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Resumo do projeto de implantação do núcleo de neuropsicologia cognitiva do LCL do

CCH da UENF.
A neuropsicologia cognitiva é o ramo da psicologia dedicado a compreender como
concretas e efêmeras excitações neurais, transformando-se em abstratas e permanentes
representações mentais, dão origem e configuram o pensamento, a linguagem e o sonho dos
homens.
Ora, as representações mentais, produto das funções cognitivas superiores, não podem ser
consideradas simples somatórios dos estímulos captados pelas diferentes modalidades
sensoriais. Resultantes da associação do Sistema Nervoso Central (cérebro) com o sistema
Nervoso Periférico (os sentidos), elas participam tanto da elaboração do mundo externo ou
real, quanto do mundo interno, imaginário ou onírico dos homens.
Como cada espécie só capta os estímulos para os quais possui receptores apropriados
deduz-se que existam tantas realidades quantas espécies sobre a face da terra. Embora os
sistemas tátil e vestibular sejam comuns à maioria das espécies, somente algumas raras
espécies invertebradas, alguns insetos, e a maioria das vertebradas, possuem órgãos visuais
e auditivos.
Conhecer a contribuição, os limites e o domínio de cada uma das diferentes modalidades
sensoriais na estruturação das representações mentais, elementos bases da cognição humana,
tornou-se, um desafio para os estudiosos da neuropsicologia cognitiva.
Um dos aspectos mais instigantes da cognição humana é o padrão predominantemente
visual de suas representações mentais, sejam elas reais (perceptivas) ou oníricas
(mnêmicas).
Considerando-se as dimensões da área cortical visual do Sistema Nervoso Central dos
homens, uma pergunta se impõe: Que tipo de realidade constrói os homens desprovidos de
visão?
Para responder a esta pergunta, e a muitas outras, dela decorrentes, os pesquisadores do
Laboratório de Cognição e Linguagem do CCH da UENF um Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Neuropsicologia Cognitiva (NEPENC) elegeram como método científico a
análise comparativa dos conteúdos sensoriais reais e oníricos de indivíduos, privados
sensoriais e motores e íntegros.
Em decorrência do seu caráter multidisciplinar, o método neuropsicológico cognitivo
pressupõe conceitos de diferentes ramos do conhecimento científico, mais especificamente,
do filosófico (principalmente, os relacionados à epistemologia ou teoria do conhecimento, à
fenomenologia e à filosofia da mente), do neurológico (relacionado à embriologia, à
anatomia e à fisiologia do sistema nervoso) e do psicológico (relacionado a
neurolingüística, à psicologia do desenvolvimento, à comparativa, cognitiva, clínica e
experimental), utilizando-se também em suas pesquisas tanto abordagens metodológicas
qualitativas, formais e lógicas comum às ciências humanas, quanto abordagens
quantitativas, mais comuns às ciências exatas.
Para Herman, (em Arroux 1999 tomo 2:1628) todo “método científico se alimenta no corpo
de conhecimentos constituídos, o desenvolve, o modifica e o amplia. Seus resultados (fatos,
leis, teoria, procedimentos) são cumulativos porém, provisórios, sua objetividade resulta da
aplicação rigorosa e intersubjetivamente verificável dos procedimentos num enquadre
ontológico compatível ao realismo científico. A metodologia científica é crítica, realista,
coerente, ela combina as fontes do formalismo lógico-matemático com os recursos
sistemáticos da experiência. Ela tem como objetivo instituir um conhecimento
aproximativo, parcial, mas confiável, de natureza preditiva, explicativa e aplicável.”. Deste
modo, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Neuropsicologia Cognitiva NEPENC do LCL
do CCH da UENF, oriundo da linha de pesquisa “Processos Cognitivos” vem se
dedicando ao estudo comparativo dos conteúdos das vivências reais e oníricas, obtidas
através de questionários, entrevistas e testes de sujeitos privados sensoriais e motores e de
sujeitos íntegros em diferentes situações experimentais.
Destaca-se, a seguir, algumas das atividades realizadas pelos componentes do NEPENC do
LCL do CCH da UENF.
1 - LINHA DE PESQUISA: “Processos Cognitivos”

2 - OBJETOS DE ESTUDO
2.1-Processos Cognitivos Superiores (Memória. Atenção, Pensamento,
Linguagem, Sonho)
2.2- Estados de Consciência (Vigília, Sono e Sonho)
2.3- Sistemas Sensório/motores
2.4 -Privações Sensório/motoras;
2.5 -A Representação Mental;
2.6 –Intermodalidade;
2.7 -Espaço e Tempo;
2.8 -A auto-representação;
2.9 -Sexualidade e Gênero;
2.10 –Mitologia;
2.11 –Psicopatologia;

3. ATIVIDADES

3.1. Publicações
3.2.Oficina de construção de objetos anatômicos;
3.3. Oficina de traduções;

4. COORDENADORA
Dra. Sylvia Beatriz Joffily

5. PESQUISADORES AUXILIARES
Ms. Patrick Wagner de Azevedo
Ms. Munira Queiroz
Ms. Ana Lúcia Barros Contino
Mestranda Maria Júlia Melo
Mestranda Hildeny R.S. Lima
Ms. Ana Bianca Rocha Miranda
Doutoranda Priscila Quintanilha Braga
Mestranda Zuleica Strogulski

6.PROFESSORES COLABORADORES
Dra. Cláudia Vargas –(BIOF/UFRJ)
Dr. Rubens Reimão – (APM/SP)
Dra. Sueli Regina Gottochilich Rossini (USP/SP)

