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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


ESCOLA SUPERIOR DO TURISMO, NEGÓCIOS E ADMINISTRAÇÃO - ESTNA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

SITUAÇÃO SOCIOECONÓMICA DAS FAMILIAS CHEFIADAS POR


MULHERES NO CONCELHO DO TARRAFAL DE SANTIAGO – O
CASO DE CHÃO BOM

Autora: Jassira Mendes Borges


Orientador: Prof. Mestre António Mendes Gonçalves.

Cidade de Tarrafal, Janeiro de 2018


JASSIRA MENDES BORGES

SITUAÇÃO SOCIOECONÓMICA DAS FAMILIAS CHEFIADAS POR


MULHERES NO CONCELHO DO TARRAFAL DE SANTIAGO – O
CASO DE CHÃO BOM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais da
Universidade de Santiago, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Licenciada em Serviço
Social e Políticas Públicas

Orientador: Prof. Mestre. António Gonçalves.

Cidade de Tarrafal, Janeiro de 2018

Página i
JASSIRA MENDES BORGES

SITUAÇÃO SOCIOECONÓMICA DAS FAMILIAS CHEFIADAS POR


MULHERES NO CONCELHO DO TARRAFAL DE SANTIAGO – O
CASO DE CHÃO BOM.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais da
Universidade de Santiago, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Licenciada em Serviço
Social e Políticas Públicas

Orientador: Prof. Mestre. António Gonçalves

Aprovado em ___/___/______

JÚRI DE APROVAÇÃO
_____________________________________________________________
Prof. Mestre. … (Orientador)
Universidade de Santiago (US)
_______________________________________________________________
Prof. Mestre… (Arguente)
Universidade de Santiago (US)
_______________________________________________________________
Prof. Mestre … (Presidente)
Universidade de Santiago (US)

Cidade de Tarrafal, Janeiro de 2018

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida tia Suzana,


que muito cedo morreu, sem se despedir de nós.
Eternas saudades!

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela sua infinita bondade e auxílio, dando-me sabedoria e inteligência


para superar tantos obstáculos ao longo desta caminhada. Obrigada, Senhor!

Aos meus queridos pais, irmãos e familiares que tanto me apoiaram,


incentivando-me em todos os momentos, sempre com palavras de carinho e amor.

Agradeço ainda à minha avó materna que é um exemplo de família Monoparental


feminina que apesar de todos os desafios enfrentados e vividos com seus filhos
conseguiu ultrapassá-los com muita sabedoria de forma digna e vitoriosa e ainda à
minha tia, Suzana (“in memória”), eternas saudades…

Estes agradecimentos são também extensivos a todos os professores do


Departamento, especialmente os que partilharam os seus conhecimentos connosco
durante todo o período de formação.

Agradeço o apoio do meu professor António Gonçalves, que me orientou durante este
percurso com seus preciosos ensinamentos e sua delicadeza, nos quais seguirão comigo
na minha jornada profissional.

Não deixa de ser menos importante, deixar explícitos os meus agradecimentos a


todos os colegas e amigos do curso, pela união, companheirismo, interajudas, espírito
de camaradagem que manifestaram, não só nos momentos de alegria como também nos
mais difíceis.
Apraz-me mencionar aqui nomes de algumas colegas e patrícios (as), com especial
gratidão que desde a primeira hora partilhamos juntos de tudo um pouco: Maria Ivete
Borges Silva, Hélia Rosy Vaz Costa, Elton Mendes Barros, Isabel Correia Almeida.

A todos…
O Meu Muito obrigada…

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“O homem que por sua covardia desperta o amor de uma mulher
e não tem a força de amá-la nunca obterá o seu maior valor, por
mais que sejas bem-sucedido em outras coisas”.
Georges Mendes, (2007)

“A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e


tem direito à protecção desta e do Estado”.

Declaração Universal dos Direitos do Homem, Art.º 16, al. 3,


1948, citado por Leandro 2001, p.15.

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RESUMO

No presente trabalho procuramos, primeiramente, conceptualizar a família, e a partir


de um debate teórico diversos conceitos subsidiaram o estudo. Considerando que o
fenómeno da monoparentalidade feminina tem tido uma maior relevância nas últimas
décadas em diversos estudos das ciências sociais, procuramos com o presente estudo
conhecer como é a vivência dessas mulheres sem a presença do homem, analisando as suas
perceções a partir dos seus relatos relativamente às suas situações socioeconómicas (caso de
Chão Bom). Para tanto, foi definido inicialmente a seguinte pergunta de partida: Qual é a
situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de Chão Bom?
Do ponto de vista metodológico, este trabalho é um estudo de caso na localidade de Chão
Bom, privilegiando uma abordagem mista: qualitativa e quantitativa materializada pela
pesquisa bibliográfica e documental e no terreno, aplicamos as técnicas do inquérito por
questionários e entrevistas. Após uma análise exaustiva, concluímos que apesar dos esforços
feitos pelas autoridades (atores políticos), face às mulheres que chefiam a família na
localidade, ainda há muito para ser feito nessa classe, principalmente o emprego formal.

Palavras-chaves: Família, Monoparentalidade feminina, Chefia Feminina,


Vulnerabilidade Social, Políticas Públicas.

Página vi
ABSTRACT

In the present work we seek, firstly, to conceptualize the family, and from a
theoretical debate several concepts subsidized the study. Considering that the
phenomenon of female monoparentality has had a greater relevance in the last decades
in several studies of the social sciences, we try with the present study to know how is
the experience of these women without the presence of the man, analyzing their
perceptions from their reports to their socio-economic situations (in the case of Chão
Bom). For that, the initial question was initially defined: What is the socioeconomic
situation of female-headed households in the town of Chão Bom? From the
methodological point of view, this work is a case study in the locality of Chão Bom,
favoring a mixed approach: qualitative and quantitative materialized by the
bibliographical and documentary research and in the field, we applied the techniques of
the survey by questionnaires and interviews. After an exhaustive analysis, we conclude
that despite the efforts made by the authorities (political actors), in the face of women
heads of household in the locality, there is still much to be done in this class, especially
formal employment.

Key words: Family, Female Monoparentality, Women's Leadership, Social


Vulnerability, Public Policies.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura I- 1 Localização Geográfica de Cabo Verde ...................................................... 43


Figura II - Mapa de Localização de área de Estudo. ..................................................... 48
Figura III - Mapa de Localização de área do município em estudo ............................. 49
Figura IV - Trabalhos informais da mulher chefe de família ........................................ 53

Quadro I - amostra em relação aos sujeitos da pesquisa. .............................................. 12


Quadro II - Expansão urbano de Chão Bom ................................................................. 50
Quadro III - População residente, agregados familiares e activos na área urbana de
Chão Bom ....................................................................................................................... 51

Gráfico I - Distribuição da amostra em relação ao sexo. .............................................. 55


Gráfico II - Distribuição da amostra atinente a Idade ................................................... 55
Gráfico III - Distribuição da amostra relativo ao estado civil....................................... 56
Gráfico IV - Distribuição da amostra em relação ao número dos filhos. ...................... 58
Gráfico V - Distribuição da amostra referente a Habilitações Literárias ...................... 59

Tabela I- Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas acerca da


rasão de ser solteira......................................................................................................... 60
Tabela II -Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas sobre o
cotidiano das mães solteiras. .......................................................................................... 62
Tabela III- Distribuição dos dados relativos ao conhecimento dos inquiridos sobre a
situação financeira .......................................................................................................... 64
Tabela IV- Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inqueridas acerca o
mercado de emprego …………………………………………………………………………………………………70
Tabela V - Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas relativo à
classificação da habitação. .............................................................................................. 67
Tabela VI - Distribuição dos dados da amostra em relação ao apoio financeiro .......... 69
Tabela VII - Distribuição dos dados da amostra em relação a criação de auto emprego.
........................................................................................................................................ 70

Página viii
Tabela VIII - Distribuição dos dados da amostra em relação ao Grau de Satisfação em
relações às políticas públicas…………………………………………………………...72

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LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

ACCB - Associação Cívica Chão Bom

B.O - Boletim Oficial

CMT - Câmara Municipal do Tarrafal

CV- Cabo Verde

DSFSEFH - Desenvolvimento Social Família Saúde Educação Formação e Habitação

EUA - Estados Unidos de América

INECV- Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde

INE- Instituto Nacional de Estatística

INSEE- Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Económicos

MORABI - Organização para a Auto Promoção da Mulher no Desenvolvimento

OMCV- Organização das Mulheres Cabo-Verdianas

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONU- Organização das Nações Unidas

PDM- Plano de Desenvolvimento Municipal

QUIBB - Questionário Unificado de Indicadores Básicos de Bem-estar

SPSS - Statistical Package for Social Science

VBG -Violência Baseada no Género

WHO - World Health Organization

Página x
ÍNDICE

DEDICATÓRIA ............................................................................................................ iii


ABSTRACT .................................................................................................................. vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................... viii
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS .......................................................................... x
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
Justificativa da Investigação ......................................................................................... 3
Problemática .......................................................................................................................... 5
Questão de Investigação ........................................................................................................ 6
Hipótese................................................................................................................................. 6
Objectivos de Investigação.................................................................................................... 7
Objectivo geral ...................................................................................................................... 7
Objetivos específicos............................................................................................................. 7
METODOLOGIA........................................................................................................... 8
Técnicas de recolha de dados ...................................................................................... 10
Amostra ............................................................................................................................... 11
Sujeitos do estudo................................................................................................................ 12
Estrutura do Trabalho .......................................................................................................... 13
CAPITULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO .................................................... 14
1. Família.......................................................................................................... 14
1.2. Mudanças ocorridas na família .................................................................... 16
1.3. Origem histórica da monoparentalidade feminina ....................................... 18
1.4. Chefia feminina versos monoparentalidade feminina .................................. 24
1.5. Causas da monoparentalidade feminina ....................................................... 27
1.6. Monoparentalidade feminina e condições socioeconómicas ....................... 30
1.7. Vulnerabilidade social .................................................................................. 33
1.8. Políticas Públicas.......................................................................................... 36
CAPITULO II: CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DE CABO
VERDE .......................................................................................................................... 40
2. Situação demográfica ................................................................................... 40
2.1 O caso de Cabo Verde em matéria da chefia feminina ......................................... 44

Página xi
CAPÍTULO III: PARTE PRÁTICA-SITUAÇÃO SOCIOECONÓMICA DAS
FAMILIAS CHEFIADAS POR MULHERES NO CONCELHO DO TARRAFAL
DE SANTIAGO- O CASO DE CHÃO BOM............................................................. 48
3. Localização e caracterização da área do estudo ........................................... 48
3.1. Situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres no concelho
do Tarrafal de Santiago - O caso de Chão Bom: ........................................................ 52
3.2. Apresentação, análise e discussão de dados ................................................. 55
CONCLUSÃO............................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 75
Documentos Electrónicos ............................................................................................... 81
Legislação Consultada................................................................................................................. 83
APÊNDICE ................................................................................................................... 84

Página xii
INTRODUÇÃO

“A partir do momento que tu foste mãe, tu não tens mais que ser cuidada, tu
tens que cuidar, cuidar de ti, dos teus filhos e dar conta de tudo [...] uma carga
muito maior, é redobrada, a mulher é cuidadora por excelência, tu já és
intitulada cuidadora, só que tens que ter quem te cuide também, eu não me
sinto cuidada, mas é a vida” (Cássia Eller).

Segundo Vygotsky (1998, p. 85), “estudar alguma coisa historicamente significa


estudá-la no processo de mudança” e não somente “estudar algum evento do passado”.

A terminologia “família monoparental” só surge em França, num estudo


desenvolvido em 1981 pelo Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Económicos
(INSEE), que utilizou o termo a fim de distinguir a comunidade formada por qualquer
dos pais e seus filhos das uniões constituídas por um casal, tendo sido tal termo
consagrado e mantido por toda Europa e outros países ocidentais” (LEITE, 1997, pp. 21 -
22).

A inclusão da mulher no mercado de trabalho e a procura da estabilização


profissional ocasionaram a postergação do casamento. Especialmente para os sectores
mais favorecidos da população, a vida de solteiro tornou-se uma opção almejada e,
portanto, mais comum na actualidade, em detrimento do que ocorria há alguns anos
quando o matrimónio era praticamente uma imposição social.

A chefia feminina se consubstancia como um avanço da trajetória das mulheres na


sociedade, particularmente pela sua saída do domínio exclusivamente doméstico e seu
ingresso no mercado de trabalho, mas ao lado dessa questão mais geral da independência
e emancipação feminina não se pode desconsiderar outras questões que estão
relacionadas às trajetórias e experiências vivenciadas pelas mulheres.

Carvalho (1998), salienta que chefia feminina apresenta dificuldades conceituais


por se referir, originariamente, a uma posição na família ancorada por um sistema
patriarcal de hierarquia e poder, e esse é um tema bastante complexo quando situamos no
âmbito das relações de género.

O termo “chefia familiar” é construído a partir da negação de um padrão


considerado dominante, a chefia masculina, sendo a denominação chefia familiar
feminina “empregada quando o homem adulto não está presente, como se a família

Página 1
chefiada por mulheres fosse uma anomalia” (Carvalho, 1998, p.77), já que não se faz esta
distinção quando o homem está presente.

De acordo com Brito (2008), a família chefiada por mulheres se constroem muitas
vezes devido a separação do casal e a figura masculina não participa da criação dos
filhos, nem ao menos de forma financeira.

Vitale (2002) apud Brito (2008), destaca dois lados em relação as famílias
chefiadas por mulheres onde a pobreza acaba por construir um estigma onde as mulheres
não são tão capazes quanto os homens de cuidar das famílias, mas por outro lado as
mulheres tendem maior independência e são capazes de administrar a família.

Inicialmente, a ideia de “mãe solteira” estava estritamente ligada à ideia de


adolescentes ingénuas e imaturas que engravidavam e, assim, passavam a ser vítimas de
uma situação social desfavorável, ou à ideia de mulheres que, contrariando costumes
sociais da época, mantinham relações sexuais antes do casamento e engravidavam
involuntariamente e eram eternamente discriminadas no meio social em que viviam.

Nas camadas mais pobres da população, as famílias monoparentais femininas,


são em grande parte associadas às situações de vulnerabilidade económica,
pois a mulher, como único membro adulto do domicílio, é sua provedora, além
de assumir funções domésticas e o cuidado com os filhos, o que implica sua
vinculação em trabalhos mal remunerados em tempo parcial ou intermitente,
gerando assim maiores dificuldades para garantir a subsistência da própria
família (CARVALHO, 1998, p. 85).

De fato, os núcleos domésticos-familiares chefiados por mulheres estão em


desvantagem, para tal Guimarães (1998), realça que não somente em relação à renda
familiar, mas também em termos de acesso aos serviços públicos básicos, inclusive o de
seus filhos à educação.

Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os


governos utilizam das Políticas Públicas que segundo Teixeira (2002, p.57), podem ser
definidas da seguinte forma:

“Directrizes, princípios norteadores do poder público, regras e procedimentos


para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e
do Estado”.

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Em Análise de Discurso, o dispositivo analítico vai se construindo no processo de
desenvolvimento da pesquisa: um processo que vai da teoria para a prática de análise dos
primeiros materiais analisados, retornando à teoria que nos leva a selecção, às vezes, de
novos dados, face a uma questão norteadora. No caso, o que nos inquieta é: Qual é a
situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de Chão
Bom?

Deste modo, pretende-se no âmbito do presente trabalho compreender, a situação


socioecómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de Chão Bom.
Assim sendo, a investigação proposta tem um carácter totalmente local, uma vez
que, se procura através desta pesquisa, entender como é a vivência dessas famílias sem a
presença do homem; analisar a percepção das mulheres chefes de família a partir dos seus
relatos relativamente às suas situações socioeconómicas; compreender a trajectória das
mulheres chefes de família na situação de vulnerabilidade socioeconómica. (caso de Chão
Bom), e averiguar a possível estratégia política local reservada a esta camada social,
mormente da localidade em estudo.

Justificativa da Investigação

Uma investigação tem sempre origem numa situação que causa preocupação,
dúvidas, ou uma certa inquietação, exigindo, portanto, uma explicação ou melhor
compreensão do fenómeno observado. Quando se diz que todo o trabalho de investigação
tem início com algum tipo de problema, torna-se conveniente esclarecer o significado
deste termo (CAMPOS, 2004).

A família, nos últimos anos alterou as suas dimensões, organizou-se de diversas


formas e modificou os seus valores. Vários investigadores, procuram compreender este
fenómeno social, que começa a ser quantificado quer por dados estatísticos ou
demográficos, devido à sua crescente aceitação e generalização.

Ora as mudanças que se identificam nos modelos conjugais não podem, no


entanto, ser analisadas segundo a perspectiva da “crise” e do “fim da família”. Muitos são
os autores, sociólogos e demógrafos, que sublinham o facto de estas mudanças não terem
de significar degradação da família, elas revelam novas lógicas familiares construídas de
acordo com as estratégias individuais e conjunturas sociais.

Página 3
Em Cabo Verde a sobrecarga dos papéis assumidos pelas mulheres frente as
dificuldades sociais, económicos e de evidências experimentadas por elas expos uma face
perversa da condição feminina sobressaindo, por um lado, a baixa auto-estima, as
frustrações os medos e anseios e, por outro, a coragem e a perseverança na luta pela
sobrevivência.

Se reparamos, a população de Chão Bom é maioritariamente chefiada por


mulheres, para tal o Censo 2010 revela que 29,5% são chefiados por mulheres e 3,3% por
homens, ou seja neste concelho existem mais mulheres chefes de famílias, cerca de
(29,5%) do que chefiados por homens. Tem uma população activa de 1828 com 47,5% do
sexo masculino e 52,5% do sexo feminino. Essa maior percentagem de mulheres
representadas como chefe de famílias explica a maior percentagem da população activa
feminino (INE, CENSO 2010).

De antemão, tal motivação surge, pela peculiaridade da referida localidade,


sobretudo pelo modo de ser dos homens um pouco afastados do compromisso com as
mulheres e filhos. Nessa perspectiva zela interesse de divisar de uma forma geral a
trajectora, a vivência, e os principais problemas enfrentados por essas famílias no dia-a-
dia, a forma como enfrentam o quotidiano sem estando no mercado do trabalho.

Ilaqueia-nos, outrossim, a pouca instrução académica que marca o percurso de


vida de muitos filhos e das mulheres que aí residem, fazendo com que, em muitas
ocasiões, se registe uma troca simétrica de actividades virtualmente benéficas (como
cultivo de conhecimento) com outras actividades menos boas.

Quiçá, este estudo após ser realizado será uma mais-valia para o mundo
académico, uma vez que, existe défice ou carência do estudo desse género, sendo assim
os alunos e não só, poderão ter material de apoio na realização de estudos futuros desse
género, não precisando partir do zero sendo que encontrarão pronto estudo realizado que
será, certamente, de enorme contribuição para o mundo académico.

Do ponto de vista político também é importante, na medida em que será um


instrumento de orientação que poderá apoiar as entidades competentes nas tomadas de
decisões políticas. Pessoalmente consideramos ser um trabalho muito estimulante por nós
permitir um maior domínio da bibliografia sobre essa área, além de colocar em discussão
diversas leituras nesse domínio, em termos académicos.

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Ciente das nossas limitações, esperamos que este trabalho contribua para a
continuação e fortificação do debate em matéria da chefia feminina no país e abra o
caminho para posteriores estudos sociais na supracitada localidade e não só.

Problemática

“Toda a discussão científica deve surgir com base em um problema ao qual se


deve oferecer uma solução provisória a qual se deve criticar de modo a eliminar o erro”
(Popper, 1975, p. 19). Enquanto Pocinho (2012), sustenta que o problema surge por
forma a esclarecer uma lacuna no conhecimento, estudar um fenómeno novo, testar
programas, metodologias, técnicas e analisar relações causa-efeito.

Partindo destes pressuposto avança-se com as seguintes problemáticas:

Até que ponto a situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres em
Chão Bom no Concelho do Tarrafal, colabora para reforçar o fenómeno denominado
feminização da pobreza?

Será que uma mulher chefe da família monoparental, que actua sozinha, a partir
de diversificados papéis (mãe e pai, criar e cuidar dos filhos), colocando os filhos na
escola, provendo a educação, o sustento e o amor que necessitam, não acaba por
experimentar um conjunto de constrangimentos que passam pela falta de meios materiais
e financeiros que lhes permitam responder, cabalmente, a normal demanda da família?

A Vivência da maioria das famílias chefiadas por mulheres de Chão Bom no


Concelho do Tarrafal, encontra-se em situação da vulnerabilidade social?

