Conceito, estatuto e historia da psicologia da educação
1.1.Definição e situação da psicologia da educação no contexto da psicologia e das ciências da educação Podemos afirmar que o seu objeto de estudo cientifico do comportamento humano praticado nas instancias educativas, ou a analise, promoção e avaliação do comportamento de educador e do educando em situação educativa, através de métodos científicos, com objetivos mais ou menos próximos ou finais, objetivos mais ou menos específicos ou gerais. A psicologia da educação estuda as condições psicológicas que rodeiam o acto educativo ou as implicações da psicologia do desenvolvimento e de outros ramos da psicologia no processo instrucional e educativo. Tenta dar ao professor e a outros técnicos da educação, designadamente o psicólogo escolar, princípios e técnicas que lhe permitam compreender e intervir eficazmente no processo ensino aprendizagem e capacidade para avaliar o produto, levando a um funcionamento mais eficaz da dinâmica escolar. Sprinthall falam de quatro pontos da agenda do processo de ensino-aprendizagem a ter em conta pelo psicólogo educacional: características dos alunos, atitudes dos professores, estratégias de ensino, matéria ou conteúdos. Quem educa e a quem (agente e paciente), o quê (conteúdos), como (métodos), porquê (objetivos) e o que resulta (avaliação). Em linguagem mediática ou telemática poderíamos falar de emissor (educador), mensagem (conteúdos), canal (métodos, estratégias), recetor (educando), em constante interação e feedback. Ao tentar definir-se a Psicologia da Educação, deve insistir-se na sua importância como “disciplina fundamental”, disciplina teórica, básica, independente. Ela não se serve apenas dos princípios ditados pelas outras ciências, mormente pela psicologia, mas tem o seu domínio especifico – o processo educativo servindo- se dos conhecimentos psicológicos. 1.2.Conteúdos e objetos da psicologia da educação A maior parte dos autores concorda em considerar como objeto fundamental desta ciência o processo ensino- aprendizagem ou o estudo cientifico da aprendizagem e do ensino, principalmente quando se trata da formação de professores. A Psicologia da Educação pode ainda comportar outros conteúdos programáticos, como a intervenção do psicólogo na escola, a orientação escolar e vocacional, etc., embora mantendo como núcleo central o processo instrucional ou o comportamento de educadores e educandos em situação de ensino-aprendizagem, isto é, como afirma Beltran “o comportamento que muda ou a mudança do comportamento” que se produz como resultado da pratica educativa intencional ou da aprendizagem em sentido restrito. Isto abrange as características do educador e do educando, o processo instrucional, os resultados deste processo e a sua avaliação, e ainda as diversas situações e sistemas educativos. O psicopedagogo deve saber observar (diagnostico), interpretar (prognostico) e intervir no ato educativo, aos mais diversos níveis de aprendizagem, e no final avaliar se a intervenção resultou ou não, projetando novas intervenções. Compete-lhe não apenas prevenir e remediar, mas principalmente promover o educando a todos os níveis (promovendo-se também como educador). O psicopedagogo deve ainda investigar, possibilitando assim uma maior compreensão do processo ensino-aprendizagem. 1.4 Metodologias e investigação em Psicologia da Educação – diversos modelos O método cientifico é um procedimento complexo que permite conhecer a realidade, predizer os acontecimentos e de qualquer forma controlá-los. Para isso é necessário que se articule a teoria com a realidade empírica, de acordo com uma serie de requisitos, procedimentos e técnicas. É possível aplicar o método cientifico à psicologia da Educação, apesar das dificuldades no planeamento da investigação, no controlo e analise das variáveis. A Psicologia da Educação tem um objeto especifico (o ato ou o processo educativo ensino-aprendizagem). Como nas ciências sociais e/ou humanas (e educativas) há dificuldade em usar o método estritamente experimental ou laboratorial, mas podem usar-se métodos quase-experimentais e correlacionais, a investigação na ação, as diversas classes de observação (externa), a introspeção (observação interna), o método clinico, a analise de casos, a analise de conteúdo, as escalas e questionários estandardizados. Modelo comportamentalista tenta predizer, controlar e eventualmente modificar o comportamento. A analise aplicada de comportamentos é um método de mudança comportamental baseado em princípios de investigação laboratorial, avaliando experimentalmente