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Hormônios Tireóideos, UCPs e Termogênese revisão

RESUMO Antonio C. Bianco


Calor é um subproduto da transformação de energia, em suas diversas
formas, durante a síntese e a utilização do ATP. Nos animais homeotér-
micos, o calor derivado das funções biológicas - estando o organismo
em repouso e à temperatura ambiente - é utilizado para manter o
organismo próximo a 37°C. Essa termogênese obrigatória está associa-
da à ineficiência termodinâmica intrínseca mitocondrial, derivada da
presença de proteínas desacopladoras (UCPs, uncoupling proteins).
Durante a exposição ao frio, o organismo é capaz de gerar mais calor
através da termogênese facultativa, por processos que também
envolvem UCPs. Os hormônios tireóideos influenciam diretamente a
expressão da UCP-1 e, indiretamente, a expressão das UCP-2 e UCP-3.
Além disso, também aceleram o turnover de várias reações ou vias
metabólicas cíclicas que levam a maior gasto de ATP e produção de
calor. (Arq Bras Endocrinol Metab 2000;44/4: 281-289)

Unitermos: Transferência de energia; ATP; Termogênese; Hormônios


tireóideos

ABSTRACT

Heat is a byproduct of the energy transformation in its various forms dur- Departamento de Fisiologia e
ing the synthesis and utilization of ATP. In homeothermic animals the heat Biofísica, Instituto de Ciências
derived from the biological functions - at rest and at room temperature Biomédicas, Universidade de
- is used to keep the body temperature close to 37°C. This obligatory São Paulo, São Paulo, SP.
thermogenesis is associated to the intrinsic mitochondrial thermodynam-
ic inefficiency caused by the presence of uncoupling proteins (UCPs).
During cold exposure the body is capable of generating more heat by
means of the facultative thermogenesis, a series of processes that also
involves the function of UCPs. The thyroid hormones influence directly the
expression of UCP-1 and indirectly the expression of UCP-2 and UCP-3.
Furthermore, they also accelerate the turnover of several cyclical bio-
chemical reactions and pathways that lead to greater ATP breakdown
and energy expenditure. (Arq Bras Endocrinol Metab 2000;44/4:281-289)

Keywords: Thyroid hormones; Thermogenesis; UCP; ATP

C ALOR É UM SUBPRODUTO DA TRANSFORMAÇÃO da energia em seus


vários estados (1). Por exemplo, a energia química contida na gasoli-
na é liberada de forma explosiva durante sua oxidação, sendo transforma-
da no motor do automóvel em energia mecânica (trabalho) que movi-
menta o veículo. O calor resultante da transformação de energia química
em energia mecânica aquece o motor. A maioria (~75%) da energia deriva-
da da oxidação da gasolina é perdida na forma de calor. Ao contrário, num
motor elétrico, mais de 90% da energia é transformada em trabalho, o que Recebido em 08/12/1999
faz com que este tipo de motor esquente menos e seja mais econômico e Revisado em 18/02/2000
eficiente do ponto de vista termodinâmico. Aceito em 10/04/2000
Em todos os animais ocorre um processo muito os prótons retornam à matriz mitocondrial, através da
semelhante. A energia química contida nos substratos enzima ATP-sintase. Entretanto, existe um "vazamen-
energéticos (alimentos) é liberada lentamente durante to" intrínseco de prótons para a matriz da mitocôn-
a oxidação dos açúcares e gorduras, sendo armazenada dria, cujo retorno é acompanhado da liberação de
temporariamente na forma de ATP. A partir de então calor ao invés da síntese de ATP. Admite-se que este
ocorre um novo processo de transformação energética "vazamento" mitocondrial de prótons seja da ordem
resultando em trabalho biológico, e.g. transporte de de 30 a 40% (3).
