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SUMÀRIO
Em 1882, imigrantes de maioria inglesa e alemã foram contratados como operários da estrada de ferro e passaram a fazer parte do
povoado do Sítio da Traição. Segundo registros, essas terras, em meados do século XIX, pertenciam a Joaquim Pedro Celestino Soares, um
capitão da Marinha Real Portuguesa.
Em 1913, a empresa de origem canadense Light and Power Company, substituiu o trem a vapor pelos bondes elétricos. Inicialmente os
bondes eram amarelos, depois vieram os bondes “camarão” que eram fechados e pintados de vermelho. O percurso dos bondes propiciou o
loteamento de chácaras e sítios, ocorrendo assim uma rápida urbanização ao longo de seu percurso. Diversas estações foram construídas, tais
como a estação Pavão, Vila Helena (nome de um pequeno bairro dentro do que é hoje Moema), e a estação Moema. O bonde camarão seguia
pela avenida Araci (atual Av. Ibirapuera) e a primeira parada, Moema, daria então origem a um dos bairros mais requisitados e valorizados de
São Paulo.
Os primeiros moradores que se instalaram ali, iniciaram a formação do bairro; eram famílias como os Caldas, Guimarães, Pinhão, Prado,
Silva, Colaço, Fernandes Barbante entre outros. Um morador deve receber atenção especial, era o então procurador geral do Fisco de São
Paulo, Sr. Raul Romeiro Loureiro. Paulistano, nascido em 1893 e que faleceu em Moema em 1984.
Na década de 20, houve uma tentativa do então prefeito Pires do Rio de criar um parque nos moldes dos parques internacionais como o
Central Park, em Nova York, o Hyde Park, em Londres. Mas a ideia não pôde ser concretizada, devido às condições alagadiças do terreno. Foi
então que um funcionário da Prefeitura, resolveu transformar esta área alagadiça em uma região cultivada. Esse operário da Prefeitura se
chamava Manuel Lopes de Oliveira, conhecido como “Manequinho” Lopes. Em 1927 ele começou a plantar dezenas de eucaliptos australianos,
com a finalidade de drenar o solo e com isso, o excesso de umidade.
Em 1929 veio a crise mundial, e com ela o Brasil, que se beneficiara com as exportações de café, teve a necessidade de modernizar-se,
o que significava – industrialização. Este fato alavancou o progresso do bairro, cuja principal atividade, nessa época, era a produção industrial.
Diversas fábricas se instalaram no bairro nesta década de 30, tais como: Tecelagem Indiana, onde atualmente está o Shopping Ibirapuera;
fábrica de linhas Setta, que existe até hoje (porém, transferiu-se para o município de São Bernardo do Campo em 2009, devido a necessidade
de expansão física), e a fábrica Fiat Lux (que hoje faz muito mais do que apenas fósforos e palitos de dente), na avenida Cotovia, e, tantas
outras.
Com a instalações fabris e a vinda dos imigrantes europeus, deu-se origem, às vilas operárias, formadas por casas simples de dois
quartos, banheiro, sala e cozinha.
O desenvolvimento de Moema intensificou-se com propriedade a partir de 1940, época em que a cidade crescia com a absorção de
novos bairros distantes e isolados, resultantes de loteamentos residenciais das áreas suburbanas, ao mesmo tempo em que ocorreu um
adensamento das edificações e da população nos bairros mais antigos. Nesse contexto de rápido crescimento da população paulistana entre
1920 e 1940, a região de Indianópolis é uma das que apresentam o maior crescimento populacional (Langenbuch, 1971). Outro fator que
proporcionou o crescimento populacional do bairro foi o alargamento e asfaltamento da avenida Santo Amaro, que ampliou as facilidades de
comunicação com o Centro da cidade. Esse período, marcado pelo intenso desenvolvimento demográfico, foi também um período bastante
significativo no cenário da arquitetura vertical paulistana.
O aeroporto da cidade na época, era no distante Campo de Marte (zona Norte), localizado em uma região em que normalmente alagava
devidos as chuvas, provocando a necessidade de construir-se um novo aeroporto; pois, além da questão dos constantes alagamentos, havia a
falta de segurança por estar localizado em uma região com muitas edificações ao redor. Assim, o aeroporto de Congonhas foi construído ao Sul
da cidade junto à atual avenida Washington Luís. Em 1936, o proprietário das terras do bairro de Indianópolis, Fernando Arens Jr., propôs ao
então procurador da república, Sr. Raul Loureiro a compra de uma fazenda chamada Campo do Congonhas, localizada no bairro do Campo
Belo, ao lado de suas terras. Apesar de o aeroporto de Congonhas não pertencer ao bairro de Moema, é importante salientar que, sua
influência na configuração urbana se tornou relevante. Como reflexo do desenvolvimento da cidade, o aeroporto, que ficava afastado da cidade,
hoje encontra-se envolto por um grande conglomerado urbano.
