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Bacia de Santos

Jobel Lourenço Pinheiro Moreira1, Cláudio Valdetaro Madeira2, João Alexandre Gil3,

Marco Antonio Pinheiro Machado3

Palavras-chave: Bacia de Santos l Estratigrafia l carta estratigráfica

Keywords: Santos Basin l Stratigraphy l stratigraphic chart

introdução embasamento
A Bacia de Santos situa-se na região sudeste O embasamento cristalino da Bacia de Santos
da margem continental brasileira, entre os paralelos aflorante na região de São Paulo é caracterizado por
23o e 28o Sul, ocupando cerca de 350.000 km2 até a granitos e gnaisses de idade pré-cambriana perten-
cota batimétrica de 3.000 m. Abrange os litorais dos centes ao Complexo Costeiro e metassedimentos da
Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e San- Faixa Ribeira.
ta Catarina, limitando-se ao norte com a Bacia de O embasamento econômico da Bacia de San-
Campos pelo Alto de Cabo Frio e ao Sul com a Bacia tos é definido pelos basaltos da Formação Camboriú,
de Pelotas pela Plataforma de Florianópolis. que cobrem discordantemente o embasamento pré-
A litoestratigrafia da Bacia de Santos foi inicial- Cambriano, constituindo a Seqüência K20-K34.
mente definida na década de 70. Em seguida, Perei- Uma importante feição do embasamento da
ra e Feijó (1994), com poucos poços disponíveis, es- bacia é a charneira cretácica ou charneira de Santos
tabeleceram um excelente arcabouço crono-estrati- que limita os mergulhos suaves do embasamento a
gráfico em termos de seqüências deposicionais. oeste, dos mais acentuados a leste. A sedimentação
Este trabalho visa atualizar o arcabouço crono- cretácica ocorre somente costa afora dessa feição.
litoestratigráfico da bacia com ênfase na individuali- O limite da crosta oceânica com a crosta continental
zação em seqüências deposicionais, em função do estirada ocorre imediatamente a leste da feição
grande volume de dados obtido nos últimos anos. fisiográfica denominada de platô de São Paulo.

1
E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Sul/Pólo Norte - e-mail: jobel@petrobras.com.br
2
E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Sudeste/Pólo Norte
3
E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Sul/ Pólo Centro

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 531


Superseqüência Rifte Seqüência K38
O registro sedimentar da fase rifte na Bacia A Seqüência K38, informalmente denomina-
de Santos, a exemplo da Bacia de Campos, inicia- da seqüência das coquinas na Bacia de Campos,
se no Hauteriviano (Rio da Serra e Aratu) e prolon- corresponde à Formação Itapema do Grupo
ga-se ao início do Aptiano (Jiquiá), sendo subdivi- Guaratiba, cujos sedimentos depositaram-se desde
dido em três seqüências deposicionais denomina- do Neobarremiano ao Eoaptiano (andares locais
das K20-K20-K34, K36 e K38. Buracica superior ao Jiquiá). Seu limite inferior é a
Litoestratigraficamente, a antiga Formação discordância intrabarremiano de 126,4 Ma e o limi-
Guaratiba foi elevada neste trabalho à categoria de te superior é a discordância da base do Alagoas,
Grupo, sendo composta por cinco formações das conhecida por discordância pré-Alagoas (DPA) na
quais três estão inseridas na fase rifte (formações Bacia de Campos.
Camboriú, Piçarras e Itapema) e duas na fase pós- Esta seqüência é caracterizada por apre-
rifte (formações Barra Velha e Ariri). Deste modo, as sentar intercalações de calcirruditos e folhelhos es-
Seqüências K36 e K38 correspondem às formações curos. Os calcirruditos são constituídos por fragmen-
Piçarras e Itapema, respectivamente. tos de conchas de pelecípodes que freqüentemen-
te encontram-se dolomitizados e/ou silicificados. Nas
porções mais distais ocorrem folhelhos escuros, ri-
Seqüência K20-K34 cos em matéria orgânica. No poço 1-RJS-625, cons-
tatou-se 110 m de folhelhos radioativos e carbona-
A Seqüência K20-K34 tem limite inferior dis- tos intercalados.
cordante com as rochas do Embasamento e como Leques aluviais de conglomerados e arenitos
limite superior a discordância com os sedimentos da representam as fácies proximais desta unidade.
Seqüência K36.
Esta seqüência é composta por derrames
basálticos eocretáceos sotopostos ao preenchimento
sedimentar de praticamente toda a Bacia de Santos.
Trata-se de basalto cinza-escuro, holocristalino, gra- Superseqüência Pós-Rifte
nulação média, textura ofítica (diabásio), tendo por
constituintes principais o plagioclásio e o piroxênio
(augita), comumente pouco alterados. Litoestratigra-
Seqüência K44
ficamente, é denominada de Formação Camboriú.
Corresponde à porção inferior da Formação
Barra Velha do Grupo Guaratiba, cujos sedimen-
Seqüência K36 tos depositaram-se durante o Eoaptiano, equiva-
lente ao andar local Alagoas inferior. A Seqüên-
A Seqüência K36, informalmente conhecida cia K44 tem seu limite inferior dado pela discor-
como seqüência talco-estevensita na Bacia de Cam- dância conhecida como pré-Alagoas na Bacia de
pos, corresponde litoestratigraficamente à Formação Campos. Seu limite superior é dado pela discor-
Piçarras, cujos sedimentos foram depositados no dância de 117 Ma, que corresponde a um refle-
Andar Barremiano, equivalente aos andares crono- tor sísmico de forte impedância acústica positiva
estratigráficos locais Aratu superior e Buracica. Seu de caráter regional. Derrames de composição
limite inferior é a discordância no topo dos basaltos basáltica datados pelo método Ar/Ar em 117 Ma
da Seqüência K20-K34 e o limite superior a discor- são síncronos a esta seqüência.
dância da base da Seqüência K38. O ambiente deposicional desta seqüência
Litologicamente, a Formação Piçarras é com- é marcado por um ambiente transicional, entre con-
posta por leques aluviais de conglomerados e areni- tinental e marinho raso, bastante estressante, com
tos polimíticos constituído de fragmentos de basalto, a deposição de calcários microbiais, estromatólitos
quartzo, feldspato, nas porções proximais, e por are- e laminitos nas porções proximais e folhelhos nas
nitos, siltitos e folhelhos de composição talco- porções distais. Ocorrem também grainstone e pa-
estevensítica nas porções lacustres. ckstones compostos por fragmentos dos estromató-

