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CABELOS EMBRANQUECIDOS SOB A IMPRESSÃO DE UM SONHO. (RE1866)


Lê-se no Petit Journal de 14 de maio de 1866: O Sr. Émile Gaboriau, comentando o fato
atribuído a esse marido que teria assassinado a sua mulher sonhando, conta no Pays o dramático
episódio que se vai ler:
"Mas eis que é mais forte, e devo dizer que dou fé a esse fato cuja autenticidade me foi
afirmada sob juramento pelos heróis em pessoa.
"Esse herói, meu colega de colégio, é um engenheiro de uns trinta anos, homem de
espírito e de talento, de um caráter metódico, de um temperamento frio.
"Como ele percorria a Bretânia há dois anos, encontrou-se de passar uma noite numa
estalagem isolada, a algumas centenas de metros de uma mina que se propunha visitar no dia
seguinte. "Ele estava cansado; colocou-se no leito e não tardou a dormir. "Logo sonhou. Vinha
de colocar-se à frente da exploração dessa mina vizinha.
"Ele vigiava os obreiros, quando chegou o proprietário. "Esse homem, brutal e mal-
educado, censurou de permanecer fora, os braços cruzados, enquanto que deveria estar no
interior, ocupado em traçar o plano.
" - Está bem! Eu desço, respondeu o jovem engenheiro. "Ele desceu, com efeito,
percorreu as galerias e delas levou um esboço.
"Essa tarefa terminada, se colocou no cesto que deveria reconduzi-lo à luz. Um cabo
enorme servia para erguer essa cesta.
"Sendo a mina extraordinariamente profunda, o engenheiro calculou que a ascensão
duraria bem um quarto de hora, assim se instalou o mais comodamente que pôde.
"Subia já há dois ou três minutos quando, levantando seus olhos por acaso, acreditou
ver que o cabo ao qual se encontrava suspensa sua vida, estava cortado a alguns pés acima de
sua cabeça, muito alto para que pudesse alcançar a ruptura.
"Primeiramente seu medo foi tal que esteve prestes a desmaiar. Depois tentou
restabelecer-se, tranquilizar-se. Não se enganara, não tinha visto mal? Teve necessidade de
fazer um enérgico apelo a toda a sua coragem para ver de novo.
"Não, não tinha se enganado. O cabo tinha sido dilacerado por alguma lasca de rocha,
e, lentamente, mas visivelmente, se destorcia. Não estava nesse lugar mais grosso do que o
dedo polegar.
"O infortunado se sentiu perdido. Um frio mortal gelou-o até a medula. Quis gritar,
impossível. Aliás, para quê? Estava agora roto pela metade.
17"No fundo, numa profundidade vertiginosa, percebia, menos brilhantes do que
vagalumes na grama, as lâmpadas dos operários.
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"No alto, a abertura do poço lhe aparecia tão estreitada que parecia não ter o diâmetro
do gargalo de uma garrafa.
"Ele subia sempre, e um a um os fios de cânhamo estalavam.
"E nenhum meio de evitar a queda horrível, porque, ele o via, o sentia bem, o cabo
estaria rompido bem antes que o cesto tivesse alcançado o alto.
"Tal era a sua angústia mortal, que teve a ideia de abreviar o suplício em se precipitando.
"Ele hesitava, quando o cesto chegou à flor do solo. Estava salvo. Foi dando um grito
formidável que saltou à terra.
"Esse grito despertou-o. A horrível aventura não era senão um sonho. Mas ele estava
num estado horrível, banhado de suor, respirando com dificuldade, incapaz do menor
movimento.
"Enfim, pôde soar a campainha e vieram em seu socorro. Mas as pessoas da estalagem
quase se recusavam a reconhecê-lo. Seus cabelos negros tinham se tornado grisalhos.
"Ao pé de sua cama se encontrava, esboçado por ele, o plano dessa mina que não
conhecia. Esse plano estava maravilhosamente exato."
Não temos outra garantia de autenticidade desse fato senão o relato acima; sem nada
prejulgar a esse respeito, diremos que tudo o que relata está nas coisas possíveis. O plano da
mina, traçado pelo engenheiro durante seu sono, não é mais surpreendente do que os trabalhos
que certos sonâmbulos executam.
Para fazê-lo exato, deve ter visto; uma vez que não pôde ver pelos olhos do corpo, viu
pelos da alma; durante seu sono, seu Espírito explorou a mina: o plano disto é a prova material,
quanto ao perigo, é evidente que ele nada teve de real; não foi, pois, senão um pesadelo. O que
é mais singular, é que, sob a impressão de um perigo imaginário, seus cabelos tenham podido
embranquecer.
Esse fenômeno se explica pelos laços fluídicos que transmitem ao corpo as impressões
da alma, quando dela está longe. A alma não se dava conta dessa separação; seu corpo
perispiritual lhe fazia o efeito de seu corpo material, assim como ocorre, frequentemente, após
a morte em certos Espíritos que se creem ainda vivos, e pensam dedicar-se às suas ocupações
habituais. O Espírito do engenheiro, embora vivo, se encontrava numa ocupação análoga; tudo
era tão real em seu pensamento quanto se tivesse seu corpo de carne e de osso. Daí o
sentimento de pavor que sentiu em se vendo prestes a ser precipitado no abismo.
De onde veio essa imagem fantástica? Ele mesmo criou, pelo seu pensamento, um
quadro fluídico, uma cena da qual era o autor, exatamente como a senhora Cantianille e a irmã
Elmérich das quais falamos, no número precedente, p. 240. A diferença provém da natureza das
preocupações habituais. O engenheiro pensava, naturalmente, nas minas, ao passo que a
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senhora Cantianille, em seu convento, pensava no inferno. Sem dúvida, ela se acreditava em
estado de pecado mortal por alguma infração à regra confiada à instigação dos demônios; ela
disto exagerava as consequências, e já se via em seu poder, estas palavras: "Não tenho senão
muito bem conseguido merecera sua confiança," prova que sua consciência não estava
tranquila. De resto, a descrição que ela faz do inferno tem alguma coisa de sedutora para certas
pessoas, uma vez que, quem consente em blasfemar contra Deus, em louvar o diabo, e que tem
coragem de desafiar o medo das chamas, disso são recompensada pelo gozos inteiramente
mundanos. Pode-se notar, nesse quadro, um reflexo das provas maçônicas, que, sem dúvida, se
lhe tinha mostrado como o vestíbulo do inferno. Quanto à irmã Elmérich, suas preocupações
são mais doces; ela se comprazia na beatitude e na veneração das coisas santas; também suas
visões disto são a reprodução.

