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Não tolero o seu psiu!

Apresentação
De acordo com o filósofo Pierre Bourdieu, a sociedade ocidental capitalista é
hierarquizada e organizada segundo uma divisão desigual de poderes, sendo a
posição de privilégio dos indivíduos determinada a partir do conjunto de capitais e
de culturas. Para Bourdieu, as práticas de cultura estão ligadas as trajetórias
sociais, ou seja, o modo que o indivíduo percebe e age perante o mundo é
consequência de suas experiências e vivências.
Fato é que a sociedade foi construída e fundamentada sob uma cultura
patriarcal e misógina. De acordo com a socióloga Nina Madsen:
Nossa sociedade é violenta contra as populações marginalizadas e
as mulheres compõem essa população. A culpa da violência sexual
nunca é das mulheres. Temos que educar os meninos a não
estuprar. Hoje eles aprendem que uma menina que se veste de uma
determinada forma está provocando e que eles têm uma pretensa
autorização para fazer uso daquele corpo que está sendo exposto.
Temos que interferir nesse processo
A ideia da intervenção é evidenciar essa estrutura machista que tem como
consequência os diversos tipos de violência contra a mulher. A ação prevê revelar
as práticas dessa cultura, por isso, usaremos o espaço da Avenida Paulista como
palco e entregaremos flores à mulheres que estiverem circulando na rua. Dentro das
flores, frases de impacto e dados sobre a violência contra o gênero estarão
expostas a fim de usar o espaço público como uma explicitação da hierarquização
de poderes ligada ao sexo masculino e como isso afeta rotineiramente as mulheres.

Justificativa
As diversas formas de violência contra mulher estão presentes na sociedade,
a qual é embasada em ideais misóginos e machistas que dominam não só o
ambiente doméstico, mas também o espaço público.
Segundo dados do Instituto Avon, 54% dos brasileiros afirmam conhecer uma
vítima de violência doméstica e segundo um levantamento do Datafolha, 40% das
mulheres acima de 16 anos afirmam ter sofrido algum tipo de assédio. O
desequilíbrio entre as relações de poderes entre homens e mulheres e a
conceituação do assédio como uma forma de foro privado, nos evidencia uma suma
importância em abordar o tema.
Segundo Mazzetti (2006 p.6) a prática de intervenção urbana visa extrapolar
todos os tipos de experimentação, unindo arte com a vida. A ideia com essa ação é
fazer a apropriação do espaço público a fim de publicizar e politizar uma rede para
que possamos assim, unir arte e vida, expondo e evidenciando um problema social
que perpassa gerações. Assédio sexual é crime!

Objetivos
O objetivo com essa ação é ampliar o conhecimento sobre assédio sexual e
suas consequências a partir de uma ótica feminina. A finalidade é gerar discussão e
fomentar o debate acerca do tema após a intervenção ser realizada.

Público-alvo
Nossa ação terá como público-alvo crianças, mulheres adolescentes e
adultas que estiverem circulando entre a Avenida Paulista no domingo do dia doze
de novembro.

Estratégia
Usaremos um domingo, pois a Avenida Paulista estará fechada e isso
aumenta a concentração do público, sendo mais fácil de abordar as mulheres que
estiverem circulando pela rua. Para isso usaremos flores de papel, com mensagens
sobre feminicídio e outros dados sobre violência contra mulher para causar um
impacto, provocando uma reflexão sobre o assunto.
Usaremos a flor pela impacto que esta causará, já que além de simbolizar a
fragilidade feminina, ela faz um contraponto em relação à violência, uma vez que
também simboliza o amor e carinho. Assim, apesar das mensagens terem conteúdo
chocante,a forma de abordagem será carinhosa e dessa forma fica mais fácil
transmitir as ideias sobre a violência e fazer com que as mulheres reflitam sobre o
assunto.