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litos e bioclástos (ostracodes) associados. Tais car-
bonatos encontram-se por vezes parcial ou total- Superseqüência Drifte
mente dolomitizados.
Seqüência K60
Seqüência K46-48
A Seqüência K60 é composta por três se-
qüências deposicionais de 3ª ordem perfazendo
Corresponde à porção superior da Forma-
uma duração total de 8,9 Ma. Ocorrem três im-
ção Barra Velha do Grupo Guaratiba, cujos sedi-
portantes folhelhos radioativos que representam
mentos depositaram-se durante o Neoaptiano,
três grandes períodos de inundações marinhas
equivalente ao andar local Alagoas superior. Seu
desde o Albiano inferior até a porção basal do
limite inferior é dado pela discordância de 117 Ma,
Albiano superior.
que corresponde a um refletor sísmico de forte
Esta seqüência é composta pela parte infe-
impedância acústica positiva de caráter regio-
rior da Formação Florianópolis, Formação Guarujá
nal. O limite superior é a base dos evaporitos de
e a porção basal da Formação Itanhaém. Seu limi-
113 Ma que marca a passagem da seqüência
te inferior é o topo das anidritas da Formação Ariri
sedimentar clástica/carbonática para um ambien-
e o seu limite superior é marcado pela entrada dos
te evaporítico.
primeiros sedimentos arenosos da Formação
A Formação Barra Velha se caracteriza pela
Itanhaém, acima do marco estratigráfico folhelho
ocorrência de calcários microbiais intercalados a fo-
radioativo denominado Beta.
lhelhos. Trata-se de calcários estromatolíticos e
A Formação Florianópolis corresponde às fácies
laminitos microbiais, localmente dolomitizados.
proximais e está constituída por conglomerados, are-
As porções proximais à Formação Barra Ve-
nitos e folhelhos associado a sistemas de leques
lha são compostas por leques aluviais de arenitos
aluviais e deltaicos.
e conglomerados.
A Formação Guarujá é caracterizada pela im-
O ambiente deposicional desta seqüência é
plantação de uma plataforma carbonática ao lon-
semelhante ao da seqüência anterior (ambiente
go do Albiano. Fisiograficamente, divide-se este am-
transicional, entre continental e marinho raso bas-
biente em plataforma interna e externa. Na plata-
tante estressante).
forma interna encontram-se folhelhos e calcilutitos
de um sistema lagunar e calcirruditos e calcareni-
Seqüência K50 tos oolíticos e/ou oncolíticos pertencentes ao ban-
co raso em borda de plataforma. Na plataforma
externa ocorrem calcilutitos e margas gradando ou
Corresponde aos evaporitos da Formação interdigitando a folhelhos escuros nas porções ba-
Ariri, que se depositaram no Neoaptiano, equi- cinais. Quintaes (2006) reconhece a ocorrência de
valente ao andar local Alagoas superior. Diferen- intervalos potenciais geradores desde a seção ba-
te das cartas anteriores, o tempo estimado de sal da seqüência.
deposição para os evaporitos é de 0,7 a 1 Ma A parte inferior da Formação Itanhaém é cons-
(Dias, 1998), permanecendo, ainda, imprecisa a tituída pelo folhelho radioativo Marco Beta e margas
taxa de acumulação devido à alta mobilidade da calcilititos sobrejacentes.
halita. Seu limite inferior é dado pelo contato com
os carbonatos da Seqüência K46-K48 (113 Ma),
enquanto seu limite superior é dado pela passa- Seqüência K70
gem entre os evaporitos e os sedimentos silici-
clásticos/carbonáticos das formações Florianópolis Corresponde às formações Florianópolis
e Guarujá. (proximal), Itanhaém (distal) e o Membro Tombo.
Geralmente, os evaporitos são compostos O limite inferior desta seqüência é dado pelo
por halita e anidrita. Entretanto, constatou-se a pre- Marco Beta nas porções distais e, nas porções proxi-
sença de sais mais solúveis, tais como, taquidrita, mais, é limitada pela discordância do topo dos sedi-
carnalita e, localmente, silvinita. mentos carbonáticos da Formação Guarujá. O limite
superior é marcado por uma discordância que coinci-

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de com a passagem do Cretáceo inferior para o O Marco Radioativo Turoniano corresponde à
Cretáceo superior. Esta seqüência engloba o andar base do evento anóxico de caráter global oceanic anoxic
Albiano superior. event (OAE-2) e está associada à presença de folhe-
Os depósitos da Formação Florianópolis cor- lhos radioativos.
respondem a arenitos e folhelhos relacionados a A Formação Itajaí-Açu é caracterizada por
sistemas de leques aluviais e deltaicos, enquan- folhelhos e argilitos cinza-escuros depositados nos
to a Formação Itanhaém é caracterizada por ambientes de plataforma distal, talude e bacia. Os
folhelhos e, mais raramente, margas de origem arenitos da Formação Tombo ocorrem intercalados aos
marinha distribuídas desde a plataforma até as sedimentos pelíticos da Formação Itanhaém.
regiões bacinais.
Interacamadados na Formação Itanhaém
encontram-se os depósitos arenosos de sistemas
Seqüência K88
originados por fluxos gravitacionais densos que
compõem o Membro Tombo. Estes arenitos ge- Corresponde aos depósitos referentes aos an-
ralmente ocorrem encaixados em baixos deposi- dares Turoniano e Coniaciano envolvendo as forma-
cionais gerados e controlados pela tectônica ções Santos, Juréia e Itajaí-Açu e Membro Ilhabela.
salífera albiana. Esta seqüência, depositada ao longo de 5,4 Ma,
Esta seqüência apresenta um padrão retrogra- possui como limite inferior a discordância
dante e seus depósitos são resposta a uma progressi- intraturoniana e como limite superior a discordância
va subida relativa do nível do mar com afogamento Santoniana de 85,8 Ma.
da plataforma rasa pelos sedimentos pelágicos. A Formação Juréia ocorre sob a forma de se-
dimentos arenosos folhelhos, siltitos e argilitos de-
positados desde os ambientes continentais até as
Seqüência K82-K86 porções mais distais da plataforma. Os arenitos re-
lacionados ao Membro Ilhabela do andar Turonia-
Esta seqüência tem como limite inferior a dis- no, depositados em ambiente batial superior, fo-
cordância que marca a passagem do Cretáceo infe- ram gerados a partir de fluxos hiperpicnais que pro-
rior para o Cretáceo superior. O limite superior é ca- duziram depósitos menos encaixados que os da se-
racterizado pela discordância de 91,2 Ma qüência inferior.
(intraturoniana). Esta unidade engloba as unidades li-
toestratigráficas do Grupo Camburi e do Grupo Frade.
Esta seqüência apresenta um padrão retrogradan- Seqüência K90
te e seus depósitos marcam a maior ingressão marinha
do registro sedimentar (evento anóxico Turoniano). Corresponde aos sedimentos siliciclásticos,
Na poção proximal ocorrem os depósitos are- dos andares Santoniano a Campaniano inferior.
nosos e pelíticos da Formação Florianópolis e da For- Esta seqüência possui como limite inferior a dis-
mação Santos, caracterizadas por sedimentos con- cordância de 85,8 Ma e como limite superior a
glomeráticos avermelhados e de origem continental. discordância de 79,2 Ma.
A Formação Juréia ocorre sob a forma de se- O evento erosivo de 85,8 Ma é o de maior
dimentos arenosos folhelhos, siltitos e argilosos de- intensidade na Bacia de Santos e acredita-se que o
positados desde os ambientes continentais até as limite da bacia tenha se deslocado para a região a
porções mais distais da plataforma. Níveis de coquinas oeste da Charneira cretácica, evidenciado por onlap
e calcilutitos podem ocorrer intercalados. das seqüências Campanianas e Maastrichtianas so-
A Formação Itanhaém é caracterizada por bre estas discordâncias.
sedimentos finos (argilitos e folhelhos) que apresen- A Formação Juréia ocorre sob a forma de se-
tam um conteúdo carbonático maior em sua seção dimentos arenosos, siltitos e folhelhos depositados
basal. Esta formação aqui definida corresponde às em ambientes continental até às porções mais proxi-
margas do intervalo palinológico informalmente co- mais da plataforma. Interacamado a estes depósitos
nhecido como gama (Cenomaniano). Essa unidade ocorre intenso vulcanismo extrusivo. Depósitos síltico-
foi depositada em ambiente batial superior, com re- argilosos (Formação Itajaí-Açu) predominam nas po-
gistro de anoxias episódicas, representadas por fo- ções distais da plataforma, talude e bacia. Os areni-
lhelhos escuros laminados. tos relacionados ao Membro Ilhabela são muito ex-

