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COMENTÁRIOS
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Direito Constitucional
Comentários:
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seja à base da força, sem fundamento jurídico ou qualquer tipo de direito
prévio que pudesse ser invocado.
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e obrigatório, a separação dos poderes e os direitos e garantias
individuais.
c) O Poder Constituinte Derivado Decorrente está submetido aos
Princípios Constitucionais Sensíveis, aos Princípios Constitucionais
Estabelecidos e aos Extensíveis.
d) Poder Constituinte Difuso é aquele exercido pelos estados membros
quando promovem emendas pontuais em suas Constituições Estaduais.
e) O Poder Constituinte Reformador não se submete a regras
estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário porque eles possuem
competências distintas.
Comentários:
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constitucionais e os costumes constitucionais, bem como as mutações
constitucionais.
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Comentários:
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Alternativa C – Incorreta. O art. 60, II(, da CF/88 prevê a possibilidade
de Emenda por iniciativa do Presidente da República.
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Comentários:
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Alternativa II – Correta, pois como o limite da interpretação é o texto,
novas alterações formais acabam por prevalecer sobre anteriores
alterações informais da Constituição.
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e) O Poder Constituinte Reformador realiza a modificação da
Constituição por meio de Emendas Constitucionais, cujo projeto
deverá ser aprovado em cada Casa do Congresso Nacional em dois
turnos, pelo voto de três quintos dos respectivos Membros e,
posteriormente, sancionado pelo Presidente da República.
Comentários:
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deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anualidades e matrículas para
cumprimento dessa obrigação.
b) Em sede de medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal, entendeu
pela inconstitucionalidade da Lei que autorizou o uso da
fosfoetanolamina por pacientes, mesmo sem que existam estudos
conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem
que haja registro sanitário da substância perante a ANVISA.
c) As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos
Estados, do DF e dos Municípios não podem requisitar diretamente
das instituições financeiras informações sobre movimentações
bancárias dos contribuintes, pois do contrário haveria quebra de
sigilo bancário e violação ao direito fundamental à intimidade, bem
como à inviolabilidade das comunicações e de dados.
d) De acordo com recente decisão proferida no âmbito do Supremo
Tribunal Federal, o Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer
vaga em creche para criança de até 05 anos de idade, por se tratar de um
dever constitucionalmente previsto para os Municípios.
e) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de Contas da
União não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresentada
contra administrador público, tendo em vista o direito fundamental de
resposta, proporcional ao agravo, constitucionalmente garantido.
Comentários:
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Alternativa D – Correta. STF. Decisão monocrática. RE 956475. Info 827.
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Comentários:
A alternativa correta é a D, conforme decidiu o STF no MS
33864/DF. Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green
card decidir adquirir a nacionalidade americana, ele irá perder a
nacionalidade brasileira. Isto porque o art. 12, par. 4º, inc. II prevê a
perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade,
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ressalvando apenas o caso em que isto só se dá como condição para o
exercício dos direitos civis no outro país.
No caso em tela, Júlia não precisava adquirir a nacionalidade
norte-americana como condição para o exercício de direitos civis. Isto
porque ela já os exercia com o green card, pois podia morar e trabalhar
livremente nos EUA. Deste modo, a aquisição da cidadania americana
ocorreu não como condição para exercício de direitos civis e sim por livre
e espontânea vontade, o que acarreta a perda da nacionalidade brasileira.
Com tal perda, Maria pode ser extraditada para os EUA.
Veja: brasileiro nato nunca pode ser extraditado. Mas, Júlia
deixou de ser brasileira nata ao perder a nacionalidade brasileira por ter
adquirido de livre e espontânea vontade (e não como condição para o
exercício dos direitos civis) outra nacionalidade.
8. Em relação aos direitos políticos, considere:
I. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, nos termos da lei, e mediante
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
II. O alistamento eleitoral e o voto são: obrigatórios para os maiores de
dezoito anos, mas facultativos para (i) os analfabetos, (ii) os maiores de
setenta anos e (iii) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
III. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: (I) se
contar menos de dez anos de serviço, deve se afastar da atividade, e (II)
se contar com mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação
para a inatividade.
IV. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só
se dará nos casos de cancelamento de naturalização por sentença
transitada em julgado, por incapacidade civil absoluta, por condenação
criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos, por
recusa de cumprir a obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,
por improbidade administrativa.
Está correto o que consta APENAS em
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a) I, II, III e IV.
b) I, II e III.
c) I e II.
d) I.
e) I, III e IV.
Comentários:
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e) Se, o ato normativo impugnado por meio de Ação Civil Pública for de
caráter concreto e singular, não há qualquer impedimento ao controle
concreto de constitucionalidade.
Comentários:
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os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.
d) Conforme entendimento exarado recentemente pelo Supremo
Tribunal Federal, se já houve pronunciamento anterior, emanado do
Plenário do STF ou do órgão competente do TJ Local, declarando
determinada lei ou ato normativo inconstitucional, não será possível
que o tribunal julgue que esse ato é inconstitucional de forma
monocrática ou por um colegiado que não seja o plenário, sem que
isso implique violação à cláusula de reserva de plenário.
e) Conforme entende o Supremo Tribunal Federal, é possível a modulação
dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida, desde que haja o voto de 2/3 (dois terços)
dos seus Membros.
Comentários:
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Direito Processual Civil
Comentários:
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atuação do procurador do estado “A”, neste caso, se dá em defesa dos
interesses do estado “B” e, por força de um convênio. Como a
representação não decorre da lei, mas de convênio, que é um negócio
jurídico processual, deverá ser comprovada a sua regularidade, mediante
cópia do convênio e do extrato de suas publicações do Diário Oficial.
Alternativa C – Correta. O art. 75, inc. III, NCPC, prevê que o Município
será representado ativa e passivamente por seu prefeito ou procurador.
Deste modo, enquanto não criado o cargo de procurador municipal, deve
o Prefeito ser citado e o advogado encarregado da defesa necessitará de
procuração dada pelo Prefeito. Por outro lado, sendo criado o cargo de
Procurador Municipal, com função expressa de representação do ente
político, este deverá ser citado e promoverá a defesa dos interesses do
Município.
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12. Sobre as prerrogativas processuais da Fazenda Pública, assinale
a alternativa incorreta:
a) Uma das prerrogativas atribuídas à Fazenda Pública em juízo
evidencia-se no fato de que, em regra, o ônus da prova é do particular
que com ela litiga.
b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de
prazo em dobro para as suas manifestações processuais, mesmo no
caso de previsão de prazo próprio para o ente público, cuja contagem
terá início com a sua intimação.
c) O NCPC, ao prever que os membros da advocacia pública serão civil e
regressivamente responsáveis quando agirem com dolo ou fraude no
exercício de suas funções, indica ter adotado a Teoria da Dupla Garantia,
a qual já foi aplicada pelo STF em alguns julgados.
d) A Fazenda Pública goza da prerrogativa de prazo diferenciado quando
atua como parte, como assistente de uma das partes e quando figura
como interveniente.
e) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista não são abarcadas
pela prerrogativa da contagem dos prazos processuais em dobro.
Comentários:
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à culpa) (b) ao servidor de responder apenas frente ao Poder Público em
caso de culpa ou dolo e regressivamente. Obs.: atente-se para o fato de
que o STJ já entendeu de modo diverso, atribuindo ao demandante
(vítima) a opção contra quem demandar, se contra o estado ou se contra
o servidor (1.325.862).
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e) Conforme previsão do NCPC, o advogado da parte contrária pode
promover a intimação do advogado público por meio do correio, juntando
aos autos, em seguida, cópia do ofício de intimação e do aviso de
recebimento.
Comentários:
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de ser intimada pessoalmente, o que se faz por carga, remessa ou por
meio eletrônico (art. 183, caput e par. 1º, NCPC).
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Comentários:
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b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades
da Administração Pública Indireta não estão obrigados a manter cadastro
nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de citação.
c) A Teoria da Aparência não se aplica às citações feitas às pessoas
jurídicas de direito público, pois esta não se faz pelo correio e sim
por meio de oficial de justiça.
d) A Fazenda Pública, quando figura como ré, está sujeita ao ônus da
impugnação específica dos fatos alegados pelo autor e, não apresentando
resposta está sujeita ao efeito material da revelia.
e) Nos termos da lei, a Fazenda Pública, quando figura como ré, está
autorizada a concordar com a desistência da ação requerida pelo autor
independentemente de este renunciar expressamente ao direito sobre o
que se funda a ação.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta. A mencionada citação é realizada perante o
órgão responsável por sua representação judicial (art. 242, par. 3º, CPC).
Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 246, par. 1º e 2º,
do NCPC.
Alternativa C – Correta. A citação das pessoas jurídicas de direito público
deve ser realizada de modo pessoal, por meio de oficial de justiça, salvo
quando os autos são eletrônicos. Neste caso, a citação deve atender aos
requisitos da legislação de regência (Lei n. 11.419/06), observado o
cadastro prévio.
Alternativa D – Incorreta. A Fazenda Pública não se submete ao ônus da
impugnação específica e, no caso de não apresentar resposta também
não se sujeita ao efeito material da revelia (presunção de veracidade dos
fatos alegados pelo autor). Isto se justifica seja porque o direto da
Fazenda é indisponível, não sendo admissível confissão no tocante aos
fatos que lhe dizem respeito, seja em razão da presunção de legitimidade
dos atos administrativos.
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Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 3º, da Lei 9.469/97.
Este dispositivo é criticado por parte da doutrina que o entende
desarrazoado. Porém, o STJ já se manifestou pela sua aplicação (REsp
460.748, REsp 651.721, REsp1.174.137).
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Comentários:
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Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 29, par. Único, da
Lei n. 13.327/16, a qual foi editada por força do art. 85, do NCPC.
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Comentários:
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a provocou (ou seja, não foi o vencido que deu causa à eventual
sucumbência em âmbito recursal).
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e) As pessoas jurídicas de direito público poderão nas causas cuja
decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza
econômica, intervir para esclarecer questões de fato e de direito,
podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame
da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de
competência, serão consideradas partes.
Comentários:
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19. Sobre a remessa necessária assinale a alternativa correta:
a) De acordo com o entendimento do STJ, no reexame necessário, é
defeso ao tribunal agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.
b) De acordo com o entendimento do STJ, a remessa oficial devolve ao
Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela
Fazenda Pública, salvo a dos honorários de advogado.
c) Está sujeita à remessa necessária, na Ação Popular, a sentença
favorável ao autor.
d) A sentença que concede ou que nega a segurança está sujeita à
remessa necessária.
e) De acordo com o entendimento do STF, transita em julgado a sentença
por haver omitido o recurso ex officio.
Comentários:
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transite em julgado a sentença, podendo a qualquer momento ser
determinada a remessa necessária ou avocados os autos pelo Presidente
do Tribunal. A omissão é situação diversa da dispensa motivada da
remessa necessária. Esta última se não for objeto de recurso provoca o
trânsito em julgado da sentença.
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Comentários:
Alternativa B – Correta. É o teor do art. 910, par. 2º, NCPC, que consagra
os Embargos à Execução como ação sem qualquer limitação cognitiva, a
qual visa combater uma execução fundada em título executivo
extrajudicial.
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Direito Civil
Comentários:
d) CORRETO. Art. 1º, § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
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e) INCORRETO. Art. 2º, § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais
ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
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Comentários:
b) CORRETO. Art. 5o: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
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c) INCORRETO. Art. 2o: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.
Não há, portanto, que se falar em perda da eficácia da lei pelo desuso,
vigendo a lei até que outra a modifique ou revogue.
d) INCORRETO. Art. 4o: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A
equidade, portanto, não foi listada como técnica de colmatação de
lacunas na LINDB.
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soberania, que o magistrado aplique norma estrangeira em caso
julgado no território nacional.
e) Após ter adquirido um terreno, caso sobrevenha norma que proíba
construções nessa área, o recém proprietário não será atingido por ela,
tendo em vista a proteção ao direito adquirido.
Comentários:
c) INCORRETO.
Via de regra, a norma deverá ser aplicada apenas durante sua
vigência. No entanto, não é possível descartar, no Direito Brasileiro, a
possibilidade de as normas possuírem ultratividade.
Exemplo evidente de ultratividade é aquele trazido pelo art. 144 do
CTN, o qual prevê que o lançamento se reporta à data de ocorrência do
fato gerador, regendo-se pela lei então vigente. Nesse caso, portanto,
ainda que a lei tenha sido revogada, ela produzirá efeitos por força do
mencionado dispositivo legal.
Outro exemplo de ultratividade é o conteúdo do art. 2.028 do
CC/02, o qual consubstancia regra de transição para os prazos
prescricionais que hajam sido reduzidos pelo novo diploma civilista.
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d) INCORRETO.
e) INCORRETO.
A simples aquisição do terreno não gera direito adquirido a que o
proprietário realize qualquer construção.
No caso apresentado, a aquisição do terreno estará perfectibilizada,
não podendo ser impedida por lei superveniente. A construção, por outro
lado, deve observar a legislação ao tempo da respectiva licença.
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d) I, II e III
e) todas as assertivas
Comentários:
I. CORRETO.
A teoria natalista defende a ideia de que a personalidade civil
somente se inicia com o nascimento com vida. Nesse caso o nascituro
teria mera expectativa de direito.
Já a teoria concepcionista, entende que os direitos do nascituro
passam a existir a partir do momento da concepção.
De acordo com Luciano Medeiros, a legislação vigente abre espaço
para as duas teorias. ‘Pelas decisões dos tribunais, a gente verifica uma
tendência à adoção da teoria concepcionista. Se a gente fizer
interpretação isolada de alguns dispositivos do Código Civil, a tendência
é acreditar que, de fato, o legislador adotou a teoria natalista. Mas, se
fizermos uma interpretação sistemática com outros dispositivos do
Código Civil, há a certeza de que o legislador garante direitos ao
nascituro, e a gente pode concluir que o nascituro é pessoa, então já tem
direitos amparados pela própria lei’. Em um caso julgado em junho de
2008, o Superior Tribunal de Justiça também decidiu em favor de um
nascituro, que recebeu indenização por danos morais em razão da morte
do pai vítima de acidente de trabalho. O bebê ainda não nascido recebeu
R$ 26 mil, valor igual ao determinado para cada um dos irmãos dele.
II. INCORRETO.
Segundo o art. 2º do CC/02, a personalidade, e não a capacidade
civil começa do nascimento com vida.
Não olvide que, até os 16 anos, a pessoa é absolutamente incapaz
para a prática dos atos civis, não se podendo imaginar que a capacidade
civil se inicie com o nascimento.
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III. CORRETO.
O art. 2º do CC/02 dispõe que “a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro”. A jurisprudência brasileira já se consolidou no
sentido de que o nascituro possui direitos de personalidade, já se tendo
notícia de condenação em danos morais destinados ao nascituro, de
direito ao nome ao natimorto, dentre outros.
IV. CORRETO.
Capacidade é um conceito fundamental da teoria do D. Civil,
desdobrando-se na capacidade de direito e na capacidade de fato ou de
exercício.
A capacidade de direito ou de gozo é uma capacidade geral,
genérica, que qualquer pessoa tem. Segundo Orlando Gomes, a
capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio
conceito de personalidade.
