Vous êtes sur la page 1sur 10

Bacia do Espírito Santo

Rosilene Lamounier França1, Antônio Cosme Del Rey2, Cláudio Vinícius Tagliari1,

Jairo Rios Brandão1, Paola de Rossi Fontanelli1

Palavras-chave: Bacia do Espírito Santo l Estratigrafia l carta estratigráfica

Keywords: Espírito Santo Basin l Stratigraphy l stratigraphic chart

introdução A primeira estratigrafia formal da Bacia do


Espírito Santo foi apresentada por Asmus et al. (1971),
seguida de várias alterações, culminando com a car-
A Bacia do Espírito Santo está situada no Estado ta apresentada por Vieira et al. (1994).
do Espírito Santo, delimitada a sul com a Bacia de Cam- Este trabalho resume o conhecimento adqui-
pos, através do Alto de Vitória, e a norte com a Bacia de rido desde a sua última publicação, enfatizando a
Mucuri. Possui uma área explorável de aproximadamente
cronoestratigrafia. Entretanto, os princípios litoestra-
41.500 km2, dos quais 3.000 km2 referem-se à bacia
tigráficos que embasam este trabalho seguem os
terrestre, considerando a fronteira leste coincidente com
mesmos estabelecidos na última edição da carta es-
o limite crosta continental/oceânica. A existência do Banco
de Abrolhos, a leste, atribui à bacia uma fisiografia par- tratigráfica (Vieira et al. 1994).
ticular, evidenciada por um alargamento da plataforma
continental, que de uma média de 40 km de largura a
sul alcança cerca de 240 km na porção centro-norte.
O conhecimento adquirido ao longo de 50
anos de exploração, com centenas de poços ex- embasamento
ploratórios e inúmeras linhas sísmicas 2D e 3D, nas
porções terrestre e marinha de águas rasas, profun- O embasamento está localizado a sudeste do
das e ultraprofundas, somado a contínua integração Cráton do São Francisco e faz parte da Faixa Araçuaí,
de novos dados, foram fundamentais para a atuali- integrando o setor norte da Província da Mantiqueira.
zação da Carta Estratigráfica da Bacia. É constituído de rochas infracrustais, representadas por

1
Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Espírito Santo/Exploração/Avaliação de Blocos e Interpretação
Geológica e Geofísica e Ring Fence – e-mail: rosilene.l@petrobras.com.br
2
Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Espírito Santo/Engenharia de Produção/Caracterização e
Estudos Especiais de Reservatórios

