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CEULJI / ULBRA - Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná

CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV – EXECUÇÕES
PROFESSORA: ANA MANUELA REIS RAMPAZZO

ACADÊMICO: MARCOS COELHO PEDROSO

TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS

Ji-Paraná/RO, agosto de 2010


REFERÊNCIA

ASSIS, Araken de, Manual da Execução. 11 ed. rev. ampl. e atual. com a Reforma
Processual – 2006/2007, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2007.

DADOS DO AUTOR

Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-


SP. Mestre e especialista em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul – PUC-RS. Professor titular de Direito Processual na Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul – PUC-RS. Orientador nos cursos de mestrado e doutorado em Direito
desta Universidade. Membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, do
Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul – IARGS e do Instituto Ibero-americano de
Direito Processual. Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – TJRS.

RESUMO: Capítulos 27 (Título Executivo Judicial) e 28 (Título Executivo


Extrajudicial)

Capítulo 27: Título Executivo Judicial

O art. 475-N do CPC arrola os títulos judiciais, quais sejam:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de


fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua


matéria não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante,


aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J)
incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução,
conforme o caso.
Este artigo abrange determinadas espécies de sentenças. Nada obstante a

afirmativa de que a lista se mostra “taxativa”, duas situações extravagantes se harmonizam

com o texto. Em primeiro lugar, o conceito de “sentença” proferida no processo civil (art.

475-N, I) há de ser redimensionado, incluindo atos decisórios diversos; ademais, existe caso

anômalo de sentença prolatada em processo trabalhista que, em razão da competência, não se

executa naquele juízo.

27.1 Sentença condenatória proferida no processo civil

Segundo o art. 162, § 1º, do CPC, sentença é o provimento decisório que

“implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 dessa Lei”. Abandonou-se, em

síntese, o anterior critério baseado no efeito extintivo do provimento, caso o vencido não

aviasse o recurso cabível – apelação (art. 513) - , e criado para fins práticos, definindo o

âmbito de incidência da apelação e do agravo (art. 522, caput).

Há sentença no processo de conhecimento, com ou sem julgamento do mérito,

designadas de definitivas (269 CPC) ou terminativas (267 CPC). Também há sentença no

processo cautelar (803, caput, CPC), e ainda, sentença na própria execução (art. 795 CPC).

A 4ª Turma do STJ decidiu que a sentença declaratória não enseja execução. O

art. 475-N, I, outorgou a condição de título ao provimento “que reconheça a existência de

obrigação”.

Existirá condenação, por conseguinte, e convenientemente acompanhada do

efeito executivo, matriz da ação executória, tanto em ações que se subordinam ao processo de

conhecimento, sejam elas de rito comum, sejam de rito especial – p. ex., a prestação de contas

(art. 918) e o monitório (art. 1.102ª) -, quanto no processo cautelar, quando ele, renegando a

condição de efetiva cautelaridade, adquire o cunho de tutela satisfativa. Tirante semelhante


hipótese, não cabe executar sentença cautelar, conforme proclamou a 6ª Turma do STJ: “A

sentença proferida em processo cautelar, porque se destina única e exclusivamente a assegurar

a eficácia do processo principal, não é titulo executivo judicial, razão pela qual não pode dar

supedâneo a execução forçada”. Condenação haverá, criando título, em ações declarativas, no

tocante aos ônus sucumbenciais; na ação de alimentos provisionais (art. 852 do CPC); e assim

por diante. Um outro tipo de sentença é a que extingue a execução provisória ou a ação

cautelar em virtude da decadência ou da perda de eficácia da liminar. De todas essas

sentenças, surge o dever de prestar perdas e danos, e, portanto, há “reconhecimento da

obrigação” ao efeito do art. 475-N, I.

Seja qual for o provimento exeqüível, impõe-se que exiba condenação

expressa, quer no capítulo principal, quer no capítulo acessório da sucumbência. Nenhuma

“sentença” assumirá força executiva sem disposição inequívoca de condenação do vencido.

No direito pátrio, também se empregava a palavra “sentença” para designar

provimentos do tribunal (v.g., Ordenações Filipinas, Livro I, Título I, n. 13). Ela reaparece no

art. 100, caput, da CF/1988: a “sentença judiciária”, aí mencionada, em regra é um acórdão.