íons, síntese de macromoléculas (lípides, proteínas, A hidrólise de ATP, por sua vez, está associada
ácidos nucléicos), contração muscular e outros. Neste ao trabalho biológico. Sempre que a célula realiza tra-
caso, também, o principal subproduto da transfor- balho ocorre hidrólise de ATP e perda de energia na
mação da energia é o calor. A eficiência termodinâmi- forma de calor.
ca do nosso organismo, à semelhança do motor a Nesse sentido, fica claro que os mecanismos
gasolina, é de cerca de 30%. celulares e moleculares responsáveis pela produção de
A ineficiência termodinâmica no automóvel calor durante a síntese de ATP são distintos dos
representa um gasto ($) "desnecessário" a cada mecanismos envolvidos na hidrólise de ATP. Enquan-
reabastecimento. Entretanto, a ineficiência dos seres to o primeiro tem relação com o funcionamento da
vivos é importante e serve um propósito biológico: mitocôndria, o segundo está intimamente relacionado
aquecer o organismo, otimizando o funcionamento com o trabalho celular, sendo influenciado direta-
das células, tecidos e sistemas. Do ponto de vista filo- mente pelo turnover de uma série de ciclos iônicos, de
genético, essa ineficiência termodinâmica serviu como substratos e metabólicos, ou seja, de reações que levam
força evolutiva. Existe um degrau evolutivo bastante ao gasto de ATP. Pode-se dizer, então, que quase todo
importante entre os animais pecilotérmicos ("sangue calor biológico é decorrente, em última análise, dos
frio") e homeotérmicos ("sangue quente"): do ponto processos que envolvem a síntese e a hidrólise do ATP
de vista termodinâmico, o organismo dos animais (turnover). Quanto mais acelerado for o turnover de
homeotérmicos é ainda mais ineficiente que os animais ATP, maior será a produção de calor.
pecilotérmicos, o que faz com que estes consigam Do ponto de vista fisiológico, admite-se que a
manter a temperatura corporal próxima dos 37°C. produção de calor nos animais possa ser dividida em
Como resultado, temos melhor funcionamento en- duas categorias: termogênese obrigatória e termogê-
zimático, movimentos mais rápidos e mais prolonga- nese facultativa.
dos, maior capacidade de adaptação às diversidades do A termogênese obrigatória - BMR (basal meta-
meio ambiente, constituindo vantagem evolutiva sobre bolic rate, taxa de metabolismo basal) - é a somatória
os animais pecilotérmicos (2). de todo o calor produzido no organismo, estando este
Do ponto de vista bioquímico, a produção de em vigília e repouso, na temperatura ambiente e em
calor nos seres vivos pode ser analisada como resul- jejum de pelo menos 12h. É o resultado da ineficiên-
tante da: (i) síntese de ATP ou (ii) hidrólise de ATP. cia intrínseca mitocondrial e do turnover de ATP, asso-
A eficiência termodinâmica da síntese de ATP é de ciado em grande parte a: ciclos celulares iônicos e de
cerca de 65%, ou seja, ~35% da energia liberada substratos, e.g. Na/K, Ca, ciclos da glicólise, particu-
durante a oxidação dos substratos energéticos (trans- larmente nos tecidos excitáveis e renal; ciclos metabóli-
formação de energia) é liberada na forma de calor. cos, e.g. ciclo de Cori, lipólise/lipogênese, glico-
Entretanto, a molécula de ATP é um armazém inter- genólise/glicogênese, particularmente no fígado e
mediário de energia que deve ser novamente mobiliza- tecido adiposo; contração e relaxamento muscular
da (hidrólise do ATP) para que ocorra o trabalho derivado do trabalho muscular basal, particularmente
biológico. A eficiência desta segunda etapa é menor os batimentos cardíacos, movimentos respiratórios,
ainda, de cerca de 40%. Assim, a eficiência termo- tônus da musculatura estriada e vasomotora, peris-
dinâmica do nosso organismo é de cerca de 25-30%. taltismo; e secreção basal de glândulas exócrinas e
Para a síntese de ATP, a energia proveniente do anexas ao tubo digestivo.