Avançando em alguns anos, mais precisamente para 1954, outro marco da cidade de São Paulo é concebido. O parque de Burle Marx e
Oscar Niemeyer, foi criado. Com atrações culturais, amplo espaço; são 158 ha ou 1.580.000 m² de área (146 campos de futebol). O terreno
cultivado por Manequinho Lopes foi transformado no Parque do Ibirapuera. Para a empreitada, uma comissão mista foi constituída; composta
por representantes da Prefeitura, do Estado e da iniciativa privada. À frente do programa, Francisco Matarazzo Sobrinho, o “Ciccillo”, elaborou
um programa de prioridades, tendo como foco do projeto, realizar uma intervenção urbana moderna, reunindo uma arquitetura e projeto
paisagístico arrojados.
No dia 21 de agosto de 1954 era inaugurado e entregue à população, o Parque do Ibirapuera, este que se transformou um patrimônio da
cidade de São Paulo e, um dos responsáveis pela alta qualidade de vida destacada dos moradores de Moema.
“Dos anos 30 até meados dos anos 50, a região de Moema era predominantemente industrial, atraindo com isso as várias vilas operárias
ao redor destas fábricas. Este era o perfil do bairro neste período”. (AZEVEDO, 1958).
A partir da década de 50, o processo de desenvolvimento urbano do bairro fica evidente e finaliza-se no final dos anos 60, época em que
o então prefeito Faria Lima conclui os trabalhos de urbanização e asfalto de todas as ruas do bairro. Nessa época, a unidade de conjunto
A fim de melhor entender o processo de verticalização do bairro, iniciado na década de 50, é importante considerarmos que esse
processo ocorre, invariavelmente, em decorrência do desenvolvimento tecnológico e dos investimentos na área habitacional e da construção
civil em geral, em virtude da política do desenvolvimentismo, criada pelo governo Juscelino Kubitschek (JK) no final da década de 50. Assim,
com a reformulação da estrutura social promovida nos anos de JK, o edifício vertical respondia a uma demanda social e a um interesse
econômico, no sentido de maximizar o aproveitamento dos lotes, valorizados pela sua situação de proximidade com áreas de concentração de
atividades.
A história de Moema elucida os motivos pelos quais esse bairro cresceu, e ainda continua crescendo a passos largos. Entre as décadas
de 50 e 90, sua população praticamente triplicou, embora os 8 quilômetros quadrados do bairro já fossem urbanizados e bastante ocupados.
Seja pela localização, seja pelas grandes vias de acesso, pela proximidade com o Parque do Ibirapuera ou pela boa infraestrutura, Moema
tornou-se um bairro atraente, principalmente para as classes altas. Essa demanda gerou uma superocupação do espaço, promovendo sua
verticalização. O processo de verticalização de Moema iniciou-se a partir da década de 60, quando o bairro ainda era composto por uma
população basicamente operária, devido à quantidade de fábricas existentes no local.
Todo este perfil apresentado despertou grande interesse por parte das incorporadoras e construtoras para a compra de terrenos
destinados à construção de edifícios. Segundo os registros e relatos de moradores mais antigos, e de forma mais contundente entre os anos de
1971 e 1972, época em que houve mudanças na legislação que implicaram modificações na lei de zoneamento, o que favoreceu a construção
de prédios residenciais e comerciais.
Com isso, o bairro que na década de 60 era uma região tranquila, com gabarito baixo composto por casas térreas, sobrados e prédios de
até quatro pavimentos, transformou-se em um bairro ocupado predominantemente por edifícios. A maior transformação ocorrida em Moema é
observada no final da década de 70, com a construção do Shopping Ibirapuera em 1976, fator responsável pela atração, desde aquela época,
de investimentos não só residenciais como também do comércio em geral. Este processo ocorre com frequência ainda hoje e cada vez mais as
casas dão lugar aos edifícios de alto padrão, transformando assim a paisagem do bairro. Os imóveis de médio e alto padrão prevalecem em
Moema. Esse aumento demográfico na região é constatado pelos índices dos últimos censos. Segundo a Base de Dados para Planejamento
(BDP) da Administração Regional de Vila Mariana (regional responsável pela região de Moema), o distrito de Moema caracteriza-se por uma
ocupação predominantemente residencial vertical e de alto padrão.
