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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Paulo Lépore ECA


Aula 01

ROTEIRO DE AULA

I. DIREITO INTERNACIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

1. Caso Mary Ellen - 1874

Vítima de maus-tratos no seio de sua família, na cidade de Nova Iorque (EUA), Mary Ellen foi
atendida pela missionária adventista Etta Angell Wheeler após relatos de vizinhos. No
entanto, verificou-se à época que inexistiam leis protetivas aplicáveis às crianças e aos
adolescentes, de forma a punir ou ao menos evitar práticas semelhantes.

Não se conformando com a situação, Etta buscou a ajuda da Sociedade Americana para a
Prevenção da Crueldade contra Animais (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals - ASPCA), representada por Henry Bergh e, perante a corte norte-americana, invocou
a aplicação analógica da legislação que vedava a prática de maus tratos a animais para a
proteção da menina Mary Ellen. E, a partir desse caso, passou-se a entender que o Estado
poderia interferir na forma adotada pelos pais para a criação e educação de seus filhos,
funcionando a intervenção também como um indicador da necessidade de o Estado assumir
a posição de garante em relação aos direitos das crianças e adolescentes.

Ademais, a partir do caso Mary Ellen, a questão ganhou contornos mundiais, influenciando
diversos movimentos de organizações internacionais em favor da proteção das crianças e
dos adolescentes.
Outro marco histórico relevante foi a 1ª Grande Guerra Mundial (1914-1918), em função do
número de adultos mortos e, por conseguinte, aumento do número de crianças e
adolescentes órfãos, tornando-se um problema no contexto mundial.

Imediatamente após a 1ª Grande Guerra foram criadas a Liga das Nações e a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).

2. Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - 1919

Nesse período pós-guerra ocorreram inúmeras revoluções sociais, ante o sentimento de


exploração vivenciado pelos trabalhadores em relação aos detentores do capital, a
burguesia, numa época em que predominava o liberalismo econômico. Verifica-se a partir de
então o reconhecimento dos direitos fundamentais de segunda geração, isto é, os direitos
sociais.
Assim, a OIT foi criada com o fito de tutelar os direitos dos trabalhadores, mas acabou por
tutelar também os direitos das crianças e dos adolescentes, como, por exemplo, logo no
início dos seus trabalhos, ao editar um documento que proibia o trabalho de crianças no
período noturno e outro que vedava o trabalho de crianças menores de 14 (catorze) anos na
indústria.

 Convenção 138/1973 - Idade Mínima de Admissão ao Emprego (Decreto 4.134/2002)

 Convenção 182/1999 - Piores Formas de Trabalho Infantil (Decreto 3.597/2000).

Segundo a Convenção, a expressão "as piores formas de trabalho infantil" abrange:


a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais
como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívidas e a condição de servo, e o
trabalho forçado ou obrigatório, inclusive o recrutamento forçado ou obrigatório de
crianças para serem utilizadas em conflitos armados;
b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a
prostituição, a produção de pornografia ou atuações pornográficas;
c) a utilização, recrutamento ou a oferta de crianças para a realização
para a realização de atividades ilícitas, em particular a produção e o tráfico de
entorpecentes, tais com definidos nos tratados internacionais pertinentes; e,
d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas condições em que é realizado,
é suscetível de prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças.

3. Declaração de Genebra/Carta da Liga - 1924

Em função do aumento do número de órfãos durante a 1ª Grande Guerra, foi criada a


Associação Salve as Crianças e, a partir de sua atuação, instituída a Declaração de Genebra ou
Carta da Liga em 1924 - primeiro documento internacional de ampla proteção às crianças,
não se limitando a questões voltadas ao trabalho como nos documentos da OIT, embora
ainda não as considere como sujeitos de direitos -.

4. Declaração dos Direitos da Criança - 1959

Primeiro documento internacional a reconhecer a criança como sujeito especial de direitos,


pessoa em estágio peculiar de desenvolvimento físico, psíquico e moral - não mais como um
mero recipiente, como sujeição passiva a uma proteção instituída
-. Isto é, a criança passa a ter direito à proteção, direito à educação, direito à alimentação e,
dessa forma, passa a ter o direito de exigir o cumprimento aos seus termos.

Não obstante, como qualquer declaração, não traz em seu corpo mecanismos destinados à
exigência do seu cumprimento pelos Estados signatários. Limita-se a enunciar direitos,
inspirando os Estados na formulação da legislação interna, sem, contudo, gerar obrigações.
Importante notar que o reconhecimento da criança como sujeito de direitos especiais
inaugura a doutrina da proteção integral, uma vez que lhes são reconhecidos os mesmos
direitos dos adultos, e tantos outros em função do estágio peculiar de desenvolvimento em
que se encontram.

5. Convenção sobre os Direitos da Criança - 1989 (Ratificada em 24/09/1990 e


promulgada pelo Decreto 99.710/90, de 21 de novembro de 1990)

Documento de maior relevância acerca do assunto, vez que além de reconhecer a criança
como sujeito de direito, possui força cogente em relação aos Estados que aderirem ao seu
texto.
Também é o documento com o maior número de adesões e ratificações dentre todos os
demais textos internacionais. Os Estados Unidos da América é o único país que não aderiu ao
texto da Convenção.
Por meio da ratificação se dá a adesão ao documento no plano internacional e, a partir da
promulgação, o Brasil se obriga internamente ao cumprimento do seu conteúdo.
Como convenção de direitos humanos, submete-se ao § 3º do artigo 5º, da Constituição
Federal. Porém, considerando que sua promulgação ocorreu em data anterior ao texto
acrescentado ao referido parágrafo 3º, conforme entendimento exarado pelo STF, reveste-se
de natureza supralegal, mas infraconstitucional. Valem mais do que as leis, mas menos do que
a Constituição.

Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança:


- criança é definida como o menor de 18 anos, salvo se a maioridade for atingida em
momento anterior, de acordo com a legislação interna;

- superior (melhor) interesse da criança, um dos maiores valores voltados à criança, por
declarar o gozo de uma proteção especial em relação aos demais sujeitos de direitos,
devendo seus direitos prevalecerem como regra, embora não de forma absoluta;

Comitê sobre os direitos da criança - tem por função o recebimento de relatórios


encaminhados pelos Estados, a cada 5 (cinco) anos, relatando os casos de cumprimento e de
descumprimento dos termos da Convenção.

Atente-se para o fato de que o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), assim como a
Constituição da República (1988), teve por inspiração o texto da Convenção sobre os
Direitos da Criança.

5.1. Protocolo Facultativo sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia


Infantil - 2002 (Decreto n. 5.007/2004)

O Protocolo costuma abordar temas mais polêmicos, de menor adesão, como forma de não
prejudicar a adesão dos países ao texto da Convenção.

5.2. Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados -


2002 (Decreto n. 5.006/2004).

5.3. Protocolo Facultativo das Comunicações, Denúncias ou Petições Individuais - 2011

Inova ao permitir que a própria criança faça uma comunicação ao Comitê dos Direitos da
Criança quando da ocorrência de violações aos seus direitos no seu Estado, isto é, o
descumprimento da Convenção sobre os seus direitos.

6. Doutrina das Nações Unidas de Proteção Integral à Infância


6.1. Regras de Beijing - Regras Mínimas para a Administração da Justiça da Infância e
Juventude - 1995

Incluem-se entre as regras mínimas: devido processo legal, presunção de inocência, defesa
técnica, assistência judiciária etc.

6.2. Diretrizes de Riad - Prevenção da Delinquência Juvenil - 1990

Estabelece diretrizes aos Estados com o fito de impedir a delinquência juvenil.

6.3. Regras de Tóquio - Regras Mínimas para a Proteção de Jovens Privados de


Liberdade - 1990

Preconiza o respeito aos direitos fundamentais básicos dos jovens privados de liberdade, em
função da condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, tais como acesso à educação,
cultura, liberdade de crença, participação política etc. No Estado de São Paulo a Defensoria
Pública ingressou com ação pretendendo o exercício do direito de voto dos adolescentes
internados.

EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL.

1. Fase da Absoluta Indiferença (até o Século XIV)

Nenhum país fazia qualquer espécie de referência aos direitos da criança e do adolescente.

2. Fase da Mera Imputação Criminal ou do Direito Penal Indiferenciado (até o Século


XIX)
Inexistia qualquer tratamento diferenciado ou protetivo destinado à criança e ao adolescente;
as normas cuidavam apenas da imputação de acordo o Direito Penal, todos eram segregados
dentro do mesmo estabelecimento prisional, independentemente da idade, e ainda era
possível ao magistrado a aplicação do critério do discernimento penal em relação a crianças
de qualquer idade, o que lhe permitia segregá-las com pessoas adultas.

3. Fase Tutelar (Século XX)

Aqui foram criados Códigos específicos às crianças e aos adolescentes, porém com intuito
repressivo, higienista, não de garantia de direitos. Embora denominada fase tutelar, havia um
poder quase absoluto nas mãos do julgador. Inexistia ainda nessa fase respeito ao devido
processo legal, defesa técnica, assistência judiciária, individualização da pena,
responsabilidade especial pela prática de ato infracional etc.

3.1. Código Mello Mattos - 1927

Foi inspirado na atuação de um juiz chamado Mello Mattos, o qual trabalhou no primeiro
juizado de menores do Brasil e da América Latina. Nessa época vigorava a doutrina do menor
ou doutrina da situação irregular, despertando o interesse do Estado apenas aos órfãos,
abandonados e delinquentes, em função do incômodo gerado para a sociedade. E a única
solução encontrada à época era a institucionalização, de todos, conjunta e indistintamente.
3.2. Código de Menores - 1979
Não avançou em praticamente nada em relação ao código de 1927.
4. Fase da Proteção Integral (Séculos XX e XXI)

4.1. Constituição Federal de 1988

Após aproximadamente 21 anos de ditadura militar, preocupado com a segurança jurídica, o


constituinte brasileiro elegeu a forma analítica para a nova Constituição da República,
prevendo, dentre tantos outros direitos, a proteção integral destinada às crianças e aos
adolescentes.
Assim, o termo menor, que faz referência a doutrina da situação irregular - período anterior
ao que vivemos na atualidade - deve ser evitada em provas para se referir à criança e ao
adolescente. Podem ser usadas as seguintes designações: criança, adolescente, infante,
pessoa em estágio peculiar de desenvolvimento.

 Previsões constitucionais acerca dos direitos da criança e do adolescente:


Art. 6º, da Constituição Federal. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).

Art. 24, da Constituição Federal. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
...
XV - proteção à infância e à juventude;
...
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
Art. 227, da Constituição Federal. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente
e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas
específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional
nº 65, de 2010)
I -
aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-
infantil;
II -
criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do
jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I -
idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado,
segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o
disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
(Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à
articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. (Incluído
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Art. 228, da Constituição Federal. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às normas da legislação especial.
Art. 229, da Constituição Federal. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.

4.2. ECA (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, publicada em 16 de julho de 1990, com
vigência a partir de 14 de outubro de 1990)

II. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO ECA

1. Doutrina da Proteção Integral

Segundo essa doutrina, crianças e adolescentes gozam dos mesmos direitos destinados aos
adultos e tantos outros em função do estágio peculiar de pessoas em desenvolvimento físico,
psíquico e moral.

2. Definição de Criança e Adolescente

Criança - pessoa com até 12 (doze) anos incompletos.

Adolescente - pessoa entre 12 (doze) anos completos e 18 (dezoito) anos incompletos.

Para o Estatuto da Juventude, jovem é a pessoa entre 15 (quinze) anos completos e 30


(trinta) anos incompletos.

Assim, denomina-se jovem adolescente ou adolescente jovem a pessoa entre 15 (quinze)


anos completos e 18 (dezoito) incompletos, para os quais há aplicação concomitante do ECA
e do Estatuto da Juventude.

Entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e nove) anos fala-se em jovem ou jovem adulto. A partir de 30
(trinta) anos, adulto.

3. Reflexos da Lei da Primeira Infância (Lei n. 13.257/2016), do Estatuto da Juventude


(Lei n. 12.852/2013) e do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003)

A Lei da Primeira Infância institui uma proteção especial para os primeiros 6 (seis) anos ou
72 (setenta e dois) meses de vida e, com relativa autonomia, alterou parte dos dispositivos
do ECA. Após os 6(seis) anos, passa a ter proteção apenas do ECA.

4. Diferença de Tratamento entre Criança e Adolescente

Importa notar que na legislação internacional não existe essa distinção, considerando-se
criança toda pessoa menor de 18 (dezoito) anos de idade, como regra. Assim, não há
referência a adolescente.
4.1. Colocação em família substituta

São modalidades de família substituta - guarda, tutela e adoção. Deve a criança ser ouvida e
ter sua opinião considerada; o adolescente, além de ouvido e ter a opinião considerada, deve
também consentir - forma especial de capacidade civil concedida ao adolescente para
tomada de decisão acerca da colocação em família substituta -.

4.2. Consequências pela prática de atos infracionais

O ato infracional é aquela conduta conduta descrita em lei como crime ou contravenção penal
que se praticado por adolescente dá origem a regramento especial.

Quando praticado por adolescente, o ato infracional – conduta descrita em lei como crime ou
contravenção penal – sujeita-se a regramento especial; o adolescente pode sofrer a aplicação
de medida de proteção quanto de medida socioeducativa.

A prática de ato infracional por criança impõe a aplicação de medida de proteção


unicamente.

4.3. Viagens nacionais

Em regra, crianças não podem viajar sozinhas; adolescentes podem viajar sozinhos dentro
do território nacional.

5. Sistema Valorativo do Direito da Criança e do Adolescente

A Lei Nacional da Adoção (Lei 12.010/2009) inseriu no artigo 100 do ECA, parágrafo único,
uma série de princípios, os quais em tese, sob o ponto de vista sistemático, deveriam servir
unicamente para orientar as medidas de proteção. Porém, a doutrina posicionou-se pela
aplicação a todo o sistema de proteção da criança e do adolescente.

Não obstante, os diversos princípios acrescidos ao ECA não foram adequadamente


sistematizados pelo legislador pátrio, motivo pelo qual adotamos a classificação do Professor
Humberto Ávila presente na obra Teoria dos Princípios, nos seguintes termos: em nosso
sistema jurídico há normas de primeiro grau (princípio - maior grau de abstração,
determinando uma finalidade a ser perseguida - e regras - determinam
comportamentos a serem observados -) e segundo grau (postulados normativos -
finalidade estruturante, determinam como princípios e regras devem ser aplicados - ).

