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“Homem e mulher
Deus os criou”
(Gen. 1,27)
As relações homossexuais
à luz da doutrina católica,
da Lei natural e da ciência médica
Artpress
São Paulo, 2011
1
Nossa capa: A Sagrada Família – anônimo.
Catedral de Quito, Equador.
Impressão
Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda.
ISBN 978-85-7206-208-4
2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO........................................................................7
I – Lei Natural – Lei Divina..................................................11
II – Moral Católica e Mandamentos.....................................22
III – Conceitos relacionados com o tema deste trabalho....41
IV – Revolução homossexual.................................................47
V – Falácias do “amor” homossexual....................................61
VI – Falsidades que a ciência desmente.................................70
VII – “Casamento” homossexual............................................76
VIII – Agindo contra as pretensões homossexuais.................98
ANEXO – Supremo absurdo.................................................109
BIBLIOGRAFIA...................................................................115
3
+ Aldo di Cillo Pagotto, sss
Por mercê de Deus e da Santa Igreja
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
4
O Código Civil [Livro IV; Art. 1511] reza que o casamento estabe-
lece comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e deve-
res dos cônjuges. O Art. 1514 reza que o casamento realiza-se no mo-
mento em que o homem e a mulher manifestam a sua vontade de esta-
belecer vínculo conjugal perante o juiz, que os declara casados.
O Direito da Igreja Católica estabelece pelo Código de Direito
Canônico [Cânon 1055 § 1] que o pacto matrimonial, pelo qual o ho-
mem e a mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua
índole natural, é ordenado ao bem dos cônjuges e à geração e educação
da prole, entre batizados, foi por Cristo Senhor elevado à dignidade de
sacramento.
Sobre as uniões homo-afetivas, tanto o Estado quanto a Igreja, não
reconhecem sua validade e legitimidade, equiparável à formação de uma
Família, porquanto claudicam as condições essenciais para a sua finali-
dade, ou seja, a união fecunda do homem e da mulher, tal que sejam
gerados filhos, seguidamente educados e adequadamente formados em
ambiente familiar.
A respeito de pessoas de condições homo-afetivas, a Igreja entende a
complexidade da fenomenologia, que se reveste de inúmeras formas ao
longo dos séculos e das civilizações, em contextos culturais variáveis.
Apoiada nas Sagradas Escrituras e na Tradição, a Igreja sempre declarou
que atos de homossexualismo são intrinsecamente desordenados, por-
quanto contrariam a lei e a ordem da natureza, pelo fato de fechar o ato
afetivo-sexual à transmissão da vida; não procedendo, pois, à comple-
mentaridade efetiva e sexual verdadeira, e por isso em caso algum podem
ser aprovados.
Um certo número de homens e de mulheres apresentam tendências
homossexuais inatas, pois não são eles que escolhem essa condição.
Para a maioria, essa condição constitui uma provação. Devem ser aco-
lhidos com respeito, compaixão e delicadeza, evitando-se para com eles
todo sinal de discriminação injusta (Cfr. Catecismo da Igreja Católica,
NN. 2357 e 2358).
Doutrinadores da causa homossexual com ufanismo exacerbado,
no entanto projetam na bandeira da homofobia seus próprios medos e
suas ambiguidades. O mecanismo habitual da fobia é usado como ban-
deira homossexual, projetando sobre os heterossexuais e sobre toda a
sociedade a angústia de suas pulsões interiores não resolvidas. Ao ab-
sorver o desapontamento ou desaprovação do mundo exterior contrário
ao comportamento homossexual, vive-se uma contradição interior an-
gustiante.
Dessa forma, o movimento homossexual mobiliza-se, através de
siglas, abrigando grupos de pressão, visualizando o fantasma de seus
perseguidores por todo canto. Comparam-se às minorias excluídas da
sociedade, tais como vítimas do racismo e dos preconceitos. Sua
mobilização defende uma bandeira política, criando o delito da
homofobia como crime de repressão que deva ser penalizada.
A bandeira do movimento homossexual ganha foro de direitos em
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várias instâncias jurídicas de alguns países e se constitui com reivindi-
cações jurídicas, elevando sua causa à proteção legal e à promoção os-
tensiva de homossexualismo com todos os direitos civis garantidos. Já
não se trata dos direitos que toda pessoa possui e sim a causa do
homossexualismo. Ora, não obstante as condições heterossexuais ou
homossexuais, todos, como cidadãos e cidadãs, somos possuidores de
direitos e também de deveres perante o Estado.
Pela Constituição Federal, quaisquer pessoas, independentemente
de sua vida particular referente às questões afetivas e sexuais, possuem
direitos de estabelecer os meios para sua sobrevivência digna, em parti-
cular ou em parceria. O que está em causa com o movimento homosse-
xual é a imposição da união homo-afetiva equiparável à estabilidade da
instituição da Família.
Segue-se daí a estratégia das uniões homo-afetivas, corroborando
para a relativização da instituição familiar. A Igreja considera isso como
suicídio da lei natural e dos vínculos sociais que a família estabelece
como célula-mãe da sociedade.
Grupos de pressão privilegiam o subjetivismo de sua opção sexual
escudando-se na égide dos direitos humanos, impondo-se à sociedade e
ao Estado, exigindo o que é irreformável, a lei natural e positiva,
estabelecida pelo Criador.
A vocação para o matrimônio está inscrita na própria natureza do
homem e da mulher, conforme saíram das mãos do Criador. “Um ho-
mem deixa seu pai e sua mãe, une-se à sua mulher e eles se tornam uma
só carne” (Cfr. Gen. 2,24), de modo que “já não são dois, mas, uma só
carne” (Mt. 19,6).
In Jesu et Maria,
Cúria Metropolitana
Palácio do Carmo, Praça Dom Adauto s/n
C. P. 13 // 58.100-970 João Pessoa - PB
Fone: (55) 83. 3133.1000; fax: (55) 83.3133.1029
cillopagotto@arquidiocesepb.org.br
http//www.arquidiocesepb.org.br
6
INTRODUÇÃO
E
xiste hoje um enorme esforço publicitário no mundo
todo — através da imprensa, cinema, televisão, internet
e vários outros meios de divulgação — a fim de tor-
nar aceito pela sociedade o homossexualismo*. Muitos ca-
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tólicos, embora sabendo que se trata de uma ação antinatural
condenável, desconhecem a enorme gravidade do pecado que
assim se comete, sempre classificado pela Igreja como peca-
do que brada aos céus.
Este opúsculo é um estudo destinado a relembrar aos fiéis
católicos a doutrina e as normas da Igreja sobre o pecado con-
tra a natureza denominado homossexualismo. Fundamentado
no Supremo Magistério da Igreja, nos escritos de santos e de
teólogos universalmente aceitos pela Igreja como fidedignos,
utiliza também informações contidas em conceituadas publi-
cações.
Moveu-nos a redigi-lo e publicá-lo o zelo pela salvação
das almas, pois os fiéis católicos têm hoje dificuldade em
obter orientação segura para os problemas morais com que
se defrontam diariamente. Seja para a orientação pessoal, seja
visando a educação e formação dos filhos, seja ainda na ação
de esclarecer os parentes e amigos, nada melhor do que base-
ar-se no que a Santa Igreja ensina desde todo o sempre. A
desorientação atual é grande, e devemos aderir em tudo à
palavra do Divino Mestre, pois stat crux dum volvitur orbis
— enquanto o mundo gira, a cruz permanece inabalável.
Lamentavelmente, o governo e o poder judiciário de di-
versos países, como o nosso, vêm facilitando e colaborando
com a aceitação do homossexualismo. Conivências inimagi-
náveis e apoios inaceitáveis, inclusive apoio financeiro pro-
porcionado com o dinheiro dos contribuintes, conseguiram
introduzir graves alterações no ordenamento jurídico do País.
Além de ser injusto e imoral em si mesmo, contraria frontal-
mente o nosso sentir religioso, que é invariavelmente expresso
pela população quando consultada em estatísticas e levanta-
mentos de opinião pública.
Mais censuráveis ainda são as não poucas manifestações
de alguns sacerdotes e escritores católicos de índole esquer-
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dista ou progressista, que reinterpretam e deturpam a própria
Sagrada Escritura, alegando encontrar atenuantes para a gra-
vidade do pecado contra a natureza, de fato inexistentes.
Abrem com isso caminho, mesmo quando não seja esta sua
intenção, para justificar esse terrível pecado. Enfraquecem
também nos fiéis a noção da ameaça da punição divina con-
tida nas Sagradas Escrituras, fazendo com que muitos sejam
levados a cometer esses pecados ou aceitá-los como práticas
normais. É de se recear que alguns autores dessas deturpa-
ções acabem mesmo sentindo-se livres para cometer essa
abominação, representando funesto exemplo tão contrário
aos votos assumidos por eles diante de Deus.
* * *
9
uma vez convencidos de seus erros, que os rejeitem sincera-
mente, convertendo-se a Deus e juntando-se a nós. De acor-
do com a famosa expressão atribuída a Santo Agostinho, “nós
odiamos o pecado, mas amamos o pecador”. Amar o peca-
dor consiste em desejar para ele o melhor que podemos de-
sejar para nós mesmos, ou seja, que abandone o pecado e
“ame a Deus com amor perfeito”.
Queremos ainda ressaltar que a divulgação do presente
trabalho não tem como objetivo difamar ou injuriar ninguém.
Não nos move o ódio pessoal contra quem quer que seja.
Nossa oposição às pessoas e organizações promotoras do
movimento homossexual visa defender o matrimônio, a fa-
mília e as preciosas instituições e normas da civilização cris-
tã na sociedade.
* * *
10
I
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estaria em situação inferior à dos animais, que são guiados
pelos instintos. Pelo uso da sua razão, o homem conhece a
finalidade das coisas e a necessidade de se guiar por essa
finalidade. Quando age de acordo com a finalidade que lhe é
indicada pela razão (por exemplo, alimentar-se para manter
as forças), sua ação é boa. Quando age de modo contrário a
essa finalidade (por exemplo, comer exageradamente só para
usufruir o excesso de comida), sua ação é má. O testemunho
comum de todos os povos confirma a existência desse conhe-
cimento, pois a História atesta que todos são unânimes em
distinguir o bem do mal.
Tudo seria permitido se Deus não existisse, pois neste
caso não haveria padrão moral objetivo baseado em verda-
des imutáveis e eternas. Sem a ordem de Deus estabelecida
no universo, ou se ela não pudesse ser entendida, o homem
flutuaria num mar de insensatez. Suas ações seriam privadas
de racionalidade, portanto não teriam dimensão moral.
Estando impressa nos corações de todos os homens, a
Lei natural é perceptível e conhecível por todos os homens
que atingiram o uso da razão. Ela é a mesma para todos, em
todo tempo e lugar, portanto é universal. É também imutá-
vel, pois o tempo não a modifica. E ninguém está dispensado
da Lei natural, todos os homens devem obedecê-la.
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4 – O que têm a ver as relações sexuais com a Lei natural?
A tal ponto se apagou a noção do pecado em geral, e do
pecado contra a castidade em particular, que é adequado lem-
brar aqui alguns princípios da Lei natural e do ensinamento
católico a respeito.
Os animais irracionais foram dotados por Deus de instin-
tos, por meio dos quais se alimentam, caminham, se defen-
dem contra agressões, etc. Desta forma eles vivem e desempe-
nham na Terra o plano de Deus. Criando porém o homem
como ser racional — dotado de inteligência e vontade —
Deus lhe deu capacidade para compreender o que é bom ou
mau para a sua natureza, e em consequência praticar as ações
adequadas e evitar as contrárias ao seu fim. Ele precisa usar a
inteligência para entender, e a vontade para decidir. Devido a
tudo isso, a própria razão orienta o homem a dar vazão a seus
instintos dentro dos limites do que é bom para sua natureza;
ou seja, dentro dos limites da honestidade. Isso também vale
para o instinto sexual.
O ser humano compreende facilmente que a perpetuação
da sua espécie depende do ato sexual entre um homem e
uma mulher. Mas compreende também que manter e educar
a prole representa um ônus muito pesado, o que o levaria
facilmente a recusar-se a colaborar na propagação da espé-
cie, caso não houvesse para isso um incentivo possante. Daí
ter Deus criado o instinto sexual, com a atração por pessoas
do sexo oposto e o prazer no seu relacionamento sexual. Por-
tanto, essa atração e esse prazer representam um estímulo
para se chegar ao fim próprio do ato sexual, que é a propaga-
ção da espécie. A procriação é a finalidade principal, a atra-
ção e o prazer são apenas finalidades secundárias.
Para compreender melhor essa realidade, façamos uma
comparação. Os alimentos que tomamos destinam-se a man-
ter as forças, mas isso é ajudado e facilitado pelo prazer que
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sentimos ao ingerir algum alimento saboroso. Se ignorar-
mos a finalidade da alimentação (manter as forças) e passar-
mos a comer apenas pelo prazer, e sem medida, estaremos
cometendo um ato de gula e prejudicaremos nossa saúde. Do
mesmo modo, quando alguém transforma em objetivo prin-
cipal o prazer das relações sexuais, comete desvio semelhan-
te ao do guloso, embora com consequências mais graves.
Agir contrariamente à Lei natural significa que não agimos
de acordo com as finalidades corretas que a razão nos indica.
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— fazer algo ou o seu contrário, escolher entre uma ação e
outra. Mas somos também moralmente livres em relação a
todas essas ações? É certo para mim, em todas as ocasiões,
fazer tudo quanto minha inclinação me impele a fazer? Mi-
nha razão responde claramente: Não! É evidente até para uma
criança que algumas ações são boas em si mesmas, moral-
mente boas, e outras más em si mesmas, moralmente más.
Os atos bons, a nossa razão endossa e aprova; a estes nós
chamamos certos. Atos maus, ao contrário, nossa razão de-
saprova e condena; a estes nós chamamos errados”.
