Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
net)
Início > Amílcar Cabral e a cultura africana como resistência
Amílcar Lopes Cabral é uma dessas vozes, nasceu em 1924, na cidade de Bafatá, Guiné-
Bissau. E foi brutalmente assassinado por alguns dos seus companheiros no dia 20 de
janeiro de 1973, em Guiné - Conacri, apoiados pela PIDE - Polícia Internacional e de Defesa
do Estado. Este recorte biográfico situa-se no reconhecimento da contribuição de Cabral aos
movimentos de libertação africanos, especialmente, em Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Cabral era filho de cabo-verdianos e passou a infância em São Vicente, Cabo Verde. Por
causa do elevado desempenho escolar, aos 21 anos, foi contemplado com uma bolsa de
estudos para cursar Engenharia Agrónoma no Instituto Superior de Agronomia - ISA, em
Lisboa. Nesse período, frequentou a Casa dos Estudantes do Império e a Casa da África,
ambientes onde desenvolveu atividades artísticas focalizando a identidade negra, designadas
por ele como "reafricanização dos espíritos". Concorrente a essas atividades, conheceu
alguns estudantes que expressavam a preocupação com a colonização europeia em África e
a urgência da manutenção dos valores africanos, desse ponto, diversos encontros
envolvendo debates políticos tornaram-se uma constante; Cabral, Agostinho Neto, Mário de
Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundaram clandestinamente o
Centro de Estudos Africanos, contudo a PIDE o fechou em 1951. Naquela época, a situação
dos países de colonização portuguesa era demasiadamente complexa, pois Portugal estava
sob a truculência de Salazar - considerado o ditador mais violento da história do país e
totalmente contrário à descolonização. Em 1952, Cabral, concluiu o curso de agronomia e
retornou para Guiné-Bissau, passando a assumir o cargo de diretor do Posto Agrícola
Experimental de Pessubé, ocasião em que ficou responsável pela realização do primeiro
recenseamento agrícola do país. Essa oportunidade lhe permitiu conhecer de perto a
realidade da população guineense.
Um dos eixos centrais dos questionamentos quanto à colonização portuguesa era decorrente
do esvaziamento da cultura africana, sem perder de vista a usurpação das riquezas e a
opressão racial. Nesse sentido, a reflexão de Cabral (1978) pode nos levar a compreender o
que estava ocorrendo nas colónias:
Esse obstáculo demonstrava para Cabral que a cultura inserida em toda a complexidade do
binómio - colonizado e colonizador - seria o arrimo do povo e que a sua destruição
endossaria o argumento para a espoliação dos colonizados. Assim, para suplantar a
colonização seria necessário o fortalecimento, a conscientização, e a defesa da cultura
africana. Sendo - até - muito mais importante, no primeiro momento, do que a independência
política. Sob essa ótica, não adiantaria expulsar os colonizadores se o imaginário da
população continuasse com os referenciais alheios.
Referências
CABRAL, Amílcar. Unidade e Luta I. A Arma da Teoria. Textos coordenados por Mário Pinto
de Andrade, Lisboa: Seara Nova, 1978.
CABRAL, Amílcar . Guiné-Bissau ? nação africana forjada na luta. Lisboa. Nova Aurora, 1974.
Biblioteca
Agenda
Jornal Esquerda
Blogosfera
Comunidade
Revista Vírus
Wikifugas
Ficha Técnica
Ligações:
[1] https://www.geledes.org.br/amilcar-cabral-e-cultura-africana-como-resistencia/
[2] http://cartacampinas.com.br/2018/01/amilcar-cabral-e-a-cultura-africana-como-resistencia/