Traçando um paralelo, assim como a supremacia do interesse público e a indisponibilidade


do interesse público são metaprincípios no Direito Administrativo, a proteção integral e a
prioridade absoluta são metaprincípios dos direitos da criança e do adolescente.

 Normas
 Postulado normativo
 Princípios
 Regras
Superior (melhor) interesse da criança e do adolescente: é o postulado normativo que
estrutura a aplicação de todo o direito da criança e do adolescente. É um juízo de ponderação
que se faz sempre que faltarem critérios para tanto dos princípios quanto das regras.

Dois princípios têm aplicação destacada (meta princípios):


a) Proteção integral. É reconhecido no art. 1 do ECA e implicitamente na CF.
Considera a criança e o adolescente como pessoas em estágio peculiar de
desenvolvimento.
b) Prioridade absoluta (art. 227 da CF). Estabelece uma prioridade de atendimento,
respeitando outros interesses igualmente legítimos.
Princípios derivados:

1) Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos.


2) Responsabilidade primária e solidária do poder público.
3) Privacidade.
4) Intervenção precoce. Deve-se agir de forma mais rápida em relação aos direitos das
crianças e dos adolescentes.
5) Intervenção mínima. De acordo com o estatuto, a atuação deve ser por meio de
órgãos especializados, como por exemplo, conselho tutelar e conselho de direitos.
6) Proporcionalidade e atualidade.
7) Responsabilidade parental.
8) Prevalência da família. Deve-se dar prioridade à família natural.
9) Obrigatoriedade da informação.
10) Oitiva obrigatória e participação.

6. Critérios de Interpretação (artigo 6º do ECA)

Fins sociais a que ele se destina


Exigências do bem comum
Direitos individuais e coletivos
Condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento

III. DIREITO À VIDA (ARTIGO 7º DO ECA)

Art. 7º, do ECA. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
e harmonioso, em condições dignas de existência.

1. Dimensões do Direito à Vida - José Afonso da Silva

a. Existência - direito de nascer e permanecer vivo

b. Integridade/dignidade - integridade física - que se subdivide em integridade corpórea


e integridade psíquica - e integridade moral

2. Proteção Jurídica do Embrião - pesquisas com células-tronco embrionárias (ADI


3510/2008)
Células-tronco têm por característica principal a capacidade de se transformar em qualquer
tecido do corpo humano e de se multiplicar, motivo pelo qual a ciência médica crê em sua
aptidão para a cura de doenças degenerativas e outras tantas consideradas incuráveis.
Podem ser adultas, quando já depositadas em tecidos do corpo humano, ou embrionárias,
isto é, extraídas dos embriões - organismo formado a partir da união do óvulo com o
espermatozoide.
-. Neste último caso, o embrião deixa de existir a partir da extração das células-tronco. Mais,
a ciência médica assevera que as células-tronco embrionárias são dotadas de maior
potencial de cura/regeneração.

Nesse contexto, questionou-se a legalidade da extração das células-tronco em contraposição


ao direito à vida, eis que, se considerado como um organismo vivo, seria digno de proteção
estatal.

Em 2005 foi editada então a Lei Nacional de Biossegurança, com o escopo de autorizar a
pesquisa com células-tronco embrionárias depositadas em clínicas de fertilização,
consideradas inviáveis ou ultrapassado o período de depósito seguro, sempre com a
concordância dos doadores do material genético. E, questionada a sua constitucionalidade
por meio da ADI 3510/2008, foi decidido pelo STF que, no que tange à existência, poderia
ser considerada uma violação ao direito à vida do embrião. No entanto, no tocante à
dimensão da integridade, deveria ser privilegiado o direito à vida das pessoas beneficiadas
com o tratamento viabilizado a partir de pesquisas realizadas com a extração de células-
tronco embrionárias. Em outros termos, entre a dimensão da existência, que protege o
embrião, e a dimensão da integridade física e psíquica das pessoas eventualmente
beneficiadas, deu-se preferência à segunda hipótese. Assim, a referida ADI foi julgada
improcedente.

3. Aborto e antecipação terapêutica de parto de feto anencéfalo (ADPF 54/2012)

Em duas situações o Código Penal brasileiro autoriza a interrupção da gestação, isto é, no


aborto necessário, quando em risco a vida da gestante sobre o potencial de vida do feto, e no
aborto sentimental ou humanitário, em relação a mulheres vítimas de violência sexual.

De forma grosseira, pode-se afirmar que a anencefalia corresponde à ausência de cérebro;


tecnicamente se trata de um defeito de fechamento do tubo neural que inviabiliza a vida
extrauterina.

Em decorrência de diversos pedidos para antecipação terapêutica de parto, a questão chegou


até o Supremo Tribunal Federal com o questionamento se a interrupção da gestação deveria
ser punida como aborto. O pedido constante da ADPF 54 consistia na declaração de
inconstitucionalidade de qualquer interpretação que tipificasse a conduta como aborto
criminoso. E, nesse julgamento, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer
interpretação que levasse à criminalização da interrupção nos casos de anencefalia. Assim,
em apertada síntese, concluiu-se que o feto anencéfalo não goza da mesma proteção à vida
dada aos demais fetos, face à ausência de potencialidade de sobrevida.

Mais recentemente, em sede de controle difuso de constitucionalidade, por meio do HC


124.306 - Rio de Janeiro, o STF entendeu que a interrupção voluntária da gestação até o
terceiro mês - período no qual não está formado o córtex cerebral, fator que inviabiliza
a vida extrauterina - não deve ser tipificada como crime de aborto. Em outros termos,
concluiu-se que a referida conduta não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1998.
Nesse caso foi considerado além do direito em potencial do feto, a capacidade reprodutiva da
mulher e o direito ao planejamento familiar. Fala-se ainda na proteção da integridade
psíquica da mulher, eis que obrigá-la a manter a gestação de um feto anencéfalo, sem
possibilidade de sobrevivência extrauterina, é uma crueldade.

IV. DIREITO À SAÚDE - ARTIGOS 7º A 14 DO ECA

1. Direitos da Mãe/Gestante - Lei n. 13.257/2016

A chamada Lei da Primeira Infância protege não apenas a criança, mas também a
mãe/gestante. E, embora tenha procedido a diversas alterações no ECA, possui autonomia.

O ECA garante à mãe um atendimento integral, desde o período pré-natal até o pós-natal,
incluindo ainda o atendimento àquelas que pretendam entregar a criança à adoção (direito
ao parto anônimo).

Tem a mãe garantido ainda o direito a um acompanhante no período pré-natal até


imediatamente após o parto, assim como o planejamento reprodutivo e o parto natural
cuidadoso - isto é, realizado preferencialmente de modo natural -. O Brasil é um dos
recordistas mundiais na realização de partos prematuros por meio de cesáreas.

Artigo 8º, § 2o, do ECA: Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua
vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto,
garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).

Artigo 8º, § 8º, do ECA: A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a
gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

2. Obrigações dos Estabelecimentos de Saúde

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e


particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo
prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da
impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências
do parto e do desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

3. Direitos das Crianças


a. Atendimento integral
b. SUS e assistência odontológica
c. Vacinação
d. Medicamentos e próteses
e. Direito a acompanhante à criança ou adolescente internado
V. Que maus tratos sejam comunicados ao Conselho Tutelar.
VI. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE - ARTIGOS 15 A 18 DO ECA.

1. Direitos Especiais: o lúdico e a brincadeira

2. Toque de Recolher

Foram instituídos em alguns municípios, em especial do Estado de São Paulo - Exs.: Cajuru e
Fernandópolis -, portarias editadas por magistrados e leis municipais estabelecendo o
toque de recolher, com determinação de horário e idade da criança/adolescente,
restringindo o direito de ir e vir desacompanhado nas vias públicas, sob pena de apreensão
pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos públicos locais, e encaminhamento aos pais ou
responsáveis.

Diversas decisões foram exaradas no sentido de que tais portarias e leis municipais violavam
a liberdade e o direito de ir e vir das crianças e adolescentes, bem como extrapolavam o
direito de os juízes emitirem portarias restringindo a frequência em relação a lugares e
crianças/adolescentes determinados, isto é, eram por demais genéricas.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS. TOQUE DE RECOLHER.


SUPERVENIÊNCIA DO JULGAMENTO DO MÉRITO. SUPERAÇÃO DA SÚMULA 691/STF.
NORMA DE CARÁTER GENÉRICO E ABSTRATO. ILEGALIDADE. ORDEM CONCEDIDA.
1. Trata-se de Habeas Corpus Coletivo "em favor das crianças e adolescentes domiciliados
ou que se encontrem em caráter transitório dentro dos limites da Comarca de Cajuru-SP"
contra decisão liminar em idêntico remédio proferida pela Câmara Especial do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo.
2. Narra-se que a Juíza da Vara de Infância e Juventude de Cajuru editou a Portaria
01/2011, que criaria um "toque de recolher", correspondente à determinação de
recolhimento, nas ruas, de crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou
responsáveis: a) após as 23 horas, b) em locais próximos a prostíbulos e pontos de vendas de
drogas e c) na companhia de adultos que estejam consumindo bebidas alcoólicas. A
mencionada portaria também determina o recolhimento dos menores que, mesmo
acompanhados de seus pais ou responsáveis, sejam flagrados consumindo álcool ou estejam
na presença de adultos que estejam usando entorpecentes.
3. O primeiro HC, impetrado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, teve sua
liminar indeferida e, posteriormente, foi rejeitado pelo mérito.
4. Preliminarmente, "o óbice da Súmula 691 do STF resta superado se comprovada a
superveniência de julgamento do mérito do habeas corpus originário e o acórdão proferido
contiver fundamentação que, em contraposição ao exposto na impetração, faz suficientemente
as vezes de ato coator (...)" (HC 144.104/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe2.8.2010; cfr. Ainda HC
68.706/MS, Sexta Turma, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe 17.8.2009 e HC
103.742/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 7.12.2009).
5. No mérito, o exame dos considerandos da Portaria 01/2011 revela preocupação
genérica, expressa a partir do "número de denúncias formais e informais sobre situações de
risco de crianças e adolescentes pela cidade, especificamente daqueles que permanecem nas
ruas durante a noite e madrugada, expostos, entre outros, ao oferecimento de drogas ilícitas,
prostituição, vandalismos e à própria influência deletéria de pessoas voltadas à prática de
crimes".
6. A despeito das legítimas preocupações da autoridade coatora com as contribuições
necessárias do Poder Judiciário para a garantia de dignidade, de proteção integral e de
direitos fundamentais da criança e do adolescente, é p reciso delimitar o poder
normativo
da autoridade judiciária estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em cotejo com
a competência do Poder Legislativo sobre a matéria.
7. A portaria em questão ultrapassou os limites dos poderes normativos previstos no
art.
149 do ECA. "Ela contém normas de caráter geral e abstrato, a vigorar por prazo
indeterminado, a respeito de condutas a serem observadas por pais, pelos menores,
acompanhados ou não, e por terceiros, sob cominação de penalidades nela estabelecidas"
(REsp 1046350/RJ, Primeira Turma, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 24.9.2009).
8. Habeas Corpus concedido para declarar a ilegalidade da Portaria 01/2011 da Vara da
Infância e Juventude da Comarca de Cajuru.
(STJ - HC: 207720 SP 2011/0119686-3, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data
de Julgamento: 01/12/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/02/2012)

3. “Rolezinho”

Em julgamento emitido pelo STJ, no bojo de HC impetrado pela Defensoria Pública do Estado
de São Paulo, a ordem foi conhecida de ofício para a anulação da portaria editada pelo juiz da
infância de Ribeirão Preto, a qual proibia crianças e adolescentes, a partir de certa idade, a
frequência desacompanhada aos shoppings centers locais, sob o argumento de violação
frontal ao direito de liberdade de ir e vir, bem como em função do preconceito em relação
àqueles que não possuíam condições financeiras para usufruir de outras formas de lazer,
diversão e brincadeiras.

Aula 02

V. DIREITO À LIBERDADE AO RESPEITO E À DIGNIDADE (ARTS. 15 A 18 DO ECA)

3. Integridade física, psíquica e moral, com proteção à imagem, identidade,


autonomia, valores, ideias, crenças, espaço e objetos pessoais.

Essa proteção decorre da previsão do art. 5º da CF que protege a integridade física, psíquica e
moral, a imagem, etc.

a) Veiculação de imagem e de nome em meio de comunicação: hoje é vedada


inclusive a veiculação de iniciais dos adolescentes que possivelmente cometeram atos
infracionais. Além disso, veda-se a exposição de imagens de crianças e adolescentes que são
vítimas.
Quando em colisão com os outros direitos fundamentais, cabe a ponderação entre os direitos
fundamentais, como a liberdade de informação.
“Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral
da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”

“DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DIREITOÀ INFORMAÇÃO E À DIGNIDADE.


VEICULAÇÃO DE IMAGENS CONSTRANGEDORAS. É vedada a veiculação de material
jornalístico com imagens que envolvam criança em situações vexatórias ou constrangedoras,
ainda que não se mostre o rosto da vitima. A exibição de imagens com cenas de espancamento
e de tortura praticados por adulto contra infante afronta a dignidade da criança exposta na
reportagem, como também de todas as crianças que estão sujeitas a sua exibição. O direito
constitucional à informação e à vedação da censura não é absoluto e cede passo, por juízo de
ponderação, a outros valores fundamentais também protegidos constitucionalmente, como a
proteção da imagem e da dignidade das crianças e dos adolescentes (arts. 5º, V, X, e 227 da
CF). Assim, esses direitos são restringidos por lei para a proteção dos direitos da infância,
conforme os arts. 15, 17 e 18 do ECA. (STJ. REsp 509.968-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 6/12/2012).

Questão: o ECA abrange a proteção ao trabalho e a profissionalização, mas não disciplina essa
questão junto ao direito à liberdade, ao respeito e à dignidade.

b) Abuso sexual e pedofilia

Predomina a classificação segundo a qual o abuso sexual se subdivide em violência e


exploração. A violência sexual é o ato mediante força física, ou artifício ardiloso, implica em
um ato abusivo contra criança ou adolescente. São especialmente os crimes de natureza
sexual.
A exploração não necessariamente há a violação à integridade corporal da criança e do
adolescente, na maioria das vezes há exploração da imagem. É o que ocorre quando são
tiradas fotografias de crianças e adolescentes.

Observação: a pornografia e a pedofilia se distinguem, pois a primeira é uma forma de


exploração em face de criança e adolescente, se traduz em prática de abuso sexual. A pedofilia,
por sua vez, não necessariamente desencadeia uma prática abusiva, ela é um distúrbio
segundo o qual adultos sentem atração sexual por crianças e adolescentes, e pode não se
traduzir em prática. Importante perceber que pode ser que um indivíduo que não seja
pedófilo pratique atos abusivos com relação a criança e adolescente.

c) Bullying (Lei 13.185/2015): A lei institui o Programa de Combate à Intimidação


Sistemática.