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O pecado original produziu no homem uma grande de-
sordem em suas paixões. Essa desordem, chamada habitual-
mente de concupiscência, exige dele uma luta contínua para
observar os Dez Mandamentos. Nosso Senhor Jesus Cristo
redimiu a humanidade pela efusão do seu preciosíssimo San-
gue, e o batismo apaga a mancha do pecado original nas nos-
sas almas, mas as consequências desse pecado permanecem:
a fraqueza da carne e a revolta das paixões desordenadas.
Diz São Paulo: “Eu vejo nos meus membros outra lei a lutar
contra a lei da minha razão e me fazendo escravo da lei do
pecado que se encontra nos meus membros” (Rom. 7, 23).
Essas más tendências podem ser vencidas com o auxílio da
graça de Deus, como o mesmo São Paulo proclama: “Tudo
posso naquele que me dá forças” (Fil. 4, 13).
Os teólogos morais sempre recomendaram extremo cui-
dado para evitarmos ser dominados pelos desejos carnais,
devido à fraqueza que o pecado original deixou em nós. Em
seu tratado de moral, Santo Afonso de Ligório afirma que
“mais almas caem no inferno” por causa do vício da impure-
za. E acrescenta: “Não hesito em dizer que todos os réprobos
são condenados devido a ele, ou pelo menos com ele”. O
pecado cometido pelo Rei Davi mostra como é importante a
vigilância. Por falta dela, deixou-se cativar pela beleza de
Betsabé, acabou cometendo adultério e provocando a morte
do marido dela, Urias. O Divino Salvador adverte: “Vigiai e
orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto,
mas a carne é fraca” (Mc. 14, 38).
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caráter, o desejo do Céu, e provoca cegueira espiritual. Quanto
mais alguém satisfaz a luxúria, mais ela se torna veemente,
provocando nervosismo, excitação e impaciência, conduzin-
do com frequência a outros pecados e até ao crime. Ela ali-
menta o egoísmo, a negligência, a impulsividade e a instabi-
lidade. Por meio dela se contraem e se disseminam doenças
extremamente dolorosas, sendo fatais algumas delas, como
a AIDS. Em relação à sociedade, a luxúria facilita a corrupção,
fomenta a prostituição e a pornografia, torna instáveis as fa-
mílias, prejudica a formação infantil, incentiva a contracepção
e o aborto.
Explica Santo Tomás: “Quando as potências inferiores
são fortemente excitadas em relação aos seus fins, o resulta-
do é que os atos das potências superiores são dificultados,
tornando desordenados os atos humanos. O efeito do vício
da luxúria é que os apetites inferiores, concupiscíveis, vol-
tam-se com veemência para seu objeto, o prazer. Dessa for-
ma as potências superiores — inteligência e vontade — são
gravemente desordenadas pela luxúria”.
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atenuado nas relações matrimoniais. É o que explica Santo
Afonso de Ligório sobre a fornicação (termo que se aplica à
união carnal quando nenhuma das partes é casada): “A
fornicação é sempre má, mesmo quando, por vezes e aciden-
talmente, um fornicador possa educar bem seus filhos. Com
efeito, é contra a Lei natural sujeitar a razão à carne através da
desordem do prazer, como acontece na fornicação. Mas no
matrimônio, embora estando presente o mesmo prazer, por
especial desígnio da Providência tal desordem não acontece”.
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12 – O amor mútuo dos cônjuges é importante?
É importante, sem dúvida nenhuma, pois sem o amor
mútuo as relações matrimoniais se tornariam árduas e difí-
ceis. Além do que, sendo o ato de procriação um ato huma-
no, ele envolve toda a personalidade humana, não somente a
razão, mas também os sentimentos.
O amor pode ser considerado como amor de desejo (amor
sensível), em que predominam os sentidos, e amor de ami-
zade, que resulta de uma afinidade entre seres humanos e é
guiado pela inteligência e a vontade. Esse amor tende a dese-
jar o bem do outro, amando-o como se fosse “um outro eu”,
e não por puro egoísmo e interesse próprio. No dizer de San-
to Tomás, “um amigo é um outro eu mesmo”, e “quem ama,
age em relação ao objeto do seu amor como se fosse ele mes-
mo ou parte dele mesmo”.
É esse amor de amizade que constitui o amor conjugal.
Nele se funda o matrimônio, que normalmente resulta na
geração, proteção e educação da prole. O amor conjugal sa-
tisfaz a natural propensão do instinto humano, mas o homem
não deve deixar-se subjugar cegamente por ele. O substrato
mais profundo do amor conjugal deve ser um amor de ami-
zade desinteressado e elevado, embora ao ato da procriação
esteja anexo um deleite. Deus assim o quis, para que os ho-
mens não se furtassem ao seu dever de propagação da espé-
cie humana. A consciência deste dever eleva o homem acima
de sua animalidade.
Quando os esposos são virtuosos, o amor conjugal passa
a existir em vista de um bem superior e torna-se fundamen-
talmente virtuoso, o que confere solidez ao casamento. Se a
virtude não existe nos cônjuges, ou decai e murcha, frequen-
temente o casamento se desfaz.
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13 – A heterossexualidade, ou relação apenas entre pes-
soas de sexos opostos, é uma imposição social e cultural?
Pelo contrário! A heterossexualidade é uma disposição da
natureza, comprovada pela anatomia e fisiologia humanas. Do
ponto de vista fisiológico e anatômico, os órgãos sexuais são
procriativos, pois sendo masculinos e femininos eles se conju-
gam adequadamente para a procriação. Imposição social ou
cultural seria a obrigação de usar esses órgãos de modos que
não conduzem à procriação. A Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé, no documento Persona Humana (dezembro
de 1975), lembra que a moral não depende dos caprichos hu-
manos ou das mudanças culturais, e sim da Lei natural. Por-
tanto, qualquer opção individual deve ser guiada pela Lei na-
tural, conforme é explicitada pela doutrina da Igreja Católica.
Uma lei ou costume só pode obrigar a consciência de uma
pessoa quando está de acordo com os desígnios de Deus, su-
premo Legislador, cuja determinação é naturalmente superior
à do homem, portanto superior à dos legisladores.
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to ou sem dar ao ato pleno consentimento — suas ações cons-
tituem uma revolta contra a ordem sábia e maravilhosa que
Deus estabeleceu no universo. Muitos abafam a voz da cons-
ciência, rejeitam a Lei natural e agem deliberadamente con-
tra o plano estabelecido por Deus. Contrariando assim a von-
tade do Criador, ofendem a sua divina Sabedoria. Essa é uma
forma de ateísmo prático, que pode conduzir à negação da
própria existência de Deus (ateísmo teórico), pois somente
assim o homem pode justificar para si mesmo suas normas
erradas de conduta.
Embora estejamos tratando especificamente de homos-
sexualismo, que é o qualificativo para atos sexuais entre pes-
soas do mesmo sexo, devemos lembrar que são também con-
denáveis pelo mesmo motivo a masturbação e as inúmeras
formas de aberrações e perversões sexuais, mesmo quando
praticadas dentro do matrimônio, pois também não condu-
zem à procriação.
Em resumo: a atividade sexual só está de acordo com a
vontade de Deus e as regras por Ele postas na natureza quan-
do realizada dentro do casamento monogâmico e indissolúvel,
visando a geração e educação de filhos.
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II
MORAL CATÓLICA
E MANDAMENTOS
16 – De onde vem a autoridade da Igreja para falar sobre
assuntos relativos à moral sexual?
A autoridade da Igreja Católica para definir normas de
moral sexual lhe foi conferida pelo próprio Jesus Cristo. Ela
é a guardiã e intérprete da Revelação divina, e também a
autêntica intérprete da Lei natural. Caso não houvesse uma
autoridade infalível para garantir e interpretar a moral reve-
lada e natural, facilmente se cairia no mais completo
relativismo ou nas condutas mais absurdas e aberrantes, como
inúmeras que existiram ao longo da História, e ainda prolife-
ram hoje em dia.
22
homossexualismo e outras aberrações. Em segundo lugar
quando, mesmo que seja respeitada a natureza fecunda do
ato sexual, faltam às partes a preocupação e as condições
para educar adequadamente a prole. Isso é o que acontece no
adultério, fornicação, incesto ou estupro, sendo portanto atos
pecaminosos.
23
Deus destrói Sodoma
e Gomorra. Lot foge
com duas filhas,
enquanto sua mulher é
castigada por Deus pelo
fato de olhar para trás
(cfr. Gen. 19, 24 a 26).
Gravura de Gustavo Doré
(séc. XIX).
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que praticam o mal, e afirma que Deus “condenou à destrui-
ção e reduziu a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra para
servir de exemplo para os ímpios do porvir” (II Pe. 2, 6).
O Apóstolo São Paulo não deixa margem a ambiguidade.
Define especificamente como desonra para os próprios cor-
pos a prática do homossexualismo, e acentua o seu caráter
antinatural: “Por isso Deus os entregou a paixões vergonho-
sas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em rela-
ções contra a natureza. Do mesmo modo também os homens,
deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns
para com os outros, cometendo homens com homens a tor-
peza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu des-
vario” (Rom. 1, 26-27).
Ver também: I Cor. 6, 10; I Tim. 1, 10: Rom. 9, 29; Mt.
10, 15; Judas, 7.
25
São João Crisóstomo (347-407): “Se zombais ao ouvir
falar do inferno e não acreditais no seu fogo, lembrai-vos de
Sodoma. Muitos não acreditariam no que acontecerá após a
ressurreição, mas se ouvem falar agora de um fogo
inextinguível, Deus os conduz a pensar corretamente através
das coisas presentes. Considerai quão grande foi o pecado,
para forçar aquele incêndio destruidor e o aparecimento do
inferno antes do tempo! Aquela chuva [de enxofre] foi o opos-
to da chuva comum. Mas se ela era fora do comum, as rela-
ções sexuais eram também contrárias à natureza; se ela inun-
dou a terra, a luxúria havia feito o mesmo com as almas de-
les. Aquela chuva não estimulou o seio da terra a produzir
frutos, mas além disso tornou-a inútil para receber a semen-
te. As relações sexuais dos homens tornaram também seus
corpos mais inúteis que a própria terra de Sodoma. Há algo
mais detestável e mais execrável do que um homem que se
prostitui?”.
Santo Agostinho (354-430): “As ofensas contrárias à na-
tureza devem ser detestadas e punidas em todo o tempo e
lugar. Assim aconteceu com os sodomitas, e todas as nações
que as cometerem deveriam ser igualmente culpadas do mes-
mo crime ante a lei divina, pois Deus não fez os homens de
tal modo que possam abusar um do outro daquele modo. A
amizade que deve existir entre Deus e nós é violada quando
a própria natureza, da qual Ele é autor, fica poluída pela per-
versão da luxúria”.
São Pedro Damião (1007-1072): “Em verdade, este vício
[do homossexualismo] não pode jamais ser comparado com
nenhum outro, pois ultrapassa a enormidade de todos os
vícios. Ele corrompe tudo, mancha tudo, polui tudo. Por sua
própria natureza, não deixa nada puro, nada limpo, nada que
não seja imundície. A carne miserável arde com o calor da
luxúria; a mente fria treme com o rancor da suspeita; e no
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coração do homem miserável o caos ferve como Tártaro [in-
ferno]. De fato, depois que essa serpente venenosa introduz
suas presas na infeliz alma, o senso é retirado, a memória se
desgarra, a clareza da mente é obscurecida. Ele não se lembra
mais de Deus, e até se esquece de si mesmo. Essa praga solapa
os fundamentos da fé, enfraquece a força da esperança, destrói
o laço da caridade; afasta a justiça, subverte a fortaleza, expul-
sa a temperança, entorpece a perspicácia da prudência”.
Santo Tomás de Aquino (1225-1274): “Todos os pecados
da carne merecem condenação, pois através deles o homem se
deixa dominar pelo que tem da natureza animal. Muito mais
merecem condenação os pecados contra a natureza, pelos quais
o homem degrada sua própria natureza animal”.
Santa Catarina de Siena (1347-1380). Jesus diz a ela em
uma revelação privada: “Os homossexuais agem cheios da-
quela impureza para a qual todos vós estais inclinados devi-
do à fraqueza da vossa natureza. Mas além de não refrearem
essa fragilidade, esses desgraçados fazem pior, cometendo
aquele maldito pecado contra a natureza. Como cegos e in-
sensatos, não reconhecem o mau odor e a miséria em que se
encontram. Esse pecado gera mau odor diante de mim, que
sou a suprema e eterna Verdade. Além disso ele me desagra-
da a tal ponto, e eu o tenho em tanta abominação, que por
causa apenas dele queimei cinco cidades, pois a minha justi-
ça divina não mais podia suportá-lo. Esse pecado desagrada
não apenas a mim, como já disse, mas também aos próprios
demônios, que esses desgraçados transformaram em seus se-
nhores. Não que esse mal desagrade aos demônios, pois não
gostam de nada que seja bom, mas porque a natureza deles,
que foi originalmente angélica, provoca-lhes repugnância ao
ver cometer tão enorme pecado”.
São Bernardino de Siena (1380-1444): “A maldita
sodomia sempre foi detestada por todos os que vivem de
27
acordo com Deus. Nenhum pecado no mundo prende tanto a
alma. Agitada por uma ânsia insaciável de prazer, a pessoa
não obedece à razão, e sim ao delírio, pois a paixão desviada
é próxima à loucura. Esse vício transtorna o intelecto, destrói
a elevação e generosidade da alma, rebaixa a mente dos gran-
des pensamentos para os mais baixos, torna a pessoa pregui-
çosa, irascível, obstinada e endurecida, servil e relaxada, in-
capaz de qualquer coisa. Seus adeptos tornam-se cegos, e
enquanto seus pensamentos deveriam elevar-se para coisas
altas e grandes, são despedaçados e reduzidos a coisas vis,
inúteis e pútridas, que nunca podem torná-los felizes. Da
mesma forma que as pessoas virtuosas participam na glória
de Deus em diversos graus, também no inferno alguns so-
frem mais que outros. Quem viveu com esse vício da sodomia
sofre mais do que outros, pois este é o maior pecado”.
