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Direito Constitucional

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Ações Diretas .......................................................................................................... 2
1.1 Participantes ..................................................................................................... 2
1.1.1 Audiência Pública & Peritos ......................................................................... 2
1.2 Cautelar ............................................................................................................. 2
1.2.1 ADI ............................................................................................................... 2
1.2.2 ADC .............................................................................................................. 4
1.2.3 ADO .............................................................................................................. 5
1.2.4 ADPF............................................................................................................. 5
1.2.5 ADI Estadual ................................................................................................. 5
1.2.6 Representação interventiva ........................................................................ 6
1.3 Decisão Final ..................................................................................................... 6
1.3.1 ADI ............................................................................................................... 6
1.3.1.1 Caráter Dúplice ou Ambivalente .......................................................... 6
1.3.1.2 Quórum ................................................................................................ 6
1.3.1.3 Efeitos .................................................................................................. 6
1.3.1.4 Técnicas decisórias ............................................................................. 11

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1. Ações Diretas
1.1 Participantes
1.1.1 Audiência Pública & Peritos
Lei 9.868/99, Art. 9º Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório,
com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.
§ 1º Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou
de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator
requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que
emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir
depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.
§ 2º O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais
federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de
sua jurisdição.
§ 3º As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão
realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.

Designam-se pelo ministro relator. Em ambos os casos (audiência pública e comissão


de peritos), está presente alguma circunstância de fato que demanda conhecimento alargado
de cunho não jurídico.
Como já visto, no bojo das ações diretas não se discutem casos concretos vinculados a
direitos subjetivos. Inobstante isso, há leis geradoras de consequências concretas as quais não
podem ser ignoradas no julgamento abstrato, o que ensejará a designação de
peritos/audiência pública.
Exemplo: a pesquisa de células-tronco embrionárias envolve conhecimentos
científicos de notória profundidade, dos quais os Ministros do STF não são sabedores. Por
conta disso, o relator da ADI marca a audiência pública em que especialistas emitirão suas
opiniões sobre o caso e, assim, auxiliarão a Corte a tomar a decisão mais acertada.

1.2 Cautelar
1.2.1 ADI
(i) Finalidade
A cautelar tem por finalidade suspender a eficácia do ato normativo.

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(ii) Efeitos
Tem a cautelar eficácia erga omnes e vinculante. Isso significa que nem magistrados
nem órgãos da administração pública pode aplicar a norma suspensa, sob pena de reclamação
constitucional endereçada ao STF.
Possui, também, efeito repristinatório (artigo 11, §2º, Lei 9.868/99).
Exemplo: Havendo uma lei A revogada por uma lei B e cautelar em ADI para suspender
os efeitos da lei B (inclusive os seus efeitos revogatórios), a lei A será restaurada, pelo menos,
durante a cautelar.
Lei 9.868/99, Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará
publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a
parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à
autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I deste Capítulo.
§ 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex
nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso
existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

Observação: é possível que o Supremo Tribunal Federal conceda a cautelar não


revestida de efeito repristinatório.
Em regra, a cautelar tem efeito ex nunc. Todavia, é admissível a modulação temporal,
de maneira que se faculta ao STF até mesmo conceder efeitos ex tunc à cautelar, a depender
das peculiaridades do caso concreto.
Quando consta da petição inicial da ADI o pedido de medida cautelar, o relator: (i)
analisará a cautelar (isso, em regra, é feito pelo plenário, salvo em caso de recesso ou de
situações de excepcional urgência); ou (ii) verificando que o caso possui especial significado
para a ordem social e segurança jurídica, determinará o procedimento abreviado/célere,
submetendo a matéria ao plenário, que terá a faculdade de, desde logo, decidir o mérito.
Lei 9.868/99, Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância
da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica,
poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do
Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo
de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar
definitivamente a ação.

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1.2.2 ADC
(i) Finalidade
Lei 9.868/99, Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais
suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato
normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.

Sua finalidade é suspender os processos nos quais se discuta a aplicação da norma.


