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FICHAMENTO:

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA – ASPECTOS MAIS RELEVANTES

SÃO PAULO
2017

COTAS SOCIAIS
Trabalho de conclusão de curso
apresentado no curso de Graduação
em Direito da Faculdades Integradas
Rio Branco para obtenção de bacharel
em direito.
Orientador: Dr. Alessandro Cortona

SÃO PAULO
2017
Albuquerque, Glenda Pereira de.
Cotas Sociais / Glenda Pereira de Albuquerque. - 2017.
Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de
Graduação em Direito da Faculdades Integradas Rio Branco, São
Paulo, 2017.
Área de concentração: Direito, Leis e Cotas Sociais.
Orientador: Dr. Alessandro Cortona.

GLENDA PEREIRA DE ALBUQUERQUE


COTAS SOCIAIS
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por ter me dado saúde e inteligência para superar todas as
dificuldades e conseguir chegar onde hoje estou.
Agradeço aos meus pais, Carla e Raul, pelo amor, carinho, paciência e seus
ensinamentos e não medirem esforços para que eu pudesse levar meus estudos
adiante. Também à minha irmã, Lara, por ter me dado apoio, força e estar presente
como uma excelente irmã.
Ao meu namorado, pela paciência e apoio durantes estes quase três anos de
namoro e intensa convivência.
Agradeço à este meu orientador, Alessandro Cortona, pela paciência,
dedicação e ensinamentos que possibilitaram que eu realizasse este trabalho.
À esta faculdade e todo seu corpo docente, além da direção e a administração,
que realizam seu trabalho com tanto amor e dedicação, trabalhando incansavelmente
para que nós, alunos, possamos contar com um ensino de extrema qualidade.

RESUMO
O presente trabalho tem como compromisso a reflexão sobre a importância
da inclusão social das pessoas deficientes. Ao longo da história, os deficientes tiveram
grandes dificuldades para serem reconhecidos como cidadãos. Na Grécia Antiga os
recém-nascidos, frágeis ou com deficiência eram, por exemplo, jogados num abismo.
No Brasil, segundo dados do IBGE, há aproximadamente vinte e quatro milhões de
brasileiros com deficiência. A inclusão social do deficiente depende muito mais das
instituições do que do governo, pois este se mostrou até o momento ineficiente na
defesa da causa. O entendimento depende de toda a sociedade, devemos acordar
para a importância do deficiente na sociedade. Entendermos a causa dos deficientes
é fundamental na busca de uma sociedade mais igualitária e justa. A pior barreira que
o deficiente tem que enfrentar é a social, principalmente em decorrência do
preconceito. A cartilha quer demostrar que vivemos numa sociedade na qual todos
devem ser tratados de forma igual, na medida de suas desigualdades. Temos que
criar um modelo que tenha como premissa o cumprimento da legislação existente,
acompanhado de políticas públicas efetivas. O deficiente deve ser tratado como
cidadão portador de todos os direitos e garantias das demais pessoas.
Historicamente, a Ordem dos Advogados do Brasil sempre defendeu os interesses do
povo brasileiro, razão pela qual apresenta este trabalho na expectativa de contribuir
para a causa do deficiente.

Palavras Chave: IBGE; Políticas Públicas; Inclusao Socialç Deficiente Fisicoç


Sociedade.

ABSTRACT
The present work has as a commitment the reflection on the importance of the
social inclusion of the disabled people. Throughout history, disabled people have had
great difficulties in being recognized as citizens. In ancient Greece, newborns, fragile
or disabled, for example, were thrown into an abyss. In Brazil, according to IBGE data,
there are approximately twenty four million Brazilians with disabilities. The social
inclusion of the disabled depends much more on the institutions than on the
government, since the latter has so far proved ineffective in defending the cause.
Understanding depends on the whole of society, we must agree on the importance of
the disabled in society. Understanding the cause of the disabled is fundamental in the
search for a more egalitarian and just society. The worst barrier that the disabled has
to face is the social barrier, mainly due to prejudice. The booklet wants to demonstrate
that we live in a society in which everyone must be treated equally, in the midst of their
inequalities. We have to create a model that has the premise of compliance with
existing legislation, accompanied by effective public policies. The disabled should be
treated as a citizen with all the rights and guarantees of other people. Historically, the
Brazilian Bar Association has always defended the interests of the Brazilian people,
which is why it presents this work in the expectation of contributing to the cause of the
disabled.

Keywords: IBGE: Public policy; Society.

LISTA DE SIGLAS
ProUni -Programa Universidade Para Todos
ONU -Organização das Nações Unidas
UnB -Universidade de Brasília
MEC -Ministério da Educação
FUNAI -Fundo Nacional do Índio
IBGE -Brasileiro de Geografia Estatística
PR -Paraná
MS -Mato Grosso do Sul
EUA -Estados Unidos da América
Sisu -Sistema de Seleção Unificada
ENEM -Exame Nacional de Ensino Médio
IOF -Imposto Sobre Operações Financeiras
IPI -Imposto Sobre Produtos Industrializados
ICMS -Imposto Sobre Circulação De Mercadorias E Serviços
LBI -Língua Brasileira de Sinais
RGPS -Regime Geral de Previdência Social
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
2 CAPÍTULO I ................................................................................................... 12
2.1 O que são cotas? ............................................................................................ 12
2.2 Cotas raciais ................................................................................................... 12
2.3 Lei de cotas raciais nas universidades ........................................................... 14
2.4 Lei de cotas raciais nos concursos públicos ................................................... 15
2.5 Dúvidas mais frequentes sobre esse novo projeto de lei ................................ 16
2.5.1 Os candidatos negros só poderão concorrer pelo sistema de cotas? ............ 16
2.5.2 E se o candidato mentir? ................................................................................ 16
2.5.3 Qual o número mínimo de vagas no concurso para haver cotas? .................. 16
2.5.4 De onde veio a ideia da cota racial em concursos? ........................................ 16
2.5.5 Quanto tempo dura a lei? ............................................................................... 17
2.6 Argumentos contra as cotas raciais ................................................................ 17
2.7 Argumentos a favor das cotas raciais ............................................................. 19
3 CAPÍTUO II..................................................................................................... 22
3.1 Cotas Sociais .................................................................................................. 22
3.2 Cotas para estudantes de baixa renda ........................................................... 22
3.3 Lei de Cotas para estudantes de baixa renda ................................................ 22
3.4 Cotas para deficientes .................................................................................... 23
3.5 Lei de cotas para deficientes .......................................................................... 24
3.6 Ações com outros países................................................................................ 24
3.6.1 Portugal...... .................................................................................................... 24
3.6.2 Espanha.......................................................................................................... 24
3.6.3 França............................................................................................................. 24
3.6.4 Itália......... ....................................................................................................... 25
3.6.5 Alemanha........................................................................................................ 25
3.6.6 Áustria............................................................................................................. 25
3.6.7 Argentina.. ...................................................................................................... 25
3.7 Cotas em concursos públicos para deficientes ............................................... 26
3.8 Lei de cotas para deficientes em concursos públicos ..................................... 26
4 CAPÍTULO III ................................................................................................. 28
4.1 Direitos das pessoas com necessidades especiais ........................................ 28
4.2 Direito à Acessibilidade................................................................................... 28
4.3 Direito à Educação ......................................................................................... 28
4.4 Direito ao Esporte, Turismo e Lazer ............................................................... 28
4.5 Direito à Saúde ............................................................................................... 29
5 CAPÍTULO IV ................................................................................................. 30
5.1 Direitos das Pessoas com Deficiência ............................................................ 30
5.2 Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, lei número 13.146 ....... 37
6 PRECONCEITO ............................................................................................. 41
7 HISTÓRIA DE LUTA PELOS MEUS DIREITOS ............................................ 43
8 DEPOIMENTO DE UMA ESPECIALISTA...................................................... 45
9 CONCLUSÃO ................................................................................................. 46
10 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 48
9

