Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Introdução
7
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
apresenta‐se em links, que aumentam o conhecimento ou podem também reduzi‐
lo ao trazê‐lo simplificado, quase sem conteúdo, com informações básicas, trocadas
automaticamente nas páginas, como se perdessem a importância, em minutos ou
horas.
8
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
As mediações tecnológicas que permeiam o cotidiano [...] definem
novas formas de percepção do tempo e do espaço [...] Derivam daí a
volatilidade, a efemeridade, a descartabilidade e a instantaneidade
do cotidiano contemporâneo. É a primazia do presente: o futuro é
algo desinteressante, distante, indefinível; o passado apresenta-se
fragmentado, embaralhado, citação de vivências difusas e
perpetuadas pelos meios de comunicação de massa. [...]
9
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
as informações, as aulas precisam adaptar‐se ao mundo dos alunos, “quebrar” os
muros da cultura erudita e transformar‐se em uma troca, onde o aluno aprende,
porém ensina, encontrando a harmonia necessária para juntar saberes e traçar
novos caminhos.
10
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
notícia impressa, no caso em jornais e revistas, de acordo com as condições de
produção dos discursos midiáticos, de seus contextos sócio‐histórico e ideológico,
de que origina o co‐texto, o contexto textual e o contexto de situação.
Proporcionaremos um recorte dentro de uma determinada tipologia,
direcionando nossas análises para os textos e tópicos selecionados, de acordo com
cada turma específica, cujo objetivo é saber como os grupos se relacionam com as
produções da notícia e que efeitos produzem nesses leitores após aprenderem os
gêneros propostos, analisarem os discursos que cada um deles traz e se tornarem
aptos a produzir seus próprios discursos, ou então a “ler” esses discursos com
possibilidades de definir os processos ideológicos e as mensagens subliminares.
Para o 7º ano, orientamos trabalhar a estrutura do gênero jornalístico, a
partir de um jornal diário de circulação local e de fácil acesso aos alunos, sem a
preocupação de estabelecer datas de publicação, despertando‐lhes a atenção para
a presença de gêneros híbridos que se imbricam na formação do meio de
comunicação, para criar um todo que é a publicação em si, que se apresenta de
acordo com as seguintes etapas de análises: 1) a primeira página de um jornal
diário constitui um hipertexto – manchetes, leads, tamanhos e tipos das letras, as
chamadas, a dobra do jornal (indício de destaque das notícias principais),
indicativos de datas, edições, local de publicação; 2) a divisão do jornal em
cadernos: esporte, cultura, classificados, economia, regional etc.; 3) a presença do
não‐verbal: fotos, ilustrações, gráficos, tabelas com índices, mapas meteorológicos,
logotipos, anúncios publicitários, quadrinhos, charges, palavras cruzadas, a
diagramação gráfica que constitui e personaliza o estilo daquele meio de
comunicação; 4) identificação dos diversos tipos textuais no meio estudado: a
notícia (narração, relatos) que se estrutura na “pirâmide invertida”, em que os
dados principais são introduzidos nos primeiros parágrafos, de acordo com os
elementos da narrativa e se desdobram na notícia em um aprofundamento do
tema; a presença de entrevistas (sequências diaologais), dos depoimentos, as
resenhas de filmes, textos científicos, artigos de críticos etc., distribuídos nas
páginas dos jornais; 5) A presença da temporalidade nos textos impressos.
Como desdobramento, propostas de aprendizagem a partir de cada gênero
visto, de suas particularidades, produções textuais de alguns deles, de identificação
11
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
das partes estudadas, cartazes demonstrativos fixados no ambiente escolar. A
partir desse contato com o meio, os alunos produzirão seus próprios boletins
informativos, com narrativas de fatos de seus cotidianos, ilustrações dos que
tenham essa habilidade, farão entrevistas sobre pautas levantadas no meio escolar,
e de acordo com suas competências terão capacidade de confeccionar um jornal
mural, para que possa ser fixado nem áreas de circulação geral entre professores,
estudantes, funcionários e gestores.