As características da prática são:


- Ato de violência física ou psíquica: a violência psíquica pode ocorrer, por exemplo, com
o isolamento proposital da vítima;
- intencional e repetitivo;
- sem motivo evidente: a violência geralmente ocorre por ter a vítima um padrão
comportamental ou características destoantes da maioria;
- por indivíduo ou grupo;
- que causa dor ou angústia;
- em relação de desequilíbrio de poder entre as partes.
É necessário conjugar todos esses elementos para configurar o bullying.

Bullying” vem do inglês, e significa acossar, violentar, intimidar. A pessoa que realiza a
prática é chamada de bully.

O bullying pode vir a ter repercussões em outras áreas do direito. Quando, por exemplo,
causar uma lesão corporal, pode se configurar ato infracional se o praticante for menor de
idade, levando à aplicação de uma medida sócio-educativa.

O objetivo da Lei foi trazer à luz essa prática para que, por meio de políticas públicas
direcionadas, se consiga alcançar uma melhoria no combate ao bullying.

d) Lei Menino Bernardo (Lei 13.010/2014): também denominada “Lei da palmada”. Tem
o objetivo de alertar para necessidade de se ouvir crianças e adolescentes com relação a atos
de violência praticada, sobretudo, em casa. É uma questão polemica, pois se refere à
interferência do Estado nas relações familiares, no âmbito da vida privada.

Lei veda:
- Castigo físico: é toda conduta que gere sofrimento físico ou lesão.
- Tratamento cruel ou degradante: é toda conduta que humilhe, ameace gravemente ou
ridicularize criança e adolescente.

O castigo físico e o tratamento cruel e degradante, não são aceitáveis como recurso para
correção, educação e disciplina de crianças e adolescentes.

Qual é a consequência mediante a constatação de um castigo físico ou tratamento cruel


de criança e adolescente? Os pais podem ser punidos, mas mesmo antes da lei já poderiam.
Se praticassem ato de castigo físico que gerasse lesão corporal, já poderiam ser
responsabilizados.
A Lei menino Bernardo cria uma série de medidas de proteção a serem adotadas quando da
evidência de tratamento cruel ou degradante dos pais contra seus filhos, que oferecem
orientação a pais e familiares. Exemplo: encaminhamento para programa de orientação e
apoio a familiar, encaminhamento para tratamento médico etc.

A medida mais grave prevista pela Lei 13.010 é advertência, se as condutas não configurarem
ilícitos penais. Essas medidas são aplicadas pelo Conselho Tutelar. Toda a gestão da Lei ocorre
fora do Poder Judiciário.

O CC já previa a perda do poder familiar com base na ideia de castigo imoderado. A lei menino
Bernardo cria um microssistema de proteção em face de castigos físicos e tratamentos cruéis
e degradantes, e possibilita a hipótese de perda de poder familiar não apenas com base na
ideia de castigo imoderado, mas de qualquer castigo físico e tratamento cruel e degradante. É
a ideia de proibição absoluta do castigo físico, ainda que possa ser considerado moderado.

VI. DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (ARTS. 53 A 59 DO


ECA)
Trata-se dos direitos sociais, os quais integram a segunda geração de direitos fundamentais,
estes exigem prestações positivas do Estado, a intervenção do Estado na vida das pessoas
para garantir o mínimo de igualdade diante de relações sociais desiguais (art. 6º da CF).

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

A implementação desses direitos se dá por meio de políticas públicas, sendo responsáveis por
essa implementação, na maioria dos casos, todos os entes federativos em solidariedade.

1. Direitos sociais e políticas públicas

O direito à educação deve ser estudado à luz da CF (mudanças trazidas especialmente pela EC
nº 59), da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e do ECA (fonte menos atualizada).

2. Educação básica e educação superior

a) Educação básica subdivide-se em:


- educação infantil (creche, até os 3 anos e pré-escola, até os 5 anos) com atuação dos
municípios;
- ensino fundamental (1º a 9º ano, até os 14 anos), com atuação do município e estado;
- ensino médio (3 anos de duração, até os 17 anos), com atuação dos estados.

b) Educação superior: cursos superiores, tecnólogos, etc. Com atuação da União.

3. Judicialização, discricionariedade, reserva do possível (STJ – Resp 1.185.474 –


2010, Min. Humberto Martins), mínimo existencial, creches e o STF (RE 436.996 – 2005 –
Rel. Min. Celso de Mello).

O Poder Judiciário tem se tornado protagonista da implementação de políticas públicas,


determinando a realização de direitos sociais. Fundamenta-se no neopositivismo, no
neoconstitucionalismo, em tratados internacionais de direitos humanos, etc.

• Argumentos contrários:

- Princípio da separação ou tripartição de poderes. Normalmente quem implementa políticas


públicas é o executivo, com base na legislação criada, como função típica, pelo legislativo. O
papel do judiciário, portanto, é o de fiscalizar a realização desses direitos.
Com base nisso, não seria razoável que o judiciário substituísse a função do executivo de
implementação das políticas públicas.

- Ao determinar a realização de determinada política, o judiciário está interferindo sobre a


discricionariedade administrativa, que é a possibilidade de o administrador optar por realizar
determinada política pública em detrimento de outra, alocando os recursos conforme juízo de
conveniência e oportunidade.

- A reserva do possível: ideia segundo a qual as decisões relacionadas à implementação de


políticas públicas tem uma limitação fática, que é a limitação de recursos disponíveis.

• Argumentos favoráveis

- A necessidade de garantir a dignidade da pessoa humana, como um princípio regente da


ordem constitucional, que exige que todos os direitos fundamentais sejam efetivados.

- Além disso, o Estado deve garantir o mínimo existencial, o mínimo de direitos que garanta a
dignidade aos indivíduos.

- Normatividade da Constituição: aquilo que a CF prevê deve ser implementado.

4. Critério do Georreferenciamento (Resp 1.175.445 – 2010 – Rel. Min. Eliana Calmon)

Determina que as crianças tem o direito de estudar em escolas próximas ao seu local de
residência. Nesse julgado foi analisado se a criança teria o direito de continuar estudando em
escola que se tornou mais distante de sua residência em referência a outra. Conforme decisão,
não se trata de um direito absoluto, mas é um direito subjetivo da criança.

5. Crianças com deficiência

Atualmente há uma concepção humanística em relação às pessoas com deficiências,


predominando a ideia de que não são estas que devem se adaptar à sociedade, mas a
sociedade que deve ser adaptar a elas. Com relação às crianças com deficiência, elas devem
ser matriculadas, preferencialmente, na rede regular de ensino. Se for considerado razoável
para a criança, e ela quiser, a escola tem a obrigação de aceitá-la.

6. Dever dos pais matricularem seus filhos

O ECA prevê expressamente o dever dos pais matricularem seus filhos na escola. O debate
envolvendo a educação domiciliar – homeschooling – chegou ao STF em 2015 (RE 888.815 -
2015 – Rel. Min. Roberto Barroso – Repercussão geral).
Há decisões conflitantes a respeito, mas aguarda-se a resolução do STF.

7. Deveres dos dirigentes comunicarem maus tratos ao conselho tutelar

Os dirigentes dos estabelecimentos educacionais tem o dever de comunicar eventuais maus-


tratos percebidos relativamente a crianças e adolescentes aos conselhos tutelares.

VII. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO (ARTS. 60 A 69 DO ECA)

Essa matéria deve ser estudada à luz das disposições presentes na CF, na CLT e na Lei de
Diretrizes e Bases da educação (LDB).

1. Idade para o trabalho: a CF prevê no art. 7, XXXIII a idade mínima para o trabalho de
16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.

2. Trabalho proibido: considera-se trabalho proibido todo aquele que viole alguma
norma da CF, CLT ou LDB, assim como dos tratados internacionais, e das demais normas
infraconstitucionais. É considerado trabalho proibido todo aquele desempenhado por menor
de 16 anos e, entre 16 e 18 anos, todo aquele que for perigoso, insalubre ou noturno. Trabalho
infantil é o mesmo que trabalho ilícito, proibido.

3. Formas lícitas:

- Aprendizagem: se constitui pela formação técnico-profissional metódica. O grande objetivo


da aprendizagem é formar técnica e profissional o adolescente a partir de técnicas de trabalho
ensinadas por meio de ferramentas pedagógicas.

- Estágio: se configura como ato educativo escolar supervisionado. Tem regramento


totalmente próprio. Não é registrada sob contrato de trabalho, mas de termo de compromisso.
O estágio obrigatório é aquele que o individuo precisa cumprir para concluir alguma etapa da
sua educação formal, é um elemento do projeto pedagógico.
O estágio não obrigatório é aquele que não é necessário para que o indivíduo conclua a etapa
educacional. Quanto à remuneração, sendo o estágio obrigatório, não há obrigatoriedade de
pagamento da atividade; se, do contrário, o estágio não for obrigatório, é obrigatório que seja
concedida remuneração.

- Trabalho educativo: é aquele em que as exigências pedagógicas prevalecem ao


aspecto produtivo. Há previsão no ECA, mas não há coesão na doutrina quanto ao
entendimento de sua natureza, etc.
Exemplo: criança que ensaia com orquestra. Prioritariamente ela está aprendendo a profissão,
e apenas em caráter eventual haverá apresentação, quando os lucros serão divididos entre os
membros da orquestra.

- Trabalho normal: trabalho que não se enquadra nas hipóteses anteriores. Para
criança não é lícito o trabalho normal. Apenas para adolescentes a partir dos 16 anos pode
haver trabalho normal, respeitadas as vedações legais.

VIII. PREVENÇÃO E AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM (ARTS. 70 A 85 DO ECA)

Existe uma política de prevenção em face daquilo que é exposto para crianças e adolescentes,
apesar da vedação constitucional à censura.

1. Diversões e espetáculos públicos


2. Rádio e TV
3. Publicações e vídeos

4. Classificação indicativa e infração administrativa do art. 254 do ECA “Proibição de


transmissão em horário diverso do autorizado”.
A classificação indicativa é constitucional, não se confunde com censura, segundo
entendimento do STF. Apesar da classificação, as mensagens artísticas serão veiculadas.
No ECA há um dispositivo que aduz que em horário próprio para transmissão de conteúdo
voltado a crianças e adolescentes, não se pode transmitir conteúdo inadequado a essa faixa
etária. E há uma infração administrativa que permite, inclusive, a proibição da transmissão
(art. 254 do ECA). O STF decidiu que essa infração é inconstitucional, pois proibir a
transmissão equivaleria a censura (STF – ADI 2.404 – 2016, Rel. Min. Dias Toffoli).

“Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado
ou sem aviso de sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois
dias.”

5. Produtos Proibidos
- Bebidas alcoólicas (Lei 13.106/2015 – alterou o art. 243 do ECA e revogou o art. 63 da LCP).
Havia contradição entre os crimes previstos pelo ECA e previsão da LCP, pois o primeiro se
referia apenas a oferecimento de substância que cause dependência, enquanto o segundo
mencionava expressamente o oferecimento de bebida alcoólica.
A Lei 13.106 revogou o art. 63 da LCP e alterou o ECA para incluir expressamente a bebida
alcoólica.

6. Hospedagem: somente podem se hospedar em hotéis, motéis, etc. crianças e adolescentes


acompanhados por um dos pais ou por maiores expressamente autorizados.

IX. VIAGENS NACIONAIS/DOMÉSTICAS (ART. 83 DO ECA)

1. Adolescentes

Adolescentes em viagens domésticas podem circular livremente, desacompanhadas e sem


necessidade de expressa autorização.

2. Crianças

a) Desacompanhada com autorização judicial;


b) com autorização expressa de pelo menos um dos pais;
c) sem autorização, para comarca contígua, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
na mesma região metropolitana;
d) Acompanhadas de ao menos um dos pais ou responsável;
e) Acompanhadas de ascendente ou colateral maior até o terceiro grau (com documentação
comprovando o vínculo) ou de adulto expressamente autorizado por um dos pais.

- Ascendente ou colateral é parente, para quem basta autorização documental.


- Quando se tratar de não parente, exige-se a documentação de autorização.

Observação: não podem se hospedar sem autorização expressa ou presença de ao menos um


dos pais (ainda que acompanhados de parente maior).

“Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada
dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o
parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização
válida por dois anos.”

X. VIAGENS INTERNACIONAIS/AO EXTERIOR (ART. 84 DO ECA C.C. RESOLUÇÃO 131


DO CNJ)

Para viagens internacionais ou ao exterior o tratamento de crianças e adolescentes é o


mesmo.

a) Desacompanhados, com autorização judicial.


b) Desacompanhados, com autorização de ambos os pais por documento com firma
reconhecida por semelhança. Essa hipótese foi prevista pela Resolução 131 do CNJ.
Se apenas um dos pais estiver disposto a autorizar, deve ser buscado o suprimento judicial.
c) Acompanhado de ambos os pais.
d) Na presença de um dos pais com autorização expressa do outro.
e) Acompanhados de terceiros maiores e capazes com autorização de ambos os pais por
documento com firma reconhecida.

Recentemente foi editada normativa da ANAC prevendo que os adolescentes só poderão


embarcar munidos de documento de identidade, não sendo mais possível o embarque com a
Certidão de Nascimento.

Se houver violação a essas regras, estará configurada infração administrativa à luz do ECA.

“Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou


adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de
documento com firma reconhecida.”

 Aula 03

IX. Direito à convivência familiar e comunitária (ECA, art. 19 a 52-D)

1. Famílias na CF, no ECA e Lei n. 12.010/09

A CF considera a família a base da sociedade (CF, art. 226) e traz um rol de formas familiares:

 Família formal: decorrente do casamento.


 Família informal: decorrente da união estável.
 Família monoparental: formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

O rol de famílias da CF, art. 226 é taxativo ou exemplificativo? Cf. o STF e a doutrina
majoritária: o rol é exemplificativo. Há um princípio implícito na CF, art. 226: o princípio da
pluralidade das famílias. Não é papel da Constituição enumerar taxativamente as espécies
de formação familiar. Outro argumento: evolução constante da sociedade e rigidez
constitucional.

Cf. parcela doutrinária do Direito de Família, as famílias não devem estar arroladas na CF e
na legislação infraconstitucional. As famílias devem se nortear por dois critérios (valores):

a) Eudemonismo: busca por felicidade.

b) Socioafetividade: amor/cuidado.