Desenvolvimento
A intervenção urbana ocorrerá no coração de São Paulo, a Avenida Paulista,
no dia 12/11/2017, um domingo, dia o qual a avenida é fechada para pedestres e
será realizada a partir das 14h.
A ação acontecerá em três fases. A primeira fase consta em uma pesquisa
acerca do tema violência contra mulher, mais especificamente sobre o assédio
sexual. A partir do recolhimento do material, nós selecionaremos algumas frases de
impacto que servirão de insumo para a realização da intervenção. A terceira fase
contará com a preparação do material necessário para que a ação seja feita. E a
última fase será a aplicação da intervenção em meio a avenida paulista.
Assédio sexual é um tema relativamente novo. Foi considerado como uma
discriminação apenas em 1976 nos Estados Unidos, fator responsável por abrir
margem a discussão do mote e por levar outros países a criminalizar o assédio. De
acordo com o artigo 216-A do código penal brasileiro, assédio sexual define-se:
“constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”, ou seja, entende-se que o
assédio sexual é uma uma relação de poder entre dois cônjuges ou não que
possuem um relacionamento abusivo que favorece apenas uma parte dessa
relação. Em linhas gerais para a primeira etapa, nos embasamos em pesquisas
gerais sobre assédio sexual no Brasil e como este se constitui. A ideia é unir teoria e
aplicabilidade em uma só ação, gerando assim o impacto esperado.
A intervenção será realizada a partir da entrega de rosas de papel para
mulheres que estiverem circulando pela Avenida Paulista. As flores de papel
entregues para o público possuirão dois tipos de frases, 25 flores conterão as frases
mais comuns que as mulheres recebem em um ambiente público ou privado, como
por exemplo “Gostosa”, e dados resultantes de pesquisas sobre a violência contra a
mulher, como “Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no
Brasil” (Datafolha). As outras 25 conterão elogios que normalmente são destinados
a homens como “Inteligente” e “Corajosa”. O propósito de se ter dois tipos diferentes
de flor é expor os elogios que as mulheres recebem no dia-a-dia e os elogios que as
mulheres gostariam de receber, sendo reconhecidas por seu intelectos, como
acontece com os homens, não apenas por seus atributos físicos.
Dentro das rosas que contêm as frases mais comuns que as mulheres
recebem em um ambiente público ou privado e dados resultantes de pesquisas
sobre a violência contra a mulher, teremos frases que serão selecionadas a partir da
coleta de dados e fatos associados a assédio sexual. As rosas serão usadas, pois
estas, são símbolo da feminilidade e fragilidade da mulher, portanto, a ideia é
desmistificar esse fato e usar a rosa como ponte para um objeto ícone de opressão
que mulheres sofrem no cotidiano. A rosa simboliza a essência da mulher e a frase
de impacto contida dentro da flor emblema a substância feminina. A ideia é que a
rosa seja símbolo de resistência e da própria liberdade, que como bem abordado
pela autora feminista Simone de Beauvoir: “que nada nos defina, que nada nos
sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.”
Com o levantamento do material, iremos eleger cinquenta frases de impacto
relacionadas ao tema para que possamos iniciar a montagem da ação.
As frases selecionadas a partir da coleta de dados, para serem colocadas
dentro da rosa, serão as frases mais faladas em relação à violência contra mulher.
Os materiais oscilaram entre frases, elogios e dados, para que possamos coletar
diferentes reações sobre o assunto abordado. Entre as coletas, as optadas foram:
● De acordo com uma pesquisa feita pela Exame, 52% das mulheres que
sofreram assédio, se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da