A história da verticalização na cidade é contada em períodos socioeconômicos distintos. De acordo com este entendimento cronológico,
o processo de verticalização de Moema (sendo um fragmento da cidade) será relatado a seguir por meio de alguns exemplos:
Por enquanto...
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) possui caráter universal e pretende ser uma medida geral e sucinta do desenvolvimento
humano de países ou regiões. Ele é calculado desde 1990 para todos os países do mundo. O objetivo foi o de oferecer um contraponto a outro
indicador muito utilizado, o PIB per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. A aplicação dessa metodologia
na escala municipal recebe o nome de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que é uma medida composta de indicadores de
três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda, as mesmas do IDH Global, embora alguns dos indicadores
usados sejam diferentes. Os indicadores considerados no IDHM são mais adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios
brasileiros, portanto passam por um ajuste metodológico. A Cidade de São Paulo é composta por 32 unidades administrativas conhecidas como
subprefeituras.
Atualmente, a subprefeitura Vila Mariana constitui uma das áreas mais valorizadas da cidade, com uma diversificação de atividades,
concentrando investimentos relacionados ao setor terciário, ao setor cultural, equipamentos públicos de saúde e lazer de âmbito regional, ao
lado de tradicionais bairros exclusivamente residenciais de baixa densidade associados à presença de áreas verdes, e de bairros
predominantemente residenciais com intensa tendência à verticalização.
O distrito de Moema é marcado pela presença dos bairros-jardim – Jardim Lusitânia, Vila Paulista, Vila Nova Conceição e Jardim Novo
Mundo – caracterizados pela ocupação residencial unifamiliar associada à existência de abundante vegetação; pelo equipamento de lazer de
porte regional – Parque do Ibirapuera – e edificações significativas do seu entorno, como o Instituto Biológico, Assembleia Legislativa, Círculo
Militar e Museu de Arte Contemporânea; pelos bairros de Moema e Indianópolis, nos quais predomina uma ocupação bastante diversificada,
com concentração de comércio e serviços e áreas de uso predominantemente residencial vertical; e, pelas áreas contíguas às avenidas Santo
qualidade de vida da cidade Amaro e Hélio Pellegrino, as quais vêm passando por um processo de transformação e requalificação decorrente
das intervenções da Operação Urbana Faria Lima e Corredor Santo Amaro. Moema obteve o status de melhor região com em 2016*. Há muitos
anos, o bairro da zona sul tem um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da Capital.
A escala vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho do local. Moema reúne as melhores condições da cidade, com
um IDH de 0,961 pontos. Mais do que estar em primeiro lugar na cidade, este índice é maior que o da Noruega, que tem o maior IDH do mundo
de 0,944. O Brasil, que ocupa a 79ª posição, tem IDH de 0,744*. Além de Moema, a zona Sul possui mais bairros entre os dez primeiros
Em termos da Política de Desenvolvimento Urbano proposta no Plano Diretor Estratégico (PDE) do Município de São Paulo – PDE (Lei nº
16.050/14), a subprefeitura Vila Mariana está contida no vetor de urbanização sudeste, na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana,
que tem como objetivos a promoção da convivência mais equilibrada entre urbanização e conservação ambiental, e a compatibilidade do uso e
ocupação do solo com a oferta de sistemas de transporte coletivo e de infraestrutura para os serviços públicos. O seu território está quase que
totalmente contido na Macroárea de Urbanização Consolidada - MUC, à exceção de uma pequena parcela correspondente à Operação Urbana
Faria Lima (quadras contíguas à Avenida Hélio Pellegrino) que está inserida na Macroárea de Estruturação Metropolitana - MEM.
No PDE são previstas várias melhorias no transporte público da subprefeitura. O prolongamento da Linha 5 - Lilás do Metrô, que terá
ligação com a Linha 1 - Azul (Estação Santa Cruz) e a Linha 2 - Verde (Estação Chácara Klabin) e a Linha 20 - Rosa que passará pela Av.
Sabiá no distrito de Moema. Há previsão em médio prazo (2025) de corredores de ônibus que seguirão pelas avenidas Indianópolis e República
do Líbano, Jabaquara e ruas Domingos de Morais e Vergueiro, avenidas Ibirapuera e Sena Madureira, Ricardo Jafet e Professor Abraão de
Morais, Complexo Viário Ayrton Sena e pela Av. Brasil. Dentre as ações setoriais previstas no plano de melhoramentos viários, cabe destacar a
lei que propõe o alargamento das calçadas da Av. Ibirapuera; e a proposta de prolongamento da R. Sena Madureira até a Av. Dr. Ricardo Jafet.