1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da civilização, conforme a cultura de diferentes


sociedades, as pessoas com qualquer tipo de deficiência sofriam preconceito e,
muitas vezes, eram exterminadas pelo fato de apresentarem anomalias. Assim como
na Roma antiga havia a Lei das Doze Tábuas, a qual assegurava ao patriarca das
famílias o direito de matar os filhos que nascessem com deficiências ou anomalias.
Para o povo Hebreu, quaisquer deficiências, por mais insignificantes que fossem,
indicavam algum tipo de impureza ou pecado. Já os espartanos, lançavam os
deficientes do alto de penhascos.
A História nos traz mitos e exemplos da importância das pessoas portadoras
de deficiência e superação dos seus limites. Recordemos a figura de Homero (que
teria vivido no Séc. VIII a.C.), o qual, segundo a tradição, vagava cego pelas cidades
gregas, declamando suas obras A Ilíada e A Odisseia, ou o grande filósofo grego
Demócrito (460 a 370 a.C.), o qual a tradição conta que, para melhor meditar, ele teria
cegado a si próprio.
O primeiro sistema protetivo de amparo aos soldados que voltavam das
batalhas com sequelas surgiu em Roma antiga, ainda que o escopo pudesse ser o de
esconder as consequências das guerras.
Na antiguidade clássica, assim como na Idade Média, já havia surgido alguma
preocupação com as pessoas com deficiência, contudo, foi apenas recentemente que
a questão passou a merecer efetiva atenção do Estado e da sociedade, mais
especificamente, a partir da dedicação da Organização das Nações Unidas - ONU ao
problema. Em 1971, a Assembleia Geral aprovou a Declaração dos Direitos das
Pessoas com Retardo Mental, em seguida, em 1975, editou a chamada Declaração
dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Posteriormente proclamou 1981 como o
Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência. A partir daqui que se
desenvolveu, efetivamente, a maior conscientização a respeito do grave problema
que, só no campo de deficiência física, se estima atingir mais de meio bilhão de
pessoas no mundo.
Nossa Constituição Federal atual foi o marco histórico em nosso país para
assegurar o direito à inclusão social do deficiente. Em seu art. 7º, XXXI, assegurou
como direito social a “proibição de qualquer discriminação no tocante à salário e
10

critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência“. No seu art. 37, VIII, ao


tratar dos princípios da administração pública, impôs que a lei reservasse um
percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas com deficiência,
definindo os critérios de sua admissão. A seguir, a Lei Maior relacionou entre os
objetivos da assistência social, “a habilitação e reabilitação das pessoas com
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária” (CF, art. 203, IV).
Em relação à assistência social, garantiu um salário-mínimo mensal à pessoa
com deficiência que comprove não possuir meios de prover à própria manutenção ou
de tê-la provida pela família. No seu art. 208, III, cuidou da educação, sendo dever do
Estado, com “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino”.
Na esfera infraconstitucional, a Lei número 13.146/2015, define “pessoa com
deficiência” como aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas, e o art. 93 da Lei número 8.213/91 assegurou, em favor dos
beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, desde que habilitadas, de 2 a
5% das vagas para trabalho nas empresas com mais de cem empregados, estando
sujeitas a multas as empresas que descumprirem esta norma. O Decreto número
3.298/99 regulamentou esse direito, a fim de garantir a devida integração social
almejada por todos.
Existe um número muito grande de vagas abertas pelas empresas para os
deficientes; contudo, a pouca capacitação da maioria dos candidatos é uma das
maiores dificuldades enfrentadas pelas contratantes. Além disto, o fato de que a
empresa só pode dispensar um empregado caso tenha outro para substituí-lo também
é um obstáculo. Após a contratação, a empresa deve adaptar seu espaço físico para
receber os deficientes e facilitar o desempenho de sua função e também conscientizar
os funcionários da importância da inclusão e a responsabilidade social da empresa,
pois a Lei 13.146/2015 garante ao trabalhador com deficiência o direito ao trabalho
sem restrição ou qualquer forma de discriminação em razão de sua condição, desde
o momento do recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional e
periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional,
ou a exigência de aptidão plena para o exercício da função.
11

Há uma vantagem recíproca na contratação dos deficientes; sendo que os


empregadores crescem em inclusão social, diminuindo, consequentemente o
desemprego em relação à este grupo, adquirindo, assim, credibilidade social pela
contratante. As áreas que atendem a área de administração das corporações são as
que mais contratam deficientes.
12

2 CAPÍTULO I

2.1 O que são cotas?

Chama-se também “ação afirmativa”, caracteriza-se como uma forma de


reservar vagas para determinados grupos. O sistema de cotas foi criado a fim de dar
acesso a negros, índios, deficientes, estudantes de escola pública e de baixa renda
em universidades, concursos públicos e mercado de trabalho. A política de cotas nas
universidades é o melhor exemplo desse sistema no Brasil. As medidas de cotas
raciais e cotas sociais implantadas pelo governo auxiliam o acesso de certos grupos
na concorrência com o resto da população. É um caminho visto por alguns como a
redução da exclusão e visto por outros como uma segunda forma de discriminação.
Marcus Rômulo Maia de Mello demonstra que “a ponderação é o melhor
caminho para proteger a igualdade fática– princípio reitor da política de cotas – sem
anular o conteúdo essencial da igualdade jurídica (que tem na meritocracia sua
principal justificativa).” (sic) Amparado pelos ensinamentos de Rawls, defende a
igualdade democrática: “é preciso que a norma jurídica que estabeleça o regime de
cotas satisfaça as expectativas dos grupos desfavorecidos, criando-lhes reais
condições de acesso ao ensino de boa qualidade e ao emprego digno. Ao invés de
privilégios, equidade; ao invés de violação à igualdade perante à lei, equilíbrio de
pontos de partida. É evidente que, como medida excepcional e temporária, a vaga
para os cotistas jamais deve ser superior às oferecidas para os demais candidatos.
Atitude diversa subverteria o princípio constitucional do concurso público,
prejudicando os mais aptos para as funções públicas. ” (sic)

2.2 Cotas raciais

As diferenças raciais sempre interferiram na história do Brasil e, em conjunto


os investimentos em educação sempre foram precários. A falta de um incentivo para
uma educação de qualidade faz com que os estudantes não consigam uma vaga nas
Universidades.
13

As cotas raciais são um modelo de ação afirmativa implantada para amenizar


as desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre raças, proporcionando a
inserção de maior contingente de negros na rede universitária do País.
A primeira vez que se percebeu essa medida foi em 1960, nos Estados Unidos,
para diminuir a desigualdade socioeconômica entre brancos e negros.
Brasil, a partir de 2000, as cotas raciais ganharam visibilidade, quando
universidades e órgãos públicos começaram a adotar tal medida em vestibulares e
concursos.
O Estatuto da Igualdade Racial entrou em vigor no ano de 2010 e promove
diversas políticas públicas para os afrodescendentes, visando a criação de
oportunidades e a igualdade racial.
Em junho de 2004, a Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira instituição
de ensino brasileira a adotar o sistema de cotas raciais. A partir disto, o número de
universidades que possuem ação afirmativa baseada em raças só aumentou e hoje já
representa a maioria das universidades federais.
Em nosso país, este sistema não beneficia apenas os negros; nas instituições
públicas da Região Norte, por exemplo, é comum a reserva de vagas ou empregos
para indígenas e seus descendentes. Algumas universidades também destinam parte
de suas vagas para candidatos pardos.
Independentemente do tipo de cota racial, para ser beneficiada, é necessário
que a pessoa assine um termo autodeclarando sua raça e, às vezes, passar por uma
entrevista, assim como ocorre com o censo demográfico e demais políticas de
afirmação no Brasil.
E em um país, como o Brasil, com grande diversidade racial, as dificuldades
são encontradas no momento de decidir se uma pessoa é branca ou parda. A
subjetividade dessa entrevista é um dos pontos que mais geram discussão em relação
às cotas raciais.
O assunto é bastante polêmico e nada indica que um dia deixará de ser.
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior população negra do mundo, apenas
atrás da Nigéria, e é inegável que o país tem uma dívida histórica com negros e
indígenas. Por outro lado, as cotas raciais já prejudicaram várias pessoas que
perderam vagas ou empregos para concorrentes com menor pontuação ou
qualificação.
14

O Governo criou o projeto de cotas para o ensino superior no intuito de


aumentar a demanda de alunos negros na Universidade, ao invés de investir na
educação básica.
Há vários argumentos que dividem a população em concordar ou discordar com
a política de cotas raciais, contudo, para a obtenção de uma opinião madura e
concreta sobre tal assunto, é necessário ampliar o conhecimento.
Segundo Marcus, as cotas sociocracias serão eficazes se afim tiverem
transformando em realidade aquilo que almejaram. Os beneficiários dessas cotas são
as pessoas de baixa renda, especialmente os estudantes negros. Sua finalidade
imediata é o acesso dessas pessoas a serviços e oportunidades dos quais elas foram
historicamente excluídas. A finalidade mediata é conferir às minorias raciais ascensão
econômica e social, integrando-as ao estado de bem-estar e permitindo que seus
representantes ocupem posições sociais as quais sempre estiveram subordinados
antes.
Se atingir essas finalidades primaciais, poder-se-á dizer que a política de ação
afirmativa foi eficaz. Ainda é cedo para tal afirmação, mas é possível avaliar sua
idoneidade pelo método hipotético-dedutivo, aferindo se a fórmula adotada permite
que ela seja eficaz no futuro ou se está destinada ao malogro. Para tanto, após uma
exposição da origem e evolução das ações afirmativas, das suas minorias, das teorias
políticas normativas que lhe dão suporte e da concepção que inspirou o modelo
brasileiro, procedeu-se ao estudo da legislação pertinente, das normas jurídicas que
formataram o programa, bem como ao levantamento de informações contidas em
copiosa doutrina sobre o tema, em estatísticas publicadas e em iterativas
jurisprudências dos tribunais sobre a matéria, inclusive da decisão do Supremo
Tribunal Federal que considerou o sistema de cotas constitucional. (sic)

