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DIREITO CIVIL
2% Família
8%
Obrigações
6%
Resp. Civil
10%
Contratos
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO
A constitucionalização do Direito Civil
DIREITO CIVIL
3° - Isonomia ou igualdade lato sensu - Traduzido no art. 5.º, caput, da Lei Maior,
eis que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
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DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL
A eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais
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DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL
A eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais
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DIREITO CIVIL
A eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais - Jurisprudência STF
DIREITO CIVIL
II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS
ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer
associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e,
em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da
Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e
garantias fundamentais. O espaço de autonomia privada garantido pela
Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios
constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus
associados. A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica,
não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias
de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional (...)(RE
201819, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 11/10/2005)
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DIREITO CIVIL
2. Por se tratar de punição imputada por conduta contrária ao direito, na esteira da
visão civil-constitucional do sistema, deve-se reconhecer a aplicação imediata dos
princípios que protegem a pessoa humana nas relações entre particulares, a
reconhecida eficácia horizontal dos direitos fundamentais que, também, deve
incidir nas relações condominiais, para assegurar, na medida do possível, a ampla
defesa e o contraditório. Com efeito, buscando concretizar a dignidade da pessoa
humana nas relações privadas, a Constituição Federal, como vértice axiológico de
todo o ordenamento, irradiou a incidência dos direitos fundamentais também nas
relações particulares, emprestando máximo efeito aos valores constitucionais.
Precedentes do STF.
(...)
5. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1365279/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 25/08/2015, DJe 29/09/2015)
DIREITO CIVIL
A eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais - Jurisprudência STJ
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DIREITO CIVIL
2. Por se tratar de punição imputada por conduta contrária ao direito, na esteira da
visão civil-constitucional do sistema, deve-se reconhecer a aplicação imediata dos
princípios que protegem a pessoa humana nas relações entre particulares, a
reconhecida eficácia horizontal dos direitos fundamentais que, também, deve
incidir nas relações condominiais, para assegurar, na medida do possível, a ampla
defesa e o contraditório. Com efeito, buscando concretizar a dignidade da pessoa
humana nas relações privadas, a Constituição Federal, como vértice axiológico de
todo o ordenamento, irradiou a incidência dos direitos fundamentais também nas
relações particulares, emprestando máximo efeito aos valores constitucionais.
Precedentes do STF.
(...)
5. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1365279/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 25/08/2015, DJe 29/09/2015)
DIREITO CIVIL
- Uma das diretrizes básicas seguidas pela comissão revisora do Código Civil de
2002 é a de valorizar um sistema baseado em cláusulas gerais, que dão certa
margem de interpretação ao julgador, constituindo esta uma das grandes
diferenças entre a filosofia do atual e a do Código de 1916.
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DIREITO CIVIL
Abertura do sistema: princípios cláusulas gerais e conceitos jurídicos
indeterminados
- Eticidade – Promove a primazia dos valores éticos sobre a forma. Pode ser
identificado em diversos institutos do CC/2002, como no da boa-fé objetiva,
nos termos do art. 113, 187 e 442.
DIREITO CIVIL
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DIREITO CIVIL
b)É na Carta Magna que repousa a proteção da pessoa como máxime do nosso
ordenamento jurídico gerando a personalização do Direito Civil.
DIREITO CIVIL
c) Para que essa proteção seja possível, deve-se reconhecer a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais, ou seja, que as normas que protegem a pessoa,
previstas no Texto Maior, têm aplicação imediata nas relações entre particulares.
d) A porta de entrada dessas normas protetivas, nas relações privadas, pode se dar
por meio das cláusulas gerais (eficácia horizontal mediata), ou mesmo de forma
direta (eficácia horizontal imediata).
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO – DIREITOS REAIS
Por Direito das Coisas – entenda-se o ramo do Direito Civil que tem como
conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e sujeitos
passivos indeterminados, tendo por objeto coisas determinadas ou
determináveis. Há uma relação de domínio exercida pela pessoa (sujeito
ativo) sobre a coisa.
DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO
Por Direito das Coisas – entenda-se o ramo do Direito Civil que tem como
conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e sujeitos
passivos indeterminados, tendo por objeto coisas determinadas ou
determináveis. Há uma relação de domínio exercida pela pessoa (sujeito
ativo) sobre a coisa.
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Teorias justificadoras dos Direitos Reais:
Teoria personalista – Teoria pela qual os direitos reais são relações jurídicas
estabelecidas entre pessoas, mas intermediadas por coisas. A diferença está no
sujeito passivo. Enquanto no direito pessoal, esse sujeito passivo – o devedor –
é pessoa certa e determinada, no direito real seria indeterminada, havendo
nesse caso uma obrigação passiva universal, a de respeitar o direito – obrigação
que se concretiza toda vez que alguém o viola.
DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Teorias justificadoras dos Direitos Reais:
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - As principais características dos direitos reais são as
seguintes:
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1 – INTRODUÇÃO - As principais características dos direitos reais são as
seguintes:
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DIREITO CIVIL
- Essas características devem ser analisadas em conformidade com o atual
momento de constitucionalização do direito civil. Assim, se é comum se dizer
que os direitos reais são absolutos (princípio do absolutismo), no sentido de
que produzem efeitos contra todos, tambem o é que o direito de
propriedade, em que pese ser um direito fundamental, em caso de colisão
com outro direito fundamental, como o direito ao meio ambiente
equilibrado, por exemplo, pode ceder a depender do resultado do processo
de ponderação.
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Jurisprudência do STJ
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DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
1.ª Diferença
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1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
3.ª Diferença – Os direitos reais têm eficácia erga omnes, contra todos
(princípio do absolutismo). Por outra via, costuma-se afirmar que os direitos
pessoais patrimoniais, caso dos contratos, têm efeitos inter partes, o que é
consagração da antiga regra res inter alios e do princípio da relatividade dos
efeitos contratuais.
DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
Ex.: Art. 608 do CC segundo o qual aquele que aliciar pessoas obrigadas em
contrato escrito a prestar serviços a outrem, pagará a este o correspondente a
dois anos de prestação de serviços.
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
Por outro lado, os direitos reais têm sofrido restrições em relação aos seus
efeitos. Como ponto contundente, repise-se a Súmula 308 do STJ, que enuncia:
“A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia
perante os adquirentes do imóvel”.
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1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
4.ª Diferença – Enquanto nos direitos reais, o rol é taxativo (art. 1.225 do CC),
de acordo com o entendimento ainda majoritário de aplicação do princípio da
tipicidade; nos direitos pessoais patrimoniais, o rol é exemplificativo, o que
pode ser retirado do art. 425 do CC, pela licitude de criação de contratos
atípicos.
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DIREITO CIVIL
1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
Essa diferença do mesmo modo tem sido mitigada, eis que atualmente muitos
contratos trazem uma relação de perpetuidade diante de seu prolongamento no
tempo. São os contratos cativos de longa duração, verdadeiros casamentos
contratuais, situação muitas vezes dos contratos de seguro-saúde e de seguro
de vida, celebrados a longo prazo por consumidores.
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1 – INTRODUÇÃO - Principais diferenças entre os direitos reais e os direitos
pessoais patrimoniais.
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DIREITO CIVIL
Obrigações propter rem ou próprias da coisa – Jurisprudência do STJ
DIREITO CIVIL
Obrigações propter rem ou próprias da coisa – Jurisprudência do STJ
ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ÁGUA. AÇÃO DE COBRANÇA. FRAUDE
NO CONSUMO DE ÁGUA. OBRIGAÇÃO PESSOAL E NÃO PROPTER REM.
RESPONSÁVEL O OCUPANTE DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA
AGRAVADA.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido
de que a contraprestação pela oferta de serviço de água não tem natureza
jurídica de obrigação propter rem, na medida em que não se vincula à
titularidade do imóvel. Assim, o inadimplemento é do usuário, ou seja, de
quem efetivamente obteve a prestação do serviço.
(...)
