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Contribuição para o Dimensionamento do Condutor de

Neutro e Minimização da Corrente de Neutro em redes


de Baixa Tensão com Microgeração
André Santos Graça Ruivo Braga

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em


Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Júri:
Presidente: Prof. Paulo José da Costa Branco

Orientador: Prof. José Fernando Alves da Silva

Vogal: Prof. Duarte Mesquita

Vogal: Prof. Sónia Ferreira Pinto

Outubro 2012
Agradecimentos

Este trabalho marca o fim de uma etapa de grande importância na minha vida. Quero destacar
o meu agradecimento a algumas pessoas, que sem dúvida contribuíram e facilitaram este
longo percurso.

Em primeiro lugar agradeço ao Professor José Fernando Alves da Silva, por toda a
disponibilidade que demonstrou, contribuindo sempre para a resolução de problemas que
surgiram durante a realização deste trabalho. A sua ajuda foi determinante.

À minha família, especialmente à minha Mãe, por todo o apoio, interesse e especialmente pelo
grande sacrífio feito para me possibilitar a realização deste curso.

Aos meus colegas e amigos André Gomes e Pedro Pinto pela sua ajuda e companhia. Sem
dúvida que tornaram todo este processo mais fácil. Agradeço também à Ana Rita Guilherme
pelas suas noções de estética e conhecimentos de Excel.

A todos os que contribuíram para a minha formação académica e pessoal. A todos eles deixo
aqui o meu agradecimento. Obrigado!

ii
Resumo

A crescente evolução tecnológica tem sido acompanhada por um crescente uso de cargas não
lineares na rede elétrica. Estas têm um impacto negativo em alguns indicadores na Qualidade
de Energia Elétrica (QEE), sendo de principal importância para este trabalho, o aumento da
taxa de distorção harmónica (THD) da corrente, que por sua vez, reflete-se posteriormente num
aumento do valor eficaz das correntes nos condutores de fase e de neutro. Considera-se que
este fenómeno não se encontra devidamente representado nas normas de dimensionamento
presentes, traduzindo-se num dimensionamento incorreto do condutor de neutro, sendo este
susceptível a sobrecorrentes. Por esta razão, é imperativo encontrar uma relação entre as THD
presentes nas correntes de fase e o valor eficaz do neutro, permitindo desta forma, efetuar um
correto dimensionamento para o condutor de neutro.

Paralelamente, tem-se assistido a um crescente uso de Microgeração, devido a uma maior


consciencialização ambiental visando alternativas que tornem possível uma existência
sustentável. Portugal tem sido, neste contexto, um dos países que evidencia uma maior aposta
neste tipo de produção energética, pretendendo liderar a revolução energética. No entanto,
estas novas formas de produção descentralizada de eletricidade em baixa tensão (BT)
agravam a situação descrita anteriormente, pois contribuem para a degradação da Qualidade
de Energia Elétrica, provocando portanto, um aumento, ainda que ligeiro, na Taxa de Distorção
Harmónica.

No decorrer deste trabalho, é apresentado um modelo de Microgerador que acrescenta valor à


Microgeração. Este é designado de Microgerador Compensado e tem o objetivo de compensar
localmente as harmónicas presentes na respetiva fase. Através deste, pretende-se mitigar as
harmónicas, incluindo as homopolares, injetando na rede uma corrente sinusoidal, que por sua
vez causará, como consequência, uma diminuição na corrente de neutro.

Através de simulações realizadas, comprova-se a eficiência do modelo de Microgeração


Compensada, registando-se relevantes melhorias na Qualidade de Energia Elétrica. É
observado, em certos casos, valores de THD nove vezes inferiores aos registados pela
Microgeração Tradicional, reduzindo, na mesma proporção, a corrente de neutro.

Palavras-chave:
Dimensionamento do condutor de Neutro, Microgeração, Taxa de Distorção Harmónica,
Qualidade de Energia Elétrica, Redes de Baixa Tensão.

iii
Abstract

The increasing technological evolution has been accompanied by an increasing use of


nonlinear loads in the electrical grid. These have a negative impact on some indicators in Power
Quality, being of primary importance to this work, the increase of current harmonic distortion
(THDi), which in turn, is reflected in an increase of the RMS value (root mean square) of the
currents in the phases and neutral conductors. It is considered that this phenomenon is not
adequately represented in the present dimensioning legislation, resulting in an improper
dimensioning of the neutral conductor, thus making it susceptible to overcurrents. For this
reason, it is crucial to find a relationship between the THD present in the phase currents and the
RMS value of the neutral current, therefore, enabling a correct sizing for the neutral conductor.

In addition, there has been an increasing use of microgeneration due to a greater environmental
awareness, which seeks alternatives that ensure a sustainable existence. Portugal has been, in
this context, one of the countries that shows a greater commitment to this type of energy
production, intending to lead the energy revolution. However, these new forms of decentralized
production of energy at low voltage (LV) aggravate the situation described above, contributing,
although less, to the degradation of Power Quality, and therefore, causing a slight Harmonic
Distortion increase.

In this work, a model is presented that reverses the traditional Microgeneration contribution, with
respect to Power Quality, making it a part of the solution for some of the existing problems. This
type of solution is called Compensated Microgenerator and it has the aim of compensating the
harmonics present locally in the respective phase. By doing this, it is intended to mitigate the
harmonics, including the homopolars, injecting a sinusoidal current in the grid, which, as a
consequence, causes a decrease in the neutral current.

By analyzing the simulations made, it is possible to confirm the efficiency of the Compensated
Microgeneration, registering significant improvements in Power Quality. In certain cases, the
THD value is nine times lower than those recorded by Traditional Microgeneration, reducing, in
the same proportion, the neutral current.

Keywords:
Dimensioning of the neutral conductor, Microgeneration, Harmonic Distortion, Power Quality,
Low Voltage Grids.

iv
Índice
Lista de Figuras ............................................................................................................................ viii
1 Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1 Objetivos ....................................................................................................................... 3
1.2 Estrutura do Relatório ................................................................................................... 4
2 Rede de Baixa Tensão............................................................................................................ 5
2.1 Transformador .............................................................................................................. 5
2.1.1 Ensaio em vazio ..................................................................................................... 7
2.1.2 Ensaio em curto-circuito ....................................................................................... 8
2.2 Modelo dos cabos elétricos da rede de baixa tensão ................................................... 9
2.2.1 Indutância............................................................................................................ 11
2.2.2 Resistência ........................................................................................................... 11
2.2.3 Capacitância ........................................................................................................ 12
2.3 Cargas .......................................................................................................................... 12
2.3.1 Cargas lineares .................................................................................................... 12
2.3.2 Cargas não lineares ............................................................................................. 14
3 Corrente de Neutro e Harmónicas. ..................................................................................... 19
3.1 Exemplo ....................................................................................................................... 24
4 Dimensionamento de filtros e de controladores para sistemas de Microgeração ............. 27
4.1 Inversor Monofásico ................................................................................................... 27
4.1.1 Modelo do Inversor ............................................................................................. 28
4.1.2 Filtro de 1ºOrdem ............................................................................................... 29
4.1.3 Filtro de 3ºOrdem ............................................................................................... 32
5 MicroGerador Compensado ................................................................................................ 39
5.1 Comparações ............................................................................................................... 40
5.1.1 Carga não linear .................................................................................................. 40
5.1.2 MicroGerador Tradicional ................................................................................... 42
5.1.3 MicroGerador Compensado ................................................................................ 44
6 Simulação ............................................................................................................................ 47
6.1 Rede Equilibrada (1º Cenário) ..................................................................................... 49
6.2 Rede Desequilibrada (2º Cenário) ............................................................................... 53
6.3 Microgeradores com Potências diversas(3º Cenário) ................................................. 55
7 Conclusões........................................................................................................................... 57

v
Bibliografia .................................................................................................................................. 59
Anexo A ....................................................................................................................................... 61
Anexo B ....................................................................................................................................... 62
Anexo C ....................................................................................................................................... 63
Anexo D ....................................................................................................................................... 64

vi
Tabelas
Tabela 2.1 - Catálogo do Transformador 10KV/420V [4] .............................................................. 6
Tabela 2.2 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância. ............................................... 7
Tabela 2.3 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância. ............................................... 8
Tabela 2.4 - Resumo dos parâmetros obtidos para o Transformador. ......................................... 9
Tabela 2.5 - Tipos de cabo e respetivas secções ......................................................................... 10
Tabela 2.6 - Valores fornecidos pelo fabricante para diversas secções [6] ................................ 11
Tabela 3.1 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a potência Stotal
(sistema equilibrado) .................................................................................................................. 20
Tabela 3.2 - Correntes e THD correspondentes aos casos apresentados na Tabela 3.1 ............ 20
Tabela 3.3 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a potência Stotal,
sistema desequilibrado ............................................................................................................... 22
Tabela 3.4 - Correntes e THD das respetivas fases para os casos apresentados na Tabela 3.3. 23
Tabela 3.5 - Contribuição percentual de cada tipo de carga, em relação ao Caso 3 .................. 24
Tabela 3.6 - Correntes e THD das respetivas fases para o Caso 3............................................... 24
Tabela 3.7 - Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação........ 24
Tabela 3.8- Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação, para a
equação (3.10)............................................................................................................................. 25
Tabela 5.1 - THD da corrente numa rede de baixa tensão ......................................................... 46
Tabela 6.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 1º Cenário ............ 49
Tabela 6.2 – Valor da corrente de neutro calculada através da equação (3.5), para os casos
apresentados na Tabela 6.1 ........................................................................................................ 50
Tabela 6.3 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 3º Cenário ............ 53
Tabela 6.4 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 4º Cenário ............ 55
Tabela 6.5 - Reduções do valor eficaz da corrente de neutro, quando aplicada a Microgeração
Compensada................................................................................................................................ 56

vii
Lista de Figuras

Figura 1.1 - Vagas de desenvolvimento da Política de Renováveis em Portugal [16]................... 1


Figura 1.2 - Previsão para a capacidade solar instalada [16] ........................................................ 1
Figura 1.3 - Fator de multiplicação da secção de condutores em função da 3º harmónica [14] . 2
Figura 2.1 – Representação do Transformador de Potência através da ferramenta
Matlab/Simpowersystems. ........................................................................................................... 5
Figura 2.2 - Esquema equivalente em T do Transformador .......................................................... 6
Figura 2.3 - Esquema equivalente do transformador para o ensaio em vazio ............................. 7
Figura 2.4 - Modelo equivalente do Transformador em curto-circuito. ....................................... 8
Figura 2.5 - Cabos utilizados na rede de baixa tensão. ............................................................... 10
Figura 2.6 - Representação do modelo em π do cabo subterrâneo ........................................... 10
Figura 2.7- Modelo de uma carga resistiva ................................................................................. 12
Figura 2.8 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo R ......................... 13
Figura 2.9 - Representação de uma carga RL .............................................................................. 13
Figura 2.10 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo RL ...................... 14
Figura 2.11 - Modelo Retificador Monofásico Televisão ............................................................ 15
Figura 2.12 - Evolução da tensão e da corrente aos terminais da carga .................................... 16
Figura 2.13 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador Monofásico
Televisão...................................................................................................................................... 17
Figura 2.14 - Evolução da tensão e da corrente aos terminais da carga tipo Retificador
Monofásico Máquina de Lavar .................................................................................................... 18
Figura 2.15 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador Monofásico
Máquina de Lavar........................................................................................................................ 18
Figura 3.1 - Esquema Elétrico de uma rede trifásica................................................................... 19
Figura 3.2 - Correntes de fase e de neutro, para o Caso 4 .......................................................... 20
Figura 3.3 - Análise FFT à corrente de neutro ............................................................................. 21
Figura 3.4- Análise FFT à corrente de neutro, considerando a frequência fundamental igual a
150 Hz.......................................................................................................................................... 21
Figura 3.5 - Linha de Tendência que relaciona in com ifase e a respetiva THDifase para um sistema
equilibrado .................................................................................................................................. 22
Figura 4.1 - Inversor Monofásico ................................................................................................ 27
Figura 4.2 - Modulação de largura de impulso de três níveis [9] ................................................ 28
Figura 4.3 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 1ºordem ..................... 29
Figura 4.4 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro L e controlador PI ........................................................................................ 31
Figura 4.5 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico ...................... 31
Figura 4.6 - Esquema de ligação entre um inversor com Filtro LCL e a rede elétrica ................. 32
Figura 4.7 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 3ºordem ..................... 33
Figura 4.8 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro LCL e controlador linear PI .......................................................................... 34
Figura 4.9 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com Filtro LCL e
Controlador linear PI ................................................................................................................... 35

