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RESUMO
A manutenção predial preventiva é essencial para a conservação, garantia de segurança e
durabilidade técnica e funcional das edificações. Porém, no mercado brasileiro, ainda persiste
a falta de uma cultura conscientizada, que encara a manutenção como um alto encargo
financeiro de baixa prioridade, o que resulta em uma das principais causas da deterioração
precoce do ambiente construído. O objetivo principal da pesquisa foi analisar os conceitos
acerca da manutenção predial preventiva e sua relevância para o desempenho das edificações,
realizando uma pesquisa de campo para constatação da realidade de Caruaru – PE. A amostra
foi composta de edifícios residenciais, de dois ou mais pavimentos, localizados no centro
urbano, totalizando 14 edifícios. A pesquisa oferece conteúdo necessário sobre manutenção,
para que, através da conscientização, que todo imóvel, deve ser priorizado o estado em que o
mesmo se encontra, objetivando o sustento e desempenho de sua edificação. Foi mostrado as
manifestações patológicas nos edifícios pesquisados, como a falta de cuidados por parte das
incorporadoras e construtoras no ato da entrega. Com esse estudo foi constatado a grande
importância da manutenção predial preventiva, suas ações, seguida pela normatização, e sua
relevância para obtenção do desempenho esperado das edificações.
1
Segundo Gomide et al. (2006), a classificação tem relação com o tipo de estratégia que
será utilizada e o tipo de intervenção de manutenção que será adotada, classificando que a
estratégia de manutenção pode ser: corretiva não planejada, corretiva planejada, preventiva,
preditiva e detectiva
Partindo de um princípio, as atividades de manutenção se elevaram com a evolução da
indústria seriada e busca pela otimização de processos, através de ações preventivas contra
ocorrências de problemas que resultavam na parada de produção. Neste período as indústrias
passaram a adotar as manutenções rotineiras, que constavam em seus estudos de tempo para
avaliação da produtividade. Infelizmente, a indústria da construção civil, especialmente no
caso de edifícios regidos por regime condominial, ainda carece de um maior amadurecimento
desses conceitos, que passam por questões técnicas, gerenciais e até de conscientização junto
aos usuários e suas reais necessidades (SILVA, 2008).
Os países europeus foram os pioneiros nos estudos referentes à manutenção do
ambiente construído, com registros que datam da década de 50. No Brasil, se passaram quase
500 anos de construção sem que o tema da manutenção fosse discutido, sendo os primeiros
estudos neste sentido realizados na década de 80 (CREA-PR, 2011).
Nos países mais ricos, manter o patrimônio imobiliário em boas condições de uso é
uma questão cultural e rotineira, sendo realizado naturalmente a contratação dos serviços de
inspeção predial para elaboração de um plano para manutenção, demonstrando a consolidação
desta atividade nestes países. Nos EUA e Canadá, a inspeção predial é considerada como pré-
requisito em qualquer transação imobiliária, sendo obrigatória a junção do laudo de inspeção
para a assinatura de contratos. Nos prédios públicos desses países pode-se verificar o
certificado de inspeção predial nos quadros de avisos, e nos imóveis residenciais disponíveis
para venda e locação, este certificado é geralmente fixado atrás das portas, permitindo em
ambos os casos ao usuário ou ao futuro morador, avaliar as condições físicas e o estado de
conservação destas edificações. Segundo a American Society of Home Inspectors1, 80% dos
imóveis disponíveis para locação ou venda são previamente inspecionados por profissionais
habilitados. (NEVES; BRANCO, 2009).
Em comparação com os EUA e Canadá, no Brasil as transações imobiliárias são
completamente diferentes, pois, grande parte das negociações é concretizada levando em
consideração as informações fornecidas pelo atual proprietário do imóvel ou pelo
1
American Society of Home Inspectors (ASHI) é uma associação profissional que define e promove normas para
inspeções de propriedades, fornecendo programas educativos e atendendo a necessidade de seus membros; <
http://www.homeinspector.org/>.
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intermediador da venda, ignorando as informações técnicas que deveriam ter sido
anteriormente levantadas por um profissional especializado. Com o laudo de inspeção predial
em mãos, o comprador e/ou usuário estaria munido de informações técnicas fundamentadas,
capazes de orientá-lo na negociação do valor ou até mesmo direcioná-lo em sua decisão de
compra (NEVES; BRANCO, 2009).
