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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Mudando a cultura do descarte do lixo urbano: a experiência do Colégio
Estadual Alexandra – Ensino Médio

Autora Liliane Celestino Andrioli¹


Orientador: Sydnei Roberto Kempa²

RESUMO

O propósito deste artigo é levantar uma reflexão sobre a produção e descarte dos resíduos sólidos e
orgânicos no bairro de Alexandra, principalmente no Colégio Estadual Alexandra - Ensino Médio;
ressaltando alternativas como redução, reutilização e reciclagem como alternativas importantes para
a preservação dos recursos naturais. Nesta perspectiva, como procedimento metodológico, buscou-
se diagnosticar, juntamente com os alunos da 3.ª série do ensino médio, os problemas ambientais
como também possíveis soluções aos problemas indicados pelo grupo. Como estratégias de trabalho
foram realizadas leituras, debates e discussões sobre a relação homem e natureza e, de homem
como sujeito ecológico; onde se concluiu que se pode mediante pequenas ações, contribuir com o
meio ambiente.
Na sequência do trabalho, foi levantado com o grupo de estudo estratégias para reduzir o lixo na
escola, aproveitando o lixo orgânico, a reutilizar os resíduos sólidos e, como fomentar a consciência
nos alunos e profissionais da educação da instituição escolar.
Considerando os relatos e alternativas levantadas pelos alunos envolvidos no projeto de intervenção
pedagógica, viu-se a necessidade de novas atitudes em relação ao meio ambiente onde os sujeitos
percebam-se como parte dele e responsáveis por sua conservação e preservação.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Resíduos Sólidos e Orgânicos.


Sustentabilidade.

¹Especialista em Psicopedagogia, graduada em Letras/Português e Pedagogia pela


UNESPAR/FAFIPAR e Diretora do Colégio Estadual Alexandra – Paranaguá-PR

²Professor da Universidade Estadual do Paraná –campus Paranaguá. Pedagogo, mestre em


Educação pela Universidade Estadual de Maringá e Doutor em Educação/Currículo pela PUC/SP.
ABSTRACT

The purpose of this article is to raise a reflection on the production and disposal of solid and organic
residues in Alexandra township , especially in Alexandra State College - High School; highlighting
alternatives such as reducing, reusing and recycling as important alternatives for the preservation of
natural resources. In this perspective, the methodological procedure, we attempted to diagnose, along
with students of the 3rd year of high school, environmental problems as well as possible solutions to
the problems identified by the Group. As work strategies readings were taken, debates and
discussions on the relationship between man and nature and man as ecological subject; where it can
be concluded that by means of small actions contribute to the environment. Following the work, was
raised with the study group strategies to reduce waste at school, taking advantage of the organic
waste, reusing solid waste, and as raise awareness in students and professionals of the school
education. Considering the reports and alternatives raised by students involved in the pedagogical
intervention project, saw the need for new attitudes toward the environment where subjects see
themselves as part and responsible for its conservation and preservation.

Keywords : Environmental Education . Solid and Organic Waste. Sustainability.

INTRODUÇÃO

A destruição do meio ambiente vem crescendo de maneira gradativa, pois os


seres humanos não medem as consequências de seus atos para alcançar seus
objetivos. A cultura do consumismo é predominante e supera as iniciativas de
preservação da natureza.
Vive-se em uma sociedade consumista, o que é novo hoje, amanhã já está
ultrapassado e como se desfazer de móveis, eletrodomésticos, roupas e outros; tudo
se transformará em entulho? Como agir diante desta problemática? A produção de
lixo só cresce e onde colocar todo o lixo acumulado todos os dias? Faz-se
necessário repensar alguns maus hábitos que têm contribuído para a degradação do
meio ambiente.