A capacidade de fato ou de exercício nem toda pessoa tem, porque
ela traduz uma aptidão para, PESSOALMENTE, praticar atos na vida
civil. A ausência da capacidade de fato gera a incapacidade civil.
Reunindo-se as duas capacidades, temos a capacidade civil plena.
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c) Por envolver direito de personalidade, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, é ato intransmissível
e irrevogável.
d) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente
a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual
desnecessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou
ausentes.
e) Cessará para os menores a emancipação pela concessão dos pais, ou
de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, desde que
haja homologação judicial.
Comentários:
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à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização
pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de
ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.”
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Comentários:
a) INCORRETO.
Em verdade, o Código Civil, de acordo com a doutrina, adotou a
teoria da realidade técnica para explicar a pessoa jurídica.
Existem, no direito, duas correntes básicas quanto à natureza da
pessoa jurídica: afirmativista e negativista.
Corrente negativista: negava a existência da pessoa jurídica
(Planiol, Brinz, Bekker, Ihering, Duguit). Defendiam alguns
que a “pessoa jurídica” nada mais seria um grupo de pessoas
físicas reunidas (teoria da mera aparência); outros, que seria
um patrimônio coletivo; ou então, um patrimônio afetado a
uma finalidade. Essa corrente não prevaleceu.
Corrente afirmativista: admitia a existência da pessoa
jurídica. Dentro dela, contudo, várias teorias foram
elaboradas, sendo que as mais importantes são: teoria da
ficção (Windscheid; Savigny); teoria da realidade objetiva
(Clóvis Beviláqua); teoria da realidade técnica (Saleilles;
Ferrara).
1) Teoria da ficção: a pessoa jurídica teria uma existência
meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da pura
técnica do direito. Crítica: teoria muito abstrata;
encarcerava-se a pessoa jurídica apenas no plano ideal do
direito, não visualizando a sua existência social.
2) Teoria da realidade objetiva: também conhecida como
teoria sociológica ou organicista, contrapõe-se à teoria da
ficção, defendendo que a pessoa jurídica seria,
simplesmente, um organismo social vivo, a ser explicado
pela sociologia, e não pela técnica do direito. Essa teoria
tinha a qualidade de reconhecer a dimensão social da
pessoa jurídica, mas, por outro lado, negava-lhe a técnica
do direito, encarcerando-a no plano sociológico.
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3) Teoria da realidade técnica: trata-se de uma teoria mais
equilibrada, pois reconhece não só que a pessoa jurídica é
personificada pela técnica abstrata do direito, mas
também que possui dimensão social, integrando relações
de variada ordem (reconhece, portanto, as qualidades das
duas teorias anteriores). Para a maioria da doutrina, é a
teoria adotada pelo CC/02.
c) INCORRETO.
Segundo decidiu o STJ, nas relações regidas pelo CC/2002, o
encerramento das atividades ou a dissolução, ainda que irregulares da
sociedade não é causa, por si só, para a desconsideração da
personalidade jurídica (EREsp 1306553/SC).
Essa é a posição também da doutrina majoritária, conforme restou
consignado no Enunciado da IV Jornada de Direito Civil do CJF:
282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da
pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar
abuso da personalidade jurídica.
Vale ressaltar que a súmula 435 do STJ (“presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio gerente”) possui aplicação especificamente
no âmbito do processo de execução fiscal.
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No que se refere à desconsideração regida pelo Código Civil, adotou-
se a teoria maior, exigindo-se, além da insolvência, a demonstração de
abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial.
d) INCORRETO.
Dispõe o art. 50 do CC/02: “Em caso de abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Nota-se, portanto, que o Código Civil exige para que o juiz decida
pela desconsideração que haja requerimento da parte o do MP, não
admitindo a desconsideração de ofício. Vale ressaltar que, no âmbito do
Código de Defesa do Consumidor, não existe a mesma exigência, sendo
possível que o magistrado, ex officio, determine a desconsideração
episódica da pessoa jurídica.
e) INCORRETO.
O fundamento dos direitos da personalidade é a sua cláusula geral,
qual seja, a dignidade da pessoa humana. Partindo-se dessa premissa,
pode-se dizer que pessoa jurídica não possui direitos da
personalidade, pois ela não tem dignidade humana. Nesse sentido, o
Enunciado nº. 286 da JDC: “Os direitos da personalidade são direitos
inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade,
não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. – embora não
sejam titulares de direitos da personalidade, as pessoas jurídicas
também merecem proteção”.
Nessa linha, prevê o art. 52 do CC/02: “aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
Conclui-se, destarte, que as pessoas jurídicas não possuem direitos da
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personalidade, mas merecem a mesma proteção. O fundamento é o
atributo de elasticidade dos direitos da personalidade.
A proteção da pessoa jurídica, no que se refere aos direitos da
personalidade, encontra-se limitada por lei. Deve-se entender “no que
couber” como “naquilo que a falta de estrutura biopsicológica permite
exercer”; ex.: direito à imagem, ao nome etc. (STJ - REsp 433.954/MG -
proteção da pessoa jurídica por protesto indevido de duplicata).
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Sim, pois ela merece
proteção. É o que diz a Súmula 227 do STJ: “a pessoa jurídica pode sofrer
dano moral”. Essa súmula, em verdade, deve ser lida da seguinte forma:
“a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, no que couber”.
Fundamentalmente, o dano moral é vocacionado à pessoa humana, mas
pode se referir à pessoa jurídica, no que couber, como para a preservação
da sua honra objetiva, cuja violação ocasiona, inclusive, prejuízos
financeiros decorrentes do abalo da imagem da pessoa jurídica perante a
sociedade.
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d) A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade implica o
afastamento da impenhorabilidade dos bens dos sócios, uma vez que o
objetivo é buscar o adimplemento das obrigações.
e) A penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em favor do
sócio que nele resida quando envolva empresas com conotação
familiar em que o local de funcionamento confunde-se com a própria
moradia da família.
Comentários:
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d) INCORRETO. A desconsideração da personalidade jurídica de
sociedade não implica, por si só, o afastamento da impenhorabilidade dos
bens de família dos sócios, salvo se os atos que ensejaram a
desconsideração também se ajustarem às exceções legais previstas no
art. 3º da Lei n. 8.009/90. Tais exceções devem ser interpretadas
restritivamente, não se podendo, por analogia ou esforço hermenêutico,
apanhar situações não previstas em lei, de modo a superar a proteção
conferida à entidade familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.433.636-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/10/2014 (Info 549)
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e) O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua
instituição, inclusive as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou
de despesas de condomínio.
Comentários:
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e) INCORRETO. Art. 1715 – O bem de família é isento de execução por
dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de
tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
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Comentários:
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b) INCORRETO. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências da lei.
c) CORRETO. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito
ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.
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Comentários:
48
Direito Administrativo
Comentários:
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Item d: CORRETO. Sabe-se que as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios são bens da União, conforme artigo 20, XI, da
CF/88. São bens de uso especial INDIRETO, uma vez que não são usados
diretamente pela Administração Pública, mas são conservados para
garantir proteção a determinados bens de interesse da coletividade.
Para responder corretamente à questão era preciso ter o
conhecimento do julgado a seguir colacionado, bem como da Súmula 650
do STF.
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GALVÃO; Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI; Julgamento: 16/03/2011).
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e) Não há nenhum item incorreto.
Comentários:
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O item III também se encontra correto. Os bens públicos são
IMPENHORÁVEIS. A penhora é o ato de apreensão dos bens do devedor
para a garantia da execução. Há uma submissão dos bens do executado
ao poder do Estado. Lembre-se que a penhora não retira o domínio e a
posse que tem o executado sobre os bens, mas estes ficam subordinados
aos fins da execução.
Nesse contexto, em face de execução promovida em desfavor
daqueles que são titulares de bens públicos, o juiz NÃO poderá
determinar a penhora dos bens da entidade; deverá expedir ofício ao
Presidente do Tribunal para que no orçamento seguinte fique consignada
a quantia que é devida a outra parte. Trata-se da aplicação da sistemática
dos precatórios (artigo 100 da CF/88).
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Comentários:
Letra “c”: errada. Bem público tombado não pode ser alienado a
particular. Veja o que dispõe o artigo 11 do DL 25/67: as coisas
tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra
das referidas entidades.
54
dispõe de recurso para proceder à reparação. Com efeito, se o proprietário
da coisa tombada não dispuser de recursos para proceder às obras de
conservação e reparação necessárias, ele deverá comunicar essa
circunstância ao órgão competente que decretou o tombamento para
arcar com as despesas necessária à sua conservação. (Informativo 507
do STJ).
______________________________________________________________________
55
Comentários:
56
natureza genérica, as limitações administrativas não rendem ensejo a
indenização, salvo comprovado prejuízo. (...) (REsp 1233257/PR, Rel.
Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/10/2012, DJe
22/10/2012).
Importante destacar que, segundo decidiu o STJ, os danos
eventualmente causados pela limitação administrativa devem ser objeto
de ação de direito pessoal, cujo prazo prescricional é de cinco anos, e não
de direito real, que seria o caso da desapropriação indireta.
Ademais, o proprietário não terá direito à indenização se adquiriu
o bem após a limitação administrativa já ter sido imposta: (...) É indevido
o direito à indenização se o imóvel for adquirido após o implemento da
limitação administrativa, porque se supõe que as restrições de uso e gozo
da propriedade já foram consideradas na fixação do preço. (...) (REsp
920.170/PR, Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 09/08/2011)
57
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas,
educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras
expressamente para adôrno dos respectivos
estabelecimentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5
terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo
Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
58
ausência de julgamento da questão por parte do STF. Portanto, leve para
a sua prova o conhecimento da redação do §1º do artigo 2º.
______________________________________________________________________
59
d) Todos os enunciados estão corretos.
e) Apenas o enunciado II está correto.
Comentários:
Enunciado I: correto.
O aforamento, ou enfiteuse, é uma forma de gestão dos bens
imóveis da União. Nesse contexto, a União aliena o DOMÍNIO ÚLTIL do
seu bem e permanece com o DOMÍNIO DIRETO do imóvel. Ocorre, assim,
uma fusão de propriedade.
A União, titular do domínio eminente ou direto, é qualificada como
senhorio direto e tem o direito de receber o valor do foro do particular,
chamado de foreiro. Por sua vez, o foreiro tem um feixe de poderes, que
abrangem o de usar, gozar e dispor do imóvel.
Sabe-se que um bem da União não pode ser desapropriado pelo
Estado em razão do disposto no artigo 2º, §2º do DL 3.365/41, que veda
a desapropriação, pelos Estados dos bens federais e a desapropriação,
pelos Municípios, dos bens estaduais e federais. Importante destacar que
esse dispositivo sofre críticas doutrinárias por pressupor uma hierarquia
entre os entes federativos, não reconhecida pela CF/88. Ocorre que tal
dispositivo não foi declarado inconstitucional pelo STF, permanecendo
válido.
Agora atentem: essa vedação NÃO SE APLICA ao caso especial em
que um bem da União é aforado a um particular, e um Estado-membro
quer desapropriar o DOMINIO ÚTIL do particular. Nessa situação, existe
um verdadeiro desdobramento dos poderes dominiais.
Portanto, para responder à pergunta, precisa-se saber que o domínio
pleno – direto - da União não pode ser desapropriado, mas o STJ entende
plenamente possível que o domínio útil do particular seja desapropriado
pelo Estado.
60
Enunciado II: correto. Como já pacificou o STJ, em se tratando de
bem público, não há que se falar em posse, mas mera detenção, de
natureza precária, o que afasta, por conseguinte, o direito de retenção
por benfeitorias, ainda que à luz de alegada boa-fé. Destaque-se o
seguinte precedente:
61
É cabível o ajuizamento de ações possessórias por
parte de invasor de terra pública contra outros
particulares. Inicialmente, salienta-se que não se
desconhece a jurisprudência do STJ no sentido de que a
ocupação de área pública sem autorização expressa e
legítima do titular do domínio constitui mera detenção (REsp
998.409-DF, Terceira Turma, DJe 3/11/2009). Contudo,
vislumbra-se que, na verdade, isso revela questão
relacionada à posse. Nessa ordem de ideias, ressalta-se o
previsto no art. 1.198 do CC, in verbis: “Considera-se
detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome
deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.
Como se vê, para que se possa admitir a relação de
dependência, a posse deve ser exercida em nome de outrem
que ostente o jus possidendi ou o jus possessionis. Ora,
aquele que invade terras públicas e nela constrói sua
moradia jamais exercerá a posse em nome alheio, de modo
que não há entre ele e o ente público uma relação de
dependência ou de subordinação e, por isso, não há que se
falar em mera detenção. De fato, o animus domni é
evidente, a despeito de ele ser juridicamente infrutífero.
Inclusive, o fato de as terras serem públicas e, dessa
maneira, não serem passíveis de aquisição por usucapião,
não altera esse quadro. Com frequência, o invasor
sequer conhece essa característica do imóvel.
Portanto, os interditos possessórios são adequados à
discussão da melhor posse entre particulares, ainda
que ela esteja relacionada a terras públicas. REsp
1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
10/3/2016, DJe 15/3/2016.
62
O STJ fez a seguinte distinção:
______________________________________________________________________
63
d) Apenas se admite alteração unilateral quantitativa do objeto do
contrato. Conforme dispõe a Lei 8.666/93, o contratado fica obrigado a
aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões
que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos.
e) A Administração Pública pode rescindir unilateralmente o contrato,
contudo essa faculdade somente pode ocorrer se houve inadimplemento
por parte da contratada.
Comentários:
64
Por outro lado, cláusulas econômico-financeiras e monetárias
só podem ser alteradas com prévia concordância do contratado
(artigo 58, §1º, da Lei 8.666/93).
65
25% do valor inicial atualizado do contrato.
66
quantitativas como as qualitativas estão sujeitas aos limites previstos no
artigo 65, §§1º e 2º da Lei 8.666/93. O TCU também admitiu a
ultrapassagem dos referidos limites, caso demonstrado que a adoção de
alternativa representaria insuportável sacrifício ao interesse público
primário (trata-se de situação excepcional).
Saliento que essa discussão foi cobrada na prova discursiva de
Procurador da Fazenda Nacional, realizada em janeiro de 2016, que
trouxe no espelho especificamente a Decisão n. 215 do TCU. A questão
perguntava dentro outros aspectos, quais seriam os limites da alteração
qualitativa. Nesse ponto, a ESAF forneceu o seguinte espelho:
67
Abrange hipóteses como o não cumprimento ou
cumprimento irregular das cláusulas contratuais,
lentidão, atraso injustificado, paralisação,
INADIMPLEMENTO COM subcontratação total ou parcial, cessão, transferência
CULPA: (salvo as permitidas no edital/contrato),
(INCISOS I A VIII E desatendimento de determinações regulares da
XVIII, ART. 78): autoridade que acompanha e fiscaliza a execução,
cometimento reiterado de faltas, descumprimento do
artigo 7º, XXXIII, da CF (trabalho de menor*).
68
Ademais, a rescisão unilateral do contrato é conferida com
exclusividade à Administração, sendo que o contratado sempre deverá
recorrer ao judiciário para alcançar a rescisão não consensual do
contrato.
______________________________________________________________________
Comentários:
69
modalidade do convite. Atente ao disposto no parágrafo único do artigo
60:
70
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
limite admitido, em cada caso, pela Administração.
______________________________________________________________________
71
que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem
lhe deu causa.