viii
Figura 4.10 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 3ºordem e controlo
polinomial.................................................................................................................................... 36
Figura 4.11 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro LCL e controlo Polinomial ............................................................................ 37
Figura 4.12 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com Filtro LCL
e controlo Polinomial .................................................................................................................. 37
Figura 5.1 - Esquema de ligação entre Microgerador Compensado e rede elétrica .................. 39
Figura 5.2 - Controlo de Tensão .................................................................................................. 39
Figura 5.3 - Carga não linear alimentada pela rede elétrica ....................................................... 40
Figura 5.4 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente ................................................ 41
Figura 5.5 - Análise FFT da corrente irede ..................................................................................... 41
Figura 5.6 - Esquema de ligação entre UM tradicional com filtro LCL, carga não linear e rede
elétrica......................................................................................................................................... 42
Figura 5.7 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente de saída do Microgerador
Tradicional ................................................................................................................................... 42
Figura 5.8 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente icarga absorvida pela carga não
linear e da corrente irede injetada na rede ................................................................................... 43
Figura 5.9 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador Tradicional . 43
Figura 5.10 - Esquema de ligação entre um Microgerador Compensado com filtro LCL, carga
não linear e rede elétrica ............................................................................................................ 44
Figura 5.11 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente irede injetada na rede pelo
MicroGerador Compensado ........................................................................................................ 44
Figura 5.12 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente iμG de saída do MicroGerador e
a corrente icarga absorvida pela carga não linear ......................................................................... 45
Figura 5.13 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador Compensado
..................................................................................................................................................... 45
Figura 6.1 - Rede elétrica, sem Microgeração............................................................................. 47
Figura 6.2 - Rede elétrica, com Microgeração Tradicional.......................................................... 48
Figura 6.3 - Rede elétrica, com Microgeração Compensada ...................................................... 48
Figura 6.4 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 1 .................................... 50
Figura 6.5 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 2 .................................... 51
Figura 6.6 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 3 .................................... 52
Figura 6.7 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 4 .................................... 52
Figura 6.8 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 5 .................................... 53
Figura 6.9 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 6 .................................... 54
Figura 6.10 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 7 .................................. 55
Figura 6.11 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 8 .................................. 56

ix
Lista de Símbolos

Δiomax Variação máxima na corrente de saída do inversor

ΔVc Variação de tensão aos terminais do Condensador

a Distância entre os eixos dos condutores

am Média geométrica entre os eixos dos condutores

Bm Susceptância de magnetização do Transformador

BT Baixa Tensão

C Condensador

C(s) Função de transferência do controlador de corrente

Cv(s) Função de transferência do controlador de tensão

Ccondutor Capacitância mútua entre condutores

Ccatalogo Capacitância fornecida pelo fabricante, em relação ao cabo

CTV Capacitância do retificador monofásico tipo televisão

CML Capacitância do retificador monofásico tipo Máquina de Lavar

d Diâmetro da alma condutora

f Frequência da rede

fc Frequência de comutação do inversor

fcorte Frequência de corte

FP Fator de potência

F(s) Função de transferência do filtro

FFT Fast Fourier Transform

Gc(s) Função de transferência do conjunto modulador-conversor

Gm Condutância de magnetização do transformador

Im Valor eficaz da corrente de magnetização do transformador

Inv Valor eficaz da corrente no transformador no ensaio em curto-circuito

Iref Valor eficaz da corrente de referência

Ifase Valor eficaz da corrente na fase

ic Corrente no Condensador

x
ir Corrente presente na Fase R

is Corrente presente na Fase S

it Corrente presente na Fase T

in Corrente presente no neutro

IcFase R Valor eficaz contribuído, pela fase R, para o neutro

IcFase S Valor eficaz contribuído, pela fase S, para o neutro

IcFase T Valor eficaz contribuído, pela fase T, para o neutro

IGBT Insulated Gate Bipolar Transístor

iomax Corrente de saída do inversor

irede Corrente na rede

icarga Corrente na carga

iμG Corrente no microgerador

Ipv Corrente do painel fotovoltaico

KD Ganho do inversor

Ki Ganho integral

Kp Ganho proporcional

Laparente Coeficiente de auto-indução aparente médio de um condutor

Lcondutor Coeficiente de auto-indução aparente total do condutor

lisolamento Espessura do isolamento do condutor

llinha Comprimento da linha e dos respetivos condutores

L Indutância

LTV Indutância do retificador monofásico tipo televisão

LML Indutância do retificador monofásico tipo máquina de lavar

Li Indutância do inversor monofásico

MT Média Tensão

NL Percentagem de cargas não lineares

P0 Potência de perdas do transformador em vazio

Pcc Potência de perdas do transformador em curto-circuito

PRL Potência ativa da carga RL

PTV Potência ativa da Televisão

xi
PML Potência ativa da Máquina de Lavar

PinjTradicional Potência injetada pelo Microgerador Tradicional

PinjCompensado Potência injetada pelo Microgerador Compensado

PT Poste de transformação

PWM Pulse Width Modulation

P Carga Não Linear Potência Ativa requisitada pela carga não linear

PCarga Tipo R Potência Ativa requisitada pela carga Tipo R

PCarga Tipo RL Potência Ativa requisitada pela carga Tipo RL

QEE Qualidade de Energia Elétrica

QRL Potência reativa da carga RL

R Resistência

Rm Resistência de Magnetização do transformador

Rt Resistência total dos enrolamentos do primário e do secundário do


transformador

R1 Resistência de dispersão nos enrolamentos do primário do transformador

R2 Resistência de dispersão nos enrolamentos do secundário do transformador

rcondutor Raio do condutor

Rcondutor Resistência total do condutor

R20 Resistência linear de um condutor em corrente contínua à temperatura de 20°

Ri Resistência interna do inversor

Req Resistência equivalente

SRL Potência Aparente da carga RL

STotal Potência Aparente Total

THD Taxa de distorção harmónica

THDi Taxa de distorção harmónica da corrente

THDir Taxa de distorção harmónica da corrente na Fase R

THDis Taxa de distorção harmónica da corrente na Fase S

THDit Taxa de distorção harmónica da corrente na Fase T

Tc Tempo de Comutação

Td Atraso na comutação do inversor

Tz Zero do controlador PI

xii
Tp Pólo do controlador PI

Un Valor eficaz da tensão nominal

UDC Tensão contínua

ucmax Valor máximo da tensão da portadora

Ucc Tensão de curto-circuito

Voav Valor médio da tensão de saída aos terminais do retificador

Vef Valor eficaz da tensão

Vredeef Valor eficaz da tensão na rede

VPWM Valor médio da tensão de saída aos terminais do inversor

X1 Reactância de dispersão nos enrolamentos do primário do transformador

X2 Reactância de dispersão nos enrolamentos do secundário do transformador

Xm Reactância de magnetização

Xt Reactância total de dispersão dos enrolamentos do primário e do secundário do


transformador

Zcc Impedância de curto-circuito

z Zero da função

ϒ Variável de comando do inversor

μG Microgerador

ξ Coeficiente de Amortecimento

α Percentagem de carga indutiva num retificador

xiii
xiv
1 Introdução
Com a adesão ao Protocolo de Quioto, Portugal assumiu o compromisso de não exceder as
suas emissões de em 27%, em relação aos níveis registados em 1990, no período entre
2007-2012 [1]. Com o intuito de honrar o seu compromisso, a questão das energias renováveis
adquiriu alguma importância na agenda do Governo Português. Determina-se, segundo o
decreto de Lei nº118-A/2010, que Portugal deve “liderar a revolução energética” através de
diversas metas, entre as quais “assegurar a posição de Portugal entre os cincos líderes
europeus ao nível dos objetivos em matéria de energias renováveis em 2020 e afirmar Portugal
na liderança global na fileira industrial das energias renováveis, de forte capacidade
exportadora” [2]. Para o cumprimento destes objetivos, foram feitos vários incentivos à
Microgeração, ou seja, à produção descentralizada de eletricidade em baixa tensão (BT) por
particulares e empresas, podendo estes fornecer a totalidade da sua produção à rede pública
em condições que podem ser economicamente vantajosas.

Nestes termos, assistiu-se a uma crescente aposta neste tipo de microprodução energética. É
descrito na Direção Geral de Energia e Geologia que a “Nova vaga de desenvolvimento da
política de Energias Renováveis deverá passar pela aposta no Solar” (Figura 1.1), tendo sido
previsto um aumento de 10 vezes na capacidade solar instalada, entre 2010 e 2020 (Figura
1.2) [16].

Figura 1.1 - Vagas de desenvolvimento da Política de Renováveis em Portugal [16]

Figura 1.2 - Previsão para a capacidade solar instalada [16]

1
Contudo, a microprodução de energia elétrica a partir da solar pode contribuir para a
degradação da Qualidade de Energia Elétrica (QEE). Uma das principais consequências é um
ligeiro aumento da Taxa de Distorção Harmónica da corrente (THDi) injetada na rede.
Adicionalmente, as modernas cargas não lineares monofásicas absorvem correntes não
sinusoidais com harmónicas de ordem múltipla de três, o que por sua vez, se reflete num
aumento do valor eficaz da corrente de neutro em sistemas trifásicos.

É neste contexto que se insere esta Tese, ou seja, esta é uma contribuição para o
dimensionamento e para a diminuição da corrente em condutores de neutro. Com o aumento
de cargas não lineares e com a contribuição dos Microgeradores para a degradação da QEE,
os condutores de neutro encontram-se constantemente na presença de correntes elétricas com
componentes harmónicas cada vez mais relevantes. Desta forma, é imperativo encontrar uma
relação entre as THD presentes nas correntes de fase e o valor eficaz do neutro. Na Figura 1.3,
representa-se o fator de multiplicação da secção dos condutores, em cabos de 4 condutores,
em função do conteúdo harmónico de ordem múltipla de 3 referente à Norma IEC 30364/60364
[14] (Azul) e em relação ao comportamento térmico do condutor (Vermelho).

Figura 1.3 - Fator de multiplicação da secção de condutores em função da 3º harmónica


[14]

Verifica-se, a partir da Figura 1.3, a importância das harmónicas quando se pretende


dimensionar um condutor. Quando existe uma 3ºharmónica cuja amplitude é 70% da
componente fundamental, é necessário que a secção do condutor seja 2 vezes maior do que
quando esta harmónica não está presente.

Este problema é agravado quando nos referimos ao condutor de neutro. Neste, somam-se as
correntes harmónicas cuja frequência é múltipla de três, podendo obter-se um valor
instantâneo até três vezes superior ao valor da corrente de fase, caso as correntes de fase
sejam constituídas apenas por harmónicas homopolares (múltiplas de três), também
designadas por harmónicas de sequência nula [3].

2
1.1 Objetivos
Os objetivos principais desta tese são:

1) Contribuir para o dimensionamento do condutor de neutro em sistemas trifásicos com


cargas monofásicas não lineares.
2) Obter soluções para a diminuição da corrente nos condutores de neutro em sistemas
equipados com Microgeradores monofásicos, sendo estes os mais frequentes.