Segundo Scarlato e Pontin :

Considerando o ambiente como um conjunto de fatores naturais e não


naturais, podemos compreender que os problemas ambientais do homem
contemporâneo não podem ser tratados com neutralidade. A sociedade é
responsável pelos danos causados aos ecossistemas. […] Em
consequência, não podem ser resolvidos sem a transformação das atuais
relações da sociedade com a natureza.(SCARLATO; PONTIN, 1992, p. 5)

É notável que as ações humanas diante das questões ambientais precisam


tomar rumos diferentes daquelas praticadas até então, onde o homem utilizou-se
dos recursos naturais de forma inconsequente, não levando em conta o meio
ambiente, o qual garante a sobrevivência da humanidade.
No Município de Paranaguá, uma das questões que agride o meio ambiente é
a produção e destino do lixo sólido e orgânico, pois parte da população tem adotado
uma postura errada ao depositar o lixo nas ruas, esquinas e terrenos baldios; não
leva em conta a importância de jogá-lo em lugar adequado e separá-lo de acordo
com sua composição. Outra situação preocupante é o destino final do lixo que vai
para o lixão, onde não recebe o tratamento adequado.
O lixo depositado nas ruas, nos terrenos abandonados como os papéis,
plásticos, borrachas, e demais resíduos, além de deixar a paisagem mais feia e com
cheiro desagradável, servem para o aparecimento de animais indesejáveis que
trazem doenças para a população como também, nos dias de chuva vão parar nos
bueiros contribuindo desta forma para os alagamentos.
No espaço escolar também há descuido com o lixo, pois o mesmo é
depositado no chão por boa parte dos alunos; não há separação dos materiais
recicláveis e o lixo orgânico geralmente é misturado com o lixo sólido.
Tais atitudes precisam ser mudadas por meio de ações pedagógicas, porque
a escola é um ambiente social, as atividades desenvolvidas neste espaço, quando
desenvolvidas de forma crítica e participativa podem desencadear mudança de
comportamento, gerando a formação de atitudes adequadas para o exercício da
verdadeira cidadania em relação ao meio ambiente.
O Projeto de Intervenção Pedagógica teve como objetivo geralconhecer a
inter-relação homem e meio ambiente, a produção e descarte do lixo na cidade de
Paranaguá especificamente no Colégio Estadual Alexandra – Ensino Médio.
Diante do exposto, analisou-se que ações poderiam ser utilizadas para que a
Educação Ambiental se efetivasse por meio da separação dos recicláveis, dos
resíduos orgânicos bem como o cuidado o espaço físico escolar, zelando pela
limpeza e organização do mesmo.
A escola deve estar atenta aos problemas sociais para atuar de forma efetiva
na construção de estilos inovadores em relação ao meio ambiente e na busca da
sustentabilidade ecológica. De acordo com Jacobi (2003, p.196) “a educação
ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para transformação social.”
Os seres humanos precisam reconhecer que são os únicos responsáveis pela
degradação dos recursos naturais e, que devem assumir uma nova postura de
transformar a situação atual em que se encontra o meio ambiente.
A Educação Ambiental é o caminho para amenizar os danos causados à
natureza, pois ela faz a ponte entre o círculo educacional e o campo ambiental
promovendo o diálogo sobre os problemas ambientais, despertando reflexões e
novos valores em relação ao meio ambiente.
Segundo Leal (2004, p. 280) “entende-se por Educação Ambiental uma
atividade educativa que integra conhecimentos, valores e participação política
relacionados à questão ambiental”.
Os seres humanos precisam compreender que há necessidade de conviver
em harmonia com a natureza e de preservá-la; entender sua relação de
dependência com o meio ambiente e, sentir-se parte do processo socioambiental,
cuidando e zelando pelos recursos naturais.

REVISÃO DE LITERATURA

A Educação Ambiental é um processo de orientação a respeito das questões


socioambientais com objetivo de formar nos cidadãos a consciência ecológica,
fazendo com que os sujeitos envolvidos sintam-se parte do meio adotando posturas
coerentes e, desta forma procurem métodos quediminuam os impactos ambientais;
pois as ações humanas praticadas até então só prejudicaram os recursos naturais.
Para Encinas (2004, p.31) “educação ambiental é fundamentalmente uma
pedagogia de ação. Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais,
sem se tornar também mais ativo, crítico e participativo.” Com toda a orientação
vinda com este processo e com as alternativas de novos caminhos, é impossível
continuar com as atitudes que estão maltratando o meio ambiente e deixar de
reconhecer que os recursos naturais são fundamentais para a existência humana.
As pessoas precisam entender sua relação com o meio ambiente e perceber
os problemas relacionados com o mesmo e, diante desta percepção rever ações
ambientalmente corretas que precisam fazer parte do seu dia a dia. Os profissionais
da educação também devem rever sua postura em face à problemática ambiental e
criar no ambiente escolar meios para que os alunos tenham condições de rever
conceitos no que diz respeito às questões ambientais. De acordo com Pimenta e
Anastasiou:
A educação escolar, por sua vez, está assentada fundamentalmente no
trabalho de professores e dos alunos, a finalidade desse trabalho – de
caráter coletivo e interdisciplinar e que tem como objeto o conhecimento – é
contribuir com o processo de humanização de ambos, numa perspectiva de
inserção social crítica e transformadora (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002,
p.80)

