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Súmula 518-STJ

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

RECURSO ESPECIAL
Não cabe REsp por violação de súmula

Súmula 518-STJ: Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso
especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 26/02/2015.

Recurso especial
Recurso especial (REsp) é um recurso previsto no art. 105, III, da CF/88, julgado pelo STJ, interposto contra
decisões proferidas em causas decididas em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais
(TRF’s) ou pelos Tribunais dos Estados/DF (TJ’s) quando a decisão proferida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; ou
c) der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Hipóteses
As hipóteses de cabimento do recurso especial estão previstas na própria CF/88.
Veja a primeira hipótese, trazida pelo art. 105, III, “a”:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

Para os fins do art. 105, III, “a”, o que se entende por “lei federal”?
A expressão “lei federal” é interpretada em sentido amplo e abrange:
a) Lei complementar federal/nacional;
b) Lei ordinária federal/nacional;
c) Lei delegada federal/nacional;
d) Decreto-lei federal/nacional;
e) Medida provisória federal/nacional;
f) Decreto autônomo federal/nacional.

Quando a pessoa interpõe recurso especial e fundamenta no art. 105, III, “a”, da CF/88, ela deverá indicar,
de forma individualizada, o dispositivo da “lei federal” que foi violado. Se não o fizer, o REsp não será
conhecido. “A ausência de indicação de dispositivo de lei federal que teria sido violado pelo acórdão
recorrido ou interpretado de forma divergente pelos tribunais, torna o recurso especial interposto com
base nas alíneas ‘a’ e ‘c’ do permissivo constitucional deficiente em sua fundamentação. Incidência, por
analogia, da Súmula 284/STF.
(STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 635.592/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/02/2015).

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Conforme explicam Fredie Didier e Leonardo da Cunha (p. 329), os demais atos, diplomas ou instrumentos
normativos, uma vez desatendidos, não são objeto de análise em recurso especial. Assim, NÃO cabe
recurso especial por ofensa a:
a) Portaria;
b) Instrução normativa;
c) Resolução;
d) Decreto-legislativo;
e) Parecer normativo.

“(...) o recurso especial não constitui via adequada para análise de interpretação de resoluções, portarias
ou instruções normativas, por não estarem tais atos normativos compreendidos na expressão ‘lei federal’,
constante da alínea ‘a’ do inciso III do art. 105 da Constituição Federal.” (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1494995/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/02/2015).

Também não cabe recurso especial se a norma violada for estadual ou municipal.

Cabe recurso especial por violação a regimento interno de tribunal?


NÃO. Não cabe recurso especial por violação de lei federal, quando a ofensa alegada for a regimento de
tribunal. Esse tema foi pacificado há muitos anos com a edição da Súmula 399 do STF (época em que ainda
nem havia STJ nem recurso especial).
Assim, é “inviável a análise, em recurso especial, do preceito regimental, pois não se enquadra no conceito de
lei federal, por aplicação analógica da Súmula 399/STF” (STJ. REsp 1316889/RS, julgado em 19/09/2013).

Cabe recurso especial, com base no art. 105, III, “a”, por violação a súmula? A pessoa pode interpor recurso
especial, com fundamento no art.105, III, “a”, alegando que o acórdão do TJ/TRF violou uma súmula?
NÃO. Para fins do art. 105, III, “a”, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial fundado em
alegada violação de enunciado de súmula.

Por quê?
O motivo é muito singelo: súmula não é lei. Súmula é enunciado que expressa o entendimento
consolidado do Tribunal sobre determinado tema. Não pode ser considerada como um “ato normativo”.
Em resumo, o conceito de súmula não se enquadra na definição de lei federal, não podendo a ela ser
equiparada.

Até aqui, tudo bem, você já entendeu a súmula 518. Vamos agora avançar e aprofundar em um aspecto
de ordem prática. O que a parte prejudicada deverá fazer se o acórdão do TJ ou TRF contrariar o
entendimento exposto em uma súmula do STJ?
Uma súmula do STJ nada mais é do que a intepretação que este Tribunal deu para determinada lei federal.
Logo, se o acórdão do TJ ou TRF afronta entendimento exposto em súmula do STJ, isso significa que, em
última análise, essa decisão viola a intepretação que o STJ deu para aquele tema.
Assim, neste caso, a parte prejudicada deverá interpor recurso especial alegando que o acórdão do TJ ou
TRF, ao decidir daquele modo, contrariou não a súmula (porque aí não caberá REsp), mas sim que a
decisão violou o art. XX da Lei Federal XX (cuja intepretação deu origem àquela súmula).
Exemplo: no acórdão, o TJ afirmou que as regras do CDC não se aplicam para os contratos de plano de
saúde. O STJ possui um enunciado que diz o contrário (Súmula 469: Aplica-se o Código de Defesa do
Consumidor aos contratos de plano de saúde). Se a parte prejudicada interpuser recurso especial alegando
que o acórdão violou a súmula 469, ele nem será conhecido. Dessa forma, a parte deverá interpor o REsp
aduzindo que o TJ contrariou o art. 3º da Lei federal n. 8.078/90. Isso porque o STJ editou a Súmula 469
com base na interpretação dada a esse dispositivo legal.

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Fredie Didier e Leonardo da Cunha explicam o tema com mais técnica e elegância:
“Não cabe, entretanto, recurso especial, com base na letra “a”, por ter havido suposto desrespeito a
entendimento jurisprudencial ou sumular do próprio STJ. Na verdade, a jurisprudência firma orientação a
respeito da interpretação a ser conferida a dispositivos legais. O que se permite é que, no recurso especial,
se demonstre que o dispositivo foi interpretado pelo tribunal de origem diferentemente do STJ. Em outras
palavras, a jurisprudência do STJ não foi seguida, exatamente porque determinado dispositivo foi
interpretado diferentemente da orientação por ele ministrada. Logo, deve o recurso especial apontar
violação ao respectivo dispositivo legal, e não à jurisprudência ou ao enunciado da súmula do STJ.” (p.
330).

Concursos
Súmula muito importante para todos os concursos.

Obra citada:
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3. Salvador:
Juspodivm, 2013.

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