Na perspectiva de Laville e Dionne (1999, p. 85), “um problema de pesquisa é um


problema”. Tendo-se em mente um tema, deve-se levantar questionamentos acerca deste
tema, formulando assim um problema a ser estudado, analisado e encontrado soluções ou
conhecimentos que proporcione melhoras para o tema em estudo”.

É inegável a mudança do comportamento feminino ao longo dos anos, que teve


como principal causa o movimento feminista. O movimento trouxe consequências sociais
em diversos aspetos, em especial na área da família e nos papéis atribuídos a homens e
mulheres.

Página 5
Vitale (2002), propugna que a mulher chefe de família monoparental, enfrenta
jornadas árduas de trabalho extra e intrafamiliar. E nós notamos ainda que a sociedade
contemporânea vê a mulher ainda como sexo frágil, mesmo a par de tantas conquistas,
liberdade e direitos de expressão as desigualdades deixarem de existir

É visível que a maioria das famílias chefiadas por mulheres encontra-se em


situação da vulnerabilidade social. Tal processo colabora para reforçar o fenómeno
denominado feminização da pobreza, considerando que há uma maior incidência de
pobreza entre as mulheres do que entre os homens. Existem elementos que são comuns à
pobreza de homens e mulheres. No entanto, alguns aspectos atingem as mulheres de
forma diferenciada, tais como a posição que ocupam nas relações sociais e na divisão
sexual do trabalho.

Questão de Investigação

A melhor maneira de começar uma investigação é criar uma pergunta de partida


que tente exprimir ao máximo as intenções da investigação. Esta pergunta deve ser
simples, clara, direta, exequível e pertinente. (QUIVY e CAMPENHOUDT, 1998).

Ora, ainda conforme esses autores, a pergunta de partida servirá de primeiro fio
condutor da investigação e será norteada pela procura de respostas a uma determinada
questão. Deste modo, diante do exposto (problemática), o presente estudo tem por base a
seguinte pergunta de partida:

Qual é a situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na


localidade de Chão Bom?

Hipótese

Hipótese é um conjunto estruturado de argumentos e explicações que


possivelmente justificam dados e informações, mas, que ainda não foram confirmados
por observação ou experimentação.

É a afirmação positiva, negativa ou condicional (ainda não testada) sobre


determinado problema ou fenómeno

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Tendo em consideração a problemática e a pergunta de partida apresentamos a
seguinte hipótese:

A situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de


Chão Bom não é boa na medida em que a maioria dessas mulheres não estão no mercado
de trabalho, ficando difícil para a criação dos filhos e basicamente a questão social.

Objectivos de Investigação

Objectivo geral

Perante o ponto de partida desta investigação, o objectivo central deste estudo é


compreender a situação socioecómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade
de Chão Bom.

Objetivos específicos

Para que este objectivo seja mais possível, optou-se em especificá-lo em


propósitos menos abrangentes. Assim sendo, constituem objectivos específicos desta
investigação:

Identificar a origem e o conceito da chefia/Monoparentalidade feminina;

Entender a vivência dessas famílias sem a presença do homem;

Analisar a percepção das mulheres chefes de família a partir dos seus relatos

relativamente as suas situações socioeconómicas;

Compreender a trajectória das mulheres chefes de família na situação de

vulnerabilidade socioeconómica;

Averiguar a possível estratégia política local reservada a esta camada social,

mormente da localidade em estudo.

Página 7
METODOLOGIA

“Uma pesquisa é considerada ciência se sua realização for objecto de investigação


planejada, desenvolvida e dirigida conforme normas metodológicas aceites pela ciência”
(MICHEL, 2005, P. 9).

Etimologicamente, ciência é sinónimo de conhecimento, um tipo de conhecimento


que se propõe revelar a verdade, através do levantamento e análise das suas causas,
podendo por isso ser explicadas (MICHEL, 2005).

Citando Martins e Theóphilo, (2009), o maior problema da ciência não é o


método, mas sim a realidade. Diferentes modos de conceber a realidade originam
maneiras diversas de abordá-la. Assim sendo, segundo o mesmo autor, as metodologias
ou abordagens metodológicas identificam os diversos modos de abordar ou tratar a
realidade, relacionando com diferentes concepções que se tem dessa realidade. Esta é
uma noção própria do ponto de vista epistemológico, segundo a qual os métodos não se
explicam por si mesmos e o seu estudo somente é possível se forem levados em conta os
diversos elementos do contexto.

Para que uma investigação seja considerada científica, as hipóteses levantadas e


suas consequências lógicas, assim como outras explicações do mundo e das coisas,
devem ser submetidas a rigorosos testes de equivalentes com as coisas observáveis
(MICHEL, 2005).

“O cientista deve observar o facto, deixando de lado as antecipações mentais.


Somente a partir de então, usando os dados obtidos por meios de sentidos, pode buscar
gradualmente cuidadosas generalizações acerca das leis que governam os fenómenos”
(MARTINS E THEÓPHILO, 2009, p. 39).

A investigação do conhecimento de qualquer objeto ou fenómeno não pode ocorrer


senão conhecendo; investigar esse assim chamado instrumento não significa outra
coisa senão conhecê-lo. Mas, querer conhecer antes de conhecer é tão incongruente a
sábia resolução daquele escolástico – aprender a nadar antes de aventurar-se na água
(HEGEL, IN ENCICLOPÉDIA, CIT. IN, MICHEL, 2005, P. 20).

Por tudo já visto, conclui-se que o conhecimento científico não é obtido ao acaso; ela
necessita de um caminho, um roteiro, ou seja, um método que permite achar respostas
aceites, para que sejam comprovadas como verdade, (MICHEL, 2005).

Página 8
O método enquanto construção, resultante de um processo por meio do qual o
homem procura conhecer a natureza e a sociedade, deve ser compreendido e explicado
como resultado de relações entre homens em contextos históricos particulares e
singulares.

No presente estudo optamos pela escolha do método dedutivo com uma


abordagem qualitativa e quantitativa, portanto o estudo é de carácter descritivo-
correlacional e explicativo.

O método dedutivo parte das teorias e leis consideradas gerais e universais


buscando explicar a ocorrência de fenómenos particulares.

O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte


do geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias
consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com
base na lógica. “Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e
possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude
unicamente de sua lógica” (GIL, 2008, P. 9).

Podemos partir do princípio de que a pesquisa qualitativa é aquela que trabalha


predominantemente com dados qualitativos, isto é, a informação colectada pelo
pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as conclusões neles
baseadas representam um papel menor na análise.

Junta-se a isso, segundo Silva e Menezes (2001), a metodologia qualitativa baseia-


se na análise descritiva, não precisa de métodos e técnicas estatísticas, visto que o meio
ambiente é a principal fonte para a recolher informações, e o investigador é o próprio
elemento-chave para recolher e analisar os dados. Ainda o mesmo autor considera que
existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito que não pode ser traduzido em
números, entretanto a pesquisa qualitativa procura a interpretação dos fenómenos e
atribuição de significados.

A metodologia quantitativa é aquela que se baseia-se em algo quantificável, isto é,


traduzir em número opiniões e informações para classificar e analisar os fenómenos
sociais. Por outro lado requer o uso de recursos e técnicas estatísticas tais como

Página 9
percentagem, media, desvio padrão, moda, mediana, coeficiente de correlação, análise de
regressão e entre outras.

Pois, conforme realça Fonseca (2002, p. 20):

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa


podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e
consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se
constituíssem um retracto real de toda a população alvo da pesquisa. A
pesquisa quantitativa se centra na objectividade. Influenciada pelo positivismo,
considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de
dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.
A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as
causas de um fenómeno, as relações entre variáveis.

Sobe estas perspetivas, as duas abordagens não são percebidas como opostas, mas
sim como complementares. Assim sendo, optamos por fazer uma integração entre
pesquisa qualitativa e quantitativa. Pois, quanto ao estudo de caso, os dados recolhidos
podem ser de natureza qualitativa, quantitativa ou ambas.

Destacando o tipo do trabalho, trata-se de uma investigação descritiva, porque


busca descrever, analisar, compreender e conhecer, a situação socioeconómica das
famílias chefiadas por mulheres na localidade de Chão Bom, concelho do Tarrafal de
Santiago. Desta forma é correlacional, porque visa explorar e determinar a existência de
relações entre as variáveis, com vista à sua descrição.

Técnicas de recolha de dados

Foram usadas as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental; técnicas de


observação participante; análise de conteúdo e análise-interpretação dos dados em que os
sujeitos da pesquisa são compostos por mulheres chefes de família que habitam em Chão
Bom, Câmara Municipal e Associação local.

Os dados provenientes foram analisados através do programa Statistical Package


for Social Science (SPSS) VERSION 20 for Windows e Excel. Foram apresentados por
meio de gravuras e tabelas ou quadros de forma a permitir melhor visibilizarão. De igual
modo, aplicou-se a entrevista dirigida à uma associação local e a uma dirigente da
Câmara Municipal do Tarrafal, e o inquérito por questionário dirigida a 60 mulheres
chefes de família.

A abordagem empírica foi trabalhada pelo investigador, em condições de


adequada privacidade. Salientou-se no início de cada etapa, que as informações
Página 10
recolhidas são confidências, “manipuladas” anonimamente e apenas com finalidade da
investigação do presente trabalho.

Utilizou-se a entrevista estruturada dirigida à Câmara Local e a Associação Cívica


de Chão Bom com vista a proporcionar maior espaço ao entrevistado, criando assim um
ambiente favorável à uma maior interactividade entre estes e o pesquisador, sem falar que
esta estrutura é favorável à obtenção de uma maior quantidade de informações, tendo em
conta a complexidade inerente ao ser humano favorecendo assim, uma análise mais
integrada dos mesmos.

A construção do guião de entrevista, foi desenvolvido seguindo um fio condutor,


deixando, no entanto, margem de manuseio ao entrevistador para explorar mais
detalhadamente os aspectos da entrevista.

As questões incluídas na entrevista, procuraram abordar os temas de interesse


deste estudo. No início das entrevistas foi pedido a autorização para utilizarmos como
meio de registo, a gravação, assegurando a confidencialidade. Terminamos as entrevistas
através do agradecimento verbal pela disponibilidade.

Análise documental consiste em uma série de operações que visam estudar e


analisar um ou vários documentos para descobrir as circunstâncias sociais e económicas
com as quais podem estar relacionados. O método mais conhecido de análise documental
é o método histórico que consiste em estudar os documentos visando investigar os factos
sociais e suas relações com o tempo sócio-cultural-cronológico.

Amostra

A população-alvo é aquela que o investigador pretende estudar e generalizar os


resultados do estudo.

À proporção de Fortin (2000), uma amostra é uma porção da população total


sobre a qual é exercido o estudo. Esta forma deve ser representativa desta população, de
modo a que os resultados possam ser generalizáveis à população total.

A definição ou a delimitação do território, onde termina uma zona, comunidade,


uma localidade ou uma região, e onde começa o outro, é uma tarefa tanto quanto
complexa, uma vez que exige a conjugação de diversas categorias socioculturais com

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elementos naturais e geográficos, isso sem considerar a complexidade inerente ao ser
humano, e a dinâmica constante da mudança social.

O espaço de estudo agrega zonas de Chão Bom com cerca de 5166 habitantes,
contudo, em termos da proximidade geográfica são muito próximas (INE, CENSO 2010).

O inquérito por questionário, foi aplicado às 60 mulheres chefes de família que


constituem os principais sujeitos da nossa pesquisa, usando-se as técnicas de observação
participante junto da comunidade da área em estudo. Participaram neste estudo
Instituições localizadas no Concelho do Tarrafal de Santiago que actuam no sector
inerente ao processo da chefia feminina como a Associação Cívica de Chão Bom e a
Câmara Municipal do Tarrafal de Santiago. (ver quadro I).

Sujeitos do estudo

Código Amostra Função/ Representantes


E1 CMT Vereadora de DSFSEFH
E2 ACCB Presidente da ACCB
Q1 Mulheres que chefiam a família 60 Mulheres que chefiam a
família
Quadro I - amostra em relação aos sujeitos da pesquisa.
Fonte: Elaboração próprio
Legenda: E – Entrevistados; Q – Questionados

O tipo de amostragem utilizado foi a amostragem não probabilística, visto que,


segundo Mattar (2005), o fato de quando a população toda não está disponível para ser
sorteada, a amostragem é não probabilística.

No âmbito da investigação, os trabalhos de pesquisa, por vezes, abrangem um


universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los na sua totalidade.
Por essa razão, é muito frequente trabalhar com uma amostra, ou seja, uma pequena parte
dos elementos que compõem o universo.

Nesta pesquisa, como não há possibilidade de se listar todas as que são chefes de
família no campo de estudo (localidade de Chão Bom – Tarrafal de Santiago), a
amostragem não probabilística toma-se a única opção viável.

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A amostragem não probabilística, segundo, (Mattar, 2005, p. 271) é "aquela em
que a selecção dos elementos da população para compor a amostra depende, ao menos em
parte, do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo."

Estrutura do Trabalho

O presente trabalho científico encontra-se estruturado, basicamente, pela parte


introdutória e mais três Capítulos: Enquadramento Teórico, Enquadramento do Estudo
em Cabo Verde, e o caso prático (caso de Chão Bom), seguida de Conclusão, Referência
Bibliográficas e Apêndices.

Na parte introdutória do trabalho, foram feitas o enquadramento e a justificação da


investigação, e é definida a problemática e a hipóteses, os objectivos e os pressupostos do
estudo, a metodologia, onde foram definidos os sujeitos de pesquisa, as técnicas de
recolha e de análise dos dados.

No Capítulo I, fazemos o enquadramento teórico da investigação, e encontra-se


dividido em 8 importantes tópicos ligado ao tema: abordamos o conceito da família e
fizemos um enquadramento geral sobre Mudanças Ocorridas na Família; Debruçamos
sobre a origem histórica da Monoparentalidade Feminina; Chefia Feminina versos
Monoparentalidade Feminina; Causas da Monoparentalidade Feminina; Chefia Feminina
e Condições Socioeconomicas; Vulnerabilidade social e Políticas Públicas.

No Capítulo II privilegiamos uma abordagem do estudo no contexto Cabo-


Verdiano.

E, por último, o capítulo III onde enfocamos sobre a caracterização geral da área
de estudo destacando os aspectos físicos, demográficos e socioeconómicos, e o caso
prático: “Caso de Chão Bom”.

Página 13
CAPITULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Para o suporte científico desta monografia como um trabalho científico, a partir


desta página será apresentado todo o referencial teórico no qual compõe os conceitos para
um desenvolvimento coerente deste trabalho.

Conforme aduz Trivinos (1987, p. 104), “não é possível interpretar, explicar e


compreender a realidade sem referencial teórico”.

Por efeito, ainda na visão de Fortin (1996), sustentando o quadro teórico indica a
perspectiva sob a qual o estudo foi realizado. O quadro teórico pode conter proposições,
enunciados que indicam como os conceitos estão ligados entre si. Muitas vezes, a revisão
da literatura e o quadro conceptual podem ser combinados num todo, se bem que seja
preferível tratá-los separadamente.

1. Família

Etimologicamente, a palavra família deriva do latim, “familus” que significa


"servidor", era um conjunto de pessoas (parentes e domésticos) que viviam sob a
autoridade do "pater familias (DAMNED GROUP, 1973; AGOSTINHO E REBELO,
1988).

A família é uma sociedade natural formada por indivíduos, unidos por laço de sangue ou
de afinidade. Os laços de sangue resultam da descendência. A afinidade se dá com a
entrada dos cônjuges e seus parentes que se agregam à entidade familiar pelo casamento.
(NOGUEIRA, 2007).

A família é também um grupo social composto de indivíduos diferenciados por


sexo e por idade, que se relacionam cotidianamente, gerando uma complexa
trama de emoções; ela não é a soma de indivíduos, mas um conjunto vivo,
contraditório e cambiante de pessoas com sua própria individualidade e
personalidade. A sexualidade, a reprodução, a socialização são esferas
potencialmente geradoras tanto de relações prazerosas quanto conflitivas. A
divisão interna de papéis pode ser a expressão de importantes relações de
dominação e submissão, na medida em que configura uma distribuição de
privilégios, direitos e deveres dentro do grupo (BRUSCHINI, 1994, p.
77).

A família, como a comunidade formada por meio do casamento, com as


modificações sociais, políticas e económicas, passou de um conceito único e restrito para

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um conceito plural, em que a sociedade de hoje reconhece as uniões estáveis e as
comunidades formadas por qualquer um dos pais e seus descendentes.

Ressalta a OMS (1991), que ela é o grupo de pessoas de casa que tem certo grau
de parentesco por sangue, adopção ou casamento, limitado em geral pelo chefe de
família, esposa e filhos solteiros que convivem com eles (World Health Organization,
1991).

Em 1994, a WHO/OMS (World Health Organization) afirma que “o conceito de


família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual ou adopção.
Qualquer grupo cujas ligações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e um destino
comum, deve ser encarado como família”.

Pode definir-se também, de forma abrangente, como todo o grupo de indivíduos


relacionados biológica, emocional ou legalmente (MCDANIEL et al, 2003).

A entidade familiar de início é constituída pela figura do marido e da mulher.


Depois se amplia com o surgimento da prole. Sob outros prismas, a família cresce ainda
mais: ao se casarem, os filhos não rompem o vínculo familiar com seus pais e estes
continuam fazendo parte da família, os irmãos também continuam, e, por seu turno,
casam-se e trazem os seus filhos para o seio familiar.

Por efeito é um conjunto de pessoas relacionadas pelo sangue ou casamento


(embora não necessariamente), que vivem na mesma casa e com o compromisso mútuo
de cuidarem uns dos outros ao longo do tempo (AGOSTINHO E REBELO, 1988,
CITANDO GARCIA-SHELTON E BRODY, 1983, SMILKSTEIN, 1983, E CHRISTIE-
SEELY, 1984).

Quando pensamos em família constatamos que existem diversos tipos de


composições familiares: famílias reconstituídas com filhos e filhas, mães e pais
divorciados ou recasados; famílias monoparentais onde apenas o pai ou a mãe assume a
responsabilidade com os filhos; famílias unipessoais onde a pessoa vive sozinha por
opção ou necessidade; uniões consensuais onde os casais não formalizam sua união;
casais sem filhos por opção, entre outras.

Regista-se na história, na Europa do século XVI, que em determinadas regiões


de França ou Itália, a família poderia ser patrifocal (vários irmãos e esposas
respectivas, sob a autoridade do patriarca, o mais velho), enquanto noutras

Página 15
regiões de França e em Portugal, predominava a família-tronco (o filho mais
velho ficava a viver em casa dos pais, após o casamento) (GUERREIRO,
2011).

São cada vez mais comuns arranjos familiares diversos – monoparentais,


homoparentais, desconstruídos, reconstituídos etc.

Portanto fazem parte da família” elementos não ligados por traços biológicos, mas
que são elementos significativos (amigos, professores, vizinhos, etc.) no contexto
relacional do indivíduo, ou indivíduos, que solicitam intervenção (SAMPAIO e
GAMEIRO, 1985).

1.2. Mudanças ocorridas na família

Ao longo da história a instituição familiar sempre esteve em contínuas


modificações, pois podemos verificar que na era romana ela era organizada sob a
autoridade do pai que tinha o poder de vida e de morte sobre os filhos, assim como
vendê-los e até mesmo castigá-los com penas corporais, já a mulher era submissa à
autoridade do pai e consequentemente do marido, visto que esta servia para os afazeres
domésticos, e a criação dos filhos, pois a lei da época não lhe concedia os mesmos
direitos que o homem tinha.

Nessa perspectiva Welter, (2004, p. 14) afirma que: “O marido era considerado o
chefe, o administrador e o representante da sociedade conjugal”.

Sob essa óptica, o chefe da família exercia autoridade sobre os filhos, sobre a
esposa e seus escravos, podendo fazer o que quisesse com estes. A instituição familiar era
uma unidade económica, religiosa, política e jurisdicional.

A sua composição antiga apresenta-se completamente diferente dos dias atuais, já


que o casamento desempenhava domínio absoluto sobre as demais composições
familiares. Desta forma, as alterações nas tradições, costumes e também na cultura
trouxeram significativas mudanças não só no âmbito familiar, como também na sua
percepção legal.

Neste sentido, Engels (2006, p. 60) aduz que:

A expressão “família” nem sempre foi a dos dias atuais, pois em sua origem,
entre os romanos, não se aplicava sequer ao casal de cônjuges e aos seus filhos,

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mas apenas aos escravos. “Famulus” significa escravo doméstico e família era
o conjunto de escravos pertencentes ao mesmo homem.