Relação dos valores doutrinários com o ECA e o direito à convivência familiar: a Lei n.
12.010/09 (Lei Nacional da Adoção) operou algumas mudanças no Estatuto, dentre as
quais a inserção dos elementos “afinidade” e “afetividade”. Tais elementos estão presentes,
p. ex., na definição de família extensa ou ampliada e na adoção pleiteada por ex-cônjuges ou
ex-companheiros. Cf. parcela doutrinária, a afinidade e a afetividade correspondem ao
eudemonismo e à afetividade, respectivamente.

2. Jurisprudência

STF: famílias da CF, art. 226 e o princípio do pluralismo das entidades familiares – ADPF n.
132/ADI n. 4277 (Rel. Min. Ayres Britto).

Reconhecimento da constitucionalidade da união estável homoafetiva: o rol de famílias da


CF, art. 226 é exemplificativo.

3. Famílias no ECA (classificação trinaria)

a) Família natural: é aquela cuja origem é biológica – conceito clássico. No entanto,


sustenta-se que é possível a criação de uma família formal que não tenha origem biológica.
Assim, contemporaneamente, sustenta-se que a família natural é a família definitiva da
criança – fundada em um vínculo de filiação biológico ou civil (adoção, reconhecimento de
paternidade socioafetiva). P. ex.: em regra, a família é adotiva enquanto a adoção está sendo
processada. Após, a família deixa de ser chamada de adotiva e passa a ser natural (ânimo de
definitividade).

b) Família extensa/ampliada (Lei n. 12.010/09): é aquela que vai além da unidade pais e
filhos/da unidade do casal, englobando parentes com os quais a criança e o adolescente e
mantêm vínculos de afinidade a afetividade e convivem.

Observações:

 A família extensa é distinta da “grande família” do Direito Civil.


 A família extensa goza de alguns privilégios. P. ex.: realocação da criança ou
adolescente, preferencialmente, na família extensa, após ser afastado da família
natural.
 Ausência de vínculos de afinidade e afetividade e convivência: “grande família”.

c) Família substituta: é aquele que tem lugar toda vez que não houver exercício de poder
familiar ou que o exercício do poder familiar esteja ocorrendo de forma deficiente. Cf. o ECA
há três modalidades de família substituta: guarda, tutela e adoção.

4. A lógica da convivência familiar e comunitária

I) Regra: manutenção da criança e do adolescente junto à família natural.

II) Exceção: retirada temporária da criança ou do adolescente com encaminhamento para:


Observação n. 1: sendo necessário o afastamento da família natural: o afastamento deve ser
sempre temporário, em um primeiro momento. Em outras palavras, sendo impossível ou
desaconselhável a permanência da criança ou do adolescente com a sua família natural
ocorre, inicialmente, afastamento temporário – em situação de risco, p. ex. Ordem a ser
respeitada:

a) Família extensa ou ampliada, sob guarda ou tutela-portanto, a família extensa não


exclui a família natural. Para utilizá-la é necessária a formalização por meio da guarda ou
tutela.

b) Terceiros, sob guarda ou tutela, os quais convivam e mantenham, com a criança ou


adolescente, vínculos de afinidade e afetividade com o intuito de minorar as consequências
do afastamento temporal. P. ex.: vizinho.
Observação: preferência ao terceiro com vínculos com a criança ou adolescente em
detrimento de parente civil sem os referidos vínculos.

c) Acolhimento familiar (Lei n. 12.010/09). O acolhimento familiar possui natureza


jurídica de medida de proteção. Para o Estatuto, a medida de proteção deve ser aplicada em
razão de situação de risco. No acolhimento, a criança ou o adolescente vai conviver com
algumas pessoas por um determinado período.

Observação: as pessoas não terão o direito de adotá-la (não é atalho à adoção). As famílias
acolhedoras inscrevem-se em um programa de acolhimento familiar e preparam-se para
exercê-la. Desde o momento em que a criança ou adolescente é afastado da família natural
deve-se buscar a recomposição do núcleo familiar por meio de, p. ex., o acompanhamento
dos pais – ações do Estado.
d) Acolhimento institucional: são entidades que recebem crianças e adolescentes
afastados do convívio familiar. Razão pela qual o acolhimento ocupa a última posição:
ausência do elemento socializador família – evitar o estigma da institucionalização.

III) Devem ser realizadas reavaliações a cada seis meses, até dois anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao superior interesse da criança ou adolescente

Após o prazo de dois anos será analisada a possibilidade da criança retornar à família natural,
ou se seguirá outro caminho. Esse prazo de dois anos somente será prorrogado se houver
algum motivo que atenda ao superior interesse da criança e do adolescente.

IV. Definição – esgotamento do prazo.

a) Retorno à família natural: reestabelecimento da rigidez do lar.

Observação n. 1: ECA, art. 19: recebeu nova redação por meio da Lei n. 13.257/16.
Anteriormente, previa-se: “ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes”. Tal disposição estigmatizava tais pessoas, além de expressar a
ineficácia do Estado em relação à proteção ao direito de convivência familiar e comunitária.

b) Permanência junto à família extensa

c) Adoção: a adoção hoje é medida excepcional.

d) Acolhimento institucional – preferencialmente em programa de apadrinhamento.

5. Poder familiar

Poder familiar é a autoridade/prerrogativa que se exerce em face de criança e adolescente e


que implica nos deveres de guarda, sustento e educação.

I) Isonomia entre gêneros

O poder familiar era denominado de “pátrio poder” - a Lei n. 12.010/09 substituiu a


expressão “pátrio poder” por “poder familiar” no Estatuto.

II) Falta de recursos materiais

A falta de recursos materiais não é razão suficiente para determinar a perda ou a suspensão
do poder familiar. O Estado não deve punir a pobreza, mas, sim, contribuir para que a
família mantenha-se hígida.

CF, art. 3º, III: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

III) Alienação parental (Lei n. 12.318/10)

A alienação parental é a alienação dos pais, uma interferência na formação psicológica de uma
criança ou de um adolescente para que ela repudie um dos pais.
Lei n. 12.318/10, art. 2º: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psícológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim
declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da
criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós”.

A alienação interfere no exercício do poder familiar, na medida em que há uma ação dos pais
que repercute nos deveres de guarda, sustento e educação. Em casos extremos, é possível até
mesmo a suspensão ou a destituição do poder familiar.

P. ex.: Lei n. 12.318/10, art. 6º, VII.

6. Famílias substitutas

a) Critérios para se buscar uma família substituta: convivência, afinidade e afetividade.

b) Igualdade entre filhos: CF, art. 227, § 6º: ”Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”. No mesmo sentido: ECA, art. 20.

c) Manutenção dos grupos de irmãos: ECA, art. 28, § 4º: “Os grupos de irmãos serão
colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
definitivo dos vínculos fraternais”.

d) Proteção gradativa e acompanhamento posterior

e) Termo de compromisso nos autos do processo que determine a guarda, a tutela ou a


adoção.

f) Não transferência a terceiros

g) Se a família for estrangeira, somente por adoção


7. Guarda (ECA, arts. 33 a 35)

Definição legal: ECA, art. 33, § 1º: “A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de
adoção por estrangeiros”. “Regularizar a posse de fato”: estar oficial e judicialmente
responsável pela guarda da criança ou adolescente.

A guarda é a modalidade mais frágil/ simples de família substituta.

a) Conceito – provisória/incidental ou autônoma/”definitiva”

Normalmente, a guarda é concedida provisória ou incidentalmente no curso de um


processo de tutela ou de adoção, mas é possível que exista uma guarda autônoma ou
permanente.

Enquanto discutem-se as medidas relacionadas às crianças e aos adolescentes é comum a


guarda provisória – ocorre, p. ex. em ações de família.

A essência da a guarda é a provisoriedade em razão da natureza de família substituta. No


entanto, em determinadas ocasiões, perdura por prazo indeterminado (“definitiva”). P. ex:
criança órfã, a qual conviverá com a avó – a guarda perdurará até a maioridade, p. ex.

Distinção:

 Presença dos pais com condição de exercer o poder familiar: guarda conjunta. No
entanto, em razão do divórcio, p. ex., há discussão sobre a guarda – a guarda possui
natureza de dever decorrente do poder familiar.
 Guarda como modalidade autônoma de família substituta. Ou seja, a guarda torna-se
autônoma em razão da impossibilidade de os membros da família natural exercer o
poder família sob a criança ou adolescente.

b) Deveres: guardiões possuem o dever de assistir a criança ou o adolescente em relação à


educação, à moral e à assistência material.

c) Poderes: guardiões possuem o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais – a


guarda não pressupõe a suspensão ou a perda do poder familiar.

d) Dependência para todos os fins, inclusive previdenciários: ECA x Lei Geral da


Previdência Social

Antinomia aparente entre o Estatuto e a Lei Geral de Previdência Social

Observação n. 1: “guarda fraudulenta”: fins exclusivamente previdenciários.

Jurisprudência:
e) Direito de visita e alimentos pelos pais “naturais”

Enquanto o poder familiar existir (estando suspenso ou não) permanece o direito de visita
e o dever de pagar alimentos.

f) Guarda compartilhada

Consiste em uma responsabilidade simultânea em relação à criança e ao adolescente.

Atualmente, a guarda compartilhada é a regra. Inclusive, havendo divergência entre os pais,


deve ser determinada a guarda compartilhada.

Observação n. 1: a guarda compartilhada está relacionada ao dever decorrente do exercício


do poder familiar e não com a guarda modalidade de família substituta.

g) Guarda “avoenga”

Guarda avoenga é a guarda exercida por avós.

8. Tutela (ECA, art. 36 a 38)

a) Conceito
Tutela é a modalidade de família substituta que implica no dever de guarda e autoriza, em
regra, a representação dos interesses da criança e do adolescente.

A tutela, diferentemente da guarda, pressupõe a suspensão ou a destituição do poder


familiar.

b) Poderes: poder de representar os interesses da criança e do adolescente.

c) Dever de guarda mais direito de representação

d) Especialização de hipoteca legal e caução:

Antigamente, para que fosse possível o exercício da tutela exigia-se uma especialização de
hipoteca legal – garantia de gestão do patrimônio. Atualmente, a especialização de hipoteca
legal foi substituída por eventual necessidade de prestação de caução.

e) Tutela testamentária e controle judicial em trinta em dias


A disposição testamentária sobre a tutela de uma criança ou um adolescente deve ser
cumprida? Não. O juiz avaliará se essa disposição atende ao superior interesse da criança –
controle judicial do ato em até trinta dias.

9. Adoção (ECA, arts. 39 a 52)

a) Conceito

A adoção é a modalidade de família substituta que estabelece um vínculo de filiação.

b) Espécies

 Quanto ao rompimento do vínculo anterior:

 Unilateral: pressupõe o rompimento de um vínculo anterior.


 Bilateral: pressupõe o rompimento de dois vínculos anteriores.

 Quanto à formação do novo vínculo:

 Singular: formação de um novo vínculo.


 Conjunta: formação de dois novos vínculos.

Observação: regra: casadas ou conviver em união estável.

c) Adoções especiais

I) Por ex-cônjuges ou ex-companheiros

Hipótese inserida pela Lei n. 12.010/09.

ECA, art. 42, § 4º: “Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem
adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e
que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não
detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão”.

II) Póstuma

ECA, art. 42, § 6º: “A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca
manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a
sentença.

III) Homoafetiva

Impulsionada em razão do reconhecimento da constitucionalidade da união estável


homoafetiva.

IV) Poliafetiva
Três ou mais pessoas como adotantes. Razões: o Estatuto não proíbe e valores regentes –
eudemonismo e socioafetividade.

d) Características

I) Constituída por ato personalíssimo

ECA, art. 39, § 2º: “É vedada a adoção por procuração”.

II) Excepcional

ECA, art. 39, § 1º: “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei”.

III) Irrevogável

ECA, art. 39, § 1º: “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei”.

IV) Incaducável

ECA, art. 49: “A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais”.

V) Plena

A adoção rompe com todos os vínculos anteriores relacionados com aquela criança. O que não
termina são os impedimentos matrimoniais.

ECA, art. 41: “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
impedimentos matrimoniais”.

VI) Constituída por sentença judicial

ECA, art. 47: “O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no
registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão”.

e) Requisitos objetivos

I) Idade

ECA, art. 42: “Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado
civil”.

ECA, art. 42, § 3º: “§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o
adotando”.
Observação: adoção conjunta: os dois adotantes devem possuir a idade mínima e diferença
mínima de idade? Predomina o entendimento que não – ao menos um deve possuir idade
mínima e diferença mínima de idade.

II) Consentimento dos pais/representantes ou destituição


Regra: ECA, art. 45: “A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal
do adotando”.

Exceção: ECA, art. 45, § 1º: “O consentimento será dispensado em relação à criança ou
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar”.

Observação: adoção multiparental/pluriparental/aditiva: é aquela que se dá com a inclusão


de novos pais adotivos sem a exclusão dos pais biológicos – exceção ao consentimento dos
pais/destituição do poder familiar.

III) Consentimento do adolescente

ECA, art. 45, § 2º: “Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também
necessário o seu consentimento”.

A criança será ouvida e considerada sua opinião, respeitado o seu estágio de


desenvolvimento – a criança não possui o dever de concordar ou não com a adoção,
diferentemente do adolescente.

IV) Estágio de convivência

ECA, art. 46: “A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do
caso”.

Questão n. 1: estágio de convivência é obrigatório? Em regra, sim. No entanto, pode ser


dispensado na adoção nacional e nunca pode ser dispensado na adoção internacional.

Questão n. 2: existe prazo para o estágio de convivência? Na adoção nacional, não. O juiz
fixa livremente. Na adoção internacional não existe prazo certo, mas existe prazo mínimo
de trinta dias e deve ser cumprido em território nacional.

No entanto, havendo guarda legal ou tutela, por tempo que demonstre o estabelecimento de
vínculos de afinidade e afetividade, poderá o juiz dispensar o estágio de convivência na
adoção nacional.

Observação n. 3: ECA, art. 46, § 2º: “A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
dispensa da realização do estágio de convivência”.
“Por si só”: se reunidos outros elementos poderá o juiz dispensar o estágio de convivência.

v) Prévio cadastramento
Regra: prévio cadastramento.

Exceções:

ECA, art. 50, § 13: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no
Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de
afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três)
anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços
de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei”.

Adoção pronta/personalíssima/”intuito personae”: é aquela feita por pessoas que não


estão previamente cadastrada – quebra a espinha dorsal da lógica do direito de convivência
familiar e comunitária implementada pelo Estatuto, de que adota quem está no cadastro. Na
prática existe um grande número de adoções personalíssimas, intuito personae. As
sentenças fundamentam no superior interesse da criança.