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do na prática do homossexualismo seja suspenso de ordens
ou obrigado a fazer penitência em um mosteiro.
Papa São Pio V (1566): “Tendo posto nossa atenção na
remoção de tudo quanto possa de alguma maneira ofender a
divina majestade, resolvemos punir acima de tudo, e sem
leniência, aquelas coisas que, com base na autoridade da Sa-
grada Escritura ou nos mais graves exemplos, são conhecidas
por desagradar a Deus e provocar sua ira mais do que outras,
isto é: negligência no culto divino, simonia ruinosa, o crime de
blasfêmia e o vício libidinoso execrável contra a natureza;
por essas faltas, povos e nações são punidos por Deus com
catástrofes, guerras, fome e peste. Quem cometer o nefando
crime contra a natureza, que levou a cólera de Deus a cair
sobre os filhos da iniquidade, será entregue ao braço secular
para ser punido; se for clérigo, será sujeito à mesma pena, de-
pois de despojado do seu ofício” (Bula Cum Primum).
Papa São Pio V (1568): “Aquele horrendo crime, pelo
qual as cidades corruptas e obscenas [Sodoma e Gomorra]
foram queimadas por condenação divina, nos enche de amarga
dor e nos estimula veementemente a reprimi-lo com o maior
zelo possível. Com toda a razão o 5° Concílio de Latrão (1512-
1517) estabelece que todo membro do clero apanhado na
prática do vício contra a natureza, pelo qual a cólera divina
caiu sobre os filhos da iniquidade, seja despojado das ordens
clericais ou obrigado a fazer penitência em um mosteiro (c.4,
X, V, 31). Para que o contágio de tão grande flagelo não se
propague com maior audácia valendo-se da impunidade, que
é o maior incentivo ao pecado, e a fim de castigar mais seve-
ramente os clérigos culpados desse nefando crime que não
estejam aterrorizados com a morte da alma, decidimos que
eles sejam castigados pela autoridade secular, que faz cum-
prir a lei. Portanto, com o desejo de adotar com maior vigor
29
o que decretamos desde o início do Nosso Pontificado (Bula
Cum Primum), estabelecemos que todo sacerdote ou mem-
bro do clero, seja secular ou regular, de qualquer grau ou
dignidade, que cometa esse horrível crime, por força da pre-
sente lei seja privado de todo privilégio clerical, ofício, dig-
nidade e benefício eclesiástico; e que, uma vez degradado
pelo juiz eclesiástico, seja entregue à autoridade civil para
receber a mesma punição que a lei reserva aos leigos que se
lançaram nesse abismo” (Bula Horrendum illud scelus).
Catecismo Maior, promulgado pelo Papa São Pio X
(1910): A sodomia está classificada em gravidade logo de-
pois do homicídio voluntário, entre os pecados que clamam
a Deus por vingança. “Desses pecados se diz que clamam a
Deus por vingança, porque o Espírito Santo assim o diz, e
porque a sua iniquidade é tão grave e evidente, que provoca
a punição de Deus com os castigos mais severos”.
Código de Direito Canônico de 1917: “Os leigos que te-
nham sido legitimamente condenados por delitos contra o
sexto mandamento, cometidos com menores que não tenham
chegado aos dezesseis anos de idade, ou por estupro, sodomia,
incesto, lenocínio, são ipso facto infames, ademais de outras
penas que o Ordinário queira impor-lhes” (cânon 2357, § 1).
O cânon 2358 prevê que clérigos de ordens menores (os que
não são ainda subdiáconos ou acima) sejam punidos “até pela
dispensa do estado clerical”. Com relação aos clérigos de
ordens mais elevadas (diácono, sacerdote e bispo): “Se co-
meteram um crime contra o sexto mandamento com um
menor de 16 anos de idade, ou cometeram adultério, estupro,
bestialidade, sodomia, lenocínio, ou incesto com consan-
guíneos ou afins, serão suspensos de ordem, declarados infa-
mes, privados de qualquer ofício, benefício, dignidade ou
cargo que possam ter; e em casos mais graves, serão depos-
tos” (cânon 2359).
30
Congregação para a Doutrina da Fé (1975). Em 29 de
dezembro de 1975, em meio ao abandono da moral cristã
provocado pela revolução sexual, a Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé publicou a declaração Persona Huma-
na – Sobre alguns pontos de ética sexual. Denuncia o
subjetivismo moral prevalente, que muitos teólogos estavam
defendendo com base em uma abordagem pastoral mal ori-
entada, e relembra a doutrina categórica da Igreja e da ética
natural, afirmando que todo ato sexual fora do matrimônio é
pecaminoso. Consequentemente condena o sexo pré-mari-
tal, a coabitação, a masturbação e o homossexualismo (doc.
cit., VII, IX). Condena também a conclusão de que uma
relação homossexual estável análoga ao matrimônio pos-
sa ser justificada: “Não pode ser usado nenhum método
pastoral que dê justificação moral a esses atos com base
em que eles seriam consoantes com a condição de tais
pessoas. Pois, de acordo com a ordem moral objetiva, as
relações homossexuais são atos desprovidos de uma fina-
lidade essencial e indispensável” (doc. cit., VIII).
31
ções homossexuais, como também a fecundação artificial. A
encíclica contrapõe a esses erros esta afirmação: “Ao ensinar
a existência de atos intrinsecamente maus, a Igreja cinge-se à
doutrina da Sagrada Escritura. O apóstolo Paulo afirma cate-
goricamente: ‘Não vos enganeis: nem imorais, nem idóla-
tras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem
ladrões, nem avarentos, nem maldizentes, nem os que se dão
à embriaguez, nem salteadores possuirão o Reino de Deus’ (I
Cor. 6, 9-10)”. Portanto essa encíclica constitui uma
reafirmação da Lei natural e da perene condenação do homos-
sexualismo.
32
rém dele se arrependem, procurando corrigir-se. O coração
do católico praticante se enche de compaixão pelos que lu-
tam contra a tentação violenta ou contínua para o pecado,
seja o de homossexualismo ou qualquer outro. É nossa espe-
rança que a descrição aqui feita das consequências físicas,
morais e espirituais dos pecados da carne os incentive no seu
combate espiritual e os incite a afastarem-se das ocasiões
próximas de pecado, assim como a compreenderem a neces-
sidade e beleza da virtude da castidade. Rogamos à Virgem
Santíssima que os assista com sua graça, a fim de vencerem
as tentações e não caírem.
33
desordenada” (doc. cit., nº 3). Assim, os que sofrem de atração
pelo mesmo sexo e querem resistir a ela encontrarão solução
para a sua penosa situação na Cruz de Nosso Senhor Jesus
Cristo: “Fundamentalmente, eles são chamados a praticar o
desígnio de Deus em suas vidas associando ao sacrifício da
Cruz do Senhor todos os sofrimentos e dificuldades que te-
nham, decorrentes da sua condição” (doc. cit., nº 12).
34
30 – É lícito discriminar os que praticam publicamente o
homossexualismo?
A palavra discriminação adquiriu indevidamente uma
conotação de injustiça. Essa conotação é contrária ao sentido
próprio da palavra, pois em si mesma ela significa um
discernimento, um modo diferente de tratar as pessoas de
acordo com as suas características. Nesse sentido próprio e
correto, é justo discriminar aqueles que praticam qualquer
forma de mal, na medida em que aderiram a esse mal. As-
sim, nós nos afastamos das pessoas que habitualmente men-
tem ou caluniam. É o que acontece com os libertinos, ho-
mossexuais ou heterossexuais, que procuram impor a sua con-
duta à sociedade. Assim sendo, os homossexuais praticantes
e militantes podem ser legitimamente discriminados, e tem-
se mesmo o dever de discriminá-los nos casos em que o fun-
damento da discriminação seja o modo de vida homossexual
que eles ostentam e procuram difundir.
Por exemplo, pode-se recusar a contratar como empre-
gado doméstico, como babá ou como professor dos filhos
quem assume essa posição militante a favor do homos-
sexualismo. A tolerância de hoje para com a imoralidade abriu
caminho para todo tipo de doutrinas erradas e maus procedi-
mentos, mas cabe especialmente ao católico fiel proteger
contra tais influências as pessoas que estão sob sua responsa-
bilidade. Evitando essas influências perniciosas, estará agin-
do exatamente como quem se recusa a contratar um crimino-
so, fazendo uma justa discriminação.
35
cias perniciosas as pessoas, instituições ou atividades que es-
tão sob sua responsabilidade. Não é apenas um direito, pois
em muitos casos se trata de um dever. É claro que não estamos
de nenhum modo justificando a prática de violências arbitrári-
as contra os homossexuais, que devem ser tratados com justi-
ça e caridade cristãs, como já vimos. Além desse preceito de
caridade cristã, outro motivo muito especial para evitar agres-
sões aos homossexuais é que os ativistas podem instru-
mentalizá-las para reivindicar proteções legais contra a cha-
mada homofobia. Veremos adiante que os homossexuais têm
grande interesse em apresentar-se como vítimas, perseguidos,
coitadinhos, e nada melhor para isso do que sofrerem agres-
sões, algumas das quais parecem até “encomendadas”.
36
ataques ao clero, seja como autodefesa ou como represá-
lia às posições firmes da doutrina católica nessa matéria.
Trata-se também de uma arma de intimidação, para do-
brar a Igreja e conseguir que ela se mantenha em silêncio
e não cumpra o seu dever, que consiste em alertar os fiéis
contra esse pecado que provoca a ira de Deus.
Por fim, convém considerar que Nosso Senhor Jesus
Cristo permite à sua Igreja passar por crises, para testar a
fé dos fiéis. Mas a sua graça nos assiste para que nós, uma
vez testados, permaneçamos “fortes na fé” (I Pe 5, 8-9).
Os leitores interessados especificamente neste assunto le-
rão com proveito o livro I Have Weathered Other Storms
(Eu enfrentei outras tempestades), publicado pela TFP
americana (http://www.ipco.org.br/home/livros/10).
37
“Se um religioso professo for julgado culpado de qual-
quer desses pecados, deve ser perpetuamente excluído da
tonsura e da recepção de qualquer ordem posterior.
“Por fim, se for subdiácono ou diácono, sem prejuízo das
diretivas acima mencionadas, e se assim o caso exigir, os
superiores devem deixar para a Santa Sé a questão da redu-
ção ao estado leigo.
“Por estas razões, clérigos em sua diocese ou religiosos
em outra comunidade, que pecaram gravemente contra a cas-
tidade com outra pessoa, não devem ser admitidos com vis-
tas ao sacerdócio.
“O caminho para os votos religiosos e ordenação deve
ser barrado para aqueles afligidos por graves tendências à
homossexualidade ou pederastia, tendo em vista que para
eles a vida comunitária e o ministério sacerdotal constitui-
riam sério perigo”.
38
mento do Decálogo com o uso da força, ou ameaças, ou pu-
blicamente, ou com um menor de 16 anos, deve ser punido
com justas penalidades, incluindo a dispensa do estado cleri-
cal se o caso o exigir” (cânon 1395, § 2).
O Código de Direito Canônico trata ainda de alguns ca-
sos específicos:
O sacerdote que, no ato da confissão, por ocasião de con-
fissão ou com pretexto de confissão, solicita o penitente para
um pecado contra o sexto mandamento do Decálogo, seja
punido, conforme a gravidade do delito, com suspensão, proi-
bições, privações e, nos casos mais graves, seja demitido do
estado clerical (cânon 1387).
Um dos pecados que provoca excomunhão é o do sa-
cerdote que concede a absolvição ao seu cúmplice no pe-
cado da carne, ou seja, quando um sacerdote absolve seu
próprio parceiro no pecado de corrupção ou relação ínti-
ma. O cânon 977 determina: “Exceto em perigo de morte,
é inválida a absolvição do cúmplice em pecado contra o
sexto mandamento do Decálogo”. E o cânon 1378 especi-
fica: “O sacerdote que age contra a prescrição do cânon
977 incorre em excomunhão latæ sententiæ reservada à
Sé Apostólica”.
Como se vê, o sacerdote que pecou contra o sexto manda-
mento fica privado de jurisdição para absolver o seu cúmplice
dos pecados que com ele praticou. A absolvição de um cúm-
plice em pecado torpe é gravemente ilícita, e até inválida, exceto
em perigo de morte. Mesmo em perigo de morte, exceto em
caso de necessidade, não é lícito ao confessor conceder a ab-
solvição quando participou como cúmplice do pecado, nos
termos das constituições apostólicas, e nomeadamente da Cons-
tituição de Bento XIV Sacramentum penitentiæ.
A situação inversa também é prevista pela Santa Sé, pois
39
se algum penitente confessa ter denunciado falsamente à au-
toridade eclesiástica um confessor, que no entanto era ino-
cente do crime de solicitação para pecado contra o sexto
mandamento do Decálogo, ele não pode ser absolvido sem
antes ter retratado formalmente a falsa denúncia, e sem que
esteja disposto a reparar os danos, se houver (cf. cânon 982).
40
III
CONCEITOS RELACIONADOS
COM O TEMA
DESTE TRABALHO
36 – O que é homossexualismo?
Homossexualismo é a prática de relação amorosa e/ou
sexual entre indivíduos do mesmo sexo. Resulta de um dese-
jo sexual desordenado, que se orienta para o mesmo sexo ao
invés de orientar-se para o sexo oposto.
Em sua luta pela aceitação pública, os ativistas favorá-
veis ao homossexualismo evitam a palavra homossexual e
seus derivados, por estar associada a comportamento moral-
mente condenável. Não obtiveram êxito os esforços para subs-
tituí-la por homófilo, o que os levou a identificar-se como
gays, palavra hoje universalmente divulgada. Gay, como si-
nônimo de homossexual, não significa meramente uma pes-
soa com orientação homossexual. Vai muito além, e identifi-
ca quem adota publicamente um estilo de vida homossexual
e se empenha em que ele seja aceito pela sociedade como
plenamente legítimo.