7. AUXILIARES
Suéllen Pessanha Buchaúl

8.PRODUÇÃO CIENTÍFICA

 Bases Conceituais da Neuropsicologia Cognitiva (Apostila do


NEPENC), org. Sylvia Beatriz Joffily. LCL/CCH/UENF. 2005.
 Contino, Ana Lúcia B. e Joffily, Sylvia B. (baseado na dissertação de
mestrado)
A construção do espaço psicológico real e onírico em indivíduos privados
de visão.
Resumo: Considerando-se que a noção de espaço depende da eficácia funcional dos órgãos sensoriais periféricos e principalmente da
visão, modalidade sensorial abrangente e imediata, investigou-se que outra modalidade sensorial seria a responsável pela configuração
das representações mentais espaciais nos indivíduos privados de visão. Para isso elaborou-se um questionário/entrevista cujas respostas
foram gravadas em fita cassete e posteriormente transcritas para o papel. Dividiu-se a amostra em cegos de nascença e cegos tardios
(aqueles que perderam a visão após os 6 anos de idade). Constatou-se que embora a modalidade tátil fosse dominante nas representações
mentais espaciais dos cegos (precoces e tardios) também observou-se a presença de indícios sensoriais auditivos e de informações de
terceiros. Quanto à capacidade locomotora em lugares abertos, fechados, conhecidos e desconhecidos, os cegos em seus relatos referiram-
se, além das modalidades sensoriais acima citadas, à um tipo de indício sensorial/cognitivo que não pode ser vinculado a nenhuma das
modalidade sensoriais conhecidas. Na grande maioria dos relatos, a representação mental espacial onírica reproduzia a representação
mental espacial do estado de vigília. Nos dois grupos de cegos estudados (tardios e precoces) o tato se revelou como sendo a única
modalidade sensorial eficaz na evocação de memórias de longo de prazo. Alguns requisitos mostraram-se importantes para a fixação das
representações mentais espaciais que possibilitam a movimentação e a orientação no espaço externo: a ordem, a repetição, a atenção, a
concentração e a imaginação prévia do lugar. Do acima exposto, concluiu-se ser o tato a principal modalidade sensorial configuradora da
representação mental espacial nos indivíduos privados de visão. A audição embora desempenhe um papel secundário, um referencial “a
mais” nas configurações representacionais mentais espaciais dos indivíduos privados de visão (memórias de longo prazo), ela
desempenha, na orientação espacial imediata (memórias de curto prazo), um papel significativo, tanto em espaços abertos, quanto em
fechados, conhecidos e desconhecidos.

 Queiroz, Munira e Joffily Sylvia B. (baseado na dissertação de mestrado)

O “ESPAÇO ONÍRICO” COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA


DAS RELAÇÕES ENTRE O CORPO SEXUAL E A MENTE
ERÓTICA NA SEXUALIDADE FEMININA (2005)
Resumo: A diferença biológica, marcada no corpo, divide a humanidade. Assim, ao nascer encontra-se no mundo da linguagem o que irá
significar o gênero a que se pertence. Até meados do século XIX as mulheres, não existiam como entidade civil, delas esperava-se que
correspondessem ao que já estava designado para elas, ao que era definido para o seu gênero. À partir do século XIX, o acesso à leitura
foi essencial para romper o isolamento do espaço doméstico. A mudança da situação feminina propiciou a emergência de novas
sensações e novas representações mentais.
O trabalho realizado objetivou a compreensão dos fenômenos da sexualidade feminina, bem como, estabelecer as relações entre o corpo
sexual e a mente erótica através das representações mentais e vivências emocionais das mulheres. Buscou-se, ainda, compreender como
concretas e efêmeras excitações neurais, transformando-se em abstratas e permanentes representações mentais, dão origem e configuram
o pensamento, a linguagem e o sonho. Investigou-se as relações da mente erótica com o corpo sexual, engendrando-se os conceitos de
mente erótica sexual, mente mística e mente assexuada.
CASUÍSTICA
As Idéias e doutrinas utilizadas na realização deste estudo: Abdo e Garriblia F. (2000), Angier(2000), Bear (2002), Chauí 1996, 1985),
Clément e Kakar (1997), Damásio (2004, 2000, 1996), LeDoux (1998), Ramachandran (2002), Reimão (1996) e Roudinesco (2003).
Foram selecionadas 6 mulheres residentes na cidade do Rio de Janeiro pertencentes aos vários níveis sócio-econômicos e educacionais.
METODOLOGIA
Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com mulheres, na cidade do Rio de Janeiro e construiu-se um estudo de caso, a fim de
desvendar os processos cognitivos que envolvem a sexualidade feminina. Através de algumas representações da feminilidade buscou-se
fornecer subsídios para os tipos de postura erótica-sexual aventadas (mulher “complemento”, “inferiorizada”, “idealizada” e “desejante”)
e para a compreensão das mentes postuladas no estudo. Observou-se a existência ou não de sonhos eróticos e a descrição das imagens
oníricas como reveladora da dinâmica mental.
RESULTADOS
O desejo sexual foi investigado através da descrição de sensações corporais e vivências sexuais corporais, como também, pelas
descrições de sonhos, fantasias, imaginação, memórias evocadas, emoção e sentimentos. Identificou-se na fala das entrevistadas que as
mulheres que relataram ausência de sonho erótico corporal sexual, apresentaram também disfunções sexuais, por ausência de desejo e na
dificuldade de finalização sexual (anorgásmica).
CONCLUSÃO
A investigação iniciada nesse trabalho, das mentes e das suas relações com o corpo sexual, foi tratada como um meio de compreender
as motivações e as orientações da sexualidade feminina. A relevância de tal estudo contribui para os debates contemporâneos, que
envolve uma nova área pouco explorada, a neuropsicologia cognitiva. Os resultados obtidos evidenciaram a existência de determinados
padrões de comportamento erótico sexual, contudo o estudo não pode generalizá-los.

 Queiroz, Munira e Joffily, Sylvia B


ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA COGNITIVA DAS
RELAÇÕES ENTRE O CORPO SEXUAL E A MENTE ERÓTICA
NA SEXUALIDADE FEMININA (2005) (baseado na dissertação de
mestrado)
O trabalho realizado objetivou a compreensão dos fenômenos da sexualidade feminina, bem como, estabelecer as relações entre o corpo
sexual e a mente erótica através das representações mentais e vivências emocionais das mulheres. Buscou-se, ainda, compreender como
concretas e efêmeras excitações neurais, transformando-se em abstratas e permanentes representações mentais, dão origem e configuram
o pensamento, a linguagem e o sonho. Investigou-se as relações da mente erótica com o corpo sexual, engendrando-se os conceitos de
mente erótica sexual, mente mística e mente assexuada.

Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com mulheres, na cidade do Rio de Janeiro e construiu-se um estudo de caso, a fim de
desvendar os processos cognitivos que envolvem a sexualidade feminina. Através de algumas representações da feminilidade buscou-se
fornecer subsídios para os tipos de postura erótica-sexual aventadas (mulher “complemento”, “inferiorizada”, “idealizada” e “desejante”)
e para a compreensão das mentes postuladas no estudo.
Utilizando-se o enfoque da neuropsicologia cognitiva obteve-se um novo olhar sobre as transformações que marcaram profundamente a
sexualidade feminina, dando a esta possibilidade de assumir contornos mais definidos.
Os resultados obtidos evidenciaram a existência de determinados padrões de comportamento erótico sexual, contudo o estudo não pode
generalizá-los. À medida que entrou-se em contato com a idéia da relação mente erótica / corpo sexual, outros conhecimentos puderam
ser sedimentados e constatou-se que as teorias atuais, isoladamente, não esgotam o assunto, uma vez que os fenômenos vislumbrados
requerem um aprofundamento teórico e o estabelecimento de limites metodológicos.

 Azevedo,.Patrick W. e Joffily, Sylvia B.:

Sexo e Visão (baseado na dissertação de mestrado)


e-mail: joffily@uenf.br
patric@acessototal.com.br
representações mentais; privação sensorial (visual), sonho, representações mentais.
Resumo

Considerando-se a importância da integridade anátomo/funcional dos órgãos sensoriais periféricos, principalmente da


visão, na busca e captação dos estímulos sensoriais que possibilitam a construção e a evocação das representações
mentais que favorecem o despertar e a manutenção do desejo sexual masculino, elaborou-se, no Laboratório de
Cognição do Centro de Ciências do Homem da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, uma estratégia
de pesquisa que permitiu avaliar o peso das diferentes modalidades sensoriais (visual, tátil, auditiva, olfativa) na
elaboração dos processos cognitivos que envolvem a atividade sexual masculina.
Pesquisou-se quatro grupos de dez indivíduos: cegos natos; cegos precoces (cegueira por volta da adolescência), cegos
tardios (cegueira após a adolescência) e videntes. Respostas fornecidas a um questionário, previamente elaborado,
revelaram que o padrão da imagética sexual variava de acordo com as tendências inatas e funcionais dos grupos
estudados. Nos indivíduos, usuários da modalidade sensorial visual, o desejo assumiu características,
preponderantemente, imediatas e impessoalizadas; nos indivíduos, usuários da modalidade tátil, o desejo assumiu
características, mediatas e pessoalizadas. Os indivíduos que perderam a visão por volta da adolescência, evidenciaram,
além de um desejo mediato e pessoalizado, uma ansiedade bem maior àquela apresentada pelos sujeitos dos demais
grupos.

 Azevedo Patrick W. e Joffily, Sylvia B.

O DESPERTAR COMO MECANISMO DE DEFESA CONTRA CONTEÚDOS ONÍRICOS


SEXUAIS (baseado na dissertação de mestrado)
Introdução: A pesquisa de mestrado realizada no Laboratório de Cognição e Linguagem do CCH da UENF, denominada "Sexualidade:
Desejo e Cognição" evidenciou alguns resultados interessantes, dentre eles, o que permite atribuir ao despertar, a condição de mecanismo
de defesa. Para Freud (1915), mecanismo de defesa seria o nome dado às afecções neuróticas que surgem quando o ego tenta se libertar
de representações mentais, consideradas inaceitáveis do ponto de vista moral / social.

Metodologia : Pesquisou-se, de forma exploratória e por análise de discurso, sonhos eróticos de homens cegos e videntes. Buscou-se
identificar as relações causais existentes entre as representações mentais visuais eróticas com o desejo sexual masculino.

Casuística : Foram realizadas cinco entrevistas com homens entre 20 e 40 anos de idade. Coletou-se o relato verbal de um cego de
nascença, um indivíduo que ficou cego na adolescência, dois indivíduos que ficaram cegos após a adolescência e um vidente.
Entrevistou-se voluntários em diferentes instituições de cegos do estado do Rio de Janeiro.

Resultados: Através da análise dos sonhos distinguiu-se três tipos de sonhadores: 1 -o primeiro composto por sujeitos que, atribuindo ao
seu conteúdo onírico sexual um caráter "socialmente inaceitável", interrompem a experiência onírica com o despertar, impedindo desta
forma o orgasmo. 2 - o segundo composto por sujeitos incapazes de descreverem o conteúdo representacional de seus sonhos, e que
constatam no momento do despertar, terem ejaculado durante o estado de sono. 3 - o terceiro composto por sujeitos que não só relatam,
sem maiores restrições, o conteúdo sexual de seus sonhos, como também reconhecem terem ejaculado durante a excitação sexual onírica.
Neste último grupo, a representação do ato sexual onírico se dava sempre sendo praticado com a companheira sexual atual.

Conclusões: Baseado nestes achados, deduz-se que o despertar poderia servir, para determinados sujeitos, como uma espécie de
mecanismo de defesa, último recurso para impedir a vivência, mesmo que imaginária, de desejos e intenções socialmente "inaceitáveis".
É importante frisar, que o despertar atuaria como mecanismo de defesa, desde que a censura não fosse suficiente para deformar o
conteúdo manifesto dos sonhos eróticos. Na análise dos sonhos, não foi possível observar diferenças significativas entre os sonhadores
cegos e os videntes em termos de atuação da censura. Para um resultado mais abrangente propõe-se replicar a pesquisa com um maior
número de indivíduos.

Bibliografia:
 FREUD, S. Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1981.
 GARCIA – ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. , 1998.

 Azevedo Patrick W. e Joffily, Sylvia B.

O DESPERTAR COMO MECANISMO DE DEFESA CONTRA CONTEÚDOS ONÍRICOS


SEXUAIS (baseado na dissertação de mestrado)
Introdução: A pesquisa de mestrado realizada no Laboratório de Cognição e Linguagem do CCH da UENF, denominada
"Sexualidade: Desejo e Cognição" evidenciou alguns resultados interessantes, dentre eles, o que permite atribuir ao
despertar, a condição de mecanismo de defesa. Para Freud (1915), mecanismo de defesa seria o nome dado às afecções
neuróticas que surgem quando o ego tenta se libertar de representações mentais, consideradas inaceitáveis do ponto de
vista moral / social.

