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Capítu{o 0//

j-fipnose em o6stetrícia
Indicações e vantagens da hipnose em obstetrícia

A indução da hipnose em um paciente é um procedi-


mento muito simples. Somente uma quantidade moderada de
habilidade é necessária para produzir o estado de transe. Con-
seqüentemente o médico pode usá-Ia em quase todos os pacien-
tes de obstetrícia. Ele precisa entender, contudo, que a orienta-
ção psicodinámica é importante porque o relacionamento inter-
pessoal constante entre médico e paciente é tal que existe uma
ênfase marcante dele no estado hipnótico.
Uma das indicações para o uso da hipnose é a consta-
tação de que a infecção circulatória e respiratória na mãe e
no bebê, com conseqüente anoxia, é marcadamente reduzida.
Ao mesmo tempo', reduz ou evita o uso de anestesia química.
A hipnose também aumenta a resistência aos esforços mus-
culares. A fadiga que freqüentem ente observamos numa pa-
ciente obstétrica no trabalho de parto é, portanto, bastante
reduzida.
Sempre que o uso de um agente químico é contra-in-
dicado em virtude de uma condição cardíaca, tuberculose,
prematuridade etc., a hipnose pode ser usada sem nenhum
dos riscos anestésicos para a mãe ou para o bebê. Geralmen-
te é aceito que qualquer dos agentes anestésicos usados re-
tarda a atividade uterina; a hipnose não. Uma outra vanta-
gem da utilização da hipnose é que ela pode ser controlada;
se a hipnoanestesia precisa ser diminuída ou aprofundada,
isto pode ser realizado por uma simples sugestão da parte do
médico. Quando agentes anestésicos ou químicos são usa-
dos, só se pode neutralizá-Ios com outras drogas, por oxigê-
nio ou pelo tempo.
Acredita-se que a perda de sangue capilar é diminuída
pela hipnose. Isto provavelmente é devido à vasoconstrição ou
algum efeito desconhecido sobre o tempo de coagulação. Alguns
trabalhos experimentais têm investigado este assunto, mas ne-
nhum resultado definitivoainda foi apurado. Algumas vezes ve-
rificarnos que o sangraIllento pode ser estancado com o uso da
hipnose. Isto é questionável. O máximo que se pode esperar é
algum tipo de vasoconstrição, próprio talvez da contração dos
músculos ao longo dos capilares, que assim diminuem o san-
graIllento naquelas áreas. O que se tem provado é que o san-
graIllento no alvéolo dentário pode ser estancado mas, aqui no-
VaIllente, é provável que aconteça uma das duas coisas mencio-
nadas acima.
Uma outra indicação para o uso da hipnose é a redução
do elemento tempo que afeta aIllbos, paciente e médico. Métodos
antiquados usados iniciahnente para induzir hipnose em obste-
trícia requeriaIll que o obstetra despendesse uma quantidade
excessiva de tempo com a paciente. Ele levava muitas horas trei-
nando a paciente para ser sonâm.bula e desenvolver anestesia.
Quando ela entrasse em trabalho de parto, ele tinha de apres-
sar-se para o hospital para reinduzir aIllbos, o estado de transe
e a anestesia, e permanecer com a paciente durante todo o tra-
balho de parto. É compreensível que os obstetras não estaVaIll
querendo usar tal método que consumiria tanto tempo.

Mudanças no comportamento e na organização hospita-


lar pelos atuais administradores neste campo fizeraIn com que
a situação mudasse hoje em dia. Alguns hospitais, temerosos
das dificuldades legais, têm proibido o uso da hipnose. Contu-
do, eles não têm sido capazes de contrapor-se ao uso da hipno-
se no consultório. O uso da sugestão pós-hipnótica e da auto-
hipnose tem, por isso, sido desenvolvido. A paciente faz sua
própria hipnose no hospital.

Naturalmente que usando-se as técnicas recentemente


idealizadas, o tempo é consideravehnente diminuído. Por exem-
plo: a paciente está tranqüila durante o trabalho de parto e,
portanto, não exige constante atenção do seu médico. O traba-
lho de parto em primíparas é reduzido em média duas horas no
primeiro estágio; durante o segundo estágio, a paciente está
apta a dar à luz mais rapidaIllente e sem desconforto extremo,
e a expulsão pode ser acelerada.