ciclo de Krebs é processada pela cadeia respiratória, Apenas alguns animais têm a capacidade de
sendo armazenada transitoriamente na forma de um modular a termogênese obrigatória, diminuindo a
potencial eletroquímico de prótons através da mem- BMR durante o torpor ou hibernação. Durante o tor-
brana mitocondrial interna. Como a membrana mito- por observado em beija-flores, a temperatura e o
metabolismo basais diminuem cerca de 40-50%,
condrial interna é relativamente impermeável aos prótons, as moléculas de ATP são geradas à
reduzindo as necessidades energéticas durante a noite
(3). Já na hibernação, a BMR pode cair muito abaixo Apesar dos efeitos termogênicos dos hormônios
do normal durante várias semanas do inverno e a tem- tireóideos serem reconhecidos desde o início deste
peratura corporal permanecer próxima à temperatura século, o conhecimento detalhado dos mecanismos
ambiente (1-2°C em alguns casos) (4). celulares e moleculares envolvidos ainda nos escapa (7-
A termogênese facultativa é todo o calor pro- 8). Na década de 50, estudos pioneiros demostraram
duzido além da BMR. É o resultado do aumento da que a tireoidectomia resultava em diminuição da BMR
ineficiência termodinâmica mitocondrial (ver abaixo) e de ratos e que a administração de tiroxina (T4) causa-
do aumento do turnover de ATP associado, por exem- va rápida elevação da BMR, chegando a valores 2-3
plo, à contração muscular durante atividades diárias vezes mais altos do que em animais intactos. Ratos
mínimas ou à prática de esportes. A termogênese facul- tireoidectomizados não morrem, mas apresentam dis-
tativa também pode ser derivada de processos involun- creta hipotermia se mantidos à temperatura ambiente.
tários, tais como o tremor muscular (tiritação) associa- Também notou-se que o aumento do consumo de O2
do à exposição ao frio. Entretanto, o que tem recebido dependia do tecido estudado; o coração e a muscu-
maior atenção dos pesquisadores é a termogênese facul- latura esquelética eram os que mais respondiam ao T4,
tativa não-tiritação. Em pequenos mamíferos, esta enquanto os testículos, o cérebro e o baço não respon-
ocorre principalmente na gordura marrom, enquanto diam. A partir de então, comprovou-se a capacidade
nos mamíferos de grande porte, incluindo os seres dos hormônios tireóideos de aumentar a termogênese
humanos, sua origem ainda não está bem determinada. obrigatória, a BMR. Mais recentemente (década de
A termogênese facultativa tem intensidade 60), reconheceu-se a importância dramática dos hor-
variável, dependendo da magnitude do estímulo des- mônios tireóideos para a termogênese facultativa des-
encadeador, e pode ser induzida em duas condições: encadeada durante exposição ao frio. Ratos intactos
(i) exposição ao frio, ou (ii) durante período de ali- suportam perfeitamente baixas temperaturas, ativando
mentação com dieta hipercalórica. a termogênese facultativa. Por outro lado, ratos
Durante exposição ao frio, o organismo perde tiroidectomizados não conseguem ativar a termogê-
maior quantidade de calor para o meio ambiente e, por- nese facultativa, morrendo algumas horas após
tanto, aumenta a produção de calor além da BMR para exposição a baixas temperaturas. Dessa forma, admite-
manter a temperatura corporal próxima a 37°C. Da se que os hormônios tireóideos participem do controle
mesma forma, a dieta hipercalórica leva a um aumento da termogênese obrigatória e também do desencadea-
da termogênese facultativa no sentido de eliminar, sob a mento e da manutenção da termogênese facultativa.