Deliberadamente não usamos a palavra gay como sinô-
nimo de homossexual (exceto quando incluída em citações),
porque esse uso constitui de fato uma propaganda a favor do
movimento homossexual. Na língua inglesa, gay significa
alegre, divertido, jovial, festeiro, etc., conceitos estes de ca-
ráter elogioso, que de forma alguma julgamos apropriado
atribuir a esse gênero de pessoas.
41
37 – Há alguma diferença entre homossexualismo e ten-
dência homossexual?
O uso indiscriminado da palavra homossexual, como tam-
bém dos seus derivados e sinônimos, gerou alguma confu-
são no público. Muitas vezes não fica claro se ela está se
referindo a alguém que apenas tem atração por pessoa do
mesmo sexo ou se designa quem pratica atos homossexuais.
Essa confusão beneficia a propaganda homossexual, pois não
se podem equiparar pessoas que adotam o comportamento
homossexual com outras que, embora tendo atração pelo mes-
mo sexo, resistem a essa tendência e são castas. Trata-se de
realidades morais distintas e essencialmente diferentes. As
pessoas que têm essa tendência, mas a ela resistem, são dig-
nas de elogio e podem mesmo ser consideradas virtuosas.
Neste estudo, aplicaremos a palavra homossexual ape-
nas àqueles que praticam atos homossexuais, e que por cau-
sa disso merecem reprovação moral.
42
das duas primeiras letras: LGBT. Alguns incluem outras ini-
ciais próprias a várias formas de perversão ou desvios sexuais.
39 – O que é pedofilia?
Pedofilia significa atração sexual de adulto por crianças
de qualquer sexo. Identifica também o pecado ou crime de
um adulto praticar ato sexual com criança.
40 – O que é hermafroditismo?
O hermafroditismo é um fenômeno biológico pelo qual
um mesmo indivíduo possui morfologicamente os dois se-
xos. No estado natural, é frequente no mundo botânico e exis-
tem casos no mundo animal. No gênero humano é muito
raro, constituindo uma patologia, isto é, um desvio da nor-
malidade, do ponto de vista anatômico ou fisiológico. Não é
do que tratamos neste obra, embora seja importante apenas
mencionar para distinguir os conceitos.
41 – O que é androginia?
Androginia designa um ser humano cuja aparência ou
comportamento não permite reconhecer de imediato a que
sexo pertence.
43
de mental e da igualdade de oportunidades, foi permitido às
mulheres comportar-se um pouco como homens, enquanto
os homens foram incentivados a comportar-se um pouco
como as mulheres. Isso foi denominado androginia, termo
que se refere a uma combinação, no mesmo indivíduo, de
características típicas e atípicas do seu gênero”.
Essa tendência andrógina impregna o mundo da moda
hoje. Manifesta-se no traje dos homens e das mulheres, nos
seus cortes de cabelo e nos perfumes que usam, influencian-
do profundamente a sociedade e favorecendo os costumes
homossexuais e sua propaganda. Nessa linha atua o
costureiro austríaco Helmut Lang, que incorporou uma apa-
rência andrógina às suas criações, nas quais aplica uma teo-
ria abstrusa: “Nós sabemos que as mulheres são ao mesmo
tempo femininas e masculinas, e que os homens são também
femininos e masculinos. Tudo depende do grau em que cada
um assumiu isso”.
44
primitivo. Parece portanto que, quando o movimento homos-
sexual fala de androginia, refere-se mais a algo espiritual do
que físico. Usa a androginia como metáfora para sugerir essa
pseudo-realidade místico-gnóstica, que incorpora todos os
seres em um único ser coletivo.
44 – O que é homofobia?
Homofobia é um termo inventado pelo psicólogo ameri-
cano George Weinberg para desacreditar os opositores do
homossexualismo. No seu sentido etimológico, a palavra
homofobia deveria significar a aversão irracional a pessoas
do mesmo sexo, por paralelismo com homoafetividade. No
entanto, o movimento homossexual emprega a palavra para
rotular de modo depreciativo as pessoas que se manifestam
contrárias às práticas homossexuais, que desse modo pas-
sam a ser vistas como preconceituosas ou desequilibradas.
Uma resolução do Parlamento Europeu a favor da legaliza-
ção do “casamento” homossexual, emitida em 2006, define
homofobia, sem nenhuma base na realidade, como “um sen-
timento irracional de medo e de aversão em relação à ho-
mossexualidade e às pessoas lésbicas, bissexuais e
transgêneros”, e propõe que esse sentimento seja combatido
desde a idade escolar.
45
não-homossexual, mas amigo de nossa comunidade, com-
parecia regularmente aos encontros da GAA. Observando
fascinado a nossa energia e excitação e as respostas da
mídia, ele apareceu com a palavra que nos empenháva-
mos em conseguir: homofobia, que significa o temor irra-
cional de amar alguém do mesmo sexo”. George Weinberg
classificou então a oposição moral ao homossexualismo
como uma anormalidade, uma fobia. Ele vai além: “Eu
nunca consideraria um paciente saudável se ele não tives-
se superado seu preconceito contra o homossexualismo”.
Fica assim claro o caráter ideológico e propagandístico
da palavra, que poderíamos qualificar de arma semântica.
Aplicando aos opositores o rótulo de homófobos, os homos-
sexuais procuram intimidá-los e desqualificá-los, descartan-
do como “temores irracionais” os seus argumentos. Porém,
pelo contrário, tais argumentos são baseados na reta razão,
como explicitaremos neste volume.
46
IV
REVOLUÇÃO HOMOSSEXUAL
47
Esse longo e persistente movimento de liberação sexual
simplesmente destruiu o senso do pudor, que protege a casti-
dade, e erodiu seriamente tanto o matrimônio quanto a famí-
lia. Quando se proclama que “é proibido proibir”, como acon-
teceu na revolução estudantil anarquista de maio de 1968,
que lugar sobra para a moral? Nenhum! É a própria negação
da moral, e foi resumida na expressão “se você gosta de fazer
algo, faça-o”.
No cerne dessa revolução está uma revolta contra todas
as normas da moralidade que mitigam ou restringem as pai-
xões desordenadas do homem. A difusão dessa mentalidade
foi devastadora, a ponto de a coabitação informal de casais e
as relações sexuais pré-matrimoniais, que antes chocavam a
sociedade, hoje em dia nem sequer serem contestadas.
48
justificável, mesmo que se trate de aberração contrária à na-
tureza, como o homossexualismo.
49
grupos de pressão, intelectuais engajados e ativistas radicais
que se esforçam para impor mudanças nas leis, costumes,
moralidade e mentalidades. Pressionam a sociedade para le-
galizar as manifestações públicas do homossexualismo, torná-
las aceitas como boas e normais e criminalizar toda oposição
a elas. Esse conjunto de ativistas chama-se movimento ho-
mossexual. É formado por miríades de grupos, associações e
simpatizantes aparentemente espontâneos e autônomos. É
claro, no entanto, que sem uma base organizada seria impos-
sível à propaganda homossexual atingir os limites inconce-
bíveis que estamos presenciando. Diante de tais resultados,
negar ou desconhecer a existência de uma organização equi-
valeria a acreditar que centenas de letras atiradas de uma ja-
nela pudessem colocar-se espontaneamente em ordem no
solo, e assim produzir uma peça literária — a Ode a Satã
seria um significativo exemplo —, conforme uma alusão do
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Em 1982, no seu livro The Homosexual Network, o Pe.
Enrique Rueda relacionou nos Estados Unidos mais de cem
organizações ligadas ao movimento homossexual. Treze anos
depois, em 1995, o Dr. Charles W. Socarides escreveu: “Se-
gundo as estimativas, as seções das associações nacionais e
regionais de homossexuais e lésbicas se elevam a 14.000”.
Isso evidencia a surpreendente expansão do movimento e a
sua enorme estrutura organizacional. É graças a esse poder
organizativo que uma minoria ínfima (segundo estimativas
confiáveis, os homossexuais não chegam a representar três
por cento da população) pode exercer tão grande pressão no
sentido de mudar as leis e os costumes da maioria dos cida-
dãos.
50
52 – Quais são os principais objetivos do movimento ho-
mossexual?
A ofensiva homossexual é a ponta-de-lança da revolução
sexual em nossos dias, preparando a sociedade para aceitar e
adotar formas de comportamento cada vez mais promíscuas
e anormais. O militante homossexual americano Paul Varnell
deixa isso inteiramente claro ao afirmar que “o movimento
homossexual não é um movimento de direitos civis, nem um
movimento de liberação sexual, mas uma revolução moral”,
com o objetivo de mudar a percepção das pessoas sobre o
homossexualismo. Avalia que os homossexuais podem con-
quistar leis de não-discriminação, de “crimes de ódio”, bene-
fícios sobre parceria doméstica, mas isso não seria suficiente
sem a mudança da moral social, que de fato eles desejam.
No mesmo sentido, Paul Rondeau afirma que o papel da
persuasão é vital na guerra cultural para mudar a posição da
sociedade sobre o homossexualismo: “Entre as guerras cul-
turais nos Estados Unidos, uma das controvérsias atuais mais
intensas gira em torno de um assunto designado como nor-
malizar a homossexualidade ou como aceitar o homos-
sexualismo. Embora a ciência e a lei sejam as armas preferi-
das, na verdade o debate transcende os campos científico e
legal. A munição dessas armas é a persuasão”.
Na sua subversiva “revolução moral”, os ativistas homos-
sexuais não podem simplesmente descartar toda moralidade.
Por isso devem procurar convencer primeiro a si mesmos
(pois também eles, querendo ou não, são influenciados pela
moral do Decálogo) de que a prática homossexual está de
acordo com a moral. Em seguida difundir sua contra-
moralidade para toda a sociedade, substituindo a moral tra-
dicional por uma “nova moral”. A vitória final nessa enorme
guerra de propaganda seria a aceitação do homossexualismo,
51
se não diretamente como “bom”, pelo menos como uma va-
riante tolerável da normalidade.
52
54 – Como o movimento homossexual combate os que são
contrários ao homossexualismo?
Para isolar e silenciar os que se manifestam contrários ao
movimento ou se empenham em evitar seus avanços, a atitude
adotada — que nem de longe pode ser considerada honesta —
é assim descrita: Apresentar os anti-homossexualismo sempre
tão maus quanto possível, de tal modo que as pessoas se sin-
tam constrangidas na sua presença e os evitem. Tachá-los de
nazistas, racistas, anti-semitas, excêntricos, desequilibrados. É
a técnica de demonizar os adversários. Ao mesmo tempo, apre-
sentar os homossexuais como vítimas. Por exemplo, mostran-
do sermões incendiários de sacerdotes e pregadores que con-
denam os ativistas homossexuais ao inferno, e contrastar essa
oratória com imagens de pessoas decentes e comuns, vítimas
horrivelmente maltratadas por serem homossexuais. As con-
denações da moral tradicional devem ser combatidas com
ensinamentos de teor liberal, de modo a romper a unidade da
oposição religiosa. A doutrina conservadora e tradicional da
Igreja deve ser apresentada como fossilizada e ultrapassada
pelas descobertas científicas.
Diante de cada manifestação contrária, assumir sempre o
papel de vítima, injustiçado, coitadinho.
53
condená-los, pois assim estariam lutando para defender es-
sas pobres vítimas das circunstâncias. Diante dessa “contra-
dição”, as pessoas ficam psicologicamente dilaceradas sobre
o modo de agir com os homossexuais. Pensam erroneamen-
te que a culpa não é deles, portanto acham que não se deve
censurá-los. Porém, como veremos adiante, ninguém nasce
homossexual, e eles não podem ser incluídos na categoria de
vítimas dos próprios instintos cegos.
O script homossexual recomenda não mostrar em pro-
gramas de TV mulheres masculinizadas, travestis e pessoas
com degenerações de outros tipos. Pelo contrário, mostrar
outras com aparência mais comum, que sejam pais e amigos
de homossexuais. Não chocar o público com a apresentação
prematura de comportamento homossexual. Nos estágios
iniciais, usar lésbicas e não homossexuais masculinos, pois o
público será mais receptivo à imagem feminina.
Nas relações sociais, conversar sobre o homossexualismo
em tom neutro, em qualquer lugar, a qualquer hora. Quando
o público estiver saturado, deixará de prestar atenção, tor-
nando-se insensível e entorpecido para o assunto, e aí se ven-
ce pelo cansaço. Utilizar sempre palavras e conceitos como
armas, para mudar as pessoas e a sociedade. Compaixão, por
exemplo, destina-se a gerar aceitação, enquanto homofobia
visa inibir e mesmo paralisar reações. Igrejas moderadas e
liberais devem ser lançadas contra as conservadoras, para
enfraquecer a oposição religiosa ao homossexualismo. A or-
dem é dividir para conquistar.
Outro recurso é apresentar grandes personagens históri-
cos como homossexuais. Figuras históricas falecidas não
podem mover processos por danos à sua reputação, e a idéia
de homossexuais que foram grandes realizadores abala em
muitas pessoas os preconceitos. Usar também celebridades
vivas em apoio ao estilo de vida homossexual. Elas próprias
54
não precisam ser homossexuais, o que se deve obter delas é a
sua chancela e aprovação ao homossexualismo.
As passeatas homossexuais devem procurar comunicar-
se com o público, ao invés de aparecer como atos públicos de
auto-afirmação. Não devem ser como paradas militares, e
sim como desfiles. Não devem transmitir que têm em vista
impor o homossexualismo ao público, e sim procurar ajudar
o público a aceitar os homossexuais. “Educar” o povo é mais
importante do que conquistar vitórias rápidas com a ajuda de
elites liberais no governo. A menos que o público seja persua-
dido, ou entorpecido pela indiferença, todas as vitórias são
efêmeras.
Os homossexuais devem ser apresentados sempre como
bonzinhos, vítimas ou coitadinhos.
55
de mídia que visem exigir direitos civis para os homossexu-
ais, bem como medidas contra a discriminação e a homofobia.
