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A MANUNTENÇÃO PREDIAL PREVENTIVA E SUA RELEVÂNCIA

PARA O DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS


EDIFICAÇÕES

LAURSEN, A. (1); FERNANDES, I. (2); MELO, P.V.V.D.


(3); LIRA, C.S. (4); ALMEIDA, L.A.S. (5)

(1) Anderson Laursen


(2) Igor Fernandes
(3) Pablo Vithor Vital Dias Melo
(4) Caíque Santos Lira
(5) Luis Anselmo Sampaio de Almeida

Centro Universitário do Vale do Ipojuca


R. Adjar da Silva Casé, 800 -Indianópolis,
Caruaru - PE, CEP: 55024740
Fone/Fax: (81) 4020-4900

RESUMO
A manutenção predial preventiva é essencial para a conservação, garantia de segurança e
durabilidade técnica e funcional das edificações. Porém, no mercado brasileiro, ainda persiste
a falta de uma cultura conscientizada, que encara a manutenção como um alto encargo
financeiro de baixa prioridade, o que resulta em uma das principais causas da deterioração
precoce do ambiente construído. O objetivo principal da pesquisa foi analisar os conceitos
acerca da manutenção predial preventiva e sua relevância para o desempenho das edificações,
realizando uma pesquisa de campo para constatação da realidade de Caruaru – PE. A amostra
foi composta de edifícios residenciais, de dois ou mais pavimentos, localizados no centro
urbano, totalizando 14 edifícios. A pesquisa oferece conteúdo necessário sobre manutenção,
para que, através da conscientização, que todo imóvel, deve ser priorizado o estado em que o
mesmo se encontra, objetivando o sustento e desempenho de sua edificação. Foi mostrado as
manifestações patológicas nos edifícios pesquisados, como a falta de cuidados por parte das
incorporadoras e construtoras no ato da entrega. Com esse estudo foi constatado a grande
importância da manutenção predial preventiva, suas ações, seguida pela normatização, e sua
relevância para obtenção do desempenho esperado das edificações.

Palavra-chave: Manutenção; Edificações; Preventiva.


1 INTRODUÇÃO

As edificações são projetadas e construídas com o propósito de servir seus usuários


por muito tempo. Mas, para que esta expectativa seja concretizada, é necessário a prática da
manutenção a fim de manter aquele sistema nos padrões mínimos de qualidade e que
possibilite o uso. No Brasil, quando se fala em manutenção preventiva das edificações,
percebe-se que poucos são os usuários que realizam tão adequadamente quanto o fazem para
outros bens.
A manutenção preventiva compreende procedimentos técnicos planejados que visam à
conservação, preservação, segurança e durabilidade técnica e funcional das edificações
(CREA-PE, 2012). A manutenção se trata de um serviço técnico, não podendo ser realizada
de maneira improvisada ou informal, sendo necessário o planejamento, assim como execução
por empresas especializadas e/ou por profissionais treinados adequadamente
Para Monchy (1991), o termo manutenção tem sua origem no vocábulo militar, em
que seu significado era “manter, nas unidades de combate, o efetivo e o material em nível
constante”. Como de interesse, a pesquisa trata das unidades prediais, assim como o combate
econômico entorno das práticas de manutenção corretiva.
A NBR 5.674 (1999), define que a manutenção de edificações pode ser entendida
como o “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade
funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender às necessidades e segurança
dos usuários”. Em outras palavras, são atividades necessárias para manter o desempenho dos
sistemas, subsistemas, elementos e componentes da edificação.
A manutenção é subdividida em diversas formas, sendo classificada em alguns tipos.
Para Bonin e Steel (1988) apud Nour (2003), uma vez que se trata de um assunto que envolve
múltiplos aspectos, a manutenção de edifícios pode ser classificada de diversas maneiras:

a) Tipos de manutenção: Conservação, reparação, restauração e modernização;


b) Origem dos problemas dos edifícios: Evitáveis e Inevitáveis;
c) Estratégia de Manutenção: Preventivas, corretivas e preditivas;
d) Periodicidade de realização das atividades: Rotineiras, periódicas e emergenciais;
e) Quanto às origens da necessidade de manutenção: Perda de durabilidade, presença de
patologias e mudança nas necessidades dos usuários.

