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Relatório Especial – IPO BMG

Relatório
L abordando o IPO do Banco BMG
\

Está previsto, para o próximo dia 19 de dezembro, o início das


negociações, na B3, das Units do Banco BMG (BMGB11), sendo
que o período de reserva será encerrado no dia 14.

Dessa forma, para auxiliar os investidores na decisão de investir ou


não nessa oferta pública, fizemos este relatório especial e gratuito
onde analisamos a empresa e damos nosso parecer a respeito do
case e nossa opinião sobre a Oferta Pública.

Características da Oferta
Essa oferta consistirá na distribuição pública primária de
140.000.001 novas ações preferenciais, a serem emitidas pelo
Banco, e também numa oferta secundária de, inicialmente,
22.318.854 ações preferenciais de emissão do banco e de
titularidade do acionista vendedor. Os recursos obtidos com a
venda dessas ações, por serem vendidas por um atual acionista da
Companhia, não irão para o caixa da empresa, ao contrário dos
recursos levantados com a emissão primária.

Preço por ação: É estimado que, dentro do contexto da Oferta, o


preço estará situado entre R$ 11,00 e R$ 14,00, porém, é possível
que o preço seja fixado abaixo ou acima dessa faixa.

Relatório Especial 1
Valor mínimo e máximo para reserva: O valor mínimo de pedido
de investimento é de R$ 3.000,00 e o valor máximo de R$
1.000.000,00, aplicável aos investidores não institucionais.

Acionistas vendedores: Flávio Pentagna Guimarães, um dos


controladores da Companhia. Vale destacar que, apesar de estar
vendendo participação em ações PN, ainda permanecerá com
32.681.146 ações PN e, como acionista controlador, através do
direito de usufruto vitalício que possui sobre os direitos políticos de
56,82% do capital social da BMG Participações, veículo de controle
do banco.

Tickers de negociação: BMGB11 e BMG4. No caso da Unit, ela


será composta por uma ação de titularidade do Acionista Vendedor
e 3 (três) recibos de subscrição decorrente do aumento de capital
referente à Oferta Primária, recibo este que dá direito ao
recebimento de 1 (uma) Ação cada um após a Homologação
(“Recibos de Subscrição”). Aqui é importante lembrar também, que,
de acordo com o prospecto, as Units não poderão ser
desmembradas em valores mobiliários subjacentes até que seja
verificada a homologação do aumento de capital social do Banco
decorrente da Oferta Primária pelo Banco Central, de maneira que,
durante este período, o investidor somente poderá adquirir e
negociar Units. Não há como precisar se e quando a referida
Homologação do Banco Central será concedida. Porém, após este
ocorrido, as Units devem ser desmembradas e passarão a ser
negociadas apenas ações PN na bolsa.

Ações em free float após a oferta: Antes da realização da oferta,


não existiam ações em circulação no mercado. Já após a oferta,
sem considerar as ações suplementares, estima-se que cerca de
162.318.855 ações preferenciais, representativas de 25,4% do
capital social do Banco, estarão em circulação no mercado.

Destinação dos recursos: Os recursos líquidos levantados com a


Oferta Primária serão destinados para financiar o crescimento das
operações do banco, de forma a se refletir em resultados maiores
no futuro. Sendo assim, o banco pretende destinar os recursos para
(i) expansão dos negócios de forma orgânica e aquisições
estratégicas; (ii) expansão do canal de franquia; (iii) investimentos
em marketing e (iv) investimentos em tecnologia

Relatório Especial 2
Cronograma: Abaixo, vemos um resumo do cronograma dessa
oferta.

Valor total da oferta: R$ 2.028.985.687,50, considerando o preço


médio por ação, que é o ponto médio da faixa indicativa, sem
considerar ações suplementares.

Histórico e perfil
A história do Banco BMG começou no ano de 1930, quando a
família Pentagna Guimarães fundou o Banco de Crédito Predial
S.A. e se estabeleceu definitivamente na indústria financeira do
país.