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pressivos tanto em área quanto em espessura. Estes paniana de 72 Ma e como limite superior a discor-
arenitos provavelmente foram gerados a partir de dância de 68,8 Ma. Continuando a tendência re-
fluxos hiperpicnais, associados a deltas. gressiva das superseqüências anteriores, esta seqüên-
Este vulcanismo santoniano está associado ao cia mostra o avanço da quebra de plataforma. Ca-
aumento da taxa de subsidência na bacia e a outras racteriza ainda pela presença de expressivas esca-
feições vulcânicas e tectônicas presentes no continente vações nas regiões de plataforma e talude (cânions)
(Elevação do Rio Grande e a Zona de deformação que serviram de conduto para a passagem de gran-
Cruzeiro do Sul) com o surgimento da Serra do Mar. de quantidade de areia para as regiões mais pro-
fundas da bacia. Nestes condutos é comum encon-
trarem-se depósitos pelíticos, indicando que as zo-
Seqüência K100 nas mais proximais foram zonas de bypass. Seguem-
se os depósitos conglomeráticos ricos em material
Compreende os sedimentos siliciclásticos do carbonático e, nas regiões mais distais, se deposita-
andar Campaniano. Possui como limite inferior a dis- ram as areias da Formação Ilhabela confinadas nes-
cordância de 79,2 Ma e como limite superior a discor- tes cânions ou como leques após o desconfinamento
dância de 76,8 Ma. Esta seqüência apresenta um do fluxo gravitacional turbidítico.
padrão regressivo englobando os conglomerados con-
tinentais da Formação Santos, que se interdigitam com
os arenitos plataformais a costeiros da Formação Juréia Seqüência K130
e que passa gradualmente a sedimentos pelíticos, sil-
titos e folhelhos, além de diamictitos e margas da
Compreende os sedimentos siliciclásticos do
Formação Itajaí-Açu, depositados nas regiões de pla-
andar Maastrichtiano. Possui como limite inferior a
taforma distal, talude e bacia. Ocorrem, ainda, areni-
discordância de 68,8 Ma e como limite superior o
tos resultantes de fluxos turbidíticos densos (Membro
limite Cretáceo-Paleógeno. Engloba as formações
Ilhabela) fortemente canalizados e relacionados a
Santos, Jureia, Itajaí-Açu e Membro Ilhabela.
importantes escavações no talude e plataforma.
As rochas que compõem esta seqüência cor-
respondem a arenitos resultantes de fluxos turbidíti-
Seqüência K110 cos densos (Membro Ilhabela) fortemente canaliza-
dos e relacionados a importantes escavações no ta-
lude e plataforma. Nas regiões de plataforma distal,
Compreende os sedimentos siliciclásticos dos
talude e bacia, predominam os siltitos e folhelhos,
andares Campaniano a Maastrichtiano. Possui como
além de diamictitos e margas (Formação Itajaí-Açu).
limite inferior a discordância de 76,8 Ma e como
Nas porções proximais, ocorrem arenitos plataformais
limite superior a discordância de 72 Ma. Assim como
a costeiros da Formação Juréia e conglomerados con-
a seqüência anterior apresenta um padrão regressi-
tinentais da Formação Santos.
vo deslocando a quebra da plataforma cerca de 100 km
O padrão regressivo também é característico
costa afora, a Seqüência K110 engloba os conglo-
desta superseqüência e, nesta unidade, a linha de costa
merados continentais da Formação Santos, os areni-
apresenta seu máximo deslocamento durante o Cre-
tos plataformais a costeiros da Formação Juréia, os
táceo, se posicionando cerca de 200 km costa afora.
siltitos e folhelhos, além de diamictitos e margas da
Formação Itajaí-Açu, depositados nas regiões de pla-
taforma distal, talude e bacia. Ocorrem, ainda, are- Seqüência E10
nitos resultantes de fluxos turbidíticos densos (Mem-
bro Ilhabela) fortemente canalizados e relacionados
a importantes escavações no talude e plataforma. Engloba os sedimentos depositados durante a
série Paleoceno (andares Daniano e parte do
Selandiano). Tem como limite inferior a discordância
Seqüência K120 da passagem do Paleoceno para o Cretáceo e como
limite superior a discordância do Eoceno inferior (60,2 Ma),
Compreende os sedimentos siliciclásticos dos que pode ser relacionada a um importante rebaixa-
andares Campaniano Superior a Maastrichtiano. mento relativo do nível do mar. Engloba as forma-
Possui como limite inferior a discordância Neo-Cam- ções Ponta Aguda e Marambaia.

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As rochas que compõem esta seqüência per- Esta seqüência corresponde a um sistema pro-
tencem ao Grupo Itamambuca que é subdividido em: gradante com desenvolvimento expressivo das clinoformas
Formação Ponta Aguda: caracterizada por are- de talude e o avanço da quebra da plataforma.
nitos avermelhados depositados em ambiente de le- Nas porções proximais ocorrem arenitos pla-
ques aluviais, sistemas fluviais e depósitos costeiros; taformais a continentais da Formação Ponta Agu-
Formação Marambaia: depositada nas regiões da. Nas regiões de plataforma distal, talude e ba-
de plataforma distal, talude e bacia predominam os cia predominam os siltitos e folhelhos, além de
siltitos e folhelhos, além de diamictitos e margas. diamictitos e margas da formação Marambaia.
Desenvolvem-se expressivos cânions que cor- Ocorrem ainda arenitos resultantes de fluxos turbi-
tam os sedimentos da Formação Marambaia. No seu díticos densos (Membro Maresias) fortemente ca-
interior e nas regiões batiais ocorrem os arenitos re- nalizados e relacionados a importantes escavações
sultantes de fluxos turbidíticos densos fortemente no talude e plataforma. É comum a ocorrência de
canalizados que compõe o Membro Maresias da arenitos ricos em radiolários que imprimem aos
Formação Marambaia. perfis elétricos um padrão bastante conspícuo
(baixíssima densidade e velocidade),
Durante a deposição desta seqüência um sig-
Seqüência E20 nificativo vulcanismo extrusivo de caráter basáltico-
alcalino ocorre na bacia, permitindo o reconhecimento
Compreende os sedimentos do Paleoceno su- de cones vulcânicos e derrames submarinos. A ocor-
perior (andares Seladiano e Thanetiano) e do Eoce- rência deste tipo de vulcanismo é mais comum na
no inferior (parte inferior do Ypresiano). Tem como medida em que se aproxima do alto de Cabo Frio
limite inferior a discordância de 60,2 Ma no Paleo- (Oureiro, 2006).
ceno superior e como limite superior a discordância Considera-se, ainda, a existência de uma as-
do Eoceno inferior de 54 Ma. Peixoto (2004) cita sociação entre aumento da população de radiolários
que estudos baseados em traço de fissão em apatitas e os eventos vulcânicos.
apontam soerguimentos das Serras do Mar e Ocorrem também corpos vulcânicos intrusivos
Mantiqueira a cerca de 60 Ma, coincidente com a sob a forma de soleiras de diabásio, que sismica-
discordância que limita esta seqüência. mente apresentam uma forma de “vitória-régia”.
As rochas que compõem esta seqüência per- Litologicamente, trata-se de diabásio contendo tex-
tencem ao Grupo Itamambuca que é subdividido em: tura subofítica e matriz vítrea (Silva et al. 2003 apud
Formação Ponta Aguda: caracterizada por are- Moreira et al. 2006).
nitos avermelhados depositados em ambiente de le-
ques aluviais, sistemas fluviais e depósitos costeiros;
Formação Marambaia: depositada nas re- Seqüência E50
giões de plataforma distal, talude e bacia onde
predominam os siltitos e folhelhos, além de dia-
mictitos e margas. Compreende os sedimentos do Eoceno mé-
Desenvolvem-se expressivos cânions que cor- dio (parte superior). Tem como limite inferior a
tam os sedimentos da Formação Marambaia no seu discordância interna ao Eoceno médio de 45 Ma
interior e nas regiões batiais ocorrem os arenitos re- e o limite superior é a discordância do Eoceno
sultantes de fluxos turbidíticos densos fortemente superior de 40,4 Ma.
canalizados que compõe o Membro Maresias da Nas porções proximais ocorrem arenitos pla-
Formação Marambaia. taformais a continentais da Formação Ponta Agu-
da. Nas regiões de plataforma distal, talude e ba-
cia predominam os siltitos e folhelhos, além de
Seqüência E30-E40 expressivos depósitos de diamictitos relacionados
a escorregamentos na borda da plataforma que
Compreende os sedimentos depositados en- compõem a formação Marambaia. Subordinada-
tre o final do Eoceno inferior e o Eoceno médio. Tem mente ocorrem os arenitos resultantes de fluxos
como limite inferior a discordância do Eoceno infe- turbidíticos densos (Membro Maresias) fortemen-
rior (54 Ma) e como limite superior a discordância do te canalizados e relacionados a importantes esca-
Eoceno médio, de 45 Ma. vações no talude e plataforma.