Segundo estudos do IBGE2 (2014), no Brasil o setor da construção civil apresentou um
crescimento contínuo entre 2010 e 2014, neste período o valor adicionado da atividade da
construção e todas as suas divisões tiveram crescimento nominal positivo, passando de R$
125 bilhões, em 2010, para R$ 180 bilhões, em 2014.
Por outro lado, o crescimento da construção civil parece restrito à produção de novas
edificações, não sendo acompanhada de um incremento nos serviços de manutenção do
estoque existente. Exemplificando, o valor das incorporações, obras e/ou serviços de
construção das empresas de construção, apresentou que a participação dos serviços de reforma
e manutenção de edifícios residenciais é em torno de 12%, enquanto que a construção de
novos edifícios residenciais abrange quase 60%. Valendo ressaltar que dentro dos 12% estão
inclusos serviços de reforma, e que não é possível identificar a parcela especifica referente a
serviços de manutenção de edifícios. Segundo Ferrari (2000) apud Dardengo (2010), na
Europa, os gastos na construção civil dedicados a manutenções atinge 40%, neste mesmo
sentido.
Um ponto relevante é a partir de qual etapa do empreendimento deve-se tratar da
manutenção. Perez (1988) apud Silva (2008) enfatiza a importância do pensamento desta
atividade logo na fase do projeto, quando os problemas podem ser discutidos e corrigidos a
custo praticamente nulo em comparação com intervenções corretivas ou que eventualmente
sejam necessárias.
A figura 1 apresenta a Lei de Sitter, ou Lei dos Cinco (Sitter, 1983 apud Silva, 2008),
que ilustra o custo e eficiência da atividade da manutenção de acordo com maior brevidade
que a mesma é analisada e discutida.
2
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é uma organização pública responsável pelos levantamentos e
gerenciamentos dos dados e estatísticas brasileiras (IBGE, 2016).
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Figura 1: Gráfico ilustrativo do aumento do custo com manutenção com o passar do tempo
(Lei de Sitter).
Segundo Helene (2009) apud Silva (2010), o significado da Lei de Sitter pode ser
exposto conforme a intervenção ocorra:
a) Fase de projeto: toda medida tomada em nível de projeto com o objetivo de aumentar
a proteção e a durabilidade da estrutura, implicando um custo que pode ser associado
ao número 1 (um).
b) Fase de execução: toda medida extra projeto, tomada durante a fase de execução
propriamente dita, que implica um custo 5 (cinco) vezes superior ao custo que
acarretaria tomar uma medida equivalente ainda na fase de projeto, para obter o
mesmo grau de durabilidade ou vida útil deste bem.
c) Fase de manutenção preventiva: todas as medidas tomadas com previsão e
antecedência, durante o período do uso e manutenção do empreendimento, que ainda
assim, podem custar até 25 (vinte e cinco) vezes o valor das equivalentes,
corretamente adotadas na fase de projeto.
d) Fase de manutenção corretiva: corresponde aos trabalhos de diagnóstico, prognóstico,
reparo e proteção das estruturas que já apresentam manifestações patológicas
evidentes. A estas atividades, pode ser associado um custo 125 (cento e vinte e cinco)
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vezes superior ao custo das medidas que deveriam ser tomadas na fase de projeto e
implicaria no mesmo nível de durabilidade que se estime dessa obra após a
manutenção corretiva.
2 METODOLOGIA
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citado as considerações que envolvam o desempenho e a manutenção, desde que se tenha um
relacionamento com o tema, objetivando unificar as orientações para que se tenha uma visão
geral dos conceitos presentes nas normas.
A palavra manutenção possui ampla diversidade, porém na pesquisa será abordado os
conceitos de manutenção predial que levam ao desempenho das edificações, valendo ressaltar
que não pretende focar nos processos de gestão, com descrição e passo-a-passo dos métodos,
assim como não pretende focar nos direitos e deveres dos construtores e usuários por meio da
legislação.
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2.3 Instrumentos de coleta de dados
7
Figura 2: Metodologia de análise dos dados.
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ao processo sequencial de problemas que podem ser gerados, podendo uma infiltração gerar
problemas estruturais, elétricos, estéticos, etc. Daí se reforça a importância da inspeção
predial, atividade inserida no plano de manutenção preventiva.
Através do estabelecimento de procedimentos para elaboração e realização de serviços
de manutenção, a ABNT NBR 5.674:2012 busca definir dos conceitos mínimos através dos
parâmetros legais.