2.3 Lei de cotas raciais nas universidades

Conforme Lei nº 12.711/2012, alunos que estudaram todo o ensino médio em


escolas públicas possuirão direito à ¼, ou seja, 25% das vagas em todas as
universidades e institutos federais. Metade delas será reservada para estudantes com
renda mensal familiar de até um salário mínimo e meio. Critérios raciais também serão
considerados no sistema de cotas.
15

Nos primeiros quatro anos, a partir de agosto de 2012, os estudantes inscritos


poderão concorrer simultaneamente pelo critério de cotas e pelo de ampla
concorrência, uma vez que as vagas serão preenchidas gradativamente.
A lei permite que as Universidades preencham primeiramente as matrículas do
sistema universal, inclusive por estudantes de escolas públicas que tenham bom
desempenho, liberando assim mais vagas para cotistas.
As reservas de vagas em instituições federais, serão acompanhadas e
avaliadas por um comitê, composto por dois representantes do ministério da
Educação (MEC), dois representantes da Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), além de um integrante da
Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
A Lei de Cotas obriga aplicação do mínimo das vagas, mas as universidades
federais possuem autonomia para instituir reservas de vagas suplementares, por meio
de políticas específicas de ações afirmativas.
Marcus Rômulo Maia de Mello afirma que “as cotas sócio raciais nas Commented [G.1]: Fonte - citacao

universidades são um sistema excludente, que desprestigia a população de baixa


renda que não estudou o ensino médio em escola pública. As políticas de ação
afirmativa praticadas nas universidades não são aptas a alcançar as finalidades
nobres que a enformam, na medida em que os espaços mais cobiçados continuarão
a ser inalcançáveis para a grande maioria de sua clientela e serão ocupados por um
pequeno segmento de elite do ensino público que não é necessariamente o
destinatário do programa. ” (sic)

2.4 Lei de cotas raciais nos concursos públicos

O projeto de lei 6.738/13 define a reserva de 20% das vagas para negros em
concursos para a administração pública federal direta; como ministérios, e também na
administração indireta; para autarquias, agências reguladoras, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista controlada pela União. Poderão
concorrer às vagas da cota racial todos que se declararem pretos ou pardos no ato da
inscrição no concurso, conforme os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística (IBGE). O projeto não inclui vagas no Legislativo e no Judiciário. A
aplicação das cotas será limitada ao prazo de 10 anos.
16

2.5 Dúvidas mais frequentes sobre esse novo projeto de lei

2.5.1 Os candidatos negros só poderão concorrer pelo sistema de cotas?

Não. Os candidatos negros concorrerão, ao mesmo tempo, às vagas da cota


racial e às destinadas à ampla concorrência. Os negros que tiverem nota suficiente
para aprovação dentro do número de vagas da ampla concorrência não tirarão vaga
do sistema de cotas.

2.5.2 E se o candidato mentir?

Na hipótese de declaração falsa, o candidato será eliminado do concurso. Se


já tiver sido nomeado, responderá por procedimento administrativo e poderá ter a
admissão anulada.

2.5.3 Qual o número mínimo de vagas no concurso para haver cotas?

Conforme a proposta haverá cota racial sempre que o número de vagas


oferecidas no concurso público for igual ou superior a três. No caso de 20% das vagas
resultar em um número fracionado, será arredondado para cima sempre que a fração
for igual ou maior que 0,5, e para baixo quando for menor que 0,5.

2.5.4 De onde veio a ideia da cota racial em concursos?

De acordo com a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, o projeto enviado


ao Congresso foi baseado em um estudo do governo que analisou o perfil das pessoas
que ingressaram no serviço público nos últimos 10 anos. Em 2004, 22% dos
funcionários públicos eram negros. Já em 2013, o índice atingiu cerca de 30% do
quadro funcional. A ministra espera que a participação chegue a 50%.
17

2.5.5 Quanto tempo dura a lei?

A lei vai vigorar pelo prazo de 10 anos. Caberá à Secretaria de Políticas de


Promoção da Igualdade Racial avaliar anualmente o cumprimento da proposta.
No Brasil há atualmente, pelo menos quatro estados que possuem leis que
reservam cotas de vagas para candidatos negros. São eles: Paraná, Mato Grosso do
Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, a lei prevê a reserva
de 15% das vagas para negros, pardos e indígenas nos concursos da administração
pública direta e indireta de todos os poderes do Estado.
a) No Paraná são 10% para negros.
b) No Mato Grosso do Sul são 10% para negros e 3% para índios.
c) No Rio de Janeiro são reservadas 20% das vagas para negros e índios
nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos integrantes dos quadros permanentes de pessoal.
Os candidatos devem comprovar sua condição por meio de ficha e declaração
por escrito. Os candidatos podem optar por concorrer ou não pela cota. No PR e em
MS, os que se declaram negros ou índios cumprem as mesmas etapas dos demais,
porém passam por uma banca que faz uma avaliação visual para confirmar se
poderão ficar com a vaga reservada. Essa banca considera não só a cor da pele, mas
características como tipo de cabelo, formato da boca e nariz.

2.6 Argumentos contra as cotas raciais

A política de cotas raciais foi criada nos Estados Unidos pelo presidente
Richard Nixon; republicano, racista e conservador, realmente não se enquadrava
como legítimo representante dos anseios de qualquer minoria. A situação de caos e
de violência instalados naquele país no final da década de 60 foi o que motivou a
política de cotas raciais nos EUA. Após a abolição da escravatura, seguiu-se um
século de segregação racial institucionalizada1; os conflitos raciais surgiram
justamente após o Estado ter legislado com base na raça, dividindo direitos em razão
da cor da pele. Do hospital até o cemitério, todas as instituições sociais eram

1 Dar a qualquer coisa ou adquirir, caráter institucional ou de instituição. Fonte


18

rigidamente separadas pela cor. Por isso até hoje o país se ressente pelo fato de
haver construído uma sociedade polarizada e dividida entre valores pertencentes aos
negros e valores do branco, com culturas e ambientes próprios. Mesmo assim, nos
EUA, as cotas vigoraram por menos de 10 anos e foram logo declaradas
inconstitucionais pela Suprema Corte.
Há muitas dificuldades para a importação do modelo de cotas raciais no Brasil,
pois aqui nunca houve uma política de segregação institucionalizada após a abolição
da escravatura. Ser negro no Brasil não significa ter uma barreira intransponível para
acesso a cargos de prestígio, como aconteceu na América do Norte.
Nos EUA, a renda era quase irrelevante, ainda que o negro fosse rico, era
vedado o seu acesso. Em nosso país, a duras penas, conseguimos formar uma
sociedade na qual são compartilhados todos os valores, com a formação de uma única
identidade nacional. O grande problema a impedir os negros no Brasil de assumirem
postos sociais de destaque é a pobreza, pois 70% dos pobres no Brasil são negros.
Se o problema de fato fosse o racismo, os negros seriam a maioria em concursos
públicos, mas infelizmente não são porque não conseguem ter acesso ao preparo
adequado, por não possuírem renda. Neste sentido, devemos implementar uma
política de cotas sociais para acesso às Universidades: por meio delas, os negros que
mais precisam da ajuda estatal serão integrados, sem haver o risco da polarização
entre duas “raças” distintas.
Para implementar uma política de distribuição de direitos, é preciso haver um
critério objetivo para identificação dos beneficiários. Talvez aqui resida o maior
problema para a cota racial, pois nunca houve neste país um critério objetivo para
identificação do negro, considerando que esta categoria é a soma de pretos mais
pardos. Nos EUA, a política foi conduzida a partir do critério objetivo da gota de
sangue, na qual basta uma gota de “sangue negro” na ascendência do indivíduo, para
que este também fosse considerado negro, apesar de sua aparência.
Desta forma, muitas instituições que adotaram a política de cotas raciais no
Brasil resolveram instituir “Tribunais Raciais” de composição secreta e que, baseados
em critérios secretos, decidem quem é pardo e quem é branco no País.
O racismo existente no Brasil se combate com punição exemplar. Não podemos
tolerar o racismo. Entretanto, o mito sobre a existência de raças humanas é
relativamente recente, as primeiras classificações raciais são do século XVIII. A
19

recente decodificação do genoma humano mostra que biologicamente raças humanas


não existem: somos todos igualmente diferentes. Ora, se o Estado pretender legislar
com base na “raça”, em vez de enfraquecer o mito, termina-se por fortalecê-lo,
perpetuando a crença que legitimou o racismo.
Nós não precisamos reproduzir um modelo que foi pensado para resolver
problemas de outras realidades. Podemos ser criativos e instituir um modelo próprio
de ação afirmativa, à brasileira, para integrar aqueles que mais precisam da ajuda
estatal, sem fazermos distinções em relação à raça de cada um. Cotas sociais seriam
o ideal, porque a pobreza, no Brasil, é a verdadeira causa da segregação1.