Para atingir estes objetivos, pretende-se encontrar uma relação entre as THD presentes nas
correntes de fase e o valor eficaz do neutro. Consideram-se os regulamentos das instalações
elétricas, neste âmbito, desatualizados, pois não têm em conta o crescente uso de cargas não
lineares que contribuem para uma maior THDi nas respetivas fases. Esta questão agrava-se
com o uso de Microgeração, pois como já referido, a Microgeração contribui, embora de forma
pouco acentuada, para a degradação da QEE, aumentando a THDi. Assim, apresenta-se um
modelo de Microgerador que acrescenta valor à Microgeração, contribuindo para a redução das
correntes harmónicas injetadas pelo consumidor monofásico numa rede de baixa tensão,
aumentando a QEE, passando a Microgeração a ser parte da solução para alguns dos
problemas existentes. Este microgerador é designado de Microgerador Compensado e tem o
objetivo de compensar localmente as harmónicas presentes na respetiva fase, isto é, deve
injetar as correntes harmónicas solicitadas pelas cargas não lineares do consumidor com
Microgeração monofásica. Este procedimento injetará na rede uma corrente sinusoidal, o que
mitigará as harmónicas homopolares, que por sua vez causará como consequência, uma
diminuição da corrente de neutro.

O Microgerador Compensado terá ainda um Filtro LCL, para reduzir as harmónicas de alta
frequência injetadas, e um controlador polinomial com colocação de zeros.

Os resultados a obter provêm de simulações de cenário sem Microgerador, com Microgerador


Tradicional e, por fim, com Microgerador Compensado, analisando e discutindo os respetivos
resultados.

3
1.2 Estrutura do Relatório
Este trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos. No primeiro capítulo faz-se uma
introdução ao trabalho realizado, de maneira a clarificar os problemas existentes e quais as
soluções pretendidas.

No segundo capítulo é construída uma rede de BT, sendo dimensionados os vários


componentes que a constituem, ou seja, o Transformador MT/BT, as linhas de distribuição, as
cargas lineares e não lineares.

No terceiro capítulo é obtida uma equação que representa a relação entre as THD presentes
nas correntes de fase e o valor eficaz da corrente de neutro.

No quarto capítulo é criado um modelo de um microgerador tradicional, com filtro de primeira


ou terceira ordem e com dois tipos de controladores lineares.

No quinto capítulo é criado um modelo de um microgerador compensado, composto por um


filtro de terceira ordem e um controlador polinomial com colocação de zeros.

No sexto capítulo são dimensionadas as redes e realizadas as respetivas simulações,


analisando os resultados obtidos para os diversos cenários apresentados.

No capítulo sete são apresentadas as conclusões do trabalho realizado.

4
2 Rede de Baixa Tensão
Com o objetivo de analisar a correlação entre o conteúdo harmónico das correntes de fase e o
dimensionamento do condutor de neutro em baixa tensão foi necessário simular uma rede de
baixa tensão, incluindo um modelo de transformador MT/BT, cabos de ligação utilizados e
cargas lineares e não lineares. Esta simulação é construída através da ferramenta
SimPowerSystems Toolbox do Simulink/Matlab.

Devido ao fato de a complexidade da rede ser elevada, sendo associado a esta complexidade
um tempo de simulação bastante elevado, foi necessário efetuar algumas simplificações,
agrupando as várias cargas de um consumidor numa só carga, tendo esta, naturalmente, uma
potência igual ao total das cargas que representa.

Os valores das cargas, que se utilizam nas simulações, são valores baseados em cenários
típicos, de forma a representar, o melhor possível, uma rede de baixa tensão real. Como já
referido, foram definidos dois tipos de cargas. As cargas lineares, que são repartidas em
cargas do tipo R e do tipo RL, e as cargas não lineares, que se dividem em cargas tipo
retificador monofásico Televisão e cargas tipo retificador monofásico Máquina de lavar.

Nos subcapítulos seguintes é descrito e dimensionado os vários constituintes de uma rede BT,
ou seja, o transformador, as linhas de distribuição e as diversas cargas utilizadas.

2.1 Transformador
A ligação da média à baixa tensão é efetuada por um transformador de 630 kVA. O
transformador recebe no primário três fases da Média Tensão, ligadas em triângulo e, por sua
vez, o secundário é ligado em estrela (Figura 2.1). Os níveis de tensão mais usuais na rede MT
da rede elétrica nacional são 10kV,15kV e 30kV.

Neste trabalho, considera-se um transformador com um nível de tensão do lado do primário de


10kV e do secundário de 400V [4].

Figura 2.1 – Representação do Transformador de Potência através da ferramenta


Matlab/Simpowersystems.

É necessário calcular as resistências e as reactâncias de dispersão dos enrolamentos primário,


secundário e de magnetização, de maneira a dimensionar o transformador. O cálculo destes

5
valores é feito através dos dados disponibilizados pelo fabricante. Considera-se o modelo
equivalente do transformador em T (Figura 2.2).

Os ramos horizontais correspondem às indutâncias de dispersão do primário e do secundário.


O ramo vertical representa a corrente de magnetização e as perdas em vazio.

Figura 2.2 - Esquema equivalente em T do Transformador

Através do catálogo disponibilizado pelo fabricante, é possível obter os valores das perdas em
vazio, das perdas em carga, da tensão de curto-circuito e da corrente em vazio. Efetuou-se o
dimensionamento dos parâmetros do modelo do transformador através dos valores fornecidos
no catálogo de transformadores herméticos, imersos em óleo mineral (Tabela 2.1).

Tabela 2.1 - Catálogo do Transformador 10KV/420V [4]

6
2.1.1 Ensaio em vazio
Através do ensaio em vazio obtém-se a resistência e a reactância de magnetização. No ensaio
em vazio, o esquema equivalente em T do transformador (Figura 2.2), reduz-se ao esquema da
Figura 2.3.

Figura 2.3 - Esquema equivalente do transformador para o ensaio em vazio

Esta simplificação ocorre pois apenas existe corrente no primário, devido ao fato de o
secundário estar em vazio, sendo portanto a corrente de magnetização ( ) a única corrente a
percorrer o circuito. A impedância do enrolamento série é bastante menor que a impedância do
ramo de magnetização, portanto, considera-se apenas as perdas no ferro [5].

Na Tabela 2.2 são apresentados os valores de maior importância para o dimensionamento da


resistência e reactância de magnetização.

Tabela 2.2 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância.

Tensão em vazio Corrente de Perdas em vazio


magnetização
Valor catálogo = 420V = 1% = 815 W
Valor de base = 400V - = 630 kVA
Valor em p.u. = 1.05 p.u. = 0,01 p.u. = = 0,00129 p.u.

A partir do valor da tensão no primário , da corrente de magnetização e das perdas


em vazio , calcula-se os valores da resistência e reactância magnética. A condutância de
magnetização é dada por (2.1).

= (2.1)

A partir da condutância de magnetização (2.1), é possível determinar a resistência de


magnetização dada por (2.2).

= (2.2)

7
Recorrendo ao valor da corrente de magnetização (Tabela 2.2) e da condutância de
magnetização, pode-se determinar o valor da susceptância de magnetização através da
equação (2.3)

= √( ) (2.3)

O valor da reactância de magnetização é dada por (2.4)

= (2.4)

2.1.2 Ensaio em curto-circuito


Do ensaio em curto-circuito obtém-se a resistência e a reactância de dispersão dos
enrolamentos primário e secundário. Neste tipo de ensaio, despreza-se a impedância de
magnetização, pois esta é bastante superior às impedâncias dos enrolamentos [5]. O modelo
equivalente está representado na Figura 2.4.

Figura 2.4 - Modelo equivalente do Transformador em curto-circuito.

A Tabela 2.3 representa os valores mais relevantes para o cálculo da impedância de curto-
circuito e a resistência total dos enrolamentos .

Tabela 2.3 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância.

Tensão em curto- Corrente Nominal Perdas em vazio


circuito
Valor catálogo =4% = = 36,37 A = 5140 W

Valor de base = 10 kV = = 36,37 A = 630 kVA

Valor em p.u. = 0.04p.u. = 1p.u. = = 0,00816p.u.

8
A partir dos valores de tensão em vazio , da corrente nominal , verificada quando o
transformador se encontra em plena carga, e das perdas em curto-circuito , calcula-se o
valor da impedância de curto-circuito (2.5) e a resistência total dos enrolamentos (2.6).

= (2.5)

= (2.6)

A partir dos valores da impedância de curto-circuito (2.5) e da resistência total dos


enrolamentos (2.6) é possível calcular o valor da reactância total dos enrolamentos (2.7)

=√ (2.7)

Assumindo que o primário e o secundário têm valores iguais de resistência e reactância,


obtém-se:

= = (2.8)

= = (2.9)

É apresentado na Tabela 2.4 um resumo dos parâmetros calculados para o Transformador.

Tabela 2.4 - Resumo dos parâmetros obtidos para o Transformador.

Primário/Secundário Ramo de Magnetização


= = 0,004p.u. = = 0.02p.u. = 854,7p.u. = 105,8p.u.

2.2 Modelo dos cabos elétricos da rede de baixa tensão


Na rede de baixa tensão, a distribuição de energia elétrica pode ser feita através de cabos
aéreos ou subterrâneos. Neste trabalho, considerou-se uma rede num parque residencial,
portanto, as linhas de distribuição serão subterrâneas (caso típico para uma rede citadina).

Existe uma variada gama de cabos em Portugal, no entanto, são apenas considerado os
modelos de cabo LSVAV e LVAV (Figura 2.5). As características dos cabos cumprem a norma
DMA-C33-200N [6].

9
Figura 2.5 - Cabos utilizados na rede de baixa tensão.

Estes cabos são trifásicos e constituídos por quatro condutores de alumínio, em que três são
condutores das correntes de fase e um condutor para o neutro. O seu isolamento é em PVC e
têm uma secção sectorial. São apresentados na Tabela 2.5 alguns exemplos de modelos e
secções usualmente usados. O modelo usado no decorrer deste trabalho é o LSVAV 4x 95.

Tabela 2.5 - Tipos de cabo e respetivas secções

Tipos de cabo e respetivas secções


LSVAV 4 x 95 LSVAV 4 x 35 LVAV 3 x 185 + 95

O modelo utilizado neste trabalho para a representação das linhas de distribuição é um modelo
equivalente da linha em π,representado na Figura 2.6.

Figura 2.6 - Representação do modelo em π do cabo subterrâneo

10
2.2.1 Indutância
O coeficiente de auto-indução aparente médio é igual para todos os condutores, caso os
condutores não magnéticos estejam dispostos simetricamente e é dado por (2.10)

=[ ( )] * [H/Km] (2.10)

d = 2* (2.11)

a = d + 2* (2.12)


= *a (2.13)

Em que: am: Média geométrica entre os eixos dos condutores [mm].


d: Diâmetro da alma condutora [mm].
a: Distância entre os eixos dos condutores [mm].

Calcula-se a indutância do condutor através de (2.14)

= * [H] (2.14)

Sendo o comprimento da linha.

2.2.2 Resistência
Na Figura 2.6 encontra-se representado as resistências da linha, que corresponde às perdas
por efeito de Joule, nos condutores correspondentes. Estes valores são calculados através de
valores catalogados pelo fabricante, disponibilizados na Tabela 2.6.

Tabela 2.6 - Valores fornecidos pelo fabricante para diversas secções [6]

É assumido que o condutor se encontra a uma temperatura de , portanto, através dos


dados fornecidos, calcula-se a resistência do condutor através de (2.15)

= * [Ω] (2.15)

11
Existe um fenómeno, designado por efeito pelicular, que é responsável pelo aumento da
resistência aparente de um condutor elétrico. É caraterizado pelo fluir da maior parte da
corrente à superfície do condutor, ou seja, existe uma densidade de corrente mais elevada na
periferia do condutor. O efeito de proximidade também contribui para o aumento da resistência
do condutor, devido a uma distribuição não uniforme de densidade de corrente. Contudo,
nenhum destes fenómenos foi contabilizado neste trabalho, pois podem ser desprezados para
cabos com secção transversal menor que 150 [7].