forma de calor, o excesso de energia que de outra forma
seria armazenado no organismo (5). TERMOGÊNESE OBRIGATÓRIA
Um dos principais efeitos biológicos dos hor-
mônios tireóideos é a aceleração do metabolismo Síntese de ATP
energético e do turnover de ATP, com resultante trans- De acordo com a teoria químio-osmótica, desenvolvi-
formação e consumo de energia e produção de calor. da na década de 60, a energia proveniente do ciclo de
Nesse sentido, é interessante notar que a força evolutiva Krebs é transferida, como poder redutor, às moléculas
escolheu os hormônios tireóideos como mediadores da de NADH e FADH2. Estas moléculas, por sua vez, são
homeotermia. Apesar da glândula tireóide estar presente oxidadas na cadeia respiratória, resultando em trans-
desde os vertebrados mais primitivos, apenas nos ani- ferência da energia extraída dos substratos energéticos
mais homeotérmicos os hormônios tireóideos são - na forma de elétrons energizados - para os diferentes
capazes de estimular a produção de calor. Não devemos componentes da cadeia respiratória. Os diferentes
pensar, entretanto, que eles sejam inativos nos demais componentes utilizam a energia desses elétrons para
animais. Ao contrário, os hormônios tireóideos são bombear prótons para fora da matriz mitocondrial,
extremamente importantes nos animais pecilotérmicos, criando um poderoso potencial eletroquímico que
como pode ser verificado através da promoção da meta- armazena temporariamente a energia na forma de
morfose em anfíbios. Entretanto, a capacidade de es- energia potencial. Os prótons retornam para a matriz
timular a produção de calor é uma aquisição mais mitocondrial, a favor do seu gradiente elétrico e de
recente e marca a transição para a homeotermia (6). Por concentração, através da ATP-sintase. A cada 2 ou 3
exemplo, mamíferos com hipotireoidismo, incluindo o prótons que passam por essa enzima observa-se a sín-
ser humano, podem apresentar hipotermia e intolerân- tese de1 molécula de ATP. Dessa forma, pode-se
cia ao frio, perdendo parte da homeotermia e capaci- dizer que a oxidação dos substratos energéticos encon-
dade de adaptação ao meio ambiente. tra-se acoplada à síntese de ATP.
Uma usina hidroelétrica funciona de forma expressa fora da gordura marrom, mas a descoberta
muito semelhante. Devido à altura da barragem, a dessas proteínas homólogas (UCP-2 e 4) explica o
água represada a montante desta (prótons extramito- desacoplamento fisiológico das mitocôndrias de fíga-
condriais) armazena energia potencial. Para ganhar o do, tecido muscular esquelético, coração, cérebro e
rio, abaixo da barragem (matriz mitocondrial), a água tecido adiposo branco.
armazenada passa pelas turbinas (ATP-sintase). Nesse Os ácidos graxos são importantes para o fun-
momento, a turbina entra em funcionamento e, ao cionamento das UCPs; na sua ausência o desacopla-
girar, transforma energia potencial em energia elétrica mento mitocondrial não ocorre (10). Na verdade,
(fosforilação do ADP em ATP). Entretanto, esse pro- admite-se que os ácidos graxos sejam os agentes cata-
cesso não é ideal do ponto de vista termodinâmico, lisadores da passagem de prótons para a matriz mito-
sendo que muito da energia potencial, mesmo passan- condrial, através de um movimento de "flip-flop"
do pela turbina, é perdida sob a forma de calor e ruído. entre as duas faces da membrana mitocondrial
Ao observarmos a estrutura de uma barragem hi- (11,12). Na face externa eles estariam protonados e na
droelétrica vamos notar a existência de um vertedouro face interna eles perderiam o próton para a matriz
que funciona paralelamente às turbinas. Essa estrutura mitocondrial. O papel das UCPs nesse caso é acelerar
permite a passagem livre de água pela barragem, sem muitas vezes o movimento de "flip-flop", aumentando
que esta passe obrigatoriamente pelas turbinas. Quan- a corrente de prótons para a matriz mitocondrial. De
do a água passa pelo vertedouro, toda a energia poten- fato, esse mecanismo faz sentido se pensarmos que os
cial é perdida na forma de calor e ruído, sem que haja ácidos graxos são rapidamente transferidos para o inte-
transformação de energia potencial em energia elétri- rior mitocondrial pela enzima CPT e, em seguida, oxi-
ca. Dessa forma, os técnicos da usina podem controlar dados, resultando em aumento do potencial eletro-
a eficiência termodinâmica da barragem. Ao regular o químico de prótons na mitocôndria. Dessa forma, o
fluxo de água pelo vertedouro pode-se controlar quan- desacoplamento mitocondrial causado pelos próprios
to da energia potencial armazenada é transformada, a ácidos graxos poderia, entre outras coisas, servir para
cada momento, em energia elétrica e quanto é perdida regular a intensidade do potencial eletroquímico a que
sob outras formas. a ATP-sintase está sendo submetida a cada momento,
Voltando ao funcionamento mitocondrial, da mesma forma como os técnicos da hidroelétrica
vamos verificar que medidas experimentais do poten- controlam, momento a momento, a quantidade de
cial eletroquímico de prótons e síntese de ATP revelam água que passa pela turbina ou pelo vertedouro.
