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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
SUMÁRIO
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Direito Civil IV
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.
3. Direitos Reais
3.4. Posse
3.4.3. Principais Classificações
3.4.3.2. Quanto à presença dos vícios objetivos (continuação)
Olá, pessoal. Vamos dar continuidade aqui com a segunda aula. No final do terceiro
módulo da primeira aula, eu abordava questão dos vícios da posse: a posse injusta por
violência clandestinidade ou precariedade. Eu dizia que pela dicção legal a posse injusta por
violência ou clandestinidade poderia se convalida e a posse precária não. Mas segundo a
doutrina contemporânea até a posse precária poderia sofrer uma convalidação a depender
do caso. Isso está referendado no enunciado nº 237 da Terceira Jornada De Direito Civil:
É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em
que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior inequívoco de oposição ao
antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
Esse enunciado não faz nenhuma referência a não modificação da posse para a posse
precária favor.
Obs.: Em relação aos seus efeitos, os vícios da violência, da clandestinidade ou da
precariedade não influenciam na questão dos frutos, das benfeitorias e das
responsabilidades. Para tais questões, leva-se em conta se a posse é de boa-fé ou má-fé, ou
seja, critérios subjetivos.
Essa observação é muito importante, há uma confusão nas questões de prova de
concurso em relação a posse injusta e a posse de má-fé. Essas provas acabam fazendo essa
confusão não apenas relação a isso, mas também aos efeitos da posse de boa e de má-fé.
Elas colocam consequências da posse de má-fé como se fossem consequências da posse
injusta. Então você, muitas vezes, é levado a cair nessa “casca de banana”.
Obs: Aquele que tem posse injusta não tem a posse usucapível (ad usucapionem), ou
seja, não pode adquirir a coisa por usucapião.
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b) Posse de má-fé: situação em que alguém sabe do vício que acomete a coisa, mas
mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre esta. Neste caso, o possuidor nunca
possui um justo título. De qualquer modo, ainda que de má-fé, esse possuidor não perde o
direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger-se de um ataque de terceiro.
Não é porque o sujeito tem posse injusta ou de posse de má-fé que ele não pode
ajuizar uma ação possessória. Ele pode ajuizar, porque o pressuposto da ação possessória é
que ele tenha a posse e ele tem a posse, em que pese ter um vício objetivo de ser injusta ou
um vício subjetivo de ser de má-fé.
Enunciados do CJF:
Enunciado n. 302: Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico
capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do CC
Obs.: O Enunciado 303 está estabelece que a função social da posse é fator
fundamental para a determinação da posse de boa-fé e da caracterização do justo título.
Sendo assim, a existência de instrumento, seja público ou particular, não é fator essencial.
Eu volto a frisar com vocês que a ideia de boa-fé, quando se trata de direitos
possessórios não é a boa-fé objetiva, mas sim a boa fé subjetiva, ou seja, era o
conhecimento do agente que detém a posse.
Quando o agente tem um justo título, que fundamente a sua posse, ele tem uma
presunção de boa-fé.
Obs. A presente classificação não se confunde com a última (quanto aos vícios
objetivos). Isso porque na análise dos vícios previstos no art. 1.200 do CC são levados em
conta os critérios objetivos. Ao contrário, na presente classificação, são considerados os
critérios subjetivos, eis que a boa-fé que entra em cena é a subjetiva, que está no plano da
intenção, da crença dos envolvidos.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
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após um certo tempo passe essa posse para um terceiro que desconheça a forma de
aquisição dessa posse. Percebam que a injustiça permanece com a posse, mesmo quando
transferida para esse terceiro. Contudo como esse terceiro ignora a existência de vícios
sobre a posse, ele terá assim uma posse de boa-fé, porém injusta.
Também é possível que alguém possua de má- fé, embora não tenha posse violenta,
clandestina ou precária. O exemplo clássico daquele que tem posse injusta, mas de boa-fé,
ocorre no caso de compra de um bem roubado, sem que se saiba que o bem foi retirado de
outrem com violência.
Exemplo: eu quero comprar um telefone, porém eu não sei que esse sujeito roubou
esse telefone, tendo uma posse injusta. Porém eu adquirindo esse telefone terei a posse de
boa-fé, mesmo ela sendo injusta.
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Prevê o art. 95 do CC que, apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos
e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem
ser objeto de negócio jurídico.