As sentenças condenatórias proferidas contra a Fazenda Pública, em valor superior a 60

salários mínimos, sujeitam-se a reexame obrigatório (art. 475), e, portanto, o provimento

emanado do tribunal (acórdão) substitui a sentença de primeiro grau. E, no tocante às

interlocutórias, o art. 733, caput, prevê execução de decisão (art. 162, § 2º), ou seja, da

liminar de carga condenatória prolatada em ação de alimentos provisionais, originando crédito

pecuniário. De modo igualmente liminar, mediante decisão interlocutória, obrigação de fazer

comporta execução específica (art. 461, § 3º), e, outrossim, prestação para entrega de coisa

(art. 287 c/c art. 461, § 5º). Na própria execução, algumas decisões, porque condenatórias,

assumem eficácia de título executivo (art. 701, § 2º).


Os provimentos condenatórios civilmente executáveis não defluem somente do

“processo civil” (art. 475-N, I). Na hipótese de chamamento ao processo de empreiteiro

secundário, na reclamatória movida pelo empregado deste ao empreiteiro principal; ou na de

denunciação da lide de empresa sucedida, efetivada na reclamatória proposta por empregado

da empresa sucessora, produzem-se títulos contra terceiros que, segundo art. 114, caput, da

CF/88, não se executam perante a Justiça do Trabalho.

Por fim, o processo penal origina, por vezes, pronunciamentos tipicamente

civis. Na revisão criminal, admite-se a cumulação de indenização por erro judiciário (art. 640

caput, e § 1º, do CPP). Em tal hipótese, o tribunal rescinde a resolução condenatória e

condena a reparar o dano.

27.2 Sentença penal condenatória

Idêntico fato contrário a direito pode incidir, concomitantemente, em norma

repressiva e nas regras dos ilícitos civis absolutos ou relativos. Por exemplo, homicídio (art.

121 do CP), acomoda-se à cláusula genérica do art. 186 do CC/2002 – ilícito civil absoluto.

Ele possui forma de liquidação do dano prevista em lei (art. 948, I e II, do CC/2002). Tal

fenômeno se designa, na teoria geral dos fatos jurídicos, de incidência múltipla.

Nesses casos de múltipla incidência, nascem a ação penal (titular: Ministério

Público) e a ação civil ex delicto (que incumbe à vítima do dano).

O lesado pelo delito civil é livre para propor, desde logo, a ação civil ex

delicto. Porém, poderá aguardar o desfecho do processo-crime, que, em caso de condenação,

torna certa a obrigação de reparar o dano (art. 91, CP).

Assim, o lesado que optou pela inércia, na expectativa do resultado da ação

penal, quando há condenação no juízo repressivo não precisa ajuizar a ação reparatória,
valendo-se apenas da incontrovertibilidade quanto à existência do fato ou da autoria (art. 935,

2ª parte, do CC/2002), no regime em vigor, dita sentença permite acesso direto à ação

executória, dispensada prévia condenação civil.

Por outro lado, optando por agir no juízo civil, o desfecho do respectivo

processo o vinculará, ainda que diverso do penal, admitida a faculdade de suspender o curso

da ação de reparação para aguardar o resultado deste último (art. 110, CPC).

27.3 Sentença homologatória de transação e de conciliação

O art. 475-N, III, reconhece efeito executivo nas sentenças homologatórias de

transação e de conciliação. O art. 59, § 1º, e o art. 161, § 6º, da Lei 11.101/2005 equipararam

a tais pronunciamentos a decisão que concede ou homologa a recuperação judicial ou

extrajudicial da empresa ou do empresário.

A conciliação representa, substancialmente, transação, renúncia ou remissão

parcial realizadas, no processo, a instâncias do órgão judiciário. E segundo o art. 449 do CPC,

o termo de conciliação “terá valor de sentença”.

27.4 Sentença estrangeira homologada

Em princípio, a jurisdição se liga, intimamente, à soberania do Estado. Atos

judiciais emanados de autoridade estrangeira nada valem em outro território. Todavia, o

tráfico jurídico entre os Estados reclama, às vezes, boa dose de cooperação, abrangendo atos

jurisdicionais, porque as relações sociais e jurídicas transbordam dos compartimentos

estanques das fronteiras.