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Seqüência E60 Seqüência E80
Compreende os sedimentos da parte superior Corresponde aos sedimentos da porção su-
do Eoceno Médio (Bartoniano) e Eoceno superior (an- perior do Oligoceno (andar Chatiano) e Mioceno In-
dar Priaboniano). Possui como limite inferior a dis- ferior (Aquitaniano). Possui como limite inferior a
cordância de 40,4 Ma e como limite superior em discordância de 28,6 Ma e como limite superior em
torno de 33,9 Ma. torno de 20,4 Ma.
Esta seqüência contempla o final de uma sé- Esta seqüência desenvolve suas maiores es-
rie de pacotes progradacionais, que passa a pessuras na porção sudeste da bacia nas regiões de
agradacional no final dessa seqüência e que deslo- talude e bacia com fortes feições de corte e preen-
caram a quebra da plataforma continental para de- chimento e, aparentemente, espessos corpos de dia-
zenas de quilômetros além da quebra atual, repre- mictitos. Nas regiões de talude e plataforma ela se
sentando a maior queda na variação relativa do ní- apresenta delgada devido à forte erosão de 20,4 Ma.
vel do mar durante o Paleógeno. A suíte mineral dessa seqüência segue o pa-
As rochas que compõem esta seqüência se- drão do Neógeno com arenitos resultantes de fluxos
guem o padrão descrito anteriormente, com arenitos turbidíticos densos (membro Maresias), siltitos e fo-
resultantes de fluxos turbidíticos densos fortemente ca- lhelhos, além de diamictitos e margas (Formação
nalizados e relacionados a importantes escavações no Marambaia). Nas porções proximais ocorrem areni-
talude e plataforma (Membro maresias). Nas regiões de tos plataformais da Formação Ponta Aguda e, em
plataforma distal, talude e bacia predominam os siltitos posições próximas à quebra de plataforma, ocorrem
e folhelhos, além de diamictitos da Formação calcarenitos e calcirruditos da Formação Iguape.
Marambaia, e nas porções proximais ocorrem arenitos
plataformais a continentais da Formação Ponta Aguda.
Seqüência N10-N30
Seqüência E70 Corresponde aos sedimentos da porção supe-
rior do Mioceno Inferior (Burdigaliano) e médio (Serra-
Corresponde aos sedimentos do Oligoceno In- valiano). Possui como limite inferior a discordância de
ferior, andar Rupeliano. Possui como limite inferior a 20,4 Ma e como limite superior em torno de 11 Ma,
discordância de 33,9 Ma e como limite superior a que corresponde a uma importante discordância que
discordância de 28,6 Ma. representa uma queda eustática global, conhecida
Esta seqüência encontra-se melhor preserva- informalmente na Bacia de Campos como Marco Cin-
da na porção sudeste da bacia. A seqüência tem za, facilmente reconhecível em linhas sísmicas.
pouca espessura na plataforma externa e talude, mas O pacote de rochas desta seqüência está com-
aumenta bastante de espessura na região de bacia. posto por arenitos (Membro Maresias), siltitos e folhe-
Possui um caráter progradante após uma grande ele- lhos, além de diamictitos e margas (Formação
vação relativa do nível do mar, que propiciou um Marambaia). Nas porções proximais ocorrem arenitos
expressivo recuo da borda da plataforma em rela- plataformais da Formação Ponta Aguda. Em posições
ção à seqüência anterior. próximas à quebra de plataforma ocorrem calcarenitos
As rochas desta seqüência seguem o padrão e calcirruditos de bancos algálicos do Membro Iguape.
das anteriores, com arenitos resultantes de fluxos tur- A plataforma carbonática alcança seu maior
bidíticos densos ou sistemas turbidíticos mistos forte- desenvolvimento no Mioceno (Serravaliano). Porém,
mente canalizados e relacionados a importantes es- sua ocorrência é local e predominam na plataforma
cavações no talude e plataforma (Membro Maresias). e no talude sedimentos siliciclásticos (Peixoto, 2004).
Nas regiões de plataforma distal, talude e bacia pre- A partir da discordância de 20,4 Ma, as se-
dominam os siltitos e folhelhos, além de diamictitos e qüências de ordem menor se desenvolvem em uma
margas (Formação Marambaia). Em posições próxi- tendência transgressiva que culminam no Mioceno
mas à quebra de plataforma ocorrem pela primeira terminal (Serravaliano) por uma proeminente superfí-
vez calcarenitos e calcirruditos da Formação Iguape. cie de inundação e corresponde ao evento de 16 Ma.
Finalmente, nas porções proximais ocorrem arenitos Esta seqüência representa a maior variação
costeiros a continentais da Formação Ponta Aguda. relativa do nível do mar desde o Mioceno até o re-