1
Segundo Gomide et al. (2006), a classificação tem relação com o tipo de estratégia que
será utilizada e o tipo de intervenção de manutenção que será adotada, classificando que a
estratégia de manutenção pode ser: corretiva não planejada, corretiva planejada, preventiva,
preditiva e detectiva
Partindo de um princípio, as atividades de manutenção se elevaram com a evolução da
indústria seriada e busca pela otimização de processos, através de ações preventivas contra
ocorrências de problemas que resultavam na parada de produção. Neste período as indústrias
passaram a adotar as manutenções rotineiras, que constavam em seus estudos de tempo para
avaliação da produtividade. Infelizmente, a indústria da construção civil, especialmente no
caso de edifícios regidos por regime condominial, ainda carece de um maior amadurecimento
desses conceitos, que passam por questões técnicas, gerenciais e até de conscientização junto
aos usuários e suas reais necessidades (SILVA, 2008).
Os países europeus foram os pioneiros nos estudos referentes à manutenção do
ambiente construído, com registros que datam da década de 50. No Brasil, se passaram quase
500 anos de construção sem que o tema da manutenção fosse discutido, sendo os primeiros
estudos neste sentido realizados na década de 80 (CREA-PR, 2011).
Nos países mais ricos, manter o patrimônio imobiliário em boas condições de uso é
uma questão cultural e rotineira, sendo realizado naturalmente a contratação dos serviços de
inspeção predial para elaboração de um plano para manutenção, demonstrando a consolidação
desta atividade nestes países. Nos EUA e Canadá, a inspeção predial é considerada como pré-
requisito em qualquer transação imobiliária, sendo obrigatória a junção do laudo de inspeção
para a assinatura de contratos. Nos prédios públicos desses países pode-se verificar o
certificado de inspeção predial nos quadros de avisos, e nos imóveis residenciais disponíveis
para venda e locação, este certificado é geralmente fixado atrás das portas, permitindo em
ambos os casos ao usuário ou ao futuro morador, avaliar as condições físicas e o estado de
conservação destas edificações. Segundo a American Society of Home Inspectors1, 80% dos
imóveis disponíveis para locação ou venda são previamente inspecionados por profissionais
habilitados. (NEVES; BRANCO, 2009).
Em comparação com os EUA e Canadá, no Brasil as transações imobiliárias são
completamente diferentes, pois, grande parte das negociações é concretizada levando em
consideração as informações fornecidas pelo atual proprietário do imóvel ou pelo

1
American Society of Home Inspectors (ASHI) é uma associação profissional que define e promove normas para
inspeções de propriedades, fornecendo programas educativos e atendendo a necessidade de seus membros; <
http://www.homeinspector.org/>.
2
intermediador da venda, ignorando as informações técnicas que deveriam ter sido
anteriormente levantadas por um profissional especializado. Com o laudo de inspeção predial
em mãos, o comprador e/ou usuário estaria munido de informações técnicas fundamentadas,
capazes de orientá-lo na negociação do valor ou até mesmo direcioná-lo em sua decisão de
compra (NEVES; BRANCO, 2009).
Segundo estudos do IBGE2 (2014), no Brasil o setor da construção civil apresentou um
crescimento contínuo entre 2010 e 2014, neste período o valor adicionado da atividade da
construção e todas as suas divisões tiveram crescimento nominal positivo, passando de R$
125 bilhões, em 2010, para R$ 180 bilhões, em 2014.
Por outro lado, o crescimento da construção civil parece restrito à produção de novas
edificações, não sendo acompanhada de um incremento nos serviços de manutenção do
estoque existente. Exemplificando, o valor das incorporações, obras e/ou serviços de
construção das empresas de construção, apresentou que a participação dos serviços de reforma
e manutenção de edifícios residenciais é em torno de 12%, enquanto que a construção de
novos edifícios residenciais abrange quase 60%. Valendo ressaltar que dentro dos 12% estão
inclusos serviços de reforma, e que não é possível identificar a parcela especifica referente a
serviços de manutenção de edifícios. Segundo Ferrari (2000) apud Dardengo (2010), na
Europa, os gastos na construção civil dedicados a manutenções atinge 40%, neste mesmo
sentido.
Um ponto relevante é a partir de qual etapa do empreendimento deve-se tratar da
manutenção. Perez (1988) apud Silva (2008) enfatiza a importância do pensamento desta
atividade logo na fase do projeto, quando os problemas podem ser discutidos e corrigidos a
custo praticamente nulo em comparação com intervenções corretivas ou que eventualmente
sejam necessárias.
A figura 1 apresenta a Lei de Sitter, ou Lei dos Cinco (Sitter, 1983 apud Silva, 2008),
que ilustra o custo e eficiência da atividade da manutenção de acordo com maior brevidade
que a mesma é analisada e discutida.