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 205.457/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 14/09/2012)
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DIREITO CIVIL
Obrigações propter rem ou próprias da coisa – Jurisprudência do STJ
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. DANO AMBIENTAL. REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS. NATUREZA
PROPTER REM. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE
INDENIZAR. POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de
reparação integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação
de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar, que têm natureza propter
rem. Precedentes: REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
j. 10/8/2010; REsp 1.115.555/MG, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, j.
15/2/2011, entre outros.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1254935/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 28/03/2014)
DIREITO CIVIL
Obrigações propter rem ou próprias da coisa – Como foi cobrado?
71. DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
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DIREITO CIVIL
Obrigações propter rem ou próprias da coisa – Como foi cobrado?
71. DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Conceitos e teorias justificadoras
- São duas grandes correntes, a que afirma se tratar de um mero fato e outra
pela qual a posse, realmente, constitui um direito.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
Em regra, essa teoria não foi adotada pelo CC/2002 até porque as pessoas
elencadas por último são consideradas possuidores. A teoria subjetiva da
posse somente ganha relevância na usucapião.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
“Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
Assim, basta o exercício de um dos atributos do domínio para que a pessoa seja
considerada possuidora, de modo que, o locatário, p. ex.:, mesmo não tendo
animus domini, é possuidor, podendo fazer uso das ações possessórias.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Teorias justificadoras
- Pode-se afirmar que o princípio da função social da posse é implícito ao CC/2002
pela valorização da posse-trabalho, constantes dos seguintes dispositivos legais:
Art. 1.238, parágrafo único, do CC – Reduz o prazo de usucapião extraordinária de
quinze para dez anos se o possuidor tiver estabelecido sua moradia habitual, ou
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
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2 – POSSE – Teorias justificadoras
- A função social na jurisprudência do STJ:
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2 – POSSE – Diferenças entre a posse e a detenção. Conversão dos institutos.
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2 – POSSE – Diferenças entre a posse e a detenção. Conversão dos institutos.
- O detentor exerce sobre o bem não uma posse própria, mas uma posse em
nome de outrem. Como não tem posse, não lhe assiste o direito de invocar, em
nome próprio, as ações possessórias.
- O art. 1.208, primeira parte, do CC acrescenta que não induzem posse os atos
de mera permissão ou tolerância.
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2 – POSSE – Diferenças entre a posse e a detenção. Conversão dos institutos.
- É admitida juridicamente a conversão da detenção em posse.
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2 – POSSE – Detenção na jurisprudênca do STJ
1 - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO POR
PARTICULARES DE DEMANDA POSSESSÓRIA RELACIONADA A BEM PÚBLICO DE
USO COMUM DO POVO.
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do
uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como
servidão de passagem. A doutrina define os bens públicos de uso comum do povo
como aqueles destinados por natureza ou por lei ao uso coletivo. Nesse sentido, a
afetação ao uso comum coletivo deve ser entendida como a que se exerce, em
igualdade de condições, por todos os membros da coletividade. No tocante
à posse, importa ressaltar que o CC adotou o conceito doutrinário de Ihering,
segundo o qual "considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade“ (...)
DIREITO CIVIL
(...), distinguindo-se da detenção, por sua vez, pela circunstância de a lei, por
determinação expressa, excluir "a proteção possessória, atendendo às
circunstâncias peculiares da causa detentionis, do motivo que provocou a
situação material". A importância da distinção entre posse e detenção, para o
deslinde da controvérsia, refere-se ao fato de que a mera detenção não confere
a seu titular o direito de proteção jurídica. Nessa linha de entendimento, frise-se
que a jurisprudência do STJ adotou orientação no sentido de que o ordenamento
jurídico excluiu a possibilidade de proteção possessória à situação de fato
exercida por particulares sobre bens públicos dominicais, classificando o
exercício dessa situação de fato como mera detenção. Essa proposição, não
obstante, não se estende à situação de fato exercida por particulares sobre bens
públicos de uso comum do povo, razão pela qual há possibilidade jurídica na
proteção possessória do exercício do direito de uso de determinada via pública.
(...)