O setor terciário quem se destaca no padrão das atividades econômicas da subprefeitura. Esse setor, somado ao da construção civil,
responde por 92% dos empregos formais gerados na região. A maior concentração desse percentual corresponde à atividade de serviços, com
67% dos empregos gerados, sendo que os serviços técnico-administrativos constituem a principal atividade, seguindo, em ordem de importância,
os serviços de saúde, alojamento e alimentação e comércio varejista.
A versatilidade é o ponto-chave e função sine qua non que fazem do bairro, um lugar de destaque na cidade paulistana. O charme de
suas ruas com nomes que remontam um passado histórico tão rico e importante, ajudam a perpetuar o seu legado por décadas adentro. Dos
primeiros moradores e suas casas de bangalô, custando 30 contos de réis, aos edifícios imponentes de arquitetura inovadora valendo milhões,
Moema é a suma de uma cidade em constante crescimento; seja em busca de uma melhor qualidade vida ou localização estratégica, pode-se
dizer, sem dúvida alguma, que os moradores deste bairro são pessoas privilegiadas, coparticipes e fundamentais para a construção do país.
São empreendimentos de alto padrão, ricos em detalhes que atendem desde as expectativas mais altas as exigências mais basilares. De
cima a baixo, com calçadas interativas e convidativas, os dois novos marcos deste bairro ilustre, serão lembrados por muitos e muitos anos.
Projetados com a intensão visual de referência e diálogo com o entorno, o Elevo e o Siga, apontarão o norte e a tendência dos demais bairros
paulistanos.
Conviver com arquiteturas deste nível é um presente da Nortis aos paulistanos, a começar por Moema...
- Elevo Moema (lado pássaros)
Criação do renomado escritório de arquitetura Andrade Morettin, o Elevo se apresenta com o que há de melhor em modernidade,
conforto e tranquilidade. Em estilo europeu, com placas laterais que propiciam a climatização dos ambientes e o isolamento térmico; a redução
do consumo de energia, preservando o ecossistema; aos ambientes confortáveis. O projeto se favorece de um terraço que integra o living,
propiciando uma área social ampla, vinculando o íntimo e o externo. A sensação de convívio cosmopolita das grandes cidades internacionais,
também fara parte de Moema.
Oblíquo, único e generoso: são os adjetivos que resumem o Siga. Elaborado pelo escritório de arquitetura FGMF, a essência da
edificação está nos detalhes aparentes, porém, discretos que homenageiam a arquitetura contemporânea-moderna. Seus pilotis na entrada,
caixas suspensas, o concreto aparente, o desenho com caixilhos móveis (brises), dão vida ao edifício que se comunica constantemente com o
ambiente ao redor. Sua construção obliqua, ou seja, em diagonal a rua, o torna único. Juntamente, suas implantações de vistas livres, trazem a
generosidade e a possibilidade de personificação do ambiente.
As áreas sociais são outro capítulo à parte. A começar pelo térreo (distribuído por mais de 1.400 m² de terreno), em que estarão à sua
disposição: o salão gourmet integrado a churrasqueira; a brinquedoteca; e o playground com deck de madeira. Na cobertura ou terraço-jardim
(outro fundamento do modernismo), está: a piscina climatizada; a sauna úmida; e, o sky lounge com vista para Moema. O Siga é um projeto
abrangente, seja com suas opções de planta, áreas sociais, localização, arquitetura ou tecnologia. Com gerador e as placas termoelétricas; o
condômino não fica desassistido na ausência de energia. Consta, também, a instalação de um ponto de recarga para veículos elétricos,
tornando o Siga um projeto de selo-verde e autossustentável.
Se recordar é viver; o Siga Moema tem a estrutura para prover as melhores recordações...
Contudo, do que adianta de uma empresa promissora sem um grande líder, a regência de Carlos Terepins harmoniza todo o processo e
direciona a visão, sempre apontando para o norte. O caminho até o topo é árduo, entretanto, fica mais claro ao lado daquele que já esteve lá,
por diversas vezes. Sua antiga empresa (a Even) bateu os mais diversos recordes e ganhou o inúmeros prémios no mercado.
Costuma-se dizer que as coisas na vida nos são apresentadas em trio; não pelo volume, mas, pela concepção estrutural, onde, a retirada
de uma das partes, sobrecarrega as demais, ou, acaba por encerrar o ciclo. Dado o conjunto de regras que nos são impostas,
independentemente das condições que são, está implícita na natureza das coisas a qual todos os seres vivos compartilham as três condições a
seguir: espaço, tempo e quantidade. Organizam a nossa existência e nos impõem as regras do jogo. Por isso, existem os dilemas éticos na
humanidade; pela natureza do acontecimento das coisas em sequência. Decisões que envolvem tempo de maturação, recaem sobre o dilema
do certo ou errado, originando divergência, pois, para nós o ato acontece no tempo. Sendo assim, é o tempo que esconde aquilo que devemos
fazer.