No Brasil, adota-se o juízo de delibação, quer dizer, é concedida eficácia à

sentença estrangeira após exame extrínseco de sua harmonia com o ordenamento pátrio, sendo

competente para homologar o STJ (art. 105, I, i, da CF/88). A sentença estrangeira

homologada assume a condição de título executivo judicial (art. 475-N, VI). Por outro lado,

provimento de autoridade judiciária do Mercosul se executará, no Brasil, independentemente

de se tratar de sentença definitiva ou de medida antecipatória, e o procedimento do exequatur

será o aplicável às cartas rogatórias.

27.5 Formal ou certidão de partilha

A partilha de bens, em inventário ou em arrolamento, se homologa por

sentença (art. 1.026 do CPC). É representada pelo formal ou certidão (art. 1.027, parágrafo

único).

Toda vez que a partilha contiver obrigação de prestar (p.ex., quando algum

herdeiro retorna quantia certa a outro, a fim de equalizar os quinhões), cabível a ação

executória fundada neste título. Em conformidade ao hoje estabelecido no art. 475-N, VII, o

efeito executivo da partilha vincula inventariante, co-herdeiros e seus sucessores a título

universal e singular, excluindo, da regra, a partilha efetivada em outros processos, como a

separação judicial.

O formal ou a certidão de partilha não autorizam execução para entrega de

coisa (art. 621), ou seja, para haver os bens móveis ou imóveis partilhados. Se tais bens

estiverem em poder de terceiro, toca ao herdeiro propor ação reivindicatória; encontrando-se

no poder de herdeiro ou de legatário, o pronunciamento homologatório tem força executiva,

razão por que no próprio inventário se procederá ao desapossamento, dispensada a propositura

de ação executória.
27.6 Sentença arbitral

A sentença arbitral está disposta como sentença no art. 475-N, IV do CPC.

Assim, na medida que somente aos provimentos judiciais se reconhece a autoridade de coisa

julgada, a sentença arbitral poderá impor a um dos litigantes, efetivamente, determinada

prestação, inclusive no tocante às despesas da arbitragem (art. 11, V), e, assim, ostentar

conteúdo condenatório. Isto poderá decorrer, ademais, da homologação de acordo das partes

no curso do procedimento arbitral (art. 28).

A sentença arbitral poderá ser objeto de ação anulatória (art. 33, caput, Lei

9.307/1996). O § 3º do mesmo artigo, permite que as nulidades sejam alegadas nos

“embargos”, ampliando a aplicação, entre nós da querela nullitatis insanabilis ao consagrar

mais uma hipótese de “sentença” transparente, sujeita à disciplina do art. 486 e não ao estrito

regime – inclusive quanto ao prazo – da rescindibilidade (art. 485). O dispositivo (art. 31, Lei

9.307/1996), apenas estabelece que, à semelhança do contrato, o laudo arbitral obriga partes e

sucessores, comportando dissolução pelas vias ordinárias (art. 486).

Deste modo, a sentença arbitral ilíquida se ostenta inexeqüível, nos casos em

que títulos extrajudiciais também não comportem execução, cabendo ao vencedor propor

outra ação, perante o órgão judiciário competente, para constituir o quantum debeatur; e, nos

embargos, além da nulidade da sentença (art. 32 c/c art. 33, § 3º da Lei 9.307/1996), ao

executado se afigura lícito alegar qualquer outra matéria.

27.7 Acordo extrajudicial homologado

O art. 475-N, V, outorga eficácia de título judicial ao acordo extrajudicial de

qualquer natureza homologado judicialmente.


Desta feita, visou o legislador a estimular e prestigiar a autocomposição,

mediante a agregação ao negócio entre particulares da eficácia inerente à sentença judiciária.

O juiz competente para executar o acordo é o mesmo da homologação. As

atribuições do órgão judiciário se cingem a verificar os elementos de existência e os requisitos

de validade do negócio apresentado em juízo. Não haverá julgamento, e, portanto, dispensa-se

ato decisório formalmente acomodado às exigências do art. 458.