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007 | 501


migmatitos, granulitos, gnaisses granatíferos e granitóides, na sísmica e poços que atingiu toda a bacia no final do
pertencentes ao Cráton do São Francisco, cujas rochas de andar Jiquiá, (Discordância Alagoas) denominada
idade arqueana, foram retrabalhadas parcialmente nos ci- “Discordância Pré-Alagoas” (Dias, 2005).
clos Transamazônico e Brasiliano. A Formação Cricaré é composta pelos Mem-
Vários poços, principalmente terrestres, bros Jaguaré e Sernambi. O Membro Jaguaré englo-
amostraram o embasamento, inclusive alguns deles com ba a fácies mais clástica, intercalada por rochas vul-
testemunhagens. No entanto, este não foi atingido na cânicas e vulcanoclásticas da Formação Cabiúnas,
porção média e distal da bacia submersa, por encon- enquanto o Membro Sernambi representa a predo-
trar-se a grandes profundidades. minância de folhelhos, carbonatos e margas.
Durante a deposição desta seqüência predo-
minava um ambiente lacustre, onde nas bordas dos
falhamentos desenvolviam-se sistemas de leque alu-
vial e fluvial e, eventualmente, nos altos estruturais
Superseqüência Rifte formavam-se coquinas e fácies associadas.
As intercalações vulcânicas da Formação Ca-
biúnas se intensificam principalmente na porção ba-
Nesta época (Valanginiano ao Aptiano Inferior)
sal. As datações realizadas pelo método K/A forne-
predominava um ambiente lacustre com contribuição
cem idades entre 118 e 136 Ma, o que inclui os
fluvial e aluvial nas bordas dos falhamentos, enquanto
basaltos na Seqüência K20.
que nos altos estruturais internos depositaram-se coquinas
A ocorrência dessa seqüência está restrita às por-
e outros carbonatos. Os diversos pulsos tectônicos estão
ções mais profundas dos Paleocânions de Fazenda Ce-
registrados por conglomerados sintectônicos de bordas
dro, Regência e Plataforma de Regência, tendendo a
de falhas, bem como vulcânicas da Formação Cabiúnas.
um maior espessamento e aprofundamento em direção
à porção marinha. Por esta razão, foi bem amostrada
Seqüência K20 na parte proximal. Estima-se, a partir de dados sísmicos
existentes, que toda a seção da Formação Cricaré pode
chegar a espessuras em torno de 3.500 m.
Representa a base do Grupo Nativo, Formação
Cricaré, que são os sedimentos mais antigos da Bacia do
Espírito Santo, depositados durante o Valanginiano. É li-
mitada na base pela discordância definida pelo contato
das rochas do Cretáceo Inferior com o embasamento pré-
cambriano, enquanto que o topo é representado por uma
Superseqüência Pós-Rifte
discordância erosiva, dentro da Formação Cricaré
(Discordância Intracricaré), detectável em poços na parte
terrestre da bacia.
Seqüência K40
É composta por arenitos médios a conglomeráticos e
conglomerados com seixos de rochas metamórficas com Corresponde à porção basal da Formação Ma-
matriz feldspática (Membro Jaguaré), que para porções mais riricu, compreendendo o Membro Mucuri, deposita-
distais gradam para litologias mais argilosas (Membro do durante o Eo e Mesoaptiano (correlacionado ao
Sernambi). Ocorrem intercalações de derrames basálticos, Andar local denominado Alagoas Inferior a Médio).
parcialmente alterados, vulcanoclásticas e tufos vulcânicos Limita-se na base pela Discordância Alagoas e no
da Formação Cabiúnas. topo pelo contato com a seção evaporítica que tam-
bém é discordante (Discordância Base dos Evaporitos).
Na Seqüência K40 encontram-se os sedimen-
Seqüência K30 tos mais basais da Formação Mariricu, identificados
através de ostracodes em poços na porção terrestre,
A Seqüência K30 encontra-se no mesmo pacote separados da seção média/superior do Alagoas por
sedimentar que a seqüência anterior. Corresponde à uma discordância intra-alagoas, reconhecida nos tra-
porção média e superior da Formação Cricaré, cujo limi- balhos de Vieira et al. (1994) e Dias (2005).
te inferior é representado pelo contato discordante A porção média/superior da Formação Mariricu/
(Discordância Intracricaré) com a Seqüência K20 e o su- Membro Mucuri é bem amostrada na bacia terrestre,
perior marcado por uma ampla discordância, identificada principalmente por poços e testemunhos. A partir des-

502 | Bacia do Espírito Santo - França et al.


