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> Fase de adaptação – marcada por tentativas de integração do migrante na economia urbana,
através de biscates, das trocas no Caluquembe Caconda Outras Províncias Fonte: Inquérito
realizado. figura 15 –Proveniência da população por províncias e municípios (%) mercado
informal ou da constituição de um pequeno negócio, que permite a acumulação de poupanças
para o aluguer ou construção de casa própria;
> Fase de instalação – associada à residência em casa própria, alugada ou construída. Nas três
cidades estudadas por ROQUE e ROBSON (2001) a construção de casa própria foi feita em
terreno de familiares (adjacente à habitação principal ou no quintal), por via da aquisição de
terreno ao proprietário ou da “ocupação” de terreno aparentemente vago.
Embora a terra seja, por lei, de propriedade estatal, o facto é que a instalação na cidade
subentendeu por parte do migrante, um “benefício de posse” que, apesar de excluir a prestação
de serviços públicos por parte do Município ou do Governo (infraestruturas e acessos),
pressupôs, com o decurso dos anos, o usufruto por “uso capião” e um enraizamento parcelar
forte.
Outro aspecto a ter em conta é que, na maior parte dos casos, a instalação por “ocupação”
esteve associada a redes de conhecimento pessoal (familiares e conhecidos), a formas de
integração comunitárias (através do Soba ou da Administração de Bairro) ou à passagem de
títulos de residência temporária. A passagem de títulos de propriedade definitivos nunca foi, na
íntegra, assumida por parte das entidades públicas locais. Trata-se, de acordo com HENRIQUES
(1998), de mecanismos contratuais precários sem validade legal. Como se pode observar através
da Figura 17 e do Quadro 17 a maior parte da população estabeleceu--se na cidade há pelo
menos 20 anos em construções essencialmente compostas por adobe e chapa de zinco. Desde
meados dos anos 80 que a utilização de tijolo tem vindo a decrescer por motivos associados ao
contexto de guerra, verificando-se, contrariamente, o aumento das construções em bloco de
adobe e cimento. A tendência observada aponta para uma estruturação de classes fortemente
contrastada pelo rendimento de base e poder de compra. As habitações em bloco de adobe
respondem às necessidades imediatas da população mais pobre, encontrando-se o bloco de
cimento associado às classes de maior rendimento.
A aquisição de edifícios habitacionais esteve sujeita a três regimes (Quadro 18): autoconstrução
(63%), aluguer (22%) e compra (15%). O adobe, o bloco de cimento e a chapa metálica foram
utilizados no regime da autoconstrução, encontrando-se o tijolo associado ao aluguer e compra
(Quadro 19).
A maior parte das residências tem quintal (61%), cozinha (70%), casa de banho (57%) e
electricidade (67%). A casa de banho está normalmente associada a sistemas de descarga
individuais (fossa de despejo) e a electricidade a puxadas ilegais da rede de abastecimento
público. Porém, apenas uma pequena parte dos agregados inquiridos – 34% e 20%,
respectivamente – se encontra servida pela rede de esgotos e abastecimento de água potável. O
número de divisões é, em termos médios, de 5 por residência (Quadro 20).