a existência de um vazamento de prótons para o inte- Assim, admite-se que a existência dessas UCPs seja
rior mitocondrial sem que passem pela ATP-sintase intrínseca ao funcionamento mitocondrial, mantendo
(3). Isso ocorre de forma muito semelhante à pas- o potencial mitocondrial em condições ótimas para o
sagem da água pelo vertedouro. Quando os prótons funcionamento da ATP-sintase.
retornam à matriz mitocondrial sem passar pela ATP- A administração de hormônios tireóideos resulta
sintase, a energia potencial armazenada é perdida sob em desacoplamento mitocondrial que talvez possa ser
a forma de calor. Estima-se que este vazamento de explicado pelo aumento das UCPs 2 e 3, no fígado e na
prótons possa atingir até 40% da energia potencial musculatura esquelética, induzido por esses hormônios
armazenada, resultando num desacoplamento mito- (13). Num primeiro momento, deu-se muita
condrial fisiológico. importância a esses achados, acreditando-se que a
Procurando-se a origem desse desacoplamento maior parte dos efeitos termogênicos dos hormônios
mitocondrial, recentemente foram identificadas algumas tireóideos fosse derivada desse mecanismo. A idéia é
proteínas, que facilitam a passagem de prótons do espaço que os hormônios tireóideos poderiam dessa forma
intermembranoso para a matriz mitocondrial, conheci- regular a eficiência termodinâmica da mitocôndria.
das como UCP-2, UCP-3 e UCP-4. Na verdade, essas Entretanto, a incapacidade de reprodução convincente
proteínas são homólogas à UCP-1 que foi descrita há do aumento das UCPs pelo T3 em sistemas isolados
algumas décadas na gordura marrom e que participa da (cultura de células) confirma que, na verdade, a admi-
termorregulação de pequenos mamíferos (9). A UCP-1 nistração de hormônios tireóideos promove o
acelera muitas vezes o retorno de prótons para a desacoplamento mitocondrial e aumenta as UCPs 2 e 3
matriz mitocondrial, fazendo com que a maior parte indiretamente, através de seu efeito lipolítico, aumen-
da energia proveniente do ciclo de Krebs e, por con- tando a chegada de ácidos graxos aos diferentes teci-
seguinte, da oxidação dos substratos energéticos, dos. Confirmando essa visão, verificou-se que a lipólise
seja perdida na forma de calor. A UCP-1 não é decorrente do jejum promove forte estimulação das
UCPs 2 e 3 em diversos tecidos. Pelo menos no tecido O ATP é amplamente utilizado como fonte
adiposo, os ácidos graxos estimulam a expressão dos energética em todas as células. Dessa forma, existem
genes das UCPs 2 e 3 através da interação com recep- algumas reações ou seqüência de reações que gastam
tores PPAR (14,15). Mais estudos são necessários para quantidades substanciais de ATP e que são alvo dos
se estabelecer a participação desses mecanismos nos hormônios tireóideos. Os ciclos iônicos são um exem-
efeitos termogênicos dos hormônios tireóideos. plo. O funcionamento dos transportadores de Na+/K+
Outra forma de se controlar a eficiência ter- existentes na membrana celular resulta num consumo
modinâmica da mitocôndria é através da enzima a- energético substancial, uma vez que o sódio vaza cons-
glicerol-fosfato-desidrogenase (a-GPD). Esta enzima tantemente para o interior celular e o potássio para o
está associada ao complexo 2 da cadeia respiratória e meio extracelular. Isso caracteriza um processo cíclico
catalisa o aproveitamento do NADH citosólico na que faz com que a manutenção das concentrações iôni-
cadeia respiratória. Normalmente, o NADH citosólico cas nos dois lados da membrana se dê às custas da
é transportado para a matriz mitocondrial através do hidrólise contínua de ATP. Em células excitáveis, como
shunt malato/aspartato, sendo oxidado pelo complexo tecido nervoso, ou em células com grande atividade
1 da cadeia respiratória e gerando 3 moléculas de ATP. transportadora, como o epitélio renal ou intestinal, este
Ocorre que, se o NADH citosólico entrar na cadeia gasto constante de ATP ganha magnitude ainda maior.