2
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é uma organização pública responsável pelos levantamentos e
gerenciamentos dos dados e estatísticas brasileiras (IBGE, 2016).
3
Figura 1: Gráfico ilustrativo do aumento do custo com manutenção com o passar do tempo
(Lei de Sitter).

Fonte: Silva (2008).

O custo para intervenção na estrutura cresce exponencialmente, de modo que quanto


mais tarde for a intervenção, maior o custo para faze-la. Isso está assimilado a uma progressão
geométrica de razão 5.

Segundo Helene (2009) apud Silva (2010), o significado da Lei de Sitter pode ser
exposto conforme a intervenção ocorra:

a) Fase de projeto: toda medida tomada em nível de projeto com o objetivo de aumentar
a proteção e a durabilidade da estrutura, implicando um custo que pode ser associado
ao número 1 (um).
b) Fase de execução: toda medida extra projeto, tomada durante a fase de execução
propriamente dita, que implica um custo 5 (cinco) vezes superior ao custo que
acarretaria tomar uma medida equivalente ainda na fase de projeto, para obter o
mesmo grau de durabilidade ou vida útil deste bem.
c) Fase de manutenção preventiva: todas as medidas tomadas com previsão e
antecedência, durante o período do uso e manutenção do empreendimento, que ainda
assim, podem custar até 25 (vinte e cinco) vezes o valor das equivalentes,
corretamente adotadas na fase de projeto.
d) Fase de manutenção corretiva: corresponde aos trabalhos de diagnóstico, prognóstico,
reparo e proteção das estruturas que já apresentam manifestações patológicas
evidentes. A estas atividades, pode ser associado um custo 125 (cento e vinte e cinco)
4
vezes superior ao custo das medidas que deveriam ser tomadas na fase de projeto e
implicaria no mesmo nível de durabilidade que se estime dessa obra após a
manutenção corretiva.

Conforme considerações anteriores, muitos problemas referentes a durabilidade de um


edifício podem ser resolvidos durante o período de construção. Por outro lado, no pós-obra,
uma série de problemas surgem devido ao desgaste dos materiais, que podem ocorrer pelo uso
indevido ou até mesmo pela vida útil deste material. Com isto, torna-se necessário a
realização de serviços que visam repor as condições originais do sistema e/ou manter aquele
sistema nos padrões mínimos de qualidade e que possibilite o uso.
Com base nas considerações citadas anteriormente, esta pesquisa realizará um estudo
acerca da manutenção predial preventiva e sua relevância para o desempenho, durabilidade e
vida útil das edificações, estando direcionado às edificações residenciais dirigidas por regime
condominial.

2 METODOLOGIA

2.1 Classificação da pesquisa

A pesquisa foca no procedimento de estudo bibliográfico, reunindo informações


referentes ao tema para melhor organização das abordagens. Durante a revisão bibliográfica e
citações, o autor elabora alguns comentários, objetivando a sistematização do conteúdo. Será
realizado um estudo sobre: manutenção e desempenho das edificações.