II – A duração dos contratos administrativos decorrentes dos serviços de
prestação continuada poderá ter duração de até 60 meses, sendo que,
em caso de excepcional interesse público, será possível a prorrogação por
mais 12 meses, findando, assim, depois de 72 meses. O TCU entende que
serviços de fornecimento de água, energia elétrica e manutenção de
elevadores são de natureza contínua.
III – Os contratos terão duração, em regra um exercício financeiro,
inclusive os contratos decorrentes de projetos contemplados nas metas
estabelecidas no Plano Plurianual.
Assinale a alternativa que contém os enunciados corretos:
a) I, II e III.
b) I e III
c) Apenas o I.
d) I e II
e) Apenas o II.
Comentários:
72
Deve haver, ainda, apuração da responsabilidade dos seus
servidores pela ocorrência do vício.
______________________________________________________________________
73
39. Assinale a opção correta no que se refere aos contratos
administrativos.
a) O fato da administração é um fato genérico e extracontratual
imputável à administração pública que acarreta o aumento dos custos
do contrato administrativo.
b) A exceptio non adimpleti contractus não pode ser invocada por
inadimplência nos contratos administrativos.
c) O STJ entende que o aumento salarial, decorrente de dissídio
coletivo, pode ser considerado fato imprevisível a ensejar revisão
contratual.
d) O STJ entende que a declaração de inidoneidade só produz
efeitos para o futuro (ex nunc), sem interferir, por isso, nos contratos
já existentes e em andamento.
e) A retomada do objeto pela Administração, que visa assegurar a
continuidade da execução do contrato, sempre que sua paralisação possa
ocasionar prejuízo ao interesse público ou prejudicar serviço público
essencial, depende do prévio pagamento de indenização.
Comentários:
Letra “d”: correta. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado a
sanção de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública (artigo 87, IV, da Lei 8.666/93). O STJ entende
que a declaração de inidoneidade só produz efeitos para o futuro (ex
nunc), sem interferir, por isso, nos contratos já existentes e em
andamento. Com isso, afirma-se que o efeito da sanção inibe a empresa
de licitar ou contratar com a Administração Pública, sem, contudo,
acarretar automaticamente, a rescisão de contratos administrativos já
aperfeiçoados juridicamente e em curso de execução.
74
ATO IMPUGNADO VIA MANDADO DE SEGURANÇA. 1.
Empresa que, em processo administrativo regular, teve
decretada a sua inidoneidade para licitar e contratar com o
Poder Público, com base em fatos concretos. 2.
Constitucionalidade da sanção aplicada com respaldo na
Lei de Licitações, Lei 8.666/93 (arts. 87e 88). 3. Legalidade
do ato administrativo sancionador que observou o devido
processo legal, o contraditório e o princípio da
proporcionalidade. 4. Inidoneidade que, como sanção,
só produz efeito para o futuro (efeito ex nunc), sem
interferir nos contratos já existentes e em andamento.
5. Segurança denegada (STJ - MS: 13101 DF
2007/0224011-3, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data
de Julgamento: 14/05/2008).
75
Já o fato do príncipe corresponde a um ato de autoridade, não
diretamente relacionado com contrato, mas que repercute indiretamente
sobre ele. Administração responde pelo desequilíbrio ocorrido. Quebra-se
o equilíbrio do contrato, por força de ato ou medida instituída pelo próprio
Estado. Caracteriza-se por ser imprevisível, extracontratual e
extraordinário. Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando
ocorridas APÓS a data da apresentação da proposta, se comprovada
repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para
mais ou para menos, conforme o caso.
76
Portanto, a questão encontra-se incorreta, uma vez que nega a
aplicação da cláusula de forma absoluta. É preciso ficar atento que a
cláusula é aplicável, mas de maneira restrita, conforme explicado.
77
40. Analise os seguintes enunciados:
I - A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos, nos termos
da Súmula 119 do STJ e na vigência do Código Civil de 1916, e em 10
anos sob a égide do Código Civil de 2002, observando-se a regra de
transição disposta no art. 2.028 do CC/2002.
II - Na desapropriação, a base de cálculo dos juros compensatórios é a
diferença entre os 80% do preço ofertado e o valor do bem definido
judicialmente.
III – O Estado de São Paulo poderá desapropriar um imóvel rural, desde
que não se destine à reforma agrária, pois, neste caso, a competência é
privativa da União.
IV – Na desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária,
o pagamento será feito em títulos da dívida agrária, inclusive o referente
às benfeitorias úteis e necessárias.
V - Com fundamento no princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado, não se admite que a desapropriação se dê por acordo
realizado, na via administrativa, entre a administração pública e o
proprietário do bem.
Assinale a alternativa que elenca os enunciados corretos:
a) I, II, III e IV.
b) I, II, III, IV e V.
c) I e II
d) II, III e IV.
e) I, II e III.
Comentários:
I – CORRETO.
Segundo o STJ, a ação de desapropriação indireta possui natureza
real e pode ser proposta pelo particular prejudicado enquanto não tiver
transcorrido o prazo para que o Poder Público adquira a propriedade do
bem por meio da usucapião.
78
Em outras palavras, como não há um prazo específico previsto na
legislação, o STJ entendeu que deveria ser aplicado, por analogia, o prazo
da usucapião extraordinária.
Assim, enquanto não tiver passado o prazo para que o Estado
adquira o imóvel por força de usucapião, o particular poderá buscar a
indenização decorrente do ato ilícito de apossamento administrativo.
No CC-1916 o prazo para usucapião extraordinária era de 20 anos.
Por sua vez, no CC/02 o prazo é de 15 anos. No entanto, este prazo passa
a ser de 10 anos se o possuidor tiver realizado obras ou serviços de
caráter produtivo no local (parágrafo único do art. 1.238). Como na
desapropriação indireta pressupõe-se que o Poder Público tenha
realizado obras no local ou tenha dado ao imóvel uma utilidade pública
ou de interesse social, entende-se que a situação se enquadraria no
parágrafo único do art. 1.238 do CC, de sorte que o prazo para a
usucapião seria de 10 anos.
Questiona-se: o que acontece se o prazo prescricional iniciou na
vigência do CC-1916 e se estendeu para o CC-2002? Nesse caso, deverá
ser aplicada a regra de direito intertemporal prevista no art. 2.028 do CC-
2002:
79
Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 15/05/2015; REsp 1386164/ SC, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
03/10/2013, DJe 14/10/2013; REsp 1559744/CE
(decisão monocrática), Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, julgado em 14/10/2015, DJe 16/10/2015.
(VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 523)
II – CORRETO.
Os juros compensatórios são devidos pela compensação da imissão
provisória na posse do bem. O STF tem o entendimento de que a base de
cálculo dos juros compensatórios deve ser interpretada conforme a
Constituição e, por conseguinte, será a diferença eventualmente apurada
entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença.
No mesmo sentido entende o STJ (Precedentes: REsp 1397476/PE, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 01/07/2015; AgRg nos EDcl no REsp 1440993/PE,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/06/2015, DJe 19/06/2015).
III – CORRETO.
Conforme dispõe o artigo 184 da CF/8, compete à União
desapropriar por interesse social, PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Nada obsta
que os Estados e Municípios promovam desapropriação de imóveis
rurais. O que não pode ocorrer é a desapropriação pelos Estados e
Municípios de imóveis rurais para fins de reforma agrária, cuja
competência pertence à União.
80
IV – INCORRETO.
A questão encontra-se incorreta pelo fato de que, conforme prevê o
artigo 184, §1º, da CF/88, as benfeitorias úteis e necessárias serão
indenizadas em DINHEIRO.
V- INCORRETO.
A desapropriação pode ocorrer de forma administrativa ou
extrajudicial quando a transferência do bem ocorre de forma amigável,
aceitando o proprietário a indenização oferecida pelo Poder Público. Não
havendo acordo quanto ao valor da indenização, outra alternativa não
resta ao poder público senão a via judicial.
81
b) II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.
Comentários:
______________________________________________________________________
82
42. Assinale a alternativa correta:
a) Agente de fato é aquele cuja investidura se deu de modo irregular e
com a aparência de ilegalidade.
b) O exercício da função pública com investidura irregular e com
aparência de ilegalidade pode decorrer do estado de necessidade (agente
necessário) ou erro (agente putativo).
c) Os agentes de fato necessários praticam atos ineficazes perante os
administrados em razão da irregularidade de sua investidura.
d) Os usurpadores de função pública são investidos de modo
irregular, mediante violência ou fraude.
e) Os atos dos usurpadores de função pública são eficazes por força da
Teoria da Aparência.
Comentários:
83
Alternativa E – Incorreta. Em decorrência da má-fé, os atos de
usurpadores de função pública são ineficazes.
______________________________________________________________________
Comentários:
______________________________________________________________________
84
44. Sobre os institutos da estabilidade, efetividade e estabilização
constitucional, assinale a alternativa incorreta:
a) A estabilidade ou estabilização constitucional é uma garantia do
servidor público, adquirida uma vez preenchidos os requisitos, entre
os quais a avalição de desempenho.
b) A efetividade é um adjetivo referente ao cargo público, o qual pode ser
de provimento efetivo ou em comissão.
c) São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em concurso público.
d) O servidor público estável perderá o cargo em virtude de sentença
judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo que
garanta ampla defesa ou mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho que também assegure a ampla defesa.
e) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será
ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido
ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
serviço.
Comentários:
85
45. Sobre o acesso às funções, cargos e empregos públicos, assinale
a alternativa correta:
a) Os cargos, empregos e funções púbicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, sendo vedados aos
estrangeiros.
b) São cargos privativos de brasileiro nato: Presidente da República, Vice-
Presidente da República, Deputado Federal, Senador, Ministro do
Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das forças
armadas, Ministro do Estado de Defesa.
c) Reconhecida a nulidade da contratação do empregado público, em
razão de sua contratação ter se dado sem prévia realização e aprovação
em concurso público, não subsiste o direito do trabalhador ao depósito
do FGTS, mesmo quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços
prestados.
d) A contratação por tempo determinado para atender à necessidade
temporária de excepcional interesse público dá origem a uma relação de
natureza trabalhista.
e) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Comentários:
86
contratação viciada pela nulidade decorrente da violação do dever de
contratar mediante concurso público, salvo o direito aos salários e ao
FGTS, pelos serviços efetivamente prestados.
______________________________________________________________________
87
município para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em
geral.
e) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário podem ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
Comentários:
Alternativa B – Correta. É o que decorre do art. 49, inc. VII e VIII. Trata-
se de competência exclusiva do Congresso nacional, não sujeita a sanção
ou veto do Presidente da República.
______________________________________________________________________
88
b) É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimento dos
servidores estaduais e municipais a índices federais de correção
monetária.
c) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores.
d) A legislação pode aumentar a carga horária de servidores sem o
aumento proporcional da remuneração, pois o que se garante ao
servidor é apenas a irredutibilidade do montante total de sua
remuneração.
e) A Suprema Corte possui entendimento pacífico no sentido de que
inexiste direito adquirido à forma como são calculados os vencimentos
dos servidores públicos, pois isto implicaria reconhecer direito adquirido
a regime jurídico.
Comentários:
89
48. De acordo com a Constituição Federal (CF/88), sobre a
acumulação de cargos, funções e empregos públicos, assinale a opção
incorreta:
a) A CF/88 autoriza a acumulação de cargos públicos quando há
compatibilidade de horários e ambos os cargos forem de professor.
b) A CF/88 admite para os juízes o exercício do magistério.
c) A CF/88 não permite nenhuma acumulação de cargo público com
o cargo eletivo de vereador.
d) Não é vedada a acumulação de proventos de regimes de previdência
dos servidores públicos e dos militares com a remuneração de cargo em
comissão.
e) Não é vedada a acumulação de proventos de regimes de previdência
dos servidores públicos e dos militares com a remuneração de cargo
eletivo.
Comentários:
______________________________________________________________________
90
idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de
biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data
da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus
pais há 4 meses.
b) Não se admite a acumulação de um cargo público de professor com
outro de interprete e tradutor de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
c) Não é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro de
técnico ou científico, mesmo quando a jornada de trabalho semanal
ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais.
d) Há violação à intimidade do servidor público quando o e-mail
corporativo é monitorado, mesmo quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação
somente para assuntos relacionados ao serviço, bem como advertência
sobre monitoramento para cumprir disposições legais ou instruir
procedimento administrativo
e) Os herdeiros não estão obrigados a restituir os proventos que, por erro
operacional da Administração Pública, continuaram sendo depositados
em conta de servidor público após o seu falecimento.
Comentários:
91
LIBRAS é um cargo técnico para fins de enquadramento na exceção
constitucional, pois exige a aplicação de conhecimentos especializados de
alguma área do saber (STJ REsp 1.569.547 – Info 575).
92
alimentar. Daí porque o herdeiro deve restituir. Não há qualquer razão
jurídica para que ele possa ficar com o valor em prejuízo da
Administração Pública. O fundamento aqui é o princípio que veda o
enriquecimento sem causa (AgRg no REsp 1.387.971-DF – Info 579).
______________________________________________________________________
93
Comentários:
Alternativa E - O art. 170 da Lei n.° 8.112/90 prevê que, mesmo estando
prescrita a infração disciplinar, é possível que a prática dessa conduta
fique registrada nos assentos funcionais do servidor. O STF e STJ
entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os
princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. (STF. Plenário.
MS 23262/DF - Info 743). (STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF - Info 564).
94
Direito Ambiental
Comentários:
O enunciado da questão traz a definição do princípio da precaução
tratada na Declaração do Rio (Eco/1992):
95
que os possíveis efeitos sobre o ambiente, a saúde das pessoas ou dos
animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e
incompatíveis com o nível de proteção escolhido” (2009, p. 824).
Nesse passo, havendo incerteza científica, deve-se adotar a
medida que melhor assegure a proteção do meio ambiente (in dubio por
natura).
Ademais, o STJ tem admitido a inversão do ônus da prova nas
ações de reparação por danos ambientais com base no princípio da
precaução (Resp. 972.902/RS).
Por outro lado, o princípio da prevenção aplica-se a impactos
ambientais já conhecidos e dos quais possa, com segurança,
estabelecer um conjunto de nexos de causalidade que seja suficiente
para a identificação dos impactos futuros mais prováveis. Com base
no princípio da prevenção, o licenciamento ambiental e, até mesmo, os
estudos de impacto ambiental podem ser realizados e são solicitados
pelas autoridades públicas. É importante destacar que a prevenção de
danos, tal como presente no princípio ora examinado, não significa – em
absoluto – a eliminação de danos.
96
Em termos econômicos, é a internalização dos custos externos.
Muito comum encontrar a seguinte expressão quando se trata do
princípio do poluidor-pagador: ‘privatização dos lucros e socialização
das perdas’, quando identificadas as externalidades negativas.
Diferentemente, o princípio do usuário-pagador significa que as
pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar pela sua utilização,
ainda que não haja poluição, como ocorre com uso racional da água.
Por fim, o princípio da solidariedade ou da equidade
intergeracional está previsto no caput do art. 225 da Constituição de
1988. Busca-se garantir que as futuras gerações também possam
desfrutar, de forma sustentável, dos recursos ambientais disponíveis.