ses dados, Vieira (1998) identificou três seqüências,
separadas por discordância angular, que podem ser
Seqüência K50
estendidas até a porção rasa da bacia, quais sejam:
Corresponde aos evaporitos do Membro Itaúnas,
• seqüência basal controlada por intenso parte superior do Grupo Nativo/Formação Mariricu, deposi-
tectonismo remanescente, ainda da fase rifte. tados durante o Andar Aptiano (Alagoas Superior).
Representa as fácies média a distal de leques Está limitada, na base, pela discordância que
aluviais e das fácies mais proximais do sistema marcou o topo das seqüências neo-aptianas e, no topo,
fluvial entrelaçado. É caracterizada por pela discordância ocorrida antes da deposição do Grupo
ortoconglomerados polimíticos na base, Barra Nova.
gradando para arenitos arcoseanos grossos, pas- Sob condições de uma bacia restrita e com alta eva-
sando a arenitos finos e siltitos, culminando com poração, ocorreu a precipitação de espessos depósitos de
um nível de anidrita e/ou carbonato brechado. anidrita e halita, em uma superfície peneplanizada durante
Seu limite com a seqüência intermediária se faz a fase de quiescência tectônica.
através de uma discordância angular; Provavelmente, as halitas depositaram-se, preferen-
cialmente, nas porções centrais da bacia, enquanto que
• a seqüência intermediária, representada por nas bordas, mais sujeitas à erosão, predominavam as
um afogamento progressivo dos leques e do anidritas, carbonatos e, subordinadamente, as halitas.
sistema fluvial da seção inferior, é composta Vieira (1998) identificou quatro seqüências depo-
por arenitos basais, sílticos e arenitos finos a sicionais, compondo o pacote das anidritas, separadas
muito finos. Seu limite superior é definido por por três níveis síltico-argilosos, correlacionáveis ao longo
uma camada de anidrita ou carbonato, que de toda a bacia, representando o registro de pequenas
define uma discordância angular em alguns transgressões marinhas.
pontos da bacia. A variação das isópacas ain- A seqüência é tipicamente evaporítica com calcários
da mostra certa influência de altos do emba- e anidritas nas partes proximais a oeste e halita nas partes
samento na sedimentação; mais centrais da bacia. Podem ocorrer localmente dolomitos/
calcários e raras laminações de anidritas.
• a seqüência superior, formada a partir de um
O tempo estimado de deposição das halitas é em
sistema de lagunas com planícies lamosas que
torno de 0,6 Ma (Dias, 2005), com taxa de deposição
evolui para o ambiente evaporítico do tipo
incerta devido à sua característica de fluir e espessar-se
sabkha. Localmente ocorrem arenitos finos a
em direção ao depocentro da bacia.
grossos, representando depósitos de praias e
As espessuras do Membro Itaúnas variam de 50 m
planícies arenosas do sistema lagunar. O con-
na parte emersa, onde predominam anidritas, podendo
tato superior é discordante com os evaporitos
chegar a mais de 5.000 m de halita nas províncias de
do Membro Itaúnas. diápiros e muralhas em direção às águas profundas e
A deposição continental predominou nas por- ultraprofundas (França e Tschiedel, 2006).
ções mais proximais da bacia terrestre e na água rasa, A movimentação da halita contida nessa super-
manifestando-se através de sistemas deposicionais seqüência foi de grande importância na formação de
dominados por leques aluviais e canais fluviais. barreiras e baixos estruturais, que controlaram a deposi-
Por outro lado, a parte distal é marcada pela ção de sedimentos arenosos das seqüências sobrepos-
passagem gradativa de sistemas deposicionais con- tas, bem como na formação de estruturas positivas que
tinentais para transicionais, depositados em ambiente propiciaram a ocorrência de trapas.
raso, sob relativa quiescência tectônica que se tra-
duz em intercalações plano-paralelas de folhelhos
esverdeados, calcilutitos e arenitos finos.
Observa-se um espessamento do Membro
Mucuri para leste, em direção ao depocentro da ba-
Superseqüência Drifte
cia. Sua espessura foi estimada através de seções
sísmicas, podendo chegar a 2.000 m. Seqüência K62
Sua ocorrência é ampla em toda a bacia, es-
tando ausente na parte oeste, próximo ao limite Corresponde ao Grupo Barra Nova composto pe-
exploratório, onde os sedimentos do Membro Mu- las Formações São Mateus (predominância de arenitos)
curi acunham-se contra o embasamento. e Regência (calcários de alta a baixa energia).