Partindo para Babilónia, o que se pode observar é que a base da família fundava-
se do casamento monogâmico, mas o direito sob forte influência dos judaicos permitia a
possibilidade de uma segunda esposa, porém só era permitido se a primeira estivesse com
alguma doença grave ou não pudesse ter filhos.

Na idade média a família era regida com exclusividade pelo direito canónico, este
regulava as relações dos homens entre si e até mesmo o Estado, nesta época apenas o
casamento religioso era conhecido, entretanto a influência das normas romanas era
exercida nas relações patrimoniais entre os cônjuges no que se refere ao pátrio poder.

Foi a partir do século IV d. C. através do imperador Constantino que as regras


foram tornando-se mais branda, visto que se inseriu no direito romano a concepção cristã
voltada para a família a qual predominava as questões de ordem moral.

O século XXI trouxe em seu bojo significativas mudanças na instituição familiar,


visto que desde os tempos greco-romanos à concepção que se tinha era de que o “pater
famílias” conhecido como poder familiar era uma prática exclusiva do homem e a mulher
por sua vez era criada para desempenhar as obrigações de casa. Já o relacionamento entre
pais e filhos foi marcado pelo poder do chefe que se valia de violência no tratamento com
estes.

A respeito desta moderna espécie de família expõe Chagas (2007), que nessa nova
organização as famílias passam a receber o “marido da mãe”, os filhos do “marido da
mãe”, os filhos da nova esposa do pai, as famílias de origem de cada um dos novos pares,
cada um trazendo para o núcleo familiar sua própria cultura.

A família sofreu profundas mudanças quanto à sua natureza, função, composição


e concepção, nas últimas décadas e no mundo inteiro. Deixou de ser um núcleo
económico de reprodução para ser um espaço do amor, do companheirismo e do afecto.
O sexo, o casamento e a reprodução deixaram de ser os sustentáculos da família
(ROUDINESCO, 2003).

Foi uma das áreas que mais sofreu modificações ao longo da evolução das
relações políticas, económicas e sociais, apesar de constituir uma das instituições mais

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antigas do mundo. A família tem seu conceito reformulado de acordo com as mudanças,
costumes, valores e ideias da sociedade.

Segundo Gomes (1999) apud Abrahão (2003), o conceito da família é de origem


romana, que estruturou de forma inconfundível a família, conferindo-lhe como “unidade
jurídica, económica e religiosa fundada na autoridade de um chefe”.

A família é a maior unidade da nossa cultura na qual se desenvolvem relações e se


proporcionam cuidados a longo prazo, estando o conceito de cuidados longitudinais
centrado na família (WILLIAMS, 1988).

1.3. Origem histórica da monoparentalidade feminina

O tema das chamadas “famílias monoparentais" tem despertado interesse


recentemente entre demógrafos, antropólogos e sociólogos. Em larga medida, o tema
ganhou relevância em decorrência da projecção da ideologia feminista no âmbito das
ciências sociais e como parte também do chamado "multiculturalismo crítico” (KUPER,
1999).

A monoparentalidade não pode ser observada como um fenómeno moderno. Ela


sempre existiu. O fato é que tem evoluído, consideravelmente, nos últimos vinte anos.
Antigamente, a monoparentalidade ocorria como fenómeno involuntário, pois era fruto de
uma situação imposta, como na viuvez. Modernamente, este fenómeno é muito mais
voluntário. Ele parte de uma opção, decorrente da manifestação da vontade humana,
como no caso do divórcio.

Conforme já mencionado o termo “família monoparental” apareceu em França,


num estudo desenvolvido em 1981 pelo Instituto Nacional de Estatística e de Estudos
Económicos (INSEE), que o utilizou para distinguir a comunidade formada por qualquer
dos pais e seus filhos das uniões constituídas por um casal, tendo sido o referido termo
consagrado, mantido e espalhado por toda Europa e os demais países ocidentais. (LEITE,
1997, pp. 21 - 22)

Outrossim Lefaucher (apud Vitale, 2002, p. 47) propugna, que a expressão


“famílias monoparentais foi utilizada em França, desde a metade dos anos setenta, para
designar as unidades domésticas em que as pessoas vivem sem cônjuge, com um ou
vários filhos com menos de 25 anos e solteiros”.

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Em meados da década de 70, surge a designação famílias monoparentais, isto é, as
famílias formadas por um dos genitores e a prole. O primeiro país a tratar deste tema, foi
a Itália, em 1960, tratando-as como “one-parent families” ou “lone-parent families”, nos
seus levantamentos estatísticos.

Destacando-se como fenómeno social, a Inglaterra, por volta de 1960, é o


primeiro país a fazer levantamento estatístico em que se refere à família monoparental,
utilizando, entretanto, para designá-la, as expressões “oneparents families” ou “lone-
parents families”.

Antes, porém, de se consagrar a terminologia, muito se discutiu se a melhor


nomenclatura não seria “situações de ordem familiar de risco”, “família unilinear” ou “lar
monoparental”, chegando a se afirmar que seria melhor “falar de lar monoparental, ao
invés de „ família monoparental ‟, sobretudo quando o genitor que não mais mora ali se
manifesta frequentemente e preenche seu papel de genitor.

Sempre existiram viúvos e viúvas, mães solteiras e mulheres separadas ou


abandonadas por seus maridos que assumem, por inteiro, o encargo de sua
progenitora. Mas, o crescimento dos anos 60 nos países industrializados
produziu um impacto sobre a configuração das famílias. Como a maioria dos
casais desunidos tem filhos, os lares dirigidos por um só genitor sofreram um
aumento considerável e uma intensa visibilidade. Os analistas sociais lhes
atribuem, então, uma denominação inédita: famílias monoparentais. O
neologismo é amplo e procura designar, ao mesmo tempo, novas formas de
monoparentalidade oriundas de rupturas voluntárias de uniões, bem como
formas antigas (e desaparecidas) decorrentes de falecimentos e deserções de
cônjuges, como também os nascimentos extramatrimoniais.
(DANDURAND apud LEITE; 1997, p. 724-725).

Superadas essas discussões, predominou o termo “família monoparental” para


designar lares compostos por genitor solteiro, viúvo, separado ou divorciado e seus filhos.
Com a contemporaneidade nasceu profundas mudanças na dilatada lacuna entre a família
clássica e a família moderna. Antes a família era matrimonializada e patriarcal, com
predomínio do homem, “chefe da família”. Dominava a supremacia do homem na relação
conjugal. Na antiga família, os laços de sangue eram mais importantes e o interesse
económico prevalecia sobre os vínculos do amor. Sendo que muitos casamentos
sobreviviam ausentes de afecto, sua coesão era vinculada à propriedade e à linhagem.

Após as duas guerras mundiais e as transformações nos modos de organização do


trabalho, a família, passou por modificações acentuadas. Houve um maior incentivo em

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privilegiar mais o indivíduo, com seus valores e capacidades do que sua posição social,
género ou idade.

Foi pelo trabalho que a mulher cobriu em grande parte a distância que a separava
do homem; só o trabalho pode assegurar-lhe uma liberdade concreta. Desde que ela deixa
de ser uma parasita, o sistema baseado em sua dependência desmorona; entre o universo e
ela não há mais necessidade de um mediador masculino (BEAUVOIR, 1970, p. 449).

A família moderna após a industrialização, passou a ter maiores possibilidades


de se constituir através da livre escolha dos cônjuges fundamentada no amor
conjugal. Passou-se a dar mais importância à realização pessoal na união
conjugal, tendo o afecto, muitas vezes, o poder de direccionar as decisões
pessoais. As relações entre os membros do casal tornaram-se mais semelhantes
relativamente às questões do exercício de "mando". Houve uma reformulação
dos papéis masculino e feminino na relação conjugal, o que propiciou o
surgimento de novos modelos de comportamento para ambos os géneros, tendo
o movimento feminista contribuído de forma significativa para que isso
ocorresse (BEAUVOIR, 1970).

Diante disso a historiadora Eni de Mesquita Samara (2002), afirma que desde o
período colonial, especificamente no século XVII, “mulheres exerciam actividades
económicas fora do âmbito doméstico e as solteiras com prole natural chefiavam famílias.

Crescer com um único progenitor era uma experiência comum mesmo há um


século atrás, quando a mortalidade atingia com maior frequência homens e mulheres na
flor da idade, deixando viúvas/os e órfãos ainda não adultos.

Deste ponto de vista, é importante lembrar que mesmo nos países com elevada
taxa de instabilidade conjugal, o número de crianças que experimenta a
interrupção do relacionamento dos pais antes de se tornar adulto, entrando
numa família monoparental, é menor do que há um século. Os motivos, que
levam a essa situação é que todavia mudaram radicalmente; assim já não é a
morte, mas a separação e o divórcio (ou o nascimento fora de uma convivência
de casal). E o progenitor que já não convive (ou nunca conviveu), continua
vivo, e potencial ou afectivamente, continua a fazer parte da rede de
relacionamento dos filhos. É precisamente, por estar vivo que sua ausência
“pesa” mais (MESQUITA, 2002).

Antigamente, a maioria destas famílias era formada por viúvas e seus filhos ou
por mães solteiras e seus filhos, destacando-se assim a característica que sempre foi
marcante nesse tipo familiar: a imposição de uma situação, em que a mulher era sempre a
vítima das circunstâncias. As mulheres não optavam por criarem seus filhos sozinhas,
eram, na verdade, abandonadas por seus maridos ou, após a morte destes, ficavam sós
com a prole.

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Para Talavera, (2000, p.176):

A mais vistosa monoparentalidade se esboçava nas figuras das viúvas e das


mães solteiras, vitimadas por uma concepção não querida, que engrossavam as
fileiras da monoparentalidade, porém, modernamente, as famílias
monoparentais se recrutam, mais e mais, entre as ex-famílias biparentais
regulares, tornadas monoparentais em decorrência de separação ou divórcio
dos cônjuges, ou ainda, pela opção de ter um filho mantendo-se sozinho.

Entretanto, é forçoso reconhecer que o crescimento contínuo e elevado das


famílias monoparentais não poderia ter sido causado apenas pela morte do companheiro
ou por mães que acabavam por ficar sozinhas ao serem abandonadas pelo marido

A família pós-moderna, sem dúvida, modificou-se, assumindo novos padrões


familiares. O facto a ser considerado é se estes novos padrões são decorrência do
anteriormente conhecido ou são novos padrões surgidos na sociedade contemporânea.

Em 1985, o Parlamento Europeu constatava não existir nenhuma definição


internacionalmente reconhecida de Família Monoparental, acrescentando que o referido
termo abrange, nos diversos países da comunidade, situações tão variadas como as de
pais/mães que vivem sós com um ou vários filhos, casais não casados com filhos, pais/
mães solteiros que vivem não apenas com os filhos mas com outros familiares, grupo de
pessoas que coabitam sem qualquer laço marital ou filial” (MARTINS,1995, p. 29).

Com o decorrer do tempo, em virtude das mudanças ocorridas na figura feminina


na sociedade, como a autonomia financeira, o casamento tem deixado de ser seu
objectivo principal, a escalada no mercado de trabalho, bem como a busca pela conquista
profissional, o controle dos métodos contraceptivos, o desenvolvimento de técnicas
artificiais de fertilização, dentre outros motivos, possibilitaram a mulher escolher criar e
até mesmo conceber seu filho sem a necessidade de um vínculo conjugal. Dessa forma,
constata-se, cada vez mais, que a monoparentalidade tornou-se uma opção. Tanto a opção
de se separar do marido ou companheiro, obtendo para si a guarda da criança, quanto a
opção de ter o filho sozinha, por meio de adopção ou de técnicas de reprodução
artificiais.

Ora, para muitos autores como, Aguera, Cavalli e Oliveira, (2001), novas formas
de organização familiar estão intimamente relacionadas ao processo de destituição do
poder familiar, uma vez que faltam acções direccionadas ao atendimento das novas
configurações da família contemporânea. Nas famílias pobres a questão torna-se mais

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grave devido ao estigma que sofrem por serem muitas vezes culpabilizadas pelo fracasso
de seus membros.

Com a quebra do antigo modelo, muitas famílias ficam enfraquecidas em sua


estrutura, isto faz com que os pais não se sintam mais totalmente responsáveis pela
criação e educação dos filhos, estendendo boa parte dessas responsabilidades para outros
segmentos, criando-se um “problema” no que diz respeito ao convívio familiar, a partir
da possibilidade do rompimento do vínculo familiar e afectivo.

A inclusão da mulher no mercado de trabalho e a procura por estabilização


profissional ocasionaram a postergação do casamento. Especialmente para os sectores
mais favorecidos da população, a vida de solteiro tornou-se uma opção almejada e,
portanto, mais comum na actualidade, em detrimento do que ocorria há alguns anos
quando o matrimónio era praticamente uma imposição social.

O feminismo, a revolução sexual e outros movimentos libertários populares, nos


anos 60, proporcionaram à família inúmeras transformações. As mulheres conquistaram
espaço na sociedade e se tornaram co-provedoras da família. Com a efectivação da
mulher no mercado de trabalho, surgiram as crises matrimoniais. Houve aumento
significativo de separações, desquite e liberdade sexual. O divórcio promove a extinção
da sociedade. Surge a família monoparental. Mães e pais solteiros passaram a reconstituir
suas vidas. Surgem novas configurações familiares: as famílias monoparentais,
constituídas por um dos genitores e os filhos, famílias reconstituídas, formadas por casais
separados com filhos de relações anteriores, as famílias homossexuais, com um casal
homossexual e filhos e, também, casais sem filhos.

Strey (1997), salienta que, devido ao seu papel de reprodução da vida, presume-se
que as mulheres possuem determinadas capacidades e habilidades inatas para cuidar da
prole.

A evolução do conhecimento científico - somado ao fenómeno da globalização,


ao declínio do patriarcalismo e à redivisão sexual do trabalho – fez uma grande
transformação da família, especialmente a partir da segunda metade do século
passado. Como será a família desse novo século (...)? Não é necessário mais
exo para reprodução, e o casamento legítimo não é mais a única maneira de se
legitimar as relações sexuais. (...) Afora a nostalgia de que a família na qual
cada um de nós foi criado é a melhor, sua travessia para o novo milénio se faz
em um barco que está transportando valores totalmente diferentes, como é
natural dos fenómenos de virada de século. A travessia nos deixa atónitos, mas
traz consigo um valor que é uma conquista, ou seja, a família não é mais
essencialmente um núcleo económico e de reprodução em que sempre esteve

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instalada a suposta superioridade masculina. Nessa travessia, carregamos a
“boa nova” de que ela passou a ser muito mais o espaço para o
desenvolvimento do companheirismo, do amor e, acima de tudo, embora
sempre tenha sido assim, e será, o núcleo formador da pessoa e fundante do
sujeito. (PEREIRA, 2003, pp. 235-236)

Percebe-se que tal crescimento não corresponde ao crescimento dos homens na


vida doméstica e de cuidado com os filhos (FREITAS et al., 2009).

Neste contexto percebe-se que, embora haja actualmente uma demanda de que os
homens se tornem mais participativos no âmbito doméstico, a maternidade continua
sendo cercada por uma série de mitos, deveres, funções e prerrogativas, e ainda parece
assumir uma função maior de grandeza se comparada à paternidade (REIS, 2010).

Por conta dessas alterações o modelo de família baseado na complementaridade


de papéis com o pai provedor e a mãe dona de casa em período integral começa a sofrer
rupturas, sinalizando o início da decadência da versão mais tradicional da família nuclear.

A chefia feminina se consubstancia como um avanço da trajectória das mulheres


na sociedade, particularmente pela sua saída do domínio exclusivamente doméstico e seu
ingresso no mercado de trabalho, mas ao lado dessa questão mais geral da independência
e emancipação feminina não se pode desconsiderar outras questões que estão
relacionadas às trajectórias e experiências vivenciadas pelas mulheres.

Durante a década de 50, estudos funcionalistas ligavam nuclearidade de família


à modernidade. O pai era considerado como provedor, e o único responsável
pelas finanças, e a mãe era única e exclusivamente cuidadora do lar, a
responsável pela casa e pelos filhos.
Ao homem, igualmente, é concedido o direito à infidelidade conjugal,
sancionado ao menos pelo costume [...], e esse direito se exerce cada vez mais
amplamente, à medida que se processa o desenvolvimento social. Quando a
mulher, por acaso, recorda as antigas práticas sexuais e tenta renová-las, é
punida mais rigorosamente do que nunca. (ENGELS, 2012, p. 64)

Verifica-se que, actualmente, coabita-se cada vez mais. Sem vinculação formal, as
rupturas das uniões tendem a ser mais comuns, o que eleva o número de famílias
monoparentais. Constata-se ainda, o crescimento do número de separações e divórcios
nos últimos anos, o que acaba por gerar famílias monoparentais.

Diante disso, as transformações socioculturais e históricas, a família monoparental


feminina constitui-se, muitas vezes, devido à separação dos cônjuges e, nesses casos,
geralmente o cônjuge masculino não participa financeiramente na criação dos filhos.

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1.4. Chefia feminina versos monoparentalidade feminina

A visibilidade objectiva deste fenómeno encobre vários aspectos ainda pouco


explorados. Um deles é a precisão conceitual do que se entende por chefia feminina.
Derivada da posição de chefe da família, a chefia feminina pode ser entendida pelo senso
comum apenas como a versão diferenciada de género da chefia masculina. Porém não é
assim tão simples.

A chefia familiar é uma posição moral além de financeira e traz implícito um


sistema patriarcal de governança.

Carvalho (1998), salienta que chefia feminina apresenta dificuldades conceituais


por se referir, originariamente, a uma posição na família ancorada por um sistema
patriarcal de hierarquia e poder, e esse é um tema bastante complexo quando situamos no
âmbito das relações de género.

Soares (2001, p. 62) propugna que:

A separação dos papéis sexuais parentais contribui para a formação de padrões


de comportamentos ideológicos a serem desempenhados pelo homem e pela
mulher. A masculinidade se expressa na agressividade, na racionalidade e na
atividade; a feminilidade, por sua vez, se restringe à capacidade de expressar
emoções, de passividade e de irracionalidade.

O conceito de chefia feminina para Carvalho (1998), tem suas origens nas leis que
regiam a família em sociedades antigas. Era normalmente empregado para designar a um
único membro, normalmente o homem mais velho, poder sobre os demais membros do
domicílio.

Esta prática foi sendo, ao longo da história, incorporada aos códigos e leis das
nações Europeias e transmitidas, posteriormente, através de leis e normas, às Colónias.

A autora por seu turno ressalta que os dois principais pressupostos do conceito
são: “(i) que esposas, filhas e mães são dependentes económicas do provedor masculino e
(ii) a existência de um núcleo conjugal como a base do domicílio” (CARVALHO, 1998,
p.9).

Talvez por isso, a definição de chefia familiar feminina tenha sido,


tradicionalmente e, em especial, aplicada às situações em que famílias e/ou domicílios
são liderados por mulheres sozinhas, isto é, em que o parceiro masculino está ausente,

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como no caso de viúvas, mães solteiras e mulheres separadas ou divorciadas com
dependentes. De fato, a família chefiada por mulher continua tendo como ponto central
para sua identificação a ausência de um companheiro, ou seja, da figura masculina, e é
considerada uma variante do tipo familiar burguês considerado padrão nas sociedades
ocidentais.

Propugna Berquó (2002), que o termo “chefia feminina” pode se referir aos
seguintes grupos de mulheres:

1 – “Uma mulher solteira, separada ou viúva, com filhos, tendo ou não


parentes e/ou agregados”;

2 – “Mulher solteira, separada ou viúva, sem filhos morando em casa, ou


porque não os teve, ou porque, adultos, já saíram de casa ou já faleceram, tendo
ou não parentes e/ou agregados vivendo no domicílio”;

3 – “Mulher solteira, separada ou viúva, morando sozinha”;

4 – “Mulher casada chefiando a família mesmo tendo um marido ou


companheiro morando em casa”.

Como é óbvio, o que Berquó propõe é que que a mulher chefe de família não é só mulher
solteira, podendo ser qualquer um a que sustenta sozinha a sua família.

Chefia feminina tem sido, tradicionalmente, aplicada às situações onde famílias


e/ou domicílios são liderados por mulheres sozinhas, onde o parceiro masculino está
ausente, como nos casos de viúvas, mães solteiras e mulheres desquitadas/separadas com
dependentes.

O termo “chefia familiar” é construído a partir da negação de um padrão


considerado dominante, a chefia masculina, sendo a denominação chefia familiar
feminina “empregada quando o homem adulto não está presente, como se a família
chefiada por mulheres fosse uma anomalia” (Carvalho, 1998, p.77), já que não se faz esta
distinção quando o homem está presente.