 Aula 04

IX. Direito à Convivência Familiar e Comunitária - Artigos 12 a 52-D do ECA


Adoção (artigos 39 a 52 do ECA)
e) Requisitos Subjetivos
f.1) Reais Vantagens - juízo de proporcionalidade ou de razoabilidade para a adoção.

f.2) Motivos Legítimos - o motivo deve ser legítimo observado o bem do menor.

f.3) Desejo de Filiação - tornar a criança filho.

f) Impedimentos
g1) Ascendentes não podem adotar os descedentes - Avós não podem adotar netos, em regra.
(Excepcional adoção por avós: STJ - Resp 1.448.969.Rel. Min. Moura Ribeiro. J. 21.10.2014)
g2) Irmãos - adoção tende a imitar a realidade biológica, não permitindo adoção entre irmãos.
g3) Tutor/Curador enquanto não prestadas as contas. A ideia é evitar que a adoção seja
implementada com finalidade econômica por parte do tutor.

(Cespe - Defensor Público - PR/ 2015) Julgue os itens a seguir, considerando o disposto
na CF e na legislação aplicável aos direitos da criança e do adolescente.
Considere que João e Lúcia, após o ajuizamento do pedido de adoção de uma criança,
tenham deixado de viver em união estável. Nesse caso, João e Lúcia ainda podem adotar
conjuntamente, se comprovado o vínculo de afinidade e afetividade de ambos com a
criança, desde que em regime de guarda compartilhada e o estágio de convivência da
criança com ambos adotantes tenha sido iniciado no período em que estavam juntos.
Gabarito: ERRADA
A guarda compartilhada não é pré requisito para que se possibilite a adoção por ex conjuge
ou ex companheiro. Ela será implementada sempre que for favorável aos interesses da
criança.
(Venesp - Juiz de Direito - MS/2015) A colocação em família substituta, nos termos dos
artigos 28 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente, far-se-á
(A) mediante apreciação, em grau crescente de importância, de condições sociais e
financeiras da família substituta e do grau de parentesco e da relação de afinidade e
afetividade de seus integrantes.
(B) após realização de perícia por equipe multidisciplinar, que emitirá laudo com atenção
ao estágio de desenvolvimento da criança e do adolescente e mediante seu consentimento
sobre a medida, que acondicionará a decisão do juiz.
(C) mediante o consentimento maior de 12 (doze) anos de idade, colhido em audiência.
(D) a partir da impossibilidade permanente - e não momentânea -, de a criança ou do
adolescente permanecer junto à sua família natural e mediante a três formas: guarda, tutela e
adoção.
(E) mediante comprovação de nacionalidade brasileira do requerente.

Gabarito: C
IX. Direito à Convivência Familiar e Comunitária - Artigos 19 a 52-D do ECA
9. Adoção Internacional (Artigos 52-A a 52-D do ECA)
 A adoção internacional caracteriza-se pela necessidade de retirar a criança do
território nacional para o território internacional, pode acontecer quando realizada por
brasileiro que more fora do território nacional.
a) Habilitação no país de acolhida (para onde a criança irá caso seja adotada)
b) Relatório pela autoridade competente
c) Comissões/Autoridades estaduais avaliam normativas dos países envolvidos (Do
adotante e do adotado);
d) Laudo de Habilitação e Cadastramento no país que a criança esteja
e) Estágio de convivência, no país da criança indicada ao menos por 30 dias
f) Sentença de adoção
g) Trânsito em julgado e saída para o país de acolhida.

10. Paternidade Socioafetiva e Multiparentalidade


STF. RE 898.060. Rel. Min. Luiz Fux. Tese na Recuperação geral 622, em 2016: ''A
paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento
do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos
próprios''.
 Não há hierarquia entre vínculos de parentesco. O vínculo biológico não é mais
importante do que o vínculo socio-afetivo e vice-versa. O mais importante é a realidade dos
fatos.

11.Paternidade Científica/Ascendência Genética


Toda criança tem o direito de conhecer a sua origem biológica, a sua ascendência genética. É
um direito da personalidade que não necessariamente exige a modificação do vínculo de
filiação. Por isso, após os dezoito anos, é a garantida ao adotado o acesso a todo o processo
de adoção depois da maioridade.
(MPE - SC - Promotor de Justiça - SC/2012) Sobre a adoção:
I. Não é possível, em nenhuma hipótese, a adoção em favor de candidato domiciliado no
Brasil não cadastrado previamente nos termos do Estatuto da criança e do adolescente.
II. Existe cláusula impeditiva da Lei 8.069/90 à adoção por irmão e pelos ascendentes do
adotado.
III. A morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais biológicos.
IV. O adotado tem direito de conhecer a sua origem biológica bem como obter acesso
irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais indicies, após
completar 18 (dezoito) anos.
V. Para fins do Estatuto da Criança e do Adolescente considera-se adoção internacional
exclusivamente aquela pleiteada por estrangeiro residente fora do Brasil.
a) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
b) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
c) Apenas as assertivas II, III e V estão corretas.
d) Apenas as assertivas II, IV e V estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas. Gabarito: A

X. Política de atendimento - Artigos 86 a 97 do ECA

1. Linhas da Política de Atendimento


a) Políticas sociais básicas
b) Assistência social básica em caráter supletivo - Todo os órgãos da assistência social.
c) Prevenção e atendimento médico e psicossocial
d) Localização de Desaparecidos - reencontro entre pais e filhos.
e) Prevenção ou abreviação do afastamento do convívio familiar - Manutenção da família.
f) Campanha de estímulo ao acolhimento sob guarda, e à adoção, especificamente inter-
racial, crianças mais velhas (adoção tardia) e adolescentes, com necessidade específicas de
saúde, com deficiências e grupos de irmãos.

2. Diretrizes da Política de Atendimento


a) Municipalização do atendimento - A CF
b) A criação dos conselhos de direitos (deliberativos e paritários) *Função de interesse
público relevante e não remunerada - ex.: gestão de fundos, cadastramento de entidades,
 Deliberativo - definem a destinação das verbas do orçamento da União, Estado e
Municípios para as políticas de infância.
 Paritários - metade são membros da sociedade civil e metade são membros do governo.
c) Criação de manutenção de Programas Específicos - Os programas desenvolvidos devem
ser criados especificamente para o atendimento das crianças e adolescentes.
d) Manutenção dos Fundos dos Conselhos (em especial para suprir aspectos prioritários e
emergenciais, já que políticas ordinárias devem ser supridas por dotações orçamentárias)
 Aspectos prioritários e emergências - as políticas básicas serão implementadas pelas
dotações orçamentárias.
e) Integração operacional de órgãos para apuração de ato infracional
f) Integração operacional de órgãos para acolhimento

a) Entidades de Atendimento
Regimes
i. Orientação e apoio sociofamiliar

ii. Apoio socioeducativo


iii. Colocação Familiar
iv. Acolhimento Institucional
v. Liberdade Assistida
iv. Semiliberdade Esses são regimes para quem cumpre medidas socioeducativas.
vii. Internação

 Apoio Socioeducativo x Medidas Socioeducativas - Na pratica o regime de apoio


socioeducativo não deve ser confundido com medida socioeducativa, não se aplica para
adolescentes que praticaram atos infracionais mas a todos os adolescentes que necessitam de
apoio.

b) Programas
i. Inscrições do CMDCA com reavaliações a cada 2 anos. Conselho municipal dos direitos da
criança e do adolescente.
ii. Entidades não governamentais devem se cadastrar no CMDCA (validade máxima 4 anos)

 Os programas devem ser desenvolvidos e aprovados pelo CMDCA que cuida da aprovação e
avaliação;
 Entidades não governamentais - cadastramento no CMDCA antes de desenvolver projetos
na área da infância. Os projetos de atendimento deverão ser inscritos posteriormente ao
cadastramento.
 Cadastro da entidade no CMDCA x Inscrição do projeto ou programa de atendimento no
CMDCA
c) Outras normas

i. Cada entidade é responsável por sua manutenção e execução de programas

ii. Poderão receber recursos públicos

iii. Dirigentes são equiparados a guardiões

iv. Dirigentes devem encaminhar relatório

v. Poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher criança ou adolescente sem


prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
horas ao Juiz da Vara da Infância e Juventude.

 Em regra o conselho Tutelar não pode retirar a criança do seio familiar sem uma
decisão judicial, salvo casos excepcionais.

XI. Conselho Tutelar – Artigos 131 a 140 do ECA

1. Participação popular e conceito


 A política de atendimento a infância deve contar com maior proximidade possível da
comunidade.
 Conceito: É um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional e encarregado pela
sociedade por zelar pelo cumprimento do direito das crianças e adolescentes.
2. Número de conselhos
* Resolução 170/2014 do Conanda: 1 a cada 100.000 habitantes (Atenção: recomendação).

 Os conselhos tutelares só existem nos municípios e regiões administrativas do DF.


No mínimo um conselho tutelar por município ou região administrativa do DF.
3. Composição dos conselhos
 São cinco conselheiros tutelares
 Dentro de cada conselho podem haver auxiliares.

4. Mandato: 4 anos + 1 recondução


 Os conselheiros passam por um processo de escolha
 Uma recondução mediante um novo processo de escolha.

5. Conselheiros
a) Requisitos

 Idade mínima - 21 anos


 Residir no município
 Comprovada idoneidade moral

b) Impedimentos

Ex.: Marido e mulher / Pai e Filhos/ Companheiro e companheira, etc.


 Ocorrem dentro do mesmo conselho, nada impede que marido e mulher por exemplo
atuem em conselhos diferentes.
c) Remuneração: obrigatória + recursos na Lei Orçamentária Municipal e do DF

 Os recursos para a remuneração dos conselheiros veem da Lei Orçamentária

d) Privilégios: serviço público relevante + presunção de idoneidade moral

 Comprovação de idoneidade moral - O que seria? O tema é controverso e nunca foi


explorado em concurso.

6. Processo de Escolha dos Conselheiros


a) Lei Municipal

 Previsto na legislação Municipal

b) Responsabilidade CMDCA

 Eleições de responsabilidade do CMDCA

c) Fiscalização do MP

 A fiscalização é de competência do Ministério Público.


 Voto, direto, secreto, universal e facultativo
 As eleições são unificadas nacionalmente e sempre um ano após as eleições
presidenciais (1º domingo de outubro)
 A posse um ano após as eleições.

Atenção: Nos municípios onde não existir conselho tutela quem exerce essa unção é o juiz
da vara da Infância e Juventude.
7. Atribuições
a) Atendimento básico aos direitos da criança e do adolescente

b) Requisição de serviços e certidões - pode determinar a realização de um serviço;

c) Assessoramento do Executivo - presta assessoramento ao executivo diante das demandas.


d) Representação diante de violação de direitos

 O conselho tutelar é o órgão mais próximo da tutela do direito das crianças e


adolescentes.

8. Papel da Lei Municipal: dia, hora e local de funcionamento dos CTs

9. Recursos para funcionamento: Lei Orçamentária Municipal


 Lei Municipal e Lei Orçamentária Municipal têm papel fundamental na manutenção dos
conselhos tutelares.

CONSELHOS TUTELARES CONSELHOS DE DIREITOS

1. Missão/Função Encarregado de zelar pelo Participa na formulação das


cumprimento dos direitos da políticas e no controle das ações
criança e do adolescente. em todos os níveis.

2. Presença nos Entes da Apenas nos Municípios e Em todos os Entes d


Federação Regiões Administrativa do DF Federação a

3. Composição 5 membros, eleitos pelo Número variável de membros,


povo, por voto direto e em composição paritária
facultativo, permitida uma (sociedade e governo) indicados
reeleição de acordo com a lei regente

4. Remuneração Obrigatória Vedada

(UFG – Defensor Público - GO/2014) Em relação aos conselhos estaduais e municipais dos
direitos da criança e do adolescente, às entidades governamentais e não governamentais e
aos conselhos tutelares entende-se que
(A) a função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos
direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e está
isenta de remuneração.
(B) as entidades governamentais são dispensadas de proceder à inscrição de seus
programas, especificando os regimes de atendimento junto ao conselho municipal dos
direitos da criança.
(C) os conselhos tutelares são órgãos temporários e subordinados, encarregados pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no
texto constitucional.
(D) o funcionamento das entidades não governamentais é condicionado ao registro junto ao
conselho estadual dos direitos da criança e do adolescente, que comunicará ao conselho
tutelar esse registro.
(E) a lei orçamentária estadual deverá prever os recursos necessários ao funcionamento
dos conselhos tutelares e de sua respectiva estruturação material e pedagógica.
Gabarito: A

(Vunesp – Juiz de Direito – MS/2015) Com relação à eleição dos Conselheiros Tutelares, é
correto afirmar que
(A) ocorre a cada 2 (dois) anos, em data unificada em todo o território nacional.
(B) todos aqueles que tiverem completado 18 (dezoito) anos poderão ser eleitos por voto
direto, secreto e facultativo.
(C) em caso de não possuírem residência fixa no Município, os candidatos devem
apresentar autorização do Juiz da Vara da Infância e da Juventude como condição de
elegibilidade.
(D) o processo para escolha será estabelecido por lei municipal e realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças, sob fiscalização do
Ministério Público.
(E) os candidatos devem possuir idoneidade moral e reputação ilibada, vedada a reeleição.
Gabarito: D

XII. Medidas de Proteção – Artigos 98 a 102 do ECA

1. Situação de Risco: direitos ameaçados ou violados – Art. 98

 Situação de risco - decorre de ação ou omissão do estado, dos pais e responsáveis ou


do próprio adolescente.
2. Aplicação Cumulativa ou Isolada, substituível a qualquer tempo

3. Necessidades Pedagógicas e Fortalecimentos dos Vínculos Familiares e


Comunitários
4. Medidas de Proteção em Espécie (Art. 101)

4.1. Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade

4.2. Orientação, apoio e acompanhamento temporários

4.3. Matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino


fundamental
4.4. Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família, da criança e do adolescente;
4.5. Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
4.6. Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento
a alcoólatras e toxicômanos;
4.7. Acolhimento institucional

4.7.1. Guia de acolhimento

4.7.2. Plano individual de atendimento pela equipe técnica

4.8. Inclusão em programa de acolhimento familiar 4.9.Colocação em família

substituta
XIII. Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis – Artigos 129 a 130 do ECA

 Em regra aplicáveis pelo conselho tutelar, e em alguns casos só podem ser aplicadas
pelo juiz.
1. Influência da Lei 12.010/09 e Medidas “Preferenciais”

2. Medidas em Espécie: (Aplicáveis pelo Conselho Tutelar e Juiz)

2.1. Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

2.2. Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a


alcoólatras e toxicômanos;
2.3. Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

2.4. Encaminhamento a cursos ou programas de orientação

2.5. Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e


aproveitamento escolar;
2.6. Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;

2.7. Advertência;

2.8. Perda da guarda (Só juiz);

2.9. Destituição da tutela (Só juiz);

2.10. Suspensão ou destituição do poder familiar (Só juiz).

3. Maus tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável:

a) autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do


agressor da moradia comum, além de fixar alimentos provisórios.

b) Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que


necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor.