Segundo Édis Milaré, “fala-se muito em dois tipos de solidariedade: a
sincrônica e a diacrônica. A primeira, sincrônica (‘ao mesmo tempo’),
fomenta as relações de cooperação com as gerações presentes,
nossas contemporâneas. A segunda, a diacrônica (‘através do
tempo’), é aquela que se refere às gerações do após, ou seja, as que
virão depois de nós, na sucessão do tempo”.
______________________________________________________________________
52. Assinale o princípio que busca evitar que o ‘custo zero’ dos
serviços e recursos naturais acabe por conduzir o sistema de
mercado à hiperexploração do meio ambiente.
a) Princípio da informação.
b) Princípio do poluidor-pagador.
c) Princípio do usuário-pagador.
d) Princípio da participação.
e) Princípio do desenvolvimento sustentável.
Comentários:
O professor Édis Milaré ensina que o princípio do usuário pagador
busca evitar que “o ‘custo zero’ dos serviços e recursos naturais acabe
97
por conduzir o sistema de mercado à hiperexploração do meio ambiente.
(...) A lógica desse mecanismo, que se convencionou chamar de
Pagamentos por Serviços Ambientais – PSA consiste no aporte de
incentivos e recursos, de origem pública e/ou privada, para aqueles que
garantem a produção e a oferta do serviço e/ou produto obtido direta ou
indiretamente da natureza” (2009, p. 829). Esse princípio encontra-se
condensado na segunda parte do art. 4º, inc. VII, da Lei n. 6.938/81.
98
Em se tratando de informações ambientais nos órgãos públicos,
Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse
específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei, mediante
requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as
informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil,
penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citar
as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados
(artigo 2º, §1º, da Lei 10.650/03).
Já o princípio da participação encontra-se previsto: na
incumbência da coletividade defender e proteger o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, CF), como objetivo
a ser alcançado por meio da educação ambiental (art. 2º, inc. X, da Lei
n. 6.938/81), como um dos objetivos a serem alcançados pela PNMA
(art. 4º, inc. V, da Lei n. 6.938/81), e na figura das audiências públicas
nos licenciamentos ambientais, quando couberem (art. 3º da Res.
Conama n. 237/97).
Atente ao princípio 10 da Declaração do Rio de 92:
99
Por fim, o princípio do desenvolvimento sustentável, de acordo com
a Declaração do Rio, significa que a proteção ambiental deve constituir
parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser
considerada separadamente (Princípio n. 04 d Declaração do Rio).
Sabe-se que as necessidades humanas são ilimitadas, mas
os recursos ambientais naturais não, havendo o planeja uma capacidade
máxima de suporte, devendo haver, portanto, uma sustentabilidade
ambiental. Com efeito, o princípio do desenvolvimento sustentável
decorre de uma ponderação que deverá ser feita casuisticamente entre o
direito fundamental ao desenvolvimento econômico o direito à
preservação ambiental.
______________________________________________________________________
100
e) A fiscalização ambiental somente pode ser exercida pelas
autoridades licenciadoras.
Comentários:
101
Letra “e”: errada. Conforme dispõe o artigo 70, §1º da Lei 9.605/98:
são autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA,
designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. Destarte, a fiscalização
não está restrita às autoridades licenciadoras.
Cuidado sempre com a palavra “somente”. Regra geral, as
assertivas que restrinjam a proteção ao meio ambiente contendo palavras
“somente”, “apenas”, e etc. não estão corretas.
______________________________________________________________________
102
Exemplo de aplicação desse princípio está na obrigatoriedade da
reposição florestal imposta às pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação
nativa ou que detenham autorização para supressão de vegetação
nativa.
e) O STJ tem admitido a aplicação do princípio da insignificância aos
crimes ambientais mediante a análise das circunstâncias específicas do
caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame.
Comentários:
103
Tal compreensão não permite afirmar que o princípio do poluidor-
pagador estabelece uma liceidade para o ato de poluir, desde que haja o
pagamento pela degradação (por isso que a questão está errada). Essa
interpretação deve ser rechaçada.
Com efeito, a exata interpretação que deve ser dada ao princípio n.º
16 é a de que aquele que lucra com uma atividade produtiva deve
responder pelos riscos dela resultantes, de modo a evitar a privatização
dos lucros e a socialização dos prejuízos.
São exemplos de aplicação do princípio do poluidor-pagador, entre
outros, a indenização prevista no art. 36, § 1º, da Lei 9.985/05 e a
reposição florestal do art. 33, § 1º, da Lei 12.651/2012 (Novo Código
Florestal).
Vamos analisar as demais alternativas.
104
654.321/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 17/06/2015).
105
4. Na espécie, ainda que a conduta do apenado
atenda tanto à tipicidade formal (pois constatada a
subsunção do fato à norma incriminadora) quanto à
subjetiva, haja vista que comprovado o dolo do agente,
não há como reconhecer presente a tipicidade
material, na medida em que o comportamento
atribuído não se mostrou suficiente para
desestabilizar o ecossistema.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1263800/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe
21/08/2014)
______________________________________________________________________
106
Comentários:
A letra “e” encontra-se correta, uma vez que o artigo 170, VI, da
CF/88 traz a proteção ao meio ambiente como um princípio da ordem
econômica.
Letra “b”:
Degradação da qualidade ambiental é a alteração adversa das
características do meio ambiente (artigo 3º, II, Lei 6.938/81 (PNMA)).
107
atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d)
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos (artigo 3º, III, Lei 6.938/81 (PNMA)).
108
d) II
e) I, II e III.
Comentários:
109
______________________________________________________________________
Comentários:
110
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. No
tocante ao âmbito do direito ambiental, inexistia lei complementar para
regulamentar o tema. Em 2011, o Congresso Nacional aprovou a LC 140
que fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do
parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora.
______________________________________________________________________
111
Comentários:
112
______________________________________________________________________
Comentários:
113
Letra “a”: correta. Lembre-se que o princípio do usuário pagador
busca evitar que “o ‘custo zero’ dos serviços e recursos naturais acabe
por conduzir o sistema de mercado à hiperexploração do meio ambiente.
114
LOCAL e suplementar à legislação estadual e federal no que couber.
Observe o seguinte julgado do STJ:
115
Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento:
07/04/2010).
______________________________________________________________________
Comentários:
116
custos para minimizá-la ou para recuperá-lo. Poderá ser preventivo,
quando se exige a prevenção de possível dano, bem como repressivo,
quando ocorrem danos e o poluidor é chamado para arcar com a
reparação (responsabilidade objetiva).
117
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.
Direito Tributário
118
Comentários:
a) INCORRETO.
O equívoco do item está em classificar tributo como receita
originária. Na verdade, tributo é espécie de receita derivada.
Essa classificação é própria do Direito Financeiro, todavia,
eventualmente, é cobrada em provas de Direito Tributário.
Receita originária é aquela que se origina do patrimônio do
próprio Estado. Sua formação se assemelha à relação jurídica privada,
estando presente a voluntariedade e a bilateralidade. A receita derivada,
por sua vez, advém do Poder de Império do Estado, sendo arrecadada
coercitivamente dos particulares, de forma unilateral. Portanto, dúvidas
não restam de que tributo é espécie de receita derivada.
b) CORRETO.
O item corresponde à transcrição do art. 4º do CTN.
É bem verdade que, com o advento da CF/88, que adotou a
corrente pentapartite, a destinação legal do produto da arrecadação
passou a ser relevante critério de distinção entre as espécies tributárias,
sendo o elemento diferenciador entre impostos e contribuições especiais.
Por essa razão, a doutrina majoritária defende que referido dispositivo
teria sido apenas parcialmente recepcionado pela novel Carta Magna.
Nada obstante, por se tratar de reprodução do texto legal, o item
deve ser considerado verdadeiro. Muita atenção nesse tipo de questão! É
preciso identificar quando o item se refere ao entendimento doutrinário e
quando se trata de mera reprodução da lei. Como não há nenhum
indicativo de que se está exigindo a posição doutrinária a respeito do
item, deve-se considerar verdadeira a assertiva.
Item “b”, portanto, é o gabarito da questão.
119
c) INCORRETO.
O erro da assertiva está em admitir que, excepcionalmente, o
tributo possa ter finalidade sancionatória. Conforme se infere do art. 3º
do CTN, que traz o conceito legal de tributo, um dos requisitos para que
ele seja classificado como tal é a ausência de caráter sancionador.
Portanto, jamais tributo poderá constituir sanção de ato ilícito.
d) INCORRETO.
De fato, a partir do trecho transcrito, é possível entender que o CTN
permite a quitação de créditos tributários mediante a entrega de outras
utilidades que possam ser expressas em moedas, desde que tais
hipóteses estejam previstas no próprio texto do Código, que no seu art.
141 afirma que o crédito tributário somente se extingue nas hipóteses
nele previstas.
Com efeito, o CTN admite a dação de bens imóveis como
modalidade de extinção do crédito tributário (art. 156, XI do CTN), não
havendo, entretanto, previsão equivalente quanto à dação de bens
móveis.
Vale dizer que o STF, apesar do comando restritivo do art. 141 do
CTN, já admitiu que o ente político criasse novas hipóteses de extinção
do crédito tributário, pela via da lei ordinária local, além daquelas já
previstas no CTN (ADI 2.405-MC). Na ocasião foram utilizados dois
fundamentos: 1) o pacto federativo, que permite ao ente estipular a
possibilidade de receber algo de seu interesse para quitar um crédito; e
2) a diretriz interpretativa de quem pode o mais pode o menos, afinal se
o ente pode oferecer remissão, ou até mesmo nem criar o tributo, com
mais razão ainda poderá prever nova hipótese de extinção.
Ocorre que, especificamente quanto à dação de bem móvel, o STF
reafirmou a inconstitucionalidade da previsão (ADI 1.916), uma vez que
a Constituição Federal estabelece reserva de lei federal para estipular
regras gerais de licitação (se um ente recebe em pagamento um bem, está,
na prática, adquirindo esse bem sem licitação). A previsão de dação em
120
pagamento de bens imóveis somente seria constitucional na medida em
que está prevista em lei nacional (LC 104/2001).
e) INCORRETO.
Realmente, o STF adota a corrente pentapartite, considerando
espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Entretanto, isso se
dá com base na Constituição Federal, e não no CTN.
A bem da verdade, o CTN adota expressamente a corrente
tripartite, consoante art. 5º desse diploma legal. Portanto, incorreta a
assertiva.
______________________________________________________________________
121
e) Para a doutrina, os estados membros possuem competência
residual para a cobrança de taxas.
Comentários:
a) INCORRETO.
Existe forte controvérsia doutrinária a respeito da natureza jurídica
das contribuições destinadas aos serviços sociais autônomos (Sistema S).
Majoritariamente, prevalece que as contribuições ao Sistema S são,
realmente, espécie de contribuição social geral. No que tange à
contribuição destinada ao SEBRAE, todavia, o STF entende que se trata
de contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) (RE
635.682/RJ, informativo 703, STF).
A título de complementação, partindo da premissa de que a
contribuição ao SEBRAE possui natureza de CIDE, o STF reconheceu a
constitucionalidade da sua exigência em face das grandes empresas que
atuem no segmento econômico alcançado pela intervenção estatal. Caso
referida exação possuísse natureza de Contribuição Social, apenas as
micro e pequenas empresas seriam obrigadas ao pagamento do tributo,
uma vez que é característica das Contribuições Sociais a referibilidade
direta, ou seja, apenas aqueles diretamente beneficiados com a receita do
tributo devem pagar por eles. Entretanto, tratando-se de CIDE, o STF
manifestou o entendimento de que todo o segmento deve ser considerado
sujeito passivo do tributo, o qual visa à intervenção no domínio
econômico.
b) INCORRETO.
A incorreção da assertiva está em confundir duas classificações
distintas: 1) quanto à hipótese de incidência (vinculados e não
vinculados) e 2) quanto ao destino da arrecadação (de arrecadação
vinculada e de arrecadação não vinculada).
122
Os impostos são tributos não vinculados, pois o Estado não
precisa realizar qualquer atividade específica para que possa cobrá-los, e
de arrecadação não vinculada, uma vez que o Estado tem liberdade de
aplicar suas receitas em qualquer despesa autorizada no orçamento. A
Constituição Federal, no art. 167, IV, até mesmo, veda a vinculação da
destinação do imposto de renda, salvo as hipóteses expressamente
listadas no dispositivo constitucional.
As contribuições especiais, assim como os impostos, são tributos
não vinculados, uma vez que são independentes de uma atuação estatal
específica. No entanto, diferentemente do que consta na assertiva, as
contribuições especiais são tributos de arrecadação vinculada, haja vista
que a destinação vinculada da arrecadação faz parte da própria natureza
da contribuição especial. Na verdade, esse é o elemento diferenciador
dessa espécie tributária, responsável por individualizá-la como espécie
autônoma.
c) INCORRETO.
Trata-se de reprodução praticamente literal do art. 148 da CF/88.
A incorreção do item está na omissão da palavra “complementar”. Com
efeito, a instituição de empréstimo compulsório depende
necessariamente de lei complementar, cuja competência é privativa da
União. Quando a Constituição utiliza a expressão “lei”, está a exigir
apenas lei ordinária, a qual não é suficiente nesse caso.
Atenção ao ler o item. Questões assim são muito comuns em provas
objetivas.
d) INCORRETO.
De fato, a grande maioria das contribuições especiais são de
competência privativa da União, conforme se verifica do art. 149 da
CF/88. Excepcionalmente, no entanto, podem Estados e Municípios
instituírem tributos dessa espécie. É o caso da instituição de contribuição
para o custeio do regime próprio de previdência social (RPPS), cuja
123
competência é de todos os entes federativos (art. 149, §1º da CF/88).
Outro exemplo é o da contribuição para o custeio da iluminação pública
(COSIP), de competência dos Municípios (art. 149-A); trata-se de tributo
sui generis, enquadrado pela doutrina majoritária como contribuição
especial.
e) CORRETO.
As taxas são classificadas, quanto ao exercício da competência,
como tributos comuns, cuja competência para criação é atribuída
indiscriminadamente a todos os entes políticos. Nada obstante, a criação
de taxas, mediante lei, não é absolutamente discricionária, haja vista que
o ente tributante deve deter competência administrativa para desenvolver
a atividade que dará ensejo à cobrança da respectiva taxa.
Como os Estados possuem competência residual no âmbito
administrativo (art. 25, §1º da CF/88), podendo atuar nas áreas que não
sejam de competência da União ou dos Municípios, parcela da doutrina
considera que eles possuem também competência residual para a
instituição de taxas.
______________________________________________________________________
124
IV. Os serviços públicos, para fins de cobrança de taxa pela sua
prestação, são considerados divisíveis quando destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidades pública.
Está correto o que se afirma em:
a) apenas as alternativas I e IV estão corretas
b) apenas as alternativas II e IV estão corretas
c) apenas as alternativas I e III estão corretas
d) apenas as alternativas II e III estão corretas
e) apenas as alternativas I e II estão corretas
Comentários:
I. CORRETO.
Trata-se de reprodução da súmula vinculante 41 do STF. O
fundamento para o entendimento sumulado do STF é o de que a
iluminação pública não é serviço específico e divisível, conforme exigido
pelo art. 77 do CTN.