Metodologia : Pesquisou-se, de forma exploratória e por análise de discurso, sonhos eróticos de homens cegos e videntes.
Buscou-se identificar as relações causais existentes entre as representações mentais visuais eróticas com o desejo sexual
masculino.

Casuística : Foram realizadas cinco entrevistas com homens entre 20 e 40 anos de idade. Coletou-se o relato verbal de
um cego de nascença, um indivíduo que ficou cego na adolescência, dois indivíduos que ficaram cegos após a
adolescência e um vidente. Entrevistou-se voluntários em diferentes instituições de cegos do estado do Rio de Janeiro.
Resultados: Através da análise dos sonhos distinguiu-se três tipos de sonhadores: 1 -o primeiro composto por sujeitos que,
atribuindo ao seu conteúdo onírico sexual um caráter "socialmente inaceitável", interrompem a experiência onírica com o
despertar, impedindo desta forma o orgasmo. 2 - o segundo composto por sujeitos incapazes de descreverem o conteúdo
representacional de seus sonhos, e que constatam no momento do despertar, terem ejaculado durante o estado de sono. 3
- o terceiro composto por sujeitos que não só relatam, sem maiores restrições, o conteúdo sexual de seus sonhos, como
também reconhecem terem ejaculado durante a excitação sexual onírica. Neste último grupo, a representação do ato sexual
onírico se dava sempre sendo praticado com a companheira sexual atual.

Conclusões: Baseado nestes achados, deduz-se que o despertar poderia servir, para determinados sujeitos, como uma
espécie de mecanismo de defesa, último recurso para impedir a vivência, mesmo que imaginária, de desejos e intenções
socialmente "inaceitáveis". É importante frisar, que o despertar atuaria como mecanismo de defesa, desde que a censura
não fosse suficiente para deformar o conteúdo manifesto dos sonhos eróticos. Na análise dos sonhos, não foi possível
observar diferenças significativas entre os sonhadores cegos e os videntes em termos de atuação da censura. Para um
resultado mais abrangente propõe-se replicar a pesquisa com um maior número de indivíduos.

Bibliografia:
 FREUD, S. Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1981.
 GARCIA – ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. , 1998.

 Mello, Maria Júlia G. e Joffily, Sylvia B. (dissertação de mestrado em


andamento)

O EFEITO DA PRIVAÇÃO DO SONO NO DESEMPENHO DA ATENÇÃO NÃO


INTERATIVA (EXTRÍNSECA) EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Uma das principais finalidades do trabalho científico é sistematizar e precisar conceitos. É nesse sentido que a presente pesquisa propõe a
criação do conceito de “atenção interativa” para definir a um tipo de atenção contextualizada e abrangente, que possibilita a interação
recorrente de espaços cognitivos bem caracterizados mudando seu foco atencional de uma realidade em espaço externo, considerado real,
físico, sensível e motor - o estado de vigília, para uma realidade ou espaço interno, considerado virtual, abstrato, mnêmico e
representacional - o estado de sono paradoxal, através da passagem por um espaço ou realidade de caráter nebuloso, pouco nítido - o
estado de sono lento ou profundo.

O tema central deste trabalho consiste em investigar a atenção. A atenção é atualmente considerada uma das mais complexas e
fundamentais das funções cognitivas. Indispensável ao exercício das demais funções, o seu caráter intrínseco e extrínseco é que
possibilita ao sujeito cognosciente atender seletivamente a estímulos, sejam eles externos (sensações), ou internos (memórias). O
conceito de atenção pode ser estudado a partir de duas grandes vertentes. A primeira, mais radical e mais abrangente aqui estudada e
pesquisada através do mecanismo mental que permite a uma determinada classe de organismos vivos (em especial, os mamíferos),
dirigirem seu processo atencional ciclicamente para o mundo externo (onde alimenta seus processos cognitivos, através de ações e
sensações) e para o mundo interno (onde se alimenta de representações mentais, ou memórias). Neste caso a atenção, aqui denominada
“interativa”, dado o seu caráter de interação, se confunde com os diferentes estados de consciência: vigília, sono e sono paradoxal; em
uma segunda vertente, mais específica e menos abrangente que se dedica à captação de informações dentro de cada um dos diferentes
estados de consciência. Através da atenção, o sistema nervoso seleciona as diferentes informações sensoriais e mnêmicas, eliminando
umas e concentrando-se em outras. Neste sentido, a atenção é uma espécie de foco consciente, específico da consciência. Este caráter
seletivo da atividade consciente, manifesta-se tanto na percepção externa (sensório-motora), como na interna (pensamento, imaginação,
sonhos). Atenção e consciência são, portanto, funções complementares, por conseguinte, pode-se inferir que a alternância dos diferentes
estados da consciência, vigília, sono e sono paradoxal, também dependem do foco atencional dirigido para cada um destes estados, dentro
do ritmo circadiano do organismo. Na verdade o que se pretende é inserir a função atencional nos mecanismos que regem os diferentes
estados de consciência. Pode-se falar de uma “atenção interativa” que, dependendo espaço para o qual dirige seu foco, revela o estado de
consciência em que se encontra o sujeito, podendo ser caracterizada nos três espaços distintos: 1) Zona de atenção extrínseca no conteúdo
da vigília: focada nas sensações, dependente das informações sensoriais. 2) Zona de atenção latente no conteúdo do sono lento:
obnubilada, flutuante, inespecífica. 3) Zona de atenção intrínseca: em primeiro plano – no conteúdo do sono paradoxal; e em segundo
plano, em surdina, no estado de vigília, como conteúdo imagético, ambas focadas nas memórias.

O substrato orgânico do nível mais elementar da atenção – o estado de alerta, indispensável à sobrevivência do indivíduo, depende da
atividade do sistema ativador reticular ascendente (SARA), localizado no tronco encefálico, o qual controla não só a atividade elétrica do
córtex cerebral, como também, dentre outras funções, está a regulação dos estados de sono e de vigília.

