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São Salvador: nota 10 no quesito lixo

Juliana Ortegosa Aggio (profa de filosofia da Ufba)

Vem Carnaval, vai Carnaval e afinal fica a interrogação exclamativa em meus olhos
estatelados diante dos lixos aos montes (para não dizer morros ou colinas): onde estão os milhares
cestos de lixos, tão milhares quanto os foliões? Menos visíveis ainda são as mãos jogando lixo em
cestos já existentes. Para a primeira indignação, penso eu que 100 milhões utilizados para a festança
resolveriam, mas não foi bem assim. Não havia milhares de lixeiras espalhadas pela cidade, como
deveria haver. Para a segunda, aí a complicação é maior, pois nem 100 milhões do dia para noite
resolveriam.

A solução se encontra não no imediatismo de certas políticas públicas, ou melhor, na


maquiagem da cidade aparentemente limpa cujos bastidores são trabalhadores formando um
verdadeiro batalhão da limpeza. Foram, neste Carnaval, 2.483 agentes de limpeza distribuídos nas
áreas dos circuitos. A Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) coletou aproximadamente
1.109 toneladas de lixo. Para tanto, o dinheiro público gasto foi de 6 milhões. Porém, depois que eles
limpam, vem outro carnaval, vêm outras festas e a sujeira volta a impregnar o ar, as praias, as ruas,
as sarjetas, os bueiros e, o que é mais triste, o mar. Mais triste porque esta tristeza é mais profunda e
pouco visível para a maioria. A solução, definitivamente, não são vassouras substituindo milhares de
mãos. Bastaria o mísero esforço de cada um jogar o seu próprio lixo no lixo. A solução teria de vir
antes do próximo carnaval. Em verdade, ela teria de se estender ao longo de dias, meses, anos. No
dia a dia, no boca a boca, no rádio, na TV, nas escolas, entre vizinhos, na atitude de cada cidadão. E,
para dar o ponta pé inicial, nas placas com os seguintes dizeres: “Jogue lixo no lixo”, “Mantenha a
cidade limpa”, “Cidade limpa: cidade mais agradável para todos”, “Rua não é sanitário público” e
assim por diante. Lixeiras e placas: não é um bom começo, senhor prefeito desta cidade igualmente
bela de mares e feia de lixos?

Ninguém espera que o próximo Carnaval de Salvador seja nota 10 no quesito limpeza e que o
problema do lixo seja resolvido do dia para noite, nem que um batalhão de trabalhadores continue a
varrer a sujeira que cada um poderia não ter deixado. Mas todos nós, cidadãos soteropolitanos,
esperamos que seja implementada uma política pública de educação e conscientização da
necessidade de limpeza de nosso habitat, nossa cidade, nosso São Salvador.

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