Uma outra indicação valiosa é que com hipnose não tem


havido relatos de aumento de interferência cirúrgica ou de ris-
co, para a mãe ou para o bebê, pelo aumento da manipulação
instrumental. Estes fatos diferem dos relatos sobre quase todos
os outros agentes anestésicos.
Um ponto importante a considerar é que a hipnoaneste-
sia completa pode não ser conseguida numa grande quantidade
de pacientes. Mas onde, por menor que seja a quantidade de
hipnoanestesia produzida, tanto em hipnose leve como média,
ainda há uma considerável redução na quantidade necessária
de anestésicos químicos. Em cada paciente, portanto, no qual
mesmo um transe leve ou médio é produzido, efeitos benéficos
podem ser conseguidos. Isto incluiria 95% a 100% das pacien-
tes de obstetricia. No mínimo, a quantidade de anestésico quí-
mico de que a paciente precisaria durante o trabalho de parto é
diminuída com a hipnose.
Uma outra boa razão para o uso da hipnose é o conforto
no pós-operatório que a mãe é capaz de obter. Ela pode estar
completamente livre da dor e, sentindo-se confortável, a possi-
bilidade de atelectasias e outros problemas é também reduzida
ou evitada.
Alguns obstetras relataram que podem aumentar a se-
creção de leite em parturientes usando a hipnose, sugerindo di-
retamente o enchimento dos peitos ou, ainda melhor, pela su-
gestão indireta da sensação de bem-estar na paciente, com a
mãe aguardando com expectativa a criança adorável que será
capaz de aconchegar em seus braços. Psicologicamente, isto
parece causar um aumento na secreção do leite.

Uma desvantagem principal é a falta de treinamento do


pessoal hospitalar. A paciente entra na sala em trabalho de
parto e ouve uma mulher cruzando o corredor ou na sala anexa
ou mesmo na cama ao lado gritando com dor. Isso a transtorna
e tende a quebrar sua hipnoanestesia. Da mesma forma, uma
enfermeira ou residente entrando para perguntar: "Comoestão
suas dores?", pode sugerir nela a idéia da dor. Na realidade o
argumento não precisa ser considerado tão seriamente. Uma
paciente que foi adequadamente treinada no consultório do
doutor compreenderá que estas coisas podem acontecer, que
algumas pessoas não tiveram a oportunidade que ela teve de
aprender uma técnica. Também pacientes com treinamento
adequado aprendem hipnoticamente a entender que quando re-
sidente ou a enfermeira diz "dor", o que ele ou ela realmente
quer dizer é "contração", e são capazes de minimizar o efeito
das palavras no seu estado hipnoanestésico.

A idéia de usar uma abordagem combinada de hipnose


e agente químico é uma consideração importante. A hipnose
não é um princípio de "tudo ou nada". Um médico não deverá
somente traballiar com aquelas pacientes hipnóticas capazes
do estado sonambúlico, que podem produzir uma completa e
total anestesia, e dizer que aqueles são um sucesso e que todos
os outros pacientes são fracassados. A hipnose deveria estar à
disposição de cada paciente e adaptar-se a cada um deles. Al-
guns não necessitariam de anestesia química, outros precisa-
riam de 10%, 20%, 50% ou mesmo 90%, tanto quanto necessi-
tassem se não aprendessem hipnose. Mas, mesmo quando a
quantidade de anestesia é reduzida somente 10%, o paciente
está sendo tratado da melhor maneira.
Deve-se permitir que as pacientes de obstetrícia apren-
dam outros fenômenos da hipnose ao lado destes da anestesia
e analgesia. Os novos conhecimentos colaborarão com um tra-
ballio de parto mais confortável para que a paciente aguarde o
nascimento do bebê com menos desalento.

O que segue é um relato passo a passo do procedimento


do autor na utilização da hipnose em obstetrícia. Na primeira
visita, a questão da hipnose é meramente mencionada à pa-
ciente. Se conhece um pouco do assunto, é dado a ela um livre-
to intitulado An old art retums to medicine.1 Na visita seguinte,
um tempo suficiente será programado para instruir a paciente
de modo mais adequado.

A discussão inicial desenvolve-se em tomo dos falsos


conceitos de hipnose. É acentuado à paciente que ela não esta-
rá dormindo e que, estando hipnotizada, não estará inconscien-
te. A paciente hipnotizada pode ouvir, sentir, cheirar, falar e
mover-se à vontade.l
Seguindo a elucidação dos falsos conceitos, informando
que a paciente não estará dormindo, que ouvirá tudo o que é
importante, que se sentirá relaxada e confortável, a paciente
deveria ser alertada de que pode aprender a eliminar distrações
estranhas e tornar-se capaz de focalizar sua atenção.