2.7 Argumentos a favor das cotas raciais

Observamos que na Universidade de Brasília, os negros correspondem a


apenas 2% dos alunos, enquanto sua participação na população brasileira é de 45%.
O programa de cotas faz parte do Plano de Metas para Integração Social,
Étnica e Racial e será aplicada durante 10 anos, ou seja, até 2014. Essa ação
afirmativa é vista, pelos seus defensores, como um pagamento da dívida histórica que
o Brasil tem com os negros trazidos da África e escravizados pelos colonos.
Aprofundando-se na história da escravidão no Brasil e comparando-a com a
escravidão vivida nos Estados Unidos, identificamos alguns pontos críticos que nos
diferenciam e mostram por que o racismo no Brasil é muito mais por renda do que por
raça.
Em 1863, os EUA declararam o fim da escravidão em todo o país. Com isto, os
negros que serviram os senhores de engenho por tanto tempo não tinham nenhum
tipo de formação se não a do campo. Estariam livres, porém desempregados e sem
nenhuma perspectiva para o futuro. Então o governo norte americano reconheceu,
não só que eram homens livres, mas também que teriam que ter uma oportunidade
para conseguirem ingressar na sociedade. Com esse pensamento, forneceram a cada
negro livre um pedaço de terra e sementes para garantir-lhes pelo menos o que comer,
enquanto não arrumavam um emprego. Quando adotaram essa política pública,
deram ao negro uma chance de viver e não só sobreviver. Reconheceram que aqueles

1 Ato ou efeito de segregar(-se); afastamento, separação, segregamento.


20

ajudaram a construir a riqueza do país. Uma chance para a cidadania. "Não haverá
tranquilidade nem sossego na América enquanto o negro não tiver garantidos os seus
direitos de cidadão… Enquanto não chegar o radiante dia da justiça… A luta dos
negros por liberdade e igualdade de direitos ainda está longe do fim", declarou Martin
Luther King. Embora esta cidadania de fato não tenha sido conquistada com tanta
facilidade. Commented [G.2]: fonte

Já no Brasil, em 13 de maio de 1888, quando libertamos os escravos, apenas


os libertamos das correntes, mas eles continuaram aprisionados a viver sempre à
margem da sociedade.
O Brasil viveu um período de mais de trezentos anos de escravidão, e, em
1888, quando aboliu a escravatura, não deu ao negro nenhuma chance para se
integrar na sociedade e adquirir seus direitos como cidadão e homem livre. Mais de
trezentos anos de serviços prestados, toda a riqueza do nosso país foi construída nas
costas dos negros, e quando estes foram libertados o Estado não lhes deu nada além
de sua liberdade.
Mesmo como homens livres, não tinham formação, educação, e a oportunidade
de serem cidadãos. Sendo sempre descriminalizados pela sociedade e vistos como
animais, sem chance alguma de conseguir iniciar uma vida se não fossem continuar
na situação de escravos mesmo sendo livres.
A história da escravidão no Brasil já nos mostra porque os negros, ainda hoje,
não têm a oportunidade que muitas vezes os brancos têm à uma educação de
qualidade, e porque os negros pertencem em sua maioria à classe C da sociedade.
A UNB afirma que o sistema de cotas para negros se justifica diante da
constatação de que as universidades brasileiras abrigam, em sua maioria
esmagadora, pessoas de cor branca, de modo a valorizar apenas o pensamento de
um segmento étnico na construção das soluções para os problemas atuais de nossa
sociedade. O negro não possui oportunidades comuns às do branco e isso faz com
que ele não tenha acesso à boa educação, ocupando, em sua maioria, posições
subalternas, sem a chance de ter um cargo de prestígio social. A política de cotas é
muito mais do que a integração dos negros nas Universidades, é um meio de pagar
uma dívida que toda a sociedade tem com eles. É dar-lhes a oportunidade que desde
o princípio lhes foi negada, a chance de terem uma vida melhor construída a partir de
sua formação acadêmica.
21

Sabemos que o ideal seria que as escolas públicas fornecessem uma educação
de qualidade e que alcançassem o nível de muitas escolas particulares, contudo, para
alcançarmos esse ideal é necessário tempo e a política de cotas raciais é uma medida
mais rápida para combater a desigualdade.
Para muitos, essa política pode parecer injusta, mas, se refletirmos, injusto foi
o modo como tratamos os negros durante mais de trezentos anos com a escravidão.
22

3 CAPÍTUO II

3.1 Cotas Sociais

Cotas sociais são uma política de reserva de vagas no mercado de trabalho,


Universidades e órgãos públicos para estudantes de baixa renda e pessoas com
deficiência.
O sistema de cotas sociais funciona como uma ação afirmativa para pessoas
com menos oportunidades e maiores dificuldades, sejam essas pela sua renda ou por
algum tipo de deficiência.

3.2 Cotas para estudantes de baixa renda

As vagas para estudantes de escola pública são vistas como a melhor forma
de política de cotas (cotas sociais), uma vez que os argumentos de quem discorda da
medida são de que o problema brasileiro é social e não racial. Dessa forma, iria
abranger todas as raças e beneficiar aqueles que realmente não têm condições de
concorrer no vestibular com alunos vindos de escolas particulares.
Em 2010, a Universidade Federal do Rio de Janeiro decidiu destinar 20% de
suas vagas para alunos egressos das escolas públicas municipais e estaduais. Apesar
disso, a medida não inclui os estudantes negros e índios. É a oportunidade para os
alunos de rede pública cursarem o Ensino Superior, pois eles têm que concorrer com
alunos que vêm de escola particular. Isso torna, segundo especialistas, o direito à
educação mais igualitária, pois as escolas públicas são sucateadas e não oferecem a
estrutura e o conhecimento necessários para o ingresso na Faculdade.

3.3 Lei de Cotas para estudantes de baixa renda

Baseada nesse contexto, que a Presidente da República sancionou a Lei nº12.


711, a Lei de Cotas, que dispõe sobre a reserva de 25% das vagas em instituições e
universidades federais para alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio
na rede pública de ensino. Desse percentual, 50% é destinado a estudantes de
famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita. Critérios
23

de cor e raça também são levados em consideração. Os programas do governo que


favorecem a entrada de alunos de baixa renda e egressos de escola pública são:
Enem (Exame Nacional de Ensino Médio), Prouni (Programa Universidade para
Todos) – que também reserva vagas para alunos com deficiência, e o Sisu (Sistema
de Seleção Unificada).

3.4 Cotas para deficientes

Segundo a Organização Nacional das Nações Unidas (ONU), 10% da


população mundial tem alguma deficiência. A Lei de Cotas para deficientes determina
uma cota mínima para pessoas com alguma deficiência em empresas com mais de
100 empregados.
A Lei trouxe benefícios para muitos deficientes que foram colocados no
mercado de trabalho. Entretanto a falta de capacitação de grande parte dos
candidatos é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas. Outra
dificuldade encontrada é o fato de que a empresa só pode dispensar um empregado
caso tenha outro para substituí-lo. Além da contratação, a empresa deve adaptar seu
espaço físico para receber os deficientes e também deve ser feita a conscientização
dos funcionários da importância da inclusão e responsabilidade social da empresa.
Com a contratação dos deficientes, a vantagem é mútua. As empresas crescem em
inclusão social e ocorre a diminuição do desemprego por parte dos deficientes. Além
disso, as empresas ganham em credibilidade social.
As pessoas pensam que contratar deficientes implica em realizar grandes
adaptações na empresa, mas nem toda deficiência exige essas alterações. As áreas
que mais contratam deficientes são as que atendem a área de administração das
corporações.
Uma forma de qualificar os deficientes é procurar associações para pessoas
com deficiência. Eles oferecem apoio e qualificação, além de indicações para o
mercado de trabalho. Outra alternativa é procurar incentivos do Estado para que
ensinem um ofício para as pessoas portadoras de necessidades especiais.
24

3.5 Lei de cotas para deficientes

A Lei 8.213/91 funciona na seguinte proporção: de 100 a 200 empregados com


2% de deficientes no quadro de funcionários; de 201 a 500, com 3%; de 501 a 1000,
com 4% e acima de 1001, com 5%. As empresas que não cumprem a demanda estão
sujeitas à multas. Para a Lei, a deficiência é considerada quando ocorre a perda ou
anormalidade da estrutura ou de sua função psicológica ou fisiológica. Isso quer dizer
que engloba a deficiência como intelectual e física.

