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A FÉ CUSTOMIZADA E O EVANGELHO DE CRISTO

por Pr. Delmo Fonseca*

A nossa mania de aportuguesar termos estrangeiros sempre suscitou acaloradas


discussões. De um lado há quem veja nesse fenômeno a possibilidade de
enriquecimento da língua; de outro, não são poucos os que veem nesse estrangeirismo
uma excessiva interferência em nossa cultura. Daí as comidas lights, as bebidas diets, os
shows, os shoppings, os tickets, o marketing, o gospel, por exemplo.

Nesse contexto pode-se observar o acréscimo da palavra customização (do inglês


customization) ao nosso vocabulário. Seria muito mais simples usar os verbos adaptar,
adequar ou até mesmo personalizar, mas customizar parece ser algo mais específico.
Customizar é adequar alguma coisa de maneira única ao gosto da pessoa. Em tempos de
individualismo exacerbado, nada pode parecer comum, isto é, pertencente a todos ou a
muitos. A regra é ser singular, exclusivo.

De carros a sapatos customiza-se tudo, adequa-se ao gosto do cliente qualquer coisa.


Mas em se tratando do evangelho, como podemos entender esse fenômeno? Não é
novidade para ninguém a existência de um “mercado da fé”, que busca adequar a
Palavra ao gosto de cada um. Nesse caso, prega-se um evangelho sem cruz,
descompromissado. Aliás, uma das marcas da sociedade contemporânea é a falta de
comprometimento. Há um sem número de jovens que resistem em deixar a casa dos pais
porque não querem assumir o compromisso de pagar suas contas, constituir uma família
etc. Da mesma maneira, nas igrejas, muitos crentes querem as bênçãos dos céus sem ter
que se comprometerem com a obra de Deus. “Este povo me honra com os lábios, mas
seu coração está longe de mim” (Mt 15.8).

A busca por uma fé customizada, que se adapte ao gosto do crente descompromissado


aumenta a cada dia. Não é raro encontrar quem ore pedindo a Deus uma ajudinha na
hora do sorteio da loteria, quem ache natural ser um crente desigrejado, quem pule sete
ondas na virada do ano, quem brinque o carnaval sem culpa. A justificativa é o seguinte:
“Deus me entende”, “Deus conhece o meu coração”, “Deus me ama do jeito que eu
sou”.

A fé customizada é ecumênica, atende às exigências do politicamente correto, procura


se ajustar às demandas das minorias. Diferentemente do evangelho de Cristo, que é
universal, a fé customizada é pessoal. Pode-se fazer meditação transcendental durante a
semana e cantar no coral da igreja no domingo. Quanto às Escrituras, conveniente é a
leitura que inspira proteção, gera otimismo; no mais, os livros de autoajuda
complementam a vida devocional.

A fé customizada apregoa: “pare de sofrer”, “o que importa é ser feliz”, “é só vitória”.


Com isso, o pecado é relativizado e o mal não é visto como tão mau assim, pois o yin
yang ensina que o positivo não vive sem o negativo e vice e versa. A cruz é apenas
simbólica e a graça, ah sim, como diria Bonhoeffer, uma “graça barata”.
O Evangelho de Cristo, por outro lado, exige renúncia, autonegação e comprometimento
com o reino de Deus: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua
cruz e siga-me. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma? ” (Mt 16.24, 26). Apenas os inimigos da cruz de Cristo é que pressupõem uma fé
customizada, moldada ao gosto pessoal de cada crente. Uns até dizem: “A minha cruz é
de isopor e tem rodinhas.” A verdade é que não há parâmetro para tamanha falta de
reverência.

Por fim, podemos concluir que a fé customizada é uma espécie de rebeldia à Palavra de
Deus. O ser humano, desde o princípio, insiste em moldar a realidade ao seu gosto
pessoal. Este é o espírito do mundo. Porém, as Escrituras nos advertem: “E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para
que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2).
Certamente a vontade de Deus é que vivamos em unidade, sejamos um em Cristo,
tenhamos a mesma fé. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).

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