Quanto aos efeitos da posse, para a análise do direito aos frutos, interessa a
classificação da posse como de boa ou má-fé.
Isto porque, o art. 1.214 do CC dispoe que “o possuidor de boa-fé tem direito,
enquanto ela durar, aos frutos percebidos”.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
A partir do momento que o sujeito está de má-fé, ele não tem direito aos frutos.
Quando está de boa-fé tem direito aos frutos que foram percebidos. Quando me refiro a
fruto aqui me refiro a fruto natural. A partir do instante que está de má fé não tem direito a
frutos nenhum.
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Além disso, poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis. Assim:
1.ª – O possuidor de boa-fé tem direito à indenização por benfeitorias necessárias e
úteis.
2.ª – Se não for indenizado, o possuidor de boa-fé tem direito à retenção dessas
benfeitorias (necessárias e úteis), o ius retentionis, que persiste até que receba o que lhe é
devido.
3.ª – No tocante às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé tem direito ao
seu levantamento, se não forem pagas, desde que isso não gere prejuízo à coisa (direito de
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tolher, ou ius tollendi). Ex.: uma piscina pode ser removida se não causar prejuízos ao
imóvel, tais quais aquelas de plástico para crianças.
Como o assunto foi cobrado? TRF5 – 2015
Roberto, juntamente com sua família, ocupou, cercou e construiu uma casa, um curral e
um pequeno lago artificial em uma terra pública situada em área rural. O poder público,
ao tomar ciência da ocupação, ajuizou ação de reintegração de posse. Em defesa,
Roberto alegou que a posse se dera de boa-fé e que ele já havia feito um pedido
administrativo requerendo a regularização da propriedade. O réu ainda alegou que, caso
o pedido do poder público fosse procedente, ele deveria ser indenizado pelas
benfeitorias erigidas, com direito de retenção.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Com exceção do lago artificial, Roberto fará jus a indenização pelas demais
benfeitorias erigidas no imóvel. Obs.: Se ele tivesse a posse, seria isso realmente.
b) Roberto terá direito à indenização pela casa, mas lhe será descontado o valor
correspondente ao tempo de permanência no imóvel.
c) O direito de retenção pelas benfeitorias necessárias não poderá ser deferido.
d) A posse não pode ser considerada de má-fé, o que torna indenizáveis as benfeitorias
úteis e necessárias feitas por Roberto.
e) A indenização pelo curral depende de prova de utilidade pelo poder público após a
retomada do imóvel
Alternativa Correta – Letra C: Ele não direito de retenção, porque não teve direito a
indenização, uma vez que não tinha a posse. Ele estava em um terreno público, ele tinha
a mera detenção.
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Sum. 335 do STJ: Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização
das benfeitorias e ao direito de retenção.
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Uma dica é fazer um mapa mental disso aqui, pois cai muito em prova.
Posse:
a) Boa-fé
Indenização
Benfeitoria necessária e útil com direito a retenção
Levantamento – Voluptuária (não causando dano ao imóvel)
b)Má-fé
Indenização
Benfeitoria necessária sem direito a retenção
Em suma, o possuidor de má-fé não tem qualquer direito de retenção ou de
levantamento. Com relação à indenização, assiste-lhe somente direito quanto às
benfeitorias necessárias.
Imagine-se o caso do invasor de um imóvel. Percebendo que o telhado (benfeitoria
necessária) está em péssimo estado de conservação, o que pode comprometer a própria
estrutura do imóvel, esse possuidor de má-fé o troca. Ora, a sua posse é de má-fé quanto à
origem, mas a conduta de troca do telhado é movida pela boa-fé, em sentido objetivo. Há,
portanto, uma justaposição da boa-fé objetiva em relação à má-fé subjetiva, o que ampara o
sentido do comando legal.
Prevê o art. 1.222 do CC que o reivindicante da coisa, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu
custo. Já ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual da coisa.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé,
tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé
indenizará pelo valor atual.
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Por outro lado, de acordo com o art. 1.218, “o possuidor de má-fé responde pela
perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se
teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.” A responsabilidade do possuidor de
má-fé é objetiva.
Vamos dizer que eu esteja na posse de má-fé de um carro. Em circunstância de um
evento climático, esse carro se deteriorou. Não importa a ocorrência desse evento climático,
eu responderei por isso. Só não respondo se eu provar que mesmo que esse carro estivesse
com o reivindicante, esse carro se perderia do mesmo modo.