Alguns anos depois, o banco mudou o seu nome para Banco de


Minas Gerais S.A. esse, por sua vez, era majoritariamente
comercial e ofertava crédito e produtos financeiros, tanto para
pessoas físicas quanto jurídicas.

Mais tarde, mais precisamente durante a década de 70, o banco


apresentou sólida expansão de suas operações. Em 1971, foi
criada a BMG Financeira S.A. de Crédito, Financiamento e
Investimento, uma importante etapa para a consolidação do banco
entre as maiores instituições financeiras do país.

Logo depois, em 1976, foi criado, dentro do banco, um segmento


especializado em Leasing, onde, a partir daí, a companhia começou
a realizar financiamento de veículos leves e pesados e, em poucos
anos, assumiu a liderança nacional do segmento.

Relatório Especial 3
Nos anos que se seguiram, a empresa permaneceu líder no
financiamento de veículos no país, passando a ser chamada de
Banco BMG a partir de 1989.

No entanto, foi somente a partir de 1998 que a instituição financeira


começou a se concentrar na concessão de empréstimos
consignados, tornando-se líder desse segmento no Brasil.

Vale destacar que foi em meados de 2012 que o banco teve um


importante marco em sua história, pois foi nesse ano que a
instituição firmou um contrato de associação com o Itaú Unibanco
S.A. O principal objetivo da parceria é estimular a distribuição de
créditos consignados no país e, para isso, foi firmada uma joint
venture entre essas duas importantes instituições financeiras,
chamada Banco Itaú BMG Consignado S.A.

Tamanho foi o sucesso gerado pela parceria entre as duas


instituições que, em 2014, os dois bancos assinaram um acordo
para unificar os negócios e se concentrar de forma exclusiva na
operação de crédito consignado na joint venture.
Essa união impulsionou uma série de vantagens para o Banco
BMG, pois ela permitiu que se especializasse em oferecer produtos
estratégicos, tais como cartão de crédito consignado ou produtos
diversos para empresas.

Desse modo, atualmente, a companhia pode ser considerada uma


das principais plataformas de financiamento ao consumo do país,
atuando de forma integrada em canais físicos e digitais.
A empresa, hoje, possui 3,5 milhões de clientes ativos, sendo líder
disparado no segmento de cartões de crédito consignado a
aposentados e pensionistas do INSS e funcionários públicos.

O seu market share é de mais de 65%, de acordo com dados


divulgados pelo Banco Central.

Relatório Especial 4
A proposta da companhia é oferecer uma plataforma one-stop shop
de produtos de financiamento ao consumo.

Desse modo, a atuação do Banco BMG se dá por dois principais


segmentos de produtos: varejo e atacado.

Na área de varejo, o principal produto da empresa é o Cartão de


Crédito Consignado. Os demais produtos de varejo consistem em
serviços de crédito pessoal, tais como: (i) Crédito na Conta, nesses
casos os pagamentos são automaticamente deduzidos das contas
correntes dos tomadores; (ii) Lendico, no qual oferece empréstimos
pessoais a partir de um correspondente bancário digital da
companhia, feito para pessoas com bom histórico de crédito; (iii)
oferta de consignado, nos Estados Unidos, através de acordos de
participação entre BMG Money (empresa detida pelos acionistas do
Banco BMG) e a subsidiária integral do banco, BMG Cayman.

Já na área de atacado, a instituição oferece serviços financeiros


estruturados, instrumentos derivativos para fins de proteção de
balanço, além de seguro-garantia para empresas de médio e
grande porte, concedidos por meio da BMG Seguros, subsidiária do
Banco BMG.