Sobre a epidemia de AIDS, no início ela pareceu desfa-
vorável ao avanço homossexual, mas foi por eles revertida
no sentido de provocar a compaixão em relação aos
infectados. De acordo com essa estratégia, eles jamais eram
questionados sobre o modo como adquiriram o vírus. Insis-
tiu-se muito em reivindicar verbas e outros recursos gover-
namentais (ou seja, dos contribuintes) para o tratamento das
vítimas. Assim, num passe de mágica, a vergonha que sem-
pre cercou os portadores de doenças sexualmente
transmissíveis deixou de atingir os homossexuais vitimados
pela AIDS.
Também em relação a este terceiro grupo, a mesma reco-
mendação de nunca esquecer que os homossexuais devem
parecer bonzinhos e coitadinhos, nunca reivindicadores vio-
lentos de direitos inexistentes.
56
Essa argumentação, que é também a da propaganda ho-
mossexual, pode ser assim sintetizada:
a) Eu me sinto atraído sexualmente por pessoas do mes-
mo sexo;
b) O comportamento condizente com essa inclinação me
proporciona prazer;
c) Ora, sentir prazer é uma coisa boa;
d) Logo, o homossexualismo é bom.
Tal raciocínio se choca frontalmente com a posição cató-
lica, e serviria para justificar toda espécie de aberrações mo-
rais, pois desconsidera a natureza racional do ser humano. A
finalidade de qualquer ato não pode ser desconsiderada quan-
do se pretende justificar, do ponto de vista moral, o prazer a
ele inerente. A todo ato honesto pode corresponder um pra-
zer, ou pelo menos uma sensação de bem-estar, mas o prazer
nem sempre resulta de um ato honesto. A gula e a embria-
guez, por exemplo, resultam da busca de um prazer, mas se
voltam contra o homem porque violam a finalidade para a
qual o homem come e bebe. Seriam a pedofilia ou o estupro
bons, simplesmente por gerarem prazer para o pedófilo e o
estuprador?
57
patíveis com o ensinamento cristão’. As igrejas conservado-
ras e liberais, em sua maioria, recusam-se a casar-nos ou or-
denar-nos ministros. A Igreja Católica ensina que a nossa
orientação é ‘objetivamente desordenada’, e que nossos atos
de intimidade são ‘intrinsecamente maus’. Elas ensinam que
não devíamos casar-nos, adotar filhos, servir de tutores, edu-
car crianças, ser treinadores de jovens nos esportes ou entrar
para as Forças Armadas. Aos membros de Dignity [organi-
zação “católica” homossexual], recusa-se o uso de proprie-
dades eclesiásticas e a presença de um sacerdote para cele-
brar a sua missa. Cremos que esses ensinamentos conduzem
a discriminação, sofrimento e morte. Nosso objetivo é con-
frontar e finalmente substituir essas trágicas inverdades com
a verdade de que também somos filhos de Deus, criados,
amados e aceitos por Deus exatamente como somos”.
Outra organização homossexual, a National Gay Catholic
Organization, acrescenta: “O Vaticano parece determinado a
acabar do lado errado da compaixão, no assunto das relações
homossexuais. A linguagem feia e os danosos pejorativos
que usa sobre casamentos homossexuais, tais como ‘com-
portamento transviado’, uniões ‘gravemente imorais’ e ‘le-
galização do mal’, parecem mostrar que o Papado perdeu
sua bússola moral”.
58
capazes de turvar as águas cristalinas da Fé. A organização
Soulforce, por exemplo, define-se como “um movimento
interconfessional empenhado em encerrar a violência espiri-
tual perpetuada por diretrizes e ensinamentos religiosos con-
trários aos homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais”.
As maiores denominações religiosas contêm associações
infiltradas que promovem a aceitação do homossexualismo.
Assim, até mesmo o imutável ensinamento moral da Igreja
Católica sobre o homossexualismo é deturpado por compo-
nentes do clero liberal, em provável conluio com os ativistas
homossexuais. Certos teólogos e escritores modernos criam
um clima de confusão, alegando que a Igreja mudou seu
ensinamento oficial sobre o homossexualismo. São alega-
ções completamente falsas, pois à medida que cresceu a con-
trovérsia, a Santa Sé publicou diretrizes reafirmando a posi-
ção da Igreja, e não pode haver dúvida de que a condenação
permanece inalterada. A Carta aos Bispos da Igreja Católi-
ca, por exemplo, condena os erros dos exegetas bíblicos que
apoiam o homossexualismo, afirmando que não há sombra
de dúvida sobre a condenação moral da Escritura ao
homossexualismo. Depois de lembrar que o ato sexual é le-
gítimo apenas no matrimônio, afirma: “Age portanto imo-
ralmente uma pessoa que pratica a homossexualidade” (doc.
cit., nº 7).
59
gir-se a eles, cuja má intenção se pode considerar inveterada
e intransponível, mas sim aos católicos fiéis, a fim de fortalecê-
los na recusa às pretensões homossexuais. E também deve-
mos esforçar-nos para que ela alcance aqueles que, como
vimos acima, lutam meritoriamente contra a própria tendên-
cia homossexual.
Sobre a afirmação de que todo homem é filho de Deus e
amado por Ele, a consequência lógica é que todo homem
deve comportar-se como filho de Deus. Nosso Senhor foi
claro sobre isso: “Se me amais, guardai os meus mandamen-
tos” (Jo. 14, 15). Ora, os Mandamentos da Lei de Deus for-
mam uma unidade entre si, e não pratica o primeiro – amar a
Deus sobre todas as coisas – quem se recusa a praticar o
sexto e o nono, que exigem guardar a castidade.
Acusar a Igreja de ter perdido a bússola moral por conde-
nar o homossexualismo, ademais de ser uma infâmia, é uma
tolice sem qualquer base na realidade, pois a Igreja sempre a
teve e nunca a perdeu. Além de ser esta afirmação corrobora-
da pelos fatos, não se pode esquecer que ela corresponde à
promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “As
portas do inferno não prevalecerão contra Ela”. Quem per-
deu a bússola moral, se alguma vez a teve, foram os aderen-
tes e ativistas desse movimento, pois a verdadeira compai-
xão consiste em afastar as pessoas do vício e incentivá-las a
praticar a virtude, não o contrário!
60
V
FALÁCIAS DO
“AMOR” HOMOSSEXUAL
61
to não podem dominar a natureza propriamente espiritual do
amor verdadeiro, que tende ao infinito. Mais do que um
Mandamento, o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo
no Evangelho — amar a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a si mesmo — é o máximo objetivo da vida,
único que pode trazer-nos a verdadeira felicidade.
A natureza racional do homem o compele a procurar sig-
nificado e objetivo para sua vida. Ele pode tentar esquivar-se
às questões filosóficas e teológicas profundas sobre a vida,
mas a sua racionalidade força-o sempre a defrontar-se com
elas, e todo indivíduo, qualquer que seja sua formação, acaba
por adotar ou estabelecer para si mesmo alguma explicação de
caráter filosófico ou teológico. Essa explicação pode ser rudi-
mentar ou mesmo embrionária, mas a implacável natureza ra-
cional do homem não descansa enquanto não a consegue. A
natureza humana almeja o seu fim verdadeiro, que é Deus, e
somente o divino, o infinito e o eterno podem trazer-lhe a feli-
cidade, satisfazendo plenamente sua alma espiritual.
Na procura do significado da existência, o comportamento
e as idéias do homem se influenciam mutuamente de modo
profundo, e a razão pede que ambos sejam coerentes. Como
observa Paul Bourget em Le démon du midi (O demônio da
meia-idade), “cumpre viver como se pensa, sob pena de, mais
cedo ou mais tarde, acabar por pensar como se viveu”.
62
Tomás de Aquino fornece para isso critérios valiosos nos quais
nos baseamos, muito bem desenvolvidos e argumentados nos
seguintes textos: Ethicorum, lib. 8, lectio 12, n. 18-24; Suma
Teológica, I, q. 20, aa. I,3; q. 60, aa. 1-5; I-II, q. 25, a. 2, q. 26,
aa. 1,4, q. 27, aa. 1-3; Summa Contra Gentiles, I, C. 91.
63
Na realidade, o “amor homossexual” não é nem amor
conjugal nem pode ficar no nível de amor de amizade sem
conotações eróticas. Não se quer aqui dizer que as pessoas
com tendência homossexual sejam incapazes de verdadeiro
amor e amizade. Mas elas o terão na medida em que repri-
mam sua tendência desordenada, superando-a por um verda-
deiro amor altruísta. Existem inúmeros casos históricos de
pessoas que encontraram no verdadeiro amor por pessoa do
sexo oposto um possante auxílio para vencer suas inclina-
ções desordenadas. O mais possante, no entanto, é o amor a
Deus. Sendo plenamente satisfatório, e orientado para um
Ser infinito, pode atender aos mais profundos anseios da alma
humana.
64
66 – Proibindo-se o casamento entre homossexuais, não se
impede que eles alcancem a felicidade?
O movimento homossexual difunde visão fascinante e
romântica do seu modo de vida, fielmente repetido pela in-
dústria do entretenimento e pela mídia liberal. Hollywood
apresenta homossexuais e lésbicas como jovens, bem
apessoados, saudáveis e com felicidade radiante. Da mesma
forma as parcerias homossexuais são apresentadas como
uniões românticas bem sucedidas. A verdade trágica é que
essa imagem romântica do “amor” homossexual difere da
realidade. Por trás do verniz superficial, o estilo de vida ho-
mossexual está repleto de violência, infidelidade e trauma.
Os fatos frios e duros provam que a sentimentalidade erótica
e neurótica entre pessoas do mesmo sexo nada tem do amor
conjugal que une um homem e uma mulher no matrimônio
legítimo tradicional, contraído de acordo com o plano de Deus
e a Lei natural. Nenhuma cortina publicitária pode velar esta
realidade, da qual nunca se pode esperar como resultado a
verdadeira felicidade.
65
que homens homossexuais e bissexuais estão em risco 13,9
vezes maior de tentativa séria de suicídio, e são compatíveis
com dados anteriores”. Tudo isso indica que a felicidade passa
bem longe desse estilo de vida.
66
69 – Seria o relacionamento homossexual um tipo de neu-
rose?
O que a propaganda homossexual apresenta como “amor
homossexual” não passa de uma atração de natureza sexual
ou uma dependência psicológica devida a uma falta de
autocontrole emocional ou sentimental, de maturidade. É
portanto um sentimentalismo neurótico. O psicólogo holan-
dês Dr. Gerard van den Aardweg, especialista em homosse-
xualidade, afirmou: “O termo neurótico descreve bem tais
relacionamentos, sugere o egocentrismo do relacionamento:
a procura de atenção, ao invés de amor. O termo neurótico,
em resumo, sugere todos os tipos de dramas e conflitos da
infância, bem como o desinteresse básico no parceiro, não
obstante as pouco convincentes pretensões de ‘amor’. Em
nenhum aspecto o auto-engano homossexual se torna tão
patente como em sua pretensão como amante. De fato, um
parceiro homossexual só é importante para o outro na medi-
da em que ele serve a seus desejos. Um amor verdadeiro e
não-egoísta, por um parceiro desejado, de fato destruiria o
‘amor’ homossexual”.
67
vínculos estáveis são exceções. Além disso, a estabilidade
em relações entre homossexuais, quando existe, não signifi-
ca fidelidade.
De fato, o mito da “monogamia” vai em sentido contrá-
rio ao da experiência homossexual. Em um estudo sobre jo-
vens homossexuais holandeses, a Dra. Maria Xiridou, do
Serviço de Saúde Municipal de Amsterdã, relatou que tais
relações duram em média 12 a 18 meses. Apurou também
que cada homossexual tinha em média oito outros parceiros
por ano além do “estável”. Muitos homossexuais não apreci-
am a “monogamia”, e as estatísticas o comprovam.
68
72 – Pode-se portanto afirmar que a promiscuidade ho-
mossexual é generalizada?
Quem o afirma, entre muitos outros, é Thomas E. Schmidt,
diretor do Instituto Westminster em Santa Barbara: “A pro-
miscuidade entre homens homossexuais não é um simples
estereótipo, nem é simplesmente a experiência da maioria –
é virtualmente a única experiência”.
Os cientistas sociais Robert T. Michael, John H. Gagnon,
Edward O. Laumann e a jornalista científica Gina Kolata
conduziram uma extensa pesquisa sobre o comportamento
sexual norte-americano. Em seu trabalho publicado em 1994,
comentam as investigações feitas pelos Centros para Con-
trole e Prevenção de Doenças em 1982, quando a AIDS sur-
giu, e concluem: “Homossexuais masculinos com AIDS,
entrevistados no início da década de 1980, relataram ter tido
uma média de 1.100 parceiros durante a vida, e muitos tive-
ram muito mais”.
69
VI
FALSIDADES QUE
A CIÊNCIA DESMENTE
70
ca norte-americana assim resume os resultados dessas pes-
quisas no estudo Homosexuality and Hope (Homossexuali-
dade e Esperança):
“Alguns pesquisadores procuraram encontrar uma causa
biológica para a atração homossexual, e a mídia promoveu a
idéia de que um gene homossexual já havia sido descoberto.
Mas, apesar de várias tentativas, nenhum dos mais divulga-
dos estudos pôde ser cientificamente repetido. Alguns auto-
res reviram cuidadosamente esses estudos e concluíram que
eles não comprovam uma base genética para a atração ho-
mossexual, e nem mesmo contêm tais alegações. Se a atra-
ção pelo mesmo sexo fosse determinada geneticamente, de-
ver-se-ia esperar que gêmeos idênticos fossem também idên-
ticos nas suas atrações sexuais. No entanto existem numero-
sos relatórios de gêmeos idênticos que não são idênticos nas
suas atrações sexuais”.
71
homossexuais ou heterossexuais; ou então se elas surgiram
na vida adulta, talvez como resultado do comportamento se-
xual que tiveram”. A insistência do Dr. LeVay em que se
façam observações mais extensas mostra que a alegação de
uma origem genética para as tendências homossexuais está
longe de ser comprovada.
