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O objetivo para o qual o princípio do prazer nos impele — o de nos tornarmos felizes — não é
atingível; contudo, não podemos — ou melhor, não temos o direito — de desistir do esforço
da sua realização de uma maneira ou de outra. Caminhos muito diferentes podem ser seguidos
para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objetivo, o atingir do prazer; outros o
negativo, o evitar da dor. Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que
desejamos. Naquele sentido modificado em que vimos que era atingível, a felicidade é um
problema de gestão da libido em cada indivíduo. Não há uma receita soberana nesta matéria
que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o método através do qual poderá
alcançar a felicidade.
Sigmund Freud, in “A Civilização e os Seus Descontentamentos”
“Volte seus olhos para dentro, contemple suas próprias profundezas, aprenda primeiro a
conhecer-se! Então, compreenderá por que está destinado a ficar doente e, talvez, evite
adoecer no futuro”.
Sigmund Freud
Pense-se, por exemplo, na relação que existe entre o bebedor e o vinho. Não é verdade que o
vinho oferece sempre ao bebedor a mesma satisfação tóxica, que a poesia tem comparado com
frequência à satisfação erótica – comparação, de resto, aceitável do ponto de vista científico?
Já alguma vez se ouviu dizer que o bebedor fosse obrigado a mudar sem descanso de bebida
porque se cansaria rapidamente por ingerir sempre a mesma? Pelo contrário, o hábito estreita
cada vez mais o laço entre o homem e a espécie de vinho que ele bebe. Existirá no bebedor uma
necessidade de partir para um país onde o vinho seja mais caro ou o seu consumo proibido, a
fim de estimular por meio de semelhantes obstáculos a sua satisfação decrescente? De modo
nenhum. Basta escutarmos o que dizem os nossos grandes alcoólicos (...) sobre sua relação com
o vinho: evocam a harmonia mais pura e como que um modelo de casamento feliz. Porque será
a relação do amante com o seu objeto sexual tão diferente?