Abaixo, vemos uma timeline com os principais eventos que


envolveram a história do Banco BMG:

Relatório Especial 5
Composição acionária

Antes do IPO, a composição acionária era a seguinte, com 99,6%


do capital pertencente à família Pentagna Guimarães:

Já após a oferta, sem considerar as ações suplementares, a


composição acionária deve ficar da seguinte forma:

Relatório Especial 6
Nota-se que, na oferta primária, serão acrescentadas cerca de 140
milhões de ações ao capital social da empresa, sendo que, após a
oferta, cerca de 71,4% do capital social estarão nas mãos dos
controladores, porém, com a família Pentagna ainda mantendo
94,88% das ações ON em mãos.

Vantagens competitivas

O Banco BMG possui algumas vantagens competitivas que auxiliam


no sucesso de sua estratégia de crescimento. São elas:

Liderança no financiamento ao consumo no Brasil: o Banco


BMG foi capaz de construir um relevante brand equity no setor de
financiamento ao consumo no país. O modelo de negócios,
baseado em multiprodutos para diferentes estágios de vida do
cliente, confere a essa empresa uma baixa volatilidade de
resultados em relação aos ciclos econômicos vivenciados no Brasil.

Rede de distribuição ampla e diversificada: a empresa conta


com uma rede de distribuição bastante diversificada e composta por
correspondentes bancários, uma rede de franquias e agências
bancárias próprias, as quais operam de modo cada vez mais
sinérgicos com os outros canais digitais da instituição. Essa
estratégia permite à companhia estar presente em todo o território
nacional.

Capacidade de se adaptar à evolução do mercado: a companhia


tem um histórico amplo de ser uma empresa altamente
empreendedora e atenta às oportunidades de mercado, como no
desenvolvimento de novos produtos, canais e soluções. Um
exemplo disso é que o Banco BMG foi uma das primeiras
instituições financeiras a oferecer empréstimo consignado a
empregados do setor público, em 1999. Além disso, a companhia

Relatório Especial 7
está atenta à aplicação de tecnologia em diversas etapas de sua
operação, tais como o largo uso de sistemas de tecnologia de
informação, desenvolvidos para gerenciar uma grande quantidade
de originação de empréstimos, e centralizar os seus sistemas de
informações, incluindo os provenientes da área administrativa,
contábil, controle, preparação e orçamentos e gestão de
consumidores.

Estratégia de crescimento

Além da manutenção da liderança da empresa no segmento de


cartão de crédito consignado e no setor de financiamento ao
consumo, de maneira geral, no país, o Banco BMG pretende
construir uma plataforma completa de serviços financeiros que
poderão ser prestados aos seus clientes.

Desse modo, para alcançar esse objetivo, a companhia pretende


avançar nas seguintes frentes:

Alavancar a eficiência operacional e acelerar a rentabilização


de sua base de clientes: o Banco BMG, com seus mais de 2,2 mil
correspondentes bancários e um total de 14 mil consultores
cadastrados e capacitados para originar produtos, permite à
empresa um cross-sell bastante eficiente dentro de sua base de
clientes, o que requer baixos investimentos em marketing. Além
disso, a companhia possui um modelo de negócios altamente
escalável devido à expansão dos seus canais digitais.

Expansão da margem: o Banco BMG, nos próximos anos,


pretende focar, cada vez mais, em produtos de maior rentabilidade
ao seu negócio, como o uso do cartão de crédito consignado e
carteira de crédito pessoal. Além disso, a companhia pretende
expandir a sua atuação com a oferta de seguros massificados em
parceria com a Generali, o que, naturalmente, gera um maior cross-
sell e melhora a rentabilidade da empresa. Adicionalmente, o Banco
BMG também está incentivando os clientes a usarem, cada vez
mais, o seu canal de atendimento digital, o que, obviamente, reduz
significativamente os custos da companhia.