Este estudo irá mostrar a importância da manutenção preventiva para o desempenho,


durabilidade e vida útil das edificações. Sendo assim, a fundamentação teórica será elaborada
através de material já publicado de autores e normas acerca do tema. Essas referências serão
artigos, revistas, dissertações, teses, livros e anais de autores renomados e que envolvam o
tema ou parte dele. Já as normas utilizadas serão: NBR 5674:2012 – Manutenção de
edificações: Procedimentos; NBR 14037:2011 – Manual de operação, uso e manutenção das
edificações: Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação; NBR 15.575:2013 –
Edificações habitacionais: Desempenho. As citações de itens das normas serão utilizadas
porque são parâmetros, indispensáveis à disciplina e à racionalização. Nessas normas, será

5
citado as considerações que envolvam o desempenho e a manutenção, desde que se tenha um
relacionamento com o tema, objetivando unificar as orientações para que se tenha uma visão
geral dos conceitos presentes nas normas.
A palavra manutenção possui ampla diversidade, porém na pesquisa será abordado os
conceitos de manutenção predial que levam ao desempenho das edificações, valendo ressaltar
que não pretende focar nos processos de gestão, com descrição e passo-a-passo dos métodos,
assim como não pretende focar nos direitos e deveres dos construtores e usuários por meio da
legislação.

Durante a pesquisa bibliográfica, ocorrerá a interpretação dos fenômenos, analisando


os dados indutivamente. O uso de estatísticas para realização das análises irá acontecer,
caracterizando a pesquisa como abordagem quantitativa. No Brasil, quando se fala em
manutenção preventiva das edificações, percebe-se a falta de uma cultura conscientizada
provida de planejamentos que possam garantir o desempenho da edificação. Para
exemplificar, será feito uma pesquisa de característica exploratória, mostrando a situação de
alguns condomínios residenciais, objetivando a constatação da realidade. Deste modo, haverá
entrevista com pessoas que estão inseridas no problema, ou seja, os síndicos responsáveis pela
gestão do condomínio, feito através de questionário. O intuito é buscar a coerência quanto as
considerações abordadas na fundamentação teórica, servindo de exemplos que estimulam a
compreensão das abordagens.
Com a pesquisa de campo, também será possível mostrar as manifestações patológicas
mais comuns dos condomínios residenciais, considerando a amostra.

2.2 Universo e amostra

Será considerado como universo de pesquisa as edificações prediais residenciais que


possuam o gerenciamento por meio da instituição de condomínio, sem restrições quanto a
idade de construção e sistema construtivo. Os resultados obtidos na pesquisa de campo serão
limitados à amostra pesquisada.
Será representado como amostra, 14 condomínios residenciais na cidade de Caruaru-
PE. As amostras foram compostas por acaso, caracterizando o tipo de amostra como não-
probabilística acidental. Os critérios para seleção das amostras foram: edifícios residenciais;
de dois ou mais pavimentos e; localizados no centro urbano.

6
2.3 Instrumentos de coleta de dados

Para entrevistar os responsáveis pela gestão dos condomínios, foi elaborado


questionário, com série ordenada de perguntas fechadas de múltipla escolha, acompanhada de
instruções. Procurou-se a elaboração de perguntas que possam justificar e mostrar o cenário
dos condomínios quanto a realização da gestão da manutenção.

2.4 Coleta e análise dos dados

Por meio do contato com empresas que atuam no ramo da administração de


condomínios, foi possível direcionar os questionários para os síndicos, facilitando e
agilizando o processo, com isto foi possível obter 11 questionários respondidos. Outra ação
tomada foi a distribuição dos questionários em forma digital, através da elaboração no Google
Formulários, aumentando a praticidade do processo e flexibilizando a situação para os
entrevistados, com este instrumento, foi possível obter 3 questionários respondidos.