Nascida a norma jurídica com presunção de constitucionalidade, prima facie, seria
ilógico manejar uma ADC e pleitear-se medida cautelar que confirmasse aquilo que a própria
norma, presumidamente, é: constitucional.
Com efeito, esse raciocínio desvela para nós o pressuposto da ADC, a saber:
controvérsia judicial relevante (dimensão significativa). Ou seja, a controvérsia entre órgãos
do Poder Judiciário ou entre estes e a Administração Pública.
Observação: na ADI, desnecessária a demonstração de controvérsia judicial.
Cabe ainda ressaltar que: (i) a controvérsia deve ser atual (futura, não); (ii) essa
controvérsia não pode ser, apenas, doutrinária. Se, por exemplo, se propuser uma ADC
fundada em controvérsia doutrinária atual ante a potencialidade de esta transformar-se em
controvérsia judicial futura, em verdade, estar-se-á a promover ADC preventiva, a qual não é
permitida.
(ii) Prazo
Lei 9.868/99, Art. 21, Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal
Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da
decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no
prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.

Possui prazo de 180 dias. Findo esse prazo, os processos outrora suspensos voltarão a
fluir. Em que pese a inexistência de previsão legal, já houve caso em que o Supremo Tribunal
Federal admitiu a prorrogação do prazo.

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1.2.3 ADO
A Lei 9.868/99 foi alterada pela Lei 12.063/2009, a qual acrescentou àquela novos
artigos disciplina, justamente, a ADO. Com base na novel disciplina legal, hodiernamente,
admite-se o cabimento de cautelar na ADO.
(i) Finalidade
Sua finalidade é (i) suspender a eficácia de ato normativo, no caso de omissão parcial.
Por um lado, a norma é omissa ao não abranger toda a categoria como lhe era devido. Por
outro, conspurca a isonomia mediante a ação de englobar apenas um setor da categoria em
detrimento de outro. A aferição do que é pior, a existência de uma norma omissa, ou a
inexistência da norma, será casuística (caso a caso); (ii) suspender processos judiciais ou
procedimentos administrativos nos quais a matéria impugnada esteja sendo discutida; (iii)
outra providência a ser fixada pelo Tribunal.

(ii) Efeitos
Erga omnes e vinculante. Em havendo descumprimento, admissível o ajuizamento de
reclamação perante o STF.

1.2.4 ADPF
(i) Finalidade
a. Suspensão da eficácia do ato impugnado;
b. Suspensão dos processos em que se discute a matéria. Avive-se que não prazo
legal para tal suspensão. O STF assenta, por analogia, ser aplicável o prazo de 180 dias havido
na ADC;
c. Suspensão dos efeitos de decisão judicial que não tenha transitado em julgado;
d. Suspensão dos efeitos de outras medidas que guardem pertinência com a
matéria

1.2.5 ADI Estadual


A finalidade é a suspensão do ato normativo. Idem à ADI genérica.

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1.2.6 Representação interventiva


A finalidade é a suspensão do ato causador do processo interventivo. Lembre-se que
ensejam a representação interventiva a violação a princípio constitucional sensível ou recusa
à execução de lei federal.
Também possui efeito erga omnes e, ainda, se violada a cautelar, cabível a reclamação
ao STF.

1.3 Decisão Final


1.3.1 ADI
1.3.1.1 Caráter Dúplice ou Ambivalente
Lei 9.868/99, Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação
direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade,
julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.

Quer pela procedência, quer pela improcedência, deve a decisão final ser prolatada
pela maioria absoluta dos ministros da Corte (seis). Possui essa decisão caráter
dúplice/ambivalente. A procedência da ADI é uma declaração de inconstitucionalidade,
enquanto a improcedência é a declaração de constitucionalidade. A mesma lógica vale para a
ADC, motivo pelo qual a ADI e a ADC são ações “com sinais trocados”, pois a procedência de
uma equivale à improcedência da outra.

1.3.1.2 Quórum
O quórum de presença é o de 8 ministros, no mínimo. Já a declaração de
constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, como visto acima, deve ser feita por 6
ministros.

1.3.1.3 Efeitos
a. Subjetivo (Erga omnes e vinculante)
São afetados pelo efeito vinculante os demais órgãos do Judiciário e a Administração
Pública, direta ou indireta, da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Não se opõem,
contudo, ao próprio STF e ao Poder Legislativo.

