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São várias as hipóteses sobre a origem dos povos bantu, algumas versões rezam
que saíram das férteis terras do sudeste sariano ou do lago Chade. Outros afirmam que
surgiram da região dos Grandes Lagos, na África Central, ainda outros dizem que
vieram da Ásia Menor e posteriormente se foram fixando nas regiões dos Grandes
Lagos, Sudão e a posterior emigrado para o sul. Ao passo que outras teorias dizem que
os bantu entraram na África pelo istmo do Suez ou através do mar vermelho e forma se
fixando na Abissínia 1 há uns 2500 ou 2000 anos teriam migrado para o Sul e sudoeste,
espontaneamente ou pressão de outros povos.
De acordo com Luís Figueira, os primeiros antepassados dos bantu partem dos
actuais Camarões para a Ásia, onde se cruzam com os mongóis os dravidas e os árias.
Os descendentes desses cruzamentos voltam depois ao continente de origem através do
estreito de Bab El Mandab e pelo Suez, sobem o rio Nilo e espalham-se na faixa
lacustre equatorial, na região dos Grandes Lagos aonde vão se sedentarizar devido a um
favorável clima, a segurança e bons meios de vida.
Vários autores dividem os bantu em dois ramos: Cafre (ou Kafir, que quer dizer
infiel, em Árabe) e Bacongo e do resultado destes dois ramos, provem os grupos
etnilinguistico: Mbundo, Lunda-Kioco, Ganguela e Umbundo.
OS MBUNDO
1
Império Etíope que ocupa actualmente os território da Etiópia e Eritréia.
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Chama-se linhagem os grupos de parentes segundo um dado sistema de filiação, podendo remontar
geneologicamente, com certeza a um antepassado comum, é designado pelo termo de linha. Segmenta de
uma linha constituída pelos membros vivos
De uma forma solida, os povos da África Central, incluindo os Mbundo
mergulhavam num mundo complexo e desafiador das linhagens do parentesco e da
tradição oral. Segundo Virgílio Coelho um grande conhecedor da língua Mbundo
afirma que “o reino do Ndongo era um exemplo de unidade política na região, que
resultou na construção do Estado a partir da confederação de linhagens Mbundo. A
história deste reino pode ser contada por meio de mudanças institucional” 3.
KONGO
3
PANTOJA, Selma. História da África Central Ocidental. Brasília: Editora Universidade de Brasília,
2011, p. 46
4
PANTORA, op. Cit. 2011, p. 46
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De forma sintetica Kanda é a autoridade ou o poder que defluia dos ancestrais e tomava forma nos clãs
ou nas linhagens e que estabelecia o vinculo genealógico entre os que a integravam e os que primeiro
tinha ocupado determinada área de terra ou haviam cedido a outros.
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Um clã constitui-se num grupo de pessoas unidas por parentesco e linhagem e que é definido pela
descendencua de um ancestral comum.
de tradição e da declaração da mvila para definir e defender direitos de herança
ocasionou certa rigidez na definição do sistema. O sistema segmentar Kongo baseia-se
numa contradição, isto é, a um só tempo o sistema era matrilinear e virilocal que
objectivavam mudança e lutas por espaços políticos, territorial e de autoridade de
grupos colocados em posição de inferioridade por conta da primazia da primogenitura e
da antiguidade, que opõem irmãos e linhagens mais velhas ou mais antigas a irmãos
mais novos e linhagens mais recentes.
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PEREIRA, Luena Nunes. Religião e parentesco entre os Bacongo de Luanda. Rio de Janeiro: Áfro-
Ásia, 2013, p. 21
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O casamento do filho com a prima cruzada patrilateral efectiva a aliança entre pai e filho, assegurando o
poder do filho sobre seu novo domínio.
A relação pai-filho é uma relação de senioridade e de transferência de
autoridade espiritual. O filho recebe do pai as insígnias para governar. Está á inscrita
nos mitos a passagem da autoridade espiritual de pai para filho, mesmo quando este é
filho primogênito que herda do tio a chefia da matrilinhagem 9.
Passava a ser socialmente “filho”. E como este parentesco, quer real, quer
simbólico era perpetua os liames não se apagavam no tempo. Como entre os Lundas, os
primos longínquos eram “irmãos” porque descendiam de irmãos, dos quais eram
sucessores. Pois se herdava a posição familiar e a identidade sócia: ao assumir a chefia
de uma linhagem, quem o fazia transformava-se no seu antecessor de quem tomava o
nome e assumia o parentesco. Este parentesco estendia-se ao grupo do qual ele era o
cabeça e situava o grupo em relação aos demais.
DESCENDÊNCIA
9
As relações de proximidade com o pai incluem a proteção contra a feitiçaria, que é forma pela qual se
expressa em as relações de disputa entre tios e sobrinhos no sistema matrilinear. Sobre a
complementaridade da linhagem secundaria (paterna) em sociedades matrilineares e sua função espiritual.