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 537


cente, responsável pela deposição de um grande Marambaia e ocorrem os arenitos de origem
volume de sedimentos nas porções costeira e interior turbidítica da Formação Maresias.
da placa sul-americana. Uma importante discordância de cerca de
1,6 Ma (limite inferior do Pleistoceno) está relacio-
nada à queda eustática global. Porém, a cunha
Seqüência N40 progradante que estabelece a posição atual da
borda da plataforma já estava formada desde o
Engloba os sedimentos do Mioceno superior, Plioceno (Peixoto, 2004).
andares Tortoniano e Messiniano, e parte inferior do
Plioceno, andar Zancleano. Possui como limite infe-
rior a discordância de 11 Ma, que é relacionada à
queda eustática global (Gradstein et al. 2004), e
como limite superior a discordância em 4,2 Ma. Se- magmatismo
gundo Peixoto (2004), é possível correlacionar os
eventos de erosão no Mioceno, com a formação da
Foram identificados eventos magmáticos
“Capa de Gelo do Leste da Antárctica” (11 Ma) e
pós-Aptianos nos seguintes períodos: Albiano,
do início das glaciações Plio-pleistocênicas (aproxi-
Santoniano, Maastrichtiano, Paleoceno e Eoceno
madamente 5,8 Ma).
(Oureiro, 2006). As rochas magmáticas extrusivas
Esta seqüência é composta por sedimentos
do Paleoceno e do Eoceno constituem, principal-
avermelhados de origem aluvial e costeira da For-
mente, estratovulcões de formato cônico, que con-
mação Ponta Aguda. Ocorre ainda a Formação
têm uma sismofácies caótica no seu interior. To-
Iguape, constituída por calcarenito e calcirrudito
dos os poços que até o momento perfuraram es-
bioclástico intercalados com argilito cinza-
ses edifícios nas bacias de Santos e Campos, cons-
esverdeado, siltito e margas.
tataram serem eles constituídos principalmente de
A Formação Marambaia é constituída por es-
hialoclastitos e rochas vulcanoclásticas. Os
pessos pacotes de folhelho cinzento e marga cinza-
hialoclastitos são rochas de cor esverdeada, for-
clara, que caracterizam as fácies distais da platafor-
madas pelo súbito resfriamento da lava em conta-
ma continental, talude e bacia. Compõe esta forma-
to com a água domar. O termo “vulcanoclástico”
ção um grande volume de fluxos de detritos com-
inclui todas as partículas vulcânicas, independen-
postos por brechas de folhelhos e diamictitos.
temente de suas origens, que podem estar relacio-
nadas a múltiplos processos.
Seqüência N50-N60 Foram identificados três eventos de mag-
matismo básico pré-albianos, datados pelo méto-
Corresponde aos sedimentos do do Ar/Ar: derrames basálticos provavelmente
Pleistoceno e Plioceno, englobando os andares subaéreos associados ao embasamento econômi-
Gelasiano, Piacenziano e a parte superior do co (130? Ma); basaltos subaquosos intercalados
Zacleano. Possui como limite inferior a discor- à seção rifte (121-130 Ma) e na porção inferior do
dância de 4,2 Ma do Plioceno Inferior e como Pós-Rifte (118 Ma).
limite superior são os sedimentos atuais do fun-
do marinho. Inclui as Formações Sepetiba,
Marambaia e o Membro Maresias.
A faciologia dominante na porção
plataformal é representada por arenitos cinza- referências
esbranquiçados de granulometria grossa a fina por
vezes glauconítico e coquinas de moluscos,
bibliográficas
briozoários e foraminíferos. Correspondem à Forma-
ção Sepetiba. Na porção de talude predominam os DIAS, J. L. Análise sedimentológica e estratigrá-
sedimentos lamosos que são cortados por cânions fica do andar aptiano em parte da margem les-
preenchidos por sedimentos lamosos ou arenosos. te do Brasil e no platô das Malvinas: considera-
Na porção bacinal predominam as cunhas de dia- ções sobre as primeiras incursões e ingressões mari-
mictitos e lamas de água profunda da Formação nhas do Oceano Atlântico Sul Meridional. 1998. 2

538 | Bacia de Santos - Moreira et al.


v. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 1998. apêndice:
litoestratigrafia
GRADSTEIN, F. M.; OGG, J. G.; SIMTH, A. G. A
geologic time scale 2004. Cambridge: Cambridge
University Press, 2004. 589 p. il. Grupo Itamambuca
O Grupo Itamambuca, aqui definido, representa
MOREIRA, J. L. P.; ESTEVES, C. A.; RODRIGUES, todos os sedimentos depositados após o limite Cretáceo/
J. J. G.; VASCONCELOS, C. S. Magmatismo, se- Paleógeno até os dias atuais, desde os leques aluviais
dimentação e estratigrafia da porção norte da até os pelitos e arenitos batiais que foram depositados.
Bacia de Santos. Boletim de Geociências da Pe- Com a perfuração de novos poços foi possível se estabe-
trobras, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 161-170, lecer uma nova formação para representar os sedimen-
nov. 2005/maio 2006. tos siliciclásticos proximais característicos dos ambientes
deposicionais de leques aluviais, marinho costeiro e de
plataforma rasa (Formação Ponta Aguda). Nesta revisão
OUREIRO, S. G. Magmatismo e sedimentação em
pode-se precisar o limite temporal da ocorrência das pla-
uma área na Plataforma Continental de Cabo Frio,
taformas carbonáticas (Formação Iguape) e definir um
Rio de Janeiro, Brasil, no intervalo Cretáceo Supe-
novo Membro (Maresias) para os arenitos depositados
rior–Terciário. Boletim de Geociências da Petro-
nas regiões de talude e bacia que ocorrem interacama-
bras. Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 95-112, nov.
dados aos pelitos da Formação Marambaia.
2005/maio 2006.

PEIXOTO, P. P. Estratigrafia e modelagem do preen-


Grupo Itamambuca/Formação
chimento sedimentar cenozóico em seção na Ponta Aguda
margem sul da Bacia de Santos. 2004. 113 p. Tese
(Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Esta unidade está representada por conglome-
Sul, Porto Alegre, 2004. rados finos, arenitos grossos a finos, intercalados a
sedimentos pelíticos recorrentes em todo o
Cenozóico, com maior distribuição geográfica na
PEREIRA, M. J.; FEIJÓ, F. J. Bacia de Santos. Boletim
porção inferior a média do Paleógeno. A espessura
de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8,
máxima destes sedimentos chega a 2.200 m.
n. 1, p. 219-234, jan./mar. 1994.
• nome: o nome da Formação Ponta Aguda de-
riva da praia homônima, situada ao norte do
QUINTAES, C. M. S. P. Aplicação da estrati- Estado de São Paulo, na divisa entre Ubatuba
grafia química e da estratigrafia de seqüên- e Caraguatatuba;
cias na seção Albiana da porção sul da Bacia
de Santos. 2006. 182 p. Tese (Mestrado) – Uni- • equivalência regional: baseado em dados
versidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de bioestratigráficos e cronogeológicos, bem como
Janeiro, 2006. estudos regionais, esta unidade pode ser cor-
relacionada com o Membro São Tomé da For-
mação Emboré (Bacia de Campos) e a Forma-
SEVERINO, M C. G. Evolução da sedimentação ção Rio Doce (Bacia do Espírito Santo);
carbonática / siliciclástica miocênica na por-
ção sul da bacia de santos, margem sudeste • seção tipo: a Formação Ponta Aguda ocorre
do Brasil. 2000. 183 p. Tese (Mestrado) – Uni- apenas em subsuperfície e está definida no
versidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Ale- poço Rio de Janeiro Submarino199B (1-RJS-
gre, 2000. 199B, 230 53’ 03" S e 420 03’ 87" W), perfura-
do em 1981, tendo atingido a profundidade
máxima de 5.015 m. Ocorre entre as profun-

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 539


didades de -1.668 m/-2.188 m, perfazendo um • distribuição: ocorre em toda a borda oeste
total de 500 m de seção clástica (fig.1); da Bacia de Santos, geralmente em batimetrias
de até 100 m (atuais). Na parte inferior do
• litologia: predominam arenitos grossos a fi- Paleógeno ocorre sua maior distribuição geo-
nos, quartzosos, de coloração que varia des- gráfica, podendo ser atingida em batimetrias
de avermelhados a acinzentados e atuais de cerca de 1.000 m. A partir do Oligo-
translúcidos, angulosos a subangulosos, co- ceno Inferior (Rupeliano), com o começo da
mumente com cimento carbonático. Ocorrem deposição da Formação Iguape e os depósitos
intercalados com siltitos, argilitos desde da Formação Ponta Aguda, ficam restritos as
avermelhados até de cor cinza-claro com frag- porções mais proximais da bacia;
mentos de matéria orgânica vegetal. Estes
sedimentos se depositaram em ambientes • contatos e relações estratais: os sedimen-
desde o continental fluvial até os ambientes tos terrígenos da Formação Ponta Aguda de-
costeiros e de plataforma rasa; positam-se, em geral, discordantemente so-

Figura 1 – Seção–Tipo da Formação Figure 1 – Reference Section of the Ponta


Ponta Aguda – Grupo Itamambuca. Aguda Formation – Itamambuca Group.