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007 | 503


A deposição dos sedimentos do Grupo Barra Nova sionando a formação de “jangadas”, principalmen-
iniciou-se com a sedimentação em um ambiente ainda te na porção central da bacia. Uma ampla discor-
com características de mar epicontinental, herdada da fase dância instalou-se no final do Albiano, a Discordân-
evaporítica. Nesse estágio, as variações relativas do nível cia Pré-Urucutuca (DPU), responsável pela escava-
do mar condicionavam a deposição dos estratos por gran- ção dos paleocânions de Regência e Fazenda Ce-
des extensões. As litologias alternavam-se em depósitos dro, ambos localizados na porção terrestre, esten-
de arenitos, siltitos, folhelhos, calcarenitos oolíticos e dendo-se para a parte marinha rasa da bacia.
bioclásticos, calcilutitos e calcissiltitos com ostracodes, Esta discordância é mais significativa na por-
miliolídeos, pelecípodes e gastrópodes. Esta sucessão de ção emersa. À medida que se avança para águas
fácies, que principia com folhelhos, siltitos e carbonatos profundas, a passagem da Sequência K64-K70 para
variando para arenitos em direção a parte superior, é bem a K82-K86 tende a ser gradacional.
caracterizada na porção proximal da bacia (Tagliari, 1993). A Seqüência K64-K70 foi perfurada por uma
Após esta fase inicial, de mar com características centena de poços na bacia terrestre, tornando-se
epicontinentais, a bacia grada paulatinamente para uma escassa suas amostragens em direção ao depocentro
morfologia de rampa com gradiente suave, com a dispu- da bacia, devido às altas profundidades alcançadas.
ta entre terrígenos e carbonatos com predomínio dos pri-
meiros. Existe uma tendência à concentração de Seqüência K82-K86
siliciclásticos nas porções mais proximais e carbonatos nas
áreas distais. Esta fase culmina com uma discordância A Seqüência K82-K86 representa um afoga-
erosiva, que marca o fim da palinozona P280B, reconhe- mento da plataforma carbonática, iniciado no Ceno-
cida tanto sismicamente quanto na análise de rocha e maniano, ocorrendo seu ponto culminante no
paleontologia na bacia terrestre e, provavelmente, na Turoniano. Ela é retrogradante e foi depositada em
parte marinha rasa (Tagliari, 1993). onlap sobre a DPU, discordância angular, facilmente
identificada na porção proximal, chegando a uma
Seqüência K64-K70 concordância relativa na água profunda.
Ela representa a base da Formação Urucutuca
do Grupo Espírito Santo, composta por folhelhos cin-
Após esta fase inicial do Albiano (palinozona P-280B),
za-escuros, calcíferos e arenitos turbidíticos. Localmen-
segue-se uma seqüência que registra a continuação da bus-
te, na seção basal da Seqüência K82-K86, encontram-
ca pelo espaço de deposição entre siliciclásticos e carbona-
se brechas carbonáticas, resultado do retrabalhamen-
tos nas partes proximais da bacia, com predominância dos
to da plataforma carbonática do Albiano, com matriz
carbonatos nas porções mais distais. Neste estágio, a plata-
lamosa, datadas do Cenomaniano, denominada in-
forma em rampa apresenta um gradiente mais acentuado,
formalmente de “Seqüência” Comboios. No entan-
com uma tendência a uma maior segregação das fácies. A
to, por ter uma ocorrência muito local, mais precisa-
alternância de caráter marcantemente cíclico das fácies
mente no bloco baixo da Plataforma de Regência,
carbonáticas e siliciclásticas (conhecida com maior
não foi individualizada neste trabalho.
conspicuidade na Plataforma de Regência) permite inferir
A Seqüência K82-K86 é predominante na parte
uma freqüente variação relativa do nível do mar, ao longo submersa e bastante restrita na porção terrestre. Entre-
de todo o Albiano, agindo no sentido de segregação das tanto, está representada, localmente, nas porções basais
diversas faciologias registradas, desde o ambiente continen- dos paleocânions de Fazenda Cedro e Regência além
tal proximal até o marinho de plataforma (Tagliari, 1993). de uma calha remanescente na Plataforma de Regên-
Na Plataforma de Regência, ao sul do Paleocâ- cia. Essa calha está preenchida por folhelhos, calcilutitos
nion de Cedro, observa-se uma grande discordância e arenitos da Formação Urucutuca. São sedimentos de
angular erosiva na parte superior da Seqüência Albiana, fácies relativamente proximais, representando condições
dominantemente carbonática. neríticas e, por vezes, deformados pela tectônica salífera.
Poços perfurados na porção submersa na área Na Seqüência K82-K86 ocorre um evento
centro-sul da bacia tem mostrado freqüente intercala- anóxico, que registra o máximo afogamento desta se-
ção entre siliciclásticos e carbonatos, tal qual constata- qüência, caracterizado pela presença de folhelhos es-
se na Plataforma de Regência. curos, radioativos e de baixa velocidade sônica. Predo-
A partir do topo da K64-K70, que representa o minam pelitos, mas alguns arenitos podem ser encon-
topo do Grupo Barra Nova (Albiano), muda acentuada- trados, especialmente na porção distal da bacia.
mente o estilo tectônico da bacia. O basculamento con- A Seqüência K82-K86 é muito restrita na ba-
tínuo para leste devido à subsidência térmica causou o cia terrestre, onde foi amostrada por poucos poços,
lento escorregamento dos sais solúveis sotopostos, oca- sendo mais espessa na parte distal da bacia. Seu