Ex.: Um comodatário, possuidor de boa-fé, somente responderá pela perda da coisa
havendo dolo ou culpa. Não pode responder, por exemplo, pelo assalto do veículo à mão
armada, levando o criminoso o bem consigo. Já o criminoso que leva a coisa (possuidor de
má- fé) responde por ela, se for atingida por um objeto em local onde não estaria o
proprietário ou possuidor.
Segundo o art. 1.221 do CC, as benfeitorias compensam-se com os danos, e só
obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. O comando possibilita,
portanto, que as benfeitorias necessárias a que teria direito o possuidor de má-fé sejam
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compensadas com os danos sofridos pelo reivindicante, hipótese de compensação legal, pela
reciprocidade de dívidas.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento
se ao tempo da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942)
d) usucapião especial urbana (art. 1.240 do CC, do mesmo modo constante do Texto
Maior), o que inclui a usucapião especial urbana por abandono do lar, introduzida pela
recente Lei 12.424/2011.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
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sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo
possuidor mais de uma vez.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-fé.
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Toda vez que vai haver um parcelamento de solo no caso, por exemplo, que o poder
público quer criar um lote em uma área rural qualquer, a legislação prevê uma área mínima
desse módulo. Essa área mínima se dar para que aquele imóvel que for construído naquele
lote consiga desempenhar suas potencialidades como moradia, por exemplo. Se for uma
área muito pequena vai ocorrer uma violação do próprio direito à moradia e da dignidade.
Então toda vez que se estabelece uma área mínima do módulo urbano ou rural é para que
aquela propriedade consiga desempenhar sua função social.
A questão que se coloca é a seguinte: Imagina que essa lei não foi respeitada e o
cidadão está ocupando a posse ad usucapionem de uma fração de terreno, que é menor do
que o módulo Urbano. Ele vai ter direito ao usucapião dessa área? O STJ entende que sim,
porque simplesmente pelo fato de que a constituição quando previu essa modalidade de
usucapião urbano ou rural ela não estabeleceu qual o mínimo do terreno para ocorra essa
usucapião. Então aqui é incidência direta de uma regra constitucional que não pode ser
afastada por limitações criada pela legislação infraconstitucional.
Continuando a leitura da jurisprudência:
Isso porque o STF, após reconhecer a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada, fixou a tese de que, preenchidos os requisitos do artigo 183 da
CF, cuja norma está reproduzida no art. 1.240 do CC, o reconhecimento do direito
à usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que
estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do
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lote) (RE 422.349-RS, Tribunal Pleno, DJe 5/8/2015). REsp 1.360.017-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/5/2016, DJe 27/5/2016.
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(...) Entretanto, essa assertiva não pode ser aplicada. Primeiro, porque o disposto no §
5º do art. 219 está intimamente ligado às causas extintivas, conforme expressamente
dispõe o art. 220 - "O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos
previstos na lei" -, sendo que a simples leitura dos arts. 219 e 220 demonstra a
impropriedade de se pretender projetar os ditames do § 5º do art. 219 para as hipóteses
de usucapião. Segundo, pois a prescrição extintiva e a usucapião são institutos díspares,
sendo inadequada a aplicação da disciplina de um deles frente ao outro, vez que a
expressão prescrição aquisitiva tem vínculos mais íntimos com fundamentos
fáticos/históricos do que a contornos meramente temporais. Essa diferenciação é
imprescindível, sob pena de ocasionar insegurança jurídica, além de violação aos
princípios do contraditório e ampla defesa, pois, no processo de usucapião, o direito de
defesa assegurado ao confinante é impostergável, eis que lhe propicia oportunidade de
questionar os limites oferecidos ao imóvel usucapiendo. (...) REsp 1.106.809-RS, Rel.
para acórdão Min. Marco Buzzi, julgado em 3/3/2015, DJe 27/4/2015 .
Dois elementos aqui são interessantes: Existia um imóvel hipotecado. Não importa
se antes ou depois dessa hipoteca, alguém começou até a posse do imóvel ad usucapionem.
Essa posse aconteceu de repente e declarada a usucapião. A primeira coisa interessante
aqui é que essa usucapião vai prevalecer sobre a hipoteca, pois a sentença da usucapião tem
natureza declaratória e não constitutiva. Ou seja, a usucapião é um fato jurídico que ocorre
e a sentença reconhece a ocorrência desse fato jurídico. Então ela retroage a data em que os
requisitos estabelecidos na lei foram cumpridos integralmente.