(Cespe – Juiz de Direito – DFT/2014) Ao analisar autos de ação penal em curso, um


magistrado constatou que os filhos de um réu preso, de sete e nove anos de idade, não
estavam matriculados na escola.
Nessa situação hipotética,
a) o magistrado não pode adotar, de ofício, qualquer medida, já que a informação em apreço
é estranha ao processo criminal.
b) deve-se determinar vista dos autos ao MP, para que este se manifeste a respeito e adote
medidas de sua atribuição previstas no ECA.
c) cópias de peças pertinentes e suficientes à análise do caso devem ser encaminhadas ao
conselho tutelar da localidade de residência das crianças.
d) deve-se determinar a colocação das crianças em família substituta.
e) cópias de peças pertinentes e suficientes à análise do caso devem ser encaminhadas à
delegacia especial de proteção à criança e do adolescente.
Gabarito: C

XIV. Justiça da Infância e Juventude – Artigos 145 a 151 do ECA


Varas Especializadas e Exclusivas - que tratem especificamente dos direitos das crianças
e adolescentes.
Competências
2.1. Critérios
a) Regra: Domicílio dos pais ou responsável

b) Subsidiariamente: Lugar onde se encontra a criança ou adolescente (à falta dos pais ou


responsável)
c) Ato Infracional: Lugar da ação ou omissão para o caso de ato infracional, observadas
regras de conexão, continência e prevenção
 Ato infracional - Conduta por ação ou omissão praticada por criança ou adolescente
e que se fosse praticado por um adulto seria um crime.
d) Execução de MSE: Lugar da residência dos pais ou responsável, ou local onde sediar-se a
entidade que abriga a criança ou adolescente, no caso de execução de medidas decorrentes
da prática de ato infracional
 MSE- Aplicadas para o adolescente que pratica o ato infracional.

e) Infração por Rádio e TV: Local da sede da emissora ou rede em caso de infração
cometida através de transmissão simultânea de rádio e televisão, que atinja mais de uma
comarca, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
respectivo Estado.
XIV. Justiça da Infância e Juventude – Artigos 145 a 151 do ECA

1. Varas Especializadas e Exclusivas e livres de custas e emolumentos

2. Competências

2.2.Hipóteses
2.2.1. Competência Exclusiva

2.2.1.1. Conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público


para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as
medidas cabíveis;
2.2.1.2. Conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do
processo;

2.2.1.3. Conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; (Adoção de


criança e adolescente, se for adoção de adulto será vara de família);
2.2.1.4. Conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais,
difusos ou
coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto
no art. 209;
2.2.1.5. Conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades
de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
2.2.1.6. Aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra
norma de proteção à criança e ao adolescente;
2.2.1.7. Conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando
as medidas cabíveis.
2.2.1. Competência “Concorrente” (situação de risco)
2.2.2.1. Conhecer de pedidos de guarda e tutela

2.2.2.2. Conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou


modificação da tutela ou guarda
2.2.2.3. Suprir a capacidade ou consentimento para o casamento

2.2.2.4. Conhecer de pedidos baseados na discordância paterna ou


materna, em relação ao exercício do poder familiar.
2.2.2.5. Conceder emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os
pais;
2.2.2.6. Designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou
representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em
que haja interesses de criança ou adolescente.
2.2.2.7. Conhecer de ações de alimentos
2.2.2.8. Determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
registros de nascimento e óbito.
3. Expedições de Portarias e Alvarás

3.1. Portarias
para entrada e permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
3.1.1. Estádio, ginásio e campo desportivo;

3.1.2. Bailes e promoções dançantes;

3.1.3. Boates ou congêneres;

3.1.4. Casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;

3.1.5. Estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão;

3.2. Alvarás para participação de criança e adolescente em:

3.2.1. Espetáculos públicos e seus ensaios;

3.2.2. Certames de beleza.

3.3. Critérios:

3.3.1. Princípios do ECA;

3.3.2. Peculiaridades locais;

3.3.3. Existência de instalações adequadas;

3.3.4. Tipo de frequência habitual ao local;

3.3.5. Adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de crianças e


adolescentes;
3.3.6. Natureza do espetáculo

3.4. Regramento Geral

3.4.1. Fundamentadas caso a caso, vedadas as de caráter geral

3.4.2. Natureza jurisdicional segundo posição do CNJ

3.4.3. Recurso cabível: apelação (ou MS)

(FMP – Juiz de Direito – MT/2014) Diante das regras de competência estabelecidas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa correta.
a) A regra geral de competência do juiz da infância e da juventude é a da residência habitual
da criança ou do adolescente. (dos pais)
b) É competente de modo absoluto para a apuração da prática de ato infracional e para a
execução da correspondente medida socioeducativa (domicilio dos pais ou local em que se
encontre) o juízo do local do fato (ação ou omissão).
c) Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão,
que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
autoridade judiciária de qualquer uma delas (comarca da sede da emissora), respeitada a
prevenção, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
respectivo Estado.
d) A competência da Justiça da Infância e da Juventude para o julgamento de ações de
guarda e de tutela pressupõe a existência de situação de risco que legitime a aplicação de
medida de proteção (artigo 98 da Lei n.° 8.069/90).
e) Compete sempre à Justiça da Infância e da Juventude conhecer de ações de suspensão e
de destituição do poder familiar.
Gabarito: D

XV. Recursos – Artigos 198 a 199-E do ECA

1. Adoção do sistema recursal do NCPC com adaptações

 O ECA não tem sistema próprio para recursos, e utiliza-se da regra da sistemática
processual civil.

2. Interposição independente de preparo

3. Prazo de 10 dias (≠ 15 dias do NCPC) , salvo embargos de declaração (5 dias)– Em


dobro para MP e Defensoria

4. Preferência de julgamento

5. Dispensa de revisor (= NCPC)

6. Juízo de Retratação no caso de apelação, (não do instrumento, no caso de agravo,


pois no NCPC é interposto direto em segundo grau) no prazo de 5 dias, antes de
remessa dos autos à superior instância. Mantida a decisão apelada, o escrivão remeterá
os autos à superior instância dentro de 24 horas, independentemente de novo pedido do
recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da parte
interessada ou do Ministério Público, no prazo de 5 dias, contados da intimação.

7. Efeitos devolutivo e suspensivo, salvo apelação de sentença que destituir ambos ou


qualquer dos genitores do poder familiar, que deverá ser recebida apenas no efeito
devolutivo.

8. Processamento com prioridade absoluta dos recursos nos procedimentos de


adoção e destituição do poder familiar;

9. O Relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de


60 dias, contado da sua conclusão.
10. O MP poderá requerer a instauração de procedimento para a apuração de
responsabilidades se constatar o descumprimento das providências e do prazo
previstos nos artigos anteriores.

11. Contra as decisões sobre Portarias e Alvarás cabe Apelação

(FCC – Promotor de Justiça – PE/2014) Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e


da Juventude,
a) no recurso de apelação, antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, o
juiz proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão.
b) no recurso de apelação, o prazo para interpor e para responder é sempre de 15 dias.
c) o preparo dos recursos deve ser recolhido dentro do prazo de interposição.
d) a apelação será sempre recebida somente no efeito devolutivo.
e) os recursos não terão preferência de julgamento e serão examinados pelo relator e pelo
revisor.

Gabarito: A

 Aula 05

XVI . ATO INFRACIONAL - Artigos 103 a 111 / 117 a 190 do ECA


1 . Disposições gerais

O Ato infracional é modo como crianças e adolescentes respondem pela prática de


condutas descritas na legislação como crimes ou contravenções penais.
O modo diferenciado de tratamento às crianças advém do mandamento constitucional,
mas especificamente do artigo 228 da CF - cláusula de inimputabilidade.
A constituição consolidou a doutrina da proteção integral para crianças e adolescentes
considerando-os como sujeitos de direitos especiais, em razão de serem pessoas em estágio
peculiar de desenvolvimento físico, psíquico e moral.
Para essa fase peculiar se desenvolveu um sistema próprio de responsabilização.
1.1. Garantia da inimputabilidade - Art. 288 da CF

CF, Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,


sujeitos às normas da legislação especial.

O conceito de crime é tripartido: tipicidade -antijuridicidade - culpabilidade (


imputabilidade)
Sendo as crianças e adolescentes inimputáveis, não podem ser responsabilizadas por
crimes cometidos já que lhes falta a imputabilidade.
Sendo o crime um fato jurídico, ilícito e culpável, crianças e adolescentes não praticam
crimes.
2. Definição de Ato Infracional
Ato infracional é a conduta descrita em lei como crime ou contravenção penal praticada
por crianças e adolescentes. 3.Tipicidade delegada: “Ato infracional análogo/equiparado
a...”Na legislação especial não existe a previsão abstrata de ato infracional, ou condutas
infracionais, é usada as definições do Código Penal. São as condutas que se praticadas por
um adulto seriam crime.

Quando um adolescente realiza uma conduta descrita no Código Penal como crime, está
praticando uma conduta análoga, que denominamos ato infracional análogo.
4. Teoria da atividade: idade à data do fato (ação ou omissão)

Para o ato infracional adotamos a teoria da atividade - consideramos a idade da criança na


data da prática do ato infracional.
Se na data do fato já tinha 18 anos de idade ele responde como adulto e não mais como
adolescente e se sujeitará aos regramentos do Código Penal.
Considera-se a idade na data da prática do ato, não importa se o resultado ocorreu depois.
A responsabilização excepcional até os 21 anos de idade se presta apenas para o fim de
cumprimento de medida socioeducativa, não deve ser considerada a fim de determinação
sobre qual sistema de normas utilizar ao caso concreto, se Código Penal ou Estatuto da
Criança e Adolescente.
Para fins de determinação de responsabilização se considera sempre a idade de 18 anos,
os 21 anos é um segundo paradigma ao cumprimento das medidas socioeducativas.
5. Ato Infracional praticado por criança

 Crianças - de 0 a 12 anos incompletos


 Adolescentes - de 12 anos completos a 18 anos incompletos.

A crianças recebem um tratamento diferenciado do tratamento que é dado ao adolescente


por estar em fase desenvolvimento.
Se a criança pratica um ato definido como crime ou uma contravenção penal no máximo
ele receberá uma medida de proteção. Elas nunca receberam medida socioeducativa.
O conselho tutelar é o órgão que aplica as medidas de proteção, e sempre que uma criança
for flagrada praticando um ato infracional deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar e
não a uma delegacia. Isso não quer dizer que não possa ser registrado um boletim de
ocorrência para registro do fato, pois ele serve para a defesa de direitos de terceiros.
As medidas de proteção são aplicadas pelo Conselho Tutelar e excepcionalmente poderão
ser aplicadas pela autoridade judicial.
6. Ato Infracional praticado por adolescente

Quando o adolescente pratica o ato infracional receberá uma medida socioeducativa, o que
não impede que também lhes sejam aplicadas medidas de proteção.
A prioridade é que se aplique o que for melhor ao adolescente. Podem ser aplicadas
medidas concomitantes, socioeducativas e de proteção, como podem ser aplicadas apenas
medidas socioeducativas ou só de proteção.
As medidas socioeducativas podem ser substituídas a qualquer tempo.
O adolescente segundo o ECA só pode ser apreendido para ser apresentado a autoridade
policial ou judicial.
2. Devido Processo Legal e Direitos Individuais: privação de liberdade (apreensão) em
flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente.
(FCC – Defensor Público – SP/ 2010) Segundo prevê o Estatuto da Criança e do
Adolescente, quando uma criança pratica ato infracional,
a) é vedada a lavratura de boletim de ocorrência, devendo a vítima − se quiser − registrar
o fato junto ao Conselho Tutelar.
b) tratando-se de flagrante, deve ser encaminhada imediatamente, ou no primeiro dia útil
seguinte, à presença da autoridade judiciária.
c) ela não está sujeita a medida de qualquer natureza, uma vez que crianças não praticam
ato infracional.
d) deve o conselho tutelar representar à autoridade judiciária para fins de aplicação de
quaisquer das medidas pertinentes aos pais ou responsável.
e) fica sujeita à aplicação de medidas específicas de proteção de direitos pelo conselho
Tutelar ou Poder Judiciário, conforme o caso.

(FCC – Defensor Público – SP/ 2010) Segundo prevê o Estatuto da Criança e do


Adolescente, quando uma criança pratica ato infracional,
a) é vedada a lavratura de boletim de ocorrência, devendo a vítima − se quiser − registrar
o fato junto ao Conselho Tutelar.
b) tratando-se de flagrante, deve ser encaminhada imediatamente, ou no primeiro dia útil
seguinte, à presença da autoridade judiciária.
c) ela não está sujeita a medida(Proteção) de qualquer natureza, uma vez que crianças
não praticam ato infracional.
d) deve o conselho tutelar representar à autoridade judiciária para fins de aplicação de
quaisquer das medidas pertinentes aos pais ou responsável.
e) fica sujeita à aplicação de medidas específicas de proteção de direitos pelo conselho
Tutelar ou Poder Judiciário, conforme o caso.

XVII. Ato Infracional – Apreensão do Adolescente por Ordem Judicial

1. Encaminhamento à autoridade judicial. Hipóteses:

1. Não ser o adolescente encontrado para comparecimento à audiência de


apresentação;
2. Para cumprimento de MSE de internação com prazo indeterminado se o
adolescente estava em liberdade;
3. Para cumprimento de MSE de internação provisória se o adolescente estava
em liberdade;
4. Para o retorno ao cumprimento de MSE de internação após fuga.