A pesquisa realizada por Carloto (2005), traz elementos interessantes para se


compreender o significado da chefia familiar feminina. Com relação ao reconhecimento
da chefia, as mulheres entrevistadas se consideravam chefes de família porque assumiam
a responsabilidade com os cuidados da casa e com os filhos. De modo que “para essas
mulheres, a chefia familiar não está relacionada apenas à manutenção económica, mas
principalmente à responsabilidade com os filhos” (CARLOTO, 2005, p.11).

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É interessante notar que para as mesmas, assumir esta responsabilidade se
justifica pelo fato de que carinho, responsabilidade são atributos femininos e o homem ou
pai é frequentemente visto como irresponsável.

De acordo com Brito (2008), a família chefiada por mulheres se constroem muitas
vezes devido a separação do casal e a figura masculina não participa da criação dos
filhos, nem ao menos de forma financeira.

Vitale (2002) apud Brito (2008), destaca dois lados em relação as famílias
chefiadas por mulheres onde a pobreza acaba por construir um estigma onde as mulheres
não são tão capazes quanto os homens de cuidar das famílias, mas por outro lado as
mulheres tendem maior independência e são capazes de administrar a família.

Estabelece-se também uma rígida divisão sexual dos papéis e atribuições; o isolamento
da mulher no espaço doméstico-familiar, com a socialização do trabalho dos homens e a
domesticação do trabalho das mulheres. As mulheres vão ingressar na produção social,
mas continuam responsáveis pela esfera doméstica.

Ressalta Woortmann e Woortmann (2012), que a chefia, de modo geral, é determinada


pela participação efectiva do homem na renda familiar, nos casos onde o homem não é o
sustentáculo da família, ele perde, muitas vezes, a autoridade de chefe.

O conceito de família monoparental refere-se a uma mãe ou um pai que vive sem
cônjuge e com filhos dependentes. As famílias monoparentais de mães sozinhas com
filhos são mais “vulneráveis” no plano económico, no provimento de víveres e dos
cuidados prestados aos filhos.

As famílias formadas por um dos pais e seus descendentes organizam-se tanto


pela vontade de assumir a paternidade ou a maternidade sem a participação do outro
genitor, quanto por circunstâncias alheias à vontade humana, entre as quais a morte, o
divórcio e o abandono. [...] Para fins de entendimento cumpre salientar, sejam quais
forem os factores determinantes da família monoparental, que a ausência prolongada do
ascendente ou descendente (BRITO, 2008).

Neste sentido, entende-se que as mudanças socioeconómicas, culturais que


acabam gerando os divórcios, abandonos de lar e algumas vezes óbitos, tornando apenas

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um dos membros da família, responsável pelo sustento sozinho da casa, bem como pelo
domínio sobre outros integrantes.

Cabe também apontar situações cada vez mais comuns, como por exemplo, o de
mãe solteira, por opção ou não, que provém o sustento da casa, ou como os casos de
adultos que optam por adopção, mesmo sendo solteiros. Por questões relativas ao
entendimento da definição de família monoparental utilizada em diferentes estudos é
pertinente referir que, família monoparental em estudos de sociologia da família e de
política social alude a, um/a pai/mãe a coabitar com filhos dependentes e sem cônjuge.

Quando nos referimos às famílias monoparentais femininas consideramos que elas podem
ser compostas de três seguintes formas:

Mulheres separadas ou divorciadas que possuem a guarda do (s) filho (s);

Mulheres viúvas que criam seus filhos;

Mulheres que jamais se casaram mas optaram pela maternidade, realizando a


chamada “produção independente” por vias naturais ou pela adopção, criando seu (s)
filho (s) sozinha sem a presença paterna.

A par disso Pinto et al., (2011), afirma que a família monoparental pode ser
definida como um arranjo familiar composto pelo pai ou pela mãe - que podem estar na
condição de solteiro, separado, divorciado ou viúvo - e seus filhos.

As famílias monoparentais femininas, são em grande parte decorrentes de uma


gravidez precoce ou indesejada, instabilidade familiar e abandono. Não raro essas
mulheres foram ou ainda são vítimas de violência doméstica em suas mais variadas
vertentes, incluindo-se a "invisível", aquela que não deixa marcas exteriores, mas
sequelas profundas em relação à sua auto-estima e à busca ou reconstrução de sua
identidade como mulher, como cidadã e aos preconceitos decorrentes da relação de
género.

1.5. Causas da monoparentalidade feminina

Como dito algures, a família monoparental sempre existiu, mas teve um considerável
aumento nos últimos anos.

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Estamos vivendo uma época distinta dos contestadores anos das décadas de 1960
e 1970. Em tal período, a família consistia no alvo de ataque de especialistas e de pessoas
comuns, pois a estrutura patriarcal simbolizava o conservadorismo e as resistências, de
múltiplas ordens, às mudanças sociais, culturais e políticas, nas quais a emergência de
novos modelos e papéis sexuais era acompanhada por fortes transformações nos lugares e
papéis sociais.

Pode-se, porém, apontar alguns factores que se destacam como determinantes para
o surgimento da família monoparental na sociedade, bem como para sua propagação.

A primeira e mais antiga dessas causas da formação de famílias monoparentais


encontra-se na viuvez, seja do homem ou da mulher, em que há descendentes que se
mantêm sob os cuidados ou apenas residindo com o cônjuge sobrevivente. Isso porque,
como ficou constatado na evolução histórica feita no capítulo I, o casamento sempre foi
consagrado como formador da família, não se podendo, em alguns momentos da história,
separar a ideia de matrimónio do conceito de família.

Apesar de ser a causa mais remota da monoparentalidade, a proporção de famílias


monoparentais decorrentes da viuvez tem sido menor em relação a outros factores a partir
da década de 1980, seja porque a expectativa de vida dos homens aumenta ou mesmo
pelo aumento de separações e divórcios (LEITE, 1997, p. 60).

Independentemente disso, a viuvez é apontada como uma causa da


monoparentalidade. Outro factor que determina a formação de famílias monoparentais é a
separação judicial e o divórcio, sendo considerado um dos principais factores.

Essa tendência que, nos dias atuais, se mostra cada dia mais reforçada, tem como
justificativa o entendimento da sociedade contemporânea de que na dissolução do
casamento é acontecimento completamente normal e até previsível para alguns, assim
como a ideia de que não é necessário o casamento para que o homem ou a mulher se
realize afectivamente e seja feliz.

Essa mudança de mentalidade desencadeia, então, o aumento de famílias


monoparentais consecutivas aos divórcios e separações judiciais.

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As famílias monoparentais advindas do divórcio e separação judicial, como
quaisquer outras, podem ser formadas por homens ou mulheres separados ou divorciados
cuidando de seus filhos.

Entretanto, apesar de saber que alguns homens tendem a buscar efectivar sua
função paterna, ainda predomina, na sociedade, a ideia de que a criança ou o adolescente
permanece melhor com a mãe, o que significa dizer que a maioria das famílias
monoparentais consecutivas ao divórcio ou separação judicial são formadas por
“mulheres chefes de família” (LEITE, 1997, pp. 40 - 41).

Embora aqui se destaque essa causa de formação da família monoparental, é


necessário lembrar o que foi dito algures quanto à transitoriedade que marca a
monoparentalidade, o que significa que essas famílias monoparentais formadas depois da
separação e do divórcio podem não se manter assim por muito tempo, uma vez que essa
mãe ou esse pai pode vir a contrair novo matrimónio ou mesmo constituir uma união
estável.

Outro factor que desencadeia a monoparentalidade é a dissolução das uniões


estáveis, reconhecidas como entidades familiares. Um outro factor determinante para a
monoparentalidade é a “mãe solteira”, que só será reconhecida plenamente no fim do
século XX, apesar de sempre ter existido.

Inicialmente, a ideia de “mãe solteira” estava estritamente ligada à ideia de


adolescentes ingénuas e imaturas que engravidavam e, assim, passavam a ser vítimas de
uma situação social desfavorável, ou à ideia de mulheres que, contrariando costumes
sociais da época, mantinham relações sexuais antes do casamento e engravidavam
involuntariamente e eram eternamente discriminadas no meio social em que viviam.

No entanto, essas características de “mães solteiras”, apesar de não terem deixado


de existir, não são mais as únicas na actualidade. Isso porque, aos poucos, com a
revolução sexual e independência da mulher, foi surgindo, na sociedade, mães sozinhas
que se encontram nessa situação porque assim desejaram, isto é, surgem as “mães
solteiras” por opção ou voluntárias em contraposição às mães solteiras involuntárias, para
as quais a maternidade foi “imposta”.

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Com base no exposto, se conclui que a monoparentalidade advém de várias causas
e essa diversidade permite, inclusive, estabelecer categorias de famílias monoparentais,
havendo necessidade, porém, de se destacar que, além dos factores aqui citados, há outros
tantos de natureza socioeconómica que interferiram significativamente para o aumento de
famílias monoparentais.

1.6. Monoparentalidade feminina e condições socioeconómicas

As famílias chefiadas por mulheres, apresentam grande fragilidade perante a


instabilidade que se encontra no mercado de trabalho, isso associado a separação ou
divórcio tendem a favorecer ao empobrecimento destas famílias. Se estas famílias forem
afectadas por uma situação prolongada de desemprego e / ou se o novo emprego
conseguido for a tempo parcial correm riscos acrescidos de cair na pobreza. Como a
maioria das famílias monoparentais são lideradas por mulheres e estas são as que mais
trabalham a tempo parcial, há um risco real destas famílias se tornarem ainda mais
pobres.

Nas camadas mais pobres da população, as famílias monoparentais femininas,


conforme aduz Carvalho (1998, p.85), são em grande parte associadas às situações de
vulnerabilidade económica, pois a mulher, como único membro adulto do domicílio, é
sua provedora, além de assumir funções domésticas e o cuidado com os filhos, o que
implica sua vinculação em trabalhos mal remunerados em tempo parcial ou intermitente,
gerando assim maiores dificuldades para garantir a subsistência da própria família.

As mulheres de um modo geral e não só as chefes de família, constituem um


universo especial. Ocupam-se de actividades domésticas não remuneradas
indispensáveis para reprodução da força de trabalho. Estas ocupações resultam
em limitação do tempo das mulheres para investir em formação profissional.
Além disso, enfrentam uma forte discriminação no mercado de trabalho, fato
que colabora para sua inserção nos trabalhos informais, de menor qualificação
e com salários baixos. Tais aspectos reforçam o entendimento de que a pobreza
atinge de maneira diferenciada homens e mulheres e que este último grupo
encontra-se mais vulnerável a situações de pobreza (NOVELLINO, 1999).

Olhando atentamente à realidade dessas mulheres chefes de família, que entre


limites e possibilidades buscam superar a condição de vulnerabilidade social, tanto pelo
próprio esforço quanto pela via de políticas sociais públicas, numa sociedade que
estabelece direitos e deveres a todos.

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Uma mulher chefe da família monoparental, atua sozinha, a partir de
diversificados papéis (mãe e pai, criar e cuidar dos filhos), colocando os filhos na escola,
provendo a educação, o sustento e o amor que necessitam.

Vitale (2000), afirma que a mulher chefe de família monoparental, enfrenta


jornadas árduas de trabalho extra e intrafamiliar. O desafio da conciliação entre o
trabalho e sua vida familiar, está presente em depoimentos reveladores da dificuldade da
mulher/mãe e provedora do sustento da família e de uma participação mais efectiva junto
a seus filhos e ao ambiente familiar. Dessa forma, a vulnerabilidade, a fragilidade
financeira e educacional incrementa a dificuldade económico-social, dificultando sua
participação na vida familiar.

Essa mulher busca estratégias de sobrevivência diante das situações de extrema


necessidade uma vez que “a dimensão da pobreza se aprofunda quando vinculamos
monoparentalidade sexo e etnia” (VITALE,2002, P. 51).

No entanto essa configuração de família sob essas características não é


prerrogativa das famílias pobres, mas acentua nessa condição. Mas a monoparentalidade
não pode ser considerada a partir de uma visão estática, já que as relações estão em
constante movimento com separações e recomposições, actualmente ser família é algo
muito flexível, composto por uma diversidade de factores que compõem sua composição.

A família deve ser compreendida dentro de um contexto na qual é construída, para


isso deve ser analisada as práticas histórico-culturais que caracterizam o momento. Esse
movimento constante acaba por culpabilizar as chefes de família pelo desaparecimento de
valores, a “desestruturação” da família e o desajuste e desvio dos filhos. Por isso, as
famílias monoparentais sofrem com o estigma de menor status social.

A família categorizada como monoparental é, na maioria das vezes chefiadas por


mulheres. No entender de Silva, (2001, p. 92), “nas famílias de progenitor sozinho na
maioria assumidas pela mulher três problemas se inter-relacionam, a dominar a sua vida:
a sobrevivência económica, a paternidade (entendida aqui como função parental) e os
relacionamentos sociais.”

A monoparentalidade acarreta uma perda do poder aquisitivo e a redução do


rendimento económico dessas famílias, o que pode levar à situações de
pobreza. Há apenas um progenitor no papel de provedor do lar, seja no plano
económico ou no emocional e afectivo. Contudo, no caso de divórcio ou

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separação, na maioria dos casos os filhos ficam à guarda da mãe, e o pai deve
contribuir através do pagamento de uma pensão pecuniária de periodicidade
mensal, bem como efectuar visitas regulares aos filhos. Ou seja, nestas
circunstâncias dá-se a ruptura do laço conjugal mas não a do parental-filial.
(LEANDRO, M., 2001, P. 273).

A sobrecarga de papéis assumidos pelas mulheres frente às dificuldades sociais,


económicas e de violência experimentadas por elas expôs uma face perversa da condição
feminina, sobressaindo, por um lado, a baixa auto-estima, as frustrações, os medos e
anseios e, por outro, a coragem e a perseverança na luta pela sobrevivência.

Portanto, feminização da pobreza está “relacionada com o aumento na proporção


de famílias chefiadas por mulheres bem como ao crescimento da taxa de participação das
mulheres em sectores de actividades” (PRÁ, 2005, p. 28).

A situação de pobreza e miséria é um dos factores que faz vir à tona a chefia
feminina no tocante à provisão financeira feminina, o que não necessariamente está
associada a uma questão de emancipação ou autonomia feminina, embora não signifique
dizer que esta não esteja presente nesses casos.

É de salientar que nas famílias monoparentais, as dificuldades de relacionamento


social aumentam para as mães, não só porque vêem afastadas de reuniões sociais em que
predominam os casais, mas também por se sentirem exaustas (e muitas vezes
“stressadas”) com a multiplicidade de obrigações e dificuldades que tem de enfrentar, o
que gera perda de amizades, de possibilidades de relações sociais e distracções muito
limitadas e isolamentos social.

Este isolamento social desta família e particularmente da mãe, na opinião de


Silva, M, (2001), “dificulta a comunicação intra-familiar e o exercício da autoridade na
família”

Por tudo já visto, a mulher nem sempre está preparada para sustentar sozinha os
seus filhos e vê-se na necessidade de resolver problemas financeiros imediatos, mas
também na necessidade de administrar os seu futuro financeiro e o dos seus filhos.

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1.7. Vulnerabilidade social

O termo vulnerabilidade deriva-se do latim “vulnerable= ferir e vulnerabilis =”


que causa lesão. Ao longo do século XX, o termo foi amplamente usado em resoluções,
leis e tratados para designar grupos ou indivíduos, jurídica ou politicamente fragilizados,
que necessitavam ter seus direitos preservados e respeitada a integridade moral, a
autonomia e a dignidade humana (MAIA, 2011).

Um indicador sintético de vulnerabilidade social é a família, que tem como ponto


de partida a definição das necessidades básicas: educação, renda e habitação.

Nesse sentido, a vulnerabilidade não é uma essência ou algo inerente a algumas


pessoas e a alguns grupos, mas diz respeito a determinadas condições e circunstâncias
que podem ser minimizadas ou revertidas

Desse ponto de vista, a vulnerabilidade, a fragilidade financeira e educacional


incrementa a dificuldade económico-social, dificultando sua participação na vida
familiar. As relações afectivas na família monoparental feminina se expressam como um
factor aglutinador que promovem uma relação de troca contínua, respeitosa e afectuosa
dos filhos com suas mães e destas para com aqueles. As mulheres conseguem dedicar-se
aos filhos, fortalecendo o ambiente familiar. Da mesma forma, elas incentivam a auto-
superação dos entraves financeiros, principalmente, causados pela não partilha das
despesas familiares.

A par da vulnerabilidade social a que estão expostas, pode-se constatar que elas
também apresentam alto grau de vulnerabilidade emocional, seja pelo sentimento de
abandono, seja pela violência e exploração a que foram submetidas, seja pela fragilização
a que estão expostas cotidianamente na busca de estratégias para a sobrevivência de seu
núcleo familiar.

São enormes as dificuldades financeiras vividas pelas mulheres em situação de


monoparentalidade, já que, em regra, possuem empregos pouco qualificados, o que lhes
propiciam um rendimento extremamente baixo. Dessa forma, recebem pouco, trabalham
o dia todo e, no fim do dia, chegam em casa para enfrentar a segunda jornada de trabalho:
cuidar do(s) filho(s) e realizar os afazeres domésticos. Para piorar ainda mais a condição
dessas mães, quando não encontram um vizinho ou um familiar, normalmente a avó

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materna da criança, que se disponibilize a cuidar do menor enquanto ela trabalha, têm de
arcar com despesas extras, isto é, um local apropriado para o cuidado de crianças,
especialmente quando o (s) filho (s) possui idades de 0 a 2 anos.

Abramovay apud Guareschi (2007) propugna situações de


vulnerabilidade social aquelas nas quais determinados grupos, famílias e
indivíduos encontram-se incapacitados para lidar com as circunstâncias do
cotidiano da vida em sociedade e de se movimentarem na estrutura social.
Essas situações não se restringem aos determinantes económicos, pois
perpassam também as organizações simbólicas de raça, orientação sexual,
género, etnia.

Assim, constata-se que a vulnerabilidade não possui uma única definição, pois ela
é determinada por várias circunstâncias e, por isso, ao analisar este fenómeno deve-se ter
em conta as várias dificuldades que tornam uma pessoa ou grupo “vulnerável”.

Por efeito tais aspectos reforçam o entendimento de que a pobreza atinge de


maneira diferenciada homens e mulheres e que este último grupo encontra-se mais
vulnerável a situações de pobreza.

A grande concentração da chefia feminina encontra-se nas camadas pobres


(Castro, 1990, 1982; Goldani, 1994), visto que a própria condição de pobreza, e muitas
vezes miséria, conduz as mulheres ao mercado de trabalho em situações que vão desde o
compartilhar a manutenção da casa com o companheiro, até responsabilizar-se sozinha
pelo domicílio.

A pobreza não é algo natural, mas sim produzida e cultivada socialmente. Ser
pobre não é apenas não ter as mínimas condições de vida, mas, sobretudo, ser impedido
de tê-las, o que é uma ameaça constante à dignidade humana (DEMO, 2003).

Finalmente, regista-se a baixa escolaridade, corroborando para a definição de um


quadro pouco alentador para dar conta das estratégias de sobrevivência atreladas apenas
ao esforço pessoal ou amparadas na rede ténue de solidariedade da família extensa ou da
comunidade. Podemos inferir que o fenómeno de famílias chefiadas por mulheres se
apresenta como uma das faces da feminização da pobreza com repercussões preocupantes
quando estendemos para as exigências que lhe são inerentes no que toca à atenção e
protecção dos seus membros.

Katzman (1999-2001), defende que as situações de vulnerabilidade social estão


associadas à capacidade de enfrentar determinadas situações de risco, referindo-se,

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portanto, à maior ou menor capacidade de um indivíduo, família ou grupos sociais
“controlar as forças que afectam seu bem-estar, ou seja, a posse ou controlo de activos
que constituem os recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades
propiciadas pelo Estado, mercado ou sociedade.”

Portanto as mulheres das camadas mais pobres, além de possuírem um baixo nível
educacional e qualificação, estão inseridas em grande parte no mercado informal, em
péssimas condições de trabalho e salários. O número de filhos é outro indicador que
compõe a situação de vulnerabilidade.

Outro aspecto que vulnerabiliza as mulheres na posição de chefia diz respeito à


incipiente rede disponível de solidariedade. Na ausência de políticas públicas
implementadoras de acções afirmativas, a dificuldade em organizar as responsabilidades
profissionais expõe a mulher a ocupações temporárias com pouca permanência no
emprego. As dificuldades decorrentes da empregabilidade somam-se às adversidades para
responder às expectativas depositadas na mãe no cuidado com seus membros.