540 | Bacia de Santos - Moreira et al.


bre os sedimentos do Grupo Frade. O con- 557 m -1.659 m, perfazendo um total de 1.102 m
tato superior com a Formação Sepetiba ocor- de seção clástica (fig.2);
re sob a forma de uma concordância obser-
vada em sísmica. Distalmente, a Formação • litologia: predominam calcarenitos e
Ponta Aguda interdigita com as fácies car- calciruditos bioclásticos intercalados com
bonáticas da Formação Iguape ou aos peli- argilito cinza-esverdeado, siltito e marga, su-
tos da Formação Marambaia; bordinadamente arenitos finos a médios cin-
zentos. Estes sedimentos se depositaram em
• idade: a Formação Ponta Aguda ocorre so-
ambiente de plataforma rasa. Análises
bre a discordância que limita o Paleógeno
petrográficas indicam a ocorrência da assem-
do Cretáceo de 65,5 Ma e sob a discor-
bléia Heterozoan, indicando condições de cli-
dância de 1,6 Ma que marca a passagem
ma subtropical com predomínio de bioclastos
Plioceno/Pleistoceno. Apesar de pobre em
de algas vermelhas, macroforaminíferos,
termos bioestratigráficos (reflexo do cará-
equinóides, briozoários e moluscos com raras
ter costeiro arenoso desta unidade), os
presenças de corais (Severino 2000);
dados existentes indicam que as rochas
desta unidade pertencem aos sistemas
• distribuição: a tendência transgressiva que
Neógeno e Paleógeno.
teve início no Oligoceno ocasionou o afasta-
mento das fontes siliciclásticas, permitindo
Grupo Itamambuca/Formação as condições propícias ao estabelecimento
da sedimentação mista/carbonática. No iní-
Iguape cio do mioceno, a deposição carbonática se
encontrava restrita às áreas proximais. As
Esta unidade foi originalmente definida por fases finais deste evento transgressivo e nos
Pereira e Feijó (1994) para representar os calcareni- períodos de nível de mar alto estabilizado/
tos e calciruditos bioclásticos intercalados com argilito início da descida da curva eustática foram
cinza-esverdeado, siltito e marga, subordinadamen- os principais momentos de desenvolvimento
te arenitos finos a médios cinzentos. Nesta revisão da sedimentação carbonática. Na fase re-
indica-se que a unidade foi depositada a partir do gressiva, os depósitos carbonáticos tornaram-
Oligoceno. Originalmente, considerava-se que esta se espessos e restritos aos períodos de nível
unidade estaria presente desde o limite Cretáceo/ de mar elevado. As maiores progradações
Paleógeno até o Pleistoceno. A espessura máxima dos sistemas carbonáticos ocorreram de 17
destes sedimentos chega a 2.700 m. a 13,5 e 13, a 5,5 Ma, relacionadas aos prin-
cipais eventos de formação do gelo no con-
• nome: o nome da Formação Iguape vem do tinente antártico;
município de Iguape na região litorânea si-
tuada ao norte do Estado de São Paulo; • contatos e relações estratais: os sedimen-
tos carbonáticos da Formação Iguape deposi-
• equivalência regional: baseado em dados
tam-se, discordantemente, sobre os sedimen-
bioestratigráficos e cronogeológicos, bem
tos da Formação Ponta Aguda. O contato su-
como correlações estratigráficas regionais, esta
perior com a Formação Sepetiba dá-se por
unidade pode ser correlacionada com os mem-
concordância observada em sísmica. Lateral-
bros Grussaí e Siri da Formação Emboré (Ba-
mente, em direção à costa, esta formação
cia de Campos) e Formação Caravelas (Bacia
interdigita com a Formação Ponta Aguda.
do Espírito Santo);
Distalmente, interdigita com os pelitos da
• seção tipo: a Formação Iguape ocorre ape- Formação Marambaia;
nas em subsuperfície e está definida no poço
São Paulo Submarino 29 (1-SPS-29, 260 07’ • idade: a Formação Iguape ocorre sobre a dis-
34" S e 460 56’ 9" W), perfurado em 1989, cordância que limita o Oligoceno do Eoceno
tendo atingido a profundidade máxima de de 33,9 Ma e sob a discordância de 1,6 Ma
5.000 m. Ocorre entre as profundidades de - que marca a passagem Plioceno/Pleistoceno.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 541


Grupo Itamambuca/Formação
Marambaia/Membro Maresias
Interacamadados com os sedimentos pelíticos
da Formação Marambaia ocorrem corpos arenosos
de dezenas de metros denominados neste trabalho
de Membro Maresias. Estes arenitos cinza-
esbranquiçados, de seleção boa a moderada, ocor-
rem de forma canalizada (por vezes até meandrante)
ou sob a forma de leques em regiões menos confi-
nadas da região batial. Estão relacionados a fluxos
gravitacionais turbidíticos. Estes arenitos têm se
mostrado excelentes reservatórios, com permeabili-
dades altas.

• nome: o nome do Membro Maresias deriva


da praia homônima situada no município de
São Sebastião, litoral do Estado de São Paulo;

• equivalência regional: baseado em dados


bioestratigráficos e cronogeológicos, bem
como correlações estratigráficas regionais, esta
unidade pode ser correlacionada com a por-
ção superior da Formação Carapebus (Bacia
de Campos);

• seção tipo: do Membro Maresias ocorre ape-


nas em subsuperfície e está definida no poço
Rio de Janeiro Submarino 583 (1-RJS-583, 240
30’ 55" S e 420 33’ 41" W), perfurado em
2002, tendo atingido a profundidade máxima
de 3.466 m. Ocorre entre as profundidades
de -2.566 m -2.727 m, perfazendo um total
de 150 m de seção clástica (fig.3);

• litologia: arenitos médios a finos, raramen-


te grosso, de cor cinza-esbranquiçada, ar-
coseanos, compostos por ciclos de gradação
normal ou maciço. Estão relacionados a flu-
xos gravitacionais turbidíticos pouco ou
muito evoluídos, em ambiente marinho de
talude e bacia. Localmente ocorrem inter-
calados depósitos conglomeráticos, cujos
clastos mais grossos são de pelitos de talu-
de e bacia, indicando alto poder erosivo
destes fluxos. Este arenito foi testemunha-
do nos poços RJS581, RJS574 e RJS589. No
Eoceno Inferior ocorrem arenitos ricos em
Figura 2 – Seção–Tipo da Formação Figure 2 – Reference Section of the
Iguape – Grupo Itamambuca. Iguape Formation – Itamambuca Group.
radiolários que imprimem aos perfis elétri-
cos um padrão bastante conspícuo (baixa
densidade e velocidade);

542 | Bacia de Santos - Moreira et al.