3.6 Ações com outros países

Em outros países, o incentivo para pessoas com deficiência envolve diversos


fatores como incentivos fiscais e formação profissional com contribuições dos
empresários.

3.6.1 Portugal

A cota é de 2% de trabalhadores com deficiência para empresas privadas e 5%


para empresas públicas

3.6.2 Espanha

2% de vagas em empresas com mais de 50 trabalhadores fixos e a Lei n° 63/97


assegura incentivos fiscais.

3.6.3 França

O Código do Trabalho Francês estabelece 6% das vagas de trabalho em


empresas com mais de 20 empregados.
25

3.6.4 Itália

As empresas públicas e privadas com mais de 50 empregados devem contratar


7% de pessoas com deficiência para seu quadro de funcionários. Nas empresas que
empregam de 36 a 50 funcionários, é estabelecida a reserva para duas pessoas com
deficiência e nas que mantêm de 15 a 35 funcionário, devem manter 1 funcionário
com deficiência.

3.6.5 Alemanha

Para empresas com mais de 16 funcionários devem ser reservadas 6% de


vagas e há um incentivo para que os empresários contribuam para medidas de
profissionalização de pessoas com deficiência.

3.6.6 Áustria

4% das vagas são destinadas aos deficientes nas empresas com mais de 25
empregados.

3.6.7 Argentina

Incentivos fiscais para empresas privadas que contratem a demanda e a


reserva de 4% para contratar servidores públicos.
Temos que criar um modelo, apoiando-nos em países já desenvolvidos nessa
área, que tenha como premissa o cumprimento da legislação existente, acompanhado
de políticas públicas efetivas. O deficiente deve ser tratado como cidadão portador de
todos os direitos e garantias das demais pessoas.
A inclusão social do deficiente depende muito mais das instituições do que do
governo, que se mostrou até o momento ineficiente na defesa da causa. O
entendimento depende de toda a sociedade, devemos acordar para a importância do
deficiente na sociedade. Entendermos a causa dos deficientes é fundamental na
busca de uma sociedade mais igualitária e justa.
26

3.7 Cotas em concursos públicos para deficientes

As cotas para pessoas com deficiência ou pessoas com necessidades


especiais em concurso público é uma eterna pauta de discussões e alvo de polêmica
entre as pessoas que concorrem a órgãos públicos. De um modo geral, a polêmica
gira em torno do que é ou não considerado deficiência e do direito à vaga da pessoa
com deficiência, em relação, principalmente, à classificação do candidato no
concurso.

3.8 Lei de cotas para deficientes em concursos públicos

O Decreto Nº 3.298, que delibera sobre a Política Nacional para a Integração


da Pessoa Portadora de Deficiência, dispõe em seu Art. 3º e 4º sobre o que é
considerado deficiência, deficiência permanente e incapacidade e em quais
categorias a pessoa com deficiência pode se enquadrar. Entre outros artigos, também
dispõe sobre a reserva de vagas no concurso público. Segundo o Decreto Nº
3.98/1999:
Art. 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o
direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de
condições com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de quem é portador. Commented [G.3]: recuar quando cita legislacao

§ 1o O candidato portador de deficiência, em razão da


necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas,
sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por cento em face
da classificação obtida.
Art. 39. Os editais de concursos públicos deverão conter:
I – o número de vagas existentes, bem como o total
correspondente à reserva destinada à pessoa portadora de
deficiência;
II - as atribuições e tarefas essenciais dos cargos;
III - previsão de adaptação das provas, do curso de formação
e do estágio probatório, conforme a deficiência do candidato;
27

IV - exigência de apresentação, pelo candidato portador de


deficiência, no ato da inscrição, de laudo médico atestando a espécie
e o grau ou nível da deficiência, com expressa referência ao código
correspondente da Classificação Internacional de Doença - CID, bem
como a provável causa da deficiência.
Art. 41. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as
condições especiais previstas neste Decreto, participará de concurso
em igualdade de condições com os demais candidatos no que
concerne:
I - ao conteúdo das provas;
II - à avaliação e aos critérios de aprovação;
III - ao horário e ao local de aplicação das provas;
IV - à nota mínima exigida para todos os demais candidatos.
A lei reserva um percentual de vagas para deficientes, exceto
quando o cargo ou emprego público exija aptidão plena do candidato.
O inciso 8, do Artigo 37 da Constituição Federal diz que:
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
sua admissão;
28

4 CAPÍTULO III

4.1 Direitos das pessoas com necessidades especiais

Cabe enumerar alguns dos principais direitos da pessoa com deficiência:

4.2 Direito à Acessibilidade

A acessibilidade é uma das principais bases de inclusão social das pessoas


com deficiência, essa compreende a retirada de barreiras e obstáculos em vias e
espaços privados ou públicos e nos meios de transportes, única maneira de dar
eficácia aos comandos constitucionais. Com efeito, sem o respeito a essa garantia,
não se pode falar em direito de ir e vir, nem ao menos seria possível falar em direitos
das pessoas com deficiência.

4.3 Direito à Educação

O direito das pessoas com deficiência à educação em escolas deve ser


assegurado com ações de integração, levando-se em conta as condições de
deficiência; a integração deve dar-se em turmas comuns de alunos, contando com o
apoio e a estrutura para entender às especificidades.

4.4 Direito ao Esporte, Turismo e Lazer

Todas as pessoas com deficiência devem ter o direito à prática desportiva e à


recreação. Estas são condições que dizem respeito à qualidade de vida, sendo direito
de todos. Naturalmente, deve-se atender às diferenças e peculiaridades das pessoas,
para que essas atividades sejam desenvolvidas.
29

4.5 Direito à Saúde

As pessoas com deficiência auditiva, física, mental, visual ou múltipla, que


necessitem de habilitação e de reabilitação, devem ter resguardados seus direitos por
meio de um conjunto de meditas apropriadas, como terapias, serviços médicos e
sociais necessários à sua plena integração na sociedade.
30

5 CAPÍTULO IV

5.1 Direitos das Pessoas com Deficiência

Conforme artigo primeiro da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência, define-se “deficiência” como “perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.”

Esta legislação diferencia as deficiências em categorias, de acordo com o Art.


4º:
“I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou
mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento
da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções;
II – deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
III – deficiência visual -– cegueira, na qual a acuidade visual é
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção ótica;
a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção ótica; os casos nos quais a somatória da
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que
60 graus; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores;
IV – deficiência mental – funcionamento intelectual
significativamente inferior à media, com manifestação antes dos
31

dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de


habilidades adaptativas, tais como:

1) Comunicação;
2) Cuidado;
3) Pessoal;
4) Habilidades;
5) Sociais;
6) Utilização dos recursos da comunidade;
7) Saúde e segurança;
8) Habilidades acadêmicas;
9) Lazer;
10) Trabalho;

V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais


deficiências”. Em respeito à dignidade e igualdade como direitos
inerentes a todo ser humano, a promulgação da Convenção
Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência reafirmou
que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas.
A Assembleia Geral da ONU aprovou, em 09 de dezembro de 1975, a
Resolução 3.447 que definiu as pessoas deficientes como “qualquer indivíduo
humano incapaz de assegurar a si mesmo, total ou parcialmente, as necessidades de
uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência congênita ou
adquirida, para assegurar-lhes prerrogativas especificas” (sic).
É extremamente necessário a aplicação do princípio da igualdade na garantia
dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência, o qual possui amparo legal
no artigo 5º, inciso I, da Carta Magna estabelece:
Art. 5º. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade”.
32

Pela aplicação deste princípio, todos os homens sociedade têm iguais direitos
e deveres. Afim de garantir a não discriminação de determinada classe por meio de
leis ou sentenças pelos legisladores e os operadores do Direito. Devendo-se analisar
o nível de desigualdade que se demonstra entre os destinatários de uma determinada
norma para buscar meios de tratamento desiguais para que todos os destinatários
sejam atingidos proporcionalmente às suas desigualdades, pois para tornar uma
sociedade igualitária devemos tratar de modo desigual os desiguais para que se
igualem aos iguais. A legislação tem a finalidade de proteger a pessoa, e no caso dos
deficientes, não deve existir sobreposição de direitos de uma categoria em relação a
outra, pois todos são especiais.
Assim, para que esta ideia seja aplicada, é necessário observar que as pessoas
com deficiência possuem necessidades especiais que as distinguem das outras. Por
isso, além dos direitos relativos a todos, estas devem ter direitos específicos, que
compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que estão
sujeitas.
Há leis federais e estaduais que disciplinam o acesso a esse público de acordo
com sua deficiência. Como a Lei nº. 8989/1995 que legaliza o direito das pessoas com
deficiência física, mental ou autistas em relação à isenção sobre imposto sobre
produtos industrializados (IPI), Imposto sobre operações financeiras (IOF) e imposto
sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) na aquisição de veículos novos.
Podendo ser exercido apenas uma vez a cada dois anos, sem limite do número de
aquisições.
Em relação aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
garantido constitucionalmente aos portadores de deficiência gozar de benefícios e
critérios diferenciados para a concessão da aposentadoria, com fulcro no art. 40, § 4º,
in verbis:
Art. 40. “Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
33