A maioria dos profissionais do setor da construção civil, como arquitetos e
engenheiros, não estão preparadas para lhe dar, de fato, com a questão da manutenção e sua
importância desde a concepção do projeto de um empreendimento. Falta conhecimentos
técnicos específicos para inserir e modificar os componentes tendo em vista, inclusive
priorizando, as futuras atividades de manutenção nas edificações, sendo este, mais um fator
que dificulta a adequada realização dos sistemas de manutenção. É preciso revisão das
formações acadêmicas, que não enfatizam a importância da manutenção, que deve ser
indagada desde a fase de concepção das edificações.
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Gráfico 1: O condomínio possui regras e procedimentos elaborados para o sistema de
manutenção?
29%
71%
NÃO SIM
Assim como 71% dos questionados informaram ter regras e procedimentos para o
sistema de manutenção (questão 5), este mesmo percentual informou não possuir um
planejamento com cronograma para realização de inspeções (figura 3). Isto fortalece a
premissa de que esses sistemas não estão adequadamente elaborados. É comum os síndicos
considerarem o sistema de manutenção como algo simples, desconsiderando planejamentos e
previsões relacionadas a inspeções, e considerarem que a contratação de terceiros para
realização de manutenções, por si só, trata-se de uma gestão de manutenção.
29%
71%
NÃO SIM
Também foi obtido que 15% dos condomínios não designam um responsável fixo para
as inspeções, podendo ser interpretado que estes condomínios também não realizam
inspeções.
50%
20%
15% 15%
11
Para analisar os que informaram designar a atividade de inspeção aos encarregados,
deve também ser considerado a questão 9, de modo que analisando os questionários por
completo, apenas um deles possuía treinamento para esta função (conforme questão 9, figura
4). De mesmo modo, apenas um síndico informou ter recebido algum tipo de treinamento ou
possuir especialização para a realização de inspeções.
A aplicação de inspeções periódicas nas edificações é uma das soluções mais viáveis
para a identificação de patologias que possam ocorrer antes mesmo que seus danos possam
ser efetivamente sentidos. Quanto aos 29% que não possuem treinamentos, sendo juntamente
analisado com a questão 8, o que pode ser verificado é uma intensa negligencia dos gestores
dos condomínios em relação a realização de inspeções, sendo este quadro invertido apenas
quando as patologias alteram verdadeiramente a funcionalidade dos sistemas da edificação. O
percentual obtido como “Terceirizado” deve ser analisado com cuidado, pois estes
condomínios informaram o nome da administradora como responsável pela realização de
inspeções na questão 8, como elas não realizam este procedimento, não pode ser considerado
tal percentual. Isto também mostra e enfatiza o desconhecimento e falta de interesse dos
síndicos e os proprietários de seus imóveis quanto a questão da manutenção.
36% 29%
36%
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3.3 A falta de supervisão e registro dos serviços de manutenção
36%
64%
NÃO SIM
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Através da pesquisa de campo, foi possível apresentar as manifestações patológicas
mais comuns dos condomínios, como as infiltrações, fissuras, instalações elétricas e
destacamento de revestimentos, alertando, no referencial, o nível de gravidade e risco que se
pode atingir decorrentes da negligência com as condições técnicas das edificações. Os
proprietários e síndicos não podem prescindir da obrigatoriedade da realização das inspeções
prediais com periodicidade, visando a manutenção, segurança e proteção. As
incorporadoras/construtoras precisam cumprir sua parte, elevando o nível de prioridade
quanto a questão da manutenção desde a etapa de concepção, projeto, execução e entrega de
seus empreendimentos, não deixando de realizar o treinamento e entrega das documentações
aos síndicos, pensando sempre nos usuários finais das edificações, pois, o produto precisa ser
entregue como previsto, para que o usuário desempenhe seu papel na gestão da manutenção,
sem maiores influências referente ao estado que a edificação foi entregue.
Foi possível considerar que apenas um plano de manutenção não garante uma gestão
adequada da manutenção predial, de forma que é necessário um conjunto de ações para que se
atinja o desempenho satisfatório da edificação ao longo do tempo, partindo desde o início,
como a avaliação e inspeção realizada por pessoas treinadas, habilitadas e qualificadas,
seguindo posteriormente com o controle e registro das atividades.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MG. 2010. 175 f. Dissertação de Pós-Graduação em Engenharia Civil apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais.
PEREZ, A. R. Manutenção dos edifícios. Tecnologia das edificações. PINI, São Paulo. 1988.
SITTER, W. R. Cost for service life optimization the “Law of Fives”. Comite Euro
International du Beton. Copenhahen, Denmark, 1983.
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