Capítulo 28: Título Executivo Extrajudicial

Os títulos executivos extrajudiciais estão dispostos no art. 585 do CPC, in

verbis:

"Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata e o cheque;

II - O documento público, ou o particular assinado pelo devedor e subscrito por duas


testemunhas, do qual conste a obrigação de pagar quantia determinada, ou de
entregar coisa fungível;

III - Os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de


seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade;

IV - O crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como


encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;

V - O crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,


quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VI - A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito


Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da
lei;

VII - Todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

§ 1º A propositura de ação anulatória de débito fiscal não inibe a Fazenda Pública de


promover-lhe a cobrança.

§ 2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem


executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O
título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação
exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de
cumprimento da obrigação".

O título extrajudicial prescinde de prévia ação condenatória, ou seja, resolução

judicial que reconheça o dever de prestar do vencido. Referido título não tem antecedência,

mas antecipa-se à sentença de cognição. Conseguintemente, postergando a função de

conhecimento, o grau de estabilidade deste tipo de título diminui de modo dramático. O

principal sintoma de fragilidade se encontra no regime heterogêneo da oposição do executado,

que, contra execução fundada em título extrajudicial, possui horizontes largos (art. 745, V,

CPC).

Previsto o documento num dos tipos arrolados no art. 585, está autorizada a

ação executória; Não estando nesta lista exaustiva, o documento afigura-se imprestável para

basear a demanda executória.

28.1 Letra de câmbio, nota promissória, debênture, duplicata e cheque

Letra de câmbio

Criada pelo saque, completada pelo aceite, transferida por endosso e garantida

por aval, este é título de crédito, à ordem, forma. Literal, abstrato e autônomo.

Legitima-se, passivamente, todo aquele que assumiu a obrigação de pagar a

letra, quer dizer, o aceitante e seus avalistas, designados de obrigados principais, bem como

aquele que se obrigou a pagá-la no caso de o sacado deixar de faze-lo ou recusar o aceite,

considerando-se autônomas essas obrigações.

Faltando o aceite, exista ou não protesto da cártula – exigido somente para o

portador executar os obrigados regressivos -, o sacado não se obrigou, e, portanto, é


ilegitimado passivo na respectiva execução. Endosso tardio, ou seja, após o vencimento, não

interfere com a força executiva da letra.

Nos termos da Súmula 60 do STJ, nula se mostrará obrigação cambial

assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.

Por isso, nulo é o mandato outorgado para criar a letra, que já obriga cambialmente.

Nota Promissória

Através da nota promissória, o emitente promete pagar certa importância a

favor de outrem ou à sua ordem. É título de superlativa importância, no comércio jurídico

contemporâneo, e se submete aos requisitos da letra de câmbio.

A nota só adquire força executiva se dotada de todos os seus requisitos

essenciais e extrínsecos, cuja ausência enseja exceção cambiária do obrigado. Por exemplo, a

falta do lugar de emissão inviabiliza e execução.

Duplicata

Título tipicamente nacional, a duplicata é prevista na Lei 5.474/68. É

instrumento visível do comércio entre nós, que inova, mediante o aceite presumido, e que,

supondo a manifestação de vontade do sacado, confere executividade à cártula a partir de

ficções.

É título cambial, autônomo e transmissível por endosso, substituindo a fatura

assinada, por sua vez documento representativo da compra e venda mercantil.

A execução da duplicata independe de protesto, porém, o mesmo torna-se

obrigatório para assegurar a ação cambial de regresso.


A Lei 5.474/68 atribuiu força executiva à duplicata mesmo sem aceite, apesar

da mesma lei estabelecer prazo peremptório de dez dias para devolução do título ao emitente,

ou à instituição financeira portadora. Ocorre que o sacado, por costume, sempre reteve a

duplicata indevidamente, a ponto da lei admitir a retenção autorizada. (art. 7º § 2º, Lei

5.474/68).