A mulher não só assume as funções do lar e o cuidado dos filhos, mas também
passa a ser a provedora do sustento familiar, situação que muitas vezes as vinculam a
trabalhos mal remunerados, em tempo parcial ou em períodos intermitentes (CARLOTO,
2005; NOVELLINO & BELCHIOR, 2008).

A busca de superação da falta da figura paterna dentro de casa é um aspecto


mencionado pela maioria das mulheres como não prioritário e ao mesmo tempo incentivo
para a auto-superação dos entraves financeiros (principalmente) causados pela não
partilha das despesas familiares.

A vulnerabilidade das mulheres, expressa principalmente nas condições de


escolaridade, ocupação, trabalho e renda, aumentando a partir de seus papéis de género
na esfera doméstica, da ausência de uma retaguarda, de apoio dos companheiros e de
políticas públicas de género insuficientes. No entanto, ao lado das dificuldades sociais e
financeiras, os laços de afectividade e das relações familiares de respeito mútuo entre a
mulher chefe de família e seus filhos, estão presentes cada vez mais nos vínculos
familiares, assim, unindo e fortalecendo o ambiente familiar.

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De fato, os núcleos domésticos-familiares chefiados por mulheres estão em
desvantagem, para tal Guimarães (1998), realça que não somente em relação à renda
familiar, mas também em termos de acesso aos serviços públicos básicos, inclusive o de
seus filhos à educação.

Se as oportunidades de inserção da mulher no mercado de trabalho são geralmente


inferiores às dos homens, no caso das mulheres pobres as desigualdades se tornam ainda
maiores. Para estas, o mercado de trabalho geralmente oferece salários menores e
ocupações dentro de um processo produtivo mecanizado, pouco qualificado e de
contractos temporários, baseados na lógica de redução de custos, sem nenhuma forma
real de valorização do trabalhador (BRUSCHINI, 2000).

A mulher pobre chefe de família, responsável tanto pela produção de mercadorias


– trabalho remunerada e alienada – quanto pela criação dos filhos, vive diariamente um
conflito: como garantir sozinha o sustento e a sobrevivência da família e, ao mesmo
tempo, os cuidados das crianças. Isto é, em parte, dificultado porque, no espaço do
trabalho, a família não é considerada; nele, os objectivos e interesses estão voltados para
a produção de bens e serviços.

1.8. Políticas Públicas

O pressuposto analítico que regeu a constituição e a consolidação dos estudos


sobre políticas públicas é o de que, em democracias estáveis, aquilo que o governo faz ou
deixa de fazer é passível de ser (a) formulado cientificamente e (b) analisado por
pesquisadores independentes.

Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os


governos utilizam das Políticas Públicas que segundo Teixeira (2002, p. 57), podem ser
definidas da seguinte forma:

“Directrizes, princípios norteadores do poder público, regras e procedimentos


para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e
do Estado”.

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Por outras palavras, conforme Caldas, et al, (2008, p. 15), as políticas públicas
“são um conjunto de acções e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de
problemas da sociedade”, ou seja, “as Políticas Públicas são a totalidade de acções, metas
e planos que os governos traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse
público”.

Dye (1984), sintetiza a definição de política pública como “o que o governo


escolhe fazer ou não fazer1”. As políticas públicas visam a promoção do
desenvolvimento, ampliação dos direitos de cidadania, regulação de conflitos entre atores
sociais. (TAIXEIRA, 2002).

Embora o termo remeta a ideia do governo, no seu sentido primordial envolve


directamente a comunidade como dizia, Derani, (2006). Pois é a esta que, as políticas se
destinam, deste modo não há como falar neste tema sem pensar também no cidadão.

Neste ponto, podemos afirmar que a utilização das expressões políticas públicas
servem para designar não a política do Estado2, mas a política do público, de todos e para
todos. Reforçando Massa-Arzabe, (2006, p. 53) “trata-se da política voltada a fazer
avançar os objectivos colectivos de aprimoramento da comunidade e da coesão ou da
interdependência social”.

Neste enquadramento, importa também referir que, elaborar uma política pública
significa definir quem decide o quê, quando, com que consequências e para quem,
(TEIXEIRA, 2002).

A elaboração de políticas públicas é uma tarefa complexa. Levar até o fim uma
determinada reforma de política é um processo que envolve muitos atores ao longo de
várias fases do processo de formação de políticas.

As tarefas requerem acções específicas de parte dos agentes económicos e


sociais e, portanto exige diversas formas de cooperação, além de expectativas
quanto à durabilidade e a outros aspectos da política. Dito da outra forma, para
que seus resultados sejam eficazes, as políticas públicas requerem muito mais
do que um momento mágico na política que gere “ a política pública correta”
MASSA-ARZABE, (2006).

1
Não fazer nada em relação a um problema também é uma forma de política pública.
2
A palavra Estado é um conceito político que designa uma forma de organização social soberana e
coercitiva. Desta forma, o Estado é o conjunto das instituições que possuem a autoridade e a potestade para
regular o funcionamento da sociedade dentro de um determinado território. Em www.scielo.br

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Outrossim, alertou o autor que, não existe uma lista universal de políticas públicas
“corretas”. As políticas são respostas contingentes à situação de um país/região. O que
pode funcionar em dado momento da história, em um determinado país, pode não dar
certo em outro lugar, ou no mesmo lugar em outro momento.

Um dos conceitos que está intimamente relacionado com políticas públicas é a


questão da vulnerabilidade social. A Vulnerabilidades são, em geral, objectos de políticas
públicas cujos efeitos se manifestam como distribuição de probabilidades das populações
afectadas. São elas que constituem o amplo contexto da acção da assistência, no sentido
da prevenção, protecção básica, promoção e inserção social e cujos efeitos definem em
geral os seus destinatários.

No que concerne à política pública com vista a promoção da mulher, importa


ressaltar a relação entre democracia e o papel do Estado, que mantém um persistente
encontro das políticas públicas e as necessidades das mulheres, tendo como consequência
a exclusão das mesmas de muitos dos benefícios da democracia.

O poder público vê quase sempre as mulheres numa lógica que as confina ao


espaço doméstico e as considera basicamente com identidades relacionadas à
maternidade, e quando estão fora de casa, como demandantes das acções comunitárias.

Entretanto, as políticas públicas de apoio às famílias monoparentais costumam ser


assistencialistas, através de programas restritos de ajuda alimentar e de renda mínima.
Esses programas não buscam aprimorar as mulheres chefes dessas famílias para melhor
qualificação profissional, como também aumentar o número de creches para que elas
possam trabalhar seguras de que os filhos estão protegidos e bem cuidados.

Kliksberg, (1999), apud in Salla e Rosa, (2008), chama atenção para actores
políticos que, os públicos-alvo das suas políticas são também considerados parte do
processo, dado que, a participação implica em ser transparente, em mostrar a
comunidade-alvo que é possível ser feito, e torná-la parceira de todo o processo de
desenvolvimento. A participação, como descreve o citado autor, engradece as pessoas, dá
a elas condições de fazer proposições inovadoras, que a estrutura hierárquica asfixia.

O Banco Mundial (1996), com base na noção de feminização da pobreza,


recomenda a focalização de políticas de combate à pobreza. O Documento Toward

Página 38
Gender Equality, analisa o papel das políticas públicas na redução das desigualdades de
género, propondo, explicitamente, a focalização nas mulheres, das políticas de educação,
saúde, serviços de extensão rural, infra-estrutura rural e urbana, e em áreas como
segurança e geração de emprego e renda.

Importa dizer, que assumir o género como categoria de análise na elaboração de


políticas públicas, é fundamental para o entendimento da realidade e condição das
mulheres e para buscas de diálogo com toda sociedade para romper a construção
quotidiana dos preconceitos e discriminações em relação às mulheres.

Portanto, é necessário ressaltar que as famílias monoparentais com chefia


feminina são de responsabilidade do Estado, através de políticas públicas que atuem
diante das diversas expressões familiares existentes.

Página 39
CAPITULO II: CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DE
CABO VERDE

2. Situação demográfica

Cabo Verde é um país arquipelágico, com escassos recursos naturais, de


desenvolvimento médio e dependente de ajuda externa. A problemática da população
assume particular importância, atendendo ao contexto sociodemográfico e às condições de
vida difíceis em que vive ainda grande parte da população. Os progressos realizados no país
nas últimas décadas permitiram melhorias significativas nos principais indicadores sociais,
nomeadamente na redução da taxa de mortalidade.

De acordo com os dados do último Censo, entre os anos de 2000 e 2010 registou-
se uma taxa de crescimento médio anual de 1,2%. Entretanto, notou-se uma diminuição
da proporção da população com menos de 15 (quinze) anos (42% em 2000 contra 31% em
2010) e um crescimento da população pertencente a faixa etária entre 15 (quinze) e 64
(sessenta e quatro) anos (51% em 2000 contra 61,9% em 2010), o que irá contribuir para
um aumento gradual da população idosa. A população com a idade igual ou superior a 60
anos cresceu em termos absolutos, passando de 37.116 (em 2000) para 37.815 (em 2010),
representando 7,7% da população total residente. A população na faixa etária de 60 a 79
anos é mais representativa no universo da população idosa, com predominância das
mulheres.

Como assinala Fernandes (2011), a situação demográfica do país está influenciada


tanto pelos aspectos geográficos como pelas condições sociais e económicas, que são
factores que condicionam o crescimento e a evolução demográfica. Os factores
responsáveis pela evolução demográfica em Cabo Verde continuam a ser a natalidade, a
mortalidade e os fenómenos migratórios. A diminuição do ritmo de crescimento da
população em Cabo Verde no período de 2000 a 2010 pode ser explicada pelas seguintes
causas: os progressos no domínio da saúde reprodutiva, o que reduziu consideravelmente
a taxa de natalidade, os métodos contraceptivos que se encontram ao alcance de todos no
território nacional; o nível de instrução das mulheres é cada vez mais elevado,
frequentando o ensino superior, logo a maternidade fica planeada para mais tarde; os
casais têm cada vez menos filhos, uma vez que se preocupam muito com a educação dos

Página 40
seus filhos e as populações continuam a emigrar por diversos motivos, embora num ritmo
muito lento.

A taxa de natalidade em Cabo Verde apresenta uma tendência decrescente, e


certamente vai atingir valores tão baixos como é caso dos países desenvolvidos que
apresentam uma taxa de natalidade cada vez mais reduzida. Ao mesmo tempo é preciso
considerar que cerca de 600.000 cabo-verdianos residem no estrangeiro (mais que a
população residente no país) com maior incidência nos EUA, Europa (Portugal, França,
Holanda, Luxemburgo e Itália) e África (Senegal, Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné-
Bissau) ” (Carvalho, 2010, p. 47), o que constitui um elemento de enorme relevância para
a análise demográfica de Cabo Verde.

No que diz respeito à repartição da população por meio de residência, constata-se


que o meio urbano alberga cerca de 62% da população, contra os 38% que vivem no meio
rural. Em Cabo Verde, cada vez mais temos um maior quantitativo populacional a viver
no meio urbano, facto explicado pela falta dos recursos e um fraco desenvolvimento dos
espaços rurais. A função principal destes espaços é a agricultura e a criação de gado,
actividades que estão directamente dependentes das chuvas, que é muito irregular e
escassa neste país. A população desloca-se para o meio urbano com o intuito de encontrar
melhores condições de vida.

Por outro lado, Cabo Verde apresenta uma população bastante jovem. A idade
média é de 26,8 anos, e 50% da população tem menos de 22 anos. Cerca de 32% da sua
população encontra-se no grupo dos zero aos catorze anos, e 62% tem entre os quinze e
os sessenta e quatro anos. De acordo com o INECV (2010), a população activa Cabo-
verdiana é representada por 56% de indivíduos do sexo masculino e 44% de sexo
feminino e no que diz respeito à inactividade é o sexo feminino que apresenta valores
mais elevados (61%) em comparação com o sexo masculino (39%).

Em relação à distribuição do desemprego por sexo, verificamos que as taxas de


desemprego são mais elevadas nas mulheres (12,1%) do que nos homens (9,6%) e o meio
urbano apresenta uma taxa mais elevada que o meio rural (FERNANDES, 2011). Do
ponto vista económico, segundo Fernandes (2011), o país é fortemente condicionado
pelos recursos naturais. Os mais relevantes são os solos com potencial agrícola e a
riqueza marinha do arquipélago. A agricultura é prejudicada pela falta de chuva regular e
está restrita a apenas quatro ilhas (Santo Antão, Santiago, Fogo e São Nicolau). Cabo

Página 41
Verde possui uma área cultivada inferior a 25% do seu território e um clima caracterizado
por prolongados períodos de secas. A precipitação média anual não excede os 300 mm,
concentrada em poucos dias o que origina uma precipitação de tipo torrencial, que leva a
que em algumas ilhas (Santo Antão, Santiago, Maio, São Vicente e São Nicolau) o
balanço hidrológico seja negativo. O recurso terra foi desde sempre, a seguir ao recurso
água, o factor que mais limita o desenvolvimento da agricultura em Cabo Verde. A
enorme pressão sobre a terra cultivável torna-se mais extrema nos anos em que chove
muito, em que há recarga dos lençóis freáticos e a existência de águas superficiais durante
uma boa parte do ano, que estimulam a prática da agricultura irrigada. Uma vez que
apenas 10% das necessidades alimentares do país em cereais, raízes e tubérculos são
cobertos pela produção nacional, o país depende fortemente das importações
(FERNANDES, 2011).

O bem-estar da população Cabo-verdiana depende da agricultura, principalmente


da evolução da produção do milho e do feijão pedra e feijão congo, que constituem a base
da alimentação da população de Cabo Verde. Uma grande parte de produção agrícola é
realizada em regime de sequeiro e de subsistência familiar.

No domínio económico, as previsões apontam para o crescimento da actividade


turística em Cabo Verde e o seu contributo para o desenvolvimento do país, que procura
tirar partido das suas vantagens comparativas. Nunes (2009, p. 50) assinala que “como
uma das atracções principais, Cabo Verde oferece uma cultura muito própria
(gastronomia, música, história), praias de qualidade, actividades aquáticas e clima
agradável, com muito sol, temperatura média superior a 20 graus, mesmo de inverno, e
baixas amplitudes térmicas. A oferta turística de Cabo Verde é muito semelhante à de
diversos destinos nas Caraíbas, mas com a vantagem da estar a poucas horas de voo da
Europa”.

Integrar as diversas políticas sectoriais é um caminho seguro para incluir o


turismo como peça chave no sistema territorial e no desenvolvimento sustentável de Cabo
Verde. Relativamente à pesca, a contribuição do sector para a balança comercial tem
decrescido bastante devido ao fraco desenvolvimento desta actividade. Os factores que
estão na base deste fraco desenvolvimento são os seguintes: baixo nível de qualificação
profissional; insuficiências qualitativas e quantitativas das embarcações e equipamentos;
deficientes circuitos de comercialização; limitada capacidade do sector empresarial;

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insuficiência de infra-estruturas de apoio e insipiência das indústrias. A insularidade de
Cabo Verde, associado ao forte crescimento demográfico, a fragilidade em termos de
recursos naturais, a inexistência de recursos minerais, o desequilíbrio populacional entre
as ilhas e algumas fragilidades em termos económicos, configuram problemas e desafios
de desenvolvimento para Cabo Verde no sentido de encontrar maior coesão económica,
social e territorial.

A vulnerabilidade económica e social de Cabo Verde resulta principalmente da


vulnerabilidade ecológica. Entram no entanto, factores de ordem histórica e sociocultural.
No entanto, apesar de Cabo Verde ter uma população jovem e com aceitável nível de
escolaridade comparado com a região oeste Africana onde está inserida, apresenta um
quadro de vulnerabilidade associado ao alto índices de desemprego, pobreza,
dependência externa em relação ao abastecimento alimentar aquisição de equipamentos,
tecnologia e financiamentos (LIVRO BRANCO DE CABO VERDE 2013).

Não obstante os progressos alcançados, o contexto socioeconómico do país


continua marcado pela pobreza e vulnerabilidades, com reflexos e impacto, sobretudo,
nas condições de vida da população idosa que constitui uma classe altamente dependente.
Com efeito, a pobreza atinge particularmente os idosos, tendo em conta que grande parte,
por falta de meios de subsistência, não teve, durante o seu percurso de vida, oportunidades
de garantir a sua protecção social na velhice e na doença, pois, essa protecção social tem
sido assegurada e financiada pelo Estado, (I SÉRIE NO 38 DA REPÚBLICA DE CABO
VERDE, 28 DE NOVEMBRO DE 2011).

Mapa de Cabo Verde

Figura I- 1 Localização Geográfica de Cabo Verde


Fonte: INIDA

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2.1 O caso de Cabo Verde em matéria da chefia feminina

A mulher é o núcleo da família cabo-verdiana, quer o homem esteja presente


fisicamente ou não. Os dados estatísticos vêm comprovando esta evolução, assim como
os estudos (ainda que dispersos) ao nível da sociologia e dos papéis sociais de Género.

Os números do QUIBB (2007), apontam que 37,6% das famílias em Cabo Verde
são monoparentais, isto é, tem apenas um dos progenitores em casa, sendo que em 67,5%
destas famílias a mulher é a principal responsável pelas condições sociais e económicas
do agregado. No meio rural, 68,4% das famílias monoparentais são chefiadas por
mulheres; no meio urbano a proporção é de 66,8%.

De acordo com o Censo de 2010, num total de 117.289 agregados familiares,


47,6% são sustentados económica e afectivamente pelas mulheres e destes, 26,1% são
considerados famílias monoparentais, por extensão.

A condição de monoparentalidade é vivida como provisória, pois as mulheres


criam mecanismos para inverter essa condição.

Isso surge quando a grande maioria destas famílias não tem a estrutura económica
suficiente, nem o apoio suficiente, seja por parte dos seus membros ou responsáveis
fisicamente ausentes ou por parte do Estado.

A fonte mostra que em Cabo Verde a pobreza tem um cunho feminino, uma vez
que ela atinge as mulheres em (33%), contra (21,3%), dos homens. No tocante às famílias
pobres 56,3% desses agregados são chefiados por mulheres, contra 43,7% por homens.
(CENSO 2010)3

De acordo com o Relatório preliminar da situação de famílias de crianças em


situações de risco (2010):

Entre as mulheres chefes de agregados familiares, observa-se que quase a


metade (45,5%) se declararam donas de casa, não possuindo uma profissão
legalmente reconhecida e tampouco remunerada. Outras profissões pouco
remuneradoras e, socialmente, pouco valorizadas, desempenhadas pelas
mulheres são vendedora ambulante (8,8%) e empregada doméstica (8,3%),
incluindo outras profissões que congrega 28,2% das mulheres chefes dos
agregados familiares encontram-se profissões como peixeiras, trabalhadoras
dos trabalhos públicos, empregadas de limpeza urbana e trabalhadora a dias.

3
CENSO 2010 – INE – www.ine.cv

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Aliás, numa breve análise ao percurso histórico do Cabo Verde, percebe-se que a
mulher sempre teve um papel importante na sociedade cabo-verdiana, desde a sua génese
até os dias de hoje, apesar de tendência para a ignorar nos relatos e factos históricos. Da
mulher escrava que constituía uma reserva reprodutora da força de trabalho, às mulheres
como mentoras das grandes revoltas sociais, às combatentes da liberdade da pátria ou
ainda às mulheres “rabidantes“ que vivem do comércio informal, de onde advêm o único
sustento para toda a família.

A configuração patriarcal é um fenómeno cultural, podendo portanto traduzir-se


na organização familiar ou não. Assim, mesmo quando chefiada por mulheres o modelo
de referência acaba sendo patriarcal.

Para Monteiro (2010), não existe um estudo definitivo sobre as causas desta
configuração familiar em Cabo Verde. As explicações para este fenómeno passam:

i) Pela herança histórica da escravidão que assolou o país por anos e que tinha
como princípio a não-existência de laços familiares, e a consequente visão da mulher
como procriadora;

ii) Por factores económicos que fizeram com que grande número de homens –
pais principalmente – tivessem que buscar o sustento no exterior;

iii) Pelo valor cultural atribuído a explicações que colocam a necessidade de


homens e mulheres terem filhos, ligado a questões do que é ser homem e mulher o que
ocorre de forma significativa, independentemente como algo maior do que a da
constituição da família a partir do modelo de família nuclear, e acaba em diferentes
configurações de família.

Assim, acaba por se perpetuar na sociedade cabo-verdiana um modelo de família


que penaliza a mulher caracterizando-se como sendo mais forte nas famílias
monoparentais, chefiadas por mulheres, com grande número de filhos.