O processo educativo não pode reduzir-se em apenas uma intervenção onde


o aluno é um ser isolado, faz-se importante que se sinta como parte do mundo,
responsável por ele e reconheça que pode transformá-lo por meio de práticas que
contribuam para a solução dos problemas sócio-ambientais.
Há uma dependência entre os seres humanos e a natureza, ambos se inter-
relacionam e precisam viver em harmonia. Segundo Segura (2001, p. 46):

A Educação Ambiental não se reduz à informação, ao acesso à instrução;


ela envolve fundamentalmente a subjetividade (que é uma outra forma de
conhecimento), já que é impulsionada pelo desejo maior de fortalecer
vínculos,seja dos seres humanos entre si, seja entre esses e a Terra.

Os seres humanos precisam conviver amistosamente com o meio ambiente,


pois sua sobrevivência depende da preservação do mesmo. Portanto não basta
apenas criar um projeto de intervenção sobre educação ambiental, é necessário ir
além; conforme Carvalho (2012, p.181) “o grande desafio da Educação Ambiental é,
pois, ir além da aprendizagem comportamental, engajando-se na construção de uma
cultura cidadã e na formação de atitudes ecológicas.” Falar em educação ambiental
é ir além, é envolver o sujeito no exercício da cidadania e cuidado com o meio
ambiente.
A visão de Educação Ambiental está focada na interação homem/natureza, e
no somatório de ações que contribuam para a preservação dos bens naturais. Ainda
para Jacobi (2003, p.247) “a relação entre meio ambiente e educação assume um
papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para
aprender processos sociais cada vez mais complexos e riscos ambientais que se
intensificam”.

As pessoas não têm dado atenção e importância ao meio ambiente, há um


descaso por parte da população no que se diz respeito à questão ambiental, e as
atitudes inconscientes têm resultado na degradação do mesmo. Há necessidade do
envolvimento e mobilização de todos os segmentos da sociedade para que haja
realmente a mudança para hábitos que sejam ecologicamente corretos.
A escola por sua vez deve dialogar sobre os problemas referentes às
questões ambientais.
Para Carvalho

[…] a Educação ambiental tem sido importante mediadora entre a esfera


educacional e o campo ambiental, dialogando com os novos problemas
gerados pela crise ecológica e produzindo reflexões, concepções, métodos
e experiências que visam construir novas bases de conhecimento e valores
ecológicos nesta e nas futuras gerações. (CARVALHO, 2012, p. 25 )

Entende-se que a escola contribui para a formação de cidadãos conscientes e


é por meio dela que se pode mudar hábitos, formar opinião e criar maneiras
coerentes de preservação do meio em que vivemos.
Segundo Carvalho (2012, p. 158)

a Educação Ambiental pretende provocar processos de mudanças sociais e


culturais que visam obter do conjunto sociedade tanto a sensibilização à
crise ambiental e à urgência em mudar padrões de uso dos bens ambientais
quanto ao reconhecimento dessa situação e a tomada de decisão a seu
respeito – caracterizando o que poderíamos chamar de um movimento que
busca produzir novo ponto de equilíbrio, nova relação de reciprocidade,entre
as necessidades sociais e ambientais.

