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A função do artigo indefinido no jornalismo

Publicado em 16 de junho de 2016 por Danilo Brandao


“Um homem foi morto a tiros em um bairro da zona leste…” Esse é o
modelo do jornalismo online. Rápido. Pela interatividade, portais de
notícias inundam a internet de acontecimentos. Mortes. Agressões.
Assaltos. Nada muito certo. Tudo superficial. Os artigos indefinidos tem
uma função política nesse tipo de imprensa. Serve para marginalizar.
Colocar na periferia quem merece. Quem nunca deveria ter saído de lá.

Milhares de pessoas são indefinidas todos os dias. Não merecem perícia,


cuidado, análises. São “cliques”. Sites disputam de forma acirrada a
“aberração” do dia. Famílias, pobres, moradores de bairros periféricos, que
tem suas histórias contadas a partir do prisma do Estado.

Desgraças são contadas a partir de relatórios policiais. As “autoridades”


não colocarão seus abusos diários. As violências cometidas todos os dias
nas periferias dos grandes centros. Normal. Fazer o quê? É preciso contar
histórias. Encher os sites. É bizarro.

A desgraça, às vezes, acontece nos bairros nobres. Pobres saem de suas


“tocas” e “atacam” a alta sociedade. Grandes reportagens. Nomeações. O
artigo definido entra em cena. “O engenheiro foi assal…”. “A médica
foi…”.

Vão até os hospitais. Verificam com as assessorias. Informações. Não há


pressa. Vale a pena. É a carne mais cara no mercado. Essa custa. A polícia
dá explicações. A sociedade pede providências. Absurdos. Indignação.
Rostos aterrorizados. A vida pós moderna declina. Aonde vamos parar?
Inaceitável.

Pois é. Esses merecem indignação. Merecem cuidado. Enquanto isso, a


periferia continua sem voz. Indefinida. Não são ninguém, no entanto, são
os que mais sofrem. Têm suas desgraças despidas todos os dias na
imprensa. São expostos aos estereótipos. Ficam condenados.
Quem decide a notícia? Quem decide o que será apurado? Por que as
decisões nunca vão de encontro com os interesses da população mais
pobre? São questões que os estudantes de jornalismo aprendem a
naturalizar. Saem da faculdade com esse modelo na cabeça. Pouco
discutem. “Um homem foi morto…”.

A linguagem é política. Cada vírgula tem sua função social. Estigmatizar


bairros como “perigosos”, “periféricos” e “criminosos” é dinâmico, fácil,
atende a interesses. Os barões da mídia sorriem de suas propriedades
gigantescas.

Cabe aos novos jornalistas mudar esse clichê moderno. Homens são
também rostos, famílias, aflições, necessidades. Não apenas números. A
função do jornalismo é inverter a ordem. Dar voz às periferias. Saber quem
é esse homem. Por que foi assassinado? Quais as circunstâncias? Escutar a
família. Conhecer a história a fundo. Definir os indefinidos

Fonte: https://grupodoscinco.com/tag/uso-do-artigo-indefinido-no-
jornalismo/

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