a eficácia da mudança. A analise experimental do comportamento centra-se na interação entre o comportamento do organismo e o ambiente. Atualmente estuda-se não só o aluno, mas também o comportamento dos professores, pais e grupos, comportamentos críticos, dando atenção mais aos antecedentes do que à manipulação das consequências do comportamento. O modelo cognitivista tenta explicar o processo/processamento da aprendizagem considerando o sujeito ativo. O cognitivismo procura não apenas predizer e controlar o comportamento, mas sobretudo explica-lo ou interpreta-lo, não de um ponto de vista mecanicista, como na corrente anterior, mas inspirando-se no processamento de informação. Na linha cognitiva são investigadas principalmente quatro grandes áreas: aprendizagem (procurando formular uma teoria rigorosa sobre o modo como se aprende); estrutura do comportamento (condições ambientais e processos cognitivos que estruturam o que se aprende); solução de problemas; desenvolvimento cognitivo, servindo-se de testes (sobre estilos cognitivos, diferenças individuais e dinâmica da mente), de objetivos bem definidos e da analise de tarefas. O modelo interacionista (psicossocial e ecológico) visa interpretar a interação educado-educando e a sua relação com o meio. O ponto de vista psicossocial significa uma posição intermédia ou, melhor, complementar, entre o comportamentismo (aprendizagem como resultado de uma correta programação de reforços) e o cognitivismo (aprendizagem como um processo ativo do sujeito). A perspetiva ecológica na educação acentua o cenário ou o ambiente escolar em detrimento das características individuais. O comportamento instrucional é função essencialmente da interação individuo-ambiente natural (aula) e como o meio é interpretado pelo aluno a nível pessoal e situacional (orientação multidimensional). É um modelo ensino-aprendizagem bidimensional: o cenário ecológico do comportamento (escolar) influencia as reações (aprendizagem) do aluno, mas não de forma automática, e sim mediada pela interpretação que o sujeito faz do ambiente, que de qualquer é recriado e revalorizado por ele. 1.5. historia da psicologia da educação – tendências atuais no futuro a psicologia da educação e a educação em concreto se deve centrar mais no aluno e na aprendizagem do que no professor e no ensino; na interação educador-educando; na prescrição e intervenção sobre a simples descrição teórica; na perspetiva cognitivista, desenvolvimental e diferencial; nos aspetos ecológicos e ambientais do ecossistema escolar; nos modelos integrantes ou holísticos; no positivo sobre o negativo; na prevenção sobre a remediação.
Psicologia e Educação: Aproximação aos objetivos e conteúdos da Psicologia da
Educação – César Coll A psicologia da educação responde à certeza de que a aplicação coerente dos princípios psicológicos pode ser altamente benéfica para a educação e o ensino. É possível entender a psicologia da educação como uma mera etiqueta que serve para designar o amalgama de explicações e princípios psicológicos que são pertinentes e relevantes à educação e ao ensino; é uma disciplina com programas de pesquisa, objetivos e conteúdo próprios. 1. Relação entre a Psicologia e a Educação O desenvolvimento desta nova e promissora ciência proporcionará à teoria da educação um impulso definitivo para abordar e solucionar os problemas mais inquietantes. Thorndike propõem as bases da psicologia da educação, insiste na necessidade de fundamentar as propostas educativas sobre os resultados da pesquisa psicológica de natureza experimental e aconselha a desconfiar sistematicamente das opiniões pedagógicas que carecem dessa base. Destaca a necessidade de um novo profissional, que atua como intermediário entre a “ciência da psicologia e a arte do ensino”. No seculo XX, as pesquisas experimentais da aprendizagem, o estudo e a medida das diferenças individuais e a psicologia da criança. A psicologia da Educação aparece nas palavras de Wall como a “rainha” das ciências da educação. As relações entre a Psicologia e a Educação adotaram muito frequentemente um carater unidirecional, ignorando as características próprias dos fenómenos educativos, sendo necessário uma mudança de perspetiva. 2. As conceções atuais da Psicologia da Educação A pesquisa psicológica proporciona o conhecimento, que é de índole geral e que pode ser empregado, consequentemente, tanto na educação como em outras áreas da atividade humana. O que caracteriza a psicologia da educação não é a natureza do conhecimento que maneja, mas o facto de aplica-la aos fenómenos educativos.