Senhorita Julie (RE1863)


Eis disso um exemplo recente, que nós mesmos podemos observar, e que foi objeto de
estudo sério pela Sociedade de Paris.
A senhorita Julie, doméstica, nascida em Savoie, com a idade de vinte e três anos, de um
caráter muito doce, sem nenhuma espécie de instrução, estava há algum tempo sujeita a
acessos de sonambulismo natural, que duravam semanas inteiras; nesse estado ela vagava em
seu serviço habitual, sem que as pessoas estranhas desconfiassem disso; seu trabalho mesmo
era muito mais cuidadoso. Sua lucidez era notável; ela descrevia os lugares e os acontecimentos
à distância com uma perfeita exatidão.
Há mais ou menos seis meses, tornou-se presa de crises de um caráter estranho, que
ocorriam sempre durante o estado sonambúlico, de alguma sorte se tornou o estado normal.
Ela se contorcia, rolava na terra como se debatesse sob a opressão de alguém que procurava
estrangulá-la, e, com efeito, tinha todos os sintomas da estrangulação; acabava por derrubar
esse ser fantástico, tomava-o pelos cabelos, cobria-o em seguida de golpes, de injúrias e de
imprecações, repreendendo-o sem cessar com o nome de Frédégonde, infame regente, rainha
impudica, vil criatura suja de todos os crimes, etc. Sapeteava como se a pisasse sob os pés com
raiva, lhe arrancasse suas roupas e seus adornos.
Coisa bizarra, se tomava ela mesma por Frédégonde, se dava golpes redobrados sobre
os braços, o peito e o rosto, dizendo: 'Toma! toma! disso tens tu bastante, infame Frédégonde?
Queres me sufocar, mas não alcançarás esse fim; queres te meter em minha caixa, mas eu
saberia bem isso te afastar." Minha caixa era o termo do qual ela se servia para designar seu
corpo. Nada poderia pintar o assento frenético com o qual ela pronunciava o nome de
Frédégonde, rangendo os dentes, nem as torturas que ela experimentava nesses momentos.
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Um dia, para se desembaraçar de seu adversário, agarrou uma faca e feriu-se a si