2.2.3 Capacitância
As capacitâncias dos condutores obtêm-se através do catálogo dos fabricantes. A capacidade
de cada condutor é então dada por (2.16)

= [F] (2.16)

onde é o valor da capacitância fornecida pelo fabricante.

2.3 Cargas
Nesta secção são abordadas dois tipos de carga: cargas lineares e cargas não lineares. As
cargas lineares definem-se pelo fato de absorverem uma corrente proporcional à tensão de
alimentação, enquanto as cargas não lineares absorvem uma corrente não proporcional à
tensão de alimentação.

2.3.1 Cargas lineares


Considera-se dois tipos de cargas lineares: Cargas puramente resistivas (aquecedores,
iluminação incandescente) e cargas indutivas (sistemas de refrigeração, frigoríficos). As cargas
lineares são as que menos perturbam a QEE, no entanto, estas são uma minoria que se
acentua cada vez mais com o desenvolvimento tecnológico.

2.3.1.1 Cargas do Tipo R (resistivo)


As cargas do tipo R são maioritariamente lâmpadas incandescentes ou aquecedores. Na
Figura 2.7 apresenta-se o modelo da carga resistiva.

Figura 2.7- Modelo de uma carga resistiva

12
Como forma de exemplificar melhor o comportamento desta carga, é realizada uma simulação
na plataforma Simulink/Matlab para R=100Ω, alimentada por um gerador ideal que produz uma
tensão alternada sinusoidal, com um valor eficaz igual ao valor nominal da tensão na rede (230
Vr.m.s) e com uma frequência de 50Hz.O resultado é apresentado na Figura 2.8.

Figura 2.8 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo R

Pode-se então verificar que, para uma carga puramente resistiva, a forma de onda da corrente
absorvida pela carga é também alternada sinusoidal e encontra-se em fase com a tensão,
tendo por isso um fator de potência unitário, ou seja, a potência reativa é nula. Como se trata
de uma carga linear, a taxa de distorção harmónica (THD) é também nula.

2.3.1.2 Cargas do Tipo RL (indutivo)


As cargas do tipo RL podem ser usadas para representar pequenos motores elétricos
monofásicos de indução (p. ex. frigoríficos). É apresentado na Figura 2.9 este tipo de carga.

Figura 2.9 - Representação de uma carga RL

Como forma de exemplificar melhor o comportamento desta carga, é realizada uma simulação
na plataforma Simulink/Matlab para uma potência aparente SRL (2.17) com um fator de potência
FP (2.18). A carga é alimentada nas mesmas condições que a carga tipo R.

= 150 VA (2.17)

FP = 0.6 (2.18)

Com base nas equações (2.17) e (2.18), calcula-se o valor da potência ativa e da potência
reativa através de (2.19) e (2.20) respetivamente.

13
= * FP (2.19)

=√ (2.20)

Figura 2.10 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo RL

Verifica-se que a forma de onda da corrente absorvida pela carga mantém-se alternada
sinusoidal, no entanto, está desfasada em relação à tensão de alimentação. Tratando-se de
uma carga linear, a taxa de distorção harmónica (THD) é nula.

2.3.2 Cargas não lineares


Como já referido, as cargas não lineares não absorvem uma corrente proporcional à tensão.
Este tipo de cargas é predominante em relação às cargas lineares, sendo as principais
responsáveis pela degradação da QEE. Por este motivo, é feita uma descrição mais detalhada,
dividindo as cargas não lineares em dois tipos: Carga tipo Retificador Monofásico Televisão e
Carga tipo Retificador Monofásico Máquina de Lavar.

2.3.2.1 Carga tipo Retificador Monofásico Televisão


Na Figura 2.11 é representada a topologia de um retificador monofásico em ponte, não
comandados (díodos). Este tem um filtro capacitivo na carga e um filtro indutivo na ligação à
rede. O filtro capacitivo tem como função ‘alisar’ a tensão de saída do retificador, garantindo
um tremor reduzido na tensão de alimentação da carga. O filtro indutivo, à entrada do
retificador, limita a taxa de distorção harmónica da corrente (THDi) absorvida da rede.

14
Figura 2.11 - Modelo Retificador Monofásico Televisão

Neste tipo de topologia, o condensador carrega-se com uma tensão próxima do valor de pico
da tensão de entrada. Quando a tensão de entrada é menor do que a tensão no condensador,
os díodos estão ao corte e a corrente de saída é fornecida exclusivamente pelo condensador.
Este vai descarregando, até que novamente os díodos se encontrem em condução, ou seja,
estejam diretamente polarizados.

É necessário dimensionar os componentes de filtragem em função da potência do aparelho.


Desta maneira, obtém-se a forma de onda da tensão e da corrente aos terminais da carga tão
próxima quanto possível da verificada experimentalmente. É assumida uma potência média de
200W para este tipo de equipamento.

= 200W (2.21)

Com base no valor da Potência e no valor médio da tensão de saída do retificador ,


utilizam-se as equações (2.22) e (2.26) de forma a obter o valor da resistência RTV que
representa a carga equivalente do equipamento a jusante [17], e a capacidade C do
condensador de filtragem.

= (2.22)

O valor médio da corrente é dado por (2.23)

(2.23)

A corrente que circula no condensador (2.24) é calculada em função do valor da capacidade do


condensador e da tensão aos seus terminais.

= . (2.24)

15
Admitindo que a tensão aos terminais do condensador varia de uma forma aproximadamente
linear, a corrente no condensador é dada por (2.25).

= . (2.25)

Quando os díodos estão inversamente polarizados, ou seja, estão ao corte, a corrente de carga
é fornecida exclusivamente pelo condensador. Portanto, nestas condições, substituindo (2.23)
em (2.25) e resolvendo em ordem a C obtém-se (2.26)

= (2.26)

Admite-se que o valor médio da tensão aos terminais do condensador é de 300V e que o seu
valor de pico é 325V, portanto, a variação máxima da tensão aos seus terminais é = 50V.
Considera-se que o tempo máximo de descarga do condensador é igual a metade do período
da rede, ou seja, = 10ms.

Por norma, a bobina de entrada é calculada a partir de uma percentagem α do valor da carga
R. Para este tipo de carga é usual considerar-se α = 3%. O valor da bobina é então calculado
através da equação (2.27).

= (2.27)

A Figura 2.12 representa, respetivamente, a evolução da tensão e da corrente aos terminais da


carga. Verifica-se que a corrente não é puramente sinusoidal. Tratando-se de uma carga não
linear, confirma-se na Figura 2.13 que existe uma taxa de distorção harmónica da corrente
(THDi) com o valor de 75,15%.

Figura 2.12 - Evolução da tensão e da corrente aos terminais da carga

16
Figura 2.13 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador
Monofásico Televisão

É de salientar ainda que existe uma desfasagem da corrente em relação à tensão. Isto deve-se
ao atraso na condução dos díodos de entrada e é responsável pela diminuição do fator de
potência (FP).

2.3.2.2 Carga tipo Retificador Monofásico Máquina de Lavar


Este tipo de carga é semelhante à carga simulada anteriormente, no entanto, difere na
potência, e portanto, as condições de dimensionamento do filtro de entrada são ligeiramente
diferentes. Pretende-se simular a forma de onda da corrente absorvida por uma máquina de
lavar, considerando que esta consome, em média, uma potência de 2000W (2.28).

= 2000W (2.28)

O raciocínio é análogo ao feito anteriormente, portanto, substituindo em (2.22) obtém-se a


resistência de carga e através de (2.26) a capacidade do filtro de saída . No entanto, o
cálculo da indutância é ligeiramente diverso, pois para este tipo de carga, é normalizado
considerar o parâmetro α = 10%.

A Figura 2.14 representa, respetivamente, a evolução da tensão e da corrente aos terminais da


carga. Verifica-se que a corrente não é puramente sinusoidal. Tratando-se de uma carga não
linear, confirma-se na Figura 2.15 que existe uma taxa de distorção harmónica da corrente
(THDi) com o valor de 49,10%.

17
Figura 2.14 - Evolução da tensão e da corrente aos terminais da carga tipo Retificador
Monofásico Máquina de Lavar

Figura 2.15 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador
Monofásico Máquina de Lavar.

É de destacar que, neste caso, o valor da THD da corrente é menor quando comparado com o
obtido no caso da carga tipo Retificador Monofásico Televisão. Isto sucede porque as correntes
das máquinas são maiores, com maior peso relativo, o que obriga ao uso de uma bobina de
filtragem maior.

18
3 Corrente de Neutro e Harmónicas.
Pretende-se evidenciar, neste capítulo, os efeitos provocados pelo aumento da taxa de
distorção harmónica das correntes de fase na corrente de neutro. Para tal, é simulada uma
rede elétrica trifásica com três tipos de cargas (Figura 3.1): Cargas não lineares, Cargas do tipo
R e Cargas do tipo RL. Como já referido, as cargas não lineares contribuem para uma
degradação da QEE, provocando um aumento na THDi.

Com o intuito de contribuir para o dimensionamento do condutor de neutro em sistemas


trifásicos com cargas monofásicas não lineares, pretende obter-se a relação da corrente de
neutro com a corrente de fase e a sua THDi.

Variando a potência consumida pelas cargas não lineares, o que por sua vez corresponde a
uma variação na THDi, é possível medir a corrente de neutro e obter, por interpolação, uma
relação entre as correntes de fase, e sua THDi, e a corrente de neutro. Existem mais efeitos
provocados pelo aumento da THD, no entanto, o objetivo desta Tese é abordar o efeito no
condutor de neutro. As restantes consequências encontram-se amplamente estudadas e
apresentadas em diversas Teses [18][19][20].

Figura 3.1 - Esquema Elétrico de uma rede trifásica

Considera-se as perdas na linha, assumindo que o PT (posto de transformação) encontra-se a


100m das respetivas cargas.

Num 1º cenário é considerado que a potência aparente total fornecida é dada por (3.1), sendo
esta igual para todas as fases, ou seja, é um sistema equilibrado.

(3.1)

As Potências ativas requisitadas pelas respetivas cargas encontram-se representadas em (3.2)

{ (3.2)

19
Na Tabela 3.1 é representada a contribuição percentual de cada tipo de carga para vários
cenários possíveis. É considerado um FP = 0.6 (fator de potência) para a carga Tipo RL.

Tabela 3.1 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a
potência Stotal (sistema equilibrado)

Fase R Fase S Fase T


NL R X NL R X NL R X
Caso 1 50 % 25 % 25 % 50 % 25 % 25 % 50 % 25 % 25 %
Caso 2 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 %
Caso 3 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %
Caso 4 90 % 5 % 5 % 90 % 5 % 5% 90 % 5 % 5%
A Tabela 3.2 contém as respetivas correntes de fase e THD dos casos apresentados na Tabela
3.1.

Tabela 3.2 - Correntes e THD correspondentes aos casos apresentados na Tabela 3.1

Fase R Fase S Fase T


[A] [A] [A] [A]
Caso 1 12.42 24.36 12.44 24.43 12.42 24.45 8.58
Caso 2 12.75 34.08 12.76 34.12 12.75 34.13 12.00
Caso 3 12.95 38.91 12.96 38.96 12.94 38.98 13.70
Caso 4 13.17 43.73 13.19 43.81 13.17 43.83 15.40

Através da Tabela 3.2 pode-se verificar a relação entre o valor eficaz da corrente de neutro e
da THDi. Quanto maior é a potência consumida por parte das cargas não lineares, em relação
à potência consumida pelas cargas lineares, maior é o valor da THD da corrente de fase,
confirmando a sua contribuição para a degradação da QEE. Sendo um sistema equilibrado, o
valor eficaz da corrente de neutro deveria ser zero, no entanto, devido à THD presente nas
correntes de fase, este chega a ser superior às correntes de fase. É apresentado na Figura 3.2
as correntes de fase e de neutro, correspondente ao caso 4, de maneira a evidenciar a
importância da 3ªharmónica e o peso que esta tem no valor eficaz do condutor de neutro.