504 | Bacia do Espírito Santo - França et al.


limite superior é mostrado por uma discordância na sedimentar que alimentou os turbiditos encontrados nas
base do Conianciano (Discordância Turoniano). porções mais distais da bacia.
O Turoniano é, em geral, delgado, pouco expres-
sivo na parte terrestre devido à erosão. Porém, está re-
gistrado localmente em alguns poços nos paleocânions
Seqüências do Paleógeno
e no bloco baixo da Plataforma de Regência.
Durante o Paleógeno, a Bacia do Espírito Santo
sofreu nova fase tectônica, o que provocou rebaixamento
Seqüência K88 do nível do mar devido à ocorrência de expressivos even-
tos como o soerguimento da Serra do Mar, vulcanismo de
Corresponde à Formação Urucutuca deposi- Abrolhos e a contínua halocinese, controlando cada vez
tada do Coniaciano ao Santoniano, em padrão re- mais a distribuição das areias provenientes de noroeste.
trogradante. É predominantemente pelítica e os are- O Vulcanismo de Abrolhos foi um evento magmático
nitos turbidíticos presentes estão localizados, princi- de grandes proporções, envolvendo cerca de dois terços da
palmente, nas desembocaduras dos Paleocânions de Bacia do Espírito Santo, parte submersa, e que influenciou,
Fazenda Cedro e Regência, apresentando um certo fortemente, a sedimentação das Seqüências do Paleógeno.
controle deposicional através de calhas criadas pela Estudos anteriores indicam que o período de maior ativida-
halocinese. Seu limite inferior é marcado por discor- de vulcânica foi entre 59 e 37 Ma.
dância melhor observada na parte proximal e identi- O Paleógeno pode ser dividido em quatro seqüên-
ficada na bacia até a região distal da bacia. cias de segunda ordem, depositadas dentro do Trato de
Mar Baixo, denominadas informalmente de Seqüências
Seqüência K90-K100 “Lagoa Parda”, “Império”, “Cangoá” e “Peroá”. Embora
os ciclos tenham um caráter global, a intensidade do seu
desenvolvimento sofreu forte influência dos fatores já rela-
Engloba os sedimentos da Formação Urucu-
cionados no parágrafo anterior.
tuca de idade eo a meso-campaniana. Predominam
folhelhos e arenitos turbidíticos, cujos limites inferior
e superior são, respectivamente, a discordância Cam- Seqüência E10-E30
paniana a discordância Intra-campaniana.
Com a contínua subsidência e basculamento da É uma seqüência retrogradante englobando os se-
bacia, ocorre a sedimentação de uma espessa seção dimentos do Paleoceno e Eo-Eoceno (informalmente de-
retrogradante. Os corpos turbidíticos ainda apresentam nominada “Seqüência Lagoa Parda”), sendo seus limites
uma forte influência dos Paleocânions de Fazenda Ce- inferior e superior definidos, respectivamente, pela
dro e Regência entre o Coniaciano e o Meso-Campa- discordância do Paleoceno e pela discordância do Eoceno
niano, limitados por uma discordância Intracampaniana, Inferior no topo. Internamente, observa-se uma superfície
que os separa da seqüência superior. de máxima inundação representada por calcilutitos.
No topo dessa seqüência, os folhelhos e arenitos
Seqüência K110-K130 mostram um padrão offlap na porção proximal, gradando
a subparalelo a plano em direção à porção intermediá-
ria do depocentro da bacia, indicando soerguimento da
Refere-se aos sedimentos da Formação Urucu-
borda da bacia.
tuca dos andares Neo-Campaniano a Maastrichtiano.
Encontra-se bem distribuída na parte terrestre (nos
Seu limite inferior é marcado pela discordância Intra-
paleocânions de Regência e Fazenda Cedro e na Plata-
campaniano, e o superior por uma ampla discordância
forma de Regência) e na porção marinha, principalmen-
que atingiu toda a bacia, facilmente identificável nos
te na água rasa.
poços e seções sísmicas que é a passagem do Cretáceo
Durante a deposição desta seqüência começam a
para o Paleógeno (Discordância Paleoceno).
surgir as primeiras manifestações do vulcanismo de Abro-
Predominam folhelhos, arenitos e, nas porções
lhos através de derrames intermitentes.
mais distais, margas. Os turbiditos encontrados são
mais expressivos na base, ocorrendo uma diminuição
dos mesmos à medida que se aproxima do Maastri- Seqüência E40-E50
chtiano, embora haja uma concentração de turbiditos
maastrichtianos, canalizados nos paleocânions de Esta seqüência (informalmente denominada como
Cedro e Regência (parte terrestre). Estes paleocânions “Seqüência Império”) depositou-se discordantemente so-
foram os principais condutos responsáveis pelo aporte bre os sedimentos da seqüência anterior em onlap na