mesma, mas se pôde detê-la a tempo para impedir um acidente. Coisa não menos notável, é
que jamais ela não tomou nenhuma das pessoas presentes por Frédégonde; a dualidade era
sempre em si mesma; era contra ela que dirigia seu furor quando o Espírito estava nela, e contra
um ser invisível quando dele estava desembaraçado; para os outros, ela era doce e benevolente
mesmo nos momentos de sua maior exasperação.
Essas crises, verdadeiramente terríveis, frequentemente, duravam algumas horas e se
renovavam várias vezes por dia. Quando ela acabava por derrubar Frédégonde, caía num estado
de prostração e acabrunhamento do qual não saía senão com o tempo, mas que lhe deixava
uma grande fraqueza e um embaraço na palavra. Sua saúde com isso era profundamente
alterada; nada podia comer e ficava às vezes oito dias sem tomar alimento. Os melhores
alimentos tinham para ela um gosto terrível que a fazia rejeitá-los; era, para ela, a obra de
Frédégonde, que queria impedi-la de comer.
Dissemos mais acima que essa jovem não recebeu nenhuma instrução; no estado de
vigília, jamais ouviu falar de Frédégonde, nem de seu caráter, nem do papel que esta
desempenhava. No estado de sonambulismo, ao contrário, sabia-o perfeitamente, e disse ter
vivido em seu tempo. Não era Brunchaut, como se havia de início suposto, mas uma outra
pessoa ligada à sua corte.
Uma outra nota, não menos essencial, é que, quando começaram essas crises, a
senhorita Julie jamais tinha se ocupado do Espiritismo, cujo nome mesmo lhe era desconhecido.
Ainda hoje, no estado de vigília, lhe é estranha e não crê nele. Não o conhece senão no estado
de sonambulismo, e somente depois que se começou a cuidar dela. Tudo o que ela disse, pois,
foi espontâneo.

MORTE DE CINCO CRIANÇAS POR UM MENINO DE DOZE ANOS. (RE1858)