O segundo elemento importante é que a usucapião é uma causa originária de
aquisição de propriedade e não é uma causa derivada. Então não é um negócio jurídico em
“A” vendeu um imóvel para “B”. Quando há usucapião ocorre um rompimento com a
relação de propriedade anterior que existia. Então, a partir desse momento, é como se
houvesse uma nova propriedade surgisse ali sem vício algum.
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A gente sabe que o terreno de marinha é um bem público, sendo um bem dominial
da União. Obviamente como tal não é possível que alguém que ocupe esse terreno tenha a
aquisição da propriedade através da usucapião. Trata-se de uma Detenção e não de uma
posse.
Imagine que alguém está ocupando um terreno de marinha não demarcado. A lei
exige que haja essa demarcação da área do terreno em marinha. Para essa demarcação é
feito todo um procedimento através de um edital de chamamento das pessoas que estão
interessadas, por exemplo. No entanto, nesse caso, não houve a demarcação e a pessoa está
ocupando essa área. Essa pessoa alega conseguiu a propriedade da área por usucapião e a
União em sua defesa alega que a área não poderia ser usucapida por ser terreno de marinha.
Essa simples alegação de que essa área é terreno de marinha, não obsta que se reconheça a
usucapião da área. Porque enquanto não for demarcado e comprovado objetivamente que
aquela área é terreno de marinha, é possível que a sentença a usucapião.
Continuando a leitura da jurisprudência:
(...) Assim, é possível o reconhecimento da usucapião, desde que resguardados
expressamente os interesses da União, admitindo que, caso se apure, no procedimento
próprio, que a área usucapienda se caracteriza como bem público, não haverá prejuízo
ao ente público. Com efeito, a eficácia preclusiva da coisa julgada alcança apenas as
questões passíveis de alegação e efetivamente decididas pelo juízo constantes do mérito
da causa, não podendo, no caso, ser considerada deduzível a matéria, pois inexistente
estudo conclusivo sobre o assunto. REsp 1.090.847-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 23/4/2013.
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Vamos imaginar o seguinte: existe a desapropriação indireta que é aquela que segue
os trâmites legais e existe a indireta que é aquela que a administração viola esses trâmites
legais e se apossa no bem. Quando a administração se apossa no bem, o dono daquele bem
ele não pode entrar com ação possessória para reintegração de posse, porque administração
ao se apossar do bem e afetá-lo a uma finalidade pública, aquele bem passou a ser público.
O que houve então foi uma desapropriação indireta. Então o que é que cabe ao proprietário
que perdeu aquele terreno? Ele pode pleitear indenização. Só que quando ele vai pleitear a
indenização. Ele só pode fazer isso enquanto aquele bem não foi “usucapido” pela Fazenda
Pública. Qual que é o prazo para pedir indenização? A lógica desse julgado é o seguinte: o
prazo para requerer indenização pela desapropriação indireta é o prazo da o prazo da
usucapião. Então enquanto não ocorrer a usucapião em favor do ente público, você pode
pedir a indenização. Ocorrendo a desapropriação é uma aquisição originária e você não tem
direito a indenização.
O STJ tinha um entendimento pacífico no sentido de que de que o prazo para se pedir
essa indenização seria de 20 anos. Esse julgado muda essa sistemática dizendo que uma vez
que o prazo para pedir indenização é até a consolidação da usucapião e aqui o que há é
usucapião extraordinária, então esse prazo seria de 15 anos. Todavia quando, o Poder
público, se apossa de uma propriedade, dá uma afetação pública e isso coincide com a posse
trabalho, então reduz o prazo para 10 anos.
Continuando a leitura da jurisprudência:
Com base nessa premissa e com fundamento no art. 550 do CC/1916 - dispositivo legal
cujo teor prevê prazo de usucapião -, o STJ firmou a orientação de que "a ação de
desapropriação indireta prescreve em vinte anos" (Súmula 119/STJ). O CC/2002,
entretanto, reduziu o prazo da usucapião extraordinária para quinze anos (art.
1.238, caput) (...)