mulher e 13% preferiram o auxílio da família.
● De acordo com o Jornal Metrópoles, o Brasil tem uma denúncia de violência
contra mulher a cada sete minutos.
● De acordo com um levantamento feito pela Exame, uma em cada três
mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano.
● 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressão física, por hora.
● De acordo com um levantamento feito pelo Datafolha, 40% das mulheres
acima de 16 anos sofreram algum tipo de assédio, o que inclui receber
comentários desrespeitosos nas ruas (20,4 milhões de vítimas), sofrer
assédio físico em transporte público (5,2 milhões) e ou ser beijada ou
agarrada sem consentimento (2,2 milhões de mulheres).
● 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos.
● De acordo com o Governo do Brasil, cerca de 68 mil atendimentos,
equivalentes a 12,23% do total, são relatos de violência: 51% correspondem
a violência física; 31,1% psicológica; 6,51% moral; 1,93% patrimonial; 4,30%
sexual; 4,86% cárcere privado; e 0,24% tráfico de pessoas.
● Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil,
aponta Datafolha.
● De acordo com o G1, 12,2 milhões de mulheres sofrem ou já sofreram ofensa
verbal.
● 2 em cada 3 brasileiros dizem ter presenciado ato de violência contra mulher
em seu bairro, de acordo com o G1.
● Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Quem
mais comete o crime são homens próximos às vítimas. (Fonte: Ipea, com
base em dados de 2011 do Sistema de Informações de Agravo de
Notificação do Ministério da Saúde)
● Somente 15,7% dos acusados por estupro foram presos (Dados do estado de
São Paulo obtidos pelo G1, referentes aos meses de janeiro a julho de 2017)
● No Metrô de São Paulo registra-se 4 casos de assédio sexual por semana.
(Dados de 2016 obtidos pelo Estadão)
● A cada 7.2 segundos uma mulher é vítima de violência física. (Fonte:
Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha)
● O assassinato de mulheres negras aumentou (54%) enquanto o de brancas
diminuiu (9,8%). (Fonte: Mapa da Violência 2015)
● Somente em 2015, a Central de Atendimento a Mulher – Ligue 180, realizou
749.024 atendimentos, ou 1 atendimento a cada 42 segundos. Desde 2005,
são quase 5 milhões de atendimentos. (Dados divulgados pelo Ligue 180)
● 2 em cada 3 universitárias brasileiras disseram já ter sofrido algum tipo de
violência (sexual, psicológica, moral ou física) no ambiente universitário.
(Fonte: Pesquisa “Violência contra a mulher no ambiente universitário”, do
Instituto Avon, de 2015).
● Uma em três brasileiras é vítima de violência. Segundo a pesquisa “Visível e
Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada pelo Datafolha: uma
a cada três brasileiras com 16 anos ou mais foi espancada, xingada,
ameaçada, agarrada, perseguida, esfaqueada, empurrada ou chutada nos
últimos 12 meses.
● Aumentaram os relatos de estupros. Segundo dados do Ligue 180, da
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, há um crescimento de
133% no volume de relatos de violência doméstica e familiar em 2016. Entre
as denúncias, a central de atendimento identificou aumento de 123% no
número de relatos de violências sexuais em relação ao primeiro semestre de
2015. Esse tipo de violência foi puxado principalmente pelos relatos de
estupros, que cresceram 147%, chegando a 2.457 casos, com média de 13
registros por dia
● De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) 58,5% concordam totalmente ou parcialmente com a frase
"Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".
● Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) 42,7% dos entrevistados concordam totalmente com a frase:
"Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"

