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Resumo: este trabalho pretende trazer uma reflexão a cerda dos modos de
dominação e repressão da sociedade industrial avançada, a partir da leitura da
primeira parte do livro Ideologia da sociedade industrial: O homem unidimensional
de Herbert Marcuse. O Homem Unidimensional é uma analise da sociedade
industrial avançada e das tendencias do capitalismo tardio, onde, a partir desta,
procura nos mostras as novas formas de controle e dominação dos indivíduos na
contemporaneidade. Além desses fatores, os meio de dominação desse sistema tem
se mostrado mais eficiente e eficaz de que o antigo regime, dessa forma, sem uso
de um terro aberto, tem total domínio de todas as esfera da existência humana,
sejam elas públicas ou privadas. Temos como objetivo refletir sobre esses controles
e mecanismo pelos quais proporcionaram uma integração de pensamento e
comportamento dos indivíduos, na qual o sujeito não é livre, onde as necessidades
são impostas e aceitas sem o menor questionamento.
Introdução
A sociedade contemporânea parece capaz de
conter a transformação social – transformação
qualitativa que estabeleceria instituições
essencialmente diferentes, uma nova direção dos
processos produtivos, novas formas de existência
humana. (MARCUSE, 1979, p. 16).
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Quando Marcuse nos diz que os controles sociais são “introjetados” na realidade das
pessoas rompendo com protesto individual, ele esclarece que o conceito de
“introjeção”, devido à forma como tem se perpetuado a dominação, não expressa de
forma precisa esse modo de dominação, mas a “Mimese” seria o termo mais
apropriado para descrever essa realidade. “Assim, introjeção subentende a existência
de uma dimensão interior distinta e até antagônica das exigências externas, uma
consciência individual e uma consciência individual separada da opinião e do
comportamento público. A ideia de ‘Liberdade interior’ tem aqui sua realidade:
designa o espaço privado no qual o homem pode torna-se e permanece ‘ele próprio’ ”.
Em outras palavras, “introjeção” sugere um “eu” (Ego) que transferia de forma
espontânea a realidade exterior para o interior. Mas Marcuse diz que atualmente, esse
espaço privado se apresenta invadido ou desbastado pela realidade tecnológica, logo
o resultado é a identificação imediata do indivíduo com a sua sociedade, logo tal
identificação não significa introjeção, mas “mimese”. MARCUSE, Herbert, Ideologia da
Sociedade Industrial.
Todavia, vale destacar que ao longo do pensamento marcuseano, no que se
refere ao caráter não neutro da tecnologia, não vemos a recusa da mesma, ao
contrário, ele afirma que a vida alcançou níveis de existência em que o retrocesso se
torna inviável. A crítica passa a residir no aspecto político de dominação por meio do
avanço tecnológico. “O processo produtivo do capitalismo avançado tem alterado a
forma de domínio: o véu tecnológico esconde por detrás das mercadorias a
exploração de classes” (MARCUSE, 1977, p.25). A tecnologia e a ciência podem
servir de veículos de libertação, contudo o uso desses agentes numa sociedade
repressiva os transforma em veículos de dominação em massa. A máquina em si
não é repressiva, nem a tecnologia ou a ciência, mas a presença daqueles que
fazem desses produtos parte da sua existência.
Conclusão
Marcuse acredita que a classe trabalhadora ainda é, objetivamente, o agente
histórico de revolução, embora reconheça que subjetivamente não são, devido a
paragem da consciência em decorrências das satisfações das necessidades que
perpetuam a servidão dos explorados. Reconhece que as conquista da ciência e da
técnica negaram seu proposito inicial, quanto mais a tecnologia se desenvolve e,
dessa forma, se tornaria cada vez mais capaz de criar melhores condições de
satisfações das necessidades, a sociedade industrial se organizou e fez uso das
mesmas para uma dominação efetiva do homem e da natureza. Nesse sentido, as
novas formas de controle prevalecente na sociedade contemporânea são
tecnológicas. “As criaturas se reconhecem em suas mercadorias; encontra sua alma
em seu automóvel, hi-fi, casa em patamares, utensílios de cozinhas” (MARCUSE,
1977, p. 29).
Uma mudança qualitativa na sociedade corresponderia a uma transformação
na base técnica em que a sociedade esta assentada, provocaria o rompimento no
caráter politico da racionalidade tecnológica na qual é o grande veículo de
dominação, onde corpo e mente são mantidos num estado de mobilização em
defesa do status quo. A transformação no caráter da ciência e da técnica
pressuporia uma construção de uma nova sociedade regida por novos valores, uma
sociedade que necessitaria de homens e mulheres com sensibilidades diferente, e
lclaro, de uma consciência diferente. Marcuse, nesse aspecto, rejeita a ideia de Max
quanto a mudança social e caráter do trabalho ser a partir da redução do dia de
trabalho, propõe uma mudança nos valores regente na sociedade para que o
trabalho penoso passe a ser entretenimento. “Reduzi-se-ia a alienação com a
progressiva redução do dia de trabalho, mas este permaneceria um dia de sujeição,
racional mas não livre” (MARCUSE, 1977,p. 36).
As bases para uma mudança na sociedade estabelecida deveriam iniciar a
partir das satisfações das necessidades não-sublimadas, quer dizer: a partir das
necessidades que não foi desviada de seu propósitos inicial, que não foi
encontrados um substituto. Dessa forma daria a base biológica para uma sociedade
se desenvolver livremente, pois a tarefa e o objetivo de toda libertação é a melhor
satisfação das necessidades. “mas, ao progredir em direção a tal objetivo, a própria
liberdade deve tornar-se uma necessidade instintiva e, enquanto tal, deve mediar as
demais necessidades” (MARCUSE, 1993, p.08. Tradução do Autor).
É a partir do instinto de liberdade não-sublimado que teríamos as raízes para
uma liberdade política e social, teríamos as exigências de uma transformação social
qualitativamente diferente, um momento de ruptura com uma logica de dominação e
perpetuação do progresso material que gera novas necessidades heterônimas. Um
novo princípio de realidade a partir dessa fundamentação libertaria a base biológica
dos valores estéticos, “porque a beleza, o repouso, a harmonia, são necessidades
orgânicas do homem cuja repressão e a administração mutilam o organismo e
ativam a agressão” (MARCUSE, 1993, p.10. Tradução do Autor).
A técnica deveria se transforma em arte, romperia as barreiras da
identificação dos indivíduos ao sistema, que resultou no partilhamento das
necessidade estabilizantes tornando-os conservadores e contra-revolucionários.
“Quando homens e mulheres agerem e pensarem livre dessa identificação […]
eliminaria as causas que tem feito da historia a humanidade a história do domínio e
servidão” ( MARCUSE, 1977, p. 41). Nua sociedade estritamente autêntica o homem
jogaria ao invés de labutar, sua vida seria mais de exibição do que trabalho árduo,
esta seria uma sociedade regida por um novo princípio de realidade, por uma nova
sensibilidade, em que a ciência e a técnica não estariam a serviço da manutenção
do sistema, seria uma sociedade autenticamente humana.
Bibliografia
MARCUSE, Herbert. A ideologia da Sociedade Industrial: o homem
Unidimensional. Tradução de Giasone Rebuá . 5ª ed. Zahar Editora. Rio de
Janeiro, 1979.
______. Cultura e Psicanálise. Tradução de: Wolfgang Leo Maar, Robespierre de
Oliveira, Isabel loureiro. Ed. Paz e Terra: São Paulo, 2001.