Os conceitos de especificidade e divisibilidade estão contidos no
art. 79 do CTN. Segundo Ricardo Alexandre, para que um serviço público
seja específico, é preciso que o contribuinte saiba exatamente por qual
serviço está pagando. Para que seja divisível, é necessário que o Poder
Público possa identificar, individualmente, os usuários, efetivos ou
potenciais, desse serviço.
II. INCORRETO.
Segundo o art. 77 do CTN, o fato gerador da taxa é “o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à
sua disposição”. Note que a utilização potencial se refere tão somente à
taxa pela prestação de serviço público, e não pelo exercício do poder de
polícia. No caso da taxa de polícia, o dispositivo é expresso ao exigir o seu
exercício regular.
125
Cabe destacar que o STF entende presumido o exercício do poder
de polícia quando existente órgão de fiscalização, mesmo que este não
comprove haver realizado fiscalizações individualizadas no
estabelecimento de cada contribuinte. Nada obstante, mesmo nesse caso,
o exercício do poder de polícia estará sendo efetivo e não potencial, ainda
que presumido.
III. CORRETO.
De fato, a compulsoriedade, segundo o STF (ADI 800, divulgada no
informativo 750), é o elemento distintivo entre taxas e tarifas (ou preços
públicos). Nesse sentido, inclusive, a súmula 545 do STF: “preços de
serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daquelas, são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu”.
Ainda, segundo a Suprema Corte, a existência de via alternativa
não é requisito para a cobrança da tarifa e nem interfere na sua natureza
jurídica, uma vez que, mesmo nesse caso, a voluntariedade permanece.
Isso porque o usuário não estará sendo coagido a pagar o respectivo
valor, podendo simplesmente deixar de trafegar na via, locomover-se de
bicicleta, a pé etc.
IV. INCORRETO.
O item confundiu os conceitos legais de especificidade e
divisibilidade (art. 79 do CTN).
Serviços específicos: quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas.
Serviços divisíveis: quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Veja que a especificidade se relaciona ao serviço em si, enquanto a
divisibilidade está ligada à pessoa do usuário.
126
______________________________________________________________________
Comentários:
a) INCORRETO.
O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização
imobiliária decorrente de obra pública, e não a mera realização da obra.
Segundo o STF (RE 116.148), a realização de pavimentação nova,
suscetível de vir a caracterizar benefício direto a imóvel determinado, com
incremento de seu valor, pode justificar a cobrança de contribuição de
melhoria. No caso do mero recapeamento de via, entretanto, não se
127
mostra possível a cobrança da exação, pois, nesse caso, o que se tem é
simples serviço de manutenção e conservação, não caracterizando o fato
gerador do tributo, que depende de efetiva valorização do imóvel em
virtude de uma obra pública. A simples manutenção do que já existia não
é suficiente para provocar valorização imobiliária.
b) CORRETO.
É esse o entendimento do STJ (REsp 927.846/RS). Segundo a
Corte, “a contribuição de melhoria é tributo cujo fato imponível decorre
da valorização imobiliária que se segue a uma obra pública, ressoando
inequívoca a necessidade de sua instituição por lei específica, emanada
do Poder Público construtor, obra por obra, nos termos do art. 150, I da
CF/88 c/c art. 82 do CTN, uma vez que a legalidade estrita é incompatível
com qualquer cláusula genérica de tributação”.
c) CORRETO.
De fato, para a cobrança da contribuição de melhoria, é necessário:
1) a edição de uma lei específica para aquela obra; 2) a conclusão da obra,
com a verificação da efetiva valorização dos imóveis; e 3) o lançamento
tributário, de acordo com a valorização.
d) CORRETO.
O ônus da prova da valorização imobiliária será sempre da
entidade tributante, encarregada de apresentar os cálculos que irão
embasar a cobrança da contribuição de melhoria. Deve ser concedido,
entretanto, prazo para que o contribuinte possa impugná-la.
Nesse sentido, veja o entendimento do STJ:
(...) 3. “Só depois de pronta a obra e verificada a existência
da valorização imobiliária que ela provocou é que se torna
admissível a tributação por via de contribuição de melhoria”
(CARRAZZA, Roque Antonio. "Curso de Direito
128
Constitucional Tributário", São Paulo: Malheiros, 2006, pág.
533).
(...) 5. Cabe ao Poder Público apresentar os cálculos
que irão embasar a cobrança da contribuição de
melhoria, concedendo, entretanto, prazo para que o
contribuinte, em caso de discordância, possa
impugná-los administrativamente. Trata-se, pois, de
um valor presumido, cujo cálculo está a cargo da
própria Administração. (REsp 671.560/RS, Rel. Ministra
DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/05/2007, DJ 11/06/2007, p. 265)
e) CORRETO.
O item consiste em reprodução do art. 81 do CTN: “A contribuição
de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado”.
______________________________________________________________________
129
mediante decreto, desde que a atualização não ultrapasse o índice oficial
de correção monetária.
d) Segundo a Constituição Federal, é vedado aos entes políticos
estabelecerem limitação ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Isso não
impede, contudo, a cobrança de ICMS interestadual, pois essa exação
está prevista no próprio texto constitucional.
e) O princípio da vedação às isenções heterônomas não impede que a
União conceda isenção de ICMS pela via do Tratado Internacional.
Comentários:
a) INCORRETO.
O entendimento do STF mostra-se oposto àquele trazido pela
assertiva.
Contribuição previdenciária. Alíquota progressiva.
Impossibilidade. Precedentes. 1. Esta Corte já decidiu que a
instituição de alíquotas progressivas para a contribuição
previdenciária dos servidores públicos ofende o princípio
da vedação à utilização de qualquer tributo com efeito de
confisco (art. 150, inciso IV, da Constituição Federal). (RE
346197 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma,
julgado em 16/10/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-222
DIVULG 09-11-2012 PUBLIC 12-11-2012).
Na ocasião, a Suprema Corte levou em conta a excessiva carga
tributária a que já estavam submetidos os servidores públicos, sujeitos à
contribuição previdenciária e ao imposto de renda, os quais somados, em
alíquotas máximas, poderiam superar metade da remuneração.
b) CORRETO.
Trata-se de entendimento sufragado pelo STF. In verbis:
130
Fixação de valores mínimos para multas pelo não
recolhimento e sonegação de tributos estaduais. Violação ao
inciso IV do art. 150 da Carta da República. A desproporção
entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência
jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta,
atentando contra o patrimônio do contribuinte, em
contrariedade ao mencionado dispositivo do texto
Constitucional Federal” (STF, Tribunal Pleno, ADI 551/RJ).
Portanto, apesar de o texto literal do art. 150, IV da CF/88
anunciar o não confisco como princípio a ser aplicado aos tributos, a
restrição é também aplicável às multas tributárias.
c) CORRETO.
A mera atualização monetária do valor do tributo ou da sua base
de cálculo, por não significar majoração do mesmo, não se sujeita à
anterioridade. O entendimento é pacífico no âmbito do STF, conforme
demonstra o seguinte excerto:
“Substituição legal dos fatores de indexação – Alegada ofensa
às garantias constitucionais do direito adquirido e da
anterioridade tributária – Inocorrência – Simples atualização
monetária que não se confunde com majoração do tributo. (…) A
modificação dos fatores de indexação, com base em legislação
superveniente, não constitui desrespeito às situações jurídicas
consolidadas (CF, art. 5.º, XXXVI), nem transgressão ao
postulado da não surpresa, instrumentalmente garantido pela
cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b)” (STF,
2.a T., RE-AgR 200.844/PR).
d) CORRETO.
Está correta a assertiva, que é praticamente autoexplicativa. A
Constituição Federal não admite inconstitucionalidade de normas
constitucionais originárias, sendo necessário que o intérprete as
131
compatibilize. Portanto, não há que se questionar a constitucionalidade
do ICMS interestadual.
e) CORRETO.
Entendendo que, no sistema presidencialista adotado pelo Estado
brasileiro, o Presidente da República, agindo como Chefe de Estado, firma
tratados internacionais em nome da soberana República Federativa do
Brasil (Estado Brasileiro), e não em nome da autônoma União, o STF
decidiu que a concessão de isenção, pela via do tratado, não proibida pela
vedação à concessão de isenção heterônoma.
Nessa linha, pode-se citar o acórdão proferido nos autos da ADI
1.600, em cuja Ementa expressamente se afirma que o “âmbito de
aplicação do art. 151, CF, é o das relações das entidades federadas entre
si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa”
(STF, Tribunal Pleno, ADI 1.600/UF).
______________________________________________________________________
132
incidência deve ser entendida como majoração do tributo, de forma
que a revogação de benefício fiscal configura aumento indireto do
tributo, estando sujeito ao princípio da anterioridade.
d) O princípio da irretroatividade é excepcionado pelo CTN quando a lei
seja expressamente interpretativa. Nesse caso, é prescindível que a
inovação legislativa esteja de acordo com entendimento adotado pela
jurisprudência.
e) A redução e o restabelecimento do ICMS-combustíveis não se
submetem à anterioridade nonagesimal, devendo, todavia, observância à
anterioridade do exercício financeiro.
Comentários:
a) INCORRETO.
Segundo decidiu o STF (RE-AgR 274.949/SC), a norma que se
restringe a mudar o prazo para pagamento de tributo, mesmo
antecipando-o, não agrava a situação do contribuinte, não se sujeitando
à regra da anterioridade do exercício.
b) INCORRETO.
De fato, segundo o STF, no caso de imposto instituído ou majorado
por medida provisória, o termo inicial da contagem da anterioridade
nonagesimal é a publicação da medida. Contudo, se houver mudança
relevante no texto quando da conversão em lei, o prazo deve ser contado
da publicação da referida lei de conversão (RE 169.740). Isso se justifica
pelo escopo da garantia, que é exatamente impedir que o contribuinte
seja pego de surpresa. Não havendo alteração no texto legal, a segurança
jurídica estará sendo preservada, pois, desde a publicação da MP, o
contribuinte já tinha condições de ter conhecimento da nova exação.
Caso contrário, havendo relevante alteração, deve-lhe ser garantido novo
prazo de 90 dias para que se adapte às novas condições.
133
c) CORRETO.
Trata-se de tema bastante polêmico, que requer atenção por parte
do candidato. Note que o enunciado do item exigiu o entendimento mais
recente do STF, blindando a questão contra eventuais recursos por
divergência jurisprudencial. Isso porque existe precedente da 2ª turma
em sentido contrário.
Pretendia-se do aluno o conhecimento acerca do RE 564.225 de
2/9/2014 (informativo 757). Na ocasião, a 1ª turma do STF entendeu que
o ato normativo que revoga benefício fiscal anteriormente concedido
configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao
princípio da anterioridade tributária.
Segundo o Min. Marco Aurélio, o princípio da anterioridade tem
como objetivo garantir que o contribuinte não seja surpreendido com
aumentos súbitos do encargo fiscal. O prévio conhecimento da carga
tributária tem como fundamento a segurança jurídica e, como conteúdo,
a garantia da certeza do direito. Por fim, o Ministro ressaltou que “toda
alteração do critério quantitativo do tributo deve ser entendida como
majoração”. Assim, tanto o aumento de alíquota, quanto a redução de
benefício, apontariam para o mesmo resultado, qual seja, o agravamento
do encargo.
d) INCORETO.
De fato, o art. 106, I do CTN estabelece que a lei aplica-se a ato ou
fato pretérito quando seja expressamente interpretativa.
Sobre o tema, alguns autores negam a existência de leis
interpretativas, alegando que ao legislativo não é dado interpretar outras
leis, e que ou a lei inova no ordenamento (e não será interpretativa), ou
apenas repete o que se afirma em lei anterior (e será inútil). Apesar disso,
o STF expressamente admite a existência de leis interpretativas; segundo
ele, não traduzem usurpação das atribuições institucionais do judiciário,
vez que também se submetem ao exame e à interpretação dos juízes e
tribunais.
134
Cabe esclarecer que essa retroatividade será, em verdade, apenas
aparente, vigente que estava a lei interpretada. No entanto – e aqui se
encontra o equívoco da assertiva – somente subsistirá o preceito
supostamente retroativo se a interpretação que lhe der à lei anterior
coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário. Do contrário,
havendo qualquer agravação na situação do contribuinte, a lei será
considerada ofensiva ao princípio da irretroatividade (PAULSEN,
Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional à
luz da doutrina e da jurisprudência. 9 ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado: ESMAFE, 2007, p. 825).
e) INCORRETO.
O art. 155, §4º, IV, c da CF expressamente isenta a redução e o
restabelecimento do ICMS-combustíveis da observância da anterioridade
do exercício. Com relação à redução, não existe qualquer inovação, visto
que se trata de um benefício em prol do contribuinte. No que se refere ao
restabelecimento, o dispositivo autoriza que, após a realização de uma
redução, seja possível uma majoração subsequente, sem observância à
anterioridade, desde que respeitado, como teto, o percentual anterior.
______________________________________________________________________
135
III. A imunidade das entidades de assistência social sem fins lucrativos
abrange seu patrimônio, sua renda e seus serviços. Assim, não incide
o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana sobre imóvel
de sua propriedade alugado a terceiros, ainda que os aluguéis não
sejam revertidos a sua finalidade essencial.
IV. Uma vez deferida a imunidade a determinada entidade de
assistência social sem fins lucrativos, caso a Fazenda Pública tome
ciência de que referida entidade não esteja mais cumprindo os
requisitos legais, caberá ao próprio fisco a prova do descumprimento.
Estão corretos os itens:
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) I e IV
e) II e IV
Comentários:
I. CORRETO.
Corresponde à Súmula de nº 730 do STF: “a imunidade tributária
conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art.
150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários”.
Entidade fechada de previdência social privada é aquela que não
admite qualquer interessado, mas apenas aqueles que possuem algum
vínculo jurídico específico, como os funcionários de determinada
empresa. Caso não haja contribuição dos beneficiários, ela será
equivalente a uma entidade de assistência social sem fins lucrativos, pois
estará colaborando com a aposentadoria daqueles empregados sem lhes
exigir qualquer contraprestação. Daí o entendimento sumulado.
136
II. INCORRETO
O assunto cobrado no presente item é um tanto polêmico. Em geral,
a jurisprudência dos tribunais superiores tem adotado interpretação
bastante ampliativa no que se refere à imunidade em estudo, aplicando-
a aos mais diversos imóveis das entidades beneficentes, desde que o uso
desses bens seja voltado às finalidades essenciais da entidade, conforme
exigência constitucional.
No RE 345830, o STF entendeu que “o fato de uma entidade
beneficente manter uma livraria em imóvel de sua propriedade não afasta
a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c da CF/88, desde que
as rendas auferidas sejam destinadas a suas atividades institucionais”.
Entretanto, mais recentemente, o STJ, no caso de a entidade
explorar atividade econômica franqueada dos correios, não fará jus à
imunidade em apreço. Isso porque tal atividade não está relacionada com
as finalidades institucionais da entidade de assistência social, ou seja, o
serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na área de
assistência social, ainda que o resultado das vendas seja revertido em
prol das suas atividades essenciais. Logo, não se pode conceder a
imunidade porque não está preenchido o requisito exposto no ar. 150, §
4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN. (RMS 46.170-MS, informativo 551,
STJ).
De fato, os dois entendimentos parecem contraditórios. É preciso,
portanto, que o candidato perceba qual dos dois entendimentos está
sendo cobrado na prova.