Além dos dados colhidos, colocaremos as frases mais comuns que as mulheres
recebem em um ambiente público ou privado:
Ô, lá em casa.
Ei, gostosa
Que filé hein
Fiu Fiu
Que bonita você é
Por que uma menina bonita como você está sem namorado?
Ô delícia
Que bundão
Que peitão
Que corpo
Ei psiu!
Os dados e frases serão aplicados dentro da rosa com um layout limpo e com
linguagem simples, a fim de gerar discussão, conhecimento e informação acerca do
tema violência contra mulher. Sabemos que o assunto é recorrente e existe no
cotidiano de todas as mulheres, porém, nem sempre este é discutido ou percebido
pelas próprias mulheres. A intervenção terá a finalidade de gerar o debate e
conscientização para que mulheres possam ter uma mínima noção de como o fator
é preocupante e deve ser discutido. A entrega da rosa simboliza mais que uma
intervenção, mas sim, um ícone de resistência e sororidade. De mulheres para
mulheres.
Peças de comunicação
Modelo de flor 1
Modelo de flor 2 - Fora
Modelo de flor 2 - Dentro

Metas
1. Garantir a entrega de quarenta flores à cinquenta (50) mulheres que
estiverem circulando pela Avenida Paulista.
2. Garantir que todas as mulheres filmadas assinem o termo de uso de imagem.
3. Garantir o recolhimento de 10 depoimentos das mulheres abordadas na
ação.
Avaliação
Para avaliar a intervenção, realizaremos um relatório pós-evento que conterá
as principais informações do evento, quantas pessoas participaram, imprevistos,
vídeos e fotos. Além disso, durante a ação, realizaremos uma análise quantitativa e
qualitativa com as mulheres entrevistadas, que também estará presente no relatório
pós-evento.

Investimento

Item Descrição Empresa Valor unitário Qtd. Valor total

Palitos de Suporte para Extra R$7,99 100 R$7,99


churrasco montagem da flor

Folha de sulfite Para fazer flor Kalunga R$5,60 50 R$5,60


rosa no tamanho
A4

Folha de sulfite Para fazer as folhas Kalunga R$5,60 50 R$5,60


verde no das flores
tamanho A4

Cola branca Para colar os Kalunga R$6,00 1 R$25,19


Tenaz materiais

Cronograma:

Não tolero seu psiu! Outubro Novembro


1 a 10 11 a 20 21 a 31 1 a 10 11 a 20 21 a 30
Planejamento e desenvolvimento
Execução
Avaliação

*Tendo em vista que todo o desenvolvimento da ação foi reformulado optamos por
concentrar nosso cronograma nos meses de outubro e novembro.

Relatório Pós-Evento
Nome
O nome da ação é “Não tolero o seu psiu!”, pois essa intervenção foi
realizada com o intuito de falar sobre todos os tipos de violência contra mulher,
expondo que a violência não é apenas física, como tapas, socos, etc, mas também
verbal, a partir de xingamentos e comentários inoportunos, e psicológica, na qual o
agressor faz ameaças que abalam a psique da mulher. Isso evidencia a estrutura
machista que a população é subordinada a viver.

Data
A intervenção ocorreu no dia 12/11/2017, um domingo.

Horário
O horário combinado para todas as integrantes do grupo se encontrarem foi
às 14:00, porém a intervenção só começou a ocorrer de fato as 14:30 e foi até às
18:00.

Localização
O ponto de encontro das integrantes do grupo foi no metrô Trianon-Masp,
localizado na Avenida Paulista. Depois do encontro de todas, fomos em direção a
avenida Paulista, local da realização da intervenção. Nós caminhamos sentido
Consolação e depois voltamos até a estação Brigadeiro, onde acabou nossa ação.

Responsável
A agência que realizou o evento foi a Lumière Comunicação, onde cada
integrante do grupo ficou responsável por uma parte do trabalho, que está
especificado abaixo:
Carolina Filisberto - responsável pelas filmagem e edição do vídeo.
Gabriele Menezes - gravar o áudio e criação das flores de papel.
Julia Sanchez - Entrega das folhas com mensagens, criação das flores de papel e
conversar com as pessoas abordadas.
Luiza Jamnik - Termo de autorização de imagem.
Mayara Freitas - Desenvolvimento da ação.

Objetivo
O objetivo da intervenção é informar e gerar debate com a população a partir
de uma visão feminina sobre o tema violência contra mulher, pois como foi
levantado em pesquisas, o Brasil é o sétimo país no ranking de assassinato de
mulheres entre 84 países e apresenta uma denúncia de violência contra a mulher a
cada sete minutos.

Assunto
O tema principal foi a violência contra mulher e para iniciar a intervenção os
assuntos foram designados a partir das frases escritas nas flores, no qual algumas
eram:
● De acordo com uma pesquisa feita pela Exame, 52% das mulheres que
sofreram assédio, se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da
mulher e 13% preferiram o auxílio da família.
● De acordo com o Jornal Metrópoles, o Brasil tem uma denúncia de
violência contra mulher a cada sete minutos.
● De acordo com um levantamento feito pela Exame, uma em cada três
mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano.
● 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressão física, por hora.
● 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos.

