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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000973704

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº
1000843-29.2018.8.26.0450, da Comarca de Piracaia, em que é apelante
TELEFONICA BRASIL S/A, é apelado RICARDO SILVA DOS SANTOS.

ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SIMÕES


DE VERGUEIRO (Presidente) e JOVINO DE SYLOS.

São Paulo, 13 de novembro de 2018.

MIGUEL PETRONI NETO


RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 29405
Apelação nº 1000843-29.2018.8.26.0450
Comarca de Piracaia
Apelante: TELEFÔNICA BRASIL S/A
Apelado: RICARDO SILVA DOS SANTOS

Ação declaratória c.c. indenização julgada procedente - Prestação de serviços de telefonia


com pacote de internet - Alegação de cobrança além do pactuado e suspensão do serviço -
Contrato que caracteriza nítida relação de consumo - Aplicação do CDC - Inversão do ônus
probatório - Comprovação de regularidade da cobrança e suspensão dos serviços a cargo da
ré - Prova negativa inadmissível (inexistência de pacto de aumento após o quinto mês) - Ônus
não atendido - Reconhecida a falha da ré - Dano moral configurado e fixado em R$ 4.000,00 -
Montante fixado fora dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, comportando
majoração - Condenação, contudo, mantida - Vedação à “reformatio in pejus” - Honorários
advocatícios - Incabível redução - Recurso improvido

1. Adota-se o relatório da r. sentença, a saber: “RELATÓRIO. Trata-se de


ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos morais
ajuizada por RICARDO SILVA DOS SANTOS em face de TELEFÔNICA DO BRASIL
S/A. Em breve síntese, a parte autora alega que contratou pacote de internet com a
requerida em junho/2016, e, passados três meses, teve o valor de sua mensalidade
elevado. Após, nos meses seguintes teve a mensalidade do serviço elevada mais uma
vez e, também, a prestação do serviço paralisada. Ao final, requer a procedência do
pedido com a procedência da ação para a declaração da inexistência dos débitos e a
condenação da requerida em danos morais. Em contestação (fls. 57/72), a parte ré,
preliminarmente, impugnou o valor da causa, alegou a inaplicabilidade do CDC ao
caso e impugnou os benefícios da justiça gratuita concedidos ao autor. No mérito,
sustenta que foi concedido ao autor desconto de natureza temporária nas faturas
iniciais e que a suspensão dos serviços ocorreu em virtude do inadimplemento
daquele. Por fim, em réplica (fls. 77/86), o autor impugna as questões apontadas na
contestação (fls. 87).

A r. sentença assim decidiu: “Ante o exposto, com base no art. 487, inciso
I, do NCPC, JULGO PROCEDENTE a pretensão para (a) declarar inexistente o
débito referente aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2016; (b) condenar a
ré a pagar à parte autora o valor de R$ 4.000,00, a título de compensação moral,
montante a ser corrigido pela Tabela Prática deste Egrégio Tribunal de Justiça a
partir do arbitramento (Súmula nº 362/STJ: A correção monetária do valor da
indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento) e com incidência de
juros moratórios de 1% (art. 406 CC c/c art. 161, § 1º, do CTN e Enunciado nº 20 das
Jornadas de Direito Civil) ao mês desde a citação (AgRg no Ag 1194880/CE, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2013,
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DJe 04/02/2014). Despesas processuais e honorários advocatícios. Sucumbente a


parte ré, condeno a ao pagamento das despesas processuais e dos honorários
advocatícios sucumbenciais, estes fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da
condenação, nos termos do arts. 82, § 2º, e 85, §§ 2º e 6º, do NCPC. Disposições
finais. P.I.C.”(fls. 282).

Apela a ré pretendendo a improcedência da ação. Ratifica a legalidade da


cobrança, já que os serviços foram prestados com qualidade, usufruídos, ficando a
disposição do autor. Argumenta com a legalidade do cancelamento da linha por falta
de pagamento. Explica que a contratação dos serviços ocorreu por telefone e que não
encontrou referida gravação em seu sistema, embora tenha diligenciado nesse sentido.
Alega, também, a inexistência de dano moral, já que se trata de mero aborrecimento e
não houve ofensa à honra do autor. Pede, alternativamente, a redução do valor da
indenização e dos honorários advocatícios (fls.284/294).