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DIREITO CIVIL
(...) A posse consiste numa situação de fato criadora de um dever de abstenção
oponível erga omnes. Outrossim, o instituto pode ser exercido em comum, na
convergência de direitos possessórios sobre determinada coisa. Nessa hipótese,
incide o disposto no art. 1.199 do CC, segundo o qual "se duas ou mais pessoas
possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios,
contanto que não excluam os dos outros compossuidores". Na possede bens
públicos de uso comum do povo, portanto, o compossuidor prejudicado pelo ato
de terceiro ou mesmo de outro compossuidor poderá "lançar mão do interdito
adequado para reprimir o ato turbativo ou esbulhiativo", já que "pode intentar
ação possessória não só contra o terceiro que o moleste, como contra o próprio
consorte que manifeste propósito de tolhê-lo no gozo de seu direito". REsp
1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016, DJe 30/9/2016.
DIREITO CIVIL
2 - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO POSSESSÓRIA
POR INVASOR DE TERRA PÚBLICA CONTRA OUTROS PARTICULARES.
É cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de terra
pública contra outros particulares. Inicialmente, salienta-se que não se
desconhece a jurisprudência do STJ no sentido de que a ocupação de área pública
sem autorização expressa e legítima do titular do domínio constitui
mera detenção (REsp 998.409-DF, Terceira Turma, DJe 3/11/2009). Contudo,
vislumbra-se que, na verdade, isso revela questão relacionada à posse. Nessa
ordem de ideias, ressalta-se o previsto no art. 1.198 do CC, in verbis: "Considera-
se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções
suas". Como se vê, para que se possa admitir a relação de dependência,
a posse deve ser exercida em nome de outrem que ostente o jus possidendi ou
o jus possessionis. (...)
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DIREITO CIVIL
(...) Ora, aquele que invade terras públicas e nela constrói sua moradia jamais
exercerá a posse em nome alheio, de modo que não há entre ele e o ente
público uma relação de dependência ou de subordinação e, por isso, não há que
se falar em mera detenção. De fato, o animus domni é evidente, a despeito de
ele ser juridicamente infrutífero. Inclusive, o fato de as terras serem públicas e,
dessa maneira, não serem passíveis de aquisição por usucapião, não altera esse
quadro. Com frequência, o invasor sequer conhece essa característica do imóvel.
Portanto, os interditos possessórios são adequados à discussão da
melhor posse entre particulares, ainda que ela esteja relacionada a terras
públicas. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016,
DJe 15/3/2016. – TERCEIRA TURMA
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DIREITO CIVIL
(...) Não tendo relevância jurídica o aludido contrato verbal supostamente firmado
com a autarquia, torna-se nítido haver mera detenção do imóvel público pelo
recorrido. Tendo o recorrente feito notificação judicial ao recorrido para que
desocupasse o imóvel, com a recusa do detentor, passou a haver esbulho
possessório, mostrando-se adequado o ajuizamento de ação de reintegração
de posse. Não havendo posse, mas mera detenção, não socorre o recorrente o
art. 924 do CPC - que impossibilita a reintegração liminar em prejuízo de quem
tem a posse da coisa há mais de ano e dia. REsp 888.417-GO, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 7/6/2011.
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5 - RETENÇÃO. BEM PÚBLICO. LIMINAR. REINTEGRAÇÃO. ART. 924 DO CPC.
IMPOSSIBILIDADE.
Trata-se, na origem, de ação de reintegração de posse cumulada com demolição
na qual a autarquia estadual alega ser proprietária da área adquirida por meio de
escritura de desapropriação registrada em cartório em abril de 1968. Afirma que a
área foi declarada de utilidade pública para formação de um reservatório de usina
hidrelétrica. Narra, ainda, que os réus, ora recorrentes, ocupam parte da área
desde junho de 1996, tendo construído, no local, garagem para barco, píer e
rampa. A Turma, baseada em remansosa jurisprudência, negou provimento ao
especial por entender que a ocupação indevida de bem público não
configura posse, mas mera detenção de natureza precária. Se assim é, não há
falar em posse velha (art. 924 do CPC) para impossibilitar a reintegração liminar
em imóvel pertencente a órgão público. REsp 932.971-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/5/2011.