De registar, que às mulheres continuam a ser reservadas o grosso das


responsabilidades pelo trabalho reprodutivo (o cuidado da casa e da família e as tarefas a
elas associadas) que, além de não ser reconhecido socialmente, não é distribuído de forma
equitativa, o que condiciona as suas oportunidades e impõe restrições e barreiras bem

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reais, ao gozo e exercício pleno dos direitos e das liberdades fundamentais nos domínios
económico, político, social, e cultural.

De acordo com Monteiro (2010), as relações de dominação e exploração


desencadearam várias revoltas sociais, no interior da ilha de Santiago, nomeadamente a
Revolta dos Engenhos (1822), a Revolta de Achada Falcão (1841) e a Revolta de
Ribeirão Manuel (1910). As mulheres participaram nessas revoltas campesinas, ocupando
o centro das atenções e agitações. Na Revolta de Ribeirão Manuel, no ano de 1910, as
mulheres manifestaram o seu desagrado pelas condições deploráveis de subsistência em
que toda a sociedade da época vivia.

Apesar da invisibilidade histórica para o qual as mulheres foram remetidas, há


relatos do importante papel que elas tiveram na luta de libertação nacional, participando
ativamente na própria luta armada e servindo como guardiãs da sociedade, tomando
decisões importantes na ausência dos homens que estavam na sua maioria nas frentes de
combate, cuidando da casa, das crianças desempenhando funções importantes.

A mulher cabo verdiana cabe grande parte de responsabilidade da sociedade seja


no que diz respeito a familia à socializaçao, seja na cultura e ambiente, religiao ou outros
aspectos. A medida que a sociedade torna mais complexa, mais problemática, mais
abrangente, ela exige cada vez mas maior capacidade de resposta da mulher, seja ela rural
ou urbana, letrada ou analfabeta, jovem ou adulta.

A populaçao activa feminina è grandamente minoritaria, passando-se o mesmo em


relaçao à populaçao desempregada em que ela vé altamente afetada pela elevada taxa de
desmprego.

As mulheres tiveram enúmeras dificuldades em afirmar-se no panorama social,


político e económico, pois, as tarefas que lhes eram reservadas, basicamente, se
restringiam a administração da casa, trabalhos de campo e educação dos filhos.

No dizer de Andrade, (1995), (…) “os que emigram são (apesar da importância
da emigração feminina) maioritariamente do sexo masculino que, na maior
parte das vezes, deixam as suas famílias no país. Em vista disso, as mulheres
são obrigadas, por um lado, a assegurar a educação dos filhos e, por outro, a
vender, frequentemente, a sua força de trabalho nas obras públicas, para
poderem garantir a subsistência da família, para além das tarefas que lhes
cabem tradicionalmente, no quadro da produção agrícola”.

Página 46
Na ausencia de recursos economicos ela tambem procura de trabalhar para um
rendimento, a menos que consiga trabalhar nas “frentes” ou como empregada domestica.

Os conflitos experienciados durante as relações com os pais dos filhos levam


essas mulheres a manifestarem sentimentos de desgosto, acompanhado pelo medo de
envolvimento emocional com outro homem.

Assim, o fracasso das relações conjugais faz sobressair outros esquemas de


relações de género, com destaque para a relação mãe–filhos (FORTES, 2013A, 2013B;
LOBO, 2012; RODRIGUES, 2007).

Entre os cabo-verdianos existe a ideia de que só existem famílias perfeitas em


álbuns e fotografias (Fortes, 2013b; Fortes & Rainho, 2013; Martins & Fortes, 2011).
Vale ressaltar que as famílias chefiadas por mulheres não necessariamente são
monoparentais, as quais são formadas por apenas um genitor, no caso a mulher. Essa
condição feminina de provedora da família pode perfeitamente existir em um grupo
familiar constituído pelos dois genitores (homem e mulher).

São fotografias de momentos familiares, com parentes presentes e ausentes, a


fazerem poses harmoniosas, de risos e de festa, num jogo de arrumação para o clique.
Poses que mostram o homem ao lado da sua mulher e os seus filhos, guardados em
molduras normativas e binárias (Fortes & Rainho, 2013; Martins & Fortes, 2011),
comprometidas com as regras sociais estabelecidas e marcadas por um quadro de poder
nas relações.

No contexto cabo-verdiano, é possível detectar essa multiplicidade de situações


em que as mulheres trabalham e sustentam a casa, mas isso não quer dizer que vivam
num lar monoparental; há casas em que de facto as mulheres são responsáveis pela
manutenção da casa, vivendo sozinhas com os filhos, mas também casas em que a mulher
garante o sustento da casa partilhada com os seus filhos e outros familiares (pais, irmãos
etc.).

Página 47
CAPÍTULO III: PARTE PRÁTICA-SITUAÇÃO
SOCIOECONÓMICA DAS FAMILIAS CHEFIADAS POR
MULHERES NO CONCELHO DO TARRAFAL DE SANTIAGO- O
CASO DE CHÃO BOM.

3. Localização e caracterização da área do estudo

O Concelho do Tarrafal fica situado no Norte da ilha de Santiago, Arquipélago de


Cabo Verde, com uma superfície de 112,4 Km2, o que representa cerca de 11% da área
do território da Ilha de Santiago e 2,8% da área total do território Nacional. Teve a sua
criação no ano 1917, por Decreto n.º 3108-B, de 25 de Abril de 1917, publicado no
suplemento n.º 3 a B.O n.º 25/1917, desintegrando-se do Concelho de Santa Catarina, que
tivera a sua sede na Vila do Tarrafal de 1872 até 1912 (PDM, 2010).

O Concelho albergava uma população de cercas 20.000 habitantes, distribuídos


pelas 20 zonas do Concelho (INE, 2010).

Figura II - Mapa de Localização de área de Estudo.


Fonte: INE, 2010

Entre estas localidades, apenas uma é considerada urbana (Cidade de Mangue),


uma semi-urbana (Chão Bom) e as restantes rurais.

O Concelho possui uma história cheia de acontecimentos políticos e fatalidades


diversas. Deste modo, cabe salientar que, na década 60 o seu nome surgiu na imprensa
Europeia e Brasileira, como um lugar indesejável, “de morte lenta”, devido aos 35 anos
de permanência de uma instalação prisional (LOPES, 2012).

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Mas, com a investida de população gritando palavras de ordem revolucionárias, a
sorte de Tarrafal mudou para sempre. Hoje, conhecido como “o melhor dos melhores
lugares da melhor ilha”, (GOMES, 1989, 10).

Chão Bom, em particular, que é a área de estudo dessa investigação, compõe os


ditos 20 (Vinte) localidades do Concelho, e o mais populoso com excepção da Cidade de
Mangue. Segundo estimativa de 2010 (senso de INE) a citada localidade conta com cerca
de cinco mil, cento e sessenta e seis (5166) habitantes, e é constituída pelas subzonas de
Cabeça Carreira, Campo Concentração, Chão de Lavada, Estrada, Colonato, Lém
Mendes, Lém Tavares, Lém de Achada, Monte Mosca, Pecheco, Perdigoto, Ponta
Ribeira, Quintal, Riba Estrada e Rua de Horta/Riba de Horta, que dista a 2,5 km da
Cidade de Mangue. O espaço urbano de Chão Bom expandiu-se de forma espontâneo,
através das construções clandestinas e por regime de aforamento.

A referida localidade, fica situada na aba setentrional (N-NW), nível litorâneo.


Surgindo, numa plataforma recortada pelo vale de Ribeira Grande e que tem como
limítrofe litoral a Baia de Chão Bom, ao longo da via central – Tarrafal/Praia (EN1-ST-
01) e via litoral Oeste – Tarrafal/Assomada (EN3-ST-26). Fazendo fronteira a leste com
Achada Moirão, a Sudeste com Achada Longueira, a Sudoeste com Milho Branco
(CARTA AGO-ECOLÓGICA DA ILHA DE SANTIAGO, CIT. IN PD-CBL, 2008).

Figura III - Mapa de Localização de área do município em estudo


Fonte: INE, 2010

Do ponto de vista morfológico, a paisagem do Chão Bom pode ser caracterizada


pelo contraste entre as montanhas e o azul do Oceano Atlântico que nos presenteia com
belas vistas e um largo horizonte (PD-CBL, 2008).

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E ainda, no plano urbano, nos últimos anos, Chão Bom conhece uma grande
expansão, o movimento de construções urbanas vem aumentando de ano para ano,
conforme se pode verificar na análise do seguinte quadro de licença de construção.

Quadro das áreas edificadas


Ano Áreas edificadas

1970 Cerca de 34ha


1990 Não tenho dados concretos
2010 Cerca de 135ha
Prevê-se para 2020 Um horizonte de 153ha

Quadro II - Expansão urbano de Chão Bom


Fonte: Elaboração própria com base em PDM, 2010

Para se poder atender às demandas da expansão urbana, desta localidade, tida


como um dos principais centros populacional do Concelho, a Autarquia Local elaborou
um plano urbano detalhado para unificar os dois grandes centros urbano – a Cidade de
Mangue e o Chão Bom de Mangue (PDM, 2010).4

O Concelho conta ainda com diversas localidades isoladas, de interesse em termos


populacionais, com poucas condições de vida urbana, designadamente, Biscainhos,
Achada Moirão, Ribeira da Prata, Achada Longueira, Mato Brasil, Mato Mendes, Curral
Velho, entre outras. Refira-se que, existe uma forte tendência de concentração das
populações dessas zonas nos principais centros populacionais atrás citado- a Cidade de
Mangue e Chão Bom de Mangue.

Deste modo, devido ao êxodo rural e investidas dos emigrantes, Chão Bom
verifica-se uma grande mancha de edifícios, em vertical, de blocos de betões,
apresentando um especto semi-rural e pouco ordenados. Esse fato vem aumentando num
ritmo bastante acelerado.

Junta-se a isso, como descreve (PD-CHL, 2008), a falta de infra-estruturas


básicas, a falta da fiscalização urbana, a ausência de planos urbanísticos eficazes, a
precariedade do regulamento municipal e das normas de edificação, a pobreza dos

4
Para compreender o processo de expansão do Crescimento Urbano de Chão Bom de 1970 a 2010
recorreu-se a PDM 060_ LIC_URB_REl_ 1.4 versão I (pág. 50 e 51) do Municipio do Tarrafal.

Página 50
residentes. Como consequência, tem se a má ou uma falta de qualidade de vida urbana
com edificações existentes e o meio em que se encerem com aspectos pouco agradáveis.

No que diz respeito à população activa, são poucas as mulheres que exercem
actividades fora de casa. Os chefes dos agregados familiares são maioritariamente
femininos. As mulheres chefes de famílias, na sua maioria, as suas actividades são
desenvolvidas em casa como função de doméstica, vendedeiras ambulantes e em outras
actividades, mas com um vencimento muito precário. Os chefes de agregados familiares
masculinos exercem na sua maioria profissões ligadas ao sector primário e alguns
motoristas. Referindo-se ainda aos dados do Censo 2010, dos 5166 habitantes que
corresponde1,9% da população total da ilha de Santiago, 2411 indivíduos são do sexo
masculino, o que corresponde 46,7% da população da área e 2755 são do sexo feminino
correspondente a 53,3% da população total, facto que podemos constatar que a população
é maioritariamente feminina e está distribuída por 1089 agregados familiares.

Convém referir que, a população de Chão Bom é maioritariamente chefiada por


mulheres, cerca de 29,5% e 3,3% por homens, ou seja, nesta localidade existem mais
mulheres chefes de famílias. Tem uma população activa de 1828 com 47,5% do sexo
masculino e 52,5% do sexo feminino. Essa maior percentagem de mulheres representadas
como chefe de famílias explica a maior percentagem da população activa feminino,
(Censo 2010) conforme ilustra o quadro que se segue (quadro 3).

Quadro de residentes por agregado familiar


Sexo População Agregado por Activos com 15 ou
residente sexo do represente mais anos
Masculino 2411 354 868
Feminino 2755 735 960
Total 5166 1089 1828
Quadro III - População residente, agregados familiares e activos na área urbana de Chão Bom
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do INE-CV, Censo (2010)

Entretanto a localidade possui potencialidades que se forem aproveitadas podem


ser transformadas em oportunidades de desenvolvimento. O campo de concentração, a
vasta zona costeira, o perímetro agrícola irrigado de colonato - o maior do município, são
alguns exemplos de recursos que se forem bem aproveitados poderão contribuir
significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos moradores.

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É bom mencionar que, Associação Cívica Chão Bom, na década de 90 (data da
sua criação) recebeu o troféu da melhor Associação de Cabo Verde; „‟Chão Bom em
Movimento” é o nome que se dá, a festa local realizada todos os anos, visto como um
património Cultural Imaterial. Reforçando, o grupo (Fidjo de Santo Amaro) de Cabeça
Carreira de Chão Bom, engrandeceu o nome do Município no concurso de batuque,
recentemente realizado no capital do país, com o prémio de primeiro lugar,
demonstrando, deste modo, o nível e a valorização do batuque em particular e, cultura em
geral no Município, na ilha de Santiago.

3.1. Situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres no concelho


do Tarrafal de Santiago - O caso de Chão Bom:

O termo “chefia familiar” é construído a partir da negação de um padrão


considerado dominante, a chefia masculina, sendo a denominação chefia familiar
feminina “empregada quando o homem adulto não está presente, como se a família
chefiada por mulheres fosse uma anomalia” (Carvalho, 1998, p.77), já que não se faz esta
distinção quando o homem está presente.

O conceito de família monoparental refere-se a uma mãe ou um pai que vive sem
cônjuge e com filhos dependentes. As famílias monoparentais de mães sozinhas com
filhos são mais “vulneráveis” no plano económico, no provimento de víveres e dos
cuidados prestados aos filhos.

A mulher é o núcleo da família cabo-verdiana, quer o homem esteja presente


fisicamente ou não. Os dados estatísticos vêm comprovando esta evolução, assim como
os estudos (ainda que dispersos) ao nível da sociologia e dos papéis sociais de Género.

De acordo com o Censo de 2010, num total de 117.289 agregados familiares,


47,6% são sustentados económica e afectivamente pelas mulheres e, destes, 26,1% são
considerados famílias monoparentais, por extensão.

A família categorizada como monoparental é, na maioria das vezes chefiadas por


mulheres. Para Silva, (2001, p. 92), “nas famílias de progenitor sozinho na maioria
assumidas pela mulher três problemas se inter-relacionam, a dominar a sua vida: a
sobrevivência económica, a paternidade (entendida aqui como função parental) e os
relacionamentos sociais.”

Página 52
Quanto à localidade de Chão Bom- Tarrafal de Santiago, segundo várias fontes
(…), podemos constatar que a maioria das famílias é chefiada por mulheres, e existe uma
proporção muito grande de mães solteiras, desempenhando um papel fundamental na
família, pois mesmo que o homem esteja presente, ela que sempre tem procurado forma
de sustentar o lar e os filhos, praticando qualquer tipo de trabalho (informal) mesmo que
seja precários (extracção de inertes no mar, piroclasto, vendedeira…) e que não gera
lucros significativos.

Apesar do esforço feito pela autarquia local, a situação em que essas mulheres
vivem ainda é precária, e a maioria delas não estão no mercado de trabalho e com
condições financeiras péssimas (Questionário aplicado as mulheres que chefiam a família
a outubro, 2017).

Figura IV - Trabalhos informais da mulher chefe de família


Fonte: cedida por Adelsia Duarte, Novembro de 2017

No que diz respeito a categoria percepção social, verifica-se que a esmagadora,


pois assumem que a sociedade continua a estigmatizar a situação da monoparentalidade
feminina por várias vias, designadamente pela falta de respostas sociais de apoio, seja
economicamente, seja pelo fornecimento de equipamentos sociais e programas de
intervenção dirigidos a este público.

Junto da comunidade, através da observação participante, (Julho à Setembro,


2017), ficamos a saber que a falta de apoio ou de ajuda do companheiro/marido para
dividir as despesas da casa e/ou os afazeres domésticos, bem como a dificuldade em
poder pagar a terceiros, leva muitas mulheres chefes de família a construir diferentes
estratégias de sobrevivência para tentar resolver sozinhas a situação. Estas estratégias

Página 53
nem sempre conseguem trazer soluções satisfatórias que garantam a sobrevivência e a
manutenção da família. A mulher tem, então, que se dividir em “mil pedaços” para
conseguir conciliar, muitas vezes, o não conciliável – trabalho, família, sobrevivência
sem perder a dignidade.

Uma outra estratégia, também adoptada por estas famílias para lidar, no caso, com
a pauperização e obter um rendimento mínimo necessário para o sustento da família, é o
engajamento de vários de seus membros- mulheres de todas as idades, crianças,
estudantes, idosos no mercado de trabalho.

Diante desta situação, a participação da mulher chefe de família se dá, com maior
frequência, nos trabalhos informais, instáveis, de menor qualificação e com os salários
mais baixos do mercado, como, por exemplo, os serviços domésticos, pois, estes
permitem ou facilitam a conciliação de suas múltiplas funções (FUNDAÇÃO SEADE,
1998).

Ouvindo um representante da Autarquia Local que por seu turno apela (entrevista
aplicada Outubro de 2017): “a maior preocupação é trabalhar no sentido de fazer face a
edução e formação dessas mulheres e dos filhos porque o mercado não oferece muitas
oportunidades para as que não têm qualquer tipo de formação, portanto atribuímos apoios
de subsídios e transportes escolares, formações profissionais, para que tenham acesso ao
emprego formal e diminuir a pobreza nessa classe”.

De fato, os núcleos domésticos-familiares chefiados por mulheres estão em


desvantagem, para tal Guimarães (1998), realça que não somente em relação à renda
familiar, mas também em termos de acesso aos serviços públicos básicos, inclusive o de
seus filhos à educação.

Possivelmente, as mães pobres e chefes de família vão se engajar em um trabalho,


qualquer que seja o tipo de arranjo familiar encontrado para o cuidado da casa e das
crianças, mesmo que o tipo de actividade nele desenvolvido não seja satisfatório.

Página 54
3.2. Apresentação, análise e discussão de dados

Neste subcapítulo serão apresentados todos os dados sob forma de gráficos e


quadros, de forma a facilitar a leitura e compreensão dos mesmos.

Sexo

Gráfico I - Distribuição da amostra em relação ao sexo.


Fonte: Elaboração própria

A amostra é constituída na sua totalidade por 60 mulheres que convenientemente


participaram neste estudo perfazendo um universo apenas do sexo feminino,
correspondendo a uma percentagem de 100% e por 0% de munícipes do sexo masculino.

Para tal o Censo 2010 revela que em Chão Bom 29,5% são chefiados por
mulheres e 3,3% por homens, ou seja nessa localidade existem mais mulheres chefes de
famílias, cerca de (29,5%) do que chefiados por homens. Os dados existentes sobre a
pobreza mostram que este fenómeno atinge de forma particular as famílias chefiadas por
mulheres, especialmente aquelas que se encontram em situação de desemprego.

Idade

Gráfico II - Distribuição da amostra atinente à Idade


Fonte: Elaboração própria

Página 55
Verifica-se que a maioria dos elememtos abordadads ou inquiridas da amostra,
33% , estão entre 44 e 54 anos de idade; de seguida 25% das munícipes estão entre os 34
e 44 anos de idade; 22% entre 24 e 34 anos de idade agrupando a camada mais jovem, e
apenas 20% estão entre 54 e 64 anos de idade.

Portanto as mulheres entre 44 a 54 anos, (33%) são as que mais chefiam a familia
nessa localidade.

Numa observação participante verificamos que, normalmente as mulheres nessa


idade n ao se reagiram a qualquer tipo de relação conjugal, e nem tem a esperança que
terão um futuro feliz junto com um companheiro que a ajude resolver qualquer tipo de
problemas financeiros, no entanto, procuram esforçar-se sozinhas na criação dos filhos e
no sustento do lar sem juntar-se novamente a um atraso para a vida, (homem). E assim
nessa idade terão que respeitar os filhos, porque sentirão vergonha em trocar os parceiros
várias vezes sem resultado, e com os filhos já crescidos (SETEMBRO DE 2017).

Estado Cívil

Gráfico III - Distribuição da amostra relativo ao estado civil.


Fonte: Elaboração próprio

No que tange ao estado civil, das 60 inqueridas, 40 elementos, o que perfazem a


67% são solteiras; 7 delas, 12% são casadas, e a minoria tomada nesta amostra 5
mulheres, 12% é divorciada e apenas 8 representando 18% é viúva.