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Esclareça-se que o Legislativo não é atingido em sua função legislativa, mas, sim, em
sua função administrativa, a qual exerce de forma atípica.
Se houver decisão judicial ou ato da administração pública contrários à decisão do
Supremo Tribunal Federal, caberá reclamação, que, é bom dizer, não detém natureza recursal.
Isso significa que, direcionada e acolhida pelo STF, não haverá reforma da decisão judicial.
Antes, a Corte determinará a cassação da decisão judicial ou a anulação do ato administrativo
para que a respectiva autoridade refaça o ato judicial ou o administrativo.
Um magistrado pode violar o efeito vinculante da decisão do STF de duas formas: [1]
deixar de aplicar a referida decisão; [2] aplicando a decisão indevidamente. Essa lógica vale,
também, para a Administração Pública.
Imagine-se que o Legislador confeccione uma nova lei idêntica àquela declarada
inconstitucional pelo STF. Pergunta-se: caberá reclamação contra esse novel diploma? A
resposta é negativa. A uma, porque não se opõe reclamação contra a norma em si mesma. Se
houver a propositura da reclamação, a ação não deverá ser conhecida. Nada obstante, o
Pretório Excelso assenta que, se essa reclamação preencher todos os requisitos da ADI, pode
nela ser convertida e prosseguir e ser processada como tal. A duas, porque o Legislador não
está vinculado à decisão do STF.

a.1. Efeitos vinculantes e coisa julgada


Cediço é ter a coisa julgada limites objetivos (dispositivo da decisão) e subjetivos
(partes).
Nessa análise comparativa, o efeito vinculante representaria uma ampliação desses
limites. Haveria ultrapassagem aos limites subjetivos da coisa julgada, porquanto afetaria
outras pessoas (demais órgãos do Judiciário e Administração Pública) que não as envolvidas
no processo. Em relação aos limites objetivos da coisa julgada, existe a tese da transcendência
dos efeitos vinculantes ou transcendência dos motivos determinantes.
Exemplo: o STF, ao julgar uma ADI, declara uma lei do ES inconstitucional. Como
qualquer decisão judicial, possui ela fundamentos determinantes que levaram o Supremo a
fazê-la. Imagine-se que existe uma lei de MG seja igual à do ES. De acordo com a tese da
eficácia transcendente dos motivos determinantes, não apenas o dispositivo da decisão da
ADI tem efeito vinculante, mas, seus próprios fundamentos possuem esse efeito. Isso significa
que leis substancialmente semelhantes ou idênticas (no exemplo, MG) serão atingidas pela
declaração de inconstitucionalidade do primeiro caso (no exemplo, ES). Logo, por serem
inconstitucionais, não podem ser aplicadas.

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Assim, se um juiz aplicar a lei de Minas Gerais abrangida pela declaração de


inconstitucionalidade, sua decisão terá violado a decisão do STF em ADI. Por isso, será objeto
de reclamação para o STF.
Observação1: hodiernamente, o Supremo não vem encampando a tese da eficácia
transcendente.
Observação2: caso a tese da eficácia transcendente não seja admitida, não caberá
reclamação com relação à decisão que aplique a lei semelhante à declarada inconstitucional.
Entretanto, o ministro Gilmar Mendes. entende ser cabível reclamação ainda assim.
Argumenta que a interpretação constitucional do Supremo, o último intérprete da CRFB,
integra a ordem constitucional global (inclui o texto constitucional, os princípios implícitos, os
tratados internacionais de direitos humanos e, na visão do Gilmar, a interpretação
constitucional do STF). Isso significa que essa última interpretação termina por definir o que
o texto constitucional, de fato, é.1
Dessa sorte, a decisão que aplicasse norma cuja essência, por ser idêntica a outra
norma declarada inconstitucional, fosse inconstitucional violaria a interpretação do STF.
Conseguintemente, macularia a ordem constitucional global. Para o ministro, a interpretação
do STF tem efeito erga omnes e vinculante.
Nota1: essa tese é exposta na Reclamação 43352.
Nota2: essa tese do ministro Gilmar Mendes integra o fenômeno da abstrativização do
controle concreto de constitucionalidade. Contudo, o STF não concordou com o pensamento
evidenciado pelo Ministro. Isso não significa, é bom alertar, que a Corte não admite o
fenômeno da abstrativização que é sensivelmente mais amplo que a ideia de interpretação
constitucional e ordem constitucional global aventada por Gilmar Mendes. Apenas, não
encampou a tese por ele defendida.

b. Temporal
Lei 9.868/99, Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os

1
De precisão cirúrgica em comparação a esse caso, cita-se a presente oração de um ministro da Suprema
Corte dos EUA: “A Constituição é o que nós, juízes da Suprema Corte, dizemos que ela é.”
2
Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%284335%2ENUME%2E
+OU+4335%2EDMS%2E%29%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/ba22n
hc>

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efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