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e


o disposto neste artigo.
(...)
§ 4º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de
que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
complementares, os casos de servidores:
I. portadores de deficiência;
II. que exerçam atividades de risco;
III. cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física”.
Os segurados deficientes, do Regime Geral da Previdência Social também
gozam de critérios diferenciados para a concessão da aposentadoria, com base no
artigo 201, § 1º, da Carta Magna, in verbis:
Art. 201. “A previdência social será́ organizada sob a forma de
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
e atenderá, nos termos da lei, a:
(...)
A Lei Complementar nº. 142, de 08 de maio de 2013 regulamentou a
aposentadoria da pessoa com deficiência apoiada no Regime Geral de Previdência
Social – RGPS proporcionando o direito a redução do tempo de contribuição e de
idade para se aposentar, de acordo com o disposto nos artigos 2º e 3º, in verbis:
Art. 2. “Para o reconhecimento do direito à aposentadoria de que trata esta Lei
Complementar, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Art. 3. E assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado
com deficiência, observadas as seguintes condições:
I – aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte)
anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave;
34

II – aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte


e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;
III – aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte
e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve; ou
IV – aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos
de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido
tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de
deficiência durante igual período.
Parágrafo único. Regulamento do Poder Executivo definirá as deficiências
grave, moderada e leve para os fins desta Lei Complementar”. Commented [G.4]: recuar

Caso o segurado se torne deficiente após a filiação a Previdência, ou tenha seu


grau de deficiência alterado, será ajustada proporcionalmente a aposentadoria,
levando em consideração o número de anos em que o segurado exerceu atividade
sem deficiência e com deficiência.
A Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência trata
especialmente do tratamento igual às pessoas com deficiência em seu artigo 12, in
verbis:
Artigo 12 – “Reconhecimento igual perante a lei:
1. Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com deficiência têm o direito
de serem reconhecidas em qualquer parte como pessoas perante a lei.
2. Os Estados Partes deverão reconhecer que as pessoas com deficiência têm
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os
aspectos da vida.
3. Os Estados Partes deverão tomar medidas apropriadas para prover o acesso
de pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem no exercício de sua
capacidade legal.
4. Os Estados Partes deverão assegurar que todas as medidas relativas ao
exercício da capacidade legal incluam salvaguardas apropriadas e efetivas para
prevenir abusos, em conformidade com o direito internacional relativo aos direitos
humanos. Estas salvaguardas deverão assegurar que as medidas relativas ao
exercício da capacidade legal respeitem os direitos, a vontade e as preferências da
pessoa, sejam isentas de conflito de interesses e de influência indevida, sejam
proporcionais e apropriadas às circunstancias da pessoa, se apliquem pelo período
35

mais curto possível e sejam submetidas à revisão regular por uma autoridade ou órgão
judiciário competente, independente e imparcial. As salvaguardas deverão ser
proporcionais ao grau em que tais medidas afetarem os direitos e interesses da
pessoa.
5. Os Estados Partes, sujeitos ao disposto neste Artigo, deverão tomar todas
as medidas apropriadas e efetivas para assegurar às pessoas com deficiência o igual
direito de possuir ou herdar bens, de controlar as próprias finanças e de ter igual
acesso a empréstimos bancários, hipotecas e outras formas de crédito financeiro, e
deverão assegurar que as pessoas com deficiência não sejam arbitrariamente
destituídas de seus bens”.
A doutrina e a jurisprudência se posicionou de forma favorável em relação a
aplicação igualitária das benesses da legislação para todas as pessoas com
deficiência, independentemente de sua categoria, assegurando assim princípio da
isonomia.
Em face disto, José Afonso da Silva (2001, p. 80) declara que:
"Quando se diz que o legislador não pode distinguir, isso não significa que a lei
deva tratar todos abstratamente iguais, pois o tratamento igual – esclarece Petzold –
não se dirige a pessoas integralmente iguais entre si, mas àquelas que são iguais sob
os aspectos tomados em consideração pela norma, o que implica que os ‘iguais’
podem diferir totalmente sob outros aspectos ignorados ou considerados irrelevantes
pelo legislador. Este julga, assim, como ‘essenciais’ ou ‘relevantes’, certos aspectos
ou características das pessoas, das circunstâncias ou das situações nas quais essas
pessoas se encontram, e funda sobre esses aspectos ou elementos as categorias
estabelecidas pelas normas jurídicas; por consequência, as pessoas que apresentam
os aspectos ‘essenciais’ previstos por essas normas são consideradas encontrar-se
em ‘situações idênticas’, ainda que possam diferir por outros aspectos ignorados ou
julgados irrelevantes pelo legislador; vale dizer que as pessoas ou situações são
iguais ou desiguais de modo relativo, ou seja, sob certos aspectos. (...).
Esses fundamentos é que permitem, à legislação, tutelar as pessoas que se
achem em posição econômica inferior, buscando realizar o princípio da igualização,
(...)".
Princípios "são normas que exigem a realização de algo, da melhor forma
possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas” segundo José Joaquim
36

Gomes Canotilho (1988. p. 1123), como acontece com a finalidade que o princípio da
isonomia reproduz.
A exposição de Celso Antônio Bandeira de Melo sobre este tema (1993, p.21):
"o reconhecimento das diferenças que não pode ser feito sem quebra da
isonomia, se divide em três questões:
a) a primeira diz com o elemento tomado como fato de desigualação1 (fator de
́ inen);
discrim
b) a segunda diz com o elemento tomado como fator de desigualação (fator de
́ inen);
discrim
c) a terceira atina à consonância desta correlação logica com os interesses
absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados2".
Em relação à empregos para portadores de deficiência, pontos que são motivo
de dúvidas e interpretações errôneas sobre a Lei de Cotas, como quais empresas
estão enquadradas nesta obrigatoriedade, quantas vagas devem ser preenchidas, as
bases legais e como as Superintendências Regionais do Trabalho regulamentam nos
casos de irregularidade por meio de aplicações de multas pelo descumprimento da
lei.
Houve resultados de fiscalização no estado de São Paulo, destacando a cidade
de Osasco, onde a então Subdelegacia do Trabalho local, em conjunto com a
sociedade em geral, conseguiu que cerca de 87,5% das empresas cumprissem a Lei
de Cotas (JAIME e CARMO, 2005, p.18)
Vinicius Gaspar Garcia aprofunda este debate em sua tese de doutorado cujo
título é “Pessoas com Deficiência e o Mercado de Trabalho – Histórico e Contexto
Contemporâneo”, com a ideia da racionalidade, fundamentando-se em registros do
Censo do IBGE 2000 e de registros do Ministério do Trabalho e Emprego, meios mais
confiáveis, pois a falta de dados confiáveis devia-se ao fato de que o tema sempre
esteve à margem dos órgãos fiscalizadores, que estiveram “amarrados” para colocar
a lei em prática, em razão de seus preconceitos.
Em dezembro de 2000 foram divulgados, pelo Programa Brasil Gênero e Raça,
os registros de 2.375 trabalhadores com deficiência no Brasil, números corrigidos em

1 Estabelecer diferença entre; tornar desigual


2 Ato ou efeito de juridicizar ou Aquisição de estatuto jurídico.
37

03/12/2007 para 2.436 inserções, segundo a Secretaria de Relações do Trabalho do


Ministério do Trabalho e Emprego, em documento dirigido ao Sindicato dos
Metalúrgicos de Osasco e Região. Até 2004, os números tiveram a mesma fonte. Em
novembro de 2014, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que a pesquisa
deste programa indica alta rotatividade de trabalhadores com deficiência admitidos e
demitidos nos anos 2010 a 2013, com a média de 89,3% ao ano.
Foi necessário a aplicação de sanções para prevalecer a fiscalização e o
cumprimento da lei. As primeiras foram multas aplicadas em março de 2003 pela
Gerência Regional do Trabalho de Osasco/ SP.
O Ministério do Trabalho e Emprego ainda não informa a distribuição das
deficiências das pessoas inseridas por ação fiscal, divididas por tipo de deficiência,
havendo exclusões e escolhas de determinadas deficiências por empresas, o que
pode ser interpretado como discriminação. A partir do início da fiscalização, amplia-
se a oportunidade preconceitos, melhorando as relações no trabalho enfrentando
ideias pré-conceituadas que retardam as contratações.
A quantidade de estados brasileiros que cumprem a Lei varia, sendo que o
estado que menos cumpriu era Roraima, em 2003, com 11,7% de 2.562 postos, e o
estado que mais cumpriu era Santa Catarina, com 40% de 37.365 vagas. São Paulo
estava com 29% das suas 294.295 vagas preenchidas.