• distribuição: geograficamente ocorre em
toda a Bacia de Santos a partir da batimetria
Grupo Frade
de 200 m (atual). Em geral, se depositam após
a quebra da plataforma preenchendo cânions O Grupo Frade, aqui definido, representa to-
ou sob a forma de leques em regiões menos dos os sedimentos depositados desde os leques aluviais
confinadas das regiões batial e abissal; até os pelitos e arenitos batiais que foram deposita-
dos do topo do Cenomaniano até o limite Cretáceo/
• contatos e relações estratais: os sedimen-
Paleógeno. Esta unidade representa uma fase de regres-
tos arenosos do Membro Maresias encontram-
são onde o limite da plataforma avançou até 200 km
se interacamadados com os pelitos da Forma-
costa afora. Esta unidade engloba as formações San-
ção Marambaia. Em geral, se depositam so-
tos, Juréia, Itajaí-Açu e o Membro Ilhabela já defini-
bre discordâncias de 2a e 3a ordens;
dos na literatura (Pereira e Feijó, 1994).
• idade: os corpos arenosos do Membro Neste trabalho, com base em novos dados
Maresias, em geral, estão associados a discor- bioestratigráficos e nas feições de perfis elétricos,
dâncias de 2a e 3a ordens relacionadas a que- sugere-se que a Formação Santos seja representada
das relativas do nível do mar desde o Paleoce- somente pelos sedimentos conglomeráticos
no (limite Paleógeno/Cretáceo – 65,5 Ma) até avermelhados dos leques aluviais. As frações areno-
os dias atuais. Porém, os maiores volumes de sas e pelíticas também avermelhadas associadas aos
arenitos até hoje amostrados se encontram dis- sistemas fluviais cretácicos devem ser englobadas pela
tribuídos pelo Eoceno e Oligoceno. Formação Juréia.

Figura 3 – Seção–Tipo do Membro Maresias da Figure 3–Reference Section of the Maresias Member of
Formação Marambaia – Grupo Itamambuca. the Marambaia Formation – Itamambuca Group.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 543


Grupo Camburi Grupo Camburi/Formação
Itanhaém/Membro Tombo
O Grupo Camburi, aqui definido, representa
todos os sedimentos depositados desde os leques Interacamadados com os sedimentos
aluviais até os pelitos e arenitos batiais que foram pelíticos da Formação Itanhaém ocorrem em cor-
depositados após a Formação Ariri até o topo do pos arenosos de dezenas a centenas metros de-
Cenomaniano. Esta unidade engloba as formações nominados neste trabalho de Membro Tombo. Es-
Florianópolis, Guarujá, Itanhaém e uma nova unida- tes arenitos cinza-esbranquiçados, de seleção boa
de denominada de Membro Tombo, incluso na For- a moderada, ocorrem de forma canalizada (por
mação Itanhaém. Este grupo representa uma fase vezes até meandrante) ou sob a forma de leques
de transgressiva que culmina com a deposição dos em regiões menos confinadas da região batial.
folhelhos anóxicos da transgressão Turoniana. Estão relacionados a fluxos gravitacionais turbidí-
ticos ou hiperpicnais.

• nome: o nome do Membro Tombo deriva da


praia homônima situada no município de
Guarujá, litoral norte do Estado de São Paulo;

• equivalência regional: baseado em dados


bioestratigráficos e cronogeológicos, bem
como estudos regionais, esta unidade pode
ser correlacionada com a Formação Namora-
do da Bacia de Campos;

• seção tipo: o Membro Tombo ocorre apenas


em subsuperfície e está definida no poço Rio
de Janeiro Submarino 585 (1-RJS-585, 240 25’
1" S e 420 46’ 34" W), perfurado em 2002, ten-
do atingido a profundidade máxima de 5.900 m.
Ocorre entre as profundidades de - 4.041 m
- 4.588 m, perfazendo um total de 547 m
de seção clástica (fig.4);

• litologia: arenitos médios a finos, raramen-


te grossos, de cor cinza-esbranquiçada, ar-
coseanos, compostos por ciclos de gradação
normal ou maciço. Estão relacionados a flu-
xos gravitacionais turbidíticos pouco ou mui-
to evoluídos ou a fluxos hiperpicnais, em am-
biente marinho de talude e bacia;

• distribuição: geograficamente ocorre em


toda a Bacia de Santos a partir da
batimetria de 200 m (atual). Em geral, se
depositam após a quebra da plataforma
preenchendo sob a forma de leques nas
regiões batial e abissal;

Figura 4– Seção–Tipo do Membro Tombo Figure 4 – Reference Section of the • contatos e relações estratais: os sedimen-
da Formação Itanhaém – Grupo Camburi. Tombo Member of the Itanhaém tos arenosos do Membro Tombo encontram-
Formation – Camburi Group.
se interacamadados com os pelitos da Forma-

544 | Bacia de Santos - Moreira et al.


ção Itanhaém. Em geral, se depositam sobre 49" S e 420 41’ 33" W), perfurado em 2005,
discordâncias de 2a e 3a ordens; tendo atingido a profundidade máxima de
6.621 m. Ocorre entre as profundidades de
• idade: os corpos arenosos do Membro Tombo, - 6.015 m - 6.330 m, perfazendo um total de
em geral, estão associados a discordâncias de 313 m de seção clástica (fig.5);
2a e 3a ordens, relacionadas a quedas relativas
do nível do mar, desde o Albiano Superior (100 • litologia: é composta por depósitos de águas
Ma) até marco radioativo Turoniano (91,2 Ma). muito rasas em um lago/mar epicontinental.
É caracterizada por calcários estromatolíticos,
laminitos microbiais, microbiolitos ricos em tal-
Grupo Guaratiba co e argilas magnesianas e folhelhos carbo-
náticos, provavelmente depositados em am-
O Grupo Guaratiba deriva da Formação bientes alcalinos com ocorrência subordina-
Guaratiba, definida por Pereira e Feijó (1994) para da de coquinas;
representar todos os sedimentos depositados entre
a Formação Camboriú e a Formação Ariri, ou seja,
os depósitos carbonáticos e siliciclásticos da fase
rifte. Com a perfuração de novos poços foi possível
se individualizar três novas formações (Piçarras,
Itapema e Barra Velha). Neste trabalho, o Grupo
Guaratiba representa as formações depositadas
durante as fases rifte e transicional e que serão
apresentadas a seguir.

Grupo Guaratiba/Formação
Barra Velha
Esta unidade engloba os sedimentos depo-
sitados no estágio em que as falhas mestras do
rifteamento haviam cessado sua atividade ou so-
friam raras reativações e toda a bacia rifte iniciou
sua subsidência térmica. A geometria das refle-
xões tende a ser plano-paralela com pouca varia-
ção nas isópacas. É composta por calcários estro-
matolíticos, laminitos microbiais, microbiolitos ri-
cos em talco e argilas magnesianas e folhelhos
carbonáticos. Subordinadamente ocorrem coquinas
e basaltos datados em 118 Ma.