A escola não pode ficar a parte, deve desenvolver propostas educacionais


relevantes em que os sujeitos envolvidos neste processo reconheçam que estão
intrinsecamente relacionados com o meio ambiente. De acordo com Carvalho (2012,
p.156) “a educação deve assumir sua função de prática mediadora na construção
social de conhecimentos implicadores na vida dos sujeitos”.Não basta apenas
transmitir conhecimentos, é preciso fazê-los significativos, portanto cabe à escola
definir objetivos claros para promover o verdadeiro exercício da cidadania. De
acordo com Reis (2011, p. 91) “ o compromisso da escola é um compromisso com a
sociedade, e ela deve estar atenta ao mundo e suas demandas.” A escola não pode
negligenciar-se diante da crise ambiental, precisa envolver-se possibilitando para os
sujeitos envolvidos a construção de saberes relevantes para a preservação dos
bens naturais. Reis (2011, p.99) afirma que

Superar o individualismo, o comprometimento com a vida coletiva, a


capacidade de tomar decisões a partir de um sistema de princípios, as
atitudes positivas no convívio social e várias outras demonstram a
preocupação em fazer da escola o local apropriado para formar o cidadão.

Faz-se necessário sair da zona de conforto, sair do individualismo e,


preocupar-se com o coletivo, com os problemas sociais e com o que a escola pode
fazer para provocar mudanças na sociedade. A crise ambiental é uma situação que
necessita ser repensada buscando meios sustentáveis em benefício da natureza
mediante recursos formais ou não formais objetivando a cidadania ambiental.
A educação é a ferramenta de transformação, de acordo com Carvalho (2012,
p. 77),

A educação acontece como parte da ação humana de transformar a


natureza em cultura, atribuindo-lhe sentidos, trazendo-a para o campo da
compreensão, da experiência humana de estar no mundo e participar da
vida. [...]. Sempre podemos repensar, reinterpretar o que vemos e o que nos
afeta à luz de novas considerações, do diálogo com nossos interlocutores,
de novas percepções e sentimentos e das experiências acumuladas ao
longo da nossa trajetória de vida.

A escola tem um papel fundamental na vida dos alunos, pois ela define que
tipo de sujeito atuará na sociedade, cabe a ela cumprir a função de formar cidadãos
comprometidos com os problemas sociais e culturais. De acordo com Tamaio (2002,
p.36)

a Educação Ambiental desenvolve um aprendizado alicerçado em uma


leitura do entorno da escola, que é mediado por categorias, é fundamental
que o professor opere o seu papel no processo de compreensão e
ressignificação do contexto sociocultural e das mútuas implicações do
mundo social no desenvolvimento cognitivo da criança.

Cabe, portanto a escola fomentar uma leitura de mundo referente à crise em


que se encontra o meio ambiente e provocar situações que conduzam a uma cultura
de sustentabilidade sócio-ambiental.
A produção de resíduos sólidos e orgânicos produzidos diariamente é uma
das maiores responsáveis pela poluição do meio ambiente. O lixo produzido todos
dias é um problema social, porém se tratado pode amenizar o impacto ambiental. De
acordo com Scarlato e Pontin(1992, p. 54)

O lixo industrial e doméstico se enquadra no sentido mais abrangente de


poluição, mas analisado sob diversos aspectos, pode também ser visto
como um problema social ou, ao contrário, como uma solução, ou pelo
menos, um paliativo para vários problemas. Tudo depende de como ele é
tratado.
Diante do exposto, vê-se a necessidade do tratamento adequado ao lixo,
sendo uma das soluções a separação do mesmo para reciclagem. Segundo Scarlato
e Pontin (1992, p. 54) a recuperação de produtos como papel, plásticos, metais e
outros, além de amenizar significativamente o impacto que os resíduos causam no
ambiente, pode se constituir numa alternativa a ser explorada diante dos recursos
não renováveis.
Os resíduos sólidos e orgânicos não estão sendo tratados de forma correta,
são misturados, jogados em terrenos abandonados, nas esquinas e nas calçadas. O
que se fazer para amenizar os impactos ambientais causados pelo descarte
inadequado do lixo? Sabe-se que separar os resíduos é uma boa alternativa, porém
isso é suficiente para garantir que a natureza seja preservada.Para Mazzer e
Cavalcanti (2004, p. 77)

tão importante quanto a destinação e os tratamentos adequados, é o preciso


produzir cada vez menos resíduos e reaproveitar cada vez mais os resíduos
gerados, reduzindo o alto índice de desperdício , contribuindo assim, para
uma sociedade mais equilibrada e responsável.

