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Dom XXIX TC (B)

I. Os capítulos 40 a 55 do livro do Profeta Isaías foram escritos enquanto o Povo de Israel estava exilado na
Babilónia. São um apelo permanente à Esperança e à Resistência Fiel como atitudes que preparam a
Liberdade que está para chegar…
Surge neste contexto a figura do “Servo Fiel de Iahvé” (“Iahvé” é Deus em hebraico, língua do Antigo
Testamento) ou “Servo Sofredor”. Bem dito, é mesmo assim: o “Servo Sofredor de Iahvé por causa de ser
Fiel”! Representa o Resto Fiel do Povo de Israel que não abandonara as promessas de Deus a Israel e a Sua
Aliança que vivam pelo cumprimento da Lei de Moisés. Por se manterem fiéis a tudo isto, sofriam
represálias, perseguições e torturas por parte dos babilónicos. Aqueles que esqueciam a fidelidade aos
costumes do Povo de Deus e se adaptavam aos costumes religiosos da Babilónia, facilmente viviam
contentes e tranquilos.
Os textos do “Servo Fiel de Iahvé” são o anúncio apaixonado aos judeus que estavam a sofrer de que a sua
Fidelidade havia de abrir caminho à acção libertadora de Deus. Ainda que, durante o exílio, a Fidelidade
implicasse sofrimento, não se podia desistir porque a Verdade e a Justiça acabam sempre por derrotar a
mentira e a opressão.
Foi este anúncio libertador de resistência não-violenta que, de facto, preparou o Resto Fiel do Povo a
trilhar o caminho da liberdade em direcção à sua Terra poucos anos depois.
Além deste anúncio de Esperança e Resistência Fiel, a profecia do “Servo Fiel Sofredor” diz-nos também
que no tempo em que o Povo ficou sem o Templo de Jerusalém é que descobriu verdadeiramente o “culto
que agrada a Deus”: ser Fiel à Sua Vontade!

Numa linguagem às vezes muito “crua” para a nossa cultura, essas profecias dizem-nos que Deus não
precisa de animais sacrificados e oferecidos em holocausto em templo nenhum, mas sim do “sacrifício e da
oferta dos Seus próprios servos fiéis”, linguagem simbólica da Fidelidade. É a Fidelidade à Palavra de
Deus e o Compromisso com a Sua Causa de Libertação dos oprimidos o único “culto” que Deus procura
dos Seus, e não ritos vazios e cerimónias sem Vida.

II. O evangelho de hoje fala-nos da incompreensão sobre o messianismo de Jesus por parte dos seus
discípulos. Jesus, que tantas vezes se identificara com o Resto Fiel na linguagem dos profetas antigos, que
tantas vezes lhes falara já do Servo Fiel disposto a sofrer e a resistir não-violentamente até à morte se fosse
preciso pela Causa do Reino de Deus, é mais uma vez confrontado pela mentalidade judaica dos seus!
Continuavam à espera que Jesus fosse o realizador das suas próprias ideias de Messias, da linhagem do
glorioso Rei David, que iria formar um exército de puros para destruir tos os pecadores dentre o seu Povo
e expulsar os pagãos. Entendiam o Reino de Deus como um Reino político e não com uma “Nova Ordem
do Mundo”, uma renovada maneira de ser Homem em permanente construção e cuja plenitude definitiva
é a Comunhão Humano-Divina do Céu!
Por esperarem ainda um Reino assim foram os dois irmãos pedir a Jesus os primeiros lugares de
importância nesse Reino… “Não sabeis o que estais a pedir!”, disse Jesus. Eles continuaram a não
entender, e Jesus falou-lhes do Cálice, que é símbolo bíblico da entrega da própria Vida, e do Trono que e
uma linguagem do Novo Testamento para falar da Vitória da Ressurreição.
A instauração do Reino de Deus acontece na Morte-Ressurreição de Jesus, pelo dom do Espírito Santo. A
Morte pecaminosa de Jesus (cálice) é a proclamação de que o Caminho do Poder acaba sempre por
conduzir à injustiça, ao fratricídio e ao fracasso humano. A Ressurreição de Jesus (trono) é a proclamação
de que o Caminho do Evangelho do Amor e dos Não-Violentos acaba sempre por conduzir à vitória da
Vida, porque Deus toma partido!
“Os outros dez ficaram zangados com os dois irmãos”… porque esperavam todos o mesmo!!! O desejo do
domínio e do poder gera a divisão. Por isso Jesus diz “aos outros dez”, que somos todos nós, que a
Fidelidade ao seu Evangelho implica vivermos “na contra-corrente” dos critérios do mundo, assumindo a
disponibilidade para o Serviço e para a Partilha como segredo certo para que o mundo se transforme cada
vez mais em Reino de Deus, que era como Jesus chamava à construção da fraternidade, à derrota de todas
as fronteiras de preconceitos e à vitória da comunhão humana sobre o egoísmo.
Que a Novidade Messiânica, tão difícil de acolher por parte dos primeiros discípulos de Jesus, seja para os
discípulos de hoje motivo de júbilo e compromisso renovado com a Causa do Reino de Deus!

III. O pedaço da Carta aos Hebreus que escutamos na segunda leitura olha para Jesus à luz das profecias
do “Servo Fiel e Sofredor” do Antigo Testamento, dizendo que o Caminho Messiânica de Jesus passou
pelo sofrimento e pela injustiça que nós também muitas vezes experimentamos. Isso deve encher-nos de
confiança porque sabemos que, afinal, somos discípulos de um Ressuscitado, somos seguidores de um
Vitorioso! Na Morte de Jesus revela-se a sua máxima Fidelidade; na sua Ressurreição revela-se a máxima
Fidelidade de Deus! O que agradou a Deus não foi “aquela” Morte, porque Deus não Se agrada do pecado,
mas sim aquela Fidelidade, porque esta é sempre gerada pelo Amor.

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