III. INCORRETO.
Conforme mencionado no item acima, a jurisprudência tem
adotado interpretação ampliativa no que se refere à imunidade das
entidades de assistência social.
Conforme a Súmula Vinculante 52: “ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c da CF, desde que o valor dos
137
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas”.
O equívoco da assertiva está em dispensar a aplicação do valor dos
aluguéis nas finalidades essenciais da atividade.
A título de complemento, vale ressaltar que, mesmo vago, o imóvel
da entidade de assistência social não perderá a imunidade tributária.
Segundo o STF, em regra, presume-se que o imóvel vago possui
imunidade, cabendo à Fazenda demonstrar que seu uso não está de
acordo ou revertendo às finalidades da entidade (nesse sentido: ARE
800395, ARE 759977, RE 470520).
IV. CORRETO.
Trata-se de entendimento tomado pelo STF no RE 385091/DF
(informativo 714). Segundo entendeu a Suprema Corte, é ônus da
Fazenda provar que algum dos requisitos concessivos da imunidade estão
sendo descumpridos pela entidade, vigorando verdadeira presunção em
favor da instituição nesse caso.
______________________________________________________________________
138
papel destinado a sua impressão, as mídias que dão suporte físico aos
livros eletrônicos.
d) A imunidade tributária torna indevida a incidência de IPVA sobre
veículos pertencentes às entidades sindicais de trabalhadores e de
empregadores, desde que sejam destinados ao atendimento de suas
finalidades essenciais.
e) Segundo o STF, a extensão da imunidade recíproca às empresas
públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços
públicos refere-se tão somente aos impostos incidentes sobre o
patrimônio, a renda e os serviços, não abrangendo as demais
espécies tributárias.
Comentários:
a) INCORRETO
As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar
consistentes na delimitação da competência tributária
constitucionalmente conferida aos entes políticos. As imunidades
compõem o desenho da competência tributária; significa que a respeito
dessas matérias o ente não poderá instituir tributos, ele não teria
competência tributária para tanto. Daí se falar que a imunidade
corresponde a uma competência negativa.
O erro da questão está em considerar a imunidade uma espécie de
exclusão do crédito tributário. Segundo o art. 175 do CTN, excluem o
crédito tributário: a isenção e a anistia. A imunidade, por sua vez, não
está inserida nesse rol.
A isenção, espécie de exclusão do crédito tributário, diferencia-se
da imunidade de forma substancial. Enquanto a imunidade é uma
competência negativa, limitando a liberdade do ente de instituir tributos,
a isenção é a própria manifestação da competência tributária, por meio
da qual, voluntariamente, o ente opta por dispensar o pagamento da
obrigação principal, sempre por meio de lei.
139
b) INCORRETO.
O item conta com dois erros. Primeiramente, conforme o art. 150,
VI a da CF/88, a imunidade recíproca abrange apenas impostos, e não
tributos de forma geral. Portanto, é possível que um ente exija certos
tributos em face de outros, como, por exemplo, o pagamento de taxas
pela prestação de determinado serviço.
O segundo equívoco está em asseverar que o bem do ente político
deve atender à finalidade pública para que faça jus à imunidade. Com
efeito, o §2º do art. 150 da CF;88 exige que os bens das autarquias e das
fundações públicas estejam vinculados a suas atividades essenciais para
que possam gozar da imunidade recíproca conferida pela Constituição.
Essa mesma exigência, todavia, não existe no que se refere aos bens dos
próprios entes políticos, os quais, em qualquer circunstância, estarão
protegidos pela imunidade tributária em tela.
c) INCORRETO.
No seu art. 150, VI, d, a CF/1988 proíbe os entes federados de
instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a
sua impressão.
Trata-se de imunidade puramente objetiva, que visa a impedir tão
somente a cobrança dos impostos incidentes diretamente sobre os livros
jornais, periódicos e sobre o papel. Assim, o objeto livro é imune, mas a
livraria, em si, deve pagar tributos.
Quanto à questão relativa à possibilidade de extensão da
imunidade cultural aos veículos publicados em meio eletrônico, trata-se
de tema polêmico, que está sendo bastante discutido atualmente,
principalmente em virtude da proliferação dos e-readers.
O entendimento mais seguro a ser seguido nas provas é o de que
a imunidade cultural NÃO se estende às mídias que dão suporte
físico aos livros eletrônicos (CD-ROM, DVD, fitas de vídeo e etc.).
Para a Corte, tais mídias não se confundem, nem se assimilam ao “papel”,
140
que é protegido pelo benefício constitucional (interpretação restritiva).
Ressalta-se que, possivelmente, esse entendimento será modificado no
futuro.
d) INCORRETO.
O art. 150, VI, c da CF/88 protege o patrimônio, a renda ou os
serviços das entidades sindicais dos trabalhadores da incidência de
tributos. Atente que não existe a mesma imunidade no que tange aos
sindicatos de empregadores. No caso, houve um silêncio eloquente por
parte do constituinte, levando à conclusão de que as entidades de
empregadores não são abrangidas pela imunidade.
O equívoco do item, portanto, está em considerar tais entidades
patronais imunes aos impostos.
Observação: questão bastante recorrente nas provas de concurso.
e) CORRETO.
Conforme já mencionado no item “b” da questão, a imunidade
tributária recíproca, por expressa dicção constitucional, abrange tão
somente os impostos, e não todas as espécies tributárias. Correta a
assertiva.
______________________________________________________________________
141
c) O crédito tributário surge com a ocorrência do fato gerador, que, no
caso da obrigação principal, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.
d) Tratando-se de negócio jurídico sob condição suspensiva, considera-
se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos desde o momento
da prática do ato ou da celebração do negócio.
e) A capacidade tributária passiva é plena e independe da capacidade
civil.
Comentários:
a) INCORRETO.
Mesmo no que concerne às entidades imunes, as obrigações
acessórias existem no interesse da fiscalização e arrecadação de tributos,
visto que são obrigadas a escriturar livros fiscais para que a
Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as
condições para a fruição da imunidade permanecem presentes.
Também é possível que, mesmo imunes, as entidades sejam
obrigadas a recolher tributos na condição de responsáveis, como é o caso
da entidade imune ao Imposto de Renda que faz pagamentos a uma
pessoa física que lhe presta serviço, sendo responsabilizada pela retenção
e recolhimento do respectivo imposto. Daí a necessidade de apresentação
de Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), que existe
no interesse da arrecadação e fiscalização do imposto.
b) INCORRETO.
Segundo o art. 114 do CTN, “o fato gerador da obrigação principal
é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência”. O art. 115, por outro lado, dispõe: “fato gerador da obrigação
acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal”.
142
Portanto, incorreta a assertiva, já que trata de maneira equivalente
obrigação principal e acessória. Ressalte-se, ainda, que apenas a
obrigação principal exige lei para sua definição, enquanto a obrigação
acessória satisfaz-se de forma mais ampla, bastando legislação que a
preveja.
c) INCORRETO.
Em verdade, a obrigação tributária surge com a ocorrência do fato
gerador, conforme dispõe o art. 113, §1º do CTN: “a obrigação principal
surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou prestação pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente”.
O crédito tributário, conforme art. 142 do CTN, somente é
constituído por força do lançamento tributário.
d) INCORRETO.
A assertiva não corresponde ao art. 117, I do CTN: “sendo
suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento”.
No caso de condição resolutória, por outro lado, o art. 117, II
dispõe: “sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato
ou da celebração do negócio”.
Portanto, a questão trocou os dois incisos, resultando na sua
incorreção.
e) CORRETO.
A alternativa corresponde ao art. 126, I do CTN, que dispõe: “a
capacidade tributária passiva independe da capacidade civil das pessoas
naturais”.
______________________________________________________________________
143
70. O imposto sobre propriedade de veículos automotores e o
imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens
e direitos são tributos de competências dos Estados e do Distrito
Federal. Sobre tais impostos, analise as seguintes alternativas.
I. A fixação da base de cálculo do IPVA não se submete ao princípio
constitucional da noventena.
II. Cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD e a alíquota
mínima do IPVA
III. O IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e da
utilização do veículo. Da mesma forma, é possível a diferenciação de
alíquotas entre veículos importados e veículos de procedência nacional.
IV. O Imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer
bens ou direitos compete ao Estado da situação do bem, ou ao distrito
federal, relativamente a bens móveis, títulos e créditos.
Estão corretas apenas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
e) III e IV
Comentários:
I. CORRETO.
Trata-se de disposição contida no art. 150, §1º da CF/88.
II. CORRETO.
De fato, cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD
(155, §1º, IV da CF/88) e a alíquota mínima do IPVA (art. 155, §6º, I da
CF/88).
144
III. INCORRETO.
O art. 155, §6º, II da CF autoriza expressamente que o IPVA possua
alíquotas diferenciadas em função do tipo de utilização do veículo.
Entretanto, segundo o STF (RE 367.785), é vedada a diferenciação
de alíquotas entre veículos importados e veículos de procedência
nacional, pois o tratamento desigual significaria uma nova tributação
pelo fato gerador da importação. Além disso, referido tratamento desigual
importaria em violação ao princípio da isonomia e ao art. 152 da CF/88,
que dispõe: “é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino”.
IV. INCORRETO.
Assertiva em descompasso com o art. 155, §1º da CF/88.
Art. 155, § 1º O imposto previsto no inciso I:
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,
compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito
Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete
ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento,
ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal
145
Direito do Trabalho
Comentários:
a) INCORRETA.
Antigamente, como a rotatividade dos juízes classistas era muito
grande, ficava absolutamente impossível aplicar o princípio da identidade
física do juiz, razão pela qual foi editada a súmula 136, do TST, afirmando
a inaplicabilidade do princípio. No entanto, com a EC 24, as juntas foram
extintas, de forma que o enunciado sumular foi cancelado. Essa
constatação já resolve o item, uma vez que não existe, atualmente,
146
súmula afirmando a inaplicabilidade do princípio da identidade física do
juiz.
Quanto à aplicabilidade ou não do princípio, independentemente
de súmula, existe controvérsia. Há quem defenda a aplicação do preceito
ao processo do trabalho, tendo em vista o cancelamento do entendimento
sumular. Outra corrente defende que, mesmo após o cancelamento da
Súmula nº 136, o princípio da identidade física do juiz continua
incompatível com o processo do trabalho, pois os princípios da
simplicidade, celeridade e efetividade da prestação jurisdicional ficariam
comprometidos pela adoção de tal critério.
No TST, há julgados que afirmam sua aplicabilidade, mas defende
como consequência a nulidade meramente relativa, exigindo a
demonstração de prejuízo por parte de quem o invoca.
b) INCORRETA.
A Lei 9.307/96, ao fixar o juízo arbitral como medida extrajudicial
de solução de conflitos, restringiu, no art. 1º, o campo de atuação do
instituto apenas para os litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis. Ocorre que, em razão do princípio protetivo que informa o
direito individual do trabalho, bem como em razão da ausência de
equilíbrio entre as partes, são os direitos trabalhistas indisponíveis e
irrenunciáveis. Por outro lado, quis o legislador constituinte possibilitar
a adoção da arbitragem apenas para os conflitos coletivos, consoante se
observa do art. 114, §§ 1º e 2º, da Constituição da República. Portanto,
não se compatibiliza com o direito individual do trabalho a arbitragem,
mas apenas com o direito coletivo do trabalho.
c) CORRETA.
Trata-se de reprodução da súmula 212 do TST.
147
d) INCORRETA.
O princípio do in dubio pro operario informa que, se uma
determinada regra permite duas ou mais interpretações, estará o
intérprete vinculado à escolha daquela que se mostre mais favorável ao
empregado.
Ocorre que esse princípio não tem aplicação no Direito Processual
do Trabalho, regrado que é este por normas específicas que determinam
o ônus da prova. Dessa forma, “havendo dúvida do juiz em face do
conjunto probatório existente e das presunções aplicáveis, ele deverá
decidir em desfavor da parte que tenha o ônus da prova naquele tópico
duvidoso, e não segundo a diretriz genérica do in dubio pro operario”
(Maurício Godinho Delgado).
e) INCORRETA.
O princípio da proteção se subdivide em três subprincípios: in
dubio pro operario, condição mais benéfica e norma mais favorável. O
enunciado da questão traduz o princípio da condição mais benéfica, e
não o da norma mais favorável.
Princípio da condição mais benéfica: impõe que as condições mais
benéficas previstas no contrato de trabalho ou no regulamento de
empresa deverão prevalecer diante da edição de normas que estabeleçam
patamar protetivo menos benéfico ao empregado.
Princípio da norma mais favorável: determina que não prevalece
necessariamente, no Direito do Trabalho, o critério hierárquico de
aplicação das normas; isto é, existindo duas ou mais normas aplicáveis
ao mesmo caso concreto, deve-se aplicar a que for mais favorável ao
empregado.
______________________________________________________________________
148
72. Ainda em se tratando dos princípios próprios do Direito do
Trabalho, está correto o que se afirma em:
a) O princípio da intangibilidade salarial impõe que ao empregador é
vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado.
b) Em virtude do princípio da boa-fé, via de regra, o trabalhador pode
renunciar a seu direito de férias, se assim preferir.
c) Os princípios gerais de direito não são aplicados na interpretação das
normas do direito do trabalho, ainda que subsidiariamente.
d) É vedado, em todo caso, a redução do salário do empregado.
e) Segundo impõe o princípio da primazia da realidade, a relação
objetiva evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação jurídica
estipulada pelos contratantes, ou seja, em matéria trabalhista,
importa o que ocorre na prática mais do que as partes pactuaram ou
o que se insere em documentos, formulários e instrumentos de
contrato.
Comentários:
a) INCORRETO.
Segundo o art. 462 da CLT, “ao empregador é vedado efetuar
qualquer desconto nos salários do empregado, SALVO quando este
resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo”.
De fato, aplica-se, no caso, o princípio da intangibilidade salarial,
no entanto, a própria CLT traz exceções à incidência desse princípio.
b) INCORRETO.
Em direito do trabalho, aplica-se o princípio da irrenunciabilidade,
não podendo o trabalhador simplesmente renunciar ao seu direito de
férias. Por força, do art. 143 da CLT, o empregado pode converter 1/3 do
período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, mas não pode
simplesmente renunciar a esse direito, que corresponde a norma de
proteção à saúde e à segurança do empregado.
149
c) INCORRETO.
O art. 8º da CLT dispõe pela aplicação de outros princípios e
normas gerais de direito, na falta de disposições legais ou contratuais. O
parágrafo único determina, ainda, que o direito comum será fonte
subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível
com este.
d) INCORRETO.
O art. 7º, VI da CF/88 excepciona o princípio da irredutibilidade
salarial no caso de convenção ou acordo coletivo.
e) CORRETO.
Trata-se da própria definição do princípio da primazia da realidade.
______________________________________________________________________
150
Comentários:
a) CORRETO.
Trata-se de trecho da obra de Messias Pereira Donato.
Fontes materiais são os mananciais ligados ao conteúdo, ao fato
social que dá origem ao direito positivo. Representam o momento pré-
jurídico, isto é, o conjunto de fatores econômicos, políticos, sociológicos
e filosóficos que levam à formação (e à alteração) do direito positivo de
um Estado.
Fontes formais, por sua vez, ligam-se à forma jurídica utilizada
como regulamentação do fato social. São aquelas fontes que sucedem
logicamente as fontes materiais. Representam, portanto, a
consubstanciação das fontes materiais, o meio de acesso destas ao
Direito.
b) CORRETO.