Falando sobre a pesquisa de um professor de neurociência
na Universidade da Califórnia em Berkeley, o Dr. A. Dean
Byrd esclarece: “O Prof. Breedlove concluiu que o cérebro
não é um órgão estático. Ele muda e se ajusta ao comporta-
mento, e no caso deste estudo ajusta-se especificamente ao
comportamento sexual. Quando alguém se envolve num ato
específico repetidamente, certos caminhos neurais no cére-
bro são fortificados. Como o cérebro é um órgão físico, esses
caminhos neurais fortificados se refletem na química do cé-
rebro. Por exemplo, se alguém joga basquete com frequência,
terá um cérebro diferente de quem estuda a ciência dos fo-
guetes. Da mesma forma, o comportamento de uma pessoa
homossexual parece provocar como resultado uma estrutura
cerebral diferente. Estudos como o do Dr. LeVay, ainda que
fossem conclusivos, mostrariam apenas o que a ciência já
sabe sobre o cérebro”.
72
xual é observável em animais; portanto, a homossexualidade
está de acordo com a natureza animal; como o homem é tam-
bém animal, a homossexualidade está de acordo com a natu-
reza humana.
Essa linha de raciocínio é insustentável, pois o homem
não é um simples animal, e sim um animal racional, de tal
forma que a sua animalidade não pode ser separada de sua
racionalidade, que nele predomina. No homem não existe
instinto puramente animal. Todo instinto do homem — mes-
mo o mais possante deles, que é o de conservação — pode
ser controlado pela inteligência e pela vontade. Por exemplo,
no soldado que vai à guerra. Quando alguém se refere a
homossexualismo animal, está de fato aplicando aos animais
uma característica exclusiva de seres humanos, da mesma
forma como acontece quando dizemos que um animal é co-
rajoso, bondoso, perspicaz.
Os cientistas explicam que algumas formas observáveis
e excepcionais do comportamento animal não resultam dos
instintos animais, e sim de outros fatores. Como os animais
não são dotados de inteligência e vontade, quando dois im-
pulsos instintivos se chocam — por exemplo, os instintos de
conservação, domínio, reprodução — prevalece o que é mais
favorecido pelas circunstâncias, e isto pode resultar em
“filicídio”, “canibalismo”, e também num aparente “homos-
sexualismo”.
Explica o Dr. Antonio Pardo, professor de Bioética na
Universidade da Navarra, Espanha: “Propriamente falando,
a homossexualidade não existe entre os animais. Por razões
de sobrevivência, o instinto reprodutivo entre os animais é
sempre orientado para um indivíduo do sexo oposto. Por-
tanto um animal nunca pode ser propriamente homos-
sexual. A interação com outros instintos, particularmente o
de dominação, pode resultar em comportamento que pare-
73
ce ser homossexual, mas não pode ser avaliado como
homossexualismo animal. Significa apenas que o comporta-
mento sexual animal abrange também outros aspectos além
da reprodução”. Em outros termos, como os animais não têm
recursos humanos como a entonação da voz e a expressão
fisionômica, para transmitir certas expressões de carinho,
medo, domínio ou submissão, eles podem se servir de atos
derivados do instinto sexual para mostrar isso. Certas tentati-
vas de acasalamento entre machos ou entre fêmeas tem essa
significação, escapando do campo propriamente sexual.
74
fitas gravadas. Muitos desses pacientes ‘curados’ (prefiro usar
a palavra ‘mudados’) casaram-se, tiveram filhos e vivem vi-
das felizes. Alegar que ‘uma vez homossexual, sempre ho-
mossexual’ é sustentar um mito destrutivo”.
Diante da evidência, até mesmo o Dr. Robert L. Spitzer,
que havia conduzido na Associação Psiquiátrica Americana a
campanha para deixar de relacionar a homossexualidade como
distúrbio psiquiátrico, mudou seu ponto de vista: “Como a
maioria dos psiquiatras, eu pensava que, embora o comporta-
mento homossexual possa ser evitado, a orientação homosse-
xual não pode ser mudada. Agora eu creio que isso é errado.
Algumas pessoas podem mudar, e de fato mudam”.
A declaração Homosexuality and Hope, da Associação
Médica Católica norte-americana, afirma: “Alguns terapeutas
escreveram extensamente sobre os resultados positivos da
terapia para atração homossexual. Revisões do tratamento
para atração homossexual indesejada mostram-no tão eficaz
como o tratamento para problemas psicológicos similares:
cerca de 30% sentem-se livres de sintomas, e outros 30%
obtêm melhoras. Relatos de terapeutas individuais foram
igualmente positivos”.
Se a terapia para atração homossexual indesejada regis-
tra na sociedade hedonista de hoje uma taxa de eficácia tão
considerável, é lógico que se poderia esperar êxito muito
maior numa cultura verdadeiramente católica, que proporci-
ona ambiente receptivo para a prática da virtude.
A hipótese de que a homossexualidade não pode ser cu-
rada é muito cara aos ativistas homossexuais, por sua utilida-
de em difundir a imagem de vítimas. Mas os significativos
resultados positivos da terapia não podem ser simplesmente
ignorados, e eles foram obrigados a retrair-se no aproveita-
mento propagandístico que faziam dessa hipótese falsa.
75
VII
“CASAMENTO” HOMOSSEXUAL
76
tos que identificam o casamento como uma união estável
entre homem e mulher, socialmente reconhecida, em princí-
pio aberta à geração. Só com estas características o casamen-
to desempenha a sua função social específica. De acordo com
o teólogo Angel Rodríguez Luño, admitir o casamento entre
pessoas do mesmo sexo significa a “ruptura completa com
tradições tão antigas como o gênero humano, violentando
rasgos e diferenças antropológicas de caráter pré-político
sobre as quais o legislador não tem qualquer poder”.
A família evoluiu ao longo do tempo, mudaram as suas
formas, mas não a sua característica heterossexual. Mesmo
as culturas que aceitavam práticas homossexuais, nunca re-
conheceram a união homossexual como uma instituição
equiparável à união entre homem e mulher através do casa-
mento. Em nenhum momento o Direito Romano, por exem-
plo, atribuiu o estatuto conjugal às uniões homossexuais, não
obstante a comprovada existência e aceitação social de tais
uniões. Isto só pode ser explicado pelo fato de os juristas
romanos e a própria sociedade entenderem o matrimônio
como uma realidade social diferente de uma união qualquer
entre pessoas do mesmo sexo. Não obstante a decadência
dos costumes, entendia-se o matrimônio como uma realida-
de essencialmente diferente de uma união homossexual.
77
de direitos e deveres específicos às pessoas casadas. Esse
reconhecimento social e jurídico vincula-se à função social
do casamento e da família como célula-base da sociedade, e
daí decorrem também os privilégios e deveres específicos.
As uniões ou parcerias homossexuais não merecem reco-
nhecimento da sociedade. Só o merece a família, porque ela é
o fundamento da sociedade, e o matrimônio a condição para
que surja uma família normal. “As uniões homossexuais não
desempenham, nem mesmo em sentido analógico remoto,
as funções pelas quais o matrimônio e a família merecem do
Estado um reconhecimento específico e qualificado. Pelo con-
trário, há razões válidas para afirmar que tais uniões são no-
civas a um reto progresso da sociedade humana, sobretudo
se aumentasse a sua efetiva incidência sobre o tecido social”
(Considerações, nº 8). Por isso “é um dever opor-se a elas de
modo claro e incisivo” (Considerações, nº 5).
78
para tornar-se uma perversão dela” (Suma Teológica, II-I, q.
95, a. 2).
O documento emitido pela Santa Sé em 2003 não deixa
margem a dúvidas: “Convém refletir, antes de mais, na dife-
rença que existe entre o comportamento homossexual como
fenômeno privado e o mesmo comportamento como relação
social legalmente prevista e aprovada, a ponto de se tornar
uma das instituições do ordenamento jurídico. O segundo
fenômeno não só é mais grave, mas assume uma relevância
ainda mais vasta e profunda, e acabaria por introduzir altera-
ções na inteira organização social, que se tornariam contrári-
as ao bem comum. As leis civis são princípios que estruturam
a vida do homem no seio da sociedade, para o bem ou para o
mal. Desempenham uma função muito importante, e por ve-
zes determinante, na promoção de uma mentalidade e de um
costume. As formas de vida e os modelos que nela se expri-
mem não só configuram externamente a vida social, mas ao
mesmo tempo tendem a modificar, nas novas gerações, a com-
preensão e avaliação dos comportamentos. A legalização das
uniões homossexuais acabaria, portanto, por ofuscar a percep-
ção de alguns valores morais fundamentais e desvalorizar a
instituição matrimonial” (Considerações, n° 6).
79
que diferença haveria entre o matrimônio e uma sociedade
de amigos ou associações filantrópicas?
80
ciedade. Aceitar essa situação seria o mesmo que admitir a
circulação de moedas falsas ao lado de moedas legítimas, o
que evidentemente enfraquece o valor da moeda legítima. É
por isso que o Estado não tem o direito de aceitar tais moe-
das, e além disso tem o dever de proibi-las.
Quando os indivíduos podem encontrar incentivos legais
e recompensas mais facilmente em contrafações do casamen-
to, o casamento verdadeiro está a caminho da extinção. Por
isso a autoridade pública e a sociedade devem reconhecer
exclusivamente ao casamento verdadeiro sua natureza
insubstituível para o bem comum.
81
primário, e vice-versa. A Constituição Pastoral Gaudium et
Spes, do Concílio Vaticano II, cita nada menos de cinco ve-
zes a encíclica Casti Connubii, de Pio XI, que é o documen-
to fundamental do matrimônio cristão. Falando sobre os
‘vários fins’ do matrimônio, a Gaudium et Spes cita Santo
Agostinho, Santo Tomás de Aquino e a encíclica Casti
Connubii, que explicitamente afirma a subordinação dos fins”.
82
além de comportar graves faltas de respeito à dignidade hu-
mana, não alteraria minimamente essa sua inadequação”
(Considerações, nº 7).
Deve-se lembrar que, mesmo dentro do próprio casamento
entre homem e mulher, o ato sexual é condenável quando é
tornado estéril artificialmente.
83
ção alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o
casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos
iguais”.
Não se consegue saber de onde os homossexuais saca-
ram o pretenso “direito” de se casarem entre si, tendo em
vista que até a Declaração Universal dos Direitos do Homem
garante esse direito apenas para o homem e a mulher se
casarem e constituírem família. No entanto é essa aberração
que pretendem, conforme a associação homossexual Lambda
Legal, que publicou no seu website esta “resolução”: “Tendo
em vista que o casamento é um direito básico e uma decisão
pessoal, RESOLVE que o Estado não deve interferir em pa-
res do mesmo sexo que decidem casar-se e partilhar comple-
ta e igualmente os direitos, responsabilidades e compromis-
sos do casamento civil”.
Esta afirmação resume os argumentos dos homossexuais
em favor do “casamento” homossexual. Contudo, está base-
ada numa falsa analogia, tirando uma conclusão a partir de
mera semelhança acidental entre fatos ou situações que são
essencialmente diferentes. Desdobrando o raciocínio, o enun-
ciado seria:
a) O casamento é um direito humano básico;
b) O casamento é uma decisão pessoal;
c) Portanto, pares do mesmo sexo podem casar e parti-
lhar completa e igualmente os direitos, responsabilidades e
compromissos do casamento civil;
d) O Estado não deve interferir na sua decisão.
Todos reconhecem que o casamento é um “direito huma-
no básico” e uma “escolha pessoal”. A maioria reconhece
que ele merece a proteção do Estado. Contudo, é falsa a ana-
logia que se faz na terceira sentença, entre um par do mesmo
sexo e um par constituído por homem e mulher. Mesmo
embrulhada em papel sedutor, essa analogia é inteiramente
84
falsa. Além do mais, convém lembrar que o Estado proíbe
também o casamento entre doentes mentais, entre consan-
guíneos, etc., e tem o direito de fazê-lo.
Como “direito humano básico”, o direito ao casamento
deriva da natureza humana, portanto sua existência precede
tanto a Igreja quanto o Estado. No entanto, a mesma nature-
za humana que dá origem a esse “direito humano básico”
exige também que o casamento seja a união entre homem e
mulher, tendo em vista que a cooperação de ambos é neces-
sária para cumprir a finalidade primária do matrimônio, que
é a procriação e educação da prole. O “casamento” de duas
pessoas do mesmo sexo não tem nenhuma base na natureza
humana. Portanto não é casamento, e consequentemente não
existe um direito humano ao “casamento” entre pessoas do
mesmo sexo. Usurpando os direitos do matrimônio, o
homossexualismo o debilita, pois relações conjugais só são
possíveis entre homem e mulher.
85
Quanto às parcerias domésticas ou uniões civis, elas são
apenas uma imitação ilegítima do casamento. Nomes como
esses são uma forma de iludir o público, pois o movimento
homossexual sabe muito bem que a opinião pública se opõe
à legalização do “casamento” homossexual, e procura dis-
farçar suas intenções usando como artifício expressões apa-
rentemente neutras como essas, ou ainda outras variantes,
todas elas conduzindo claramente ao mesmo objetivo. De
acordo com Rafael Navarro Valls, catedrático de Direito Ci-
vil da Universidade Complutense de Madrid, afirmar que
um par homossexual constitui um casamento é tão contradi-
tório como pretender que formam uma holding, um leasing
ou uma fundação. São instituições jurídicas que se movem
em órbitas diferentes. O matrimônio não é uma simples par-
ceria de negócios, em que a duração e a natureza do contrato
dependem inteiramente do desejo das partes.
A Santa Sé não deixa margem a dúvidas: “Uma coisa é
todo cidadão poder realizar livremente atividades do seu in-
teresse, entrando essas atividades genericamente nos comuns
direitos civis de liberdade; e outra muito diferente é que ati-
vidades que não representam uma significativa e positiva
contribuição para o desenvolvimento da pessoa e da socie-
dade possam receber do Estado um reconhecimento legal
específico e qualificado” (Considerações, nº 8).
86
humano a certeza de que só existe matrimônio entre duas
pessoas de sexos diferentes” (Considerações, nº 2).