respiratória pelo complexo 2 (através da a-GPD), cada Os hormônios tireóideos estimulam o turnover do
molécula de NADH dará origem a apenas 2 moléculas transportador Na+/K+, aumentando o gasto de ATP e
de ATP, sendo a energia equivalente a 1 molécula de a produção de calor. Na última década, verificou-se que
ATP perdida na forma de calor. Assim sendo, quanto o gene desse transportador é estimulado pelos hor-
maior a atividade da enzima a-GPD, menor será a efi- mônios tireóideos, explicando o aumento do número
ciência termodinâmica do aproveitamento do NADH das unidades funcionais Na+/K+ ATPase em tecidos de
citosólico e, também, de toda a mitocôndria. animais com tireotoxicose (17,18).
Desde a década de 60 sabe-se que os hormônios Um outro exemplo é o tecido muscular es-
tireóideos aumentam a atividade da a-GPG mitocondri- quelético. O ciclo do cálcio (entre o citosol e o
al, nos mesmos tecidos em que aumenta o consumo de retículo sarcoplasmático), responsável pela contração
oxigênio. Na verdade, em células hepáticas existe boa cor- e relaxamento muscular, consome grande quanti-
relação entre indução da atividade a-GPD e do consumo dade de energia. Também aqui, os hormônios
de oxigênio. Entretanto, a importância desta via não deve tireóideos têm papel fundamental, regulando a
ser super-valorizada, uma vez que a disposição de NADH expressão dos genes que codificam as diferentes iso-
citosólico é limitada, principalmente pelo funcionamento formas da cadeia pesada da miosina (MHC) (19) e
da glicólise. Talvez, no tecido muscular esquelético, esta do transportador de cálcio (SERCA) (20,21). O T3
via tenha uma importância especial, principalmente nos estimula a expressão da isoforma de MHC com
músculos de contração rápida, ricos em fibras do tipo II, maior atividade catalítica e, portanto, maior ativi-
cuja principal fonte energética é a glicólise anaeróbica. dade ATPásica. Da mesma forma, o T3 estimula a
Mais recentemente, o gene da a-GPD mitocondrial foi expressão do gene SERCA e aumenta o número de
clonado, confirmando-se que os níveis correspondentes unidades funcionais desta enzima no retículo sar-
de mRNA são elevados pelos hormônios tireóideos em coplasmático, aumentando o potencial de cálcio no
diversos tecidos, incluindo o miocárdio, musculatura seu interior. Como resultado, a cada ciclo de con-
esquelética e tecido adiposo (16). tração/relaxamento, a quantidade de cálcio mobi-
lizada é maior e, consequentemente, maior o gasto
Hidrólise de ATP de ATP. Esse mecanismo é tão poderoso que alguns
Nem toda a energia armazenada nas ligações de fosfa- peixes conseguem manter a temperatura cerebral
to da molécula de ATP é aproveitada para acele- acima da temperatura da água graças a um órgão
rar/promover reações enzimáticas. Uma fração subs- muscular retro-orbital, bastante especializado, rico
tancial é perdida na forma de calor quando o ATP é em retículo sarcoplasmático e SERCA.