A coleta seletiva é o caminho para diminuir o impacto ambiental causado


pelos resíduos sólidos e orgânicos, pois de todas as maneiras de tratamento do lixo
a reciclagem é a forma mais adequada porque diminui de maneira relevante o lixo
acumulado pela sociedade. Para Scarlato e Pontin(1992, p. 58)

Adotar a reciclagem significa ainda assumir um novo comportamento diante


do ambiente, conservando-o o máximo possível. Como proposta de
educação ambiental, a reciclagem ensina a população a não desperdiçar, a
ver o lixo como algo que pode ser útil e não uma ameaça.

A separação do lixo pode ser realizada pela população, mas para isso
acontecer deve haver o incentivo e conscientização por meio de políticas públicas
que visem a preservação do meio ambiente, porém a escola pode fazer sua parte
mediante a educação ambiental onde a comunidade escolar pode contribuir para
redução do lixo através da coleta seletiva.
De acordo com o Guia de Coleta Seletiva do Lixo (2002, p. 8) as vantagens
dos programas de coleta seletiva são as seguintes:
redução de custos com a disposição final do lixo; aumento de vida útil dos
aterros sanitários; diminuição de gastos com a remediação de áreas
degradas pelo mau condicionamento do lixo; educação/conscientização
ambiental da população; diminuição de gastos gerais com limpeza pública,
considerando-se que o comportamento de comunidades
educadas/conscientizadas ambientalmente traduz-se em necessidade
menor de intervenção do estado;melhoria das condições ambientais e de
saúde do município.

Segundo Scarlato e Pontin (1992, p. 109) “é a escola, como instituição voltada


à produção do saber crítico, que deve refletir e agir no sentido de mobilizar as
pessoas em prol do meio ambiente”. Faz-se necessário acordar para as questões
ambientais e a escola é uma ferramenta importantíssima no processo de formação
da consciência ecológica, porque a qualidade de vida das futuras gerações depende
da mudança de hábitos da sociedade atual.
Ainda de acordo com o Guia de Coleta Seletiva do Lixo (2002, p. 40)

[…] materiais recicláveis são:os vidros, plásticos, papéis, metais; o lixo


orgânico são os restos de alimentos, folhas, hortaliças, cascas de frutas e
legumes; os resíduos hospitalares são os curativos, gaze, algodão,
seringas, outros; o lixo químico ou tóxico são as embalagens de agrotóxicos;
resíduos especiais são as pilhas,baterias, lâmpadas fluorescentes e
eletrônicos; e, são rejeitos papéis sanitários, molhados ou sujos de gordura,
papel de fax,fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, isopor,espuma,
embalagem de biscoito, embalagens de produtos longa vida.

A coleta seletiva traz benefícios à população e ao meio ambiente sendo


recurso importante para o desenvolvimento harmônico da sociedade urbana, porém
uma atitude ainda mais coerente é reduzir a produção de lixo.
Portanto deve-se reduzir, reutilizar e reciclar para diminuir os impactos
ambientais causados pela produção de resíduos. Todas as alternativas em favor das
questões ambientais são necessárias, pois os recursos naturais estão no seu limite,
e se não houver mudança de postura da sociedade eles não irão suportar e, a
existência humana estará em risco, pois o mesmo homem que destrói pode buscar
meios para recuperar o meio ambiente e viver harmoniosamente com ele por meio
de uma cultura de sustentabilidade para que a natureza possa se renovar e as
próximas gerações possam contemplar o espetáculo natural indispensável para a
vida.
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

O Projeto de intervenção Pedagógica foi realizado no Colégio Estadual


Alexandra – Ensino Médio, situado no bairro de Alexandra, Município de Paranaguá.