“Não existe nenhum fundamento para equiparar ou esta-
belecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homosse-
xuais e o plano de Deus sobre o matrimônio e a família. O
matrimônio é santo, ao passo que as relações homossexuais
estão em contraste com a lei moral natural. Os atos homos-
sexuais, de fato, fecham o ato sexual ao dom da vida. Não
são fruto de uma verdadeira complementaridade afetiva e
sexual, e de maneira nenhuma podem ser aprovados” (Con-
siderações, nº 4).
87
90 – Quais as consequências de se aprovar parcerias e
uniões?
A sobrevivência da sociedade depende de uma família flo-
rescente, firmemente estabelecida sobre o matrimônio reco-
nhecido como tal. E o documento Considerações sobre os
Projetos de Reconhecimento Legal das Uniões entre Pessoas
Homossexuais, do qual temos transcrito alguns textos, aponta
graves prejuízos para a sociedade se uniões homossexuais fo-
rem legalizadas: “A consequência imediata e inevitável do re-
conhecimento legal das uniões homossexuais seria a redefinição
do matrimônio, o qual se converteria numa instituição que, na
sua essência legalmente reconhecida, perderia a referência es-
sencial aos fatores ligados à heterossexualidade, como são,
por exemplo, as funções procriadora e educadora. Se o matri-
mônio entre duas pessoas de sexos diferentes for considerado
apenas como um dos matrimônios possíveis, do ponto de vista
legal, o conceito de matrimônio sofrerá uma alteração radical,
com grave prejuízo para o bem comum. Colocando a união
homossexual num plano jurídico análogo ao do matrimônio
ou da família, o Estado comporta-se de modo arbitrário e entra
em contradição com os próprios deveres”.
De acordo com o Consejo General del Poder Judicial
(Espanha), “O casamento é uma instituição anterior à Cons-
tituição, anterior ao Estado e às formas jurídicas que este cria
e regula, pelo que o Estado não pode usar a sua capacidade
normativa para adulterar essa instituição”. Que o Estado pre-
tenda falsificar tal instituição milenar, só pode ser sinal de
uma tentação totalitária para implantar uma “engenharia so-
cial” ideológica.
88
91 – Tem algum fundamento afirmar que a igualdade de
todos ante a lei deve permitir o casamento de homossexuais?
O movimento homossexual tem difundido esta “resolu-
ção”: Somos iguais perante a lei, por isso vamos nos casar.
Ora, a igualdade jurídica, no que se refere ao casamento, sig-
nifica que todos os que têm capacidade natural para casar-
se têm o direito de fazê-lo, mas não cria nem pode criar as
condições requeridas pela natureza para o casamento. O ato
conjugal está intrinsecamente relacionado ao casamento, e a
natureza exige dois indivíduos de sexos opostos para praticá-
lo. As diferenças biológicas entre os dois sexos criam a ca-
pacidade natural para o casamento e constituem o seu fun-
damento natural. Portanto não se pode pretender que uma
igualdade apenas jurídica possa produzir o mesmo efeito.
Como essa exigência natural está completamente ausente em
duas pessoas do mesmo sexo, o princípio de igualdade pe-
rante a lei não se aplica.
89
A decisão pessoal para o casamento é exercida tanto na
opção pelo estado matrimonial quanto na escolha do cônju-
ge. Contudo, os futuros esposos não são livres para alterar a
finalidade essencial ou as propriedades do casamento. Estas
não dependem da vontade das partes contratantes, têm sua
raiz na Lei natural e são imutáveis. Quem determina o obje-
tivo do casamento, bem como o número das partes contra-
tantes e o sexo delas, é a Lei natural, e não a decisão dos
esposos. É falsa a idéia de que, por sua escolha pessoal, pela
lei positiva ou por decisão judicial, os homossexuais podem
realizar um “casamento”.
90
questão de direitos civis, e nada tem a ver com moralidade.
Entendendo a moral como se fosse apenas “coisa da Igreja”,
estes e também muitas outras pessoas se valem da dissociação
atual entre Igreja e Estado para justificar a idéia falsa de que
os direitos civis são desvinculados da moralidade. Mas não é
possível haver direitos civis sem fundamento moral, pois a
lei precisa ser justificada em termos de moralidade, que é
mais ampla do que a lei positiva, e a circunscreve. Leis que
não têm fundamento moral não têm sentido, pois as leis exis-
tem para a boa ordem da sociedade. No seu excelente tratado
sobre a Lei natural, Tapparelli d’Azeglio afirma: “A ordem
moral é a base da sociedade, porque todo dever é fundamen-
tado numa ordem moral que resulta da ordem natural”.
91
96 – Os políticos católicos são livres para aprovar o “casa-
mento” homossexual?
Alguns políticos católicos invocam o princípio de separa-
ção entre a Igreja e o Estado como desculpa para marginalizar
a moralidade católica na vida pública. O que de fato eles estão
fazendo é separar dentro de si mesmos o católico do político.
Esta separação viola a unidade do ser humano e as premissas
da moral e da lógica. Todo homem é julgado por Deus de
acordo com seus pensamentos, palavras, obras e omissões,
portanto de acordo com a unicidade da sua personalidade.
No documento de 2003, a Congregação para a Doutrina
da Fé faz especial menção aos bispos e aos políticos católi-
cos, que podem intervir mais diretamente contra a ofensiva
do movimento homossexual na esfera legislativa. Lembra
aos bispos “os pontos essenciais sobre o referido problema e
fornece algumas argumentações de caráter racional” a fim
de conduzirem “intervenções mais específicas”. Os mesmos
argumentos são úteis também para os políticos católicos, cujas
vidas públicas devem ser “coerentes com a consciência cris-
tã” (Considerações, nº 1).
O documento ressalta a obrigação de os políticos católi-
cos se oporem a tais propostas legislativas: “Se todos os fiéis
são obrigados a se opor ao reconhecimento legal das uniões
homossexuais, os políticos católicos o são de modo especial,
na linha da responsabilidade que lhes é própria. O parlamen-
tar católico tem o dever moral de manifestar clara e publica-
mente o seu desacordo e votar contra esse projeto de lei.
Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo
tão nocivo ao bem comum da sociedade é um ato gravemen-
te imoral” (Considerações, nº 10). E insiste: “A Igreja ensina
que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode
levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento ho-
92
mossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homosse-
xuais” (Considerações, nº 11).
93
falsa e absurda, pois constitui uma subversão da verdadeira
compaixão.
Santo Tomás de Aquino ensina que o sentimento de com-
paixão só se torna virtude quando guiado pela razão, pois “é
essencial à virtude humana que os movimentos da alma se-
jam controlados pela razão”. Sem esse controle, a compai-
xão é apenas uma paixão, ou seja, uma inclinação poderosa
mas irracional, e portanto potencialmente perigosa, pois pode
favorecer não apenas o bem, mas também o mal (cf. Suma
Teológica, II-II, q. 30, c. 3; II-II, q. 30, a. 1, ad 3).
É normal sentir pena de alguém que sofre. No entanto,
agir com base apenas no sentimento, sem avaliação racional
e prudente, pode levar a um mal não intencional. Conside-
rem-se dois exemplos. Primeiro, o de um homem que com-
pra bebidas alcoólicas para seu amigo alcoólatra, porque não
quer vê-lo sofrer pela falta de álcool. Segundo, o de um pai
que fornece dinheiro ao filho viciado no jogo, pois se aflige
ante o pensamento de que o filho sofre por não poder jogar. A
ação de ambos não demonstra amor verdadeiro pelo amigo
nem pelo filho. Ao invés de ajudar o amigo a evitar as bebi-
das, ou de ajudar o filho a libertar-se do jogo, ambos incenti-
vam o vício.
A verdadeira compaixão é aquela que conduz um peca-
dor a distanciar-se do vício e voltar à virtude. Santo Tomás
afirma ainda: “Amamos o pecador por causa da caridade,
não para desejar o que ele deseja ou para nos alegrarmos
com o que lhe dá alegria, mas para fazê-lo querer o que nós
queremos e alegrar-se com o que nos alegra. Pois está escri-
to: ‘Voltar-se-ão eles para Vós, e não Vós para eles’ (Jer. 15,
19)” (Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 6, ad 4).
O exemplo divino é o do Bom Pastor que vai atrás da
ovelha desgarrada para trazê-la de volta ao rebanho. Outro
exemplo comovente é o de Santa Mônica, mãe de Santo
94
Agostinho. Ela nunca compactuou com o estilo de vida im-
puro e as crenças heréticas do filho, mas também nunca ces-
sou de rezar e trabalhar para a sua conversão. As lágrimas da
mãe acabaram por convertê-lo, e ele se tornou um dos maio-
res luminares católicos de todos os tempos.
95
101 – Por que os homossexuais não podem adotar crian-
ças?
A adoção de uma criança não pode ser encarada como
direito do candidato a adotá-la, mas sim como direito da cri-
ança. São as crianças que têm o direito de ser adotadas. Elas
são sujeitos de direito, não objetos de direitos de outrem, por
isso não podem ser objeto ou instrumento de direitos ou de
reivindicações dos candidatos a adotá-las. O que preside aci-
ma de tudo ao instituto da adoção é o objetivo de conseguir o
bem da criança. Por isso a possibilidade de adoção não pode
ser encarada como um “direito” dos adotantes. A criança não
pode ser instrumentalizada ou reduzida a um objeto que se
reivindica.
Os tratados de psicologia da evolução da criança nunca
deixaram de salientar que as figuras paterna e materna são
imprescindíveis e insubstituíveis nessa evolução. Com base
neste fato, os tribunais sempre apelaram e continuam a ape-
lar, no âmbito dos processos de regulação do poder paternal,
para a presença o mais contínua possível de cada uma dessas
duas figuras na educação da criança. Pelo contrário, sendo
adotadas por “casais” homossexuais, as crianças passam a
ter “dois pais” ou “duas mães”. Ficam privadas da figura
paterna ou materna, quando ambas são imprescindíveis e
insubstituíveis para o seu crescimento harmonioso, daí ser
inadmissível tal adoção.
A adoção de crianças por homossexuais “significa, na
realidade, praticar a violência sobre elas”, cuja situação
de fraqueza e dependência as colocaria “em ambientes que
não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano”.
Além de gravemente imoral, essa adoção violaria o prin-
cípio de que “a parte mais fraca e indefesa” deve ser sem-
pre favorecida e protegida (cf. Considerações, nº 7). Sen-
96
do função do Estado proteger o fraco, neste caso lhe com-
pete defender as crianças, ao invés de expô-las a graves
riscos morais e psicológicos.
97
VIII
AGINDO CONTRA AS
PRETENSÕES HOMOSSEXUAIS
98
Os que desejam dedicar-se à defesa da família tradicio-
nal devem se compenetrar de que isso envolve um trabalho
de convencimento das pessoas, tanto em nível de relações
pessoais como recorrendo aos meios de divulgação — jor-
nais de pequena ou grande circulação, rádios, internet, e mes-
mo atuação conjunta nas vias públicas, com a difusão de li-
vros, manifestos, etc. A vitória nessa cruzada espiritual per-
tencerá ao campo católico, se este conseguir mover a opinião
pública e mantê-la do seu lado. Não é tarefa fácil, mas deve-
mos ter presente que Deus está conosco. E se formos fiéis,
Ele nos proporcionará os meios sobrenaturais e humanos para
alcançarmos a vitória.
99
105 – Pode-se alegar “objeção de consciência” contra o
cumprimento de leis injustas que favoreçam a ofensiva ho-
mossexual?
Santo Tomás de Aquino ensina: “As leis podem ser in-
justas por contrariedade ao bem divino, como as leis dos tira-
nos que induzem à idolatria, ou qualquer outra lei contrária à
lei divina. De nenhum modo é lícito observar tais leis, pois,
como é afirmado nos Atos, ‘é necessário obedecer antes a
Deus que aos homens’ (5, 29)” (Suma Teológica, I-II, q. 46,
a. 4,c). Aplicando o ensinamento de Santo Tomás, a Santa Sé
explicitou de modo muito claro e taxativo que deve ser evita-
da “qualquer forma de cooperação formal na promulgação
ou aplicação de leis tão gravemente injustas. Nesta matéria,
cada qual pode reivindicar o direito à objeção de consciên-
cia” (Considerações, nº 7).
100
de Emenda Constitucional (PEC), para implantação do “ca-
samento” homossexual.
Os protestos e a generalizada oposição a essas tentativas
de instrumentalização legal em favor do homossexualismo
são inteiramente justos, e mesmo necessários, pois a popula-
ção se sente ameaçada de futuras agressões e represálias arti-
culadas por ativistas homossexuais. A Carta aos Bispos da
Igreja Católica sobre o Cuidado Pastoral de Pessoas Ho-
mossexuais condena as expressões malévolas e ações vio-
lentas que se cometem contra os homossexuais, mas contes-
ta que esses procedimentos condenáveis possam servir de
pretexto para justificar o homossexualismo, muito menos para
criar legislação especial a fim de proteger os homossexuais e
seu comportamento condenável (cf. doc. cit., nº 9-10).Tanto
mais que a legislação penal atual já pune agressões, injú-
rias, etc feitas contra quaisquer cidadãos. Não há necessi-
dade de uma lei especial de proteção dos homossexuais.
Como pessoas eles já estão protegidos pela legislação atual.
101
cação por risco, homens que têm relações sexuais com ou-
tros homens representam a maior proporção de novas infec-
ções. Em 2011, o mesmo CDC calculou que os homossexu-
ais masculinos respondem por 61% das novas contamina-
ções por HIV nos Estados Unidos, sendo que apenas cerca
de 2% da população americana é de homossexuais.
Dados estatísticos de oito países, publicados em Annals
of Epidemiology, mostram que entre 2000 e 2005 as taxas de
infecção do HIV entre homens homossexuais aumentaram
3,3% ao ano. Na América Latina, estima-se que metade das
infecções tenham origem em relações sexuais desprotegidas
entre homens. A ONU afirma que o risco de homens homos-
sexuais contraírem HIV é 20 vezes maior que o de homens
heterossexuais.