A porcentagem de pessoas que entram num transe leve,


transe médio e transe profundo pode ser informada neste mo-
mento, para que a paciente possa reconhecer que nem todas as
pessoas podem desenvolver anestesia total e completa. Também
a utilidade dos agentes químicos durante o trabalho de parto
deve ser mencionada. Isto deve ser feito cuidadosamente. Se al-
guém diz à paciente: "Nocaso de isto não funcionar, você pode-
rá ser submetida a um agente anestésico químico", está dando,
certamente, uma sugestão Inuito negativa e aumentando as
probabilidades de falha. Um médico não adverte uma paciente:
"Se isso não der certo, existem outros medicamentos". Simples-
mente diga-lhe a verdade e a verdade é que ela pode aprender
hipnoanestesia e hipnoanaIgesia, e sua mente inconsciente
pode reconhecer que isto é uma sensação diferente e, durante o
trabalho de parto, sua mente inconsciente pode reconhecer,
também, que poderia querer fazer uma comparação entre este
tipo de anestesia e analgesia e anestesia e analgesia química ou

1 A despeito do fato de Isso ser dito às pacientes pelos seus médicos e lido
por elas no lIvreto, uma porcentagem delas dirá após o primeiro transe: "Eu
não estava hipnotizada". Eu ouvi tudo que você disse. Eu não estava dor-
mindo. Eu senti tudo". O fato de a paciente ter lido o lIvreto e ter sido escla-
reclda dessas Idéias não signIfica necessaIiamente que aceitou-as comple-
tamente. Ela escutará Intelectualmente. mas pode não aceitar totalmente
as Idéias.
É mais prudente não desafiar os sentimentos da paciente. Se ela InsIste
que não estava hipnotizada embora possa ter realmente estado em estado
sonambúllco ou num estado hipnótico leve ou médio, é melhor dizer: "Muito
bem, está certo. Você pode não ter sido hipnotizada, mas com certeza este-
ve relaxada, e desenvolveu realmente uma anestesla ou analgesla, e pode
usar Isto sem precisar estar profundamente hIpnotizada. como estava há
poucos minutos".
Não há por que dIscutir com a pacIente. Deve-se respeitar a vontade dela e
t< seus desejos e necessidades subconscientes. Esforçar-se para atender a
• suas necessidades não Inclui forçá-Ia a aceitar que estava num transe hlp-
r nótico.
mesmo nenhuma anestesia ou analgesia. Talvez sua mente in-
consciente decida testar esta diferença, e isto é perfeitamente
possível. Uma vez realizados os testes da forma que escolheu, a
mente inconsciente escolherá aquele que achar melhor e ime-
diatamente a paciente pode utilizar a técnica escolhida. Isto se-
ria dito com muito cuidado à paciente, para que aceite a idéia
de que talvez acorde do estado hipnótico ou se a hipnoanestesia
desaparecer ou se ela quiser tentar sem nenhuma anestesia ou
uma inalada profunda ou leve de gás, pode fazer assim. Ao
mesmo tempo deixar-se-á claro que não precisa ter sentimento
de culpa, não precisa achar que falhou, que isto é uma situação
perfeitamente normal, que acontece freqüentemente com mui-
tas pacientes em obstetrícia.
Um outro ponto a ser abordado nesse segundo encontro
é que a hipnose é um procedimento ensinado e tudo é o médico
quem deve fazer. Não há possibilidade de que o médico possa fa-
lhar. O doutor pode dizer: "Eu ensinei a hipnose por muitos,
muitos anos para centenas de pacientes. Muitos pacientes estão
aptos a aprender hipnose muito fácil e prontamente. Algumas
pacientes aprendem mais lentamente do que outras. Há diferen-
tes maneiras de adquirir conhecimento. Por exemplo: aprenden-
do a usar uma máquina de escrever. Algumas meninas escutam
música enquanto batem nas teclas; outras aprendem mastigan-
do chiclete vigorosamente enquanto escrevem à máquina; outras
ainda aprendem mantendo os olhos fixados na máquina de es-
crever. Mas, enquanto elas estão aprendendo, a maior parte
aprende cometendo erros, voltando e corrigindo estes erros,
marcando indelevelmente dentro de seus inconscientes aquele
erro em particular, e então prosseguem o aprendizado.
O médico poderia continuar com a discussão da curva
