Vous êtes sur la page 1sur 2

Através do inquérito à população procurou-se validar algumas das hipóteses colocadas ao longo

da análise dos dados estatísticos e identificar padrões quanto às características do agregado


familiar, condições de habitabilidade e aspirações futuras relativamente ao tipo de habitação e
local de residência. Foram inquiridos 12.125 indivíduos, num total de 1.871 agregados
familiares. A amostra seleccionada é representativa da população no que diz respeito à
estrutura etária e sexo. Como se pode verificar através dos Quadros 14 e 15, os grupos etários
mais jovens (< 15 anos e dos 16 aos 25 anos) cobrem 72% da amostra total, verificando-se uma
situação de equilíbrio quanto ao número de homens e mulheres inquiridos (48,8% dos
inquiridos são do sexo masculino e 51,1% do sexo feminino).
Mais de metade da população inquirida (65,9%) frequenta ou está a concluir o ensino básico
(Quadro 16). O aumento do número de crianças escolarizadas na comuna sede tem vindo a
aumentar nos últimos anos comparativamente aos municípios rurais, onde a degradação dos
equipamentos escolares e a falta de professores contribui para o acréscimo da taxa de
analfabetismo. A maior parte da população inquirida (83,4%) é oriunda da Província da Huíla,
nomeadamente dos municípios do Lubango (78,9%), Caluquembe (5,9%) e Caconda (5,2%)
(Figura 15).
De facto, os grandes fluxos migratórios foram, no Planalto da Huíla, fundamentalmente de
âmbito inter-provincial e intra-municipal, não se tendo verificado movimentos migratórios
assinaláveis de outras províncias. De acordo com ANDRADE (1988) e ROBSON e ROQUE (2001), a
integração da população migrante (deslocados por motivos de guerra) na cidade do Lubango
(bem como, nas cidades de Luanda e Huambo) passou por três fases:

> Fase de acolhimento – efectuado por familiares e amigos, em campos de deslocados ou


organizações religiosas, por períodos de algumas semanas a um/dois anos, até à obtenção das
primeiras formas de sustentação económica;

> Fase de adaptação – marcada por tentativas de integração do migrante na economia urbana,
através de biscates, das trocas no Caluquembe Caconda Outras Províncias Fonte: Inquérito
realizado. figura 15 –Proveniência da população por províncias e municípios (%) mercado
informal ou da constituição de um pequeno negócio, que permite a acumulação de poupanças
para o aluguer ou construção de casa própria;

> Fase de instalação – associada à residência em casa própria, alugada ou construída. Nas três
cidades estudadas por ROQUE e ROBSON (2001) a construção de casa própria foi feita em
terreno de familiares (adjacente à habitação principal ou no quintal), por via da aquisição de
terreno ao proprietário ou da “ocupação” de terreno aparentemente vago.

Embora a terra seja, por lei, de propriedade estatal, o facto é que a instalação na cidade
subentendeu por parte do migrante, um “benefício de posse” que, apesar de excluir a prestação
de serviços públicos por parte do Município ou do Governo (infraestruturas e acessos),
pressupôs, com o decurso dos anos, o usufruto por “uso capião” e um enraizamento parcelar
forte.

Outro aspecto a ter em conta é que, na maior parte dos casos, a instalação por “ocupação”
esteve associada a redes de conhecimento pessoal (familiares e conhecidos), a formas de
integração comunitárias (através do Soba ou da Administração de Bairro) ou à passagem de
títulos de residência temporária. A passagem de títulos de propriedade definitivos nunca foi, na
íntegra, assumida por parte das entidades públicas locais. Trata-se, de acordo com HENRIQUES
(1998), de mecanismos contratuais precários sem validade legal. Como se pode observar através
da Figura 17 e do Quadro 17 a maior parte da população estabeleceu--se na cidade há pelo
menos 20 anos em construções essencialmente compostas por adobe e chapa de zinco. Desde
meados dos anos 80 que a utilização de tijolo tem vindo a decrescer por motivos associados ao
contexto de guerra, verificando-se, contrariamente, o aumento das construções em bloco de
adobe e cimento. A tendência observada aponta para uma estruturação de classes fortemente
contrastada pelo rendimento de base e poder de compra. As habitações em bloco de adobe
respondem às necessidades imediatas da população mais pobre, encontrando-se o bloco de
cimento associado às classes de maior rendimento.

A aquisição de edifícios habitacionais esteve sujeita a três regimes (Quadro 18): autoconstrução
(63%), aluguer (22%) e compra (15%). O adobe, o bloco de cimento e a chapa metálica foram
utilizados no regime da autoconstrução, encontrando-se o tijolo associado ao aluguer e compra
(Quadro 19).

A maior parte das residências tem quintal (61%), cozinha (70%), casa de banho (57%) e
electricidade (67%). A casa de banho está normalmente associada a sistemas de descarga
individuais (fossa de despejo) e a electricidade a puxadas ilegais da rede de abastecimento
público. Porém, apenas uma pequena parte dos agregados inquiridos – 34% e 20%,
respectivamente – se encontra servida pela rede de esgotos e abastecimento de água potável. O
número de divisões é, em termos médios, de 5 por residência (Quadro 20).

A dimensão do agregado familiar é actualmente de 6 indivíduos por residência. O conceito de


agregado familiar ainda se encontra muito associado à família tradicional angolana, ou seja, a
um núcleo familiar alargado. No caso da cidade do Lubango, o agregado familiar é
essencialmente composto pais, filhos, sobrinhos e netos, irmãos e cunhados. Em todos os
agregados se verifica o predomínio dos mais jovens, especialmente nos de maior dimensão (6 e
mais pessoas) -Quadro 21. Relativamente à ocupação principal distingue-se, ao nível da amostra
da população residente, dois grandes grupos – por um lado, os estudantes (58,2% das respostas
obtidas), a evidenciar o peso da segunda geração e a fase de grande crescimento demográfico;
por outro, uma grande diversidade de ocupações, por conta própria ou por conta de outrem,
entre as quais se salientam a de vendedor, doméstica, funcionário público, professor, agente de
segurança e protecção, motorista, pedreiro e mecânico emergentes na fase de adaptação à
cidade (Quadro 22).

Vous aimerez peut-être aussi