Diante disso, pode-se concluir que grande parte da dis-
seminação da AIDS, após sua caracterização em 1981,
deve-se ao comportamento promíscuo e desregrado dos
homossexuais.
102
outras para as quais não se conhece a cura (HIV, vírus da
hepatite A, B ou C, vírus do papiloma, etc.)”.
Em 8/2/2008, durante a 20a Conferência Nacional sobre
LGBT nos Estados Unidos, Matt Foreman declarou: “Como
70% das pessoas infectadas por HIV neste país são gays ou
bissexuais, não podemos negar que a AIDS é uma doença
de homossexuais. Temos de reconhecer isso e enfrentar o
problema”.
Numa entrevista em 2011, foi perguntado a Darrel
Cummings, líder ativista homossexual de 25 anos, dirigente
do Los Angeles Gay and Lesbian Center: “Em 2006, muito
se falou sobre o provocativo conceito que vocês divulgaram
na campanha “Own it End it” [algo como assuma, e acabe
com ele], que se referia à AIDS como doença gay. Qual o
pensamento que os moveu a fazer isso?”. A resposta de Darrel
Cummings não deixa margem a dúvidas: “Dois dos nossos
objetivos eram: Conseguir que as pessoas voltassem a falar
do HIV; e reconhecer as altíssimas e desproporcionais taxas
de infectados na nossa comunidade. Durante muito tempo
divulgamos que a AIDS é uma doença com a probabilidade
de atingir as pessoas em proporções iguais, mas as provas
atuais são esmagadoras no sentido de afirmar que isso não é
verdade. Embora seja evidente que o vírus não faz discrimi-
nação de pessoas, a cara dessa epidemia é a de homens ho-
mossexuais ou bissexuais, especialmente em Los Angeles,
onde o chocante percentual de 83% dos contaminados pelo
HIV são gays ou bissexuais. Nosso grupo de risco é o único
em que o índice de infecção está crescendo. E o que divulga-
mos na campanha é que devemos reconhecer isso e extinguir
a doença”.
103
109 – Se as relações homossexuais masculinas são a prin-
cipal causa da AIDS e sua disseminação, pode-se esperar
que os homossexuais se abstenham dessas relações
antinaturais?
É pouquíssimo provável.
Em 15 de outubro de 2003, reuniu-se em Seattle e King
County (Estado de Washington) uma coalizão de líderes de
comunidades e provedores de serviços, a fim de discutir os
problemas de saúde dos homossexuais e bissexuais masculi-
nos. Ao final, foi publicado A Community Manifesto: A New
Response to HIV and STDs (Um manifesto da comunidade:
Nova resposta ao HIV e às doenças sexualmente transmis-
síveis), no qual se afirma:
“Hoje, um de cada sete homossexuais, bissexuais e ou-
tros homens que têm relações com homens estão infectados
com HIV. Entre homossexuais masculinos em King County,
os índices de sífilis são cem vezes maiores do que na popula-
ção heterossexual em geral, e estima-se que são mil vezes
maiores entre homens homossexuais com HIV positivo do
que na população heterossexual em geral. Diante do alar-
mante crescimento das infecções por HIV e doenças sexual-
mente transmissíveis entre homossexuais, bissexuais e ou-
tros homens que mantêm relações sexuais com homens, nós
[a Força Tarefa de Prevenção ao MSM HIV/DST] lançamos
este manifesto, apelando para a necessidade de urgentes nor-
mas e ações da comunidade. Homossexuais, bissexuais e
outros homens que têm relações sexuais com homens devem
reagir contra comportamentos e atitudes que são responsá-
veis pelo aumento e difusão dessas doenças”.
Mas a epidemia de AIDS não interrompeu a promiscui-
dade homossexual, muito pelo contrário. A comunidade mé-
dica se preocupa em conter o número crescente de pessoas
104
infectadas com HIV/AIDS e outras doenças sexualmente
transmitidas, mas a colaboração dos homossexuais nesse
sentido é praticamente nula. É de se notar que o pesadíssimo
ônus decorrente da doença recai sobre toda a sociedade, exi-
gindo verbas vultosas para pesquisa, prevenção, controle e
tratamento. As pessoas não podem ignorar tudo isso, acei-
tando passivamente que os homossexuais explorem o papel
de vítimas e reivindiquem os seus “direitos”, pouco se im-
portando com a disseminação dessa terrível doença, tão
dispendiosa para toda a sociedade.
105
Declarações do Papa Bento XVI em 2009, durante sua
viagem à África, vão nessa mesma linha, propondo a educa-
ção para a responsabilidade, e estão fundamentadas na
Encíclica Humanæ Vitæ, que proíbe qualquer forma de mé-
todos artificiais de contracepção. A imprensa mundial publi-
cou numerosas críticas injustas e protestos por essas declara-
ções, mas permanece irrefutável que a propagação da AIDS
não será resolvida com a distribuição de preservativos, os
quais podem mesmo agravar o problema.
106
112 – Tendo o STF aprovado as parcerias homossexuais,
devo concordar com elas?
A decisão do STF contraria frontalmente a Lei natural e
as normas da Santa Sé, como já expusemos, e causou pro-
fundo desagrado, inclusive inúmeras contestações através da
imprensa. Em países onde tais interferências de caráter
legislativo vêm sendo exercidas pelo Judiciário, elas têm sido
qualificadas como ativismo judiciário. Sobrepõem-se assim
à atribuição do Legislativo na redefinição de uma instituição
social básica e de raízes culturais milenares. Os bispos de
Connecticut (EUA) declararam, sobre a decisão judicial que
impôs a legalização do casamento entre pessoas do mesmo
sexo: “O Supremo Tribunal esqueceu-se de que os legislado-
res devem fazer as leis, e os juízes devem interpretar as leis”.
Sendo de caráter oficial a decisão do STF, nem por isso
pode ser considerada correta, mormente quando confrontada
com a moral católica. O Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz
publicou sobre o assunto um lúcido pronunciamento, que o
leitor encontrará como anexo no final deste volume.
107
mídia como mais uma conquista. Muito mais do que por esse
aspecto estatístico, a presença do fiel católico seria entendida
como apoio à situação pecaminosa em que se encontram os
homossexuais.
Com o objetivo de atrair grande número de pessoas para
verem suas manifestações, o movimento homossexual in-
clui recursos como trios elétricos, conjuntos de cantores, po-
líticos e artistas em geral, além de bandeiras e outros atrati-
vos. Mesmo que seja apenas para apreciar essas exibições, é
extremamente desaconselhável ao católico presenciá-las, pois
de algum modo manifesta falta de repúdio a esse movimento
de caráter contrário aos Mandamentos da Lei de Deus e às
normas de procedimento católicas.
108
Anexo
SUPREMO ABSURDO
Contrariando o texto da Constituição,
o Supremo Tribunal Federal
reconhece “união estável”
entre pessoas do mesmo sexo
109
conhece a “união estável” somente entre o homem e a mu-
lher:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
estável entre o homem e a mulher, configurada na convi-
vência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.
A não ser que se reformasse a Constituição, os militantes
homossexualistas jamais poderiam pretender o reconhecimen-
to da união estável entre dois homossexuais ou entre duas
lésbicas. Isso é o que diz a lógica e o bom senso.
No julgamento ocorrido em 4 e 5 de maio de 2011, no
entanto, o Supremo Tribunal Federal, ferindo regras elemen-
tares da coerência lógica, reconheceu por unanimidade (!) a
“união estável” entre duplas homossexuais.
Naqueles dias foram julgadas em conjunto duas ações: a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132
(ADPF 132) proposta em 2008 pelo governador Sérgio
Cabral, do Estado do Rio de Janeiro, e a Ação Direta de
Inconstitucionalidade 4277 (ADI 4277) proposta em 2009
pela vice-Procuradora Geral da República Débora Duprat,
na época exercendo interinamente o cargo de Procuradora
Geral da República. O que ambas as ações tinham em co-
mum era o pedido de declarar o artigo 1723 do Código Civil
inconstitucional a menos que ele fosse interpretado de modo
a incluir as duplas homossexuais na figura da “união está-
vel”. O pedido, por estranho (e absurdo) que fosse, foi aco-
lhido pelo relator Ministro Ayres Britto e por toda a Suprema
Corte. Foi impedido de votar o Ministro Dias Toffoli, que já
havia atuado no feito como Advogado Geral da União (em
defesa da “união” homossexual, é óbvio). Dos dez restantes,
todos votaram pela procedência do pedido. Acompanhemos
o raciocínio do relator Ayres Britto.
Segundo ele, o texto do artigo 1723 do Código Civil ad-
110
mite “plurissignificatividade”,2 ou seja, mais de um signifi-
cado. O primeiro (e óbvio) significado é que o artigo reco-
nhece como entidade familiar a união estável somente entre
um homem e uma mulher, excluindo a união de pessoas do
mesmo sexo. O segundo significado (inadmissível) é que o
artigo reconhece como entidade familiar a união estável, por
exemplo, entre um homem e uma mulher, mas sem excluir as
uniões homossexuais. Para Ayres Britto, a primeira interpre-
tação é inconstitucional, por admitir um “preconceito” ou
“discriminação” em razão do sexo, o que é vedado pela Cons-
tituição Federal (art. 3º, IV). Somente a segunda interpreta-
ção, por ele descoberta (ou criada) é constitucional. Concluiu
então seu voto dizendo: “Dou ao art. 1.723 do Código Civil
interpretação conforme à Constituição para dele excluir
qualquer significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo
como ‘entidade familiar’, entendida esta como sinônimo
perfeito de ‘família’. Reconhecimento que é de ser feito se-
gundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da
união estável heteroafetiva”.3
Uma das consequências imediatas do reconhecimento da
“união estável” entre pessoas do mesmo sexo é que tal união
poderá ser convertida em casamento, conforme o artigo 1726
do Código Civil: “A união estável poderá converter-se em
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e as-
sento no Registro Civil”. De um só golpe, portanto, o Supre-
mo Tribunal Federal reconhece a “união estável” e o “casa-
mento” de homossexuais!
111
Para se avaliar quão disparatada é essa decisão, observe-
se que, embora a “união estável” e o casamento sempre
ocorram entre um homem e uma mulher, não ocorrem entre
qualquer homem e qualquer mulher. Não pode haver casa-
mento, por exemplo, entre irmão e irmã, entre pai e filha ou
entre genro e sogra. Esses impedimentos baseados na
consanguinidade e na afinidade (art. 1521, CC) aplicam-se
também à “união estável” (art. 1723, § 1º, CC). A diversida-
de dos sexos é necessária, mas não basta. Não se reconhece
“união estável” entre um homem e uma mulher “impedidos
de casar” (art. 1727).
Será que os ministros do STF considerariam incons-
titucionais estas proibições do casamento de parentes próxi-
mos? Em outras palavras: é “preconceituosa” e “discrimi-
natória” a lei que proíbe as uniões incestuosas? Parece que a
resposta seria afirmativa. Pois, embora o incesto seja uma
perversão sexual, ele ainda está abaixo do homossexualismo,
que foi admitido pela Suprema Corte como meio de consti-
tuição de uma “família”.
E quanto à pedofilia? Seria sua proibição um simples
“preconceito de idade”? Esse é o argumento da associação
NAMBLA de pedófilos dos Estados Unidos,4 que usa a pala-
vra “ageism” (“idadismo” ou etarismo) para criticar a proibi-
ção de praticar atos homossexuais com crianças.
Andemos adiante. Quando a Constituição fala que “to-
dos são iguais perante a lei” (art. 5º) não diz explicitamente
que este “todos” se refere apenas aos seres humanos. Estari-
am os animais aí incluídos? Seria, portanto, inconstitucional
a proibição de uma “união estável” ou de um “casamento”
entre uma pessoa e um animal? O bioeticista australiano Peter
Singer usa o termo “especismo” para designar o “preconcei-
4. Cf. http://www.nambla.org
112
to” e “discriminação” contra os animais em razão de sua es-
pécie. Num futuro próximo, não só a pedofilia, mas também
a bestialidade (prática sexual com animais) poderia ser ad-
mitida com base no mesmo argumento que admitiu a “famí-
lia” fundada no homossexualismo.
113
com a seriedade da Suprema Corte. Essa seriedade, porém,
foi perdida com a admissão das “uniões” homossexuais. É
de se temer que, mesmo diante da expressão “desde a con-
cepção”, alguns ministros do STF inventem uma peculiar
“interpretação” do texto que não exclua o direito ao aborto.
Caso inédito
A monstruosidade lógica do julgamento da ADPF 132
/ ADI 4277 ultrapassa tudo o que se conhece de absurdo
em alguma Corte Constitucional. É verdade que a senten-
ça Roe versus Wade, emitida em 22 de janeiro de 1973
pela Suprema Corte dos EUA, declarou inconstitucional
qualquer lei que incriminasse o aborto nos seis primeiros
meses de gestação. Esse golpe foi dado com base no di-
reito da mulher à privacidade e na negação da personali-
dade do nascituro. No entanto, a decisão não foi unânime.
Dos nove juízes, houve dois que se insurgiram contra ela.
No Brasil, porém, para nosso espanto e vergonha, não
houve dissidência. Todos os membros do STF admitiram
enxergar uma inconstitucionalidade que não existe no ar-
tigo 1723 do Código Civil.
Isso faz lembrar o conto “A roupa nova do imperador”,
cujos tecelões afirmavam que só não era vista pelos tolos. En-
quanto o monarca desfilava com camiseta e calça curta, todos
— com exceção de uma criança — se diziam admirados com
a beleza da inexistente roupa. Desta vez, os ministros, temero-
sos de serem considerados não tolos, mas “preconceituosos”,
“retrógrados” e “homofóbicos” acabaram todos por enxergar
uma inconstitucionalidade inexistente. Espera-se o grito de
alguma criança para acabar com a comédia.
(Transcrito de Catolicismo nº 726, junho de 2011)
Visite o site dessa revista: www.catolicismo.com.br
114
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