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007 | 505


plataforma rasa e downlap nas partes distais, seguidos substrato marcado por altos e baixos estruturais como
de truncamento erosional no topo. conseqüência do tectonismo das fases anteriores, mar-
A presença de espessos pacotes de corpos arenosos cados por compressões, vulcanismo e halocinese. Este
na base dessa seqüência está relacionada a um forte aporte tectonismo gerou calhas e barreiras por onde se deposi-
de siliciclásticos ocorrido a partir das bordas (principalmente taram os corpos turbidíticos desta seqüência.
nos Paleocânions de Fazenda Cedro e Lagoa Parda), prova- Ainda se observam as progradações de car-
velmente devido ao soerguimento da Serra do Mar e ao bonatos detríticos e vulcanoclásticas provindas das
Vulcanismo de Abrolhos. Os mais espessos corpos turbidíticos partes distais (Banco de Abrolhos) em direção ao con-
foram depositados dentro de um trato de mar baixo, na tinente, contrapondo-se a progradação da cunha
forma de sistemas canalizados e leques de assoalho. clástica vinda de leste, controlados pela migração
Registra-se também a ocorrência de rochas vul- da quebra da plataforma e pela halocinese.
cânicas ao nível da discordância do Eoceno Inferior, evi- Os turbiditos aí encontrados são corpos
denciando instabilidade crustal. Nesta seqüência verifi- acanalados que se depositaram no trato de mar bai-
ca-se a mais intensa atividade vulcânica registrada, xo, cuja fonte consistiu, predominantemente, de ro-
marcada por derrames intercalados a arenitos turbidíticos, chas retrabalhadas de seqüências subjacentes.
folhelhos e carbonatos. O topo desta seqüência é marcado por uma
Nesta fase de intensas manifestações magmáticas, discordância, gerada pelo rebaixamento ocorrido no
houve um soerguimento na área onde se instalou o Banco
Oligoceno Superior (Chatiano), que também coinci-
de Abrolhos (porção média/distal da Bacia). Esta área
de com um rebaixamento eustático descrito por Vail
soerguida condicionou o desenvolvimento de uma pla-
(1977) e Haq (1987) apud Biassusi (1996).
taforma carbonática rasa, formando calcários da Forma-
Da mesma maneira que a seqüência anterior,
ção Caravelas por sobre o substrato de Abrolhos.
esta seqüência apresenta-se melhor representada na
O resultado é a formação de uma sub-bacia
porção emersa (águas rasas), amostrada por uma
meso-oceânica, confinada, pelo lado oeste através do
dezena de poços.
embasamento e, a leste, pela presença do edifício
vulcânico e os carbonatos.
Desta maneira, a sub-bacia recebeu contribuição Seqüência E80-N10
de duas áreas fontes: pela contribuição natural da área
soerguida a oeste e pela progradação de vulcanoclásticos
e calcários detríticos vindos de leste (Biassusi, 1996). Esta seqüência está limitada na base por uma
O limite superior dessa seqüência é marcado por uma discordância gerada por um rebaixamento ocorri-
ampla discordância angular, bem identificado na porção terres- do no final do Oligoceno Inferior (Chatiano) e seu
tre e denominada “Discordância Pré-Eoceno Superior’ (DPES). limite superior é a discordância do Mioceno Infe-
Esta discordância é correlacionada ao evento rior (informalmente denominada “Seqüência Pe-
eustático, ocorrido há 40 Ma, de grande importância na roá”). A Seqüência E80-N10 apresenta um notá-
peneplanização da bacia, sobretudo nas áreas proximais, vel padrão sigmoidal.
inclusive no embasamento. Na área submersa, sua ca- Durante a deposição desta seqüência, o eixo
pacidade erosiva se restringiu às partes superiores do deposicional permaneceu com a direção sul/sudes-
Eoceno Inferior, transformando-se, nas partes distais, em te. Arenitos turbidíticos desenvolveram-se na forma
uma concordância correlativa. de sistemas canalizados, controlados pela existência
Esta seqüência é bem amostrada por poços tanto de domos e inversões.
na parte emersa quanto na submersa.
Seqüência N20-N30
Seqüência E60-E70
Ela corresponde na base aos sedimentos do
Esta seqüência (informalmente denominada “Se- Mioceno Inferior, andares Burdigaliano e, no topo,
qüência Cangoá”) foi depositada sobre a “Discordân- aos sedimentos do Mioceno Médio (Langhiano/Ser-
cia Pré-Eoceno Superior” e que constitui o seu limite infe- ravaliano). Inclui as formações Rio Doce, Caravelas
rior. Ela apresenta o aspecto sigmoidal com base marcada e Urucutuca. São compostos, na porção terrestre,
por downlaps nas fácies mais distais e onlap nas proximais. principalmente, por arenitos da Formação Rio Doce
A Seqüência E60-E70, embora tenha se formado em e calcarenitos bioclásticos da Formação Caravelas
uma fase de quiescência tectônica, depositou-se em um (porção média proximal), além de folhelhos e areni-