Quando pensamos em família constatamos que existem diversos tipos de


composições familiares: famílias reconstituídas com filhos e filhas, mães e pais
divorciados ou recasados; famílias monoparentais onde apenas o pai ou a mãe assume a
responsabilidade com os filhos; famílias unipessoais onde a pessoa vive sozinha por

Página 56
opção ou necessidade; uniões consensuais onde os casais não formalizam sua união;
casais sem filhos por opção, entre outras.

Entretanto, apesar de saber que alguns homens tendem a buscar efectivar sua
função paterna, ainda predomina, na sociedade, a ideia de que a criança ou o adolescente
permanece melhor com a mãe, o que significa dizer que a maioria das famílias
monoparentais consecutivas ao divórcio ou separação judicial são formadas por
“mulheres chefes de família” (LEITE, 1997, pp. 40 - 41).

Independentemente disso, a viuvez é apontada como uma causa da


monoparentalidade. Outro fator que determina a formação de famílias monoparentais é a
separação judicial e o divórcio, sendo considerado um dos principais factores.

Estes dados vão de encontro com a teoria acima referido, e é nessa perspectiva
que propugna Berquó (2002), que o termo “chefia feminina” pode se referir aos seguintes
grupos de mulheres:

1 – “Uma mulher solteira, separada ou viúva, com filhos, tendo ou não parentes
e/ou agregados”;

2 – “Mulher solteira, separada ou viúva, sem filhos morando em casa, ou porque


não os teve, ou porque, adultos, já saíram de casa ou já faleceram, tendo ou não
parentes e/ou agregados vivendo no domicílio”;

3 – “Mulher solteira, separada ou viúva, morando sozinha”;

4 – “Mulher casada chefiando a família mesmo tendo um marido ou companheiro


morando em casa”.

Como é óbvio, o que Berquó propõe é que que a mulher chefe de família não é só
mulher solteira, podendo ser qualquer um que sustenta sonsinha a sua família.

Crescer com um único progenitor era uma experiência comum mesmo há um


século atrás, quando a mortalidade atingia com maior frequência homens e mulheres na
flor da idade, deixando viúvas/os e órfãos ainda não adultos.

Página 57
Número de Filhos

Gráfico IV - Distribuição da amostra em relação ao número dos filhos.


Fonte: Elaboração próprio

Conforme se pode averiguar no Gráfico nº IV, das 60 mães inquiridas, 13 delas, o


que equivale a 21% têm entre 2 e 3 filhos; mas a maioria desta amostra 28 mães,
correspondente a 47%, têm 3 a 6 filhos e apenas 32% tem mais que 6 filhos.

A monoparentalidade acarreta uma perda do poder aquisitivo e a redução do


rendimento económico dessas famílias, o que pode levar à situações de pobreza. Há
apenas um progenitor no papel de provedor do lar, seja no plano económico ou no
emocional e afectivo. Contudo, no caso de divórcio ou separação, na maioria dos casos os
filhos ficam à guarda da mãe, e o pai deve contribuir através do pagamento de uma
pensão pecuniária de periodicidade mensal, bem como efectuar visitas regulares aos
filhos. Ou seja, nestas circunstâncias dá-se a ruptura do laço conjugal, mas não a do
parental-filial. (LEANDRO, M., 2001, P. 273).

De uma maneira geral, a mulher nem sempre está preparada para sustentar sozinha
os seus filhos e vê-se na necessidade de resolver problemas financeiros imediatos, mas
também na necessidade de administrar o seu futuro financeiro e o dos seus filhos.

Numa observação participante (Setembro a Outubro de 2017), reparamos que em


Chão Bom as mulheres com elevados números de filhos são as mais vulneráveis pelo
facto de terem que sustenta-los sozinhas, também reparamos que há muitos filhos dessas
mulheres que já terminaram o ensino secundário e não frequentaram o ensino

Página 58
superior/profissional por falta de condições financeiras. Portanto nessa localidade existe a
ideia de que muitos filhos são órfãos de pai vivo.5

Habilitação Literária

Gráfico V - Distribuição da amostra referente a Habilitações Literárias


Fonte: Elaboração próprio

O gráfico V, demostra, que na realidade o nível de escolaridade dos sujeitos


inquiridos é baixo, na sua maioria, 40% dos inquiridos frequentaram até E.B.I, temos um
número significativo de analfabetos, 25% nunca frequentaram o ensino. De igual modo, o
gráfico demostra um número elevado dos que frequentaram o ensino Secundário,
correspondente 30% dos inquiridos e uma minoria dos que frequentaram o ensino
supirior corespondendo 5%.
Os sujeitos que chefiam a familia na área de estudo, são pessoas, na sua maioria
de baixa nível de escolaridade, com renda familiar fraca e oriundos das áreas rurais
(entrevista, setembro de 2017).
A vulnerabilidade das mulheres, expressa principalmente nas condições de
escolaridade, ocupação, trabalho e renda, aumentando a partir de seus papéis de género
na esfera doméstica, da ausência de uma retaguarda, de apoio dos companheiros e de
políticas públicas de género insuficientes. No entanto, ao lado das dificuldades sociais e
financeiras, os laços de afectividade e das relações familiares de respeito mútuo entre a
mulher chefe de família e seus filhos, estão presentes cada vez mais nos vínculos
familiares, assim, unindo e fortalecendo o ambiente familiar.

5
Órfãos de pai vivo- são filhos que nascem e que mesmo tendo o registo do pai, ele nunca preocupa em
educá-lo, sustentá-lo, ou amá-lo, deixando toda a responsabilidade e cuidados sobre a mãe.

Página 59
Portanto as mulheres das camadas mais pobres, além de possuírem um baixo nível
educacional e qualificação, estão inseridas, em grande parte, no mercado informal, em
péssimas condições de trabalho e salários.

Porque é solteira
Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem
válida acumulativa
Por opção 17 28,3 28,3 28,3
Por abandono 32 53,3 53,3 81,7
Válido
Por injúrias 11 18,3 18,3 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela I- Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas acerca da rasão de ser solteira.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Questionários

No que tange à tabela I, 17 mulheres, correspondendo a 28,3%, são solteiras por


opção, 53,3% demostraram ser solteira por abandono, somando 32 mulheres, e a minoria
representando 18,3%, (11 mulheres), demostraram ser solteira por injúrias (gráfico I).

De acordo com as entrevistadas (casadas, solteiras, divorciadas e viúvas) que


foram abandonadas (53,3%) pelo parceiro, afirmam que o caso de abandono acontece
muitas vezes quando o parceiro constitui uma outra relação.

Neste caso numa observação participante (Agosto de 2017), percebemos que em


Chão Bom há poligamia, embora não oficialmente. Isto é, os homens são socialmente
liberalizados a ter várias mulheres, acabando por também ter filhos dispersos com estas.
Desta forma, verificam-se muitas famílias compostas com prevalência de poligamia6
onde várias mulheres dividem o mesmo homem, portanto as tensões de relacionamento
na comunidade acontecem sobretudo por causa da briga entre “kumbosas”7 e o homem
afasta do relacionamento e dos filhos e toda responsabilidade dos cuidados da família
recai sobre a mulher.

Entretanto as injúrias (35%) por parte dos homens também tendem a ser uma das
escolhas de muitas mulheres a viverem sozinhas, pois, as mulheres que já sofreram VBG

6
Em Cabo Verde não é permitido oficialmente a poligamia, entretanto, verifica-se que os homens mantem-
se o relacionamento sexual com várias mulheres. Deste modo, utilizo esse termo genérico.
7
Mulheres que compartilham o mesmo homem.

Página 60
ou outros conflitos, pelo parceiro demostraram não ter mais coragem em constituir outra
relação conjugal.

Uma causa da violência baseada nas relações de género em Chão Bom, está
implícita nos ditados populares: “dos boi ka ta pila na mesmu trapitchi” ou “dos galu ka
ta kanta na mesmu pulero.”8 (observação participante, Setembro de 2017).

Citando Soares (2001) a separação dos papéis sexuais parentais contribui para
a formação de padrões de comportamentos ideológicos a serem
desempenhados pelo homem e pela mulher. A masculinidade se expressa na
agressividade, na racionalidade e na actividade; a feminilidade, por sua vez, se
restringe à capacidade de expressar emoções, de passividade e de
irracionalidade (p.62).

Os conflitos experienciados durante as relações com os pais dos filhos levam


essas mulheres a manifestarem sentimentos de desgosto, acompanhado pelo medo de
envolvimento emocional com outro homem.

As famílias monoparentais femininas, são em grande parte decorrentes de uma


gravidez precoce ou indesejada, instabilidade familiar e abandono. Não raro essas
mulheres foram ou ainda são vítimas de violência doméstica em suas mais variadas
vertentes, incluindo-se a "invisível", aquela que não deixa marcas exteriores, mas
sequelas profundas em relação à sua auto-estima e à busca ou reconstrução de sua
identidade como mulher, como cidadã e aos preconceitos decorrentes da relação de
género.

A condição de monoparentalidade é vivida como provisória, pois as mulheres


criam mecanismos para inverter essa condição. Isso surge quando a grande maioria destas
famílias não tem a estrutura económica suficiente, nem o apoio suficiente, seja por parte
dos seus membros ou responsáveis fisicamente ausentes ou por parte do Estado.

Brito (2008), tinha dito anteriormente que a família chefiada por mulheres se
constroem muitas vezes devido a separação do casal e a figura masculina não participa da
criação dos filhos, nem ao menos de forma financeira.

É de constatar que nas famílias monoparentais, as dificuldades de relacionamento


social aumentam para as mães, não só porque vêem afastadas de reuniões sociais em que
predominam os casais, mas também por se sentirem exaustas (e muitas vezes

8
Dois bois não moem a cana (cana sacarina) no mesmo trapiche ou dois galos não catam no mesmo
poleiro.

Página 61
“stressadas”) com a multiplicidade de obrigações e dificuldades que têm de enfrentar, o
que gera perda de amizades, de possibilidades de relações sociais e distracções muito
limitadas e isolamentos social.

Este isolamento social desta família e particularmente da mãe, na opinião de


Silva, M (2001), “dificulta a comunicação intra-familiar e o exercício da autoridade na
família”.

Vida de Mãe Solteira


Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem acumulativa
válida
Muito boa 4 6,7 6,7 6,7
Boa 4 6,7 6,7 13,3

Válido Razoavel 20 33,3 33,3 46,7


Péssima 32 53,3 53,3 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela II -Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas sobre o cotidiano das mães
solteiras.
Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que das 60 mães inquiridas, 4 delas utilizadas nesta amostra,


correspondendo 6,7%, afirmam que seus cotidianos são muito boas; enquanto que, 4
delas, equivalente a mesma percentagem, 6,7%, consideram boas; mas 20 mães, 33,3%,
sustenta que o cotidiano não é boa, mas sim razoável; contrariando essas posições a
maioria 32 mães num universo de 53,3% afirmam que o cotidiano delas é péssimo.

Este grande número de famílias sem pai é motivo de preocupação social, porque
as mulheres sem cônjuge e seus filhos estão sujeitos a sofrer tensão emocional,
dificuldades financeiras e desvantagens sociais.

Numa observação participante (Setembro de 2017) ao nosso ver reparamos que


em Chão Bom ainda há muitos preconceitos. Sobretudo o da “mulher sozinha”. As outras
mulheres, mesmo as que não se confessam infelizes, olham-nas com aquele ar superior de
quem consegue manter um casamento como se de um estatuto se tratasse. Já os homens,
tendem a valorizar mais uma “mãe/pai”, afastando-se porém de assumir compromissos
com alguém que já traz na bagagem um filho para criar. Refazer a vida com uma nova

Página 62
relação afectiva não é fácil. É preciso encontrar uma pessoa de bem que as ame de
verdade e isso não é de todo fácil”.

A mulher pobre chefe de família, responsável tanto pela produção de mercadorias


trabalho remunerada e alienada – quanto pela criação dos filhos, vive diariamente um
conflito: como garantir sozinho o sustento e a sobrevivência da família e, ao mesmo
tempo, os cuidados das crianças. Isto é, em parte, dificultado porque, no espaço do
trabalho, a família não é considerada; nele, os objectivos e interesses estão voltados para
a produção de bens e serviços.

De registar que as mulheres continuam a ser reservadas o grosso das


responsabilidades pelo trabalho reprodutivo (o cuidado da casa e da família e as tarefas a
elas associadas) que, além de não serem reconhecidas socialmente, não é distribuído de
forma equitativa, o que condiciona as suas oportunidades e impõe restrições e barreiras
bem reais, ao gozo e exercício pleno dos direitos e das liberdades fundamentais nos
domínios económico, político, social, e cultural.

As famílias monoparentais femininas, são em grande parte decorrentes de uma


gravidez precoce ou indesejada, instabilidade familiar e abandono. Não raro essas
mulheres foram ou ainda são vítimas de violência doméstica em suas mais variadas
vertentes, incluindo-se a "invisível", aquela que não deixa marcas exteriores, mas
sequelas profundas em relação à sua auto-estima e à busca ou reconstrução de sua
identidade como mulher, como cidadã e aos preconceitos decorrentes da relação de
género. A condição de monoparentalidade é vivida como provisória, pois as mulheres
criam mecanismos para inverter essa condição.

Isso surge quando a grande maioria destas famílias não tem a estrutura económica
suficiente, nem o apoio suficiente, seja por parte dos seus membros ou responsáveis
fisicamente ausentes ou por parte do Estado.

Concordamos com a perspectiva de Brito (2008) que a família chefiada por


mulheres se constroem muitas vezes devido a separação do casal e a figura masculina não
participa da criação dos filhos, nem ao menos de forma financeira. É de constatar que nas
famílias monoparentais, as dificuldades de relacionamento social aumentam para as
mães, não só porque vêem afastadas de reuniões sociais em que predominam os casais,
mas também por se sentirem exaustas (e muitas vezes “stressadas”) com a multiplicidade

Página 63
de obrigações e dificuldades que têm de enfrentar, o que gera perda de amizades, de
possibilidades de relações sociais e distracções muito limitadas e isolamentos social.

Este isolamento social desta família e particularmente da mãe, na opinião de


Silva, M (2001), “dificulta a comunicação intra-familiar e o exercício da autoridade na
família”.

Situação Financeira
Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem
válida acumulativa
Muito bom 2 3,3 3,3 3,3
Boa 3 5,0 5,0 8,3

Válido Razoável 27 45,0 45,0 53,3


Péssima 28 46,7 46,7 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela III Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas sobre a situação financeira
Fonte: Elaboração própria

Na tabela acima pode constatar-se que das 60 mulheres inquiridas à situação


financeira, de 2 mães, 3,3% o que representa a minoria nesta amostra e é muito boa; para
3 mães, 5%, as condições financeiras são boas; enquanto para um grupo bem
representado 27 mães, 45% a situação financeira é razoável, e para a maioria tomada
nesta amostra, 28 mães perfazendo 46,7% a situação é péssima.

De acordo com esses dados, podemos considerar que em termos gerais a maioria
dessas famílias não tem um rendimento favorável, pois vivem em péssimas condições
financeiras, dificultando muitas vezes ter uma vida digna.

A sobrecarga de papéis assumidos pelas mulheres frente às dificuldades sociais,


económicas e de violência experimentadas por elas demostra face delicadeza da condição
feminina, sobressaindo, por um lado, a baixa auto-estima, as frustrações, os medos e
anseios e, por outro, a coragem e a perseverança na luta pela sobrevivência.

A situação de pobreza e miséria é um dos factores que faz em vir à tona a chefia
feminina no tocante à provisão financeira feminina, o que não necessariamente está
associada a uma questão de emancipação ou autonomia feminina, embora não signifique
dizer que esta não esteja presente nesses casos.

Página 64
A mulher nem sempre está preparada para sustentar sozinhas os seus filhos e vê-se
na necessidade de resolver problemas financeiros imediatos, mas também na necessidade
de administrar o seu futuro financeiro e o dos seus filhos.

Nas camadas mais pobres da população, as famílias monoparentais femininas,


conforme aduz Carvalho (1998, p. 85), são em grande parte associadas às situações de
vulnerabilidade económica, pois a mulher, como único membro adulto do domicílio, é
sua provedora, além de assumir funções domésticas e o cuidado com os filhos, o que
implica sua vinculação em trabalhos mal remunerados em tempo parcial ou intermitente,
gerando assim maiores dificuldades para garantir a subsistência da própria família.

Desse ponto de vista, a vulnerabilidade, a fragilidade financeira e educacional


incrementa a dificuldade económico-social, dificultando sua participação na vida
familiar. As relações afectivas na família monoparental feminina se expressam como um
factor aglutinador que promovem uma relação de troca contínua, respeitosa e afectuosa
dos filhos com suas mães e destas para com aqueles. As mulheres conseguem dedicar-se
aos filhos, fortalecendo o ambiente familiar. Da mesma forma, elas incentivam a auto-
superação dos entraves financeiros, principalmente, causados pela não partilha das
despesas familiares.

Assim concordamos com Silva, M. (2001, p. 92), “ que nas famílias de progenitor
sozinho – na maioria assumidas pela mulher – três problemas se inter-relacionam, a
dominar a sua vida: a sobrevivência económica, a paternidade (entendida aqui como
função parental) e os relacionamentos sociais.”

A monoparentalidade acarreta uma perda do poder aquisitivo e a redução do


rendimento económico dessas famílias, o que pode levar à situações de pobreza. Há
apenas um progenitor no papel de provedor do lar, seja no plano económico ou no
emocional e afectivo.

A busca de superação da falta da figura paterna dentro de casa é um aspecto


mencionado pela maioria das mulheres como não prioritário e ao mesmo tempo incentivo
para a auto-superação dos entraves financeiros (principalmente) causados pela não
partilha das despesas familiares.

Página 65
Encontra no mercado de Trabalho
Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem
válida acumulativa
Sim 20 33,3 33,3 33,3

Válido Não 40 66,7 66,7 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela IV- Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inqueridas sobre o mercado de emprego
Fonte: Elaboração própria

De acordo com os dados fornecidos pelas mulheres interrogadas, das 60 tomadas


como amostra, apenas 20 delas, 33,3% das famílias chefiadas por mulheres estão no
mercado do trabalho e a maioria qualificada, 66,7% não se encontram no mercado de
trabalho.

As famílias chefiadas por mulheres, apresentam grande fragilidade perante a


instabilidade que se encontra no mercado de trabalho, isso associado a separação ou
divórcio, tendem a favorecer ao empobrecimento destas famílias. Se estas famílias forem
afectadas por uma situação prolongada de desemprego e / ou se o novo emprego
conseguido for a tempo parcial correm riscos acrescidos de cair na pobreza. Como a
maioria das famílias monoparentais são lideradas por mulheres e estas são as que mais
trabalham a tempo parcial, há um risco real destas famílias se tornarem ainda mais
pobres.

Ora, segundo o representante da ACCB (entrevista, Outubro de 2017), sempre tem


procurado formas de proporcionar às mulheres a criarem seu auto emprego dando
formações de culinária, pastelaria, costura…para de facto combater alguns trabalhos
precários e que não geram lucros. De fato, como é comum em Cabo Verde, são as
mulheres que realizam todas as actividades de sustento directo da família (agricultura,
pecuária, etc…), sem direito a remuneração ou sequer reconhecimento social.

Também algumas ONG têm concedido microcréditos a actividades de rendimento


nas comunidades e são as mulheres chefes de família que mais beneficiam destas acções,
viradas sobretudo para o comércio informal e criação de gado (Representante de ACCB,
Outubro, 2017). A ausência da figura masculina - do companheiro - exige um maior
esforço por parte da mulher pobre chefe de família e dos seus filhos que, frente a esta
situação, engajam-se desde muito cedo na luta pela sobrevivência. Tal fato acarreta,
provavelmente, um prejuízo para sua educação, uma vez que a participação das crianças,
Página 66
seja no mercado de trabalho ou nas tarefas domésticas, pode trazer como consequência
uma maior restrição de tempo e disponibilidade para os estudos, gerando uma menor
possibilidade de acesso e permanência no sistema educacional. A mulher não só assume
as funções do lar e o cuidado dos filhos, mas também passaram a ser a provedora do
sustento familiar, situação que muitas vezes as vinculam a trabalhos mal remunerados,
em tempo parcial ou em períodos intermitentes (CARLOTO, 2005; NOVELLINO &
BELCHIOR, 2008).