XVIII. Ato Infracional – Apreensão do Adolescente em Flagrante de Ato Infracional

* Direitos subjacentes
O Flagrante do ato infracional segue a mesma orientação do Código de Processo Penal:
situação em que o adolescente é flagrado cometendo o ato, logo após ter cometido,
perseguido após a prática ou com objetos da prática do ato.
Diretos que lhe são garantido em situação de flagrante:
- Identificação dos responsáveis pela sua apreensão.
- Não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade
física ou mental, sob pena de responsabilidade.
E algemas?
 Não há vedação ao uso de algemas, aplica-se o entendimento da
súmula vinculante 11.
 Situações possíveis: a) resistência; b) fundado receio de fuga ou c)
perigo à integridade física própria ou alheia.
- Direito que a apreensão e o local em que o adolescente se encontra sejam
comunicados à autoridade judiciária, à família, ou à pessoa por ele indicada.
- Direito de, se já for identificado civilmente, não ser submetido à identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada.
 Exceção: a identificação compulsória será permitida em situações de
confrontação, quando restar dúvida sobre sua identidade.
1. Encaminhamento à autoridade policial competente( especializada)

O encaminhamento é feito a uma delegacia especializada, ainda que tenha praticado o ato
em coautoria com um adulto.
Na delegacia:
a) Se o ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa:
lavratura de auto de apreensão.

b) Se ato infracional sem violência ou grave ameaça à pessoa: boletim de ocorrência


circunstanciada (BOC).

1.1. Liberação pela autoridade policial

A regra é que o adolescente será liberado depois do registro da ocorrência. Não há


que se falar em fiança. Após a apreensão será liberado mediante assinatura de termo
de responsabilidade aos pais para apresentação imediata ou no dia subsequente ao
Ministério Público.
OBS: não há regime de fiança
1.2. Não liberação pela autoridade policial: é excepcional, somente cabível
quando pela gravidade do ato infracional

+
sua repercussão social

deva o adolescente permanecer sob internação para


+
garantia de sua segurança pessoal

ou
manutenção da ordem pública.

Para fins de não liberação é obrigatório que haja gravidade e repercussão social,
esses dois requisitos são obrigatórios e os demais são alternativos.

Segurança
Repercussão pessoal ou NÃO LIBERAÇÃO
Gravidade
social Manutenção da
ordem

Atenção: A liberação ou não liberação tem natureza peculiar própria, não se leva em
consideração a violência ou grave ameaça, só observada para fins de lavratura de auto
de apreensão em flagrante. Para fins de não liberação só se observa a GRAVIDADE do
ato associado a repercussão social e garantia de sua segurança pessoal ou manutenção
da ordem.
A regra é a LIBERAÇÃO!!
1.2.1. Autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de
apreensão ou boletim de ocorrência.
1.2.2. Sendo impossível a apresentação imediata: a autoridade policial
encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a
apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas.
 Entidade de atendimento: uma das entidades da política de atendimento.

1.2.2.1. Na localidade onde não houver entidade de atendimento: a


apresentação far-se-á pela autoridade policial.
OBS: Adolescente deverá aguardar em repartição policial
especializada. Na falta, o adolescente aguardará a apresentação em
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em
qualquer hipótese, exceder o mesmo prazo de 24 horas.

2. Oitiva Informal pelo Ministério Público

2.1. Não Apresentação (espontânea): notificação aos pais ou responsáveis, podendo


requisitar o concurso das Polícias Civil e Militar. Querendo, o MP também já pode
diretamente decidir por uma das providências do art. 180 do ECA.

ECA, Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o


representante do Ministério Público poderá:
I - promover o arquivamento dos autos; II - conceder a remissão;
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida
socioeducativa.
2.2. Apresentação: imediata e formal oitiva do adolescente e, em sendo possível, de
seus pais ou responsável, vítimas e testemunhas.
 A oitiva informal pelo MP - O ministério Público se apresenta no
procedimento como órgão responsável pelo adolescente e a oitiva informal é
um instrumento para evitar a judicialização do procedimento. Tem condições
de arquivar o procedimento antes mesmo de se iniciar um processo,
dependendo do que for apurado.
OBS: STJ: Oitiva não é pressuposto para a Representação.
3. Providência/Opção do MP (art. 180 do ECA)

3.1. Promover o arquivamento dos autos: ausência de indícios suficientes de autoria


e materialidade.

3.2. Conceder a remissão pré-processual: exclusão do processo. A remissão significa


perdão.Pode ser:
 3.2.1. Remissão própria/incondicionada/pura e simples - perdão puro e
simples.
 3.2.2. Remissão imprópria/condicionada/complexa/transação - perdão
condicionado ( ex.: oferece a remissão e junto aplica uma medida
socioeducativa que não implique em privação de liberdade).
 A remissão ainda será homologada pelo judiciário.

3.3. Representação: independentemente de prova pré-constituída de autoria e


materialidade. É a petição inicial da ação socioeducativa.
 Sem indícios mínimos - arquivamento.

 Representação c/ Eventual pedido de Internação Provisória: É medida


excepcional dotada de cautelaridade. Priva a liberdade do adolescente, e
requer:
- Indícios suficientes de autoria e materialidade

+ demonstrada a necessidade imperiosa da medida. (fumus boni iuris +


periculum in mora)
 Prazo máximo e improrrogável de 45 dias ( em situação
nenhuma pode ser prorrogada)
4. Despacho Judicial quanto à Providência/Opção do Ministério Público

4.1. Homologação do arquivamento.*

4.2. Homologação da remissão*

4.3. Não Homologação/Discordância quanto ao arquivamento ou a remissão:


remessa dos autos ao PGJ ( O PGJ apresenta a representação, designa outro membro
para apresentar a representação ou ainda concordar com o membro do Ministério
Público).
* Atacáveis por apelação porque as decisões são terminativas.
4.4. Recebimento da representação com pedido de emenda (vai ao MP e volta ao juiz)

4.5. Recebimento da representação:

4.5.1. Início da ação socioeducativa, que é sempre pública e incondicionada :

4.5.2. Designação de audiência, cientificação e notificação do adolescente e seus


pais ou responsável quanto ao teor da representação e necessidade de
comparecimento à audiência acompanhados de advogado.

4.6. Decisão sobre a decretação ou manutenção da internação provisória:

A) A internação não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

B) Inexistindo na comarca entidade especializada: imediata transferência para a


localidade mais próxima.
C) Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua
remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e
com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de 5
dias, sob pena de responsabilidade.
OBS: Se decretada a internação provisória, todo o procedimento deve ser
concluído no prazo máximo de 45 dias.
5. Audiência de Apresentação do Adolescente
Após o recebimento da representação já temos um processo acontecendo.
5.1. Não localização do adolescente para ser citado: mandado de busca e apreensão e
sobrestamento do feito.

5.2. Não comparecimento do adolescente: designação de nova data e determinação


de condução coercitiva (mandado de condução coercitiva e não de busca e
apreensão)
OBS1: Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem
prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
OBS2: Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará
curador especial ao adolescente.

5.3. Comparecimento do adolescente

5.3.1. Oitiva do adolescente, seus pais ou responsável.

5.3.2. Solicitação de opinião de profissional qualificado.

5.3.3. * Possibilidade de Remissão Processual: suspensão ou extinção do


processo. Pode acontecer a qualquer tempo até a prolação da sentença.
 Suspensão -Ex.: o juiz determina uma medida como condição
para encerrar o processo.
 Extinção - Ex.: repara o dano causado - de execução instantânea.

5.3.4. Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação


ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária,
verificando que o adolescente não possui advogado constituído,
nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em
continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo
de caso.
 Não sendo ato grave, o adolescente não tem direito de defesa
técnica? Na doutrina temos entendimento de que é possível a
defesa do adolescente mesmo não sendo o ato grave.
(posicionamento somente para prova discursiva)
6. Oferecimento de Defesa Prévia e Rol de Testemunhas:

 Prazo: 3 dias contados da audiência de apresentação, pelo advogado


constituído ou defensor nomeado.
7. Audiência em Continuação ( a audiência de apresentação):

7.1. Oitiva das Testemunhas arroladas na PI e na DP e do Juízo, com possibilidade de


acareação.
7.2. Cumprimento das diligências requeridas - aclarar as provas.
7.3. Juntada do Estudo/Relatório da Equipe Interprofissional

STF: faculdade do juiz, não é obrigatória e nem condiciona a decisão do


juiz.
7.4. Fala do MP (20 minutos prorrogáveis por mais 10)

7.5. Fala do Advogado/Defensor (20 minutos prorrogáveis por mais 10)

7.6. Sentença proferida em audiência (e excepcionalmente em no máximo 5 dias,


em analogia ao procedimento de destituição d
 Prazo em analogia ao procedimento de destituição do poder familiar.

Súmula 342 do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a


desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
 Todas as provas devem ser apreciadas; A confissão do adolescente não deve ser
considerada a prova mais importante de forma a desprezar as demais provas do
processo;
8. Sentença

8.1. Aplicação de medida: prova de materialidade + prova de autoria (salvo


advertência).
8.2. Não aplicação de medida e liberação do adolescente apreendido se:

8.2.1. Provada a inexistência do fato;

8.2.2. Não houver prova da existência do fato;

8.2.3. Não constituir o fato infração;

8.2.4. Não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato


infracional.
OBS: Estando o adolescente internado, o prazo máximo e improrrogável para a conclusão
do procedimento será de 45 dias.
9. Intimação da Sentença

9.1. Se aplicada medida de internação ou semiliberdade: ao adolescente e ao seu


defensor (e se não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem
prejuízo do defensor).
OBS: Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se
deseja ou não recorrer da sentença.
9.2. Se não for aplicada medida de internação ou semiliberdade: a intimação será
feita unicamente ao defensor.

10. Recur
so
 Apelação, no prazo de 10 dias
(Cespe – Defensor Público – RR/2013) Um menor, com quinze anos de idade, foi
apreendido logo após a prática de ato infracional análogo ao crime de roubo, descrito no CP.
Apurou-se que o menor, apreendido com o produto do ato e os instrumentos utilizados para
perpetrar a conduta em concurso com pessoas maiores, era reincidente em atos infracionais
daquela natureza.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base no que dispõe o ECA.
Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável perante a autoridade judiciária, esta
deverá proceder à oitiva de todos eles, e, sendo o fato grave, passível de aplicação de
medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária,
verificando que o adolescente não seja representado por advogado, deverá nomear
defensor para apresentação de defesa. Admite-se, em qualquer fase do procedimento, a
remissão como forma de extinção ou suspensão do processo, contanto que ocorra antes da
sentença.
a) De acordo com preceito expresso da norma de regência, oferecida a representação, a
autoridade judiciária decidirá, imediatamente, sobre a decretação da internação do
adolescente, admitindo-se a aplicação, de forma subsidiária, das medidas cautelares
previstas no CPP, observando-se o prazo máximo de duração de quarenta e cinco dias para
a internação ou medida cautelar diversa.
b) C
omparecendo qualquer dos pais ou responsável do menor, este deverá, em qualquer
circunstância, ser prontamente liberado pela autoridade policial, sob pena de
responsabilidade desta.
c) Apresentado o adolescente, o representante do MP, no mesmo dia e à vista do auto de
apreensão, do boletim de ocorrência ou do relatório policial, devidamente autuados pelo
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, poderá promover,
na fase pré-processual, o arquivamento dos autos ou conceder a remissão, prescindindo –
se de homologação da autoridade judiciária.
d) Caso o órgão do MP entenda não caber arquivamento ou remissão, deve ser oferecida
representação à autoridade judiciária, com a propositura de instauração de procedimento
para aplicação da medida socioeducativa mais adequada, sendo imprescindível a
demonstração de sua justa causa, por meio da prova pré-constituída da autoria e
materialidade do ato infracional.

(FCC – Juiz de Direito – GO/2015) O juiz da infância e da juventude poderá conceder a


remissão ao adolescente, autor de ato infracional,
(A) a
penas como forma de suspensão do processo.
(B) c
omo forma de suspensão ou extinção do processo.
(C) c
omo forma de exclusão, suspensão ou extinção do processo.
(D) a
penas como forma de exclusão do processo.
(E) a
penas como forma de extinção do processo.

1. Medida Socioeducativa

São as medidas impostas aos adolescentes como consequência pela pratica de um ato
infracional.
Lembre-se: Criança não recebe medida socioeducativa, mas medida de proteção. Criança
pratica ato infracional mas só recebe medida de proteção.
2. Rol Taxativo de Medidas conforme a abrangência pedagógica (Art. 112 do ECA)

O rol de medidas socioeducativas não admite ampliação.


Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente
poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;

- obrigação de reparar o dano;


II M A R C IO L IM A DA CUNHA - 05308192790
III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das

previstas no art. 101, I a VI.


3. Critérios

3.1. Capacidade de cumpri-la

3.2. Circunstâncias

3.3. Gravidade da infração

 Com análise dos critério o juiz irá aplicar uma medida mais grave ou mais
branda dependendo do caso.
XIX. Teoria Geral das Medidas Socioeducativas – Artigos 112 a 128 do ECA

4. Requisitos:

Para a aplicação da medida socioeducativa precisa-se de prova de autoria e materialidade


do ato.

Para oferta da representação só precisamos de meros indícios da materialidade e para


aplicação das medidas precisamos de prova da autoria e da materialidade.
A única exceção é a medida de advertência - pode ser aplicada com meros indícios de
autoria.
4.1. Prova de Autoria

+
4.2. Prova de Materialidade

Exceção: medida de advertência (que pode ser aplicada com indícios suficientes de autoria e
prova de materialidade)

5. Não será admitida a prestação de trabalho forçado

Não pode existir medida socioeducativa de trabalhos forçados, é vedado.


6. Adolescentes portadores de doença ou com deficiência mental: receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Na pratica aplica-se alguma medida de proteção a esses adolescentes.
7. Súmula 338 do STJ: a prescrição penal é aplicável às medidas socioeducativas. (Artigos
109 e 115 do CP)
 Aplica-se o período máximo de realização das medidas na tabela do código Penal e
diminui-se da metade por se tratar de menor de 21 anos. As regras são iguais a do
Direito Penal.
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 Nas medidas em que não existe tempo definido aguarda-se que o juiz os determine em
sentença para que se calcule a prescrição.
8. Princípio da Insignificância: aplicável.

A) Mínima ofensividade ;

B) Sem periculosidade social;

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C) Reduzido grau de reprovabilidade.

XX. Medidas Socioeducativas em Espécie – Artigos 112 a 128 do ECA

1. Advertência

- Admoestação verbal que será reduzida a termo.

- Atos leves (normalmente acompanha a remissão).

A admoestação verbal sempre será reduzida a termo e aplicada a atos mais leves, como
furto. A advertência geralmente vem cumulada com a remissão imprópria por parte do
Ministério Público ou autoridade judicial.
É uma medida de execução instantânea.
 Ministério Público - Aplica a remissão - gera a exclusão do processo.
 Autoridade judiciária - Aplica a remissão processual - gera a suspensão ou exclusão
do processo.
2. Obrigação de Reparar o Dano

Se constitui em medida socioeducativa de compensação ao dano causado. É plicada de


forma rara pois o ressarcimento patrimonial deve partir de bens do próprio adolescente,
não cabe o ressarcimento a partir do patrimônio dos pais ou responsáveis.
Também é de execução instantânea.
- Restituição da coisa, promoção do ressarcimento do dano ou outra forma de
compensação do prejuízo causado à vítima.
- Atos infracionais com reflexos patrimoniais.