De regra, ex tunc, porquanto a norma inconstitucional é nula desde a origem (princípio


da nulidade das normas inconstitucionais). No entanto, esse princípio pode revelar-se
colidente com a segurança jurídica ou o excepcional interesse social. O Pretório Excelso,
então, procederá à ponderação entre os princípios em rota de colisão, e, caso repute por
necessária a modulação temporal (resultado da ponderação), pode determinar: (i) efeitos ex
nunc (da decisão em diante); (ii) efeitos pro futuro (termo a partir do qual a decisão produzirá
efeito); (iii) efeitos ex tunc parcial (retroage, mas, não ao nascimento da norma).
A modulação deve ser expressa e demanda quórum de 2/3 dos ministros. Se o STF não
modula o efeito e silencia sobre ele, prevalece a regra, a saber, efeito ex tunc. Por esse motivo,
assentava a Corte que, inexistindo qualquer menção ao efeito temporal da decisão, não eram
cabíveis embargos de declaração para fins de modulação de efeitos temporais. Entretanto, a
Suprema Corte excepcionou seu próprio entendimento, admitindo a oposição de embargos.
Na hipótese, o STF sustentava posição no sentido de que, se o indivíduo possuísse foro
por prerrogativa de função, terminado o exercício da função/cargo, haveria perpetuação do
foro privativo. A posteriori, operou-se transmudação desse raciocínio, e a Corte asseverou a
impossibilidade de continuação do processo no foro por prerrogativa em caso de não
continuação da função. O Congresso Nacional, então, cria lei (Lei 10.628/2002) alteradora do
Código de Processual Penal e insere no artigo 84 a regra a perpetuação do foro especial. Essa
lei, portanto, mantinha o entendimento originário do Pretório Excelso. Contra a aludida lei,
propõe-se ADI, e o STF, no ano de 2005, declara-a inconstitucional. Na decisão, silencia quanto
aos efeitos temporais, e o autor da ADI opõe embargos de declaração, os quais são admitidos
pelo STF, que realiza a modulação de efeitos. Só que no ano de 2012! Na hipótese, percebendo
o risco para a segurança jurídica das decisões prolatadas entre 2002 e 2005, opera a
modulação temporal.

c. Repristinatório
Lei A é revogada pela lei B. Esta, posteriormente, é declarada inconstitucional. Logo,
ela e todos os seus efeitos são nulos. A lei A, então, será restabelecida. Irá repristinar.
Doutrinadores há que diferenciam o efeito repristinatório da represtinação. Esta
última aloca-se na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro e consiste na possibilidade de norma
revogada (A) voltar a viger caso sua norma revogadora (B) seja, também, revogada e a norma
que a revogou (C) preveja o restabelecimento da primeira norma (A). ~

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A intenção dessa diferenciação é mostrar duas situações completamente distintas


entre si. Uma coisa é a inconstitucionalidade da norma revogadora; outra, é a revogação da
norma revogadora.
O problema é que tratar os fenômenos de maneira distinta pode induzir a erro, haja
vista, a rigor, consubstanciarem-se na mesma situação, a saber: a ‘ressureição’ da norma
revogada.
Tanto o efeito repristinatório, quanto a repristinação podem ser igualmente chamados
de repristinação, mas a causa é que pode ser a declaração de inconstitucionalidade da lei
revogadora ou a revogação da lei revogadora, ocorrendo, esta última, apenas de forma
expressa.
Observação1: o STF, em seus julgados, utiliza ambos os termos.
Observação2: a Constituição Portuguesa usa o termo ‘repristinação’.
Imagine-se que a Lei A, que deveria ser restabelecida, padece da mesma
inconstitucionalidade da Lei B. Nessa hipótese, a declaração de inconstitucionalidade foi
inócua. Cuida-se do chamado efeito repristinatório indesejado.
O STF entendia que, neste caso, a ADI deveria ser proposta em face da lei revogadora
e da revogada, com pedido sucessivo, a fim de se evitar o efeito repristinatório indesejado.
Caso contrário, isto é, caso se propusesse a ADI apenas contra a lei revogadora (atual), a ação
não seria conhecida.
Mas, atualmente, o STF entende que a ADI poderá ser conhecida mesmo sem o pedido
sucessivo, mas, incidentalmente, deve-se conhecer, ex officio, a inconstitucionalidade da lei
anterior (revogada), evitando-se a repristinação indesejada, o que deve ser feito de forma
expressa na decisão pelo quórum de 2/3. Na prática, isso significaria o afastamento do efeito
repristinatório indesejado. Uma espécie de modulação dos efeitos repristinatórios.
Por entender que, ao conhecer a inconstitucionalidade da lei anterior, o STF estaria
violando o princípio da adstrição/congruência, o Ministro Marco Aurélio discordou dessa
possibilidade.
Nesse passo, pode-se dizer que o princípio da adstrição/congruência, conquanto
exista, encontra-se mitigado no controle abstrato se comparado aos processos subjetivos
(controle concreto).