Relatório Especial 8
Diversificar negócios por meio de parcerias e aquisições: o
Banco BMG possui um histórico de conseguir estabelecer parcerias
e realizar aquisições, as quais promoveram crescimento e
rentabilização do seu negócio. Por exemplo, em 2018, a empresa
conseguiu firmar uma parceria de fornecimento de seus produtos
com a empresa de soluções para mobilidade urbana Autopass S.A.
Além disso, o banco, neste ano, adquiriu 65% de participação na
Granito, empresa do setor de adquirência, porém ainda sujeito à
aprovação do Banco Central.

Resultados
Como podemos ver, através do quadro abaixo, os resultados dos
últimos 3 anos do Banco BMG não foram nada animadores,
principalmente por conta do elevado custo de funding praticado em
anos anteriores.

O lucro líquido recorrente do banco foi de R$ 196 milhões nos


primeiros nove meses de 2018. Já o lucro líquido contábil alcançou
R$ 161 milhões nos 9M18, o que representa um aumento de
1170,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse aumento do lucro líquido se deveu, principalmente, ao


aumento da margem financeira no período, reflexo da redistribuição
da carteira que vem ocorrendo nos últimos anos, a qual vem
demonstrando que a companhia tem focado, cada vez mais, no
crédito consignado e crédito pessoal. Além disso, houve um menor

Relatório Especial 9
custo dos seus passivos devido à estratégia de pulverizar a
captação de investidores pessoa física.

Como dissemos anteriormente, de nada vale avaliar os resultados


do Banco BMG se não analisarmos o seu principal produto: o cartão
de crédito consignado.

Dos cerca de R$ 9 bilhões da carteira de crédito do BMG, R$ 7


bilhões provêm de cartões de crédito consignado. Na imagem
abaixo podemos ver o histórico de crescimento da carteira de
crédito consignado da companhia.

Nessa modalidade de crédito, a regulação permite que, no máximo,


5% do salário do cliente sejam comprometidos com o pagamento
dos parcelamentos oriundos desse cartão.

Desse modo, dado que maior parte da rentabilidade da empresa


está concentrada nesse tipo de serviço, e haja vista o histórico de
intensas mudanças regulatórias observadas no país, então
encaramos esse fato como um risco potencial para os acionistas
dessa empresa.

Por exemplo, caso o Banco Central venha a aumentar


significativamente o limite de consignado para aposentados, os
bancos que operam esse tipo de crédito ficariam, quase que
instantaneamente, descapitalizados.

Relatório Especial 10
No entanto, há a expectativa de que o banco use os recursos
captados por meio da oferta para aumentar o oferecimento de
outros produtos, como empréstimo pessoal, o que diversificaria a
receita da empresa, porém aumentaria o risco de crédito do banco.

Quanto à modalidade de crédito pessoal, vimos que o Banco BMG


tem atuado de modo a tentar aumentar, cada vez mais, a
representatividade desse segmento dentro do banco. Na imagem
abaixo, podemos ver mais claramente o forte crescimento dessa
modalidade, aliado com a gradual queda da inadimplência nos
últimos trimestres:

Além disso, como já foi dito, os atuais acionistas do Banco BMG


possuem participação majoritária numa companhia de crédito ao
consumo que opera com foco em crédito consignado para
funcionários do setor público em 17 estados americanos.

Essa carteira também tem alcançado um crescimento expressivo,


sobretudo desde o primeiro trimestre deste ano. Porém, ela ainda
representa uma parcela muito pequena da carteira de crédito total
da instituição:

Relatório Especial 11
Dando continuidade à análise dos resultados dos nove primeiros
meses de 2018, a margem financeira atingiu 14,1%, versus 10,9%
verificados no decorrer de 2017. Essa expansão da margem
financeira se deveu ao maior foco no crédito consignado e crédito
pessoal.

Vale ressaltar que a companhia tem trabalhado para melhorar o seu


índice de inadimplência, o que, aparentemente, tem surtido um
efeito positivo, verificado nos últimos 12 meses.

Porém consideramos que ele ainda pode ser melhorado


significativamente. Desse modo, o índice de inadimplência da
carteira total terminou o 3T18 em 6,7% (somente a título de
comparação, a inadimplência da carteira do Itaú Unibanco, no
3T18, foi de 2,9%).