de aprendizado. Isto seria explicado tão simplesmente quanto
possível. "Acurva de aprendizado é uma linha ascendente, um
nivelamento, uma pequena linha descendente, ascendente no-
vamente, um pequeno platô, uma descendente pequena, e as-
sim por diante. E esta é a forma como você aprende." Enquanto
estas coisas estão sendo ditas, a paciente está adquirindo uma
grande quantidade de informações para o que ela foi chamada.
Até aqui, foram usados 10 ou 15 minutos da consulta
programada. Recapitulando, a hipnose foi discutida com a pa-
ciente. A paciente leu o livreto An old wt retwns to medicine e
obteve respostas para muitas dúvidas. Naturalmente, deve-se
ter o cuidado de adequar a fraseologia ao nível educacional e
intelectual da paciente. Não se pode falar de CUIvasde aprendi-
zagem a pessoas que tiveram uma educação inadequada. Deve-
se colocar esse assunto de forma muito simples.
O passo número dois é ensinar a paciente como entrar
em hipnose, explicando os fenômenos do estado de transe. Não
há um pré-estabelecimento de técnica aqui. A indução é iniciada
quando a paciente se senta numa cadeira. O médico começa a
conversar com ela e descobre-se usando uma técnica que é mais
adequada à situação. É uma questão de julgamento clínico.
Existem duas etapas na hipnose: a indução do transe e
a utilização do transe. A utilização do transe é empregada para
ensinar à paciente determinadas idéias. Assim que a indução
da técnica for iniciada, o médico pode começar a mencionar
itens de importância. "Enquanto você entra mais fundo no
transe, enquanto começa a relaxar mais e mais, eu queria que
entendesse com mais clareza que o objetivo disto é que você
aprenda algumas novas idéias para que espere um trabalho de
parto, e um parto muito confortável, para que espere por um
bebê perfeitamente normal e saudável." O que está sendo reali-
zado? O tratamento da paciente, a terapia, é parte da técnica
de indução.
Isto é extremamente valioso por várias razões. A maioria
dos médicos que tem estado sentados à mesa falando a seus
pacientes por muitos anos estão cientes do efeito que isto pode
produzir. Enquanto o médico começa a discutir com o paciente
seu problema particular, seja ele uma dor de cabeça, asma, um
pé quebrado ou uma dor abdominal, um estado semelhante ao
transe hipnótico está acontecendo. Quando o médico fala ao
paciente muito atentamente, enfaticamente, impelindo o pa-
ciente a entender que cada palavra é importante, que o pacIen-
te é todo importante, o que acontece? O campo consciente do
paciente está sendo estreitado; todas as interferências externas
estão sendo diminuídas, os pensamentos estão sendo concen-
trados fortemente em sentimentos e sensações interiores, um
transe hipnótico está sendo realmente induzido.
Examinando o paciente durante este período, uma fixa-
ção dos olhos, uma imobilidade da musculatura facial e uma
atividade muscular lenta serão observadas. Por quê? Porque a
paciente está intensamente interessada naquele problema em
especial. Ela virtualmente esqueceu todo o resto. Estão interes-
sados aIllbos, consciente e subconsciente, somente naquele
problema em particular e pela definição entrou num transe hip-
nótico. Este pode ser leve, médio ou mesmo um estado de so-
naIllbulismo profundo. Naturalmente, muitos médicos estão in-
conscientes de que têm estado induzindo transes por muitos
anos.
Portanto, pelo uso das próprias necessidades e desejos
da paciente e, por exemplo: "Vocêpode esperar um trabalho de
parto confortável e saberá que estará muito mais confortável
que outras mulheres que não têm o privilégio desta técnica", o
médico está colaborando no aprofundaIllento do transe hipnóti-
co.
o próximo passo, depois que a hipnose for induzida, é
ensinar a paciente a perder seus medos e preocupações de seu
trabalho de parto iminente ensinando-lhe o processo normal de
trabalho de parto. Uma das causas mais comuns para o desen-
volvimento da dor é a ignorãncia, um desconhecimento do que