Público-alvo
O público-alvo da intervenção foram mulheres acima de 18 anos, mas com o
decorrer da ação abordamos também homens e crianças.

Número de participantes
O número total de participantes da intervenção foram 40 pessoas, entre
mulheres, crianças e homens, sendo que apenas 30 foram gravadas.

Registro do evento
A posição colocada para a mulher na sociedade explicita um ambiente
coberto de regras, e o não cumprimento dessas normas leva a coerção. Muitas
vezes a punição é psicológica e outras física. A figura da mulher é exposta à
objetificação e a partir das construções de pensamentos sociais tende a seguir
certos tipos de estereótipos ligados a cortes raciais, sexuais, estéticos e deve ser
centrado na feminilidade. Feminilidade, segundo o dicionário Aurélio é: “Qualidade
do que é feminil; Caráter, índole da mulher. ” A definição portuguesa sobre
feminilidade, coloca a mulher em uma posição de fragilidade adotando a futilidade
como parte do caráter de forma generalizada.
Logo ao entregarmos uma flor com a frase “Inteligente” para uma menina de
9 anos que se encontrava com sua avó e conversar com ela, constatamos como
elogios que não são voltados para o físico são tão importantes para as crianças do
sexo feminino, “Me chamam bastante de bonita, mas eu prefiro mesmo quando
dizem que eu sou inteligente.”. Estimular e enaltecer o intelecto dos jovens é
importante para crianças de ambos os sexo, logo não deveria ser um ato voltado
essencialmente para jovens do sexo masculino.
Com a realização da ação foi possível constatar que 75% das mulheres
entrevistadas e questionadas sobre o assunto acreditam que ser “elogiadas” por
homens desconhecidos é assédio, sendo que 100% já foi chamada de alguma coisa
no espaço público.
Ao entrevistarmos uma mulher lésbica percebemos que o assédio não vem
apenas de homens, ao nos relatar que já foi assedia por mulheres também fica
evidente que o machismo que está enraizado na sociedade atual infecta a todos, a
mulher está em uma posição onde não encontra respeito nem de suas semelhantes.
Outro fato interessante de se ressaltar é que o machismo, que leva a
violência contra mulher, ainda é um assunto velado então sua disseminação se dá
por meio de brincadeiras e piadas. Este fato ficou explícito ao abordarmos uma
mulher que se encontrava com seu marido e seus três filhos, 2 meninos e 1 menina,
e ao mencionarmos que o assunto que seria bordado era violência contra mulher o
casal se pôs a reproduzir essas brincadeiras, “Cuidado com o que vai escrever aí
mulher, se não em casa apanha”, “Posso conversar com essas meninas, amor?
Você sabe que só faço o que você manda!”.
Já ao entrevistarmos outras mães nos foi desabafado que mulheres que
criam filhos do sexo feminino em um ambiente tão hostil e misógino batalham
diariamente para proteger suas filhas e lhes ensinar que o “mundo real” não lhes
tratará bem. Em um país onde as mulheres respondem por 43,8% de todos os
trabalhadores brasileiros, sendo que apenas 37% dos cargos de direção e gerência
são ocupados pelas mesmas, nos comitês executivos de grandes empresas são
apenas 10%, além da diferença de salários, onde a mulher ainda ganha 76% do
salário dos homens, nos cargos de gerência e direção essa proporção vai para 68%
(O Globo), não é de se espantar que mães tenham que ensinar suas filhas que será
necessário o dobro de esforço e de luta para conseguir o mesmo que o homem.
Segundo pesquisa realizada por Joana Novaes, coordenadora do Núcleo de
Doenças da Beleza da PUC-Rio, com mulheres brasileiras, sete em cada dez
mulheres sentem pressão para ser bonita e 73% entendem que as mulheres belas
têm mais oportunidades na vida. Diante destes dados, é extremamente
desanimador para o grupo escutar mulheres entrevistadas dizerem que gostariam
de ser feias para não serem assediadas, este tipo de pensamento tão comum nos
brasileiros apenas reafirma a posição da mulher no contexto vigente, além de ser
um dos fatores que levam os policiais e juízes a justificarem os assédios com “Ele
estava apenas te elogiando, você deveria ser mais grata.”
A beleza é algo relativo e simbólico, vai além das percepções individuais e é
construída a partir do coletivo. Para o filósofo Durkheim, as concepções e
consciência humana são formadas a partir de fatos exteriores e coercitivos, ou seja,
não é individual. A partir dessa reflexão é afirmativo que os padrões de beleza
sociais, além de se modificarem com o tempo, são impostos aos indivíduos e
aceitos como premissa básica do pensamento.