A análise será realizada através de duas partes (figura 2):

1) Elaboração dos fundamentos teóricos, através do estudo bibliográfico;


2) Pesquisa prática, constatando a realidade, através do questionário respondido pelos
síndicos dos condomínios selecionados; e
3) Por fim, poderão ser somadas as partes, obtendo uma análise das teorias sobre a
manutenção predial preventiva e sua importância para o desempenho das edificações.

Após o preenchimento dos questionários, foram coletados e realizado a análise dos


dados. A organização dos dados será baseada na elaboração de gráficos, mostrando os
percentuais respondidos, podendo assim realizar uma melhor avaliação, não deixando de
expor os casos específicos que chamem atenção. A avaliação dos questionários será feita em
conjunto com a fundamentação teórica, assim como citado acima, as duas partes guiaram para
uma metodologia de avaliação final.

7
Figura 2: Metodologia de análise dos dados.

Fonte: Autores, 2017.

3 ANÁLISE E RESULTADO DOS DADOS

Apesar da existência de publicações nacionais extensas referente ao tema, é necessário


evoluir a disseminação do conhecimento a fim de se obter uma mudança cultural. Deve-se ter
em mente que um bom sistema de manutenção garante a conservação das edificações, mesmo
para aquelas consideradas mais antigas.
A falta de interação entre fabricantes de materiais, projetistas e construtores pode,
negativamente, interferir no produto final e satisfação dos usuários, devido ao
desconhecimento das necessidades de cada parte envolvida, podendo criar uma sequência de
erros em determinadas situações.
A edificação deve apresentar um nível adequado de desempenho, mas para que isso
seja concretizado, é preciso uma gestão especializada, eficiente e eficaz. Isto engloba a
necessidade de conhecimentos técnicos e administrativos que, normalmente, os síndicos dos
condomínios não dispõem. Como solução viável, os síndicos delegam estas funções a
empresas terceirizadas denominadas “administradoras de condomínios”, porém, é percebido
que essas empresas tratam das questões financeiras, não administrando, efetivamente, o
condomínio e suas reais necessidades, como tudo que envolva o planejamento de inspeções e
manutenções. Na prática, existe empresas especializadas para este fim, mas em nenhuma das
amostras desta pesquisa foi identificado este tipo de serviço.
Quanto as manifestações patológicas mais comuns nos condomínios residenciais,
pode-se considerar, através da amostra, que são as infiltrações, entupimento de caixas de
passagem, problemas nas instalações elétricas, fissuras e desprendimento de revestimento de
fachada. As manifestações patológicas devem ser tratadas desde os primeiros sinais, devido

8
ao processo sequencial de problemas que podem ser gerados, podendo uma infiltração gerar
problemas estruturais, elétricos, estéticos, etc. Daí se reforça a importância da inspeção
predial, atividade inserida no plano de manutenção preventiva.
Através do estabelecimento de procedimentos para elaboração e realização de serviços
de manutenção, a ABNT NBR 5.674:2012 busca definir dos conceitos mínimos através dos
parâmetros legais.
A maioria dos profissionais do setor da construção civil, como arquitetos e
engenheiros, não estão preparadas para lhe dar, de fato, com a questão da manutenção e sua
importância desde a concepção do projeto de um empreendimento. Falta conhecimentos
técnicos específicos para inserir e modificar os componentes tendo em vista, inclusive
priorizando, as futuras atividades de manutenção nas edificações, sendo este, mais um fator
que dificulta a adequada realização dos sistemas de manutenção. É preciso revisão das
formações acadêmicas, que não enfatizam a importância da manutenção, que deve ser
indagada desde a fase de concepção das edificações.

Algumas características podem ser apresentadas referente aos empreendimentos


solicitados:

a) 3 dos 14 condomínios encontravam-se com prazo de garantia da construtora em vigor;


b) A média foi de aproximadamente 45 unidades habitacionais por condomínio (2 não
souberam informar). O maior possui 104 unidades habitacionais.