Figura 3.2 - Correntes de fase e de neutro, para o Caso 4

20
É feita uma análise FFT à corrente de neutro, sendo esta apresentada na Figura 3.3.

Figura 3.3 - Análise FFT à corrente de neutro

A partir da Figura 3.3, pode-se verificar que a corrente de neutro é apenas composta por
correntes harmónicas cuja frequência é múltipla de 3, ignorando as harmónicas pares pois
estas anulam-se devido à simetria de meia-onda do sinal. Desta forma confirma-se a relevância
da 3º harmónica, tendo sido esta a que mais contribuiu para o aumento no valor eficaz da
corrente de neutro. A Figura 3.4 é idêntica à Figura 3.3, no entanto, é considerado que a
frequência fundamental é de 150 Hz, considerando a 3º harmónica como componente
fundamental.

Figura 3.4- Análise FFT à corrente de neutro, considerando a frequência fundamental


igual a 150 Hz

Embora já referido, é de salientar que, num sistema trifásico linear e equilibrado a corrente de
neutro deve ser igual a zero. Contudo, quando a corrente está distorcida (carga não linear), os
harmónicos de corrente múltiplos de 3 somam-se no neutro, em vez de se cancelarem,
provocando neste caso, um valor de neutro superior aos verificados nas fases.

21
A Figura 3.5 representa a interpolação (linha de tendência), feita através de ferramentas
presentes no Excel. Esta tem o objetivo de relacionar a corrente de neutro com as correntes
de fase e as respetivas THD.

Sendo um sistema equilibrado, assume-se (3.3) e (3.4)

(3.3)

(3.4)

Figura 3.5 - Linha de Tendência que relaciona in com ifase e a respetiva THDifase para um
sistema equilibrado

A equação obtida pela interpolação é representada em (3.5)

( ) (3.5)

Esta equação é aplicável num sistema trifásico equilibrado cujas cargas não lineares sejam do
tipo retificador onda completa com valores de α próximos de 10%, pois parte do pressuposto
que todas as correntes de fase contribuem de igual maneira para a corrente de neutro.

A Tabela 3.3 representa vários casos de sistemas desequilibrados.

Tabela 3.3 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a
potência Stotal, sistema desequilibrado

Fase R Fase S Fase T


NL R X NL R X NL R X
Caso 5 30 % 20 % 20 % 30 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %
Caso 6 50 % 5% 5% 30 % 10 % 10 % 60 % 10 % 10 %
Caso 7 90 % 5% 5% 50 % 5% 5% 1% 5% 5%
Caso 8 150 % 20 % 20 % 1% 1% 1% 1% 1% 1%

É de salientar que as potências são distintas entre fases, ou seja, a equação (3.6) é cumprida.

(3.6)

22
Não é necessário a existência de uma diferença entre todas as fases, sendo considerado um
sistema desequilibrado quando apenas uma das fases tem uma potência consumida diferente
das restantes.

A Tabela 3.4 contém as respetivas correntes de fase e THD dos casos apresentados na Tabela
3.3.

Tabela 3.4 - Correntes e THD das respetivas fases para os casos apresentados na Tabela
3.3.

Fase R Fase S Fase T

Caso 5 8.639 20.96 % 6.307 29.48 % 12.94 39.06 % 9.695


Caso 6 7.821 40.75 % 6.306 29.47 % 10.28 36.67 % 8.615
Caso 7 13.17 43.82 % 7.83 40.81 % 1.334 5.3 % 12.35
Caso 8 24.42 38.24 % 0.37 19.57 % 0.37 19.58 % 24.12

Na generalidade dos casos, a rede encontra-se em desequilíbrio pois as cargas monofásicas a


alimentar não se encontram uniformemente distribuídas pelas fases. É importante constatar
que o sistema desequilibrado não é o que provoca um maior aumento na corrente de neutro.
Verificando o caso 8, em que as cargas se encontram praticamente todas na fase R, a corrente
de neutro nunca poderá ser superior à corrente ir , sendo no caso limite igual a esta. Neste
caso não é necessário dimensionar o condutor neutro com uma secção superior. No entanto,
verifica-se que para uma rede equilibrada, a partir de um certo valor de THDi, a corrente de
neutro é superior à corrente de fase, justificando portanto, um dimensionamento de secção
superior respetivamente ao condutor neutro.

Na Legislação atual, este problema não é considerado. Nesta afirma-se que “Quando a secção
do condutor neutro não for inferior (ou for equivalente) à dos condutores de fase, não é
necessário prever deteção de sobreintensidades nem dispositivo de corte no condutor neutro”
[15].

É evidente que esta legislação é insuficiente, não contemplando a possibilidade de a corrente


de neutro ser superior à da fase, sendo esta uma possibilidade verificada.

Como se trata de um dimensionamento, é necessário verificar quais são os piores casos, ou


seja, quais os casos em que se obtém a máxima corrente, sendo feito o respetivo
dimensionamento a partir desse resultado. Em relação ao neutro, objeto de estudo neste
trabalho, verificou-se que o seu valor mais elevado é quando se encontra presente numa rede
equilibrada “dominada” por cargas não lineares, sendo o seu valor diretamente proporcional à
THDi. É neste tipo de situação que a equação (3.5) acrescenta valor, possibilitando um
dimensionamento fiável.

É exemplificado este raciocínio para o Caso 3, de forma a clarificar o método apresentado.

23
3.1 Exemplo

Na Tabela 3.5 é representada a contribuição percentual de cada tipo de carga e na Tabela 3.6
os respetivos valores das correntes de fase e as respetivas THDs (Taxas de distorção
harmónica).

Tabela 3.5 - Contribuição percentual de cada tipo de carga, em relação ao Caso 3

Fase R Fase S Fase T


NL R X NL R X NL R X
Caso 3 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %

Tabela 3.6 - Correntes e THD das respetivas fases para o Caso 3

Fase R Fase S Fase T

Caso 3 12.95 38.98 12.95 38.98 12.95 38.98 13.7

Sendo um sistema equilibrado, assume-se (3.3) e (3.4)

Desta forma, o valor da corrente de neutro é dado por (3.7)

( ) = 13.18 A (3.7)

Através deste método, verifica-se qual a pior condição de funcionamento, ou seja, qual a
corrente máxima que poderá percorrer o condutor neutro, sendo neste caso a apresentada
em (3.7). A partir desta informação, é possível concluir qual o dimensionamento que deverá ser
efetuado, em relação ao condutor neutro.

É apresentada a Tabela 3.7, cujo objetivo é, comparando os valores obtidos por simulação e os
calculados pela equação (3.5), demonstrar a fiabilidade da equação deduzida.

Tabela 3.7 - Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação

Caso 1 8.58 8.36 0.22 2.55


Caso 2 12.00 11.57 0.43 3.61
Caso 3 13.70 13.18 0.52 3.90
Caso 4 15.40 14.79 0.61 4.04

24
Em suma, pode-se concluir a veracidade da Equação (3.5). Esta apresenta valores
correspondentes à corrente de neutro com um erro máximo de 5%, sendo importante referir
que este erro nunca é superior a 1 A.

É apresentada uma equação alternativa mais exata em (3.8). Na Tabela 3.8 encontram-se os
valores calculados, usando esta equação, para os casos já estudados e apresentados na
Tabela 3.7.

(3.8)

Tabela 3.8- Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação,
para a equação (3.10)

Caso 1 8.58 8.60 0.021 0.24


Caso 2 12.00 12.00 0.005 0.04
Caso 3 13.70 13.70 0.006 0.05
Caso 4 15.40 15.41 0.019 0.12

A equação (3.8) apresenta um erro inferior, em relação à equação (3.5), calculando valores
correspondentes à corrente de neutro com um erro máximo de 0.24 %, para os casos
apresentados. Porém, esta é menos percetível e de utilização mais complexa. Assim, não foi
considerada neste trabalho.

Através da equação (3.5) pode-se concluir a partir de que valor de THDi da fase é a corrente
de neutro superior à corrente de fase. Igualando a corrente de neutro à corrente de fase (3.9),
pode-se obter o valor da THDi correspondente a este caso (3.11).

(3.9)

( ) (3.10)

(3.11)

Através da fórmula obtida, conclui-se que para sistemas equilibrados, a corrente de neutro será
superior à corrente de fase quando a THDifase > 38.2 %, justificando uma maior secção de
condutor.

No capítulo seguinte é feita uma introdução à Microgeração, com o objetivo de minimizar a


corrente de neutro da rede de baixa tensão.

25
26
4 Dimensionamento de filtros e de controladores
para sistemas de Microgeração
Com o intuito de analisar o impacto das unidades de Microgeração na QEE da rede de baixa
tensão, e de minimizar o valor eficaz da corrente de neutro, é necessário criar um modelo
representativo deste tipo de equipamentos. Independentemente do tipo de unidade de
Microgeração (fotovoltaica ou eólica), a ligação à rede de baixa tensão é quase sempre
efetuada através de um inversor monofásico, que por sua vez, é responsável pela definição da
forma de onda da corrente injetada na rede de baixa tensão. Neste capítulo é portanto
apresentado o modelo do inversor monofásico de tensão. São também dimensionados dois
tipos de filtro de ligação à rede elétrica BT: um de 1º ordem (L) e outro de 3ºordem (LCL),
sendo depois comparadas as respetivas taxas de distorção harmónica da corrente.

4.1 Inversor Monofásico


O inversor monofásico (Figura 4.1) representa muito simplificadamente uma unidade de
Microgeração, cujas características se enquadram nas verificadas no catálogo [13]. Este é
alimentado por uma tensão , que representa a tensão de saída dos conversores
(geralmente elevadores) ligados aos painéis fotovoltaicos ou eventualmente energia
armazenada. Para garantir o correto funcionamento do inversor, é necessário que a tensão
verifique (4.1) [11].

>√ (4.1)

Em que representa o valor eficaz da tensão da rede.

Figura 4.1 - Inversor Monofásico

O inversor monofásico em ponte completa é composto por 4 semicondutores de potência –


IGBT (Insulated Gate Bipolar Transístor), cada um dos quais com um díodo em antiparalelo. Os
IGBTs suportam uma ampla gama de correntes e tensões, têm baixas quedas de tensão em
condução, tempos de comutação baixos e facilidade no comando da porta [10].

27
4.1.1 Modelo do Inversor
Neste inversor de ponte completa é utilizado o comando por modulação de largura de impulso
(PWM) de 3 níveis. É necessário garantir que os semicondutores de potência são comutados a
uma frequência bastante superior à frequência fundamental da rede (50Hz).Portanto, é
estipulado que a frequência de comutação é igual a 10kHz. Neste tipo de modulação, a
tensão de saída é positiva se a modulante for maior que as duas portadoras, nula se estiver
compreendida entre as duas portadoras e negativa se for menor que as duas portadoras [9]. As
portadoras são definidas como ondas triangulares com 1V de amplitude com uma frequência
igual à frequência de comutação (Figura 4.2).

Figura 4.2 - Modulação de largura de impulso de três níveis [9]

Através da Figura 4.1, verifica-se que a tensão de do inversor é dada por (4.2)

={ (4.2)

A partir de (4.2) podemos então definir os estados de condução dos semicondutores, sendo
estes definidos pela variável γ (4.3).

γ ={ (4.3)

A partir de (4.2) e (4.3) podemos concluir que é dado por (4.4)

=γ (4.4)

Na próxima secção são descritos os dois tipos de filtro (filtro L e filtro LCL) e respetivos
dimensionamentos.

28
4.1.2 Filtro de 1ºOrdem
O filtro indutivo de ligação do inversor à rede é calculado através de (4.5) [8].

= (4.5)

Onde representa o período de comutação (considera-se = = = 0.1 ms) e Δ

é a variação máxima da corrente à saída do inversor. No dimensionamento desta bobina,


considera-se que esta variação máxima é 10% do seu valor eficaz (4.6) [8].