Divulgação
Dado que o propósito da intervenção era evidenciar um problema social que
perpassa gerações e é tão sufocado em discussões, além de ampliar o
conhecimento sobre assédio sexual através de conversas e entrevistas, não ocorreu
nenhum tipo de divulgação. Uma das intenções da ação era justamente captar a
reação e a percepção das pessoas acerca de um tema tão polêmico quando elas
não tem nenhum aviso prévio que a questão será colocada em pauta.

Outras atividades desenvolvidas


A ideia inicial da intervenção era que todas as mulheres que recebem as
flores fossem entrevistas, mas ao longo da ação essa idealização foi alterada. Para
certas pessoas apenas entregamos as flores e tivemos uma conversa mais informal
sobre o assunto, não havendo nenhum tipo de registro em vídeo ou foto.
Imprevistos
A realização da ação não teve nenhum imprevisto, o único fato considerado
surpreendente e inesperado por todos os integrantes do grupo foi quando mulheres
entrevistadas declararam que certos assunto colocados em pauta, como ser
chamada de gostosa na rua, não eram considerados assédios em sua visão, eram
elogios. Tal surpresa advém da preconcepção do grupo de que todas as mulheres
compartilham a ideia de que ser chamada de o que quer que seja por estranhos é
assédio.

Referências
ALMEIDA, Cássia. Mulheres estão em apenas 37% dos cargos de chefia
nas empresas. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/mulheres-
estao-em-apenas-37-dos-cargos-de-chefia-nas-empresas-21013908>. Acesso em:
14. 11. 2017.
AURELIO, Dicionário. Feminilidade. Disponível em:
<https://dicionariodoaurelio.com/feminilidade> Acesso em: 14 .11. 2017.

AVON, Instituto. Pesquisa Avon/Data Popular - Percepções dos homens


sobre a violência doméstica contra mulheres. Disponível em:
<http://centralmulheres.com.br/data/avon/Pesquisa-Avon-Datapopular-2013.pdf>.
Acesso em: 05.11.2017
BRASIL, Agência. Cultura machista está impregnada na sociedade
brasileira, diz socióloga. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-03/pesquisa-do-ipea-comprova-
que-cultura-machista-esta-impregnada-na-sociedade> Acesso em: 06.11.2017
CAPITAL, Carta. Assédio sexual não é cantada e tem punição. Disponível
em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2016/03/07/assedio-sexual-nao-e-
cantada-e-tem-punicao/>. Acesso em: 27.10.2017
ESTADÃO, Economia. Amparada em pesquisas, Dove questiona padrões
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<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,amparada-em-pesquisas--dove-
questiona-padroes-de-beleza,10000026643> Acesso em: 14.11. 2017.

EXAME. Os números da violência contra a mulher. Disponível em:


<https://exame.abril.com.br/brasil/os-numeros-da-violencia-contra-mulheres-no-
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FREITAS, Maria Ester. Assédio moral e sexual: faces do poder perverso
nas organizações. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v41n2/v41n2a02.pdf>. Acesso em: 05.11.2017
VEJA. SP: 77% das jovens têm propensão a distúrbios alimentares.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/saude/sp-77-das-jovens-tem-propensao-a-
disturbios-alimentares/> Acesso em: 14. 11. 2017.

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