5.2 Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, lei número 13.146

A proposta inicialmente conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência


entrou em discussão na Câmara dos Deputados em 2000, com a apresentação do
Projeto de Lei 3638/00, do deputado Paulo Paim. Contudo, este projeto não foi
aprovado em comissão especial, uma vez que foi apensado a outra proposta, do
Senado.
Após passar pela comissão especial, o PL 7699/06 foi encaminhado ao
Plenário da Câmara, onde foi aprovado pela deputada Mara Gabrilli, que acatou
sugestões da sociedade civil por meio do portal e-Democracia.
A lei impõe modificações na saúde, ensino, trabalho, moradia, assistência
social, lazer e qualidade de vida. Logo em seu artigo 1º expõe ser “destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
38

liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania”.
Pretende retirar barreiras, criar acessibilidade, construir moradias acessíveis,
modificar mobiliários entre outras providências, conforme seu artigo 3º, afim de não
“obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas”.
A LBI foi o primeiro Projeto de Lei da Câmara dos Deputados traduzido para
Libras (Língua Brasileira de Sinais) durante sua discussão e edição. Seu texto inicial
ficou acessível ao público durante seis meses, recebendo assim, entre contribuições
vindas do portal, de e-mails e ofícios, cerca de mil propostas.
Baseia-se na Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, o primeiro tratado internacional de direitos humanos a ser incorporado
pelo ordenamento jurídico brasileiro com o status de emenda constitucional.
Possui como principal inovação o conceito de deficiência, sendo definida como
“o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de
natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo”. Deixando de ser um
atributo da pessoa, passando a ser “o resultado das respostas inacessíveis que a
sociedade e o Estado dão às características de cada um”.
São inovações da Lei:
- Educação
Proibição das escolas privadas cobrarem a mais de alunos com deficiência;
Reserva de 10% de vagas às pessoas com deficiência nos processos seletivos
de cursos de ensino superior (graduação e pós-graduação), educação profissional
tecnológica e educação profissional técnica de nível médio, em instituições públicas
federais e privadas. As vagas remanescentes devem ser disponibilizadas para os
demais candidatos;
Obrigação de conteúdos sobre práticas de educação inclusiva e deficiência nos
cursos de ensino superior.
Habilitação e Reabilitação, Assistência Social e Saúde
Reconhecimento da habilitação e reabilitação com um direito da pessoa com
deficiência, com vistas a sua autonomia e participação social em igualdade de
condições com as demais pessoas;
39

Desenvolvimento de ações articuladas pelo SUS e pelo SUAS que garantam à


pessoa com deficiência e sua família a aquisição de informações, orientações e
formas de acesso às diversas políticas públicas existentes, com a finalidade de
propiciar sua plena participação social;
Revisão dos critérios de elegibilidade para o acesso ao Benefício da Prestação
Continuada;
Proibição de planos de saúde discriminarem a pessoa em razão de sua
deficiência.
Possibilidade de utilização do FGTS para a compra de órteses e próteses.
- Comunicação, Cultura e Lazer; Garantia de acessibilidade nos serviços de
telefonia;
Teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de
espetáculo devem reservar espaços/ assentos para pessoas com deficiência em todos
os setores, resguardado o direito de elas se acomodarem próximas a seu grupo
familiar e comunitário;
Salas de cinema deverão garantir à pessoa com deficiência recursos de
acessibilidade em todas as sessões;
Hotéis deverão oferecer dormitórios acessíveis;
Pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates
transmitidos pelas emissoras de televisão devem ter acessíveis;
Telecentros1 públicos deverão oferecer no mínimo 10% de recursos acessíveis
para pessoas com deficiência visual;
As editoras não poderão usar nenhum argumento para negar a oferta de livro
acessível.
- Trabalho e Previdência Social
É o reconhecimento do direito ao Auxílio Inclusão, caracterizada por uma renda
suplementar a ser paga à pessoa com deficiência incluída no mundo do trabalho;
Estímulo à capacitação simultânea à inclusão no trabalho;
Revisão da Lei de Cotas, para obrigar empresas de 50 a 99 funcionários a
contratar ao menos 1 pessoa com deficiência;

1 Espaço público onde pessoas podem utilizar microcomputadores, a Internet e tecnologias digitais que
permitem coletar informações, criar, aprender e comunicar-se com outras pessoas.
40

- Moradia e Habitação
Adaptação das moradias para a vida independente. Com a adoção do poder
público à programas e ações estratégicas que apoiem a criação e manutenção de
moradias para a vida independente da pessoa com deficiência;
- Diretos civis e ações de combate ao preconceito
Direito a voto e a ser votado concedido à pessoas com deficiência intelectual,
ao casamento legal, sendo que o processo de curatela poderá recair exclusivamente
sobre direitos de natureza patrimonial e negocial;
Conciliação com o sistema penal relacionado ao preconceito, descriminação e
abuso contra a pessoa com deficiência;
Garantia de acessibilidade no acesso à Justiça para todos os envolvidos em
processos judiciais, em todos os polos.
- Mecanismos de políticas e defesa de direitos
Criação do Cadastro Inclusão, com a finalidade de coletar, processar,
sistematizar e disseminar informações georreferenciadas que permitam a
identificação e a caracterização das pessoas com deficiência, bem como as barreiras
que impedem a realização de seus direitos;
Na realização de inspeções e auditorias pelos órgãos de controle interno e
externo, deve ser observado o cumprimento da legislação relativa à pessoa com
deficiência e as normas de acessibilidade;
A reforma de todas as calçadas passa a ser obrigação do Poder Público, que
deverá tornar todas as rotas acessíveis.
41

6 PRECONCEITO

A palavra preconceito é etimologicamente constituída por duas denominações


diferentes: pré, que traz a ideia de algo anterior, antecedente, que existe de forma
primária, primeira, precedente; e conceito, aquilo que se entende ou compreende em
respeito de algo, derivado do latim conseptus, que se refere à construção ideal do ser
ou de objetos apreensíveis cognitivamente. Esta ideia refere-se, então, a um conceito
formado de forma anterior ou antecedente à constatação dos fatos, utilizando-se de
características julgadas universais, sendo atribuíveis a todos que se encaixam na
categoria referida, ou implícitas, naturais ao objeto que é dirigida.
Nessa perspectiva, podemos considerar que o preconceito está inserido em
todos os círculos de interação humana, sendo um artifício usado no convívio e nos
momentos em que nos defrontamos com o não familiar, o desconhecido ou o
diferente. Ele nos ajuda a nos situar em determinadas situações em que o estranho,
ao apresentar uma ou outra característica familiar ou associável a experiências
passadas ou herdadas por nosso meio de convívio primário, passa a ser considerado
compreensível dentro do nosso entendimento individual.
O preconceito em relação a pessoas com deficiência vem muitas vezes imbuído
de um sentimento de negação, ou seja, a deficiência é vista apenas como limitação
ou como incapacidade. A sociedade, embora tenha um discurso que prega a inclusão
social de pessoas com deficiência, ainda vê essas pessoas pelo que não têm, ou pelo
que não são. Não nos acostumamos a olhar os sujeitos que têm deficiência pelo que
têm ou pelo que são. Nesta medida, a pessoa com deficiência auditiva é aquela que
não ouve, a pessoa com deficiência visual é aquela que não enxerga. Ou seja, nos
aproximamos da deficiência a partir da negação. A pessoa com deficiência é sempre
aquela que não tem ou não apresenta alguma capacidade que a outra tem ou
apresenta. Dessa forma, o sentimento de negação pressupõe sempre uma atitude e
um comportamento de negação que traz para essas pessoas sérias consequências
como exclusão, marginalização, discriminação, entre outras.
42

Em um mundo cheio de incertezas, o homem está sempre em busca de sua


identidade e almeja se integrar à sociedade na qual está inserido. Há, no entanto,
muitas barreiras para aqueles que são portadores de deficiência, em relação a este
processo de inclusão. Geralmente, as pessoas com deficiência ficam à margem do
convívio com grupos sociais, sendo privados de uma convivência cidadã por conta do
preconceito. No Brasil, a Lei Federal n° 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os
direitos básicos dos portadores de deficiência. Em seu 8º artigo constitui como crime
punível com reclusão de 1 a 4 anos e multa.
A Legislação brasileira assegura os direitos das pessoas com deficiência e
pune aqueles que não respeitam esses direitos. Como:
I- Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição
de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado,
porque é portador de deficiência.
II- Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de deficiência.
III- Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência.
IV- Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar
assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, à pessoa portadora
de deficiência.
As consequências para os que sofrem com o preconceito são inúmeras.
Quando estes são discriminados, sentem-se mal, mas quando são discriminados por
várias vezes, têm vontade de se isolar da sociedade, e com isso, têm de enfrentar
vários processos de terapia para lidar com isto, porque acontece muito atualmente em
nosso país. Cabe a todos nós respeitar e garantir que os direitos dessas pessoas
sejam respeitados.
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7 HISTÓRIA DE LUTA PELOS MEUS DIREITOS