Durante muito tempo pensou-se que o sono era um fenômeno passivo, resultante da falta de ativação da formação reticular, contudo,
numerosas pesquisas vieram esclarecer que, embora a estimulação elétrica da formação reticular resulte, quase sempre, em ativação
cortical, a sua estimulação em algumas áreas específicas como o bulbo e a ponte, produzem o sono.

O sono é uma enigmática e complexa função biológica que varia de indivíduo para indivíduo, em profundidade (fases do sono) e
extensão (quantidade de horas de sono). Embora não se saiba até então, qual seria exatamente a função do estado de sono, sabe-se que ele
influencia, indistintamente, todas as funções do cérebro e do resto do organismo. Em condições naturais o ritmo sono-vigília sincroniza-
se tanto com fatores endógenos, ou seja, estruturas biológicas conhecidas como marcapassos ou relógios biológicos, como também, com
fatores exógenos, sincronização externa, constituídos por fatores ambientais, agentes sicronizadores, ou arrastadores conhecidos como
Zeitgebers (um neologismo alemão que significa “doadores de tempo”).

Quanto aos efeitos da privação de sono, experiências de privação total do sono em humanos voluntários, por longos períodos, resultaram
em respostas biológicas, tais como a fadiga excessiva, irritabilidade, transtornos de atenção e diminuição da capacidade discriminativa.
Em alguns casos os indivíduos podem desenvolver alucinações, transtornos do equilíbrio, da visão e da expressão da linguagem. A
privação seletiva do sono REM não pode ser mantida por muito tempo, pois provoca episódios de microssono que invadem o estado de
vigília de forma incontrolável. A privação parcial do sono decorrente das exigências da vida cotidiana, resulta em acúmulo de débito de
sono, que em condições normais de trabalho e/ou estudo, não se expressa sob forma de episódios de sono, mas sim, sob forma de redução
do desempenho, inclusive com um risco muito maior para a ocorrência de acidentes de trabalho.

O presente estudo, que se inclui no campo da neuropsicologia cognitiva, tem como objetivo inventariar, avaliar e relacionar os efeitos da
privação do sono no desempenho da atenção não interativa (extrínseca) em estudantes universitários, durante os horários de aula alocados
em período de maior propensão à sonolência. Através do Teste de Atenção Concentrada, Toulouse-Piéron, da Bateria CEPA, que se
destina a medir a rapidez de reação e exatidão ao executar uma tarefa simples, de natureza perceptiva, sem recorrer a funções intelectuais,
do instrumento “Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh”, validado para a língua portuguesa, utilizado em pesquisas nacionais e
internacionais para avaliar a qualidade de sono dos indivíduos (avaliação subjetiva) e do Teste - Escala de Sonolência Epworth (avaliação
subjetiva), pretende-se obter uma melhor compreensão da capacidade dos sujeitos em alterar o seu enfoque atencional do estado de
vigília para o estado de sono “atenção interativa” e avaliar os efeitos da privação do sono no desempenho de sua “atenção não interativa”
(extrínseca) no estado de vigília. Dessa forma pretende-se obter informações que possam servir de subsídios para se reconheça que uma
boa higiene do sono, auxilia na performance da atenção e, conseqüentemente, num melhor funcionamento cognitivo.
Para a avaliação da “atenção não interativa” (atenção concentrada) será utilizado o teste Toulouse-Piéron da Bateria Fatorial CEPA
validado em pesquisas (2001) em Porto Alegre (e interior do RS) e Rio de Janeiro (e interior do RJ), resultando na construção de Quadros
e Tabelas com medidas Estatísticas específicas que facilitarão a análise dos dados coletados, no caso específico da pesquisa em tela será
usada a tabela referente ao RJ -interior.
A avaliação do sono será feita através de questionários, como o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), validado por Buysse e
cols, 1989, o qual se destina a avaliar a qualidade subjetiva do sono e a presença de distúrbios do sono, no período de um mês anterior à
sua aplicação. A pontuação global do PSQI superior a 5 permite diagnosticar pessoas com distúrbios de sono, além de diferenciar aquelas
com sono de boa e má qualidade. A sonolência diurna excessiva (SDE) será medida pela Escala de Sonolência Epworth (ESE), que tem
um elevado grau de consistência interna, medido pelo índice alfa de Cronbach (0,88).
A análise estatística será baseada nos testes, ANOVA para a análise de variância, e Pearson para análise de correlação simples.
RESUMO (dissertação de mestrado em andamento)
Autores: Mello, Maria Júlia G. e Joffily, Sylvia B.
LABORATÓRIO DE COGNIÇÃO E LINGUAGEM- CCH – UENF

Introdução: A presente pesquisa tem como finalidade estabelecer um recorte nos distúrbios do sono relacionados ao ritmo circadiano, e
relacionar a qualidade do sono e a estabilidade da atenção não interativa, em estudantes universitários.
Metodologia: Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva que pretende traçar o perfil da qualidade do sono de estudantes
universitários de curso noturno e estabelecer uma correlação entre os efeitos da privação do sono e a capacidade de manutenção da
atenção nos períodos de aula alocados em horários de maior propensão à sonolência. Quanto aos meios de investigação, configura-se
como uma pesquisa de campo do tipo participativa, que conta com a colaboração de estudantes universitários implicados no problema
sob investigação.
Casuística: A amostra é constituída por estudantes do turno noturno, do Curso Normal Superior (licenciatura), do Instituto Superior de
Educação de Bom Jesus do Itabapoana – RJ. A amostra de estudantes foi dividida em três grupos específicos: os que não trabalham, os
que trabalham em meio período e os que trabalham em período integral.
Instrumentos utilizados: Para a execução da coleta de dados, utilizou-se dois instrumentos (questionários): O Índice de Qualidade de
Sono de Pittsburgh, a Escala de Sonolência Epworth. Para avaliar a atenção aplicou-se o Teste de Atenção Concentrada Toulouse –
Piéron da Bateria CEPA.
A análise estatística será baseada nos testes, ANOVA para a análise de variância, e Pearson para análise de correlação simples.
No momento a pesquisa encontra-se na etapa de coleta de dados.