vai acontecer, e o medo e a tensão conseqüentes. Isto é fre-
qüentemente demonstrado pelas crianças. Quando não sabem
o que o médico vai fazer, choraIll. "O que você vai fazer? O que
você vai fazer?" Sua dúvida aumenta a apreensão, a ansiedade,
a dor. O mesmo é verdade para a mulher grávida que nunca
teve um bebê. Deixe-a a par do que vai acontecer. Diga-lhe o
que se espera que ela faça. Diga-lhe o que talvez ela possa sen-
tir. Diga-lhe o que acontece. Isto leva apenas alguns minutos.
Se souber o que a espera, ficará muito menos medrosa e experi-
mentará menos dor.
O próximo passo, então, dependendo da profundidade
do transe em que a paciente está, é induzir amnésia. Não é con-
veniente induzir amnésia à paciente dizendo: "Quando você
despertar deste transe, não se lembrará do que eu disse", por-
que ela pode lembrar o que foi dito. Isto também é uma ordem
que talvez não esteja querendo seguir, embora algumas pacien-
tes desenvolvaIll amnésia desta forma. Por que não dizer o se-
guinte: 'Você aprendeu muitas coisas novas. Algumas delas fo-
raIIl aprendidas conscientemente e algumas subconsciente-
mente. O subconsciente mantém-se trabalhando e pensando
todo o tempo e você não precisa estar ciente disto. Agora, então,
eu gostaria de assinalar que não é necessário você lembrar
conscientemente tudo o que ouviu. Isto não é necessário, por-
que toda informação que você tenha ouvido a qualquer tempo,
toda informação que tenha lido ou visto tal como número de te-
lefone, nomes e outras, está armazenada no subconsciente.
Essa informação está sempre à mão e quando você estiver pres-
tes a usar algo do que foi aprendido, ela surgirá". Pode-se dizer
que a paciente não tem de lembrar-se de tudo que ouviu. Ela
pode lembrar algumas coisas e um pouco menos em uma hora
e talvez amanhã não se lembre de qualquer coisa que tenha
sido dita. Isto está bem. Ela deve ter confiança na sua própria
capacidade subconsciente e compreender que os assuntos se-
rão armazenados e utilizados quando necessário. Dessa forma,
a amnésia pode ser induzida de tal modo que a paciente possa
aceitá-la. Ela poderia não querer esquecer o que aprendeu, mas
poderia desejar experimentar a nova idéia que "talvez amanhã
eu não lembrarei tudo o que foi dito, talvez na semana que vem
eu não possa me lembrar de nada do que foi dito." Agora, ela
está dando a si mesma sugestões positivas e idéias novas que
estão sendo apresentadas numa base permitida.
O próximo passo é ensinar a anestesia. Se o médico tem
tempo adequado e o faz cuidadosamente, a anestesia hipnótica
pode ser ensinada a quase todas as pacientes. A tabela no fmal
deste capítulo discorda da maioria de outras tabelas. De acordo
com elas a paciente deve estar em transe hipnótico médio para
desenvolver a hipnoanestesia. Nossa escala coloca a hipnoanes-
tesia no campo de um transe leve. Pode ser dito à paciente que
a hipnoanestesia pode ser transferi da para outras partes do
corpo, como para o abdômen, para as costas, de um lado para
o outro etc. A área a ser anestesiada poderia estender-se da li-
nha dos mamilos até a metade das coxas. A paciente pode
aprender a desenvolver anestesia em toda esta região.
Se houver algum tempo disponível durante a consulta,
pode-se ensinar à paciente outros fenómenos, dependendo da
profundidade do seu transe. Uma sugestão pós-hipnótica é feita
para ajudá-la a reconhecer que aprendeu algo novo. Até hoje
ela fez isto uma vez apenas; na segunda vez, é obvio que será
mais fácil e acontecerá mais prontamente. Também pode ser
dito que na próxima vez ela será capaz de ir mais profundo no
transe.
Isto não significa que nesta visita a paciente tenha sido
capaz de desenvolver uma completa anestesia no abdômen, na
coxa e genitais para que esteja apta a suportar um trabalho de
parto normal sem dor, ainda que isto possa acontecer algumas
vezes. Mas, agora a paciente tem idéia do que vai acontecer du-
rante seu período de treinamento. Tudo isto requer somente de
meia a uma hora.