Relatório Especial 12
Já o índice de eficiência operacional atingiu 58,2% (nesse índice,
quanto menor o resultado, mais eficiente é o banco) no período dos
nove primeiros meses de 2018, versus 71,4% verificados no
decorrer do ano de 2017. Vale ressaltar que os bancos de grande
porte, no Brasil, operam, normalmente, com um índice de eficiência
inferior a 50%.

Em relação ao retorno sobre patrimônio, o ROAE recorrente da


empresa está na casa dos 11%, significativamente melhor do que
nos anos anteriores. Porém, ainda assim, bem abaixo da
rentabilidade gerada pelos grandes bancos brasileiros e também
abaixo de bancos de médio porte, como pode ser visto abaixo no
comparativo com alguns outros bancos:

ROAE (9M18)
21,30%

19,40%
18,70%

15,10%
11,20%
9,70%

ITAÚ BRADESCO SANTANDER BANCO INTER BMG BANRISUL

Relatório Especial 13
Vale o destaque que, segundo dados do BC, em 2017, o ROE dos
bancos de grande porte foi de 15,1%, o dos de médio porte foi de
12,7% e o dos de pequeno e micro porte, de 8%. Ou seja, banco é
um negócio que necessita, essencialmente, de escala para gerar
retornos atraentes.

Além disso, vale ressaltar que o patrimônio líquido do banco está


em R$ 2,7 bilhões. Porém, caso excluíssemos dessa base os
créditos tributários oriundos de aquisições de bancos com prejuízo,
o BC só permite ao banco alavancar até o limite de patrimônio de
R$ 1,3 bilhão.

Desse modo, os recursos captados pelo IPO também servirão para


o banco sanar esse importante entrave, e permitirá que o mesmo
possa apresentar melhores taxas de crescimento.

Por fim, vale ressaltar que o Banco BMG, em julho de 2016, criou a
sua própria seguradora, com foco em seguros de garantia para
clientes Corporate & Large Corporate.

De maneira geral, os números observados nesse segmento ainda


são modestos para o porte desse banco como um todo, mas estão
apresentando uma clara tendência positiva.

Com uma Importância Segurada Acumulada de R$ 9.590 milhões e


um lucro líquido, nos 9M18, de R$ 0,8 milhão, os resultados dessa
linha de serviços pouco influenciam nos números consolidados do
Banco BMG. No entanto, temos observado boas taxas de

Relatório Especial 14
crescimento nos últimos 12 meses, o que pode trazer rentabilidade
e bons resultados para a instituição no médio e longo prazos.

Fatores de Risco
Abaixo, comentamos os principais fatores de risco relacionados ao
banco e à aquisição dessas ações no IPO.

Grande exposição ao crédito consignado: ao final do terceiro


trimestre de 2018, o principal negócio do banco era o de cartões de
crédito consignado, que representava aproximadamente 75% de
sua carteira de crédito total. Essa exposição elevada, em nossa
avaliação, se traduz também em um risco considerável, tendo em
vista que quaisquer alterações de leis, regulamentos, bem como
políticas de entidades públicas ligadas a deduções em folha de
pagamento, poderiam acabar afetando, de forma considerável, o
principal business do banco e, obviamente, seus resultados
financeiros.

Prioridades sobre as amortizações de cartão de crédito


consignado, imposta por entes públicos: outro risco
considerável, também relacionado diretamente à exposição do
banco ao segmento de crédito consignado, diz respeito ao fato de
que o INSS e outras entidades do governo impõem diversas
exigências sobre amortizações de cartão de crédito consignado de
aposentados e pensionistas, ou de funcionários públicos. Caso o
valor devido mensalmente por um tomador de crédito exceda sua
margem consignável, então apenas o valor referente à sua margem
consignável poderá ser deduzido dos seus benefícios e salário, e a
parcela devida sobre seu cartão de crédito consignado poderá ser
paga apenas parcialmente ou até mesmo nem ser paga, se
refletindo em problemas para a margem financeira do banco e seus
resultados.