Palavras – chave: Atenção, vigília, sono e sono paradoxal.

 Joffíly, Sylvia B.

O SONHO PRECURSOR DA INDIVIDUALÍDADE NOS


MECANISMOS SOCIAIS HUMANOS (artigo)

Revista de Psicologia Clínica. Pós-graduação e Pesquisa.


Departamento de Psicologia, PUC. Rio. Vol. 7, 1995/ 6
pg.59/84
Introdução

Cerca de meio século separa duas importantes contribuições ao pensamento psicossocial contemporâneo a psicanálise de
Sigmund Freud [ 1856/1939] e a psicologia de Lev Semenovich Vigotskv [1 896/19341.

Em 1895, um ano antes do nascimento do psicólogo russo Vigotsky, Freud, então com 39 anos, ao interpretar o sonho de um
sobrinho de seu amigo Breuer, antecipando-se às modernas descobertas da neuropsicologia, ressalta a importância do conteúdo simbólico
dos sonhos no desenvolvimento e equilíbrio das funções psicológicas do ser humano (Jones, 1970).

Em 1900, em seu livro A Interpretação dos Sonhos, Freud define o processo onírico como um acontecimento psicológico que,
independentemente da vontade, traz à consciência fragmentos de experiências vividas durante o estado de vigília, as quais, por algum
motivo, permanecem inconscientes em algum lugar da nossa mente (Freud, 1969).

Décadas mais tarde, Vigotsky, ao estudar o processo de "fala interior" como precursor do pensamento, descreve os signos
implícitos nesta "fala" como "mediadores psíquicos" responsáveis pelo desenvolvimento dos processos mentais superiores, tais como "o
controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às características do momento e espaço
presente" (Kohl de Oliveira, 1993).

(pg.60) Partindo da hipótese de que toda e qualquer relação pressupõe um mediador, Vigotsky, conclui que o principal mediador das
relações sociais humanas é a linguagem oral, ou seja, a palavra. Sendo a palavra o resultado da união do "som ao significado". é ao
significado da palavra que Vigotskv atribui o sentido maior na complexa relação existente entre pensamento e fala (Vigotsky, 1991).
A palavra, para ele, possuiria a capacidade generalizadora de resumir em um só complexo sonoro, vocábulo, vários elementos
significantes. Assim a reunião de conjuntos, classes ou grupos de vocábulos atuaria como um poderoso instrumento relacionam
possibilitando um discurso reflexivo. individualizado e muito mais complexo da realidade. A esse arranjo associativo ímpar e
personalizado denominou-se “pensamento verbal" (Vigotsky; 1991). A palavra, para ele, possuiria a capacidade generalizadora de
resumir em um só complexo sonoro, vocábulo, vários elementos significantes. Assim a reunião de conjuntos, classes ou grupos de
vocábulos atuaria como um poderoso instrumento relacional, possibilitando um discurso reflexivo, individualizado e muito mais
complexo da realidade. A esse arranjo associativo impar e personalizado denominou-se “pensamento verbal” (Vigotsky, 1991).

Na ausência desse sistema de símbolos ou signos individualizado, seja ele verbal ou não, capaz de estruturar esse arranjo
renovável, estabelecer-se-ia uma comunicarão social estereotipada, primitiva, instintiva, limitada e repetitiva como aquela que
encontramos em seres menos evoluídos (Vigotsky; 1991 ). Assim , tanto o sonho concebido por Freud, quanto a palavra concebida por
Vigotsky , ao atuarem como arranjos individualizantes de traços mnêmicos, evidenciaram uma capacidade generalizadora que permitia ao
homem selecionar e agrupar, num mesmo e único episódio, diferentes tempos, espaços, circunstâncias e emoções.

Os modernos recursos da neurociência confirmam que o sonho, apesar de aparecer tardiamente na escala filogenética, e, para o ser
humano, ainda durante a vida uterina, como possante instrumento mediador dos mundos interno e externo . Antes mesmo que as
primeiras palavras possam ser compreendidas e expressas pela criança o “sono agitado” do feto e o “sono paradoxal” do recém-
nascido entra em ação , atuando como um sistema integrador de memórias filo e ontogenéticas , dando início a um processo
crescente de individualização social, reforçado, mais tarde , pelo exercício do sono paradoxal do adulto (Jouvet,1992).

(pg. 61) Os Conceitos de símbolos e signos ,sonho e pensamento verbal produzidos por Freud e Vigotsky, atuariam então,
como elos de ligação entre a milenar sabedoria do "Mandukya Upanishad" dos indianos e as modernas teorias psicobiolócas que, na
atualidade, preconizam serem os sonhos do recém-nascido os principais responsáveis pelo surgimento dos processos de individualização
social.

Diz a teoria indiana que existem quatro diferentes estados de consciência: o primeiro, denominado "Vaiçvanara" ou "Jagrt",
a que possibilita ao homem o relacionamento com o mundo exterior, o segundo, "Taijasa" ou "Sushupti", o sono, que o relacionaria
com o mundo interior; o terceiro, "Prajña" ou "Svapna", o sonho, no qual todas as experiências internas e externas e estariam
confundidas; e o quarto, "Turiya", o invisível, inacessível, indefinível ,impensável ,inominável, em que a consciência não se
distinguiria mais da inconsciência (Coxhead e Hiller, 1976; Aurobindo, 1972).

-Agora estás sonhando. Com quem sonhas? Sabes?


-Ninguém sabe.
-Sonhas contigo. E se deixasses de sonhar? O que seria de ti?
- Não sei.
- Desaparecerias. És um personagem de seu sonho.
Se despertasses esse rei, tu te apagarias como uma vela.

Lewis Carrol
"Through tbe looking glass"

Também para Michel Jouvet, neurologista francês, estudioso dos processos oníricos, o ser humano é um produto daquele
terceiro estado de consciência, o "Prajña" ou "Svapna" em que a experiência externa é reavaliada frente à experiência interna. Para ele"O
homem é sonho", pois é através daquele peculiar estado mental que a condição de tornar-se uma individualidade no indiferenciado meio
relacional dos animais menos evoluídos é conquistada (Jouvet, 1992; Mazet 1993; Joëlle, 1977).