E-mail enviado à Vereadora Mara Gabrili de Carla Albuquerque. Assunto


referente a preconceito e discriminação contra deficientes na escola. “Sou mãe de
uma menina portadora de Paralisia Cerebral Atetóide1, de 15 que cursa o 1º ano do
Ensino Médio na Escola: Centro de Ensino Integrado Wellington com sede na Av.
Ministro Petrônio Portela, 11-Freguesia do Ó- SP-SP, minha filha estuda nessa escola
desde a primeira série do Ensino Fundamental, fiz sua matrícula em agosto de 2009
juntamente com a da sua irmã, pagando a anuidade de 2010 em 2009. A escola
ofereceu há mais ou menos quatro anos uma auxiliar pedagógica para Glenda e sua
colega Isabella Theodoro Ferreira, que é deficiente auditiva, tudo estava indo bem,
mesmo sem ter condições físicas na escola para minha filha, mas como percebíamos
boa intenção por parte da direção escolar nunca pressionamos a escola para nada,
nem mesmo para um banheiro para deficientes, que até hoje não funciona, até o dia
09/02/2010 quando nos foi colocado pela coordenação escolar com o apoio da direção
que as meninas não teriam mais auxiliar e que esta ficaria a nosso encargo (os pais
das duas deficientes), a princípio ficamos surpresos e solicitamos uma reunião com a
direção escolar, o que até hoje não conseguimos, porque nossa intenção era fazer
um acordo amigável pensando em nossas filhas que hoje são adolescentes, mas o
que parece que a escola não priorizou as meninas e sim o custo da auxiliar. Hoje
aconteceu o seguinte, ocorreu um novo fato: quando meu marido Raul de Oliveira de
Albuquerque foi buscar nossas filhas na escola, pois tenho duas filhas nesta escola,
uma é Glenda e a outra Lara Pereira de Albuquerque que está no 9º ano, e encontrou-
se com a diretora Maria Salete Foster, e perguntou à ela como resolveríamos essa
situação já que a coordenação nunca marcou uma reunião com ela, ela alterou-se e
disse ao meu marido que não iria pagar mais nenhuma despesa para as meninas, ele
alegou que isso seria um direito adquirido e ela respondeu que isso é um serviço que

1 Comprometimento do sistema extra-piramidal; o sistema muscular é instável e flutuante.


44

a escola prestou e não prestará mais, ele argumentou que trata-se de meninas
deficientes (Glenda e Isabella) ela disse em alto e bom tom, que isto é um problema
nosso e não da escola, e que por isso as escolas particulares resistem em aceitar
deficientes, pois os pais incomodam muito e os deficientes são muito caros para
escola e que deveríamos tirar as crianças da escola, e que ele preenchesse um
formulário que a escola devolveria o dinheiro da matrícula. Ficamos muito nervosos e
preocupados com a segurança das meninas. Estou informando este novo ocorrido
pois agora falaremos com advogados também, e acho que o acordo amigável que era
nossa intenção, não ocorrerá mais. Aguado sua opinião, que será muito importante.
Conto com a sua atenção e consideração. (ALBUQUERQUE, 2009).
Sentença judicial sobre o caso de Glenda Pereira Albuquerque e outro contra
Centro de Ensino Integrado Wellington. Número do processo: 020.10.002799/7. “O
(A) MM. Juiz (a) de Direito do(a) 4º Vara Cível do Foro Regional XII- Nossa Senhora
do Ó, Dr (a). Anna Paula de Oliveira Dala Déa, pelo presente, expediente expedidos
nos autora da ação em epígrafe, determina a Vossa Senhoria que procedo o
restabelecimento da prestação de serviço de uma auxiliar pedagógica às autoras
GLENDA PEREIRA ALBUQUERQUE e ISABELLA THEODORO FERREIRA, da
forma como anteriormente era feito no prazo de 48 horas sob pena de pagamento de
multa diária, que arbitro em R$500,00 (quinhentos reais).
45

8 DEPOIMENTO DE UMA ESPECIALISTA

Fatima Arruda, professora da escola de ensino fundamental EMEF Lourides


Del Porto e ex-diretora da APE, trabalha diariamente com crianças especiais. E em
seu depoimento ela diz que a maior dificuldade que as pessoas portadoras de
deficiência sofre é a inclusão. Ela acredita que o preconceito já nasce com as pessoas,
e por isso que desde cedo devemos entender e respeitar a situação e o
desenvolvimento pessoal de cada uma das pessoas especiais.
Ela diz:
“As crianças são muito mais espertas do que achamos, elas são mais abertas
e receptivas, entendem com mais facilidade a situação de seus colegas de classe e
quando trabalhamos esse entendimento nelas o preconceito vai sendo quebrado”.
(Informação verbal)1
Em seu depoimento ela também relata que em algumas cidades do interior de
São Paulo possuem seus próprios projetos para dar mais acessibilidade as crianças
com deficiência. No caso ela relatou na cidade onde trabalha Caieiras, que possui a
EDESP, que tem como função capacitar profissionais que vão trabalhar com essas
crianças, e fiscalizar o trabalho que as escolas desenvolvem com elas. Ela diz que
projetos assim são raros, e que na prática quase não têm eficiência, mas que tê-lo já
é um grande avanço.

1 Depoimento fornecido por Fátima Arruda, professora do colégio EMEF Lourides Del Porto e ex-
diretora da APE.
46

9 CONCLUSÃO

A luta dos deficientes trata-se de uma tarefa difícil, mas nos parece que
podemos defini-la como SUPERAÇÃO: lembremos os exemplos de Beethoven1,
grande compositor de música clássica, que ao final nem mesmo ouvia o que
compunha, ou de Antônio Francisco Lisboa, conhecido como “Aleijadinho”, que deixou
esculturas de grande valor cultural para o Brasil, ou até mesmo outros exemplos
quando analisamos o desempenho dos nossos atletas paraolímpicos, que sempre nos
trazem medalhas.
Por isso, segundo Stanislau Krynski, estudioso de crianças ou adolescentes
autistas ou deficientes mentais, com seu livro Deficiência Mental, publicado em 1969,
afirma que parece-nos imprescindível perguntarmos: “o que estamos realmente
fazendo hoje para que pessoas vivam melhor, diante da realidade científica atual?
Através de uma análise histórica do capitalismo e seus interesses antagônicos
entre as classes sociais as politicas sociais que representam conquistas do
operariado, por meio de lutas politicas e sociais, percebe-se uma estratégia do Estado
como meio de garantir a reprodução das relações sociais de produção e exploração
capitalista.
As políticas sociais do Estado tratam-se de uma criação instrumentalista e
mecanicista que não consideram a exploração capitalista e as forças sociais. As
medidas de cotas sociais só́ podem ser entendidas pela ideia capitalista de se adaptar
às transformações sociais.
Para atender a necessidade deste modelo econômico, as entidades que
representam e defendem pessoas com deficiência devem se empenhar no amparo do
direito ao trabalho para esta parcela da sociedade. O método constitui-se de que
enquanto as entidades exigem o cumprimento da legislação que garante a reserva de
cotas em ramos da economia, simultaneamente denunciam a impossibilidade de a
sociedade capitalista gerar trabalho para todos; para todas as pessoas sem

1 Compositor de música clássica alemã, viveu na época do classicismo e romantismo


47

deficiência, quanto mais então para as pessoas com perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para
o desempenho de atividade (conceito de deficiência). Assim, as entidades que se
comprometem com um projeto de reforma social podem se converter em institutos,
estimulando e valorizando os princípios sociais e da cooperação entre os seus
educandos e os demais fragmentos da classe operária que está empenhada nas lutas
políticas e sociais.
A luta pela igualdade de oportunidades não deverá ser confundida com
privilégios em favor das pessoas com deficiência. Pelo contrário, deve eliminar
obstáculos, dificuldades, diferenças e preconceitos. Isto não consiste apenas em
direito de todos nós, mas se conferirmos condições concretas e efetivas para que
todos possam desenvolver-se no limite de suas aptidões, teremos condições de
eficiência e não de deficiência para todos.
48

10 BIBLIOGRAFIA

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2017.

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- Dúvidas sobre cotas. Disponível em:


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49

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< http://sistema-de-cotas.info/mos/view/Cotas_Sociais> Acessado em 29 de maio
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