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O ano dos M&A ‘estressados’


Por João Carlos Mendonça e Renato Brandão

O ano de 2015 no Brasil foi marcado por uma série de eventos e índices negativos. Um ano repleto de manchetes
sobre a queda do PIB, a alta da inflação, a desvalorização do real, a operação Lava-Jato, a possibilidade de
impeachment e o rebaixamento da nota de crédito do país por uma segunda agência internacional de avaliação
de riscos. Não bastasse a crise econômica, observamos também o agravamento da crise política.

Toda crise, porém, traz oportunidades, a exemplo do aumento da quantidade de operações de M&A (fusões e
aquisições), em especial “distressed M&A”. Expressão até então pouco conhecida no Brasil e amplamente
utilizada nos Estados Unidos e na Europa, trata-se de uma operação de fusão ou aquisição de empresa ou ativo
em estresse financeiro, marcada por seguir um rito próprio e pelo fato de estar diretamente ligada ao processo
de restruturação do vendedor.

No Brasil, esse tipo de operação acabou ganhando outras facetas em virtude do atual cenário econômico e
político. Algumas empresas acabaram tendo uma nova forma de “estresse”. Os avanços da operação Lava-Jato
criaram algumas operações atípicas de Distressed M&A. Seja pela restrição dos bancos em financiar operações de
empresas ou grupos econômicos investi-gados, seja pela crise de confiança dos investidores ou até mesmo por
problemas de compliance. Fato é que empresas até ontem muito saudáveis, viram-se diante de uma situação de
“es-tresse” na qual lhes restou o caminho da recuperação judicial com venda de seus ativos, como forma de
viabilizar a perpetuidade da empresa.
A possibilidade de venda de uma Unidade Produtiva Isolada acabou viabilizando as operações de ‘distressed
M&A’ no Brasil.
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As operações típicas de distressed M&A também ganharam força em virtude de fatores externos como
desvalorização do real, escassez de crédito, alta da taxa de juros. Fatores que serviram para “estressar” empresas
até então saudáveis, restando poucas alternativas para injeção de capital.

Foi dessa maneira que passamos a ver excelentes ativos começando a ser negociados por bons preços e
condições. Começou-se a colocar em prática a famosa recomendação de Warren Buffett “nunca desperdice uma
boa crise”. Os investidores de médio e longo prazo passaram a ver com bons olhos as empresas e ativos
“estressados”. Eles sabem que as crises são cíclicas e não ignoram o fato do Brasil ser a 8ª economia do mundo,
ter um enorme mercado consumidor, uma população de mais 205 milhões de pessoas e um território de
proporções continentais.

Neste contexto, restou aos profissionais de M&A a tarefa de unir a vontade dos acionistas e credores de
empresas estressadas com os anseios dos investidores, ávidos por ativos com preços reduzidos e com o menor
risco. Estamos falando tanto de investidores locais e estrangeiros, quanto de fundos de investimento
especializados em ativos estressados (“distressed assets”).

Mas engana-se quem trata a operação de distressed M&A como uma transação regular de M&A. Por serem
operações diferenciadas e seguirem um procedimento próprio, projetos com ativos estressados exigem uma
postura orientada para o negócio e apoio de alguém qualificado para entender a dinâmica de reestruturação da
empresa sob estresse. É preciso uma certa dose de apetite ao risco e saber se valer de todo o ordenamento
jurídico para proteger o cliente no pós-aquisição.

Uma das ferramentas mais eficazes e disponíveis para os compradores, considerando a compra de ativos
estressados, é realizar essa compra no contexto da recuperação judicial. O artigo 60 da Lei de Falência (Lei nº
11.101/05) possibilita a alienação do ativo livre de qualquer ônus e sem sucessão do adquirente, desde que
aprovado no plano de recuperação judicial. Este dispositivo legal acaba sendo uma luz no fim do túnel para a
empresa em recuperação judicial, para os credores e finalmente para o investidor adquirente.

A possibilidade de venda de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI) acabou, dessa forma, viabilizando as
operações de distressed M&A no Brasil. É difícil mensurar com precisão quanto das mais de 700 operações de
M&A realizadas em 2015 foram feitas valendo-se do artigo 60, mas é fato, que inúmeras transações foram
viabilizadas dessa forma e muitas ainda estão em andamento.

O trabalho em conjunto dos advogados de M&A com os de insolvência e recuperação judicial é fundamental para
a viabilização da operação e sua aprovação pela assembleia de credores e pelo juízo da recuperação judicial.
Essa forma de M&A que fez sucesso em 2015, muito provavelmente fará sucesso em 2016.

As conjunturas política e econômica indicam que 2016 será também um ano de oportunidades para quem quiser
criar valor e construir riquezas por meio de aquisições. Os que conseguirem adquirir empresas e ativos em linha
com suas estratégias de médio e longo prazo terão a possibilidade de emergir mais sólidos e lucrativos no
momento de retomada da economia. Por isso, é importante estar de olhos abertos para não deixar uma boa
oportunidade passar.

João Carlos A.C. de Mendonça e Renato Brandão são sócio e associado da área de direito empresarial e
compliance do Felsberg Advogados, respectivamente.

Valor Econômico de 29.1.2016.

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