As organizações filiadas ao Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)
reunidas legitimamente no XIX Encontro/Assembleia Nacional, autoconvocada, realizada em Brasília, de 14 a 16 de dezembro de 2018, declaram que seguem engajadas na luta por direitos humanos e que dedicarão o melhor para fortalecer o MNDH. O momento é grave, exige análise, posicionamento e disposição para corajosamente encontrar os melhores caminhos para seguir fazendo movimento popular de luta por direitos humanos, fonte e mediação que faz com que os direitos humanos sejam reconhecidos, afirmados para poderem ser garantidos, exigidos e realizados. O Brasil e o mundo vivem momentos de aprofundamento da dinâmica capitalista de exploração do trabalho e de expropriação privatista dos bens comuns e de desqualificação da vida democrática, o que tem levado a processos de exclusão e desigualdade elevados a níveis cada vez mais dramáticos e que comprometem a realização dos direitos humanos de milhões de seres humanos e a degradação do ambiente natural com a destruição de incontáveis formas de vida. As posições conservadoras de diversos tipos, cada vez mais fortes, desqualificam os direitos humanos com posturas que se afastam da defesa do universalismo, do pluralismo, da indivisibilidade e interdependência em favor de posturas punitivistas, seletivistas e meritocráticas. Elas se alimentam do racismo que historicamente excluiu negros/as, indígenas e os mais diversos povos tradicionais, se alimentam do patriarcalismo e do machismo, que ataca mulheres e LGBTs, e da divisão de classes, que submete a milhões a condições indecentes de trabalho. Todas elas indicam a impossibilidade de garantia de direitos como sendo de todos/as e para todos/as, manipulam a diversidade para produzir inferioridade e discriminação e promovem a desmoralização e a criminalização das causas, das lutas e dos/as lutadores/as. Neste contexto, reafirmamos nosso compromisso com uma compreensão histórica, crítica, emancipatória e popular de direitos humanos que os reivindica como modo de vida e como projeto transformador da realidade que reconhece dignidade em todas as formas de vida e a responsabilidade dos/as humanos com a preservação de todas elas. Também nos comprometemos com a promoção de ações de mobilização, articulação e formação da sociedade para que os direitos humanos sejam cotidiano de vida. Nos somamos a todas as organizações, movimentos e coletivos populares para construirmos uma grande aliança de resistência criativa para que a luta pelos direitos humanos seja de altíssima intensidade. As responsabilidades que assumimos voluntariamente nos exigem seguir caminhando, olhar no horizonte, pés firmes no chão e de mãos dadas. Não estamos sós, estamos irmanados com todos e todas que seguem se levantando para fazer luta permanente para que os direitos humanos sejam realidade concreta, para que cada ser humano possa experimentar direitos humanos, para que a paz e a justiça sejam realizadas e a participação democrática e popular concretizadas.
Brasília, 16 de dezembro de 2018.
Participantes do XIX Encontro/Assembleia Nacional do MNDH