Especificamente com o 8º ano, o foco de análise parte para o discurso
publicitário inserido nas mídias, com a predominância do verbal e do não verbal,
publicados principalmente nas revistas de grande circulação (Isto é, Veja, Caras,
entre outras) em que cada anúncio tem como destino um púbico‐alvo específico,
quer seja infantil, adulto (feminino ou masculino) e de acordo com a renda de seus
consumidores.
Os apelos e a criatividade cativam os leitores que se submetem às
mensagens subliminares, sem saberem que estão sujeitos à manipulação
ideológica. Focaremos então, as análises das capas das revistas e das propagandas
nelas inseridas, com abordagens nas seguintes questões: 1) as cores
predominantes, com análises de seus significados e simbologias dentro do
contexto histórico, cultural e artístico, inclusive a intertextualidade com obras de
grandes artistas; 2) a gestualidade dos personagens; 3) as formas: linhas retas
atitudes concretas, objetivas; linhas curvas, sensualidade, emoção; 4) analisar o
efeito visual dos textos em seus leitores e consumidores; 5) o uso nos verbos no
imperativo; 6) as mensagens e a ideologia implícita nos discursos.
Os alunos poderão pesquisar em outros veículos de comunicação a presença
dos anúncios publicitários, em vários contextos de produção e trazer à sala de aula
para que sejam feitas análises e tentar produzir suas próprias propagandas
destinadas à seção de classificados do jornal mural escolar.
O 9º ano requer mais cautela com o processo de aprendizagem da notícia,
pois detém maior potencial para que os alunos sejam críticos a muitos aspectos
inseridos na mídia Essa criticidade vem das discussões de anos anteriores,
funcionando como suporte com o oferecimento de gêneros primários encontrados
nos meios de comunicação (como a carta ao leitor ou artigo de opinião) e que têm
12
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
agora, a possibilidade de se tornarem gêneros secundários (teoria bakhtiniana),
dada capacidade de trabalhar com elementos aquém das marcas formais: a) as
sequências descritivas, narrativas e dialogais inseridas nos debates sobre os temas;
b) os aspectos linguísticos, como as conjunções, os advérbios, os pronomes de
tratamento; c) a possibilidade de reflexão sobre o assunto e; d) a condição de
autoria do aluno.
Considerações finais
13
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013
bibliotecas. Citamos, ainda, a necessidade de estar preparado para receber críticas
sociais, mas mostrar‐se inovador e arrojado, apesar das consequências, até que seu
trabalho apresente respostas positivas.
Referências
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: _____. A estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. Trad. Paulo Bezerra.
BRAGA, Denise. B. e BUZATO, Marcelo E. K. Multiletramentos, linguagens e mídias.
Curso de Especialização de Língua Portuguesa On‐line. REDEFOR‐IEL/UNICAMP‐
SEE‐SP, Módulo III, 2011. Disponível em
http://ggte.unicamp.br/redefor3/cursos/aplic/index.php?&cod_curso=177.
Último acesso em 06/06/2011.
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
DELA SILVA, Silmara. A notícia em diferentes mídias. Manuscrito preparado para o
curso TEIA DO SABER. Campinas, Setor de Extensão do IEL, 2007.
LEMOS, A. Anjos interativos e retribalização do mundo. 1997. Disponível em:
http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf, acesso em
03/03/2002.
MAINGUENEAU, D. Discurso literário. São Paulo: Contexto, 2006. Trad. Adail Sobral.
ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2.ª ed..
Campinas, SP: Pontes, 1987.
SILVA, M. Indicadores de Interatividade para o professor presencial e on‐line.
Revista Diálogo Educacional. Curitiba: PUC‐PR, v. 4, n.12, p.93‐109, maio/ago.
2004.
14
LINHA MESTRA, N.22, JAN.JUL.2013