= 10% . (4.6)

Admitindo que a bobina tem perdas reduzidas (cerca de 1%), considera-se que a sua
resistência interna é (4.7).

= 0.1 Ω (4.7)

4.1.2.1 Dimensionamento do Controlador de Corrente


Na ligação do inversor à rede, a tensão é imposta pela rede, portanto, o inversor é controlado
em corrente de forma a ser possível extrair a máxima potência do microgerador. É utilizado um
controlador linear Proporcional-Integral (PI) para controlar a corrente de saída do inversor .

O processo de conversão de energia do painel para a tensão UDC e a dinâmica associada não
são relevantes para o âmbito deste trabalho, portanto, consideraram-se correntes de referência
, calculadas com base nas potências de referência dos microgeradores.

O diagrama de blocos do controlador de corrente do inversor é representado na Figura 4.3.

Figura 4.3 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 1ºordem

Em que:

: Corrente de referência calculada com base na potência de referência do microgerador


: Corrente injetada na rede pelo inversor

Ambas as correntes são multiplicadas por um ganho (fator de amostragem da corrente) e a


diferença entre as duas representa o erro de corrente resultante, sendo depois aplicado ao
compensador C(s).

29
É possível representar a associação Modulador+Conversor como uma função de 1ºordem com
um ganho e um atraso .Essa função de transferência é designada por (4.8).

)= (4.8)

O valor do ganho [8] é dado por (4.9), onde é a amplitude máxima da modulante.

= (4.9)

Em regime de pequenas perturbações pode considerar-se que o atraso é dado por (4.10)
onde é o período de comutação [8].

= (4.10)

Como já referido, o compensador é do tipo Proporcional-Integral (PI), assegurando uma


dinâmica de 2ºordem em cadeia fechada. Estes compensadores garantem erros estáticos
nulos com tempos de subida aceitáveis [8].

C(s) = (4.11)

De forma a reduzir a complexidade do sistema, é habitual cancelar o zero do controlador com o


pólo introduzido pela impedância equivalente aos terminais do conversor [8] (4.12).

= (4.12)

Onde representa a resistência equivalente que o inversor vê aos seus terminais e é dada
por (4.13).

= (4.13)

Por fim, o valor [8] é calculado através de (4.14)

= (4.14)

Depois de efetuado o respetivo dimensionamento do controlador é obtido a Figura 4.4. Esta


representa as formas de onda da tensão da rede e a corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro L e com um controlador Proporcional-Integral (PI).

30
Figura 4.4 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro L e controlador PI

Por fim a Figura 4.5 representa o espetro harmónico da corrente, em que se verifica que a taxa
de distorção harmónica da corrente é de 2,06%.

Figura 4.5 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico

31
4.1.3 Filtro de 3ºOrdem
Neste subcapítulo é considerado um filtro de 3ºordem. Através deste tipo de filtro é possível
obter uma maior atenuação das harmónicas de alta frequência. No entanto, quanto maior for a
ordem, mais complexo será o filtro, sendo este mais suscetível a interferências causadas pelas
distorção da tensão da rede [12]. O controlo é feito de duas maneiras: Controlador PI e
Controlo polinomial.

4.1.3.1 Dimensionamento do Filtro LCL


Na Figura 4.6 encontra-se um esquema de ligação entre um inversor com Filtro LCL e a rede
elétrica. É considerado um filtro LCL, não ideal, considerando as resistências internas das
bobinas e a resistência de amortecimento em série com o condensador.

Figura 4.6 - Esquema de ligação entre um inversor com Filtro LCL e a rede elétrica

É necessário variáveis auxiliares para o dimensionamento do filtro LCL. Estas são


apresentadas em (4.15), (4.16) e (4.17) [19].

( )
γ = sinh ( ) (4.15)
= sin [ ], com k=1,2,3
=ϒ ( ), com k=1,2,3

Onde é a variação (ripple) em dB na banda passante. Considera-se que este tem o valor
de 0,3 dB.

= (4.16)
ϒ

= (4.17)

Os valores das bobinas e e do condensador C são dados por (4.18),(4.19) e


(4.20),respetivamente.

= (4.18)

= (4.19)

32
C = (4.20)

É necessário que a frequência de corte do filtro seja pelos menos uma década acima da
frequência da rede e pelo menos uma década abaixo da frequência de comutação dos
semicondutores, de maneira a garantir a atenuação das harmónicas a frequências elevadas
sem afetar a harmónica fundamental.

Assumindo que e que a impedância caraterística do filtro = 15 Ω, conclui-se o


dimensionamento do filtro.

4.1.3.2 Dimensionamento do Controlador linear Proporcional-Integral (PI)


O objetivo pretendido é controlar a corrente i, através de um compensador PI (4.21). O
diagrama de blocos do controlador de corrente do inversor é representado na Figura 4.7.
É assumido que a tensão no condensador é aproximadamente igual à da rede elétrica.

Figura 4.7 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 3ºordem

C(s) = (4.21)

De forma a reduzir a complexidade do sistema, é habitual cancelar o zero do controlador com o


pólo introduzido pela impedância equivalente aos terminais do conversor (4.22).

= (4.22)

Onde representa a resistência equivalente que o inversor vê aos seus terminais e é dada
por (4.23).

= (4.23)

33
Por fim, o valor é calculado através de (4.24)

= (4.24)

Depois de efetuado o respetivo dimensionamento do controlador é obtido a Figura 4.8. Esta


representa as formas de onda da tensão da rede e a corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro L e com um controlador Proporcional-Integral (PI).

Figura 4.8 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro LCL e controlador linear PI

Por fim a Figura 4.9 representa o espetro harmónico da corrente, em que se verifica que a taxa
de distorção harmónica da corrente é de 0,25%.

34
Figura 4.9 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com
Filtro LCL e Controlador linear PI

Verifica-se que há uma diminuição considerável na Taxa de Distorção harmónica da corrente


em relação ao Filtro de 1ºordem.

4.1.3.3 Dimensionamento do Controlador linear com polinómio para


compensação do filtro LCL

Aplicando a lei das malhas e dos nós ao circuito da Figura 3.6 obtêm-se as seguintes
equações (4.25).

(4.25)

Aplicando a transformada de Laplace e manipulando algebricamente, obtém-se a função de


transferência do Filtro (4.26).

( )
= (4.26)

Em que é o zero da função e é dado por (4.27) e , e são os respetivos pólos.

= (4.27)

35
O diagrama de blocos do controlador de corrente do inversor é representado na Figura 4.10.

Figura 4.10 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 3ºordem e


controlo polinomial

Com o intuito de compensar o efeito introduzido pelo filtro LCL é assumido que o compensador
(4.28) é do tipo polinomial, com três zeros ( , e ), cancelando portanto os pólos
introduzidos pelo filtro, e com um pólo ( ) cancelando de igual forma o zero do filtro. De
maneira a garantir erro estático nulo na resposta ao escalão é considerado um pólo na origem.

= (4.28)
( )

É introduzido um 3º pólo ( ) no compensador (4.29) com o objetivo de não aumentar o


número de zeros face ao número de pólos do sistema. É necessário que este tenha uma
frequência suficientemente elevada evitando assim a sua interferência na dinâmica do sistema.

= (4.29)
( )

O valor de é dado por (4.30)

= (4.30)


Utiliza-se o critério ITAE, o que implica ξ = e representa geralmente o melhor compromisso
entre velocidade de resposta e sobreelevação [8].

36
A Figura 4.11 representa as formas de onda da tensão da rede e a corrente injetada numa rede
ideal pelo inversor, com filtro LCL e com controlo Polinomial.

Figura 4.11 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal
pelo inversor, com filtro LCL e controlo Polinomial

Verifica-se, a partir da Figura 4.12, que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 0,12%,
sendo portanto a menor verificada.

Figura 4.12 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com
Filtro LCL e controlo Polinomial

37
38
5 MicroGerador Compensado
Através dos resultados apresentados no capítulo anterior, pode-se concluir que a Microgeração
tradicional contribui ligeiramente para a degradação da QEE, contribuindo para um aumento do
valor eficaz das correntes nos condutores de fase e de neutro. É proposto, neste capítulo, um
modelo de Microgerador que acrescenta valor à Microgeração, contribuindo para a redução das
correntes harmónicas injetadas pelo consumidor numa rede de baixa tensão, aumentando a
QEE, passando a ser parte da solução para alguns problemas existentes.

Este microgerador é designado de Microgerador Compensado e tem o objetivo de compensar


localmente as harmónicas presentes na respetiva fase. Este procedimento injetará na rede
trifásica, correntes monofásicas sinusoidais, mitigando as harmónicas, incluindo as
homopolares, o que por sua vez causará como consequência, uma diminuição do valor eficaz
da corrente de neutro.

Desta forma, o objetivo é injetar a máxima potência ativa fornecida pelo Painel Fotovoltaico e
ainda garantir que a corrente injetada pelo inversor do microgerador cancele as harmónicas
criadas por cargas não lineares do consumidor onde a Microgeração está instalada.

O esquema de ligação entre o Microgerador Compensado e a rede é apresentado


na Figura 5.1.

Figura 5.1 - Esquema de ligação entre Microgerador Compensado e rede elétrica

No caso do MicroGerador Compensado é necessário, para além do já estudado controlo de


corrente, um controlo de tensão na tensão do condensador (Figura 5.2), uma vez que a
corrente injetada pelo inversor, em geral, já não será sinusoidal.

Figura 5.2 - Controlo de Tensão

39
Opta-se por um controlador do tipo PI (5.1), onde representa o ganho proporcional e
o ganho integral [8].

= + (5.1)

O ganho do controlador é dado pela relação (5.2).

= (5.2)

Calcula-se os valores dos parâmetros do controlador PI através de (5.3) [19].

= (5.3)

Considera-se que a resposta do controlador de tensão é lenta ( ), onde é dado


por (5.4).

(5.4)

5.1 Comparações
Numa primeira abordagem simula-se apenas uma carga não linear a ser alimentada pela rede
elétrica (Figura 5.3). Após efetuada a simulação, é inserida uma unidade de Microgeração
Tradicional, com Filtro LCL, em paralelo com a carga não linear e a rede elétrica (Figura 5.6).
Pretende-se representar, desta maneira, a contribuição da Microgeração Tradicional na taxa de
distorção harmónica da corrente injetada na rede. Em seguida, é efetuada uma simulação nas
mesmas condições mas para um Microgerador Compensado (Figura 5.10), de forma a
evidenciar de maneira mais clara as diferenças entre um Microgerador Tradicional e um
Microgerador Compensado. Em ambos os casos é usado um controlo polinomial.

5.1.1 Carga não linear

Figura 5.3 - Carga não linear alimentada pela rede elétrica

40
A simulação é efetuada para uma carga não linear que consome uma potência igual a 1450W.
É representado na Figura 5.4 a corrente fornecida pela rede elétrica e a sua respetiva
onda de tensão.

Figura 5.4 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente

Na Figura 5.5 é feita uma análise FFT à corrente . Verifica-se então que a carga não linear
é responsável por uma taxa de distorção harmónica da corrente de 49,10%.

Figura 5.5 - Análise FFT da corrente irede

41
5.1.2 MicroGerador Tradicional
No caso do Microgerador Tradicional (Figura 5.6) o objetivo é, como já referido, controlar a
corrente . Esta encontra-se representada na Figura 5.7, juntamente com a tensão da rede
elétrica.

Figura 5.6 - Esquema de ligação entre UM tradicional com filtro LCL, carga não linear e
rede elétrica

Figura 5.7 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente de saída do Microgerador


Tradicional

Na Figura 5.8 representa-se a onda de tensão da rede, a corrente injetada na rede ea


corrente absorvida pela carga não linear.

42
Figura 5.8 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente icarga absorvida pela carga
não linear e da corrente irede injetada na rede

Por fim temos a análise FFT da corrente injetada na rede elétrica na Figura 5.9, onde se
pode verificar que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 57,45%.