(...) e previu a possibilidade de aplicação do prazo de dez anos nos casos em que o
possuidor tenha estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou realizado obras ou
serviços de caráter produtivo. Assim, considerando que a desapropriação indireta
pressupõe a realização de obras pelo poder público ou sua destinação em função da
utilidade pública ou do interesse social, com fundamento no atual Código Civil, o prazo
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Quando eu fazia simulado de prova oral, treinando alguns alunos, eu sempre fazia
essa pergunta e era muito comum eles errarem. Essa pergunta já caiu também em prova de
primeira fase magistratura federal. Imagine que em um determinado município ou estado ou
próprio União cria uma reserva ambiental através de um ato normativo e estabelece que
nessa reserva ambiental não se pode realizar nenhuma medida de manejo das árvores, por
exemplo. Só que nessa área existe uma propriedade privada e esta propriedade privada
perdeu completamente a sua função econômica por causa das restrições impostas pela
legislação ambiental. Isso é uma desapropriação indireta? Muita gente achava que sim. Se
não me engano até o Celso Antônio que fala que se houver um esvaziamento total da
capacidade econômica isso equivaleria a uma desapropriação. Contudo, o STJ, desde 2012,
adotou o sentido de que não há desapropriação indireta se não houver o efetivo
apossamento do bem pelo Estado. Ou seja, uma norma ambiental que limita o manejo da
área e esvazia economicamente, não é uma desapropriação indireta, porque o estado não se
apossou materialmente do bem. Portanto o proprietário da área ele pode pedir uma
indenização do estado pelo esvaziamento econômico, mas o fundamento não vai ser com
base no direito real de desapropriação indireta, mas sim no direito pessoal. Então o prazo
prescricional para essa ação vai ser de 5 anos que é o prazo de direito pessoal e não o prazo
de 10 anos da ação de direito real por desapropriação indireta.
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Pelo que consta desse dispositivo, as ações possessórias diretas têm natureza
dúplice, cabendo pedido contraposto em favor do réu para que a sua posse seja protegida
no caso concreto.
c) O art. 557 do NCPC prevê que “na pendência de ação possessória é vedado, tanto
ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento de domínio, exceto se a pretensão
for deduzida em face de terceira pessoa”.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em
face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
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b) Dispõe o art. 1.211 do CC que “Quando mais de uma pessoa se disser possuidora,
manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso”.
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Assim sendo, como não se pode atribuir culpa a quem esteja de boa-fé, não caberão
as medidas previstas no dispositivo, mas tão somente ação petitória, para reivindicação da
propriedade.
Como o assunto foi cobrado? TRF5 – 2009
Com base na disciplina do direito das coisas, assinale a opção correta.
a) A boa-fé é requisito indispensável para o uso das ações possessórias, uma vez que é
pressuposto básico para a interpretação de qualquer ato jurídico.
ERRADA – O manejo das ações possessórias não depende da existência de boa-fé,
conforme se extrai do art. 1.210 do CC.
b) Ao analisar pedido de liminar em ação possessória na qual autor e réu se dizem
possuidores, o juiz deve manter provisoriamente na posse aquele que tiver justo título,
ou, caso nenhum deles o tenha, aquele que detiver a coisa.
ERRADA – A alternativa contraria o art. 1211 do CC, segundo o qual “quando mais de
uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se
não estiver manifesto que a obteve de algumas das outras por modo vicioso”.
Ex.: Imagine que duas pessoas estão demandando a posse do mesmo bem. Nesta
situação, o quê que juiz vai ter que analisar primeiro para deferir a posse? Verificar com
quem já está o bem.
c) A posse é situação de fato protegida pelo direito, tendo-se por adquirida desde o
momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos
poderes inerentes à propriedade, de forma que não há como adquiri-la por intermédio
de representante.
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ERRADA – A assertiva está correta até a ultima parte, quando então incide em erro ao
afirmar que “não há como adquiri-la por intermédio de representante”, o que contraria
o art. 1.205, I do CC, segundo o qual “A posse pode ser adquirida, pela própria pessoa
que a pretende ou por seu representante.”
d) Na aquisição da posse natural, não há lugar para a verificação da presença das regras
aplicáveis à teoria dos negócios jurídicos.