Não é à toa que a economia brasileira está disposta em um tripé-macroeconômico. A composição deste tripé se dá através dos
elementos: câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal. São estes componentes macroeconômicos que lastreiam as ações da política
econômica e do Banco Central do Brasil (BACEN). Quem acompanhou o início da corrida presidencial, sabe bem como este assunto foi
pautado. Desde 1999 este modus operandi foi adotado pelo Brasil e por, praticamente, todas as nações ao redor do mundo – salvo aquelas de
economia fechada. Independentemente do ciclo econômico presente, a soberania do tripé permanece direcionando a toada da economia,
permitindo oportunidades aos astutos e crises aos provincianos. Quem deseja permanecer ativo no mercado, seja ele qual for, precisa
compreender a variação desses agentes, a fim de antecipar os acontecimentos e alinhar a estratégia empresarial. Não há como fugir das regras
simples da economia.
Tomando a conjuntura atual, como ponto de partida. O cenário de crescimento no curto prazo ainda é nebuloso, contudo, o porvir traz
sempre uma esperança mais agradável. A semiótica dos acontecimentos nos trouxe à uma realidade conturbada em certos aspectos,
desfavorecendo a confiança. Além disso, questões mais complexas que estão acima do tripé, assustam os investidores estrangeiros e desviam
seu foco para outros países exclusos de “assombrações”. O Brasil está (a meu ver) em um momento de transição mental, ao mesmo tempo em
que há um ajuste de expectativas econômicas.
Temos diante de nós um futuro promissor, com a certeza de uma retomada – não da forma como gostaríamos, mas, a qual
compreendemos que seja mais orgânica e saudável. A retomada do crescimento será introvertida e abaixo do esperado, pelas seguintes
razões: a ausência das reformas necessárias para o desafogar das contas públicas atrelada a uma carga tributária complexa, burocratizam o
crescimento do país. Não é apenas por isso, que o Brasil está atrás de países como Peru, Chile e México, que, apesar dos por menores, não
possuem a diversidade aqui encontrada. Porém, a riqueza do Brasil está muito além dos recursos que advém do solo. A base de uma economia
sólida está no contexto participativo da concorrência internacional. Diante do aquecimento norte-americano e da mudança no patrão de
consumo chinês, o Brasil necessita da melhor estratégia para acompanhar as duas maiores potências econômicas do mundo.
A força motriz brasileira para esta ascensão perpassa, claramente, pelo estado e, obviamente, pela cidade de São Paulo. O estado-
locomotor que, estimula as demais UFs com sua capital rica em negócios. A cidade São Paulo se caracteriza pelo crescimento linear que se
Livro digital (eBook) de Luiz Toledo – 1ª edição (Distribuição gratuita)
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reflete em todos os segmentos, inclusive no imobiliário. O mercado foi responsável pelo adensamento populacional e expansão da cidade. As
regiões pouco povoadas, hoje estão verticalizadas e precificadas; seja pela qualidade de vida, facilidade de locomoção, ou geração de
empregos. Os bairros paulistanos estão passando por uma reformulação desde 2015, graças ao Plano Diretor Estratégico (PDE). O que mudou
e muito a forma de se construir na cidade. A lei dá diretrizes para atualização de outras leis importantes, como a de Zoneamento, a de Uso e
Ocupação do Solo e o Código de Edificações.