506 | Bacia do Espírito Santo - França et al.


tos turbidíticos da Formação Urucutuca nas partes
médias e distais da bacia. Diamictitos ocorrem na referências bibliográficas
base de talude e margas predominam nas porções
de águas profundas a ultraprofundas. ASMUS, H. E.; GOMES, J. B.; PEREIRA, A. C. B. Integração
geológica regional da Bacia do Espírito Santo. In: CON-
Seqüência N40 GRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 25., 1971, São Pau-
lo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia,
1971. v. 3, p. 235-252.
No estudo da Bacia do Espírito Santo depara-se
com um alto grau de dificuldade na identificação de
superseqüências mais jovens. O fato é que há um pre- BIASSUSI, A. S. Análise estratigráfica do terciário in-
domínio de areias adentrando cada vez mais na bacia, ferior da Bacia de Espírito Santo. 1996. 84 p. Tese
interdigitando-se com calcarenitos da Formação Cara- (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
velas e passando a argilitos na água profunda. Porto Alegre,1996.
Sua deposição paleogeográfica estabeleceu
a configuração atual da bacia. Portanto, encontram- DIAS, J. L. Tectônica, estratigrafia e sedimentação no
se no talude, diamictitos resultantes do desmorona- Andar Aptiano da margem leste brasileira. Boletim de
mento da plataforma e argilitos com incipiente com- Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 13, n.1,
pactação da seção pelítica. p.7-25, nov. 2004/maio 2005.
A Seqüência N40 é limitada na base pela dis-
cordância do Mioceno Superior e no topo pela dis- FRANÇA, R. L.; TSCHIEDEL, F. E. Os evaporitos das Ba-
cordância do Plioceno. cias do Espírito Santo e Mucuri: sedimentação e tectôni-
ca In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 43., 2006,
Seqüência N50 Aracaju. Anais. Bahia: Sociedade Brasileira de Geolo-
gia, 2006. p. 93.