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Caso o STF perceba que a lei a ser repristinada seja anterior à Constituição de 1988 e
com ela incompatível3, deverá reconhecê-la como não recepcionada pela nova ordem
constitucional e determinar sua inaplicabilidade. Ou seja, não voltará a viger. Ressalte-se que,
nesse caso, a ADI não foi proposta contra a lei anterior à Constituição de 1988, pois que tal
manejo é inviável. A ADI foi ajuizada contra lei atual que, declarada sua inconstitucionalidade,
traria de volta à vigência diploma anterior a Constituição de 1988.
Considere a seguinte assertiva: “não é impossível, em sede de ADI, a análise de leis
anteriores à Constituição nova”. Está correta. Como visto, é vedado que a lei anterior à
Constituição atual seja objeto de ADI. Entretanto, no bojo da ação direta, pode ser analisada,
na hipótese de essa lei anterior a novel Constituição repristinar no caso declaração de
inconstitucionalidade da lei que a revogou.

1.3.1.4 Técnicas decisórias


Analisada uma norma, verifica-se que ela pode ser plenamente constitucional ou
absolutamente inconstitucional. Tais situações extremas nominam-se “estado perfeito da
norma” ou “situação perfeita da norma”. In casu, operam-se declarações simples ou
ortodoxas/convencionais.
Sem embargo, há outros casos em que não se pode, simplesmente, taxar de
inconstitucional ou constitucional a norma. Cuida-se das denominadas “situações
imperfeitas” ou “situações intermediárias”.
Adiante, elencam-se as técnicas decisórias.
1ª. Modulação dos efeitos
O quórum é de 2/3 dos ministros (oito). Na declaração simples, diz-se que a norma é
inconstitucional e, portanto, nula desde seu nascimento. Diferentemente, caso se faça
necessária a modulação dos efeitos, eis que se considerou que a declaração de nulidade da
norma não pode retroagir à data de sua criação, está-se perante situação
intermediária/imperfeita.
A declaração de inconstitucionalidade pro futuro também pode ser chamada de
‘declaração de inconstitucionalidade com efeito ablativo [ou ablação], diferido ou datado’.
Nota: ablação significa retirar, amputar, excluir.

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Lembrete: o STF não admite a inconstitucionalidade de norma anterior à Constituição de 1988. Por
isso, fala-se em incompatibilidade.

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2ª. Declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto


Exemplo: reza determinada norma: “a vitaliciedade é garantida aos magistrados, aos
membros do Ministério Público e aos procuradores do Estado”. Aqui, revela-se plausível
fracionar essa norma em três partes (vitaliciedade a magistrados/vitaliciedade a
MP/vitaliciedade a procuradores do Estado), sem que isso retire seu significado. Ante isso,
plenamente possível a declaração de inconstitucionalidade da vitaliciedade dos procuradores
do Estado. A norma passa a ter a seguinte redação: “a vitaliciedade é garantida aos
magistrados, aos membros do Ministério Público e aos procuradores do Estado”.
Observação: tal técnica não pode inverter ou subverter o sentido do texto, sob pena
de o Supremo Tribunal Federal converter-se em legislador positivo.
Exemplo: “não é permitida a tortura”. Veda-se que o STF declare inconstitucional
apenas a palavra “não” e, com isso, a norma ostente a seguinte redação “não é permitida a
tortura”.

3ª. Declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto


O texto normativo mantém-se hígido, de sorte que resta atingida a hipótese de
aplicação da norma.
De plano, alerta-se que “declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto” e
“interpretação conforme a Constituição”, para alguns, são a mesma coisa. Para outros,
institutos completamente distintos. Outros, ainda, sustentam que, conquanto diferentes,
estão imbricadas.
A interpretação conforme a Constituição consiste na definição, dentre os diversos raios
de possibilidades hermenêuticas, do sentido harmônico com a Constituição. Portanto, o
pressuposto lógico da interpretação é a norma ser plurissignificativa ou polissêmica ou
plurívoca. Em sentido contrário, se a norma possuir apenas um sentido, ou ela é
inconstitucional ou constitucional. Não há que se fazer interpretação conforme.
Exemplo1: ao analisar-se a norma A, percebe-se que ela apresenta 04 (quatro)
interpretações, um dos quais é constitucional (interpretação nº 1). A seu turno, a norma B,
igualmente, detém 04 (quatro) interpretações, uma das quais inconstitucional (interpretação
nº 1), sendo as três restantes constitucionais.
No momento da declaração de inconstitucionalidade/constitucionalidade da norma, o
STF pode fazê-lo da seguinte forma: “declaro a norma A constitucional, contanto que
interpretada da maneira nº 1”. Por conseguinte, está a declarar-se a inconstitucionalidade das