Figura 5.9 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador
Tradicional

43
5.1.3 MicroGerador Compensado
No caso do MicroGerador Compensado (Figura 5.10), a corrente a controlar é a corrente
injetada na rede elétrica. Esta encontra-se representada na Figura 5.11, juntamente com a
tensão da rede elétrica.

Figura 5.10 - Esquema de ligação entre um Microgerador Compensado com filtro LCL,
carga não linear e rede elétrica

Figura 5.11 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente irede injetada na rede pelo
MicroGerador Compensado

Na Figura 5.12 é representada a onda de tensão da rede, a corrente de saída do


Microgerador Compensado e a corrente absorvida pela carga não linear.

44
Figura 5.12 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente iμG de saída do
MicroGerador e a corrente icarga absorvida pela carga não linear

Por fim temos a análise FFT da corrente injetada na rede elétrica na Figura 5.13, onde se
pode verificar que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 2,97%.

Figura 5.13 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador
Compensado

45
A partir da Tabela 5.1 podemos verificar os efeitos da Microgeração Tradicional e
Compensada. É possível concluir que a Microgeração Tradicional é responsável pela
degradação da QEE, pois como se pode verificar, a taxa de distorção harmónica da corrente da
rede elétrica sofre um aumento, quando comparada com o caso sem Microgeração. No
entanto, inserindo a Microgeração Compensada, verifica-se uma diminuição bastante
acentuada, confirmando portanto o seu positivo contributo em relação à QEE. Comprova-se, no
próximo capítulo, que a diminuição da THDi traduz-se numa diminuição bastante acentuada no
valor eficaz da corrente de neutro.

Tabela 5.1 - THD da corrente numa rede de baixa tensão

THDi
Sem Microgeração 49.10%
Com Microgeração Tradicional 60.22%
Com Microgeração Compensada 2.97%

46
6 Simulação
Neste capítulo é apresentada a configuração de três tipos de rede: sem Microgeração (Figura
6.1), com Microgeração Tradicional (Figura 6.2) e com Microgeração Compensada (Figura 6.3).
São efetuadas simulações para diversos cenários de carga, sendo o objetivo a análise
pormenorizada do condutor de neutro, verificando o seu valor eficaz para os vários tipos de
rede. Os valores de potência produzidos pelos dois tipos de Microgerador serão apresentados.
É assumido, para os dois primeiros cenários, que as potências fornecidas pelos
Microgeradores mantêm-se idênticas, no entanto, é apresentado um subcapítulo cujo objetivo
é, variando as potências produzidas pelos respetivos Microgeradores, clarificar a sua influência
na THDi e portanto, na corrente de neutro. São considerados três tipos de cenários:

1º Cenário: Considera-se uma rede equilibrada, cujas contribuições de cada tipo de carga são
idênticas em todas as fases. A análise incidirá nos valores eficazes das correntes de cada fase,
sendo estes idênticos, pois trata-se de uma rede equilibrada, e naturalmente no valor eficaz da
corrente de neutro. Também será apresentado a THDi, respetivamente a cada fase, e a
potência fornecida pelos dois tipos de Microgerador.

2º Cenário: Considera-se uma rede desequilibrada, tendo portanto, diferentes potências


exigidas em cada fase.

3º Cenário: Por fim, varia-se a potência fornecida pelos dois tipos de Microgeração, verificando
as diferenças em relação aos cenários estudados anteriormente.

Figura 6.1 - Rede elétrica, sem Microgeração

47
Figura 6.2 - Rede elétrica, com Microgeração Tradicional

Figura 6.3 - Rede elétrica, com Microgeração Compensada

48
6.1 Rede Equilibrada (1º Cenário)
Na Tabela 6.1 é apresentado as potências exigidas por cada tipo de carga, em relação à
respetiva fase. Sendo um sistema equilibrado, estas serão idênticas. A simulação é feita nas
mesmas condições apresentadas no Capítulo 3, ou seja, considera-se as perdas na linha,
assumindo que o PT encontra-se a 100m das respetivas cargas.

As potências ativas exigidas pelas respetivas cargas são dadas por (6.1)

{ (6.1)

Em que é dado por (6.2). É considerado um FP = 0.6 (fator de potência) para a carga tipo
RL.

(6.2)

Tabela 6.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 1º Cenário

Fase R Fase S Fase T


NL R X NL R X NL R X
Caso 1 50 % 25 % 25 % 50 % 25 % 25 % 50 % 25 % 25 %
Caso 2 90 % 5% 5% 90 % 5% 5% 90 % 5% 5%
Caso 3 150 % 20 % 20 % 150 % 20 % 20 % 150 % 20 % 20 %
Caso 4 200 % 60 % 40 % 200 % 60 % 40 % 200 % 60 % 40 %

A potência aparente do Microgerador Tradicional é dada por (6.3) e a do Microgerador


Compensado por (6.4). Estas mantêm-se idênticas para os dois primeiros cenários.

(6.3)

(6.4)

Naturalmente, é exigida uma potência aparente superior ao Microgerador Compensado. Este


tem como função compensar as harmónicas, garantindo que a corrente injetada na rede seja
uma corrente sinusoidal.Esta função não pode comprometer a potência ativa fornecida,
garantindo injetar, pelo menos, uma potência ativa igual à do Microgerador Tradicional.

É aplicada a fórmula (3.5), obtida no capítulo 3, nos casos apresentados na Tabela 6.1, de
maneira a confirmar os valores eficazes das correntes de neutro. Os respetivos resultados
encontram-se na Tabela 6.2.

49
Tabela 6.2 – Valor da corrente de neutro calculada através da equação (3.5), para os
casos apresentados na Tabela 6.1

Caso 1 8.58 8.36


Caso 2 15.40 14.78
Caso 3 25.39 24.40
Caso 4 33.47 32.25

Para potências maiores existe um erro maior em termos de amplitude, no entanto, em termos
percentuais, continua a ser inferior a 5 %, confirmando a sua fiabilidade.

As Figuras 6.4 e 6.5 representam os valores das THDi e os valores eficazes das correntes nos
condutores de fase e de neutro, correspondente ao Caso 1 e Caso 2, respetivamente.

As palavras “Fornecida” e “Injetada” que se encontram nas Figuras apresentadas,


representam, respetivamente, a corrente fornecida pela rede elétrica e a corrente injetada na
rede elétrica.

Figura 6.4 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 1

50
Figura 6.5 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 2

As Figuras 6.4 e 6.5 confirmam as observações já efetuadas. Pode-se verificar que existe uma
diferença significativa entre os valores eficazes da corrente de neutro. Como a contribuição por
parte das cargas não lineares é bastante superior no Caso 2, irá inevitavelmente haver uma
maior THDi, contribuindo então para uma corrente de neutro superior.

É de salientar a eficiência por parte do Microgerador Compensado. Este compensa


notavelmente as harmónicas provocadas pelas cargas não lineares, garantindo praticamente
uma corrente de neutro nula. Para além disso, injeta sensivelmente a mesma corrente injetada
pelo Microgerador Tradicional na rede elétrica, confirmando portanto, que apesar de ser
necessário fornecer potência para efetuar as respetivas compensações, este garante, no
mínimo, uma potência injetada na rede de igual valor à injetada pelo Microgerador Tradicional.

De seguida, é apresentado o Caso 3 na Figura 6.6.

51
Figura 6.6 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 3

No Caso 3, a potência exigida pelas cargas é superior à fornecida pelo Microgerador (em
ambos os tipos de Microgeração), havendo necessidade de fornecimento por parte da rede
elétrica. No entanto, pode-se verificar que a corrente exigida, no caso da Microgeração
Compensada, é bastante inferior. Isto deve-se ao fato de esta ser capaz de fornecer uma
potência superior, em relação à Microgeração Tradicional.

Figura 6.7 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 4

52
Em relação ao Caso 4, representado na Figura 6.7, pode-se verificar que a potência exigida
pelas cargas é bastante superior às fornecidas por ambos os Microgeradores. No entanto, a
Microgeração Compensada mantém a sua eficiência compensando as harmónicas criadas por
cargas não lineares, mantendo uma corrente de neutro praticamente nula.

6.2 Rede Desequilibrada (2º Cenário)


A rede desequilibrada representa a generalidade dos casos, pois na prática, as cargas
monofásicas a alimentar não se encontram uniformemente distribuídas pelas fases. Na
Tabela 6.3 encontram-se os casos que serão analisados.

Tabela 6.3 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 3º Cenário

Fase R Fase S Fase T


NL R X NL R X NL R X
Caso 5 30 % 20 % 20 % 30 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %
Caso 6 90 % 5% 5% 50 % 5% 5% 1% 5% 5%
Caso 7 90 % 5% 5% 1% 1% 1% 1% 1% 1%

Numa rede desequilibrada, a corrente de neutro nunca poderá ser superior à maior corrente de
fase, sendo, no limite, igual a esta. Neste caso não é necessário dimensionar o condutor neutro
com uma secção superior.

Figura 6.8 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 5

53
É possível verificar, através da Figura 6.8, que a potência exigida pelas cargas monofásicas na
fase S é menor quando comparada com as restantes fases. Desta maneira, a potência injetada
na rede elétrica por ambos os Microgeradores é superior. Verifica-se, no caso da Microgeração
Compensada, que a corrente de neutro é superior às observadas nos cenários anteriores. Isto
sucede pois existe uma diferença de potências exigidas pelas respetivas fases, ou seja, os
valores eficazes das correntes de fase são diferentes, contribuindo portanto para uma maior
corrente de neutro. No entanto, esta mantém-se sempre menor que no caso Sem Microgeração
e no caso com Microgeração Tradicional.

Figura 6.9 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 6

A Figura 6.9 evidencia a potência injetada pelos Microgeradores. A fase S encontra-se


praticamente sem carga, sendo a sua potência exigida dada por (6.5).

(6.5)

Como se encontra praticamente sem carga, toda a restante potência produzida pelos
Microgeradores é injetada na rede elétrica.

Por fim temos o caso 7, representado na Figura 6.10.

54
Figura 6.10 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 7

O caso apresentado na Figura 6.10 representa uma rede rural típica, em que as cargas
encontram-se maioritariamente ligadas na mesma fase. Neste caso, de desequilíbrio “total”
entre fases, a corrente de neutro é bastante elevada, devendo-se principalmente à diferença de
potências entre fases. Os dois tipos de Microgeração injetam a máxima potência na rede
elétrica, relativamente à Fase S e T, pois neste caso, a potência exigida pelas cargas na fase S
e T é praticamente nula.

6.3 Microgeradores com Potências diversas(3º Cenário)


Neste subcapítulo pretende-se clarificar quais os efeitos que surgem quando se varia a
potência fornecida pelo Microgerador. É apresentado na Tabela 6.4 um caso para análise, bem
como as respetivas potências fornecidas pelos Microgeradores. Considera-se uma rede
equilibrada.

Tabela 6.4 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 4º Cenário

NL R X SμG Tradicional SμG Compensado


Caso 8 50 % 25 % 25 % 1725 VA 2200 VA

É representado o Caso 8 na Figura 6.11. Com a exceção da variação de potência, este caso é
idêntico ao Caso 1, já analisado. No caso sem Microgeração, naturalmente, nada se alterou,
mantendo os mesmos níveis de THDi e de correntes de fase e de neutro. No caso da
Microgeração Tradicional, em vez de se injetar corrente na rede elétrica, passou a ser
necessário absorver da rede, pois a potência fornecida pelo Microgerador Tradicional não é
suficiente para alimentar as cargas, no entanto, a corrente de neutro mantém-se constante. No
caso da Microgeração Compensada, a potência produzida é praticamente suficiente para
alimentar as cargas, sendo necessário um contributo mínimo por parte da rede elétrica. Os
níveis da THDi são elevados, pois para correntes de fase reduzidas, o sistema de controlo
presente perde eficácia.

55
Figura 6.11 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 8

É apresentado na Tabela 6.5 as respetivas reduções, da corrente de neutro, quando aplicada a


Microgeração Compensada em todas as fases.