Todavia, não se imaginava uma crise econômica dessa magnitude antecedendo um processo eleitoral tão difuso. A incerteza não paira
somente na economia, mas, na conduta política do próximo presidente. Enfatizando um clima de incerteza meramente psicológico e por vezes
exagerado, o futuro se tornou uma especulação secular, agravando a situação nacional e distorcendo o cenário já complexo. Cenário este que,
se projeta em todos os segmentos, alavancando o risco dos empresários, mesmo em um momento tecnicamente favorável. A roda da oferta
monetária está travada e teima em girar lentamente, refletindo a ausência de confiança, apesar da Selic em seu menor nível (6,5% a.a.). O
crédito se expande lentamente perante as famílias que optam por quitar suas dívidas, antes de retomar o consumo. O movimento é lento e
alternado, tornando a previsão dos próximos meses uma incógnita aflitiva para os preditores de plantão que adoram a estabilidade, e temem a
volatilidade dos mercados. Contudo, “se soubermos usar a volatilidade ao nosso favor, ao invés de lutar contra ela, a probabilidade de êxito é
maior; desde que haja mais ganhos do que prejuízos”, – Nassim Nicholas Taleb (Antifragile)
O mercado imobiliário ensaiou um aquecimento no início de 2018. Mas, a greve dos caminhoneiros corroborou para a ociosidade das
máquinas e da cadeia produtiva. O segmento usado como termômetro para uma economia aquecida não correspondeu as previsões e se
manteve abaixo do esperado, frustrando os mais otimistas. Em comparação ao mesmo período de 2017, os seis primeiros meses de 2018 para
construção civil, foram de crescimento, apesar do índice permanecer no negativo (-0,8%). Com isso, o Índice de Confiança da Construção
(ICST), da FGV, caiu 1,6 ponto em agosto, atingindo 79,4 pontos1. O resultado reverteu a alta de 1,7 ponto de julho. Em médias móveis
trimestrais, o índice variou -1,0 ponto. Embora, a percepção em relação aos negócios no momento corrente tenha melhorado nos últimos 12
meses, uma reversão desse movimento ainda deixaria a atividade em níveis historicamente muito baixos”, - Ana Maria Castelo, Coordenadora
de Projetos da Construção da FGV IBRE.
Visto que o crescimento populacional se encontra em declínio, em contrapartida com melhora na expectativa de vida dos brasileiros, e a
consequência seja uma óbvia redução na necessidade de consumo, atrelada ao fato de uma crise recente; formam um pout popurri de
problemas que, compostos em sequência dão a alusão de estar “andando para trás”, enquanto, os demais processos nacionais não se
resolvem. As incertezas serão precursoras das decisões, criando uma mística de “mal-estar” econômico, ocasionando um efeito psicossomático
social de Fear of Missing out (FoMo). Em consonância com as patinadas da economia brasileira, cria-se um cenário de ajuste indesejado:
ajuste, pela mudança de perfil populacional; e indesejado, pela recente crise. Não obstante na conjuntura social, o desemprego está acima dos
dois dígitos, enquanto o poder aquisitivo das famílias continua represado, forçando a construção civil a se adaptar aos novos tempos. Tempos
estes que, observando os pontos abaixo cingem maior competitividade em termos de oferta de crédito (portanto, mais acessíveis no longo
prazo) e personalização (já que o consumo está setorizado).
- Personalização: a aquisição de um imóvel ao longo do tempo foi absorvendo o cotidiano da população, incentivando o convívio no
condomínio e retardando o uso do automóvel. Este modelo de “smart cities” tem feito as construtoras repensarem seus projetos e adaptar
soluções integradas a rotina para atrair os futuros moradores, ao invés de oferecer somente o trivial. Neste caminho sem volta, a tendência é
manter o foco nas exigências do mercado e continuar aperfeiçoando os empreendimentos com tecnologia e sustentabilidade, atrelado a
redução de custo. O custo de produção será menor com o passar do tempo, porém, a demanda será maior pela localização; a depender da
região já adensada e verticalizada, o valor do metro quadrado tende a ditar a preferência do consumidor.
Segundo a Abecip (Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), “Os financiamentos imobiliários com recursos
das cadernetas de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 5,49 bilhões em junho e mostraram
recuperação no primeiro semestre. Os empréstimos avançaram 22,2% entre maio e junho, 44,7% entre junho de 2017 e junho de 2018 e
cresceram 23% entre os primeiros semestres de 2017 e de 2018, atingindo R$ 25,29 bilhões. Os números sugerem a continuidade de um
cenário mais favorável no segundo semestre, após um longo período de comportamento pouco satisfatório dos financiamentos no SBPE. Nos
12 meses compreendidos entre julho de 2017 e junho de 2018, foram aplicados R$ 47,88 bilhões na aquisição e construção de imóveis com
recursos do SBPE, elevação de 7,4% em relação ao apurado nos 12 meses precedentes. Foram financiados em junho, nas modalidades de
aquisição e construção, 19,7 mil imóveis, alta de 6,4% em relação a maio. Em relação a junho do ano passado, o aumento foi de 27,8%. No
primeiro semestre de 2018, foram financiadas aquisições e construções de 98,84 mil imóveis, avanço de 19,8% em relação a igual período de
2017, quando 82,53 mil unidades foram objeto de financiamento bancário”. (Fonte: Boletim Informativo de Crédito Imobiliário e Poupança –
Junho/2018 – publicado em 25/07/2018).