CORRETA – A assertiva está correta. A posse natural se caracteriza pela apreensão da
coisa com o exercícios dos poderes de fato. Portanto, não há lugar para a verificação da
presença das regras aplicáveis aos negócios jurídicos. A posse civil decorre de causa
reconhecida pelo direito. Nela, além dos elementos de fato, exige-se a validade do
negócio jurídico para que se produzam as consequências da posse.
e) A posse injusta impede que seja exercido o direito de retenção sobre a coisa, tal como
ocorre com o possuidor de má-fé, a quem são ressarcidas apenas as benfeitorias
necessárias e é negado o exercício do referido direito.
ERRADA – O que é levando em consideração para fins de indenização é a boa ou má-fé,
e não se a posse é justa ou injusta. Neste sentido, basta observar a redação dos arts.
1.219 e 1.220 do CC:
Art. 1.219 – O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a
levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220 – Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de
levantar as voluptuárias.
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jurisprudência dos Tribunais.
Nos casos de ameaça e turbação, em que o atentado à posse não foi definitivo, cabe
a legítima defesa. Havendo esbulho, a medida cabível é o desforço imediato, visando à
retomada do bem esbulhado.
Em todas as hipóteses, observe-se que esses institutos de autodefesa apresentam
alguns requisitos, que devem ser respeitados, para que a atuação seja lícita:
a) A defesa deve ser imediata. Ex.: se o possuidor deixa que o esbulhador construa
uma cerca divisória, pelo menos aparentemente, não tomou as medidas imediatas que lhe
cabiam. Sobre tal requisito do imediatismo, o Enunciado nº 495, V Jornada:
No desforço possessório, a expressão ‘contanto que o faça logo’ deve ser entendida
restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação,
cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses.
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Neste sentido, o art. 1.208 do CC: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
Pela conjugação desse dispositivo com o art. 558 do NCPC, a posse adquirida com
injustiça pode passar a ser justa, após um ano e um dia, desde que violenta ou clandestina,
segundo a corrente majoritária.
Ainda no que tange à transmissão da posse, prescreve o art. 1.209 do CC que a posse
do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que
nele estiverem.
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b) Composse pro diviso ou divisível – cada compossuidor sabe qual a sua parte, que
é determinável no plano fático e corpóreo, havendo uma fração real da posse. Exemplo: dois
irmãos têm a composse de uma fazenda, que é dividida ao meio por uma cerca.
Jurisprudência do STJ:
PRINCÍPIO SAISINE. REINTEGRAÇÃO. COMPOSSE.
Cinge-se a questão em saber se o compossuidor que recebe a posse em razão do
princípio saisine tem direito à proteção possessória contra outro compossuidor.
Inicialmente, esclareceu o Min. Relator que, entre os modos de aquisição de posse,
encontra-se o ex lege, visto que, não obstante a caracterização da posse como poder
fático sobre a coisa, o ordenamento jurídico reconhece, também, a obtenção desse
direito pela ocorrência de fato jurídico - a morte do autor da herança -, em virtude do
princípio da saisine, que confere a transmissão da posse, ainda que indireta, aos
herdeiros independentemente de qualquer outra circunstância. Desse modo, pelo
mencionado princípio, verifica-se a transmissão da posse (seja ela direta ou indireta) aos
autores e aos réus da demanda, caracterizando, assim, a titularidade do direito
possessório a ambas as partes.
(...) No caso, há composse do bem em litígio, motivo pelo qual a posse de qualquer um
deles pode ser defendida todas as vezes em que for molestada por estranhos à relação
possessória ou, ainda, contra ataques advindos de outros compossuidores. In casu, a
posse transmitida é a civil (art. 1.572 do CC/1916), e não a posse natural (art. 485 do
CC/1916). Existindo composse sobre o bem litigioso em razão do droit de saisine é
direito do compossuidor esbulhado o manejo de ação de reintegração de posse, uma
vez que a proteção à posse molestada não exige o efetivo exercício do poder fático -
requisito exigido pelo tribunal de origem. (...) Isso posto, a Turma deu provimento ao
recurso para julgar procedente a ação de reintegração de posse, a fim de restituir aos
autores da ação a composse da área recebida por herança. Precedente citado: REsp
136.922-TO, DJ 16/3/1998. REsp 537.363-RS, Rel. Min. Vasco Della Giustina
(Desembargador convocado do TJ-RS), julgado em 20/4/2010.