Assim, o art. 15, § 2º da mesma lei criou o aceite presumido, ou seja, a

duplicata assume executoriedade caso seja protestada, e desde que acompanhada da nota

fiscal e de documento comprobatório da remessa (v.g. conhecimento de transporte) e entrega

das mercadorias, além de o devedor não ter recusado, provadamente, o aceite, no prazo e

condições legais (art. 15, II, a a c). Todas essas condições (inclusive o protesto) têm que

mostrar-se satisfeitas para que a duplicata tenha eficácia executiva. Porém, se a demanda é

proposta pelo endossatário contra o avalista do endossante, ficam dispensados os requisitos do

aceite presumido.

A duplicata, emitida em virtude de prestação de serviços, não aceita, ampara

pedido de falência (Lei 6.458/77 e art. 94, I, da Lei 11.101/2005, além da Súmula 248 do

STJ).

Sustação de protesto, obtida por medida cautelar, não impede a execução da

duplicata, porque semelhante efeito escapa à própria ação principal, haja vista a explícita

proibição do art. 585, § 1º.

No caso da duplicata emitida em virtude de prestação de serviços, ao credor

cabe instruir a ação inicial com os documentos comprobatórios da existência do vínculo.


Cheque

Regulado pela Lei 3.357/1985, o cheque constitui ordem de pagamento à vista,

passada a favor próprio ou de terceiros, por quem tem provisão de fundos, contra empresa de

banco ou instituição análoga.

O cheque não perde a condição de título executivo quando devolvido por falta

de provisão de fundos. Também, o cheque antedatado, sem data ou com data falsa é título

irregular, mas válido e exeqüível.

Legitima-se, passivamente, o emitente do título, porquanto toda ação cambial

deriva da cártula. O co-titular da conta corrente, que não emitiu o cheque, não responde

perante o portador. Contudo, os obrigados de regresso são responsáveis, no caso de endosso

do cheque, dispensando-se o protesto na ação do endossatário contra o endossante.

A ação executiva prescreve em seis meses (art. 59 da Lei 7.357/85), contados

do esgotamento do prazo de apresentação, que é de 30 dias (mesma praça) ou de 60 (praça

diversa da localidade em que se situa a agência bancária).

Debênture

Debênture é a parcela do empréstimo tomado por sociedade anônima junto ao

público em geral, tendo executividade por força do disposto no art. 462, além do

reconhecimento pela 3ª Turma do STJ.


28.2 Instrumento público ou particular de confissão de dívida

O art. 585, II, contempla quatro documentos distintos como título executivo: a)

a escritura pública; b) o documento público assinado pelo devedor; c) o documento particular

assinado pelo devedor e por duas testemunhas; d) a transação referendada pelo Ministério

Público, pelo Defensor Público ou pelos advogados dos transatores. Assim, tornaram-se

exeqüíveis quaisquer prestações de dar ou de fazer.

Instrumento Público

Dotado de fé pública, e fazendo prova plena da obrigação, o documento

notarial constitui requisito de validade dos negócios que “visem à constituição, transferência,

modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior

salário mínimo vigente no País”.

A força executiva abrange as obrigações contraídas no próprio instrumento e

quaisquer outras preexistentes, mas reconhecidas perante o notário. Não importa, outrossim, o

caráter unilateral ou bilateral do negócio ou que, neste último, as prestações sejam

simultâneas.

Em juízo, apresenta-se a escritura pública sob a forma de traslado, que é a

primeira cópia do instrumento, e das certidões, posteriormente extraídas pelo notário (art. 217,

CC/02 e art. 365, II, CPC).

O documento público, ao lado da escritura pública (art. 585, II) é dotado de

força executiva.
Instrumento particular

Integra a substância do documento particular a assinatura de duas testemunhas,

e na sua falta, não há título (4ª Turma do STJ). Também é necessário a assinatura do próprio

devedor ou de procurador com poderes expressos, e, se for o caso, exibindo procuração por

instrumento público, não valendo a assinatura a rogo. Não é obrigatório o reconhecimento das

firmas. Os advogados não servem como testemunhas.

O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário do contrato de

abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial (Súmula 300 STJ).

O contrato de arrendamento mercantil, atendida a forma do art. 585, II, do

CPC, serve de título para executar prestações vencidas, multas e demais encargos.

Transação referendada

Este documento é título executivo por força do art. 585, II do CPC. Trata-se de

transação referendada pelos advogados, Ministério Público ou pelo Defensor Público. Não

basta o referendo, pois o art. 568, I do CPC impõe a assinatura do obrigado.