Risco relativo a fatores macroeconômicos: questões


macroeconômicas, naturalmente, podem influenciar os resultados
do Banco BMG, impactando-o através de um custo de captação
mais elevado e níveis de inadimplência maiores, que tendem a
prejudicar suas margens financeiras. Além disso, a própria
recuperação econômica também está diretamente ligada ao apetite

Relatório Especial 15
por crédito, sendo que, em períodos de recessão e estagnação
econômica, ou mesmo inflação elevada, esse apetite por crédito
pode ser drasticamente reduzido.

Competição crescente no setor bancário: o setor de serviços


financeiros e bancários é bastante competitivo, e o banco BMG
enfrenta concorrência expressiva, e crescente, em todas as suas
áreas de operação, sendo que as fintechs, mais recentemente, têm
trazido natural pressão competitiva ao segmento bancário, com
estruturas mais leves, uma boa reputação com os clientes e sem
cobrança de tarifas. Além disso, o banco também enfrenta uma
crescente concorrência em seu negócio principal, que é o de cartão
de crédito consignado, com bancos de varejo nacionais de grande
porte e regionais intensificando seus esforços comerciais neste
segmento. Dessa forma, o progressivo aumento da concorrência no
setor bancário poderá afetar de forma severa os resultados do
banco no futuro e, considerando que seu ROAE já encontra-se
abaixo de inúmeros outros players, essa métrica pode ser ainda
mais comprometida.

Risco do "enfeite da noiva": como em todo "IPO", muitas


empresas, por orientação e vontade de seus controladores e
investidores ligados (normalmente fundos Private equity), acabam
por reduzir custos e despesas "forçadamente", justamente para
tentar demonstrar resultados mais elegantes para atrair mais
investidores e obterem um maior sucesso na oferta pública. Fatores
como estes nos fazem preferir, normalmente, não sugerir a
participação em Ofertas Públicas.

Valuation
Em relação ao valuation do Banco BMG, se considerarmos a média
da faixa indicativa de preços, que seria em R$ 12,50, e também
considerando a nova composição do capital social, que será
formado por cerca de 640.007.355 ações, sem considerar as ações
suplementares, teremos, então, uma empresa avaliada com um
valor de mercado de R$ 8 bilhões.

Relatório Especial 16
Levando em conta que o BMG lucrou cerca de R$ 202 milhões nos
últimos 12 meses, então temos uma relação P/L de 39,6 vezes,
patamar demasiadamente elevado, em nossa opinião.

Se considerarmos, numa visão otimista, que o banco eleve seus


resultados em torno de 30% no ano que vem, ainda assim, teríamos
um P/L projetado de cerca de 25 vezes, consideravelmente elevado
e bem acima do setor.

Comparando com outras opções do segmento bancário, vemos que


o Banco BMG seria, hoje, um dos mais caros dentre todos os
disponíveis:

Relação Preço/Lucro

63

39,6

17,7
14,3 14,5

ITUB4 BBDC4 BIDI4 SANB11 BMGB11

Mesmo se considerarmos o menor ponto da faixa indicativa de


preços, em R$ 11,00, teríamos uma relação P/L de 35 vezes, ainda
bem elevada.

Evidentemente que o potencial de crescimento do banco é, de fato,


um atrativo e um diferencial, à medida que, com os recursos
captados na oferta, a intenção do banco é acelerar seu
crescimento, expandindo sua carteira de crédito e suas operações
físicas e digitais.

Relatório Especial 17
Porém, consideramos arriscado o fato dessa precificação já
considerar um cenário bastante otimista pela frente, visto que os
desafios não serão pequenos.