A Instalação do "Prajãa", o sonho

Recentes pesquisas demonstram que o sonho, paralelamente à "neurogênese interrompida" e à "homeotermia". Desempenha
um papel relevante no estabelecimento da individualidade social na escala filogenética.

(pg.62) O reino animal, do ponto de vista da neurogênese pode ser dividido em duas categorias: a primeira, representada por
animais cujo processo neurogênico mantém-se atuante ao longo de toda a vida; a segunda , por aqueles nos quais a produção de células
nervosas interrompe-se por volta do nascimento.Na primeira categoria encontramos animais de sangue frio ou exotérmicos cuja
temperatura corporal é determinada pelo calor ambiente; na segunda, a maioria dos animais de sangue quente ou endotérmicos que, por
possuírem uma atividade oxidativa própria apresentarn urna produção metabólica relativamente alta de calor (Hardy, 1979).

Animais de sangue frio - tais como os peixes, répteis e anfíbios, prisioneiros que são de uma neurogênese contínua,
encontram-se submetidos a uma informação genética nutridora de comportamentos e de condutas hereditárias que os limita a uma
atividade relacional estereotipada, confinada geralmente a um pequeno espaço físico, território, onde as grandes mudanças climáticas,
geográficas e sociais não estão previstas (Jouvet,1992; Avala-Guerrero, 1990). Estes animais, não individualizados, quase
indiferenciáveis quando observados em grupo, não apresentam em seu estado de sono aquela fase denominada "sonho" (Velluti, 1990).
Neles apenas dois estados de consciência podem ser observados, o estado de vigília e o de sono, o "Vaiçvanara" -. o "Taijasa" dos
indianos (Jouvet, 1992).

Os pássaros parecem representar um desvio no processo evolutivo entre os animais de sangue frio e os de sangue quente.
Apesar de endotermas (animais de sangue quente), e tendo um cérebro semelhante ao dos ectotermas (animais de sangue frio),
apresentam curtíssimos períodos de sonho (Jouvet, 1992) e uma neurogênese intermitente que, reaparecendo durante certas estações do
ano, permite-lhes reinstalar informações genéticas relacionadas aos cantos de caráter social próprios de sua espécie (Konishi, 1994;
Avala-Guerrero, 1990; Jouvet, 1992).
É nos mamíferos, animais de sangue quente, endotérmicos ou homeotérmicos, nos quais a produção de células nervosas
(neurogênese) é interrompida precocemente logo após o parto, que surgem durante o estado de sono os primeiros sinais de sonho.
Neles, um novo sistema motor voluntário, "Sistema Piramidal", envolvendo também as estruturas' sensoriais instalando-se religando
diretamente o córzex à medula. Com esse novo recurso, aliado a uma produção relativamente alta de calor, estes animais libertam-
se das condição térmicas ambientais, criando independência para explorar territórios bem mais arnpIos do que aqueles ditados por
sua informação genética (Jouvet, 1992; Ayala-Guerrero. 1990; Hecaen e Jeannerod, 1978). Três diferentes estados de consciência
podem então, ser observados no comportamento dos mamíferos a partir da interrupção da produção de células nervosas: o estado de
vigília- o do sono e do sonho. ou o "Vaiçvanara", o "Taijasa" e o "Prajña" de sabedoria indiana.

(pg.63) Pela ótica filogenética, fica evidente que é a partir da instalação desta capacidade, "produção de sonhos" ou sono
paradoxal (REM). que certos comportamentos mais sofisticados e mais aprimorados, como a "eleição de parceiros" e a individualização
social”, têm lugar. A escolha voluntária dos companheiros' é um tipo de liberdade rião observada em seres menos evoluídos como os de
sangue frio ou mesmo naqueles invertebrados ditos "sociais", tais como as abelhas e as formigas Nestes, a eleição relacionar voluntária,
individualizada, é inexistente, sendo o seu convívio social uma função estereotipada, inconsciente e totalmente determinada pelas
necessidades instintivas programadas geneticamente (Andrade Cunha, 1980).

Como exceção à regra, impõe-se o caso dos golfinhos. Estes mamíferos não apresentam sinais observáveis de sono paradoxal
ou REM durante seu estado de sono apesar de possuírem um relacionamento social bastante evoluído, não só dentro de seu grupo
genético como também com representantes da espécie humana. Até o presente momento, não há uma explicação plausível para este fato.
Mamíferos aquáticos atípicos, os golfinhos apresentam um sistema pulmonar voluntário que, quando sob anestesia geral, pára de
funcionar levando-os à morte. Esta trágica condição não seria diversa da generalizada hipotonia, decorrente do sono paradoxal, a não ser
por uma peculiar estratégia da natureza: a atividade cerebral destes animais é capaz de ser mantida em dois diferentes estados de
consciência vigília e sono, simultaneamente. Alternando estes dois estados entre seus hemisférios cerebrais, estes animais são capazes de
permanecer nadando. despertos enquanto dormem... (Mukhametov. 1984; Challamel e Thirion, 1979).

(pg.64) O “Prajña” como “sono REM” na instalação da individualização social

O ser humano é, ao nascer, como a maioria dos mamíferos, um animal frágil e dependente. Visando a sua sobrevivência, a
natureza equipou-o de um instinto altamente gregário traduzido por um forte vínculo relacional que o obriga a satisfazer as necessidades
vitais de seus parceiros. Este vinculo, exercitado de início na relação familiar, amplia-se e enriquece-se, transformando-se numa
linguagem relacional de ajuda mútua. individualizada, característica principal dos seres ma.is evoluídos.

Segundo recentes achados da neuro-psico-biologia, o repertório de reflexos sociais inatos que compõe o instinto gregário
forma-se durante o sono agitado do feto e do recém nascido, transformando-se em um vínculo social mais complexo e elaborado ao longo
da vida, através do processo de sono paradoxal, ou sono REM do adulto.