3. Prestação de Serviços à Comunidade (PSC)

- Realização de tarefas gratuitas de interesse geral - vão se realizar em entidade


governamentais ou não governamentais , se implementando nos serviços que atendem a
população em geral.
- Período não excedente a 6 meses - esse é o prazo máximo, a medida não pode
atrapalhar a inserção do adolescente na comunidade.
- Jornada máxima de 8 (oito) horas semanais - a regra é que a jornada é máxima de 8 horas
semanais.
- Preferencialmente aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
4. Liberdade Assistida (LA)

- Acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente - o juiz por meio de entidade de


atendimento escolhe um orientador para acompanhar o adolescente no seu dia a dia.
Acompanhar a matrícula e frequência escolar, matrícula em escola profissionalizante,
inserção na comunidade, fomentar a pratica de trabalho voluntário, etc. Na maioria dos
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casos só falta apoio familiar e a LA se mostra como um meio eficaz.
- Sempre que se afigurar a medida mais adequada.

- Prazo mínimo de 6 (seis) meses: podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor
- Existe prazo máximo?

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R.: STJ: prazo máxima de 3 anos – analogia à internação.
5. Regime de Semiliberdade

Ingressamos na seara de medidas especiais, pois implicam em privação de liberdade.


Aplica-se a semiliberdade tudo aquilo que for aplicável a internação e que não estiver
expressamente disciplinado para a semiliberdade.
- Privação de liberdade + realização de atividades externas independentemente de
autorização judicial - a essência da semiliberdade é a exigência de atividade externas
independentemente de autorização judicial.
- Determinada desde o início ou como forma de transição para o meio aberto - aplica-se
desde o inicio do cumprimento de medida ou como forma de transição para o meio aberto.
- Não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
internação - a semiliberdade e a internação não existe tempo determinado para o
cumprimento, só existe o prazo máximo de cumprimento que é de 3 anos.
- É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
utilizados os recursos existentes na comunidade.
6. Internação

- Privação de liberdade + possibilidade de realização das atividades externas a critério


da equipe técnica da entidade (salvo expressa determinação judicial em contrário)
 Na internação as atividades externas não é regra, ela pode acontecer;
 A essência da internação é a privação da liberdade;

- Princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar da pessoa em


desenvolvimento - os princípios são muito importantes por terem status constitucional.
Orientam a aplicação de todas as medidas.
 Brevidade - deve ser aplicada pelo menor período possível
 Excepcionalidade - Medida excepcional, se houver a possibilidade de aplicação de
outra medida que seja aplicada outra medida.
 Respeito à condição peculiar- observar o adolescente como pessoa em condições
especiais de desenvolvimento.
- Cabimento:

São hipóteses taxativas.


1. Ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa

Em atos onde não estão presentes a violência ou grave ameaça não se justifica a
aplicação de medida de internação. Ex.: furto, tráfico de drogas.
Súmula 492 do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do
adolescente.
2. Reiteração no cometimento de outras infrações graves
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Infração grave? Na prática tudo é infração grave.
Reiteração - a doutrina entendia que reiteração acontecia somente na 3º conduta
praticada, mas hoje o entendimento majoritário é de que a reincidência se verifica na
pratica do ato pela 2ª vez, coincide com a reincidência.
ex.: Trafico + tráfico = reinteração = Internação

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Ideia de Reiteração na Jurisprudência do STJ
STJ. “A depender das particularidades e circunstâncias do caso concreto, pode ser
aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida de internação ao
adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma outra infração grave.
Dispõe o art. 122, II, do ECA que a aplicação de medida socioeducativa de internação é
possível "por reiteração no cometimento de outras infrações graves". [...] À luz do
princípio da legalidade, devemos nos afastar da quantificação de infrações, devendo,
portanto, a imposição da medida socioeducativa pautar-se em estrita atenção às nuances
que envolvem o quadro fático da situação em concreto. Comunga-se, assim, da
perspectiva proveniente da doutrina e da majoritária jurisprudência do STF e da Quinta
Turma do STJ, de modo que a reiteração pode resultar do próprio segundo ato e, por
conseguinte, a depender das circunstâncias do caso concreto, poderá vir a
culminar na aplicação da medida de internação”. Precedentes citados do STJ: HC
359.609-MS, Quinta Turma, DJe 10/8/2016; HC 354.216-SP, Quinta Turma, DJe
26/8/2016; HC 355.760-SP, Quinta Turma, DJe 22/8/2016; HC
342.892-RJ, Quinta Turma, DJe 30/5/2016; HC 350.293-SP, Quinta Turma, DJe
26/4/2016; AgRg no HC 298.226-AL, Quinta Turma, DJe 18/3/2015; RHC 48.629-SP,
Quinta Turma, DJe 21/8/2014; HC 287.354-SP, Sexta Turma, DJe 18/11/2014; HC
271.153-SP, Sexta Turma, DJe 10/3/2014; e HC 330.573-SP, Sexta Turma, DJe
23/11/2015.
Precedente citado do STF: HC 94.447-SP, Primeira Turma, DJe 6/5/2011. STJ. HC
347.434-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 27/9/2016, DJe 13/10/2016.
3. Descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta:
Internação Sanção, com prazo máximo de 3 meses.
É uma punição aplicada ao adolescente que não cumpre com as medidas
anteriormente aplicas. Independe dos atos praticados nas medidas anteriores.
Do descumprimento das medidas aplicadas anteriormente o juiz deve ouvir o
adolescente para aplicação de medida de regressão.
Súmula 265 do STJ: impossibilidade de regressão de medida sem a oitiva prévia do
adolescente.
6. Internação
- Cumprimento:

1. Em regra deve existir entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critério de idade, compleição física e
gravidade da infração.
 Não havendo a entidade na respectiva comarca, deve-se solicitar a transferência para
estabelecimento de adulto onde só pode ficar pelo prazo máximo de 05 dias, em
seção isolada, excedido o prazo o adolescente deve ser liberado.
OBS: Inexistindo na comarca, deve-se buscar a transferência. Se impossível, pode ficar
apenas 5 dias em estabelecimento para adulto, mas sempre em seção isolada.
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2. Obrigatoridade de atividades pedagógicas.

3.Reavaliação, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 6 (seis) meses - os


adolescentes são reavaliados a cada 06 meses de cumprimento de medida.
4. Prazo máximo 3 anos: internação, semiliberdade ou de liberdade assistida.
5.Liberação compulsória aos 21 anos de idade - atingindo os 21 anos de idade a liberdade é
imediata, independente do tempo de medida que ainda restava cumprir.
6. Desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público
7. Há direito de visita, que pode ser suspenso pela autoridade judicial.

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OBS: STJ cabível detração infracional da internação provisória (45 dias) na internação
definitiva.
Internação definitiva - prazo máximo é de 03 anos, se o adolescente ficou provisoriamente
internado por 45 dias, esse tempo é abatido do tempo da internação definitiva.
XXI. Sinase e Execução de Medidas Socioeducativas – Lei 12.594/2012

Sinase - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo


Lei que estabelece uma lógica para a aplicação das medidas socioeducativas, para as
unidades de atendimento que vão desempenhar as funções de aplicação das medidas
socioeducativas e para as autoridades que vão participar do processo de aplicação das
medidas socioeducativas.
Estrutura:
 União: coordenar e executar a política nacional
 Estados: criar e desenvolver programas para execução de semiliberdade e
internação
 Municípios: criar e manter programas para execução de prestação de serviços à
comunidade e liberdade assistida

I - “Execução” das MSEs – Formalização


1. Advertência e reparação de dano: executadas nos próprios autos (se aplicadas
isoladamente) – duração instantânea
2. Prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou
internação: processo de execução independente - duração continuada
II. Direitos individuais na execução de MSEs e o PIA

- PIA: Plano Individual de atendimento: obrigatório para todas as medidas (salvo


advertência e reparação de dano).
- Para PSC e LA: elaboração em até 15 dias.
- Para semi e internação: (implicam privação de liberdade) elaboração em até 45 dias.
(Prazos contados do ingresso no programa de atendimento)
- Acompanhando por pais ou responsáveis e defensor (reservadamente) em todas
as fases
- Visita íntima (casamento ou união estável comprovada) - manter o vínculo familiar.

II. Direitos individuais na execução de MSEs e o PIA

1. Informação sobre a situação processual: a qualquer tempo o adolescente deve ser


informado
2. Peticionar por escrito ou oralmente e ser respondido em até 15 dias

3. Permanecer internado na mesma localidade do domicílio de seus pais ou


responsável
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4. Inclusão em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento
de medida privativa de liberdade na localidade dos pais ou responsável (exceto se o
ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, quando se impõe a
transferência para o local mais próximo)
O correto é que cumpra a medida de internação na mesma localidade de seus pais ou
responsável, somente não havendo vaga será aplicada uma medida de meio aberto, a menos
que o ato praticado tenha sido com o uso de violência ou grave a ameaça.

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III. Execução das MSEs

1. Plano Individual: elaborado pela equipe técnica do programa de atendimento. Há


previsão de vista ao Defensor e ao Promotor pelo prazo sucessivo de 3 dias, contados do
recebimento da proposta encaminhada pela direção do programa de atendimento.
2. Impugnação: cabível, com possibilidade de audiência (sem a suspensão da execução
como regra, salvo determinação judicial)
3. Reavaliações: a qualquer tempo

4. Gravidade, antecedentes e tempo da medida: não impedem a substituição por


medida menos severa.
5. Substituição por medida mais severa: exige fundamentação em parecer técnico e
audiência prévia.
 Audiência prévia: na substituição por medida mais severa e na impugnação do PIA.

6. Unificação

A unificação de medidas ocorre quando o adolescente esta cumprimento uma medida


socioeducativa e se descobre a pratica de um outro ato anterior, ou ainda está cumprindo
uma medida e pratica um novo ato, no curso da aplicação da medida.
- Audiência do promotor e do defensor: no prazo sucessivo de 3 dias - para unificação
de medidas deve haver audiência na presença do promotor e do defensor do adolescente.
- Vedado o reinício de cumprimento de medida (salvo se praticado novo ato
infracional durante a execução)
- Vedada a regressão de medida e a aplicação de nova medida fundadas em atos
infracionais pretéritos (“Absorção dos atos infracionais anteriores”)
OBS: tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade: deve ser
descontado.
 Se o adolescente está cumprindo medida socioeducativa e se tem o conhecimento
que praticou um outro ato antes do início de cumprimento da medida
socioeducativa, esse ato anterior não se leva em consideração.
 Só é relevante se o novo ato infracional ocorrer durante a execução de uma medida
socioeducativo.

Execução das MSEs


7. Extinção

- Morte
- Realização da finalidade

- Aplicação de pena privativa de liberdade em regime fechado ou semiaberto, ainda que


em execução provisória.

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OBS: o simples “responder a processo-crime” apenas permite ao juiz extinguir a execução
da MSE.

- Doença grave do adolescente

8. Mandado de busca e apreensão: vale por até 6 meses (podendo ser prorrogado
fundamentadamente)
 O mandado tem prazo máximo de 06 meses, podendo ser prorrogado.

9. Sanção disciplinar de isolamento: É vedada a aplicação de sanção disciplinar de


isolamento a adolescente interno, exceto seja essa imprescindível para garantia da
segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja

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imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público
e à autoridade judiciária em até 24 (vinte e quatro) horas.
(FCC – Defensor Público – SP/2009) Dentre os temas que resultaram na edição de
SÚMULAS pelo Superior Tribunal de Justiça a respeito da aplicação e execução de medidas
socioeducativas encontram-se:
a) n
ulidade da desistência de provas em face da confissão do adolescente, aplicabilidade
da prescrição penal às medidas socioeducativas, necessidade de oitiva do
adolescente antes da decretação da regressão.
b) c
ompetência exclusiva do juiz para aplicação de medida socioeducativa, improrrogabilidade
do prazo de internação provisória, caráter sempre público da ação socioeducativa.
c) c
abimento de medida em meio aberto com remissão, nulidade da desistência de provas em
face da confissão do adolescente, aplicabilidade da prescrição penal às medidas
socioeducativas.
d) n
ecessidade de oitiva do adolescente antes da decretação da regressão, competência
exclusiva do juiz para aplicação de medida socioeducativa, improrrogabilidade do prazo de
internação provisória.
e) c
aráter sempre público da ação socioeducativa, cabimento de medida em meio aberto com
remissão, nulidade da desistência de provas em face da confissão do adolescente.
Súmulas do STJ sobre Ato Infracional e Aplicação de Medidas Socioeducativas
Súmula 108 do STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática
de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.
Súmula 265 do STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a
regressão da medida socioeducativa.
Súmula 338 do STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Súmula 342 do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a
desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
Súmula 492 do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
(MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Aponte a alternativa que não constitui causa
de extinção da medida socioeducativa cominada ao adolescente infrator:a) A realização da
b) A morte do adolescente.
c) A condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-se ao
cumprimento da medida.
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d) A aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado ou
semiaberto, em execução provisória ou definitiva.
e)A aplicação de nova medida de internação, estando em curso execução de outra
igual.

(UFMT – Promotor de Justiça – MT/2014) A respeito do Estatuto da Criança e do


Adolescente (ECA), analise as proposições abaixo.
I. Em regra, as medidas socioeducativas não comportam prazo determinado, devendo sua
manutenção ser reavaliada a cada seis meses. Há um limite temporal máximo de 03 (três)
anos para a internação e a semiliberdade, que se tem aplicado, por analogia, à liberdade
assistida.

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Após cumprido o prazo máximo de 03 (três) anos, o adolescente poderá ser liberado ou
II.
colocado em regime de semiliberdade ou liberdade assistida.
III.O Ministério Público é competente para conceder a remissão, mas impossibilitado de
aplicar qualquer medida socioeducativa, atividade exclusiva da autoridade judiciária.
IV. É possível a dispensa da produção probatória em sede de ação socioeducativa pública.
Encontra-se em DESACORDO com o entendimento jurisprudencial e doutrinário que tem
sido conferido às normas do ECA o que se afirma em
a) I
, apenas.
b) I
I e III, apenas.
c) I
e IV, apenas
d) I
V, apenas.
e) I
I, III e IV, apenas

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