A maioria da doutrina, baseada no texto do art. 8° da CLT, tende a
considerar os usos e costumes como fontes formais autônomas do Direito
do Trabalho.
c) INCORRETO.
Conforme comentado no item “a”.
d) CORRETO.
De fato, tanto a sentença normativa, quanto os atos do poder
executivo são fontes formais do direito do trabalho.
e) CORRETO.
Fontes formais autônomas derivam dos próprios destinatários da
norma, como as CCT e ACT, objeto de negociação entre os atores coletivos
do direito do trabalho.
151
Fontes formais heterônomas, por sua vez, surgem a partir da
atuação de terceiro, normalmente o Estado. São os casos da lei, da
Constituição e da sentença normativa.
______________________________________________________________________
152
Comentários:
a) INCORRETO.
De fato, um dos requisitos da relação de emprego é que o trabalho
seja prestado por pessoa física, conforme art. 3º da CLT. Entretanto, por
aplicação do princípio da primazia da realidade, caso a pessoa jurídica
tenha sido criada com o único objetivo de fraudar o direito do trabalho,
impõe-se a sua desconsideração, por aplicação do art. 9º da CLT.
b) INCORRETO.
A subordinação que dá ensejo à relação de emprego não é de
natureza econômica, intelectual, técnica ou social, mas JURÍDICA. A
subordinação, para tanto, decorre do contrato de trabalho, referindo-se
ao modo como o empregado deve prestar os serviços ao empregador.
Segundo Alice Monteiro de Barros, “esse poder de comando do
empregador não precisa ser exercido de forma constante, tampouco
torna-se necessária a vigilância técnica contínua dos trabalhos
efetuados, mesmo porque, em relação aos trabalhadores intelectuais, ela
é difícil de ocorrer. O importante é que haja a possibilidade de o
empregador dar ordens, comandar, dirigir e fiscalizar a atividade do
empregado. Em linhas gerais, o que interessa é a possibilidade que
assiste ao empregador de intervir na atividade do empregado”.
c) INCORRETO.
A exclusividade não é requisito previsto no art. 3º do CTN. A bem
da verdade, mostra-se plenamente possível que uma mesma pessoa
possua relação de emprego com mais de um empregador.
d) CORRETO.
Trata-se da definição de onerosidade trazida por Maurício Godinho
Delgado, recorrentemente cobrada em provas de concurso público.
153
e) INCORRETO.
O art. 3º da CLT exige habitualidade (ou não eventualidade), que
difere da continuidade. Este último é pressuposto da configuração do
trabalho doméstico, o qual exige que o labor seja mais do que habitual,
seja contínuo. Por esta razão, a doutrina e a jurisprudência têm
entendido, de forma mais ou menos homogênea, que a diarista que presta
serviços em residência de forma descontínua (uma, duas ou três vezes
por semana, por exemplo) não é empregada (TST, 3ª Turma, RR 1500-
79.2012.5.03.0032, Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, DEJT
13.06.2014).
______________________________________________________________________
154
b) I e III apenas
c) II e III apenas
d) III e IV apenas
e) I e IV apenas
Comentários:
I. CORRETO.
O cooperativado (lícito, frise-se) é um trabalhador autônomo, pois
presta serviços por conta própria e assume os riscos da atividade
econômica. De uma forma geral, exige-se que a cooperativa atenda a dois
princípios básicos: a) princípio da dupla qualidade, segundo o qual o
cooperado presta serviços à cooperativa, que, por sua vez, também
oferece serviços aos seus associados; b) princípio da retribuição pessoal
diferenciada, no sentido de que só se justifica a reunião em cooperativa
se for para melhorar a condição econômica dos associados.
O art. 442, parágrafo único da CLT estabelece que não se forma
vínculo empregatício entre a cooperativa e seus associados, nem entre
estes e os tomadores daquela. Esse dispositivo, entretanto, só se aplica
às cooperativas lícitas. Tratando-se de cooperativa ilícita (que não atenda
aos pressupostos básicos), haverá a incidência do art. 9º da CLT,
formando-se a respectiva relação de emprego.
II. CORRETO.
De fato, o contrato de aprendizagem gera vínculo empregatício,
tanto que, para sua validade, é imprescindível a anotação da CTPS do
aprendiz, na forma do art. 428, caput e §1º, da CLT: “Contrato de
aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e
por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar
ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em
programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o
155
aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação. § 1º A validade do contrato de aprendizagem pressupõe
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e
frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino
médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional
metódica”.
III. INCORRETO.
A grande distinção entre a relação de trabalho voluntário e a
relação de emprego é a ausência da intenção onerosa na primeira, isto é,
a prestação de serviços com intenção graciosa ou benevolente, ao passo
que na relação de emprego há sempre intenção onerosa (animus
contrahendi). Nada impede, todavia, que ocorram ressarcimentos no
âmbito do trabalho voluntário, o que não se confunde com
contraprestação pelo trabalho prestado. Daí a incorreção do item.
IV. INCORRETO.
Segundo o art. 12, VI da lei 8.212/1991, trabalhador avulso é
“quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviços
de natureza urbana ou rural definidos no regulamento”. O erro do item
está em afirmar que o trabalhador avulso possui vínculo empregatício.
______________________________________________________________________
156
b) Não existe vínculo empregatício na espécie, considerando que o labor
prestado possui natureza de trabalho autônomo.
c) Estando presentes as características da relação de emprego, é
legítimo o reconhecimento do vínculo empregatício,
independentemente de eventual penalidade disciplinar prevista no
estatuto da polícia militar.
d) Não restou configurada a relação de emprego, por ausência do
requisito da habitualidade, uma vez que o labor era prestado apenas
durante os horários vagos.
e) O vínculo de emprego entre a empresa “Vou Passar” e Mérvio somente
pode ser reconhecido nos períodos em que ele não estava escalonado na
corporação e em que houve trabalho efetivo em favor da empresa.
Comentários:
Trata-se de questão bastante cobrada nas provas de Direito do
Trabalho. Ela pode ser facilmente resolvida com a aplicação da Súmula
386 do TST: “Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o
reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa
privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade
disciplinar prevista no estatuto do policial militar”.
______________________________________________________________________
Comentários:
Trata-se de questão extraída integralmente das súmulas do TST,
como muitas vezes ocorre em provas de concurso público.
158
em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação
oriunda de direitos e obrigações”.
b) No Direito Processual do Trabalho, diferentemente do Processo Civil
comum, a incompetência relativa pode ser declarada inclusive ex officio,
por força do princípio da proteção.
c) Compete à Justiça Comum pronunciar-se sobre a existência, a
validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público
fundadas em vínculo jurídico-administrativo, salvo no caso em que o
contrato seja temporário ou precário e haja sido extrapolado seu prazo
inicial.
d) A Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido de
empregado público admitido antes da promulgação da Constituição
de 1988, sob regime celetista, e sem concurso público, não obstante
a superveniência de legislação estadual que institui regime jurídico
único.
e) Compete à Justiça do Trabalho apreciar controvérsia envolvendo greve
de servidores públicos, uma vez que o art. 114, II da CF/88 dispõe que
compete à essa justiça especializada processar e julgar as ações que
envolvam exercício do direito de greve, sem fazer qualquer distinção com
relação aos atores envolvidos.
Comentários:
a) INCORRETO.
O art. 63 do NCPC se revela incompatível com as normas de
competência do processo do trabalho, visto que estas são de ordem
pública e, por consequência, não são suscetíveis de modificação pelas
partes. O objetivo do art. 651 da CLT e seus parágrafos é facilitar o acesso
do obreiro hipossuficiente à Justiça do Trabalho, sendo a eleição de foro
incompatível com o processo trabalhista, muito embora não exista
vedação expressa na norma consolidada. Portanto, no âmbito do
processo do trabalho, não poderá ser instituída pelas partes da relação
159
laboral cláusula que preveja foro de eleição em caso de eventual conflito
(Renato Saraiva e Aryanna Manfredini).
b) INCORRETO.
Apesar de o art. 795 da CLT prever a declaração de ofício da
incompetência na Justiça do Trabalho, esse dispositivo deve se
compatibilizar com o 799, que estatui a exceção de incompetência. Assim,
aplica-se a regra do art. 65 do CPC, segundo a qual a competência
territorial que não for arguida por exceção prorroga-se, de forma que não
pode o juiz de ofício decliná-la.
Vale ressaltar, a título de complementação, que existe corrente que
prega a possibilidade de arguição da exceção de incompetência por
preliminar, sendo desnecessária a exceção, em homenagem à celeridade
e simplicidade processual.
c) INCORRETO.
Compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a
validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público
fundadas em vínculo jurídico-administrativo. É irrelevante a
argumentação de que o contrato é temporário ou precário, ainda que haja
sido extrapolado seu prazo inicial, bem assim se o liame decorre de
ocupação de cargo comissionado ou função gratificada. Foi o que restou
decidido pelo STF na ADI 3395, provocando, inclusive, o cancelamento
da OJ 205 do TST.
d) CORRETO.
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar os casos
envolvendo empregados públicos, sob regime celetista. Não há
controvérsia a respeito disso. Com a promulgação da Constituição de
1988 e a instituição do Regime Jurídico Único, diversos entes políticos
instituíram leis regulando o regime estatutário de seus servidores. Nesse
caso, aqueles admitidos sob o regime celetista tiveram seu contrato de
160
trabalho extinto, iniciando-se, então, um novo regime institucional,
regido pela respectiva lei.
Nada obstante, no caso de ser questionado eventual direito relativo
ao período em que vigia o contrato celetista, a competência será da
Justiça do Trabalho, observado o prazo prescricional na espécie. Isso
porque, não ocorre a convolação de um regime no outro, mas a extinção
do contrato de trabalho, com a formação de um novo vínculo jurídico-
administrativo.
Nesse sentido, decisão do TST:
A Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido
de empregado público admitido antes da promulgação da
Constituição de 1988, sob regime celetista, e sem concurso
público, não obstante a superveniência de legislação
estadual que institui regime jurídico único. Na hipótese,
consoante entendimento já consagrado pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.150-2, entendeu-
se que o fato de o Estado do Piauí instituir regime jurídico
único, por meio da Lei Complementar Estadual nº 13, de
3.1.1994, não convola em vínculo estatutário, de forma
automática, o contrato trabalhista anterior, sobretudo em
decorrência da ausência de concurso público, na forma do
art. 37, II, § 2º, da Constituição. Desse modo, tem-se que a
reclamante permaneceu na condição de empregada, mesmo
após a edição da norma estadual, porque embora estável,
nos termos do art. 19 do ADCT, não se submeteu a concurso
público. (TST-E-RR-846-13.2010.5.22.0104, SBDI-I, rel.
Min. Augusto César Leite e Carvalho, 18.6.2015)
e) INCORRETO.
Ao enfrentar a análise da competência, o STF entendeu ainda que,
mesmo diante da aplicação da norma típica dos empregados, a
competência para a análise da greve de servidores públicos recai sobre a
161
Justiça Comum (MI 708/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 25.10.2007,
Tribunal Pleno).
No caso, tal entendimento guarda coerência com a tese firmada na
ADI 3.395-6, no sentido do reconhecimento da competência da Justiça
Comum. Trata-se de compreensão voltada ao estabelecimento da
competência não em função do ato praticado e objeto do litígio, mas da
natureza jurídica da relação no âmbito em que se pratica o ato.
______________________________________________________________________
Comentários:
A questão foi extraída integralmente do art. 651 da CLT, bastante
cobrado em provas de concurso público.
162
a) CORRETO.
b) INCORRETO.
c) INCORRETO.
d) INCORRETO.
e) INCORRETO.
______________________________________________________________________
163
IV. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve
pelos trabalhadores da iniciativa privada.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) I, III e IV apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) todas as assertivas.
Comentários:
I. CORRETO.
Conforme art. 111, I da CF/88, o TST, de fato, é o órgão máximo
da Justiça do Trabalho. No entanto, nada impede a interposição de
recurso extraordinário, desde que ocorra alguma das hipóteses do art.
102, III da CF/88.
II. CORRETO.
Por força do art. 105, I, d da CF/88, o conflito entre vara cível e
vara do trabalho é julgado pelo STJ.
III. CORRETO.
O item está de acordo com o art. 112 da CF, que dispõe: “A lei criará
varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas
por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
respectivo Tribunal Regional do Trabalho”.
IV. CORRETO
A assertiva corresponde à Súmula Vinculante 23 do STF, que
dispõe: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos
trabalhadores da iniciativa privada”.
164
Direito Financeiro, Econômico e Empresarial Público
Comentários:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;
165
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
sede e administração no País.
______________________________________________________________________
166
Comentários:
I – INCORRETO.
1. Intervenção direta:
167
economia mista estatal que atua no ramo financeiro em pé de igualdade
com particulares.
São espécies da intervenção direta:
a) Intervenção por participação é quando o Estado desempenha
atividade típica de agentes econômicos privados, com eles
competindo em igualdade de condições, sem que haja barreiras
legais à entrada de novos competidores naquele setor da economia
impostos pelo governo.
168
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade
garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção
do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros.
A intervenção indireta ocorre:
II – INCORRETO.
Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a
lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional
ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos
e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo
bruto de origem nacional ou de derivados básicos de
petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por
meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás
natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais
nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização
169
poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme
as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta
Constituição Federal.
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais
ou privadas a realização das atividades previstas nos
incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei.
III – INCORRETO.
Art. 173 § 2º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais
não extensivos às do setor privado.
______________________________________________________________________
170
b) A exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, sendo que as empresas públicas e
as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, cabe
aos Estados fixar o horário de funcionamento de farmácias
localizadas na área municipal, a fim de proteger o consumidor e
evitar a dominação do mercado.
d) As empresas públicas e as sociedades de economia mista,
dadas as suas especificidades, beneficiam-se de determinados
privilégios fiscais não atribuídos às empresas privadas.
e) Como forma de estímulo à atração de investimentos de capital
estrangeiro, a CF veda a regulação da remessa de lucros.
Comentários:
171
vedada à Administração Direta a exploração imediata de atividade
econômica.
A segurança nacional estará presente quando a atividade
econômica for importante para a própria continuidade e existência da
nação, possuindo caráter estratégico. O conceito de segurança nacional
é eminentemente político e paradigmático, sendo, pois, um conceito
jurídico indeterminado.
Já interesse coletivo é todo aquele que deve se sobrepor ao interesse
do particular, pertencendo ao rol dos direitos de terceira geração, tendo
caráter metaindividual. Grande exemplo de interesse coletivo e atuação
direta do Estado na economia é o Banco do Brasil S/A, sociedade de
economia mista estatal que atua no ramo financeiro em pé de igualdade
com particulares.
______________________________________________________________________
172
APROFUNDAMENTO
Atividade Econômica Estatal, Subsidiariedade e Interesse Público
(Resumo de texto homônimo escrito por Maurício Carlos Ribeiro)
173
por bem reservar para si, em alguma proporção, a faculdade de atuar diretamente sobre
o domínio econômico, invocando o interesse público, coletivo ou nacional.