O recurso foi recebido e contrarrazoado (fls.299/309).

É o relatório.

2. O recurso não comporta provimento.

2.1. O objeto do contrato é a prestação de serviços de telefonia móvel, com


pacote que incluía internet.

A versão da apelante é de regularidade das cobranças e da consequente


legitimidade do cancelamento dos serviços ante a falta de pagamento.

Inicialmente fica registrado que a relação jurídica que é discutida é


disciplina pelo Código de Defesa do Consumidor e consequentemente, aplica-se o
princípio da inversão do ônus da prova.

Seguindo.

A existência de contrato é incontroversa. Logo, à ré cabia a demonstração


inequívoca de que a contratação ensejadora da cobrança de fato autorizava os
aumentos sucessivos das mensalidades - ocorridos em outubro, novembro e dezembro
de 2016 -, bastando para tanto que trouxesse aos autos o instrumento correspondente
devidamente subscrito pelo autor, ou ainda, qualquer comprovação, ainda que digital,
da contratação dos serviços.

Tal prova, contudo, não veio ao processo, não se podendo exigir que a parte
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autora comprove que não celebrou o contrato, pois se estaria exigindo prova negativa,
proceder desautorizado no ordenamento jurídico processual vigente. Essa espécie de
prova, também conhecida como “diabolica probato” é impossível de ser realizada.
“Provar o nada é nada provar”.

E assim sendo, como bem registrado na sentença, a ré quedou-se inerte,


restando caracterizados os dois defeitos na prestação dos serviços apontados na inicial
- aumento da mensalidade e suspensão do serviço.

Assim sendo, de rigor a declaração de inexigibilidade dos valores apontados


na inicial, decorrentes da linha cancelada.

2.2. Realmente, não resta dúvida sobre a falha na prestação do serviço


oferecido pela ré.

Havendo nexo de causalidade entre a conduta da ré e o prejuízo suportado


pelo autor em virtude do abrupto cancelamento da linha e de sinal de internet, sem que
houvesse justa causa, bem como as insistentes cobranças, restou configurado o dano
moral.

Na qualidade de Pessoa Jurídica prestadora de Serviços Públicos, a


concessionária ré responde objetivamente pelos danos causados a terceiros pela
prestação de serviços deficientes, nos termos do artigo 37, § 6º, da CF (STF, ARE
716672/RS, Ag.Reg no Recurso Extraordinário com agravo, 1ª Turma, rel. Min. Luiz
Fux, j. 18.12.2012).

Resta-lhe, portanto, o dever de indenizar.

2.3. Quanto ao pedido de majoração do valor indenizatório, igualmente, o


inconformismo não procede.

Tendo em vista o grau de culpa do banco réu, a repercussão e a duração do


evento danoso e em atenção aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, tem-
se que o montante arbitrado a título de indenização (R$ 4.000,00) afigura-se parco,
comportando majoração. Contudo, a r. sentença perdurará tal qual proferida, em
obediência do princípio que veda a “reformatio in pejus”.

2.4. Para a fixação dos honorários advocatícios, há que se levar em conta o


grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a complexidade e
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
serviço.
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No caso dos autos, considerando-se todos os parâmetros retro mencionados


(dificuldade do trabalho, tempo despendido, etc.) e tendo em conta, ainda, o princípio
da razoabilidade, que deve nortear todas as decisões do juiz, descabe a redução
pretendida, considerada a base de cálculo correspondente a R$ 4.000,00.

3. Majora-se, ainda, a verba honorária para R$ 2.000,00, nos termos do


artigo 85, § 11º (honorários recursais).

Em suma, a procedência da ação há que ser mantida.

Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.

MIGUEL PETRONI NETO


Relator

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