• nome: o nome da Formação Barra Velha de-


riva da praia homônima, situada no municí-
pio de Ilhabela, no Estado de São Paulo;

• equivalência regional: com base em dados


bioestratigráficos e cronogeológicos, esta uni-
dade é correlacionável à Formação Macabu
na Bacia de Campos;

• seção tipo: a Formação Barra Velha ocorre Figura 5 – Seção–Tipo da Formação Figure 5 –Reference Section of the Barra
apenas em subsuperfície e está definida no Barra Velha – Grupo Guaratiba. Velha Formation – Guaratiba Group.
poço Rio de Janeiro 625 (1-RJS-625, 240 08’

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 545


• distribuição: ocorre em toda a Bacia de ros, ricos em matéria orgânica. A correlação
Santos após a charneira cretácica; de poços indica significativa mudança lateral
de fácies, sugerindo compartimentação e vari-
• contatos e relações estratais: os sedimentos abilidade nas condições paleoambientais
terrígenos da Formação Barra Velha têm passa- (alcalinidade, salinidade etc);
gem concordante com Formação Ariri (113 Ma)
e discordante na base com a Formação Itapema • distribuição: ocorre em toda a Bacia de San-
através da Alagoas/Jiquiá de 123,1 Ma; tos após a charneira cretácica preenchendo
os semi-grábens da seção rifte;
• idade: a Formação Barra Velha ocorre so-
bres os sedimentos da Formação Itapema • contatos e relações estratais: os sedimen-
de idade mínima de 123,1 Ma e está soto- tos terrígenos da Formação Itapema são limi-
posta à Formação Ariri de idade máxima tados no topo pela discordância Alagoas/Jiquiá
de 113 Ma. de 123,1 Ma e na base pela discordância Ji-
quiá/Buracica de 126,4 Ma;
Grupo Guaratiba/Formação • idade: a Formação Itapema ocorre sobre os
Itapema sedimentos da Formação Piçarras de idade
mínima de 126,4 Ma e está sotoposta à For-
mação Barra Velha de idade máxima de
Esta unidade engloba os sedimentos depo-
123,1 Ma.
sitados no estágio final da formação dos meio-grá-
bens quando as falhas principais diminuem a ativi-
dade até cessar quase completamente. Apresenta Grupo Guaratiba/Formação
geometria das reflexões levemente em forma de
cunha ou plano-paralela, sendo as variações de Piçarras
isópacas menores do que as da seqüência soto-
posta, mas ainda revelando forte controle estrutu-
Esta unidade engloba os sedimentos depo-
ral. Está representada por grainstones a bivalvos
sitados desde o estágio inicial até o estágio de má-
(coquinas), wackestones e packstones bioclásticos,
xima atividade da formação dos meio-grábens. Tem
folhelhos carbonáticos e folhelhos escuros, ricos
geometria em forma de cunha e reflexões diver-
em matéria orgânica. gentes em direção às falhas principais e está re-
• nome: o nome da Formação Itapema deriva presentada por arenitos e pelitos de composição
da praia homônima, situada no litoral do Es- talco-estevensítica e folhelhos escuros, ricos em
tado de Santa Catarina; matéria orgânica.

• equivalência regional: baseado em dados • nome: o nome da Formação Piçarras deriva


bioestratigráficos e cronogeológicos, esta uni- da praia homônima, situada no litoral do Es-
dade é correlacionável à Formação Coqueiros tado de Santa Catarina;
na Bacia de Campos;
• equivalência regional: baseado em dados
• seção tipo: a Formação Itapema ocorre ape- bioestratigráficos e cronogeológicos, esta uni-
nas em subsuperfície e está definida no poço dade é correlacionável à Formação Gargaú,
Rio de Janeiro 625 (1-RJS-625, 240 08’ 49" S e na Bacia de Campos;
420 41’ 33" W), perfurado em 2005, tendo
atingido a profundidade máxima de 6.621 m. • seção tipo: a Formação Piçarras ocorre ape-
nas em subsuperfície e está definida no poço
Ocorre entre as profundidades de - 6.330 m
Rio de Janeiro 628 (1-RJS-628, 250 28’ 54" S
- 6.525 m, perfazendo um total de 171 m
e 420 49’ 41" W), perfurado em 2005, tendo
de seção clástica (fig.5);
atingido a profundidade máxima de 5.957 m.
• litologia: é composta de grainstones a bivalvos Ocorre entre as profundidades de -5.245 m
(coquinas), wackestones e packstones bioclás- -5.419 m, perfazendo um total de 174 m de
ticos, folhelhos carbonáticos e folhelhos escu- seção clástica (fig.6);

546 | Bacia de Santos - Moreira et al.


• litologia: é composta por arenitos e pelitos • contatos e relações estratais: os sedimentos
de composição talco-estevensítica e folhelhos terrígenos da Formação Piçarras depositaram-se
escuros, ricos em matéria orgânica que as- discordantemente sobre os basaltos da Formação
sentam sobre derrames basálticos de 130 Ma; Camboriú. O contato superior com a Formação
Itapema ocorre sob a forma de uma expressiva
• distribuição: ocorre em toda a Bacia de San- discordância com boa visibilidade em sísmica;
tos após a charneira cretácica preenchendo
os semi-grábens da seção rifte. Supõe-se que • idade: a Formação Piçarras ocorre sobre os
nos depocentros encontre-se a porção mais basaltos da Formação Camboriú de idade 130-
antiga dessa seqüência, de provável idade 136,4 Ma e sotoposta à Formação Itapema de
Buracica-Aratu; idade máxima de 126,4 Ma.

Figura 6 – Seção–Tipo da Formação Figure 6 –Reference Section of the Piçarras


Piçarras – Grupo Guaratiba. Formation – Guaratiba Group.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 531-549, maio/nov. 2007 | 547


BACIA DE SANTOS

SEDIMENTAÇÃO
NATUREZA DA
LITOESTRATIGRAFIA
GEOCRONOLOGIA AMBIENTE
DISCORDÂNCIAS
Ma DEPOSICIONAL
FORMAÇÃO MEMBRO
ÉPOCA IDADE

0 SEPETIBA

EO ZAN C LE AN O
NEÓGENO

M E S S I N I AN O
NEO
TOR TONIANO
10

I G UAPE
S E R R AVAL IA N O
MESO
LAN G H I AN O

B U R D I GAL IA N O
EO
20
AQ U I TAN IA N O

MARE SIAS
MARAM BAIA
NEO C HAT T IAN O

ITAMAMBUCA
30 EO R U P E L IA N O

NEO P R I AB O N I AN O
PALE Ó G EN O

COSTEIRO / PLATAFORMA /

BAR T O N I AN O
40
TALUDE / PROFUNDO
EOCENO

MESO

PONTA AGUDA
L UT E T I AN O
MARINH O

50
EO Y PR ES I AN O
PALEOCENO

T HAN E T I AN O
NEO
60 S E LAN D I AN O

EO DAN I AN O

70 J U R É IA
(S EN ON IAN O )

I LHAB ELA
SANTOS

I TAJAÍ - AÇ U
FRADE

CAM PA N IAN O

80
NEO

SAN T O N I AN O

C O N I AC I AN O

90
T UR ON I ANO
TOMBO
ITANHAÉM
FLORIANÓPOLIS

C E N O MA N IA N O
CAMBURI

100
CRETÁCEO

AL B I AN O PLATAFORMA
RASA -
( GÁLI CO)

110
TALUDE
AR I R I

ALAGOAS RESTRITO- BARRA


APTIANO
LAGUNAR
CONTINENTAL

VELHA
GUARATIBA

120
EO

JI QUIÁ ITAPEMA
BARRE- BURACICA
MIANO LACUSTRE PIÇARRAS
130 ARAT U
(N EO CO M IAN O )

HAUTE-
RIVIANO CAMBORIÚ

VALAN-
GINIANO RIO
140 DA
SERRA
BERRIA-
SIANO

DOM
TITHO-
JOÃO
NIANO
150
542
E M BASAM E N T O

548 | Bacia de Santos - Moreira et al.


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