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Dom XXXI TC (B)

I. Durante a caminhada de libertação do Egipto, o Povo foi compreendendo que Deus o elegia para uma
Aliança. Por mediação de Moisés, foi começando a formar a “Lei de Deus” que era a maneira prática de
realizar essa Aliança de Gratidão e Fidelidade com o Deus Libertador.
Para serem fiéis à Lei de Deus e ao Deus da Lei, eram especialmente importantes os Dez Mandamentos.
Para não deixarem morrer a Gratidão pela libertação, tinham lugar central a oração diária do Shêmá Israel
(“Escuta Israel”, três vezes por dia) que é um apelo a amar inteiramente o Deus Único. Com efeito,
reconhecemos na história de Israel que a máxima ingratidão do Povo para com Deus tem sempre a ver
com a idolatria, ou seja, com o esquecimento de que Deus é apenas Um, e que não foram libertos do Egipto
por nenhum “ídolo”!

Geração após geração, o acontecimento libertador que gera este desejo de Fidelidade e Gratidão começa a
ser cada vez mais uma “coisa do passado”. E como não se pode agradecer o que não se experimenta nem
se pode ser fiel ao que não se ama…

Então, da lógica do Amor Inteiro e Único (Amor Inteiro: “com toda a vida, coração, forças, entendimento”,
ou seja, com todas as dimensões da pessoa; Amor Único: sem idolatrias, sem adultérios com os ídolos e
falsos “deuses”) como centro da vivência da Aliança do Povo com o seu Deus, começou a cair-se no
ritualismo exterior e no culto sacerdotal que era típico das religiosidades pagãs à volta de Israel.
Reduziu-se a Aliança à Lei! O que se ensinava de geração em geração já não era a Gratidão pela “Mão
Libertadora de Deus”, mas a obrigação de Lhe prestar culto para conseguir o perdão dos pecados e
garantir uma vida abençoada.
Aconteceu a Israel o que acontece também connosco quando nos distraímos: quando diminui o Amor,
aumentam as normas; quanto menos se conhece o Evangelho, mais se sabe de Direito Canónico; quanto
mais secos andamos por dentro, mais achamos importantes os “floreados” por fora…
Os profetas foram, durante toda a história de Israel, os grandes resistentes à banalização da Aliança de
Deus quando a confundiam com a Lei ou substituíam por holocaustos e sacrifícios no Templo o
verdadeiro Amor a Deus que se realiza pela compaixão e pela causa libertadora dos oprimidos!

II. No tempo de Jesus o judaísmo já não tinha apenas os Dez mandamentos… A par de centenas de normas
próprias do culto do templo, havia a Lei para toda a gente que contava já 613 mandamentos (!!!): 365 eram
proibições e 248 eram obrigações!
É neste contexto em que a Aliança de Deus já tinha sido gravemente desfigurada pela prática sacerdotal e
pela moral farisaica que um Escriba (perito na Lei) pergunta a Jesus: “Qual é o primeiro de todos os
mandamentos, o maior?”
Esta pergunta surge no dia a seguir a Jesus ter entrado no Templo de Jerusalém e ter corrido os vendilhões
à vergastada derrubando-lhes as bancas. Depois deste escândalo profético, o evangelista Marcos narra
uma série de “perguntas armadilhadas” que os “chefes da religião do templo” lhe fizeram. Esta parece ser
apenas mais uma delas…

Jesus recupera a atitude essencial do Povo de Deus desde a Antiga Aliança: o Amor a Deus vivido de
maneira Inteira (sem separações entre crer-querer-ser-ter-fazer…) e de maneira Única (sem idolatrias).
Depois, seguindo a linha profética de toda a história, diz que a verdade do Amor a Deus acontece na
prática do Amor Fraterno. Caim não pode dizer que ama a Deus enquanto continuar a invejar e a matar
Abel!
É assim mesmo que rezamos: ao dizer Pai-Nosso estamos a reconhecer todos os Homens como irmãos; e
ao dizer Pão-Nosso estamos a comprometer-nos com a construção concreta dessa fraternidade. A oração
explicita o apelo à fraternidade, mas só a partilha concreta a realiza! “Quem diz que ama a Deus mas não
ama o seu irmão, é mentiroso!” (1Jo 4, 20)

O Escriba acolheu bem a resposta de Jesus (“e esta, hein?!”) e até a confirmou com grande Sabedoria: “O
Amor Inteiro a Deus que se concretiza no Amor aos irmãos vale mais que todos os sacrifícios e
holocaustos!” De facto, este homem “não estava longe da lógica do Reino de Deus”, que é a proclamação
de um Mundo Novo segundo as Bem Aventuranças.
“E ninguém mais se atrevia a perguntar nada a Jesus”… Claro! A resposta seria mais ou menos esta: “Mas
qual é a parte que não percebeste?!”

III. A Carta aos Hebreus nas últimas semanas tem-nos falado sempre de Jesus Cristo como Sacerdote
(mediador entre Deus e os Homens) em contraposição com os Sacerdotes do Templo da Antiga Aliança.
Em Cristo revela-se o “culto da Nova Aliança”, o único que agrada a Deus: “Eis que venho, ó Pai, para
fazer a Tua Vontade. Aboliu assim o primeiro culto (sacrifícios e holocaustos do Templo) e inaugurou o
segundo (fazer a Vontade de Deus)!” (Heb 10, 8-9). Quem revela e inaugura este “culto da Nova Aliança”
é o próprio Cristo que, na sua morte-Ressurreição, “vive perpetuamente para interceder por nós”, para nos
configurar consigo próprio e nos introduzir na comunhão com Deus, não pelo caminho da Lei mas pela
intimidade filial que o dom do Espírito Santo opera em nós!

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