10
Ibem
Alguns povos se dão pela linha paterna e nesse caso, considera-se a filiação por
meio do homem ficando a mulher associada à comunidade onde vive o marido. Esse
sistema de parentesco é chamado patrilinear – outras vezes o tio materno tem maior
autoridade sobre o filho da Irmã do que o marido desta. A esse sistema de parentesco é
chamado matrilinear. Em outras palavras, a patrilinearidade ocorre quando a
descendência se estabelece entre pai e filho da esposa, e a matrilineadade não se
estabelece entre a mãe e seu filhos, mas entre o irmão da mãe e os filhos desta. Portanto,
às vezes os tios têm mais autoridade sobre os sobrinhos do que o pai, e a relação entre
primos muita das vezes são mais forte do que entre irmãos. Todos os sobrinhos de
alguém e descendem de um fundador de alguma linhagem isto é, um grupo de parentes
organizados segundo um sistema de filiação.
Para se falar de poligamia, a relação tem de ser forçosamente uma relação entre
marido e mulher. A poligamia não tinha antes aceitabilidade entre os bantu, mas a partir
dos provérbios: “uma mulher não constrói uma aldeia”, “um dedo só não consegue
introduzir os grãos de milho cozido na boca”, “uma só flecha não é capaz de matar uma
serpente”, a poligamia passou a ter certo prestigio. A poligamia é um fenômeno social e
colectivo, pode ser considerado como uma expressão da personalidade cultural africana.
A poligamia aumenta o numero de relações sociais duma família e contribui para a sua
integração na sociedade. Numa poligamia, todas as mulheres têm o estatuto de esposas e
têm direitos e deveres iguais. Na tradição kikongo, a poligamia é permitida. Um homem
casado pode celebrar uma união matrimonial com mais outras mulheres. Dependendo
das suas capacidades, um homem pode casar-se com a quantidade de mulheres que
quer. Ter muitas mulheres e muitos filhos é uma riqueza. É, para um homem uma
demonstração da virilidade e de poderes.
Um pai não tem competência para casar sua filha sem a autorização do chefe
da família desta, frequentemente é um tio chamado Nkulubundu ou Nkazi. Um tio é o
irmão da mãe, e uma tia é a irmã do pai. A irmã da mãe é mãe, e o irmão do pai é pai,
um filho da irmã da mãe ou do irmão do pai, é irmão. A palavra Primo(a) não existe, na
tradição bantu. Uma família bantu (kanda, makanda) não é composta apenas de pai, mãe
e filhos. Ela é larga e matriarcal. É um conjunto de todos os descendentes por via
matrilinear (clã). Um filho pertence à kanda da mãe, pois a mulher é a base da família.
Pai e filho, não pertencem à uma mesma família.
Segundo a cultura bantu, uma mulher só tem amiga e não amigo. Uma mulher e
um homem não fazem amizade, pois a relação de ambos termina por um escândalo.
O bantu goza de uma comunidade muito ampla que lhe proporciona o deleite
de viver sempre em família.
As diversas famílias alargadas formam uma densa rede totalizante que, à base
de comunidades e solidariedades, estrutura a sociedade que se compraz em ser
essencialmente comunitária. Assim, os membros se tratam como parentes. Chamam
“pai” ao tio e “irmão” ao primo. Sem se importarem com a proximidade do parentesco,
as designações de “pai” e “irmão” vão-se alargando indefinidamente. Os bantu
encontram pais e irmãos nos lugares mais afastados.
FILIAÇÃO BANTU
SISTEMA DE LINHAGEM
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Essas sociedades africanas baseavam-se no sistema de parentesco. Relação
entre duas pessoas que são parentes descendem de um ancestral comum. A dominação
desse sistema passa a caracterizar essas sociedades. O termo parentesco, no sentido em
que o empregamos é utilizado principalmente como uma relação social no interior
desses grupos e também como uma relação de parentesco consangüínea. Descute-se
hoje a centralidade do parentesco nas sociedades africanas: o caso dos Mbundo
configura-se como uma forma básica da organização social.
A primeira organização social era constituída por pequenas aldeias e estas eras
submetidas aos grupos de parentes que constituía em conjunto de irmãos e sobrinhos,
formando assim um grupo de filiação. As esposas residiam com os seus maridos, apesar
de pertencerem parentes em termos de descendência, aos seus grupos próprios de
parentes. Os filhos moravam com suas mães, porem quando crescidos, juntavam-se aos
tios, na aldeia de parentes da mãe. No geral os membros mais velhos de um grupo de
filiação concentravam-se em uma aldeia, reforçando se padrão de identidade linhageira.
Nota: Alguns clãs são patrilinear o que significa que seus membros são
vinculados a linhagem masculina; outros são matrilineares que significa que os seus
membros são vinculados a linhagem feminina. Ainda existem clãs “bilaterais” em que
todos os descendentes do ancestral maior, tanto da linhagem masculina quanto
feminina. Se um clã é patrilinear, matrilinear ou bilateral, depende das regras e normas
de parentesco que regem a sociedade onde ele insere.