174
A atuação econômica estatal, mesmo no âmbito de atividades exercidas em
caráter concorrencial, encontra duplo limite nas ideias de liberdade de iniciativa
econômica dos particulares, por um lado, e na regra legal de competência, por outro. A
intervenção do Estado, então, é subsidiária à iniciativa particular. Há que se ver,
contudo, que também a ideia de monopólio estatal, ao operar – excepcionalmente, como
dito – o deslocamento da atividade econômica para o rol de atribuições do Estado,
importa em um reconhecimento, ainda que implícito, de que a sociedade civil não
poderia lidar satisfatoriamente, levando a esta necessidade.
O princípio da subsidiariedade apresenta-se como inafastável de toda a ideia de
Estado contemporâneo, ao prescrever como estado ideal de coisas a repartição de
atribuições entre Estado e Sociedade, só devendo permanecer com o Estado aquelas
que a coletividade não possa equacionar competentemente. Não existe uma liberdade
de iniciativa econômica pública. É esse princípio de subsidiariedade da atuação estatal
no domínio econômico que torna necessária a fundamentação expressa, com remissão
a “relevante interesse coletivo” ou a “imperativo de segurança nacional”, para justificar
a exploração de atividade econômica pelo Estado, de acordo com o art. 173 da
Constituição da República, sempre autorizada por lei formal. Diz Eros Grau que
“segurança nacional”, para a Constituição de 1988, é conceito completamente distinto
do utilizado pela Emenda Constitucional de 1969 – atualmente refere-se à defesa
nacional, enquanto, no ordenamento passado, cuidava-se de prover a segurança do
Estado contra a sociedade. Trata-se, então, de atividade que importe à defesa do país
contra a agressão estrangeira, o terrorismo, o crime organizado internacional etc. –
como, por exemplo, a indústria de armamentos, setor tradicionalmente privado, mas
que pode ser, por via legislativa, facultado à atuação direta estatal. Neste caso, aliás, a
exigência de lei efetuada pelo art. 173 da Carta de 1988 deve ser entendida como lei
federal, tendo em vista que a segurança nacional é matéria de competência legislativa
privativa da União Federal, de acordo com o art. 22, XXVIII, do texto constitucional. A
expressão “relevante interesse coletivo”, por seu turno, aponta para as necessidades
gerais da coletividade, mormente no que tange às matérias referentes ao ambiente da
economia – promoção do desenvolvimento socioeconômico, satisfação das necessidades
básicas, fornecimento de bens de consumo fundamentais, entre outras. Aqui, ao
175
contrário do que se passa na hipótese anterior, a exigência de lei pelo art. 173 da
Constituição da República deve ser entendida como de lei editada pela União Federal
ou pelos Estados-membros, de acordo com a extensão do interesse coletivo a ser
protegido, uma vez que as matérias de Direito Econômico, de acordo com o art. 24, I
da CR/88, admitem a competência legislativa concorrente entre tais entes federativos.
É de se ver, então, que a fórmula utilizada pelo art. 173 da Constituição de 1988 é de
significativa amplitude, reconduzindo o intérprete à ideia de interesse público,
considerado como o interesse metaindividual, derivado dos direitos fundamentais, cuja
promoção e proteção são cometidas pela sociedade ao Estado, que tem como único fim
sua persecução.
A habilitação do Estado para o exercício de uma atividade econômica prender-
se-á, necessariamente, à satisfação dos interesses cuja persecução lhe tenha sido
atribuída pela sociedade que lhe dá suporte.
Os interesses públicos correspondem à satisfação dos direitos fundamentais,
sendo, portanto, definidos por normas de natureza constitucional, o que corresponde
à ideia de constitucionalização do Direito Administrativo.
A assunção da identidade entre interesses públicos e direitos fundamentais só é
possível com o prévio reconhecimento da aplicabilidade da ideia de ponderação aos
interesses jusfundamentais, na medida em que se defende a ponderabilidade dos
próprios interesses públicos. Desta forma, a legitimação constitucional dada à iniciativa
econômica pública pelo art. 173 da Carta de 1988 revela uma preocupação com a
persecução do interesse público – como, de resto, também o demonstra a preocupação
com a prestação dos serviços públicos, com a regulação ou com a intervenção na
concorrência.
O interesse público em tela, ainda que vinculado à garantia constitucional dos
direitos fundamentais, deverá ser previsto por lei específica – estando, portanto, em
algum nível, sujeito ao variável jogo político.
De todo modo, o princípio do interesse público não é só o justificador da atuação
estatal no domínio econômico, mas também seu limitador. Isto porque o Estado, nas
suas relações com os particulares – e, também assim, no exercício de intervenção sobre
a economia –, não pode elidir a cláusula do interesse público, seja para perseguir
176
interesses outros, não afetos à coletividade, seja para desenvolver uma atividade
compressiva ou limitativa das liberdades e garantias individuais. O legislador, desta
forma, não pode conferir à Administração Pública o exercício de atividades econômicas
em sentido estrito se não houver, subjacente a elas, um interesse público relevante,
nem pode o administrador furtar-se à sua persecução. Assim, encontrando-se
vinculado pelo art. 173 da Constituição da República a orientar a iniciativa econômica
estatal no sentido da persecução do interesse público, não poderá o legislador editar lei
que habilite a Administração a exercer um poder ou competência sem que exista um
interesse público subjacente – caso contrário, incorrerá a norma em flagrante
inconstitucionalidade. Será inválida, por exemplo, a iniciativa econômica estatal que
tenha por único objetivo a aferição de lucro, sem qualquer justificativa ou fundamento
(nem mesmo remoto) na persecução do interesse público; tampouco será válida, nesta
ordem de ideias, a criação de empresa paraestatal sem que a atividade por ela
desenvolvida seja, nesse preciso momento, de interesse público, ou sem que persiga
finalidades públicas, nem se integre aos fins do ente de Direito Público que a instituiu.
O interesse público e o princípio da subsidiariedade, neste sentido, se
apresentam como elementos estruturantes da configuração do setor empresarial do
Estado, justificando o modelo de “economia mista” previsto pela Constituição de 1988
para o Estado brasileiro, que, embora seguidor da doutrina neoliberal e tendendo ao
Estado Gerencial, mantém assegurada, graças ao art. 173 da CR/88, grande
possibilidade de intervenção sobre a economia, como agente explorador de atividades
econômicas em sentido estrito.
179
Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.
180
d) Nenhum enunciado está correto
e) Enunciados I, II e IV estão corretos.
Comentários:
I – INCORRETO.
Não são todas as atividades econômicas que dependem de prévia
autorização dos órgãos públicos. Atente-se ao parágrafo único do artigo
170 da CF/88.
II – INCORRETO.
O erro na questão está em estabelecer que o capital seja nacional.
O inciso IX do artigo 170 traz como princípio o tratamento favorecido para
as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
Portanto, grave:
1 - empresa de pequeno porte;
2 - ser constituída por lei brasileira;
3 - ter sede ou administração no país.
III – INCORRETO.
181
O direito de propriedade não é absoluto e deve ser exercido
conforme a sua função social.
A propriedade privada é condição inerente à livre iniciativa e lugar
da sua expansão, além de direito individual constitucionalmente
assegurado. Sua função como princípio setorial da ordem econômica é,
em primeiro lugar, assegurar a todos os agentes que nela atuam ou
pretendam atuar a possibilidade de apropriação privada dos bens e
meios de produção. Ao mesmo tempo, impõe aos indivíduos em geral
o respeito à propriedade alheia e limita a ação do Estado, que só
poderá restringir o direito à propriedade nas hipóteses autorizadas
pela Constituição da República.
Nada obstante, e superando uma concepção puramente
individualista da propriedade, o texto constitucional estabeleceu que, na
ordem econômica por ele disciplinada, a propriedade deverá ter uma
função social. O conceito é relativamente difuso, mas abriga ideias
centrais como o aproveitamento racional, a utilização adequada dos
recursos naturais, a preservação do meio ambiente, o bem-estar da
comunidade etc.
Esse princípio foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro,
pela primeira vez, com a CR/34, que assegurou o direito de propriedade
com a ressalva de que não poderia ser exercido contra o interesse social
ou coletivo. A partir de então, salvo o silêncio da CR/37, o valor função
social da propriedade incorporou-se de vez à nossa experiência
constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CR/88
(art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182, § 2º e no caput do art. 186),
evidenciando a preocupação em construir um Estado de Direito
verdadeiramente democrático, no qual possuem a mesma dignidade
constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da livre
iniciativa.
O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da
propriedade privada. O conteúdo da função social assume papel
promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas
182
interpretações devem garantir e promover os valores sobre os quais
se funda o ordenamento.
O princípio econômico da função social da propriedade constitui o
fundamento constitucional da função social da empresa e da função
social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o
benefício individual com o coletivo.
A propriedade privada cumpre a sua função social quando, além
de oportunizar a realização da dignidade da pessoa, contribuir para o
desenvolvimento nacional e para a diminuição da pobreza e das
desigualdades sociais.
Não tendo a CR/88 estabelecido nenhuma hierarquia entre os
valores consubstanciados no direito de propriedade e na sua função
social, que estão em permanente tensão, resta ao intérprete/aplicador
resolver os eventuais conflitos à luz do caso concreto, mediante
ponderação, optando, afinal, por aquele cuja prevalência conduzir a uma
decisão correta e justa e, assim, realizar a justiça em sentido material
como referente fundamental da ideia de direito.
Não é errado falar, pelo contrário, é totalmente certo dizer que o
direito de propriedade é legitimado, no Estado Democrático de Direito,
quando atender à função social que se lhe espera.
IV – CORRETA.
A livre iniciativa, juntamente com a valorização do trabalho
humano, são fundamentos do direito econômico. O enunciado encontra-
se correto, pois mesmo sendo fundamentos do direito econômico não os
tornam absolutos ou ilimitados.
A interpretação dos artigos da CF deve ser realizada de maneira
sistemática, a qual requer uma interpretação conjunta dos seus artigos
e não uma leitura isolada de cada artigo.
______________________________________________________________________
183
85. Com base na ordem econômica tratada pela CF/88, assinale a
alternativa correta:
a) A competência para desapropriar imóvel rural para fins de reforma
agrária pertence exclusivamente à União e aos Estados.
b) São imunes a impostos federais, estaduais, municipais e
distritais, as operações de transferência de imóveis desapropriados
para fins de reforma agrária.
c) O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para
cidades com mais de dez mil habitantes, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e de expansão urbana.
d) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e para o
setor privado.
e) Os imóveis públicos são passiveis de usucapião.
Comentários:
184
política de desenvolvimento e de expansão urbana (artigo 182, §1º, da
CF/88).
185
86. “A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à
previsão de receita e à fixação de despesa, não se incluindo na
proibição para abertura de créditos suplementares e contratação de
operação de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei”.
a) Legalidade
b) Universalidade
c) Exclusividade
d) Equilíbrio
e) Proibição do estorno
Comentários:
186
Baleeiro, e passaram a ser expressamente vedadas pelo art. 165, §8º, da
CF/88.
Não obstante, convém destacar que o princípio da exclusividade,
conforme disposto no mesmo artigo, NÃO proíbe a autorização para
abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de
crédito (ainda que por antecipação de receita).
Na primeira hipótese, o objetivo foi o de possibilitar a abertura de
créditos suplementares para despesas não previstas ou
insuficientemente dotadas no orçamento, prática corriqueira no direito
financeiro, tendo em vista que a LOA e a LDO (lei de diretrizes
orçamentárias) não podem prever todos os gastos que surgirão ao longo
do exercício financeiro. Já a segunda exceção prevê a possibilidade de o
ente obter recursos externos pelas vias do endividamento, prática que,
apesar de indesejável, inviabilizaria a execução do orçamento caso fosse
vedada.
Em ambos os casos, apesar de não estarmos diante de uma
previsão financeira em sentido estrito e, assim, indicação dos números
relativos às receitas e despesas, não se verifica a presença de elementos
estranhos ao direito financeiro, já que as duas hipóteses tratam ou de
despesas a serem realizadas, ou de receitas a serem obtidas pelas vias de
empréstimo.
______________________________________________________________________
187
II – O princípio da unidade consagra a necessidade da lei do orçamento
compreender todas as receitas, inclusive as operações de crédito
autorizadas em lei.
III – Apenas por atuação do Poder Constituinte Derivado Reformador é
possível se estabelecer outras vinculações da receita de impostos.
Assinale a alternativa que contém o(s) enunciado(s) incorreto(s):
a) I e II.
b) I
c) II
d) I e III
e) II e III
Comentários:
I – INCORRETO.
O princípio da proibição do estorno determina que o gestor público
não pode repriorizar as ações governamentais através da transposição,
remanejamento ou transferência de recursos sem prévia autorização
legislativa. Veja o que dispõe o artigo 167, VI, da CF/88:
188
quando se tratar de atividade no âmbito da ciência, tecnologia e inovação.
Confira a redação do §5º do artigo 167:
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de
recursos de uma categoria de programação para outra
poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência,
tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os
resultados de projetos restritos a essas funções, mediante
ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia
autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.
II – INCORRETO.
Não se trata do princípio da unidade, mas da universalidade.
Cuidado para não confundir! A universalidade está ligada à ideia de o
orçamento conter todas as receitas e todas as despesas da Administração
(artigo 3º da Lei 4.320/64). Por outro lado, o princípio da unidade
significa que deve existir apenas um orçamento para cada ente da
federação em cada exercício financeiro, ainda que vertido em mais de um
documento, conforme a redação do artigo 2º da Lei 4.320/64. Conforme
destaca Harrison Leite: “não se refere a uma unidade documental, mas
de orientação política” (LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro.
Editora Juspodivm. 3ª edição, p. 70).
III – CORRETO.
O imposto, como uma das espécies tributárias, não possui
vinculação de sua receita a algum órgão, fundo ou despesa. Trata-se da
consagração do princípio da não afetação das receitas de impostos,
previsto expressamente no artigo 167, IV, da CF/88. Nada obstante, o
próprio artigo já elenca algumas exceções. Com efeito, a vedação à
vinculação de receita de impostos é dada pela própria CF/88 e, por
consequência, apenas por meio da emenda constitucional pode-se
estabelecer outras vinculações ou retirar as vinculações já existentes. Em
189
relação aos demais tributos, é possível, em tese, a vinculação, já que o
princípio da não afetação refere-se apenas a impostos.
______________________________________________________________________
Comentários:
190
Letra “c”: INCORRETA.
Trata-se de uma das exceções ao princípio da não vinculação
(artigo 167, IV, da CF/88).
191
Comentários:
I: INCORRETO.
Depende de autorização específica na LDO a admissão ou
contratação de pessoal, EXCETO para as empresas públicas e sociedades
de economia mista. Veja o que dispõe o artigo 169 da CF:
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de
remuneração, a criação de cargos, empregos e
funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem
como a admissão ou contratação de pessoal, a
qualquer título, pelos órgãos e entidades da
administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão
ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
atender às projeções de despesa de pessoal e aos
acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de
diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
II – CORRETO.
Todas as leis orçamentárias são de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo. Veja o que dispõe o artigo 165 da CF:
192
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
III- INCORRETO.
O PPA possui vigência de 04 anos, não coincidente com o mandato
do Executivo.
IV – INCORRETO.
Pegadinha: o PPA estabelece as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal para as despesas DE CAPITAL e outras
delas decorrentes. Muita atenção ao texto da lei.
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e) A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar.
Comentários:
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