Tabela 6.5 - Reduções do valor eficaz da corrente de neutro, quando aplicada a


Microgeração Compensada

Caso 1 8.58 1.255 7.33


Caso 2 15.40 1.304 14.10
Caso 3 25.39 1.754 23.64
Caso 4 33.47 2.356 31.11
Caso 5 9.69 4.724 4.97
Caso 6 12.35 8.128 4.22
Caso 7 12.88 10.18 2.7
Caso 8 13.70 0.82 12.88

As reduções mais elevadas verificam-se nos sistemas trifásicos equilibrados (primeiros quatro
casos), compostos principalmente por cargas não lineares. Quanto maior for a potência
absorvida por cargas não lineares, maior será a redução da corrente de neutro (Caso 3 e 4).
Para sistemas desequilibrados, a redução do valor eficaz da corrente de neutro será maior
quanto mais o sistema se aproxime de um sistema equilibrado composto principalmente por
cargas não lineares.

56
7 Conclusões

Neste trabalho obtiveram-se relações que contribuem para o dimensionamento do condutor de


neutro em sistemas trifásicos com cargas monofásicas não lineares, e propôs-se o conceito de
Microgeração compensada, para mitigar as harmónicas injetadas por cargas não lineares.
Assim, é possível dimensionar o condutor de neutro de maneira fidedigna. A corrente de neutro
depende diretamente da THD presente nas correntes de fase, sendo nula apenas para
sistemas equilibrados sem correntes harmónicas. Através da fórmula obtida, conclui-se que
para sistemas equilibrados, a corrente de neutro será superior à corrente de fase quando a
THDifase > 38.2 %, justificando uma maior secção de condutor.

A secção do condutor de neutro pode ser reduzida usando Microgeradores capazes de mitigar
as harmónicas injetadas pelo consumidor, contribuindo assim para uma menor corrente de
neutro.

Para testar estas propostas, construiu-se um modelo equivalente de uma rede elétrica de baixa
tensão recorrendo à ferramenta SimPowersystems presente no Simulink/MATLAB, incluindo:

 Fonte Trifásica, representando os níveis de tensão da Média Tensão. Considerou-se


.
 Transformador com ligação Triângulo-Estrela de 630kVA de Média para Baixa Tensão.
 Modelos dos cabos de distribuição, sendo considerado uma distância fixa de 100m
entre cargas e PT.
 Modelos das cargas mais representativas da rede de BT: Cargas puramente resistivas
(Tipo R), de carácter indutivo (Tipo RL) e cargas não lineares.
 Modelo de um Microgerador Tradicional.
 Modelo de um Microgerador Compensado.

Na sua forma mais simplificada, o modelo do Microgerador é representado por um inversor


monofásico com ligação à rede elétrica através de um filtro, sendo analisados dois tipos de
filtro: Filtro de 1º Ordem (L) e Filtro de 3º Ordem (LCL). Verificou-se que o filtro de 1º Ordem (L)
contribui com uma THDi maior, sendo por isso utilizado o filtro de 3ºordem nas restantes
simulações efetuadas. Com o objetivo de controlar a corrente injetada na rede são
dimensionados dois tipos de controladores: Controlador do tipo PI e controlador do tipo
Polinomial.

De seguida, construiu-se um novo modelo de Microgeração, com filtro LCL e controlo


polinomial. Este novo microgerador (Microgerador Compensado), para além de fornecer a
potência máxima, tem como função compensar as harmónicas criadas por cargas não lineares.

Depois de dimensionados os respetivos filtros e controladores, foram iniciadas simulações sem


Microgeração, com Microgeração Tradicional e por fim com Microgeração Compensada. Desta
maneira, concluiu-se que a Microgeração Tradicional contribui, embora de maneira ligeira, para
a degradação da QEE, aumentando a THDi da respetiva fase em que foi aplicada, provocando
portanto, um aumento na corrente de neutro. Por sua vez, a Microgeração Compensada
confirmou a sua eficiência e utilidade como solução reparadora da QEE, reduzindo
substancialmente a THDi, contribuindo então para uma diminuição da corrente de neutro,
sendo esta praticamente nula para uma rede equilibrada, independentemente da percentagem
de cargas não lineares utilizadas.

Para o mesmo sistema equilibrado, inserindo uma unidade de Microgeração Compensada em


todas as fases, verificou-se uma corrente de neutro 15 vezes menor, quando comparada com o

57
caso sem Microgeração. Este representa o melhor caso estudado (caso 4), no entanto, a
redução será tanto maior quanto maior é a potência consumida por cargas não lineares.
Relativamente à rede desequilibrada, a mitigação de harmónicas não é suficiente para obter
uma corrente de neutro nula, pois neste caso, a diferença de impedâncias entre fases
contribuirá para uma maior corrente de neutro, verificando-se para este tipo de rede, uma
menor diminuição, relativamente à corrente de neutro.

58
Bibliografia

[1] Resolução do Conselho de Ministros n.º 169/2005, Diário da República n.º204 - Série-B, 24
de Outubro de 2005.

[2] Decreto-Lei n.º 118-A/2010 de 25 de Outubro, Diário da República N.º207 – 1.ªsérie,


Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento.

[3] Chicco, Gianfranco; Postolache, Petru; Toader, Cornel, “Analysis of Three-Phase Systems
With neutral UnderDistorted and Unbalanced Conditions in the Symmetrical Component-Based
Framework”, IEEE TRANSACTIONS ON POWER DELIVERY, VOL 22, NO. 1, JANUARY 2007

[4] Efacec Energia, Máquinas e Equipamentos Elétricos, Catálogo de Transformadores a Óleo


Herméticos, Transformadores de distribuição MT/BT.

[5] Borges da Silva, J. F., Eletrotecnia Teórica, Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de


Computadores do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 1995.

[6] Norma DMA-C33-200/N, Ligação de clientes de Baixa Tensão, E.D.P. distribuição, Maio
2007.

[7] S. Y. King, Underground Power Cables, Junho 2005

[8] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Energia em Telecomunicações: Texto de apoio,
Instituto Superior Técnico, 2008, Lisboa.

[9] Silva, José Fernando Alves, Projeto de Conversores Comutados, Instituto Superior Técnico,
2007, Lisboa.

[10] Silva, J.F. “Eletrónica Industrial”, Fundação Calouste Gulbenkian, 1998.

[11] Silva, F. M. M., “Impacto da Microgeração na Forma de Onda da Tensão da Rede de


Distribuição”, Tese de Mestrado em Engenharia Eletrotécnica, Instituto Superior Técnico,
Lisboa, 2009.

[12] Shen, G; Xu, D.; Cao, L.; Zhu, X., “An Improved Control Strategy for Grid-Connected
Voltage Source Inverters With an LCL Filter”, IEEE Trans. Power Electronics, vol. 23, no.4,
pp.1899-1906, 2008.

[13] SMA Solar Technology AG, “SUNNY BOY 3300 / 3800 - O generalista”,
<http://download.sma.de/smaprosa/dateien/5691/SB33_38_38V-DPT104442W.pdf>

[14] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Alimentação Autónomos: Qualidade de Energia
Elétrica, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2007.

[15] MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DA INOVAÇÃO, Portaria n.º 949-A/2006, Diário da


República, 1.ª série, N.º 175, 11 de Setembro de 2006

[16] DGEG, Direção Geral de Energia e Geologia, Ministério da Economia, da Inovação e do


Desenvolvimento, Lisboa, 16 de Março de 2010.

[17] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Alimentação Autónomos: Textos de Apoio,
Instituto Superior Técnico, Lisboa.

59
[18] Silva, Filipe Miguel Marques, Impacto da Microgeração na forma de onda da tensão da
rede de Distribuição, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2009.

[19] Lopes, Sérgio Alexandre Martins, Avaliação de Parâmetros de Qualidade de Energia em


sistemas de Microgeração, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2009.

[20] Martins, Miguel Ângelo Nobre Martins, Harmónicas e Desequilíbrios provocados pelos
sistemas de Microgeração, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2011.

60
Anexo A

Figura A.1 – Modelo de um Microgerador Tradicional

Figura A.2 – Modelo de um Microgerador Compensado

61
Anexo B

É apresentado no Anexo B, casos reais de problemas provocados por harmónicas, retirado da


Revista o Eletricista, nº 9, 3º trimestre de 2004.

“Um novo sistema de computação foi instalado num prédio pertencente a uma companhia de
seguros. Uma vez ligada a alimentação o disjuntor principal disparou, cortando a alimentação
de todo o sistema. Após várias verificações, os engenheiros descobriram que a interrupção
tinha sido provocada pelo valor excessivo da corrente no neutro do sistema trifásico. Apesar do
sistema estar equilibrado a corrente no neutro tinha um valor igual a 65% do valor das
correntes na fase, o que levava ao desarme do disjuntor, já que o relé da corrente no neutro
estava ajustado para 50% do valor das correntes na fase. Cabe aqui ressaltar que, num
sistema trifásico equilibrado a corrente de neutro deve ser igual a zero. Contudo, quando a
corrente está distorcida, contrariamente ao que normalmente ocorre, os harmónicos de
corrente múltiplos de 3 somam-se no neutro, em vez de se cancelarem. Estudos demonstram
que as correntes no neutro têm aumentando nos edifícios comerciais. Isto se deve à utilização
crescente de equipamentos eletrónicos, tais como, computadores, impressoras,
fotocopiadoras, aparelhos de fax, etc. Esses equipamentos utilizam retificadores monofásicos à
entrada, que produzem harmónicos de corrente de 3º ordem, tais como o 3º, o 9º e o 15º
harmónico. Para que se evitem problemas de sobreaquecimento dos condutores de neutro,
estes devem ser sobredimensionados, ou, melhor ainda, os harmónicos de 3ª ordem devem
ser compensados. Noutro caso documentado, uma companhia de distribuição de energia
elétrica reportou a avaria de um transformador de 300 kVA cuja carga não excedia o seu valor
nominal de potência aparente. O transformador foi substituído por outro idêntico, e este
apresentou os mesmos problemas pouco tempo depois. A carga desses transformadores
consistia sobretudo em sistemas de acionamento eletrónico de velocidade variável para
motores elétricos, cujas correntes possuem elevado conteúdo harmónico.
Atualmente, de forma a evitar que os transformadores avariem, ou tenham o seu tempo de vida
útil reduzido, é importante que se conheça a distorção harmónica das correntes que estes
fornecem às cargas, de forma que, em função desse valor, seja aplicado ao transformador um
fator de desclassificação de potência (fator K – derating factor). Ou seja, em função da
distorção harmónica, é reduzido o valor da potência nominal do transformador.”

62
Anexo C

Figura C.1 – Inversor Sunny Boy 3300/3800

Figura C.2 – Dados técnicos em relação ao Inversor Sunny Boy 3300/3800

63
Anexo D

Tabela D.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga para vários
casos
Fase R Fase S Fase T
NL R X NL R X NL R X
Caso 9 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 %
Caso 10 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %
Caso 11 60 % 20 % 20 % 60 % 20 % 20 % 60 % 20 % 20 %
Caso 12 1% 20 % 20 % 1 % 20 % 20 % 1 % 20 % 20 %
Caso 13 1% 40 % 40 % 1 % 40 % 40 % 1 % 40 % 40 %
Caso 14 90 % 5% 5% 1% 1% 1% 1% 1% 1%
Caso 15 80 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 %
Caso 16 50 % 5% 5 % 30 % 10 % 10 % 60 % 10 % 10 %
Caso 17 70 % 10 % 10 % 20 % 30 % 30 % 10% 30% 30 %
Caso 18 150 % 20 % 20 % 1 % 1% 1% 1% 1% 1%

Figura D.1 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 9

64
Figura D.2 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 10

Figura D.3 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 11

65
Figura D.4 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 12

Figura D.5 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 13

66
Figura D.6 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 14

Figura D.7 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 15

67
Figura D.8 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 16

Figura D.9 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 17

68
Figura D.10 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 18

69

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