Corresponde aos sedimentos do Plioceno, re-


presentada pelas formações aflorantes Barreiras e MORAIS, R. M. O. Sistemas fluviais terciários na
Rio Doce. A primeira, depositada em ambientes con- área emersa da Bacia do Espírito Santo (formações
tinentais fluvio/aluviais e, a segunda, continental/ Rio Doce e Barreiras). 2007. 144 p. Tese (Doutorado)
transicional/marinho raso. Nas partes distais consta- – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janei-
tam-se alguma intercalação com calcarenitos da For- ro, 2007.
mação Caravelas, próximo à quebra da plataforma.
No sopé do talude, constatam-se diamictitos, resul- TAGLIARI, C. V. Evolução das sequências Mistas
tantes do desmoronamento da plataforma, além de (Siliciclásticas e Carbonáticas) sob a influência da
argilitos. É comum a formação de cânions recentes, Halocinese Durante o albo-Aptiano da Plataforma
principalmente na quebra da plataforma. de Regência, Bacia do Espírito Santo. 1993. 159 p.
Segundo Morais (2007), as formações Rio Tese (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande
Doce e Barreiras representam pacotes distintos devi- do Sul, Porto Alegre, 1993.
do a uma série de evidências observadas no campo,
referentes ao grau de litificação ocorrente nos sedi- VIEIRA, R. A. B.; MENDES, M. P.; VIEIRA, P. E.; COSTA,
mentos da Formação Rio Doce, o que indica trans- L. A. R.; TAGLIARI, C. V.; BACELAR, L. A. P.; FEIJÓ, F. J.
formações diagenéticas não verificadas na Forma- Bacias do Espírito Santo e Mucuri. Boletim de
ção Barreiras, além de contato erosivo. Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p.
191–202, jan./mar. 1994.
Seqüência N60
VIEIRA, R. A. B. Análise estratigráfica e evolução
A Seqüência N60 ocorre na parte emersa da paleogeográfica da seção Neoaptiana na Porção Sul
bacia, constituída pelos sedimentos de planícies pró- da Plataforma de São Mateus, Bacia do Espírito San-
ximo à foz dos rios São Mateus e, principalmente, do to, Brasil. 1998. 158 p. Tese (Mestrado) – Universidade
Rio Doce e por cordões litorâneos ao longo da costa. Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007 | 507


BACIA DO ESPÍRITO SANTO

SEDIMENTAÇÃO
NATUREZA DA
LITOESTRATIGRAFIA
GEOCRONOLOGIA AMBIENTE
DISCORDÂNCIAS
Ma DEPOSICIONAL
FORMAÇÃO MEMBRO
ÉPOCA IDADE
0
FLUVIAL A MARINHO
PROFUNDO

80
EO ZAN C LE AN O
BAR
NEÓGENO

ME S S I N I AN O
NEO

MARINHO / CONTINENTAL
10 T OR T O N IA N O

S E R R AVAL IA N O
MESO

COM MAGMATISMO ASSOCIADO


FLUVIAL/PLATAF. RASA/TALUDE/
LAN G H I AN O

B U R D I GAL IA N O
EO
20
AQU I TAN IA N O

PROFUNDO
NEO C HAT T IAN O

30
EO RU P E L IA N O

NEO P R I AB O N I AN O
PALE Ó G E NO

BAR T O N I AN O
40
EOCENO

MESO
L UT E T I AN O

50
EO Y P R E S I AN O
PALEOCENO

T HAN E T I AN O
COM MAGMATISMO ASSOCIADO

NEO
60 S E LAN D I AN O

EO DAN I AN O
PROFUNDO

70
( SEN O NIANO )

CAM PA N IAN O
MARINHO

80
NEO

SAN T O N I AN O

C O N I AC I AN O
90
T U R O N I AN O

C E N O MA N IA N O

100
REGÊNCIA
CRETÁCEO

PLATAFORMA
( GÁ LI CO )

AL B I AN O
RASA
SÃO MATEUS
110
RESTRITO

SABKA/FLÚVIO-
ALAGOAS DELTAICO
APTIANO
120
CONTINENTAL
EO

JIQUIÁ I
CABIÚNAS

BARRE- BURACICA MB
MIANO RNA
130
ALUVIAL/FLÚVIO- SE
ARAT U LACUSTRE
( NE OC O MIANO )

HAUTE- VULCANISMO
RIVIANO ASSOCIADO JAGUARÉ
VALAN-
GINIANO RIO
140 DA
SERRA
BERRIA-
SIANO
DOM
TITHO- JOÃO
NIANO
150
542
E M BASAM E N T O

508 | Bacia do Espírito Santo - França et al.


B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007 | 509

Vous aimerez peut-être aussi