Considerou-se a realidade escolar, onde se observou a necessidade de ações


referentes à Educação Ambiental, pois a questão do descarte dos resíduosé
preocupante, faz-se necessário repensar algumas atitudes em relação às questões
ambientais como a separação dos materiais recicláveis e dos resíduos orgânicos.
Todo o trabalho foi desenvolvido a partir do cotidiano dos alunos por meio da
observação do espaço escolar e de seus arredores nos quais o lixo, na maioria das
vezes, é jogado no chão, ao invés de ser depositado nas lixeiras. Outra situação
observada foi o descarte do lixo orgânico o qual era misturado com o lixo sólido.
Dentro destas perspectivas o Projeto de Intervenção Pedagógica foi
apresentado à comunidade escolar na Semana Pedagógica em fevereiro de
2014,sendo explanados os objetivos e com auxílio de slides, foi demonstrado a
necessidade da escolha do tema “Educação Ambiental e Recolhimento de Materiais
Recicláveis”. Aproveitou-se a oportunidade para estender-se o convite à comunidade
escolar a participar do Grupo de Trabalho em Rede na forma de Unidade Didática:
Mudando a cultura do descarte do lixo urbano: a experiência do Colégio Estadual
Alexandra – Ensino Médio.
A apresentação aos alunos da 3.ª série do ensino médio noturno deu-se no
início do ano letivo mediante dinâmicas, trabalho de campo, estudo da Lei Federal
12.305 de 02 de agosto de 2010, discussões da relação ambiental e social na
produção de lixo e da prática social: lixo e o ambiente e por fim, o planejamento de
ações onde os alunos propuseram, mediados pela professora, ações que estão
contribuindo para a redução, reutilização e separação dos resíduos produzidos no
espaço escolar. Para o planejamento das ações eles seguiram os seguintes
questionamentos:
a) Que estratégias podem ser utilizadas para reduzir o lixo na escola?

b) Como será aproveitado a lixo orgânico gerado na cozinha escolar?

c) Como se dará reutilização dos resíduos produzidos na escola ?

d) A separação dos resíduos para coleta seletiva será realizada de que forma?
e) Como fomentar a consciência ecológica nos alunos e profissionais da
educação no espaço escolar?

f) Qual a contribuição da Educação Ambiental para a formação do sujeito


ecológico?

A princípio os alunos não demonstraram muito interesse, mas aos poucos a


comunidade escolar começou a se envolver, as agentes I1 começaram a separar os
resíduos sólidos e orgânicos sendo que os sólidos passaram a ser encaminhados à
Escola Municipal Integral Luiz Andreoli, Colônia Morro Inglês/Paranaguá onde o
recicláveis são vendidos e quantos aos orgânicos, são doados às pessoas da
comunidade local que possuem criação de porcos e galinhas.

Outra ação bem interessante que surgiu foi a revitalização de determinados


espaços escolares, onde alunos e professores contribuíram para melhoria dos
mesmos. A quadra esportiva e as salas foram pintadas, houve revestimento das
paredes do bebedouro e do refeitório e os alunos limparam as mesas que estavam
riscadas. O projeto ainda não parou, pois se pretende lavar e pintar o muro da
quadra de esportes.

Todas estas atividades foram realizadas em parceria com direção,


professores, funcionários e alunos e, resultaram em alunos mais preocupados e
cuidadosos com os espaços do colégio.

A participante do GTR (2013) Juliani Sueke de Oliveira destaca que "a


Educação Ambiental é realmente ampla e vai além de discussões em sala de aula,
ela engloba atitudes, intervenções e participação."

É preciso desenvolver no espaço escolar, mediante o diálogo, orientação e


ações, o cuidado com os recursos naturais, reforçando que eles são finitos e que se
não houver uma mudança de atitude por parte dos seres humanos eles irão se
esgotar.

Para Reinildes Leia da Rocha (GTR 2014) quando da discussão do primeiro


fórum:

A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar


valores que conduzam a uma convivência harmoniosa e amigável com a

1
Agente I trata-se da equipe de serviços gerais responsável pela limpeza, organização e pela
merenda da escola.
natureza, construindo um processo contínuo e permanente, num enfoque
interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina.

A escola contribui para a formação de cidadãos conscientes e é através dela


que se pode mudar hábitos, formar opinião e criar maneiras coerentes de
preservação do meio em que vivemos.

De acordo com Vera Lúcia Pereira Gomes GTR (2014) “[...] a função da
educação é promover ações que sensibilizem os alunos a procurar uma convivência
harmoniosa entre todos os seres que habitam o planeta”. Faz-se necessário
promover ações pedagógicas visando formar cidadãos responsáveis
ambientalmente e como também desenvolver nos educandos a visão ecológica.