3.1 A falta de comprometimento com o sistema de manutenção

Conforme gráfico 1, 71% dos síndicos informaram que os condomínios possuem


regras e procedimentos para um sistema de manutenção, porém, as perguntas posteriores do
questionário mostraram que estes sistemas não estão adequadamente elaborados.
Os sistemas de gerenciamento de manutenção dos condomínios abordados não
possuem um planejamento detalhado, isso reflete no atraso da identificação e correção dos
problemas, excluindo a possibilidade de intervenções preventivas e aumentando a quantidade
de intervenções corretivas que, certamente geram mais custos e constrangimentos.

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Gráfico 1: O condomínio possui regras e procedimentos elaborados para o sistema de
manutenção?

29%

71%

NÃO SIM

Fonte: Autores, 2017.

Assim como 71% dos questionados informaram ter regras e procedimentos para o
sistema de manutenção (questão 5), este mesmo percentual informou não possuir um
planejamento com cronograma para realização de inspeções (figura 3). Isto fortalece a
premissa de que esses sistemas não estão adequadamente elaborados. É comum os síndicos
considerarem o sistema de manutenção como algo simples, desconsiderando planejamentos e
previsões relacionadas a inspeções, e considerarem que a contratação de terceiros para
realização de manutenções, por si só, trata-se de uma gestão de manutenção.

Figura 3: Percentual obtido na questão número 6 e 7 do questionário.

29%

71%

NÃO SIM

Fonte: Autores, 2017.


10
Quanto a questão orçamentária, foi obtido os mesmos percentuais da questão número
6 (figura 3), com 71% dos síndicos informando que não existe planejamento orçamentário
para realização dos serviços de manutenção. A importância da realização deste planejamento
está diretamente interligada a redução do custo global e satisfação dos usuários, de forma a
evitar manutenções de caráter corretivo

3.2 A falta de qualificação para realização de inspeções prediais

Foi obtido que 50% dos condomínios questionados responsabilizam empresas


terceirizadas quanto a inspeção de seus condomínios, porém, foi percebido que se trata de
administradoras que, de maneira mais especifica, gerencia questões financeiras do
condomínio, e não realiza inspeções, conforme citado anteriormente, não podendo ser
considerado como uma empresa terceirizada que realiza inspeções.

Também foi obtido que 15% dos condomínios não designam um responsável fixo para
as inspeções, podendo ser interpretado que estes condomínios também não realizam
inspeções.

Figura 04: Quem é o responsável pela inspeção do condomínio?

50%

20%
15% 15%

TERCEIRIZADO SÍNDICO ENCARREGADO NÃO EXISTE


RESPONSÁVEL FIXO
PARA INSPEÇÕES

Fonte: Autores, 2017.

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Para analisar os que informaram designar a atividade de inspeção aos encarregados,
deve também ser considerado a questão 9, de modo que analisando os questionários por
completo, apenas um deles possuía treinamento para esta função (conforme questão 9, figura
4). De mesmo modo, apenas um síndico informou ter recebido algum tipo de treinamento ou
possuir especialização para a realização de inspeções.
A aplicação de inspeções periódicas nas edificações é uma das soluções mais viáveis
para a identificação de patologias que possam ocorrer antes mesmo que seus danos possam
ser efetivamente sentidos. Quanto aos 29% que não possuem treinamentos, sendo juntamente
analisado com a questão 8, o que pode ser verificado é uma intensa negligencia dos gestores
dos condomínios em relação a realização de inspeções, sendo este quadro invertido apenas
quando as patologias alteram verdadeiramente a funcionalidade dos sistemas da edificação. O
percentual obtido como “Terceirizado” deve ser analisado com cuidado, pois estes
condomínios informaram o nome da administradora como responsável pela realização de
inspeções na questão 8, como elas não realizam este procedimento, não pode ser considerado
tal percentual. Isto também mostra e enfatiza o desconhecimento e falta de interesse dos
síndicos e os proprietários de seus imóveis quanto a questão da manutenção.