Abordando um dos representantes da autarquia local (entrevista, Outubro de


2017), como não há possibilidades de empregar todas as mães solteiras por falta de
recursos, sempre temos procurado formas de beneficiá-las da outra forma, sustenta que
no quadro de luta contra a pobreza, a formação das mulheres chefe de famílias
monoparentais é prioritária, sobretudo nos domínios de promoção e gestão de pequenos
negócios e actividades geradoras de rendimento, no caso de Chão Bom poderão ser
identificadas, as peixeiras, criadoras de aves e coelhos, conserva artesanal de alimento,
como linguiça, doces, etc., ou ainda venda ambulante e acesso ao microcrédito. As ONG
femininas como a MORABI e a OMCV possuem bastante experiência nessa matéria e
nessa óptica atuamos como forma de minimizar a pobreza feminina, vinculando as
mulheres na criação do auto-emprego.

Os inquiridos mostraram uma clara preferência pela criação de mais postos de


trabalho, com rendimento monetário directo, e pelo microcrédito para pequenos negócios.
Algumas pessoas fazem referência a acção de formação de jovens como uma das
alternativas. De facto, é uma alternativa que pode ser viável para todos os envolvidos
principalmente, para os que abandonaram recentemente o sistema escolar.

Classificação da situação Habitacional


Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem
válida acumulativa
Muito boa 4 6,6 6,6 6,7
Boa 7 11,7 11,7 18,3

Válido Razoável 21 35,0 35,0 53,3


Péssima 28 46,7 46,7 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela IV - Distribuição dos dados relativos ao conhecimento das inquiridas relativo à classificação da
habitação.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Questionários

Página 67
No que tange a esta questão, em que inculcávamos indagar relativo a forma como
“classifica as suas habitações sociais” as réplicas foram o seguinte: para a minoria, 4
mulheres, 6,6% a classificação é muito boa, seguido a estas 7 mulheres, 11,7% classifica-
a de boa; enquanto que para as 21 mulheres, 35%, a situação é razoável, mas do ponto de
vista contrária a estas, sustenta a maioria, 28 mulheres, 46,7% classifica-a de péssima.

Conforme consagrada na CRCV “todos os cidadãos têm direito a habitação


condigna nos termos da Constituição, pelo que a existência de bairros degradados e as
construções clandestinas constituem anomalias associadas a constrangimentos
circunstanciais”. (Constituição da Republica de Cabo Verde, revisão de 2010: Artigo
72º).
Assim reza o artigo 72:
«1.Todos os cidadãos têm direito a habitação condigna.
2. Para garantir o direito à habitação, incumbe, designadamente, aos poderes
políticos:
a) Promover a criação de condições económicas, jurídicas institucionais e infra-
estruturais adequadas, inseridas no quadro de uma política de ordenamento do território
e do urbanismo;
b) Fomentar e incrementar a iniciativa privada na produção de habitação e
garantir a participação dos interessados na elaboração dos instrumentos de
planeamento urbanístico».

A maioria das famílias chefiadas por mulheres nessa localidade vive em


habitações precárias, ou seja em péssimas condições, e destas algumas vivem em casa
própria e outros em casa alugada ou de alguns familiares.

Numa observação participante (Setembro ao Outubro de 2017), notamos que as


mulheres chefes de família sem maridos em Chão Bom são as mais vulneráveis, pela
dificuldade de acesso à residência própria pela complexidade na obtenção de terreno e
pelo elevado custo de materiais de construção. O acesso bancário para a autoconstrução é
mais difícil às mulheres porque representam a maior parcela de desempregados. A
questão da habitação liga-se ao desemprego, empregos precários que não dão garantia
bancária ou maior incidência da pobreza nas mulheres, mas é mais sensível nas mães
solteiras chefes de família.

Página 68
Ouvindo o representante da Autarquia Local que, por seu turno, afirma, “existem
experiências pontuais de promoção de habitação social através de Cooperativas e ONG,
citamos a título de exemplo a Citi-Habitat (sediada na Praia) uma ONG que tem
promovido acções de requalificação urbana e construção de habitação para as camadas
mais vulneráveis principalmente as que vêm de zonas rurais. O Município também
constitui um parceiro natural no apoio à construção social, na cedência de terrenos,
plantas modelo, ajuda com materiais de construção. ” (entrevista, Novembro, 2017).

Apoio Financeiro

Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem


válida acumulativa

sim 16 26,7 26,7 26,7

Válido Não 44 73,3 73,3 100,0

Total 60 100,0 100,0


Tabela V - Distribuição dos dados da amostra em relação ao apoio financeiro
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Questionários

Em relação ao apoio financeiro, num total de 60 mulheres, apenas 26,7% recebem


qualquer tipo de apoio, e 73,3% não recebem nenhum tipo de apoio.

O poder público vê quase sempre as mulheres numa lógica que as confina ao


espaço doméstico e as considera basicamente com identidades relacionadas à
maternidade, e quando estão fora de casa, como demandantes das acções comunitárias.

Entretanto, as políticas públicas de apoio às famílias monoparentais costumam ser


assistencialistas, através de programas restritos de ajuda alimentar e de renda mínima.
Esses programas não buscam aprimorar as mulheres chefes dessas famílias para melhor
qualificação profissional, como também aumentar o número de creches para que elas
possam trabalhar seguras de que os filhos estão protegidos e bem cuidados.

Abordada a CMT, (Outubro,2017), ficou-se a saber que a instituição tem feito


algumas intervenções com esse público-alvo (mulheres chefe de famílias na localidade de
Chão Bom), financiando projectos nos ramos da agricultura, pecuária, pesca, moinho e
lanchonete.

Página 69
Costumas criar o seu auto-emprego

Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem


válida acumulativa

Sim 23 38,3 38,3 38,3

Válido Não 37 61,7 61,7 100,0

Total 60 100,0 100,0


Tabela VI - Distribuição dos dados da amostra em relação a criação de auto emprego
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Questionários

De acordo com a tabela VII, 38,3%, correspondendo a 23 mulheres responderam


ter criado algum tipo de emprego, e uma maioria de 37 mulheres, correspondendo a
61,7% não tem criado o auto-emprego.

A mulher nem sempre está preparada para sustentar sozinha os seus filhos e vê-se
na necessidade de resolver problemas financeiros imediatos, mas também na necessidade
de administrar os seu futuro financeiro e o dos seus filhos.

Por meio de uma observação participante, ficamos a saber que as mulheres em


Chão Bom que criam seu autoemprego vivem em situação financeira razoável: Jogam
txiquilas9, rifas através de vendas de Verduras, roupas, doces…feitas diariamente, pois
buscam estratégias de sobrevivência sem contar com a ajuda do pai dos filhos.

Ora, segundo o representante da ACCB (entrevista, Outubro de 2017), sempre tem


procurado formas de proporcionar as mulheres a criarem seu auto emprego dando
formações de culinária, pastelaria, costura…para de facto combateram alguns trabalhos
precários e que não geram lucros. De fato, como é comum em Cabo Verde, são as
mulheres que realizam todas as actividades de sustento directo da família (agricultura,
pecuária, etc…), sem direito a remuneração ou sequer reconhecimento social.

Também algumas ONG têm concedido microcréditos para actividades de


rendimento nas comunidades e são as mulheres chefes de família que mais beneficiam
destas acções, viradas sobretudo para o comércio informal e criação de gado
(Representante de ACCB, Outubro, 2017).

9
Txiquila- em Cabo Verde significa quando, muitas pessoas se organizam em jogar dinheiro numa pessoa
responsável da txiquila, pagando todos os dias, semanas, meses, ou até anos, e a cada tempo um elemento
recebi de acordo com aquilo que ela tem pagado.

Página 70
As políticas com foco nas necessidades básica das mulheres chefes de família
Variáveis Inqueridas Percentagem Percentagem Percentagem
válida acumulativa
Sim 26 43,3 43,3 43,3

Válido Não 34 56,7 56,7 100,0

Total 60 100,0 100,0

Tabela VIII - Distribuição dos dados da amostra em relação ao Grau de Satisfação em relações às políticas
públicas.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Questionários

A elaboração ou concepção de políticas públicas é uma tarefa complexa, é um


processo que envolve muitos atores ao longo de várias fases do processo de formação de
política. Para que seus resultados sejam eficazes, as políticas públicas requerem muito
mais do que um momento mágico na política que gere “a política pública correta”
(Massa-Arzabe, 2006).

Para o autor supra citado, não existe uma lista universal de políticas públicas
“corretas”. As políticas são respostas contingentes à situação de uma Região/País. O que
pode funcionar em dado momento da história, em um determinado Pegião/País, pode não
dar certo em outro lugar, ou no mesmo lugar em outro momento.

Relativamente à satisfação dos benificiários directo das políticas públicas


adoptadas, para as entrevistadas a modalidade implementada não a responde cabalmente
aos problemas enfrentados (entrevista, Outubro, 2017). Mas, em coerência com o quadro
VIII, os resultados descritos mostram que efectivamente todos os beneficiários ouvidos
por meio do inquérito, não reagiram favoravelmente às políticas adoptadas. Ou seja,
43,3% dos inquiridos acham que as políticas adoptadas estão a favorecer as famílias e
56,7% dos questionados não consideram que essas políticas conseguem responder aos
problemas enfrentados na família.

Por meio de observação participante, verificamos que, muitas vezes, são feitas
propostas que nunca se concretizam, e que, os resultados efectivos englobam vantagem e
privilégios só para algumas pessoas.

É neste contexto que o autor Kliksberg, (1999), apud Salles e Rosa, (2008), chama
atenção para atores políticos que, os públicos-alvo das suas políticas são também
considerados parte do processo, dado que, a participação implica em ser transparente, em

Página 71
mostrar a comunidade-alvo que é possível ser feito, e torná-la parceira de todo o processo
de desenvolvimento. A participação, como descreve o citado autor, engradece as pessoas,
dá a elas condições de fazer proposições inovadoras, que a estrutura hierárquica asfixia.

Página 72
CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objectivo central compreender a situação


socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de Chão Bom. Diante
das análises apresentadas na parte prática desta pesquisa, ficou evidente que o objectivo
geral deste trabalho foi alcançado, na medida em que, todos os objectivos específicos
foram atingidos no decorrer da recolha de dados empíricos e de pesquisa bibliográfica e
análise dos resultados.

Passando agora a responder a pergunta de partida levantada inicialmente, isto é,


“Qual é a situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres na localidade de
Chão Bom? Podemos constatar que os indicadores justificaram que a realidade
socioeconómica dessas famílias não é boa ou seja, há muitos problemas enfrentadas por
essas mulheres, principalmente o problema financeiro e do desemprego.

Como se observa, a chefia feminina na localidade apresenta alta complexidade,


por isso, exige tratamento multidisciplinar. Assim a Autarquia Local têm estado atento
buscando medidas e alternativas para diminuir a pobreza nessa classe. Porém, não tem
conseguido responder todas as demandas de forma cabal.

Da investigação feita constatou-se que há uma fraca resposta em relação as


políticas públicas direccionadas às famílias chefiadas por mulheres nas suas intervenções.
Sublinha-se que há necessidade de uma maior articulação, vínculo e união entre as
instituições na implementação de políticas, medidas, acções e estratégias em prol dessa
classe na localidade. Percebemos que há uma tendência de se manipular a comunidade-
alvo, pois nota-se, que são feitas propostas que nunca se concretizam, ou ainda, os
resultados efectivos englobam vantagens e privilégios para algumas pessoas.

Constata-se que as decisões são tomadas por uns poucos (estrutura hierárquica),
subestimando desse modo, a competência da comunidade-alvo. Na verdade, as mulheres
que chefiam suas famílias podem não ser pessoas qualificadas e de formações escolares
sólidas, mas, tem capital social: tem conhecimentos representados por seus valores, suas
culturas e tradições, como também, suas redes de acção e solidariedade. Isso tudo precisa
ser valorizado.

Página 73
Após uma rigorosa análise dos resultados deste estudo, concluímos que,
relativamente à Situação socioeconómica das famílias chefiadas por mulheres em Chão
Bom, não é muito boa. No entanto verificamos que essas famílias estão tendo inúmeras
dificuldades, e o que faz vir a tona as dificuldades financeira, corroborando com a falta de
meios para o sustento do lar e a renda familiar. Apesar do esforço feito pela Autarquia
Local, ainda a realidade que essas famílias vivem é precária. Constata-se que a maioria
dessas famílias está em situação de vulnerabilidade social, possuindo o baixo nível de
escolaridades, habitação e empregos precários.

Portanto de acordo com o exposto dito anteriormente, a vulnerabilidade das


mulheres, é evidente principalmente nas condições de escolaridade, ocupação, trabalho e
renda, aumentando a partir de seus papéis de género na esfera doméstica, da ausência de
uma retaguarda, de apoio dos companheiros e de políticas públicas de género
insuficientes. No entanto, ao lado das dificuldades sociais e financeiras, os laços de
afectividade e das relações familiares de respeito mútuo entre a mulher chefe de família e
seus filhos, estão presentes cada vez mais nos vínculos familiares, assim, unindo e
fortalecendo o ambiente familiar.

No que diz respeito à categoria perceção social, verifica-se que a esmagadora,


assume que a sociedade continua a estigmatizar a situação da monoparentalidade
feminina por várias vias, designadamente pela falta de respostas sociais de apoio, seja
económico, seja pelo fornecimento de ajudas sociais e programas de intervenção
dirigidos a este público.

Desse modo, a hipótese levantada “A situação socioeconómica das famílias


chefiadas por mulheres na localidade de Chão Bom não é boa na medida em que a
maioria dessas mulheres não estão no mercado de trabalho, ficando difícil para a criação
dos filhos e basicamente a questão social.” Foi confirmada.

Em suma, concorda-se que a solução adequada face a essa problemática seria que
os atores políticos locais abrissem mais postos de trabalhos femininos na referida
localidade, ou empreender essas famílias com a criação do auto-emprego, já que não
possuem condições suficientes para empregar formalmente todas essas camadas. Segundo
Derani (2006) é a esta que, as políticas se destinam, deste modo não há como falar neste
tema sem pensar também no cidadão.

Página 74
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CENSO 2010 – INE – www.ine.cv

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nº1/VII/2010

Livro Branco de Cabo Verde 2013.

I série no 38 «Boletim Oficial» da República de Cabo Verde 28 de Novembro de


2011.

Plano Director Municipal (PDM) do Tarrafal de Santiago, volume ii, Setembro de 2010.

Plano Director Municipal (PDM) do Tarrafal de Santiago, volume iii, Setembro de


2011.

Página 83
APÊNDICE

Apêndice A: Guião de Entrevistas

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

Guião de Entrevistas
Entrevista Estruturada ou Padronizada

Guião de entrevista para Camara Municipal do Tarrafal:

Este guião de entrevista é a parte complementar do meu trabalho de conclusão


de curso, cujo tema é “situação socioeconómica das familias chefiadas por mulheres
no concelho do tarrafal de santiago – o caso de chão bom”, inserida no curso de
licenciatura em Serviço Social e Políticas Públicas, efetuado pela Universidade de
Santiago na cidade de Tarrafal.
Pretende-se obter informações para fazer a análise do tema em estudo
garantindo que as respostas serão aproveitadas apenas para fins universitários., por isso
a sua contribuição é imprescindível para a execução deste trabalho.

Agradecia-lhe a vossa indispensável colaboração!

1. Da minha observação notei que a maioria das mulheres chefes de família nessa
localidade não está no mercado do trabalho formal. A que se deve?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Página 84
2. Quais são as políticas presentes nesta camara que visa o empoderamento dessas
mulheres chefes de família?
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__________________________________________________________________________

3. A Câmara tem parceria/protocolo com outras entidades institucionais que


trabalham em prol de empoderamento dessas mulheres para juntos pensarem e
resolverem essa problemática?
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__________________________________________________________________________

4. Quais são as políticas de educação que essa mesma camara implementa para
fazer face a educação dos filhos dessas mulheres?
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__________________________________________________________________________

5. Que soluções de emprego são criadas pela Câmara que visam minimizar e
atenuar os problemas enfrentadas por essas mulheres?
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6. A Câmara tem política de microcrédito como forma de ajudar essas mulheres a


criarem seus próprios negócios e fazerem face a problemático do desemprego e
da pobreza?
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Apêndice B: Guião de Entrevistas

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

Guião de Entrevistas
Entrevista Estruturada ou Padronizada

Guião de entrevista para a Associação Cívica de Chão Bom

Este guião de entrevista é a parte complementar do meu trabalho de conclusão


de curso, cujo tema é “situação socioeconómica das familias chefiadas por mulheres
no concelho do tarrafal de santiago – o caso de chão bom”, inserida no curso de
licenciatura em Serviço Social e Políticas Públicas, efetuado pela Universidade de
Santiago na cidade de Tarrafal.
Pretende-se obter informações para fazer a análise do tema em estudo
garantindo que as respostas serão aproveitadas apenas para fins universitários., por isso
a sua contribuição é imprescindível para a execução deste trabalho.

Agradecia-lhe a vossa indispensável colaboração!

1. Em que âmbito trabalha essa associação?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2. Trabalhando no âmbito social, que trabalho a associação tem feito para corrigir
as demandas sociais principalmente as que vem na família mais vulnerável?
Página 86
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3. Esta associação tem em seu propósito ou em suas políticas trabalhar com as


mulheres chefes de famílias?
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4. Preocuparam, de alguma forma, resolver ou pelo menos tentar resolver através


de planos e projectos de actividades ou políticas próprias da associação em
atenuar o problema socioeconómico dessas mulheres?
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5. Como se sabe a maioria dessas mulheres vêem na criação de animais, apanha de


areia suas actividades nas quais tiram o proveito e o ganha-pão do dia-a-dia.
Sendo assim já pensaram ou traçaram alguma política de microcrédito que visa
transformar essas mulheres empreendedoras para fugirem a estes tipos de
trabalhos precários e que muitas vezes não geram lucros?
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Página 87
Apêndice C: Formulário de Inquérito

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

Formulário de Inquérito

Inquérito por questionário às mulheres chefes de família:

Este questionário é a parte complementar do meu trabalho de conclusão de


curso, cujo tema é “situação socioeconómica das familias chefiadas por mulheres no
concelho do tarrafal de santiago – o caso de chão bom”, inserida no curso de
licenciatura em Serviço Social e Políticas Públicas, efetuado pela Universidade de
Santiago na cidade de Tarrafal.
Pretende-se obter informações para fazer a análise do tema em estudo
garantindo que as respostas serão aproveitadas apenas para fins universitários., por isso
a sua contribuição é imprescindível para a execução deste trabalho.

Agradecia-lhe a vossa indispensável colaboração!

Dados pessoas:

Identificação das pessoas a serem inquiridas:

1.1 Sexo
1) Feminino_____
2) Masculino_____

Página 88
1.2 Idade
1) 24____34
2) 34____44
3) 44____54
4) 54____64

1.3 Estado civil


1) Casada_____,
2) Solteira_____,
3) Divorciada_____,
4) Viúva_____.

1.4 Habilitação literária/académica


1) Ensino básico_____,
2) Ensino secundário_____,
3) Ensino Superior_____,
4) Nenhuma _____.

1.5 Número de filhos


1) 2 a 3_____
2) 3 a 6_____
3) Maior que 6 _____.

2. Porquê é solteira?
1) Por opção _____
2) Por abandono _____
3) Por injurias_____.

3. Como é a vida de uma mãe solteira?


1) Muito boa_____
2) Boa _____
3) Razoável_____
4) Péssima_____

Página 89
4. Classifica sua situação habitacional?
1) Muito boa _____
2) Boa _____
3) Razoável _____
4) Péssima _____

5) .Situação económica
5. Está no mercado do trabalho?
1) Sim _____
2) Não _____.

6. Alguns dos seus filhos trabalham para lhe ajudar a custear as despesas na
família?
1) Sim _____
2) 2) Não _____.

7. Qual é a sua situação financeira?


1) Muito boa _____
2) Boa _____
3) Razoável _____
4) Péssima _____.

8. Tem um companheiro ou vive sozinha?


1) Sim _____2) Não _____.

9. Recebe algum tipo de apoio que lhe ajude nas despesas familiares?
1) Sim _____
2) Não _____,

10. Costuma arranjar alguma forma de criar seu auto emprego?


1) Sim _____
2) Não _____.

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11. Já recebeu algumas vezes alguns tipos de apoio/formação por parte de algumas
instituições que lhe ajude a criar seu auto emprego?
1) sim _____
2) Não _____.

Se sim, que instituições?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Grau da satisfação em relações as políticas públicas

12. Políticas (medidas e alternativas) adoptadas/desenvolvidas pela CMT cheguem


a responder as necessidades básicas enfrentadas no seio das famílias chefiadas
por mulheres?
1) sim _____
2) Não _____.

13. No seu ponto de vista, como reage a sociedade perante uma família cujo
cuidador é a mãe?
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___________________________________________________________________

Obrigado(a) pela colaboração!

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