O fato é que, até aqui, se considerarmos o desempenho dos


resultados do banco, o histórico é pífio, com patamares de
rentabilidade sobre patrimônio bastante baixos, e um índice de
eficiência ruim.

Outro ponto é que, em termos de rentabilidade sobre patrimônio,


como vimos anteriormente, o Banco BMG opera com uma das
menores dentro do segmento bancário, e, mesmo com o potencial
de ganho de escala com sua operação digital e crescimento
projetado, ainda assim avaliamos que seja pouco atrativo.
O fato é que a precificação, em nossa avaliação, conta com um
cenário demasiadamente otimista e com baixa margem de
segurança. Portanto, preferimos não participar dessa euforia.

Por fim, o P/VP do banco, considerando a faixa média do range,


estaria em torno de 1,80x, patamar também elevado para um banco
que possui um retorno sobre patrimônio líquido baixo e que, neste
ano, encontra-se em 11%.

Hoje, o investidor pode adquirir ações de bancos muito mais


consolidados, de operação com escala muito maior, mais eficientes,
e com marcas muito mais valiosas, e, obviamente, que entregam
um ROAE muito maior por um P/VP similar ou pouco superior,
como é o caso de Santander, Bradesco, ou mesmo Itaú, através de
Itaúsa.

Conclusão
Considerados os pontos abordados neste relatório, tais como: (i)
histórico de baixa rentabilidade sobre patrimônio; (ii) risco de
concentração demasiada em crédito consignado; (iii) histórico de
lucros inconsistentes; (iv) múltiplos elevados, que precificam um
cenário extremamente otimista e; (v) índice de eficiência pior que
outros players do segmento, vemos que participar desse IPO não
parece uma boa opção no momento.

Relatório Especial 18
Evidentemente que o banco possui, sim, algum potencial de
crescimento, ganho de eficiência e de escala. Porém, a atual
precificação, com um múltiplo de 40 vezes lucro, já conta com um
cenário que consideramos otimista demais, e isso nos deixa com
receio, pois qualquer “deslize” no crescimento de resultados e em
suas estratégias operacionais de crescimento pode resultar em
quedas bastante expressivas das ações.

Por hora, preferimos aguardar de fora e verificar se o banco


conseguirá sucesso na sua estratégia de recuperação de
rentabilidade e melhora do índice de eficiência, sendo que
acompanharemos a evolução dos resultados e, caso um valuation
mais atrativo se configure, com múltiplos mais condizentes com o
perfil de risco do banco e do próprio setor, poderemos,
eventualmente, recomendar as ações futuramente.

Relatório Especial 19
Disclosure
As informações constantes deste material podem auxiliar o investidor em
suas decisões de investimento, porém o investidor será responsável, de
forma exclusiva, pela verificação da conveniência e oportunidade da
movimentação de sua carteira de investimentos e pela tomada de decisão
quanto à efetivação de operações de compra e ou venda de títulos e ou
valores mobiliários.

Este material apresenta informações para diversos perfis de investimento e


o investidor deverá verificar e atentar para as informações próprias ao seu
perfil de investimento, uma vez que as informações constantes deste
material não são adequadas para todos os investidores. Quaisquer
projeções de risco ou retorno potenciais são meramente ilustrativas e não
são e não devem ser interpretadas pelo investidor como previsão de eventos
futuros e ou garantia de resultados.

Além disso, não garantimos a exatidão das informações aqui contidas e


recomendamos ao investidor que não utilize este relatório com única fonte
para embasar suas decisões de investimento. Os investimentos realizados
pelo investidor para sua carteira estão sujeitos a diversos riscos inerentes
aos mercados e aos ativos integrantes da carteira, incluindo, sem limitação,
risco de mercado, risco de crédito, risco de liquidez, risco cambial, risco de
concentração, risco de perda do capital investido e de disponibilização de
recursos adicionais, entre outros.

Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos


termos da Instrução CVM nº 598/18, que as recomendações do relatório de
análise refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram
elaboradas de forma independente.

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