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interpretações nºs 2, 3 e 4. Na segunda hipótese, inverte-se a lógica da decisão: “declaro a


norma B inconstitucional, contanto que interpretada da maneira nº 1”.
De acordo com essa linha de raciocínio, plausível afirmar que, ao realizar a
interpretação conforme, o intérprete pode atribuir o sentido compatível com a Constituição
ou excluir o sentido incompatível com a Constituição.
Com efeito, em ambos os casos, estaria a confeccionar a interpretação conforme. Ao
proceder à “exclusão de sentido”, faria uma declaração de inconstitucional parcial sem
redução de texto. Se realizasse uma “atribuição de sentido compatível”, operaria a declaração
de constitucionalidade, com a ressalva da interpretação correta.
Diante disso, não é possível dizer que “declaração de inconstitucionalidade sem
redução de texto” e “interpretação conforme a Constituição” são a mesma coisa. Isso porque
é viável realizar-se uma interpretação conforme, levando-se a uma declaração de
constitucionalidade, sem que se faça uma declaração sem redução de texto.
Exemplo1: o artigo 114, CRFB, cuida da justiça trabalhista, alterado pela EC 45/04. Este
artigo não dispõe ser competência da justiça do trabalho o julgamento de questões criminais.
No entanto, concedeu-lhe a competência para julgamento de habeas corpus e todas as
matérias decorrentes de relação de trabalho. Ante isso, poder-se-ia entender que ela teria
competência para julgar crimes relacionados a relações de trabalho.
Esta interpretação que atribui à justiça do trabalho competência criminal é
inconstitucional. Realizou o STF interpretou conforme para excluir do texto normativo o
referido ponto de interpretação. Vide ADI 3684.
CRFB, Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo
e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e


julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art.
114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de
inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I,
IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não
atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais.

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

(ADI 3684 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/02/2007,
DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00030 EMENT VOL-
02283-03 PP-00495 RTJ VOL-00202-02 PP-00609 LEXSTF v. 29, n. 344, 2007, p. 69-86 RMP
n. 33, 2009, p. 173-184)

Exemplo2: O artigo 90, Lei 9.099/95, no que se refere às normas penais é


inconstitucional, por violar o princípio da retroatividade da norma mais benéfica ao réu, mas,
no que tange às normas processuais, é constitucional.
Lei 9.099/95, Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja
instrução já estiver iniciada.

EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. JUIZADOS ESPECIAIS. ART. 90 DA LEI 9.099/1995.


APLICABILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA EXCLUIR AS NORMAS DE DIREITO
PENAL MAIS FAVORÁVEIS AO RÉU. O art. 90 da lei 9.099/1995 determina que as
disposições da lei dos Juizados Especiais não são aplicáveis aos processos penais nos quais
a fase de instrução já tenha sido iniciada. Em se tratando de normas de natureza
processual, a exceção estabelecida por lei à regra geral contida no art. 2º do CPP não
padece de vício de inconstitucionalidade. Contudo, as normas de direito penal que tenham
conteúdo mais benéfico aos réus devem retroagir para beneficiá-los, à luz do que
determina o art. 5º, XL da Constituição federal. Interpretação conforme ao art. 90 da Lei
9.099/1995 para excluir de sua abrangência as normas de direito penal mais favoráveis
ao réus contidas nessa lei.
(ADI 1719, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 18/06/2007,
DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-
02283-02 PP-00225 RB v. 19, n. 526, 2007, p. 33-35)

Visão clássica sobre esse tema pontifica que, ao interpretar a norma e definir seu
sentido compatível, haveria interpretação conforme a Constituição que, necessariamente,
seria declaração de constitucionalidade. Realizada a interpretação e obtido um sentido
incompatível, haveria uma declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto.
Observação: julgados mais antigos do STF (até o início dos anos 1990) adotavam essa
linha de raciocínio.
Na declaração de inconstitucionalidade sem redução texto, haverá redução do campo
normativo. O texto normativo permaneceu intacto. Entretanto, ao analisarem-se as hipóteses
de aplicação da norma, percebe-se que elas diminuíram.

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