hidrolizado. Assim, qualquer reação que resulte em Existem inúmeros outros ciclos semelhantes a
hidrólise de ATP também promove a termogênese, estes, envolvendo íons, intermediários metabólicos e
por dois mecanismos: calor liberado como resultado substratos energéticos (ciclos de substratos), cuja
direto da hidrólise do ATP; e indiretamente, calor li- velocidade também é estimulada pelos hormônios
berado durante a regeneração da molécula de ATP, tireóideos, e.g. frutose-6-fosfato/frutose-l,6-bifosfa-
devido à ineficiência termodinâmica mitocondrial. to, ciclo de Cori, lipólise/lipogênese (7), glico-
genólise/glicogênese, proteólise/síntese protéica, ocupados à temperatura ambiente e ~100% ocupados
reabsorção/formação óssea (22) e outros. É impor- durante exposição do animal ao frio. Na verdade, a
tante notar que a estimulação do turnover desses ciclos gordura marrom dispõe de um mecanismo próprio
resulta em apenas pequenas mudanças dos estoques de gerador de T3, graças à atividade local da enzima
substratos envolvidos, dependendo da intensidade e desiodase do tipo II, D2. A atividade dessa enzima e a
duração do estímulo. Entretanto, todos resultam em concentração de T3 aumentam, ~50 e 3 vezes, respec-
aumento do gasto de ATP e, por conseguinte, pro- tivamente, durante ativação simpática do tecido adi-
dução de calor. poso marrom, resultando em aumento do impacto
Dessa forma, não se pode dizer que existe um local do T3, sem que a concentração plasmática de T3
mecanismo único ou via principal responsável pelos seja afetada (29). Dessa forma, a ativação simpática da
efeitos termogênicos dos hormônios tireóideos no gordura marrom resulta em "hipertireoidismo" local e
aumento do turnover de ATP e suas conseqüências aumento da produção de calor.
para a BMR. O que existe é uma somatória de A expressão do gene da UCP-1 (transcrição e
pequenos efeitos estimulantes no turnover de estabilização do mRNA) e a concentração tecidual
reações espalhadas ao longo de todo o mapa dessa proteína são reguladas positivamente pelos hor-
metabólico, resultando em ativação da síntese e mônios tireóideos (30-34). Enquanto a transcrição
degradação de ATP. gênica da UCP-1 depende do sinergismo entre T3 e
AMPc, o T3 é capaz de promover a estabilização da
Termogênese Facultativa molécula de mRNA-UCP-1 e um aumento da UCP
A termogênese facultativa é controlada basicamente mitocondrial, mesmo quando o tônus simpático está
pelo hipotálamo, sendo o sistema nervoso autônomo minimizado, i.e. durante aclimatação à termoneutrali-
simpático o principal sistema mediador desses meca- dade ou bloqueio farmacológico com propranolol ou
nismos. A noradrenalina (NA) é a principal molécula reserpina. Admite-se que nas primeiras horas de
envolvida, tendo-se estudado muito os efeitos exposição ao frio predomine o efeito transcricional,
biológicos resultantes da interação com os receptores enquanto a estabilização da molécula de mRNA-UCP
beta-adrenérgicos, particularmente os do tipo b3. seja o mecanismo predominante a partir de 12h de
Como já salientado em relação ao BMR, os mecanis- exposição continuada à temperatura de 4°C, o que jus-
mos que desencadeiam a termogênese facultativa são tifica o aumento prolongado, em 3 a 4 vezes, dos
distintos e podem estar associados à síntese ou à níveis de mRNA-UCP-1.
hidrólise do ATP. O funcionamento da UCP-1 também
O controle da eficiência termodinâmica da depende dos ácidos graxos e a gordura marrom é o
mitocôndria também é muito importante na ter- tecido com maior capacidade lipogênica do organis-
mogênese facultativa. Este mecanismo foi identifica- mo. Nas primeiras horas de ativação simpática da
do, primeiramente, na gordura marrom e depende, gordura marrom ocorre um predomínio da lipólise
basicamente, da expressão única nesse tecido da sobre a lipogênese, ativando a UCP-1 e o desacopla-
UCP-1, cujo funcionamento é semelhante à das ou- mento da cadeia respiratória (35-38). Os estoques
tras UCPs (23). Em pequenos roedores, a gordura de gordura do tecido chegam praticamente a zero.
marrom é fundamental para a manutenção da tem- Entretanto, com o aumento rápido da ocupação dos
peratura corporal durante exposição ao frio. Por receptores nucleares de T3 e do impacto do T3 nesse
exemplo, animais com knockout do gene da UCP-1 tecido, ocorre um aumento proporcional da lipogê-
ou destruição programada da gordura marrom apre- nese local que, atingindo um equilíbrio com a
sentam hipotermia e intolerância ao frio (24). O fun- lipólise, restabelece os estoques teciduais de gordura
cionamento deste tecido é basicamente regulado pela e assegura a capacidade termogênica do tecido.