Nenhuma exigência há quanto à prova da habilitação do autor do visto, na

qualidade de integrante das carreiras do Ministério Público e da Defensoria, nem dos

advogados se reclama a exibição do mandato. É perfeitamente admissível que só um

advogado represente a todos os transatores.

Também adquire eficácia executiva a transação acerca de alimentos devidos a

idoso e celebrada perante o Promotor Público (art. 13, Lei 10.741/2003).


28.3 Contratos de caução e seguro de vida

Trata-se do ajuste que visa dar ao credor uma segurança de pagamento.

Desdobra-se em duas classes: a garantia real (bem móvel ou imóvel) e a garantia pessoal

(promessa formalizada por terceiro para solver a dívida).

A garantia real consubstancia-se na hipoteca, penhor e anticrese. A garantia

pessoal ou fidejussória inclui a fiança e a adesão à dívida, também designada de pacto de

solidariedade.

A fiança judicial, legal ou convencional constituem títulos executivos.

Contudo, para a eficácia executiva da fiança, prescindível é a existência de duas testemunhas

(4ª Turma STJ).

O seguro de vida (art. 757 CC/02) é tutelado pelo art. 585, III da Lei 11.382/06,

não englobando o seguro de acidentes pessoais, obrigatório ou facultativo, cabendo a estes

ação de cobrança pelo procedimento sumário, quando envolver veículos (art. 275, II, e).

O beneficiário da quantia segurada deve instruir a execução com a apólice ou o

bilhete (art. 10 do Dec. Lei 73/1966; art. 758 do CC/02) e a prova do óbito. E o contrato se

provará através da apólice, do bilhete, da assinatura da minuta pelos contratantes ou

lançamento da operação nos livros do segurador.

28.4 Foro e laudêmio

Estes decorrem do contrato de enfiteuse, mediante o qual o possuidor direto, ou

enfiteuta, usufrui os poderes ínsitos ao domínio, ficando obrigado ao pagamento de uma

pensão anual ao dono da coisa, ou ao senhorio, certa e invariável, e a uma quota proporcional

sobre o preço, em caso de alienação do domínio útil.


É indispensável o credor, na inicial, anexar cópia do contrato de enfiteuse e, se

for este o caso, provar a alienação do bem, desincumbindo-se dos ônus previstos nos incisos I

e III do art. 614 do CPC.

28.5 Aluguel de imóvel e encargos

O aluguel é a remuneração que o locatário presta ao locador, periodicamente,

pelo uso da coisa locada. Em tais termos, na locação de imóveis urbanos, compreende-se o

dever que toca ao locatário.

Embora a locação tenha forma livre, porque negócio consensual, o art. 585, V

limita a exeqüibilidade ao contrato escrito, atento ao requisito da forma do título. Ademais, o

objeto da locação há de ser imóvel (rural ou urbano), não tutelando locação de coisas móveis.

O contrato de locação de imóveis prescinde da assinatura de duas testemunhas.

Também contempla o art. 585, V, a execução dos encargos acessórios, “tais

como taxas e despesas de condomínio”.

Conexamente ao crédito do aluguel de imóvel urbano, provado mediante

contrato escrito, podem ser cobrados outros encargos, como a lei designa (art. 23, I, Lei

8.245/1991) as “despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto”. A

redação vigente do art. 585, V, adotou a fórmula exemplificativa. Emprega a palavra “taxa”,

todavia, sem sentido lato, abrangendo também os preços públicos (p. ex., conforme a lei local,

o custo do fornecimento de água) transferidos ao locatário.


28.6 Custas, emolumentos e honorários de auxiliares do juízo

O art. 585, VI, dá acesso à demanda executória aos auxiliares do juízo (art.

139) pelo valor de suas custas (remuneração fixada na lei respectiva), emolumentos

(remuneração, distinta das custas, arbitrada pelo juiz tendo em conta a extensão e proveito do

trabalho) e honorários. Em que pese a lei arrolar serventuário da justiça, perito, intérprete e

tradutor, igualmente o porteiro (existindo previsão do cargo nas leis locais de organização

judiciária) e o leiloeiro se beneficiam, em igualdade de condições, da titulação disposta na

regra. Excluem-se dessa condição os serventuários do foro extrajudicial.