Na próxima consulta, a paciente está sentada, um tran-


se é induzido, e diz-se-lhe que recapitule suas novas idéias e
aprenda. Ela pode reproduzir os fenômenos e quase sem exce-
ção será capaz de realizá-los mais pronta e rapidamente. Em vi-
sitas posteriores, a repetição destas técnicas é praticada. As
consultas das pacientes de obstetrícia são normalmente marca-
das a cada três semanas até o último mês, quando então são
vistas a cada semana. A periodicidade das visitas das pacientes
não precisa ser mudada se é usada a hipnose.
Quando a paciente entra no hospital, o médico pode
reinduzir o transe e repetir o descrito ou transferir o rapport para
um residente ou marido, que então pode continuar reforçando a
anestesia etc. Uma revisão recente desta técnica deixou óbvia a
não necessidade da presença do médico no hospital. O treina-
mento da paciente no consultório é o mesmo, exceto que antes
mesmo de ter demonstrado habilidade para produzir todos os
fenômenos desejados é-lhe ensinada a auto-hipnose.

A auto-hipnose pode ser usada pela paciente como mé-


todo de treinamento e assim aumentará o nível de anestesia. A
paciente pode também aprender a reinduzir o transe quando al-
guma distração interferir. Isto pode ser sugerido desta forma:
"Eu gostaria que você entendesse que, se praticar bem suas li-
çôes, elas serão mais fáceis para você poder praticar a produ-
ção de anestesia por si mesma, em casa. Precisará de poucos
minutos por dia. Você conseguirá isto desta forma: sente-se
confortavelmente numa cadeira na sala de estar, na cozinha,
no quarto, ou onde quer que você sinta mais conforto. A cadei-
ra que você escolherá é muito parecida com esta, tem dois bra-
ços, quatro pés, um encosto e tudo o mais. Então gostaria que
você fixasse um determinado ponto na parede (ou colocasse as
mãos sobres as coxas ou qualquer outra técnica que você tenha
usado) porque aquele ponto é parecido com este e porque todos
os pontos servem ao mesmo propósito."
O que acontece é que a paciente se senta naquela cadei-
ra em casa e compara-a com esta cadeira do seu consultório e
aquela situação é parecida com esta para que, com efeito, sinta
como se estivesse no seu consultório e possa reproduzir as cir-
cunstâncias da hipnose.
Deve-se dizer à paciente que depois que o transe tiver
sido induzido (quer ele tenha sido para um tempo preestabele-
cido de um minuto, dois minutos, ou mais) ela perceberá que,
quando o tempo planejado acabou ou sua atenção for necessá-
ria em outro lugar, poderá fmalizar o transe voluntariamente.
Deve ser mostrado à paciente que pode praticar hipnoa-
nestesia. Pode praticar a indução de anestesia na mão e testá-
Ia, e então pode colocar a mão sobre o abdômen e sentir que
aquela sensação está deixando a sua mão e espalhando-se pelo
abdômen e coxas e costas. Um outro método é ensinado a pro-
duzir anestesia diretamente em áreas definidas. Ela pode prati-
car um ou outro método em casa, uma ou duas vezes por dia.
Por um, dois ou três minutos e, quando voltar ao consultório
para a próxima consulta, reconhecerá que a prática ajudou
muitíssimo.
Deve ser enfatizado que foi a paciente que desenvolveu
este aprendizado. É a única que controla a sensação ou sua au-
sência quando entra no hospital e, quando sentir as contrações
mais fortes, poderá induzir o estado de transe e aliviar o des-
conforto. Isto faz, como mencionado antes, com que a presença
antecipada do médico seja desnecessária. Ao invés de manter o
rapport ou transferi-Io para um residente ou para o marido, o
que é mais eficiente, neste caso, é transferir o rapport para
quem realmente é de direito: a paciente. Ela pode controlar
suas sensações da sua própria maneira porque cada paciente
tem diferentes necessidades e desejos; é injusto tanto quanto
improvável esperar que todas as pacientes sigam um único sis-
tema de conduzir a hipnose.
Uma pequena variação desta técnica é ensinar à pacien-
te realizar todo o seu novo aprendizado com uma sugestão pós-
hipnótica sem a necessidade de indução hipnótica formal. Con-
tudo, pode usar auto-hipnose, se necessário, para aprofundar a
anestesia, a amnésia etc.
Um outro método é a técnica do feedback, na qual a pa-
ciente diz a você num nível não-hipnótico e também num nível
hipnótico, que ela gostaria de experimentar, de sentir, e o que
ela acha que sentirá, e usar isto para realimentá-Ia no estado
hipnótico com repetição. Por exemplo: "Você disse que gostaria
de estar acordada na hora de dar à luz o bebê, e realmente gos-
taria de ver o bebê e então dormir. Bem, você está apta para
isto e pode antecipar um parto muito confortável". Assim, suas
próprias idéias, necessidades subconscientes e desejos são uti-
lizados, e ela está aprendendo que pode ter um trabalho de par-
to que gostaria de experimentar.
Finalmente: a técnica que cada médico poderia usar é
uma combinação de todas ou de qualquer técnica acima; é isto,
ele deve usar a técnica que melhor se adapte a determinado pa-
ciente. Realmente, a paciente deveria ser a única a escolher a
técnica.

o que segue são as questões mais freqüentes relaciona-


das com o uso da hipnose em obstetrícia.