“Os dados de 2018 demonstram que o mercado de lançamentos imobiliários da Grande São Paulo permanece retraído, por conta do
reflexo da crise política/econômica que o País vem enfrentando nesses últimos anos. No primeiro semestre deste ano, a predominância foi para
a tipologia de 2 dormitórios, com o total de 6.285 unidades lançadas, representando 63% do mercado, com área útil média de 52,00 m² e preço
médio de R$ 345,0 mil. Os apartamentos do tipo studio e de 1 dormitório também tiveram números representativos, somando 1.875 unidades
lançadas, ao preço médio de R$ 464,0 mil. A metragem útil média é de 35,00 m². As zonas Sul e Oeste receberam o número maior de
lançamentos, com destaque para as regiões do Butantã, Moema, Vila Mariana e Osasco”. (Fonte: Samantha Furlan, Gerente do Departamento
de Pesquisa e Análise de Mercado EMBRAESP).
Oferta – O desempenho do mercado imobiliário da cidade de São Paulo registrou maior quantidade de vendas do que de lançamentos,
fato que impactou na quantidade de oferta final dos imóveis que, no período, teve queda de 16,6% em relação ao registrado em junho de 2017.
O mês de junho deste ano terminou com 17.558 unidades disponíveis para venda na cidade de São Paulo. Desse total, 3.642 unidades (21%)
estavam na planta, 11.752 (67%) unidades em construção e 2.164 unidades (12%) prontas.
Perspectivas – Tendo em vista o comportamento do mercado no primeiro semestre do ano e a sondagem feita junto a incorporadoras da
Capital, o Secovi-SP reviu as previsões para este ano, que ainda poderão ser impactadas pelo processo eleitoral em curso. Conforme o Secovi-
SP, as perspectivas são de uma redução nos lançamentos entre 8% e 10%, o que representa, aproximadamente, 28 mil unidades; e
crescimento nas vendas de 10% a 17%, com 25 mil a 27mil unidades vendidas durante o ano.
(Fonte: Pesquisa do Mercado Imobiliário - Departamento de Economia e Estatística | Balanço do Mercado Imobiliário de São Paulo, 1º Semestre de 2018)
O mercado imobiliário, em especifico na cidade de São Paulo, está conduzindo todo o arcabouço de mudanças dos próximos anos. Não
apenas pelo vanguardismo da própria cidade, mas também, pelo mercado ainda carente da região. O déficit habitacional e a morosidade na
construção civil, aliada aos ciclos econômicos curtos, incrementam a necessidade de recomeços mercadológicos inseguros e complexos. O
processo eleitoral e a falta de continuidade dos mínimos para uma economia denominada “estável” perpetuam a incerteza a cada dois anos. O
controle da inflação e a taxa de juros em patamares baixos acenam o início de um novo ciclo, porém, não garantem as ferramentas conjunturais
imprescindíveis ao país na concorrência mundial. A confiança de modo geral, e pilar invisível que sustenta toda e qualquer negociação
financeira, estimulando as próximas ações do mercado, está ausente no momento e, torna o risco proeminente. A apreensão do resultado das
eleições deste ano, potencializam o quadro incerto do rumo que iremos tomar nos próximos anos, mas, não nos retira a obrigação de percorrê-
los. Bem ou mal, iremos adentrar em 2019 e assim por diante, sem qualquer garantia de sucesso. Todavia, vale salientar que algumas medidas,
mesmo as mais simples, estão ocorrendo em paralelo, e atenuam os desafios afrente. Começamos a amadurecer politicamente como um povo
de voz ativa e que busca maior e melhor conhecimento quanto ao tema. A internet favoreceu o processo democrático e fez surgir um lado
pouco expresso, algo escasso e que vem ganhando notoriedade com o passar do tempo. Dada as mudanças necessárias e irrevogáveis,
estamos no momento de rever as escolhas do passado e exaustos da falta de comprometimento, o mercado amadureceu e sente o
descolamento da política com a economia. Porém, há urgência em se ter paciência, por inúmeras razões; o PIB brasileiro ainda terá uma longa
caminhada para até estar acima de 2,5%; a demanda na maioria dos segmentos continua reprimida e carente de confiança de ambos os lados
(empresário e cliente) – no atacado e varejo; o desemprego permanecerá alto pelos próximos 8 trimestres (acima dos dois dígitos), limitando o
consumo das famílias; o investimento estrangeiro direto (IED) está congelado a espera de um aquecimento interno, enquanto direcionam seus
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olhares para outras oportunidades mundo afora; a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), permanecerá com volatilidade até a definição do
cenário político, representando em tempo real o humor do mercado financeiro; os setores de serviços e indústria, continuarão a mercê da
volatilidade e do ânimo do consumo das famílias.