NA, liberada pelos numerosos terminais simpáticos É interessante notar que a expressão e o fun-
nesse tecido, mas pode ser influenciado por inúmeros cionamento das UCPs no tecido muscular esquelético
outros hormônios ou fatores metabólicos (25,26). são controlados pelos ácidos graxos circulantes (39), o
Durante alguns minutos de estimulação da NA, a que é influenciado, basicamente, pelo estado nutri-
gordura marrom pode aumentar sua temperatura em cional e pela atividade da lipase hormônio sensível. Por
até 5°C (27). exemplo, no jejum, devido à estimulação da lipólise do
A gordura marrom também é alvo dos hor- tecido adiposo branco, a concentração plasmática de
mônios tireóideos (28). Este tecido apresenta grande ácidos graxos aumenta e isso estimula a expressão das
número de receptores de T3 que se encontram 70% UCPs no tecido muscular esquelético. Na gordura
marrom, por outro lado, ambos os processos ocorrem termogênese facultativa desencadeada pelo frio.
no mesmo tecido: lipólise e desacoplamento da cadeia Ambos os processos baseiam-se em mecanismos ter-
respiratória. A concentração de ácidos graxos é regula- mogênicos que ocorrem durante a síntese (UCPs) e a
da basicamente pela lipólise local e, também, pela utilização da molécula de ATP (trabalho celular). Os
capacidade de ressíntese de triglicérides. Ambos os hormônios tireóideos são termogênicos. Aumentam
processos são influenciados positivamente pelos hor- per se a BMR e interagem com o sistema nervoso sim-
mônios tireóideos. pático no sentido de promover a termogênese faculta-
Humanos têm muito pouca gordura marrom. O tiva desencadeada pelo frio. Também atuam no tecido
principal sítio de termogênese facultativa do nosso organ- muscular esquelético, aumentando o potencial deste
ismo parece ser o tecido muscular esquelético, mesmo no para produzir calor durante o repouso ou a contração
estado de repouso. Correspondendo a cerca de 40% da muscular. Tanto a eficiência termodinâmica da síntese
massa corporal, mesmo um pequeno aumento da ter- de ATP quanto o gasto de ATP são influenciados pelos
mogênese muscular pode contribuir de forma importante hormônios tireóideos através de múltiplos mecanis-
para todo o organismo. Principalmente à luz de achados mos. Por outro lado, a termogênese facultativa desen-
recentes de que a UCP-3 é ricamente expressa no mús- cadeada pela dieta parece não depender dos hor-
culo e é estimulada pelos hormônios tireóideos. mônios tireóideos, seus mediadores incluem as UCPs
A atividade motora das pequenas atividades no tecido muscular esquelético e adiposo branco.
diárias ou da prática de esportes e a tiritação muscular
durante exposição ao frio são os principais mecanismos REFERÊNCIAS
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calórica, aumenta igualmente nos animais intactos e 5. Rothwell NJ, Stock MJ, Stribling D. Diet-induced thermo-
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tiroidectomizados (40).
Na verdade, a termogênese induzida pela 6. Weirich RT, Schwartz HL, Oppenheimer JH. An analysis of
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dieta parece estar presente em vertebrados inferiores, nine in the sea lamprey, lake trout, and rat: evolutionary
mesmo naqueles em que, sabidamente, os hor- considerations. Endocrinology 1987;120:664-77.
mônios tireóideos não exercem efeitos termogêni-
7. Oppenheimer JH, Schwartz HL, Lane JT, Thompson MP.
cos. Esse tipo de termogênese provavelmente foi Functional relationship of thyroid hormone-induced lipo-
uma aquisição muito antiga na escala evolutiva e genesis, lipolysis, and thermogenesis in the rat. J Clin
independe dos hormônios tireóideos. Por outro Invest 1991;87:125-32.
lado, o aparecimento da termogênese induzida pelo 8. Oppenheimer JH, Schwartz HL, Mariash CN, Kinlaw WB,
frio é mais recente (aves), sendo absolutamente Wong NC, Freake HC. Advances in our understanding of
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