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2 – POSSE – Principais classificações
a) Quanto à relação pessoa-coisa ou quanto ao desdobramento da posse (art.
1.197 do CC):
Posse direta ou imediata – aquela que é exercida por quem tem a coisa
materialmente, havendo um poder físico imediato. Como possuidores diretos
podem ser citados o locatário, o depositário, o comodatário e o usufrutuário.
Posse indireta ou mediata – exercida por meio de outra pessoa, havendo exercício
de direito, geralmente decorrente da propriedade. Exemplos: locador,
depositante, comodante e nu-proprietário.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Principais classificações
- O art. 1.197 do CC estabelece que “A posse direta, de pessoa que tem a coisa
em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não
anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto”.
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Principais classificações
Posse injusta – apresenta os referidos vícios, pois foi adquirida por meio de ato de
violência, ato clandestino ou de precariedade, nos seguintes termos:
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DIREITO CIVIL
Posse violenta – é a obtida por meio de esbulho, for força física ou violência
moral. Exemplo: movimento popular invade violentamente, removendo e
destruindo obstáculos, uma propriedade rural produtiva, que está sendo utilizada
pelo proprietário, cumprindo a sua função social.
DIREITO CIVIL
Obs.: 1 – Basta a presença de apenas um dos critérios acima para que a posse seja
caracterizada como injusta, não havendo exigência de cumulação.
Obs.: 2 – A posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por
ações do juízo possessório, não contra aquele de quem se tirou a coisa, mas sim
em face de terceiros. Isso porque a posse somente é viciada em relação a uma
determinada pessoa (efeitos inter partes), não tendo o vício efeitos contra
todos, ou seja, erga omnes.
Obs.: 3 – Nos termos do art. 1.208, segunda parte, do CC/2002, as posses injustas
por violência ou clandestinidade podem ser convalidadas, o que não se aplicaria à
posse injusta por precariedade (“Não induzem posse os atos de mera permissão
ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou
clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”).
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Obs.: 5 - Ainda, aquele que tem posse injusta não tem a posse usucapível (ad
usucapionem), ou seja, não pode adquirir a coisa por usucapião.
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- Posse de má-fé – situação em que alguém sabe do vício que acomete a coisa,
mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre esta. Neste caso,
o possuidor nunca possui um justo título. De qualquer modo, ainda que de
má-fé, esse possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória
competente para proteger-se de um ataque de terceiro.
DIREITO CIVIL
Enunciados do CJF:
Enunciado n. 302: “Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato
jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art.
113 do CC”
OBS.: 1 - O Enunciado 303 está estabelece que a função social da posse é fator
fundamental para a determinação da posse de boa-fé e da caracterização do justo
título. Sendo assim, a existência de instrumento, seja público ou particular, não é
fator essencial.
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- Também é possível que alguém possua de má- fé, embora não tenha posse
violenta, clandestina ou precária. O exemplo clássico daquele que tem posse
injusta, mas de boa-fé, ocorre no caso de compra de um bem roubado, sem que se
saiba que o bem foi retirado de outrem com violência.
DIREITO CIVIL
Posse sem título – situação em que não há uma causa representativa, pelo menos
aparente, da transmissão do domínio fático. Exemplo: alguém acha um tesouro,
depósito de coisas preciosas, sem a intenção de fazê-lo.
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DIREITO CIVIL
Fazendo o paralelo, pode-se dizer que no ius possidendi há uma posse com
título, estribada na propriedade. No ius possessionis, há uma posse sem título,
que existe por si só.
DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Principais classificações
e) Quanto ao tempo:
Posse nova – é a que conta com menos de um ano e um dia, ou seja, é aquela
com até um ano.
Posse velha – é a que conta com pelo menos um ano e um dia, ou seja, com um
ano e um dia ou mais.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Principais classificações
e) Quanto aos efeitos:
Posse ad interdicta – É a regra geral. Trata-se da posse que pode ser defendida
pelas ações possessórias diretas ou interditos possessórios. Ex.: tanto o locador
quanto o locatário podem defender a posse de uma turbação ou esbulho
praticado por um terceiro. Essa posse não conduz à usucapião.