Figura 5: O responsável pela inspeção do condomínio recebeu algum tipo de treinamento


especializado ou possui curso técnico para esta função?

36% 29%

36%

NÃO SIM NÃO SABE INFORMAR

Fonte: Autores, 2017.

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3.3 A falta de supervisão e registro dos serviços de manutenção

De acordo com a figura 6, percebe-se que os procedimentos de manutenção são


realizados sem o devido registro das atividades, de modo que não se tem um resultado
conclusivo sobre o estado da edificação, pois não haverá referencias e padrões que possam
medir o estado de conservação do empreendimento.

Figura 6: Quanto ocorre os serviços de manutenção, são supervisionados? Com etapa de


documentação e registros?

36%
64%

NÃO SIM

Fonte: Autores, 2017.


É extremamente importante que todos os procedimentos do sistema de manutenção
sejam acompanhados por meio de relatórios, contendo conteúdo fotográfico e resultados
parciais inicialmente obtidos, são esses relatórios que, inclusive, possibilitará a solicitação de
garantia (se realizados por terceiros) caso o problema torne a se manifestar.
A etapa de registro dos serviços de manutenção envolve, em alguns casos, questões
jurídicas, de modo que se não forem documentados e registrados os serviços de manutenção
preventiva, algumas garantias fornecidas pelos fabricantes de materiais e construtores podem
ser perdidas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal finalidade desta pesquisa foi analisar os conceitos acerca da manutenção


predial preventiva e sua importância para o desempenho das edificações. O estudo permitiu o
esclarecimento de questões importantes, através dos principais conceitos que cercam a
realização e elaboração de um plano de manutenção preventiva, expondo, inclusive, as
principais normas referentes.

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Através da pesquisa de campo, foi possível apresentar as manifestações patológicas
mais comuns dos condomínios, como as infiltrações, fissuras, instalações elétricas e
destacamento de revestimentos, alertando, no referencial, o nível de gravidade e risco que se
pode atingir decorrentes da negligência com as condições técnicas das edificações. Os
proprietários e síndicos não podem prescindir da obrigatoriedade da realização das inspeções
prediais com periodicidade, visando a manutenção, segurança e proteção. As
incorporadoras/construtoras precisam cumprir sua parte, elevando o nível de prioridade
quanto a questão da manutenção desde a etapa de concepção, projeto, execução e entrega de
seus empreendimentos, não deixando de realizar o treinamento e entrega das documentações
aos síndicos, pensando sempre nos usuários finais das edificações, pois, o produto precisa ser
entregue como previsto, para que o usuário desempenhe seu papel na gestão da manutenção,
sem maiores influências referente ao estado que a edificação foi entregue.
Foi possível considerar que apenas um plano de manutenção não garante uma gestão
adequada da manutenção predial, de forma que é necessário um conjunto de ações para que se
atinja o desempenho satisfatório da edificação ao longo do tempo, partindo desde o início,
como a avaliação e inspeção realizada por pessoas treinadas, habilitadas e qualificadas,
seguindo posteriormente com o controle e registro das atividades.

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de operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e recomendações para
elaboração e apresentação. Rio de Janeiro, 1998.

_. NBR 14.037: Manual de operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e


recomendações para elaboração e apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

_. NBR 5.674: Manutenção de edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 1999.

_. NBR 5.674: Manutenção de edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 2012.

_.NBR 15.575: Edificações habitacionais – Desempenho: partes 1 a 6. Rio de Janeiro, 2013.

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DARDENGO, C. F. R. Identificação de patologias e proposição de diretrizes de


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MG. 2010. 175 f. Dissertação de Pós-Graduação em Engenharia Civil apresentada à
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GOMIDE, T. L. F; PUJADAS, F. Z. A; NETO, J. C. P. F. Técnicas de inspeção e


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MONCHY, F. A função Manutenção – São Paulo: editora Durban Ltda. 1991.

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