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O réu Pedro José de Alcântara foi denunciado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido após ser encontrado com um revólver calibre 38 durante abordagem policial. A defesa alega fragilidade das provas, enquanto o Ministério Público pede sua condenação baseado nos depoimentos dos policiais. Cabe ao juiz analisar os argumentos e proferir sentença.
O réu Pedro José de Alcântara foi denunciado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido após ser encontrado com um revólver calibre 38 durante abordagem policial. A defesa alega fragilidade das provas, enquanto o Ministério Público pede sua condenação baseado nos depoimentos dos policiais. Cabe ao juiz analisar os argumentos e proferir sentença.
O réu Pedro José de Alcântara foi denunciado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido após ser encontrado com um revólver calibre 38 durante abordagem policial. A defesa alega fragilidade das provas, enquanto o Ministério Público pede sua condenação baseado nos depoimentos dos policiais. Cabe ao juiz analisar os argumentos e proferir sentença.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPIV B 1 2018 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 27/2, 21/3 e
18/4.
SESSÃO II: Dia 27/2/2018 - 10h 10min às 12h
NÃO EXIGE RELATÓRIO Prof. Dr. Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves
TEMA: Direito Penal. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
CASO CONCRETO:
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ofereceu denúncia
em face de Pedro José de Alcântara, nascido em 14/06/1993, dando-o como incurso nas penas do artigo 16, parágrafo único, inciso I, da Lei n° 10.826/2003, pelos fatos descritos na peça acusatória de fls. 2A-2B. O Ministério Público narra que, no dia 06 de junho de 2016, por volta da meia noite, na Rua Alberto Batista de Moraes, Centro de São João de Meriti, o denunciado, com vontade livre e consciente, portava uma arma de fogo com numeração de série suprimida, calibre 38, de uso permitido, e seis munições do mesmo calibre, conforme se verifica do auto de apreensão de fls. 13. Na ocasião, policiais militares estavam em patrulhamento de rotina, quando tiveram a atenção voltada para o denunciado, que demonstrou atitude suspeita ao avistar a viatura. O denunciado estava acompanhado de um menor, aparentemente com dez anos de idade, que empreendeu fuga após a chegada dos policiais. O denunciado, ao ser abordado, afirmou: "perdi, perdi", e, ao ser revistado, foram localizados em sua cintura o revólver e as munições acima descritas. Pelos motivos expostos, o Ministério Público requer a condenação nos tipos descritos na peça acusatória. Em resposta à acusação, Pedro José de Alcântara sustenta que não é possível a condenação do acusado com base apenas no depoimento de um dos policiais militares que participaram da prisão do réu. Sem sombra de dúvida, tais milicianos têm interesse em sua condenação, e, por isso, repetem a mesma versão apresentada por ocasião da lavratura do APF. O réu alega que se os milicianos mudassem a versão dos fatos e falassem a verdade em juízo, estariam, ainda que implicitamente, confessando a prática de crimes (tortura, abuso de autoridade etc). Assim, é fácil compreender porque os policiais sempre repetem a mesma versão apresentada na delegacia. Além disso, impensável que em um Estado Democrático de Direito se tolere a condenação de alguém com base apenas em suspeitos depoimentos de policiais. Dessa forma, o acusado questiona o verbete da súmula 70 do TJRJ, que tem servido para legitimar injustas condenações. Ressalte-se que a maioria dos Tribunais pátrios, sensíveis à realidade das polícias brasileiras, refutam condenações alicerçadas exclusivamente em depoimentos de policiais. Diante do exposto, o réu requer: a absolvição, ante a atipicidade material pela inaptidão da arma de efetuar disparos, e, ainda, ante a ausência de provas para a condenação, nos termos do artigo 386, incisos III e VI, do CPP; Subsidiariamente requer: que seja a pena aplicada em seu mínimo legal; que seja a pena privativa de liberdade substituída pela restritiva de direitos, bem como que seja concedido o sursis; que o regime de cumprimento da pena seja inicialmente aberto. A denúncia veio lastreada no procedimento policial n° 064-04321/2016, do qual constam as seguintes peças principais: termo de declaração de testemunha, auto de prisão em flagrante delito, registro de ocorrência n° 064- 04321/2016, auto de apreensão da arma de fogo e munição e auto de encaminhamento da arma de fogo e munição ao ICCE. Decisão convertendo a prisão em flagrante do acusado em prisão preventiva a fls. 40. Decisão recebendo a denúncia às fls.53-54. Laudo de exame em arma de fogo e munição às fls. 69-71, o qual concluiu que a arma de fogo apreendida, revólver Taurus, calibre 38, com número de série suprimida, apresenta capacidade para produção de disparos (tiros), conforme teste realizado com munição a ela adequada, podendo ser utilizada eficazmente na prática de crimes. Consta na FAC uma anotação por crime de ameaça (art. 147 do CP). Não há trânsito em julgado. Em audiência de instrução e julgamento, às fls. 103-105, como testemunha, o policial militar Henrique Lopes afirmou: “que é policial militar lotado no 21° BPM; que no dia 14/06/16, por volta da meia-noite, estava em patrulhamento de rotina com seu colega sgt De Oliveira; que ao patrulhar a rua Alberto Batista de Morais, no Centro de São João de Menti, teve a atenção voltada para dois elementos, os quais tiveram atitude suspeita ao observarem a viatura; que deu voz de comando para pararem; que, ao se aproximar dos elementos, um que aparentava ter dez anos anos de idade correu do local, mas Pedro José de Alcântara ficou, pois percebeu que não daria tempo de correr e disse: 'perdi, perdi, perdi'; que o sgt De Oliveira, ao realizar revista, encontrou na cintura de Pedro José de Alcântara um revólver com numeração raspada, calibre 38, cor preta, carregado com 6 munições; que deu voz de prisão para Pedro José de Alcântara, encaminhando-o para esta UPJ.” Em depoimento extrajudicial, na apresentação do preso, o policial militar Miguel de Oliveira disse: “que é policial militar lotado no 21° BPM; que no dia 14/6/16, por volta da meia noite, estava em patrulhamento de rotina com o sgt. Lopes; que ao patrulhar a rua Alberto Batista de Morais, no Centro São João de Menti, teve a atenção voltada para dois elementos, que, ao avistarem a viatura, tiveram atitude suspeita; que deu voz de comando para pararem; que ao se aproximar dos elementos, um que aparentava ter dez anos de idade empreendeu fuga; o elemento que ficou no local quando percebeu que não dava para correr, já identificado como Pedro José de Alcântara disse 'perdi, perdi'; que ao realizar revista foi encontrado na cintura de Pedro José de Alcântara um revólver de numeração raspada, calibre 38, cor preta, carregado com 6 munições; que deu voz de prisão a Pedro José de Alcântara, encaminhando-o a UPJ.” Alegações Finais do Ministério Público, às fls. 106/109, na qual a presentante do parquet requer a procedência da pretensão punitiva estatal, para que seja o acusado condenado pela prática do crime previsto no artigo 16, parágrafo único, inciso I, da Lei n° 10.826/2003. Alegações finais apresentadas às fls. 111-117, em favor do acusado, na qual a defesa sustenta a fragilidade do acervo probatório, asseverando que o requerimento de condenação é formulado com base apenas no depoimento de um dos policiais que participaram da prisão do réu. Alternativamente, requer a aplicação da pena em seu patamar mínimo legal, com regime aberto para o cumprimento inicial da pena. Elabore a sentença.