Segundo o professor José Paulino Junior em seu livro Gestão de resíduos


sólidos numa perspectiva educacional veja-se:

A educação ambiental será um dos instrumentos necessários para


promover a mudança necessária nos cidadãos, provocando o incômodo de
passá-los de desconhecedores dos problemas para espectadores; de
espectadores para atores e produtores das soluções; de desinteressados
para comprometidos e co-responsáveis pelas ações; de responsáveis pelos
problemas para parceiros de soluções; de indiferentes para apaixonados
pelo tema. ( PAULINO JÚNIOR, 2009, P.118)

Essa é a nossa tarefa fazê-los se apaixonar pelo meio ambiente e zelar por
ele para que possamos garantir nossa sobrevivência e a daqueles que virão.
Pedro Jacobi, em uma de suas colocações ele ressalta que

A educação para cidadania representa a possibilidade de motivar e


sensibilizar as pessoas para que transformem as diversas formas de
participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e
concretização de uma sociabilidade baseada na educação. (JACOBI,1998,
p. 12)

A função como educadores é motivar a participação, buscando desenvolver


nos alunos a consciência ecológica mediante a educação ambiental. Sabe-se que o
trabalho no espaço escolar é pequeno diante da produção e descarte dos resíduos
da sociedade do consumo estabelecida, porém cada um deve fazer a sua parte e
contribuir com o meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho conclui-se que se tem consumido muito mais do que as
gerações anteriores, e produzido uma enorme quantidade de resíduos e, em
consequência desta prática desenfreada tem-se agredido de maneira severa ao
meio ambiente.
Os impactos ambientais são gigantescos e vivenciados diariamente pela
humanidade onde a natureza dá demonstração por meio da seca, da enchente, do
aquecimento global e de outras manifestações, dando a conhecer que algo está
errado, que ela está no seu limite.
Tais catástrofes mostram que os recursos naturais foram explorados
erroneamente e mediante atos inconsequentes, hoje, não suportam mais tantas
agressões e certamente se não houver uma mudança de postura dos seres
humanos, as futuras gerações correm o risco de não conseguir sobreviver no
Planeta Terra.
Um fator que tem prejudicado consideravelmente o meio ambiente é a
enorme quantidade de lixo gerada pela sociedade bem como o descarte inadequado
do mesmo. Vive-se na geração dos produtos descartáveis, o que contribui para o
acúmulo dos resíduos. A industrialização resultou na modificação de alguns produtos
bem como de suas embalagens, no consumo excessivo, e também no desperdício.
Além do grande amontoado de resíduos sólidos (plásticos, vidros, metais, papéis,...)
tem-se uma grande produção de resíduos orgânicos (folhas secas, cascas de frutas
e de legumes, restos de alimentos, plantas,...) que geralmente são misturados com
os demais resíduos, sendo que se fossem tratados, poderiam ser utilizados como
adubo. Percebe-se por outro lado que o lixo gerado todos os dias garante a
sobrevivência dos catadores, que sem perceberem estão usando alternativas que
contribuem para preservação do meio ambiente.
A experiência desenvolvida no Colégio Estadual Alexandra - Ensino Médiopor
meio do PDE,demonstrou que é possível a redução, a reutilização e a reciclagem,
porém é necessário considerar o destino final dado aos resíduos, pois deve haver
um tratamento correto de acordo com sua composição e também ser descartado em
locais adequados para que não contaminem o solo, ar e água, poiso lixo descartado
de forma errada causa mau cheiro, traz doenças à população e contribui para
proliferação de animais indesejáveis como ratos, baratas, moscas, entre outros.
Sabe-se que deve haver um trabalho que desenvolva medidas certas de
coleta e descarte final dos resíduos. Enquanto isso não acontece faz-se necessário
compreender que o problema do lixo não está simplesmente jogá-lo na lixeira, mas
sim em mudança de comportamento, na aquisição novos hábitos, sendo mais
responsável e relacionando-se harmoniosamente com a natureza, exercendo a
cidadania e firmando a consciência ecológica diante do meio ambiente.
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