DIREITO CIVIL
- Frutos são bens acessórios que saem do principal sem diminuir a sua
quantidade.
- Quanto aos efeitos da posse, para a análise do direito aos frutos, interessa a
classificação da posse como de boa ou má-fé.
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- Isto porque, o art. 1.214 do CC dispoe que “o possuidor de boa-fé tem direito,
enquanto ela durar, aos frutos percebidos”.
DIREITO CIVIL
- No que concerne ao possuidor de má-fé, nos termos do art. 1.216 do CC, ele
responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por
culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé.
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DIREITO CIVIL
2 – POSSE – Efeitos materiais e processuais
b) Quanto às benfeitorias
- Além disso, poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis.
DIREITO CIVIL
Assim:
2.ª – Se não for indenizado, o possuidor de boa-fé tem direito à retenção dessas
benfeitorias (necessárias e úteis), o ius retentionis, que persiste até que receba o
que lhe é devido.
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DIREITO CIVIL
Roberto, juntamente com sua família, ocupou, cercou e construiu uma casa, um
curral e um pequeno lago artificial em uma terra pública situada em área rural.
O poder público, ao tomar ciência da ocupação, ajuizou ação de reintegração de
posse. Em defesa, Roberto alegou que a posse se dera de boa-fé e que ele já
havia feito um pedido administrativo requerendo a regularização da
propriedade. O réu ainda alegou que, caso o pedido do poder público fosse
procedente, ele deveria ser indenizado pelas benfeitorias erigidas, com direito
de retenção.
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a) Com exceção do lago artificial, Roberto fará jus a indenização pelas demais
benfeitorias erigidas no imóvel.
b) Roberto terá direito à indenização pela casa, mas lhe será descontado o valor
correspondente ao tempo de permanência no imóvel.
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OBS.: 1 - Em relação aos locatários, o direito de retenção ou levantamento das
benfeitorias pode ser deliberado de modo diverso no contrato de locação,
renunciando o locatário a tais benfeitorias, segundo previsão do próprio art. 35 da
Lei 8.245/1991. Neste mesmo sentido, a Súmula 335 do STJ reconhece a
possibilidade de renúncia a tais benfeitorias na locação.
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- Imagine-se o caso do invasor de um imóvel. Percebendo que o telhado
(benfeitoria necessária) está em péssimo estado de conservação, o que pode
comprometer a própria estrutura do imóvel, esse possuidor de má-fé o troca.
Ora, a sua posse é de má-fé quanto à origem, mas a conduta de troca do
telhado é movida pela boa-fé, em sentido objetivo. Há, portanto, uma
justaposição da boa-fé objetiva em relação à má-fé subjetiva, o que ampara o
sentido do comando legal.
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2 – POSSE e RESPONSABILIDADES
- O CC/2002 traz regras relativas às responsabilidades do possuidor,
considerando-o como de boa ou de má-fé.
- Por outro lado, de acordo com o art. 1.218, “o possuidor de má-fé responde
pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que
de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.” A
responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva.
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2 – POSSE e RESPONSABILIDADES
Ex.: Um comodatário, possuidor de boa-fé, somente responderá pela perda da
coisa havendo dolo ou culpa. Não pode responder, por exemplo, pelo assalto do
veículo à mão armada, levando o criminoso o bem consigo. Já o criminoso que
leva a coisa (possuidor de má- fé) responde por ela, se for atingida por um objeto
em local onde não estaria o proprietário ou possuidor.
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2 – POSSE e USUCAPIÃO
- A usucapião é a aquisição da propriedade por uma posse prolongada que
preenche determinados requisitos legais. O CC/2002, quanto à propriedade
imóvel, consagra as seguintes modalidades de usucapião de bem imóvel:
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d) usucapião especial urbana (art. 1.240 do CC, do mesmo modo constante do
Texto Maior), o que inclui a usucapião especial urbana por abandono do lar,
introduzida pela recente Lei 12.424/2011.
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Como o assunto foi cobrado? TRF4 – 2016
INCORRETA - Usucapião extraordinária: Art. 1.238, do CC. Aquele que, por quinze
anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé (...)
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.
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