1· O que fazer no caso da paciente que acha que não pode indu·
zir o transe em si mesma sem a qjuda do médíco?

Diga à paciente que, se isto fosse verdade, ela seria uma


paciente muito incomum. Certamente ela é capaz de realizar
auto- hipnose como qualquer outra paciente. Demonstre-lhe
que pode fazer assim: "Eu vou sair desta sala. Estarei por per-
to, na sala ao lado. Você segue em frente obedecendo as instru-
ções, e eu estarei de volta num minuto ou dois". Você está lá e
também não está, e isto permitirá à paciente a situação dual de
que ela precisa.

2· O médíco diz à paciente que ela terá um trabalho de parto nor·


mal e uma criança normal?

Ser cuidadoso na escolha das palavras é importante.


Não diga à paciente: "Vocêterá um trabalho de parto que levará
uma hora ou uma hora e vinte minutos". Melhor dizer: "Você
pode esperar um parto normal, uma criança normal e será
muito feliz depois do parto." E ela pode esperar um traballio de
parto normal.

3- Deveria haver wna enfermeira presente na primeira indução?

Necessariamente não, porque os consultórios normal-


mente têm várias salas e há bastante atividade para que a pa-
ciente saiba que existe alguém lá. Não há mais necessidade de
enfermeira presente para a indução da hipnose do que para um
exame ginecológico. A maioria das pacientes não quer uma mu-
lher estranha olhando. Mas, alguns médicos utilizam-se de en-
fermeiras para exame ginecológico e outros médicos usam en-
fermeiras quando induzem hipnose. É um critério pessoal.

4- E sobre a mulher que não quer que seu marido saiba que está
sendo hipnotizada ou quer surpreendê-ID, e que vai para casa
praticar hipnose e o marido entra de swpresa?

Muitas pacientes que foram treinadas para hipnose em


obstetrícia tiveram bebês com um outro médico. O médico partu-
riente recusou-se a usar hipnose, dizendo que era sem valor. Es-
tas pacientes queriam usar hipnose e perguntaram o que poderia
ser feito. Foi dito que usar ou não a hipnose era uma decisão pes-
soal delas. Estas pacientes entraram em traballio de parto e fize-
ram o parto sem anestesia; os obstetras sempre atribuíram isto à
sua própria habilidade. Muitas pacientes simularam um estado
no qual não pareciam estar hipnotizadas. A mesma coisa pode ser
feita em casa. O médico pode dizer à paciente: 'Talvez, de repente,
o seu marido entre na sala; há muitas coisas que você pode fazer.
Você saberá que ele está vindo. Vocêpode deixar seus ollios se fe-
charem e deixar que pense que você está dormindo, ou você pode
despertar imediatamente do transe e assim manter o segredo". E
ela pode fazê-Ioprontamente.

5- É possível que a paciente hipnotizada falhe em reconhecer as


contrações no trabalho de parto?

Não. O parto súbito numa paciente hipnotizada não é


mais freqüente do que em uma paciente não-hipnotizada. A
maioria dos médicos teve experiência com um parto súbito. A
paciente hipnotizada está tão ciente das sensações internas e
da sua atividade corporal, que sentirá as contrações do traba-
lho de parto começando antes de uma paciente não-hipnotiza-
da. Mas, as contrações não necessariamente incomodarão. Por-
tanto, o perigo da precipitação é negligenciável. Quando um fal-
so trabalho de parto consistindo em contrações acontece, a pa-
ciente reconhece as contrações uterinas como "diferentes" e não
as define como contrações terminais.

6- Quando é iniciado o uso da hipnose nwna paciente obstétrica?

As primíparas deveriam aprender hipnose no terceiro ou


quarto mês e as multiparas no quinto ou sexto mês.

7- Deve-se cobrar wna taxa adicional pelo uso da hipnose?

Não há necessidade de adicionais pelo uso da hipnose.


A paciente hipnótica normalmente é muito mais fácil de lidar-se
e freqüentem ente requer menos tempo do médico, no hospital,
durante o trabalho de parto.

8- Alguma vez o trabalho de parto foi induzido com hipnose?

