Existe uma relação física entre o módulo de Young (E) do solo e a rigidez por área
(K0) que é um parâmetro de entrada do modelo de Winkler no MATLAB;

5. Os valores de K0 do modelo de Winkler influenciam pouco os resultados onde ocorre


plastificação na massa de solo envolvente à cortina, o que é corroborado pelo fato das
molas plastificarem no programa MATLAB .

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Algumas sugestões propositadas são referidas no seguimento desta dissertação e são elas:

1. Realizar simulações recorrendo a esta metodologia no MATLAB considerando a


existência de um lençol freático de maneira que as pressões interticiais tenham uma
contribuição no cálculo das tensões e comparar estes resultados com outros já
reconhecidos ;

2. Simular a execução de uma cortina atirantada de acordo com esta metodologia e


posterior comparação com outros programas computacionais já usados com esse
intuito, considerando os efeitos de arqueamento da parede;

3. Simular o carregamento lateral de estacas pela metodologia empregue no MATLAB,


especialmente as passivas.

4. Comparar o caso de uma obra real com uma simulação recorrendo ao modelo de
Winkler no MATLAB.

Simulação Numérica de uma Escavação: Comparação entre o Método Elementos Finitos e o Modelo de Winkler
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