Quando a parte vencedora adianta custas e emolumentos, sub-roga-se no

crédito e, nesta condição, propõe a demanda executória (art. 567, III)

28.7 Certidão da dívida ativa da Fazenda Pública

O ato de inscrição é regulado no art. 202 do CTN e no art. 2º, § 5º, da Lei

6.830/80. Esse curioso título, destacado pela anormal circunstância de ser criado

unilateralmente, embora em atividade administrativa vinculada, pelo credor, possui rito

expropriatório específico e suas características se examinarão em item próprio.

28.8 Títulos previstos em leis extravagantes

O inc. VIII do art. 585 se reporta a inúmeras leis especiais, que atribuem

eficácia executiva aos mais heterogêneos documentos.

Incluem-se na previsão do inc. VIII: a) a cédula rural pignoratícia, cédula rural

hipotecária, cédula rural pignoratícia e hipotecária, nota de crédito rural, nota promissória
rural e duplicata rural; b) cédula de crédito industrial, nota de crédito industrial e cédula

industrial pignoratícia; c) letra imobiliária; d) cédula hipotecária; e) cédula e nota de crédito à

exportação; f) crédito de alienação fiduciária em garantia; g) crédito da previdência social; h)

prêmio do contrato de seguro; i) honorários de advogado; j) multas e obrigações de fazer

decorrentes de decisão do plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica; k)

crédito decorrente do inadimplemento do boletim de subscrição de ações; l) crédito alimentar

decorrente do ajustamento dos interessados às exigências do Estatuto da Criança e do

Adolescente; m) créditos dos órgãos controladores do exercício profissional; n) multas do

Tribunal de Contas da União; o) taxa de renovação da Marinha Mercante; p) adicional ao frete

para renovação da Marinha Mercante; q) crédito decorrente de contrato de câmbio; r) multas e

sanções pecuniárias impostas nos julgamentos do Tribunal de Contas da União; s) cédula de

produto rural; t) o compromisso arbitral que fixa os honorários do(s) árbitro(s); u)

compromisso de ajustamento; v) cédula e nota de crédito comercial; w) transação acerca de

alimentos devidos a idoso; x) cédula de crédito bancário; z) cédula de crédito imobiliário.

Não constituem títulos extrajudiciais, porém, a convenção de marca, prevista

no art. 17 da Lei 6.729/1979, em que pese gerar prestações, e o contrato de consórcio, a

despeito de opinião contrária.

28.9 Título extrajudicial estrangeiro

O art. 585, § 2º, do CPC, dispõe que o título extrajudicial oriundo do

estrangeiro não se vincula ao juízo de delibação. Os requisitos de formação do documento

obedecem à lex loci (art. 585, § 2º, 2ª parte), e, naturalmente, hão de apresentar eficácia

executiva no país de origem e no Brasil. Tutela o dispositivo, precipuamente, a cambial, que é


dotada de força executiva entre nós (art. 585, I), não se mostrando razoável negá-la à

estrangeira, embora a exeqüibilidade não constitua atributo ínsito à disciplina cambial.

O título estrangeiro deve indicar como lugar de cumprimento da obrigação

alguma localidade do território nacional. Não se exige que as partes residam no Brasil,

embora seja competente a Justiça brasileira se o devedor aqui tiver domicílio (art. 88, I).

Eliminada a exigência de delibação, a propositura da demanda executória, no

foro competente, se vincula apenas à tradução do título (art. 157) e à conversão da moeda

estrangeira em moeda nacional, ao câmbio oficial do dia do ajuizamento, o que não afeta a

liquidez, conforme decidiu a 3ª turma do STJ.

DADOS DO RESENHISTA

Marcos Coelho Pedroso é acadêmico do 10º período de Direito da

Universidade Luterana de Ji-Paraná/RO. Bacharel em Ciências Contábeis, estudou na

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Gurupi – FAFICH. Possui Pós-Graduação em

Gerência Contábil, Controladoria e Auditoria pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e

Extensão – IBPEX.

Atualmente atuando como bancário, trabalha no Banco da Amazônia, onde foi

admitido em 2001.

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