Em suma, há sinais claros de um crescimento econômico no país. Contudo, ainda distantes das previsões elaboradas no ano passado e
inconsistentes com as metas estabelecidas pelos empresários e mercados. O ponto de partida para um novo ciclo econômico foi dado e merece
ser considerado com uma oportunidade real ao Brasil, dependendo somente da postura estratégica das empresas perante esta ascensão de
demanda. O ano de 2018 se qualifica como um ensaio aos períodos vindouros com adaptações, ajustes e correções. A retomada do
crescimento só será possível, através da resolução dos nossos gargalos estruturais: Sistema Tributário disfuncional; ambiente negativo de
negócios; baixo grau de abertura comercial; melhoria da infraestrutura; e, qualificação de capital humano. Sem isso, o país ficará, cada vez mais
distante das performances alcançadas nos períodos de 2003 a 2008, com PIB médio de 4,2% e de 2009 a 2014, com PIB médio de 2,8%.
Sendo em 2014 a nossa menor taxa de desemprego com 6,8%.
O FMI projetou um crescimento global de 3,9% para 2018 e 3,7% para 2019, reforçando o início de um novo ciclo econômico mundial,
liderados por EUA e China. Na qual o Brasil não pode deixar de aproveitar, para recomeçar sem a corrosão dos gastos Públicos. A Reforma
Fiscal – EC 92/2016 – insinuando uma participação do Governo mais tímida e pontual. Em que a Emenda certifica a correção pela inflação do
ano anterior, com duração de 20 anos (vigência), pode sofrer ajustes, mas, somente após o 11º ano. Com isso a projeção das taxas de juros
com vencimento para 5 e 10 anos caíram respectivamente para 9,16% e 9,90%. Permitindo uma oferta monetária mais barata nos próximos
anos e sem viés inflacionário. Desde que haja bom senso em manter a meta inflacionária sob rédea curta, aplicando o aprendizado do passado
recente em que os resultados foram negativos, justamente, por fazer o contrário. Deixar de seguir as metas não ajuda a manter o ciclo
econômico longo pelo prazo suficiente para uma recuperação consolidada: isso ocasiona no famoso “voo de galinha”; uma oscilação abrupta da
no crescimento e demanda, retirando muito cedo o poder aquisitivo das famílias e prejudicando a manutenção e continuidade do mercado. A
quebra desta regra, não só prejudica o mercado, mas também, agride diretamente o tripé-macroeconômico. Encurtando o período de expansão
e jamais permitindo um “voo de águia”.
Estamos diante de uma oportunidade sem precedentes: caminhar com as próprias pernas no Brasil nunca foi tão fácil.
- “Existirá sempre uma passagem de tempo entre a minha decisão e a comprovação da minha saberia ou não
da minha decisão”.
(Prof.: José Monir Nasser – Aula: Dilemas éticos, tempo e Providência – A consolidação da Filosofia: Boécio)
- CAPÍTULO 6: IDH E A DINÂMICA INTRAURBANA NA CIDADE DE SÃO PAULO* (Por: André de Freitas Gonçalves e Marcos Toyotoshi
Maeda (2016)
- Carta de Conjuntura - Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea (Leonardo Mello de Carvalho -
Técnico de Planejamento e – nº 40 — 3 ° TRIMESTRE DE 2018).
- Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras Perímetros de Ação – Vila Mariana – Prefeitura de São Paulo
(Dezembro/2016)
- Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras Quadro Analítico – Vila Mariana – Prefeitura de São Paulo
(Dezembro/2016)
Fontes e Tamanho
Dedico este livro digital (eBook) ao Sr. Eduardo Ferreira de Toledo (1951-2018), sem o qual eu jamais teria condições para escrevê-lo, a
Sra. Ana Luiza Diaz Siscart de Toledo que me possibilitou ótimas recordações de Moema, em especial pelos natais na rua Normandia e ao
André Luiz Siscart de Toledo pelo apoio e ajuda.
No mercado, os agradecimentos vão aos senhores Anderson e José Baptista, pela oportunidade de iniciar a profissão de corretor
estagiário, sem seus ensinamentos iniciais não seria possível compreender a importância da profissão de corretor de imóveis.
Um agradecimento ao meu gerente, Gustavo, que sempre apoiou o meu trabalho e me abriu as portas para participar deste início
importante da Nortis. E, um agradecimento especial ao Sr. Carlos Terepins, cuja coragem nos contagia cotidianamente, e direciona para
atravessar as adversidades do mercado imobiliário.
Contato:
Cel. (11) 99186-4660 ou (11) 98889-1836
E-mail: toledo.luizeduardo@gmail.com