PROBLEMA MORAL.
Leu-se na Gaze fie de Si lese:
"Escreveu-se de Bolkenham, em 20 de outubro de 1857, que um crime apavorante foi
cometido por jovem menino de doze anos. Domingo último, 25 do mês, três filhos do senhor
Hubner, fabricante de pregos, e dois filhos do senhor Fritche, sapateiro, jogavam juntos no
jardim do senhor Fritche. O jovem H..., conhecido por seu mau caráter, se associou aos seus
jogos e convenceu-os a entrarem em um baú depositado em uma casinha do jardim e que servia
ao sapateiro para transportar suas mercadorias para a feira. As cinco crianças puderam nele
entrar com dificuldade, mas se comprimiram e se colocaram umas sobre as outras, rindo. Logo
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que nele entraram, o monstro fechou o baú, sentou-se em cima, e ficou três quartos de hora
escutando primeiro seus gritos, depois seus gemidos.
"Quando, enfim, seus estertores cessaram, que os acreditou mortos, abriu o baú; as
crianças ainda respiravam. Ele fechou o baú, aferrolhou-o e se foi brincar com papagaio de
papel. Mas foi visto, saindo do jardim, por uma jovem. Concebe-se a ansiedade dos pais, quando
perceberam o desaparecimento de seus filhos, e seu desespero quando, depois de longa
procura, encontram-nos no baú. Uma das crianças vivia ainda, mas não tardou em entregar sua
alma. Denunciado pela jovem que o havia visto sair do jardim, o jovem H... confessou seu crime
com o maior sangue-frio e sem manifestar nenhum arrependimento. As cinco vítimas, um
menino e quatro meninas de quatro a nove anos, foram enterrados juntos, hoje.
Nota. - O Espírito interrogado foi o da irmã do médium, morto há doze anos; mas que
sempre mostrou superioridade como Espírito. 1. Ouvistes o relato que acabamos de ler da morte
cometida na Silésia, por um menino de doze anos sobre cinco outras crianças? - R. Sim; minha
pena exige que eu escute ainda as abominações da Terra.
2. Qual motivo pôde levar uma criança dessa idade a cometer uma ação tão atroz e com
tanto sangue-frio? - R. A maldade não tem idade; ela é ingênua numa criança; é raciocinada no
homem feito.3. Quando ela existe numa criança, sem raciocínio, isso não denota a encarnação
de um Espírito muito inferior? - R. Ela vem, então, diretamente da perversidade do coração; é o
seu Espírito que o domina e o leva à perversidade. 4. Qual poderia ter sido a existência anterior
de um Espírito semelhante?
– R. Horrível.
5. Em sua existência anterior, ele pertencia à Terra ou a um mundo ainda mais inferia?
- R. Não o vejo bem; mas devia pertencer a um mundo bem mais inferior que a Terra: ele ousou
vir à Terra; por isso será duplamente punido.
6. Nessa idade a criança tinha bem consciência do crime que cometia, e dele tem a
responsabilidade como Espírito? - R. Ele tinha a idade da consciência, é bastante.
7. Uma vez que esse Espírito havia ousado vir à Terra, que é muito elevada para ele,
pode ser constrangido a retornar para o mundo em relação com a sua natureza? - R. A punição
é justamente de retroceder; ele mesmo é o inferno. É a punição de Lúcifer, do homem espiritual
rebaixado até a matéria; quer dizer, o véu que lhe esconde, de hoje em diante, os dons de Deus
e sua divina proteção. Esforçai-vos, pois, para reconquistar esses bens perdidos; tereis ganho o
paraíso que o Cristo veio vos abrir. É a presunção, o orgulho do homem que gostaria de
conquistar o que só Deus pode ter.
Nota. - Uma observação é feita a propósito da palavra ousou, da qual se serviu o Espírito,
e dos exemplos que foram citados concernentes à situação de Espíritos que se encontraram em
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mundos muito elevados para eles, e que foram obrigados a retornar para um mundo mais em
harmonia com a sua natureza. Uma pessoa fez notar, a esse respeito, que foi dito que os
Espíritos não podem retrogradar. A isso respondeu que, com efeito, foi dito que os Espíritos não
podem retrogradar no sentido de que não podem perder o que adquiriram em ciência e em
moralidade; mas eles podem decair como posição. Um homem que usurpe uma posição
superior àquela que lhe conferem suas capacidades ou sua fortuna pode ser constrangido a
abandoná-la e retornar ao seu lugar natural; ora, não está aí o que se pode chamar decair, uma
vez que não fez senão reentrar em sua esfera, de onde saiu por ambição ou por orgulho. Ocorre
o mesmo com respeito aos Espíritos que querem se elevar muito depressa nos mundos onde se
encontram deslocados. Espíritos superiores podem igualmente se encarnar em mundos
inferiores, para irem cumprir uma missão de progresso; isso não pode chamar-se de retrogradar,
porque é devotamento.
8. Em que a Terra é superior ao mundo ao qual pertence o Espírito do qual acabamos de
falar? - R. Nele há uma fraca ideia da justiça; é um começo de progresso.
9. Disso resulta que, em mundos inferiores à Terra, não há nenhuma ideia de justiça? -
R. Não; os homens aí não vivem senão para eles, e não têm por motivação senão a satisfação de
suas paixões e de seus instintos.
10. Qual será a posição desse Espírito em uma nova existência?
- R. Se o arrependimento vier apagar, senão inteiramente pelo menos em parte, a
enormidade de suas faltas, então ele permanecerá na Terra; se, ao contrário, ele persistir nisso
que chamais a impenitência final, ele irá para uma morada onde o homem está no nível do
animal.
11. Assim, pode ele encontrar, sobre essa Terra, os meios de expiar suas faltas sem ser
obrigado a retornar para um mundo inferior? - R, O arrependimento é sagrado aos olhos de
Deus; porque é o homem que julga a si mesmo, o que é raro em vosso planeta.

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