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não ser possível a posse de bem público, constituindo a sua ocupação sem aquiescência
formal do titular do domínio mera detenção de natureza precária.3. Os artigos 516 do
Código Civil de 1916 e 1.219 do Código Civil em vigor estabelecem a posse como
requisito para que se possa fazer jus ao direito de retenção por benfeitoria. (REsp
841.905/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
17/05/2011, DJe 24/05/2011)
b) Considere que dois irmãos tenham a posse de uma fazenda e que ambos a exerçam
sobre todo o imóvel, nele produzindo hortaliças. Nesse caso, há a denominada
composse pro diviso.
ERRADA – Trata-se da composse pro indiviso em que os compossuidores têm fração
ideal da posse, pois não é possível determinar, no plano fático e corpóreo, qual a parte
de cada um.
c) Na aferição da posse de boa-fé ou de má-fé, utiliza-se como critério a boa fé subjetiva,
assim como ocorre em relação à posse justa ou injusta.
ERRADA - A primeira parte está correta, porém a posse justa é analisada a partir de
critérios objetivos, tais como a violência, precariedade ou clandestinidade.
d) O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o
direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo.
CORRETA – Letra de lei. Art. 1.222 - “O reivindicante, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o
seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.”
e) Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, somente as pessoas físicas e
naturais, excluindo-se, portanto, os entes despersonalizados, como, por exemplo, a
massa falida.
ERRADA – Nos termos do Enunciado n 236 do CJF, III Jornada, “ Arts. 1.196, 1.205 e
1.212: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade
desprovida de personalidade jurídica”.
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CORRETA – Nos termos do art. 1.208, segunda parte, do CC/2002, as posses injustas por
violência ou clandestinidade podem ser convalidadas, o que não se aplicaria à posse
injusta por precariedade (“Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância
assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade”)
c) A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
CORRETA – Nos termos do art. 1.202 do CC, a posse de boa-fé só perde este caráter no
caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.
d) O reivindicante, quando obrigado, indenizará as benfeitorias ao possuidor de má-fé
pelo valor atual.
INCORRETA – Nos termos do art. 1.222 do CC, o reivindicante, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e
o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
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que o locatário dê a destinação correta ao imóvel, visto que lhe são conferidos
instrumentos coercitivos para compelir o locatário a cumprir as disposições
condominiais, inclusive com a possibilidade de ajuizamento de ação de despejo, nos
termos da Lei n. 8.245/1991. (...)
(...) Assim, tratando-se de direito de vizinhança, a obrigação é propter rem, ou seja,
decorre da propriedade da coisa. Por isso, o proprietário com posse indireta não pode se
eximir de responder pelos danos causados pelo uso indevido de sua propriedade.
Todavia, a demanda também pode ser ajuizada contra o possuidor do imóvel que, em
tese, é quem comete a infração condominial, sem excluir a responsabilidade do
proprietário. Precedentes citados: REsp 254.520-PR, DJ 18/12/2000, e AgRg no AgRg no
Ag 776.699-SP, DJ 8/2/2008. REsp 1.125.153-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em
4/10/2012.
3 - ARRENDAMENTO MERCANTIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL.
Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração de posse ajuizada pela ora recorrente
em desfavor do recorrido por inadimplemento de contrato de arrendamento mercantil
(leasing) para a aquisição de 135 carretas. A Turma reiterou, entre outras questões, que,
diante do substancial adimplemento do contrato, qual seja, foram pagas 30 das 36
prestações da avença, mostra-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e
contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do contrato e a boa-
fé objetiva. Ressaltou-se que a teoria do substancial adimplemento visa impedir o uso
desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos
desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos aludidos
princípios. (...)
(...) Assim, tendo ocorrido um adimplemento parcial da dívida muito próximo do
resultado final, daí a expressão "adimplemento substancial", limita-se o direito do
credor, pois a resolução direta do contrato mostrar-se-ia um exagero, uma demasia.
Dessa forma, fica preservado o direito de crédito, limitando-se apenas a forma como
pode ser exigido pelo credor, que não pode escolher diretamente o modo mais gravoso
para o devedor, que é a resolução do contrato. Dessarte, diante do substancial
adimplemento da avença, o credor poderá valer-se de meios menos gravosos e
proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, mas não a
extinção do contrato. Precedentes citados: REsp 272.739-MG, DJ 2/4/2001; REsp
1.051.270-RS, DJe 5/9/2011, e AgRg no Ag 607.406-RS, DJ 29/11/2004. REsp 1.200.105-
AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012.
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