Uma experiência foi relatada há vários anos atrás. Uma


multipara que era excelente paciente para a hipnose foi levada
à sala de parto, hipnotizada, e foi revivificado nela um trabalho
de parto anterior. Foi-lhe dito que em poucos minutos teria as
mesmas contrações que sentira naquela vez. De acordo com o
relato, o trabalho de parto foi induzido num céIVicemuito es-
treito e o bebê nasceu em "uma hora ou duas". É muito fre-
qüente, quando se lê relatos sobre hipnose, alguém ficar curio-
so se era o repórter ou a paciente que estava hipnotizado.

9- E a respeito de hipnose em grupo na obstetrl.cia?


A hipnose em grupo na obstetrícia tem sido usada por
muitos médicos. A proposta desse tipo de trabalho é utilizar a
idéia da competição. Eles acreditam que toda mulher gosta de
competir com outra mulher e, portanto, será uma melhor pa-
ciente hipnótica e desenvolverá anestesia mais rapidamente
quando treinada em grupo.
Objeções a este método são prontamente encontradas.
Minha opinião pessoal é que cada mulher preferiria ser tratada
como um indivíduo. Assim como ela gostaria de ter seu bebê
numa sala por si mesma. Ela não quer ser irritada nem emba-
raçada pela presença das outras observando-a.
Embora aqueles que usam hipnose em grupo declarem
que freqüentem ente o fazem como um meio de economizar tem-
po, este argumento pode ser facilmente rejeitado. Quando se
leva em consideração os atrasos, as interrupções e as pergun-
tas repetidas envolvidos num treinamento de grupo, é facilmen-
te observado que nada a mais é feito do que sessões indivi-
duais.
Contudo, a decisão de usar ou não hipnose em grupo é
um critério pessoal.

As estatísticas não são úteis neste assunto porque nin-


guém pode mensurar emoções em laboratório.
Parece lógico que em virtude do fato de que pacientes de
hipnose têm uma diminuição do medo e da ansiedade relacio-
nados com o nascimento dos seus bebês, porque elas aprende-
ram a relaxar, a ficar confortáveis e a esperar por um trabalho
de parto perfeitamente normal há uma redução marcante da
náusea e dos vómitos das gestantes.
Minha própria experiência de um limitado número de
casos por ano tem revelado o seguinte: antes de utilizar hipno-
se, náusea e vômito eram relatados por uma grande porcenta-
gem de pacientes grávidas.
Hoje, raramente aparece uma paciente que não obtém
alívio por simples exercícios de respiração, placebos etc. Obvia-
mente, estes números não são conclusivos, porque são peque-
nos, mas indicam o tipo de resultados que podem ser esperados
quando a hipnose é usada.

cR11ÉRIOS DE HERSHMAN PARA OS ESTADOS DE HIPNOSE


(ORDEM MAIS FREQOENrE DOS FENÔMENOS)

1- Relaxamento
2- Catalepsia das pálpebras
3- Fechamento dos olhos
4- Começando catalepsla em algum membro
5- Respiração lenta e profunda
6- Imobilização dos músculos faciais
7- Começando catalepsia dos membros
8- Sensação de "peso" em várias partes do corpo
9- Hipnoanestesia glove anesthesia
10- Aptidão para desempenhar sugestões
pós-hipnóticas simples

11- Amnésia parcial (alguns indivíduos)


12- Atividade muscular lenta defmida
13- Aptidão para ilusões e alucinações simples
14- Aumento da sensação de "desprendimento"
15- Marcante catalepsia dos membros
16- Aptidão para desempenhar sugestões pós-hipnóti-
cas dificeis

17- Aptidão para manter o transe com olhos abertos


18- Amnésia total (na maioria dos indivíduos)
19- Aptidão para controlar algumas funções orgânicas
(pulso, pressão etc)
20- Anestesia cirúrgica
21- Regressão de idade e revivificação
22- Alucinações auditivas e visuais positivas e negativas
23- Aptidão para "sonhar" material significativo
24- Aptidão para desempenhar tudo ou quase tudo do
que está acima no estado pós-hipnótico

25- Manifestado pela marcada lentidão de todas as res-


postas orgânicas e quase completa inibição de ativi-
dade espontânea.l

1 Deveria ficar claro que apesar do deUneamento categórico dos estados de


transe, uma variação extensa é esperada em qualquer IndIvíduo. Qualquer
dos fenômenos acIma pode estar presente em outra ordem que não a des-
crita, dependendo da experiêncIa de vIda do IndIvíduo, humor esperado e
capacIdade de aprendIzagem IndIvIdual.

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