Tanto o sono agitado do feto e do recém-nascido quanto o sono paradoxal ou REM do adulto dependem de estruturas
neutoanatômicas subcortiais e corticais que sofrem desde o início da vida, além das modificações bioquímicas, intensos processos de
mielinização, arborização dendritíca, aumento do número de contatos sinópticos e conseqüentes alterações bioelétricas (Costa da Costa
1993).

No final da década de 70, pesquisadores observaram que o córtex de mamífero recém-nascido, apesar de imaturo, apresentava
um número muito maior de conexões sinápticas do que o córtex dos adultos. Eles concluíram que, logo após o nascimento-, o mamífero
sofre uma intensa, rnudança na conectividade nervosa do córtex cerebral eliminando uma grande parte dos prolongamentos nervosos
anteriores estabelecidos (Innocenti et al., 1977; Wise e Jones, 1976).

(pg.65) Em 1984, Innocenti, estudando o cérebro de gatos recém nascidos, constatou que o sistema visual e auditivo destes animais
estavam intimamente conectados, ao contrário do que ocorreria na idade adulta. Este tipo de conexão-precoce, que desaparece logo
após o nascimento pela eliminação dos ramos de axônios correspondentes, recebeu o nome de "conexão transitória" (Innocenti et ai.,
1988).

Em 1985, Dennis O'Leary, do Salk Institute, em San Diego, mostrou que os prolongamentos nervosos que partem do córtex
cerebral para a medula espinhal de roedores recém-nascidos, ao contrário daqueles do animal adulto que partem exclusivamente das
regiões anteriores do cérebro, originam-se de todo o córtex incluindo as regiões mais posteriores como as do córtex occipital relacionado
à visão. Estas constatações favorecem a hipótese da existência de um controle precoce, estritamente intrínseco, ligado à experiência
visual responsável pela atividade destas conexões temporárias (Dehay et ai., 1988).

Através da observação eletroencefalográfica constata-se que, antes dos sete meses de vida intra-uterina, o feto apresenta uma
atividade elétrica cerebral descontínua, na qual alternam-se períodos de quase completa inatividade (voltagem em tomo de 5 microvolts)
com outros de atividade delta (estado de sono). A partir do sétimo mês gestacional, o registro encefalográfico vai tomando-se mais
contínuo. À medida que a retina adquire 'uma estrutura definitiva começam a surgir sinais da presença de movimentos oculares rápidos,
PEM. Por volta do oitavo mês gestacional, todos os quatro estágios do sono, inclusive o sono paradoxal ou R.EM já estão em pleno
funcionamento (Costa da Costa, 1993).

Ao pesquisar o comportamento precoce de ratos e gatos recém-nascidos, D. Juvet-(Mounier observou nesses pequenos
mamíferos a presença quase ininterrupta de um tipo de funcionamento mental semelhante ao sono paradoxal do anima) adulto, mas cujo
substrato neurológico era bastante diverso (Joélle, 1977). A este estado, caracterizado por uma precoce e quase permanente agitação
motora de origem medular (Joëlle,1977), em que sacudidelas mais ou menos violentas dos membros, cabeça e tronco (Hecaen e
Jeannerod, 1978; Adrien, 1977).

(pg.66) A partir da segunda semana de vida daqueles animais, uma atividade elétrica, diferenciada, começa a manifestar-se
em seus pequenos cérebros e por volta da terceira semana a maioria de seus neurônios cerebrais, inclusive os motores, passam a
apresentar uma intensa excitação, precedida por um estado de sono lento, acompanhada por movimentos oculares rápidos (REM). É,
pois, somente a partir dessa atividade excitatória cortical e sub-cortical rápida, contínua, e de baixa voltagem, semelhante àquela que
ocorre no estado de vigília, que observa-se os sinais característicos do sono paradoxal do animal adulto, o sono “REM”,capaz de
propiciar, por sua vez, a instalação da individualização social.

Para Michel Jouvet o chamado “sono sísmico”do animal e o “sono agitado” do feto e do recém-nascido, espécie de
precursores do sonho paradoxal e do sono REM do adulto, teriam a função de estimular o Sistema Nervoso Central em formação,
estabilizando, ainda no útero e logo após o nascimento, combinações de neurônios e sinapses que viriam a colaborar, mais tarde, nas
condições motoras e afetivas dos reflexos instintivos e nos mecanismos sociais primários necessários ao estabelecimento dos vínculos
relacionais provenientes dos primeiros meses de vida (Jouvet, 1992; Jouvet, 1977).

Estudos desenvolvidos na Unidade de Pesquisas Neurofisiológicas do ISERM (U3, Pertier-Salpetrière) (Adrien, 1977)
evidenciaram a impossibilidade de localizar-se no S.N.C.as estruturas responsáveis pelo sono sísmico. Surpreendentemente, lesões nos
centros responsáveis pelo sono paradoxal do animal adulto, tais como aquelas que inutilizam os núcleos de Rafé e o Locus Coceruleus,
não impossibilitaram a coerência do sono sísmico. Para Adrien este fato explica-se porque o sistema nervoso, quando ainda imaturo,
independe de um "centro gerador', possuindo certas propriedades particulares, tais como a capacidade de criar atividades sincrônicas do
tipo"fásico”, pequenas sacudidelas que desaparecem com o amadurecimento nervoso do animal. Para ele, mecanismos difusos seriam
os responsáveis pela motricidade espontânea do sono agitado ou sísmico ainda durante a fase fetal. Somente à medida que estruturas
cerebrais superiores desenvolvem-se e amadurecem-se, centros específicos responsáveis pelo desencadeamento do estado de sono
paradoxal tais como o núcleo de Rafé e o Lócus Coeruleus, entrariam em ação (Adrien,1977).

(pg.67) Considerando que a maior intensidade do sono paradoxal apresentada pelos recém-nascidos humanos ocorre
exatamente no momento em que fatores genéticos ainda sobrepujam os epigenéticos, Michel Jouvet levanta a hipótese de que o sonho,
ao preparar o cérebro para reagir de maneira adaptada às futuras estimulações sensoriais, desempenha um importante papel na
formação dos sistemas mentais mais complexos, como aqueles relacionados à estruturação do neo-córtex e à escolha individualizada
dos parceiros sociais (Jouvet, 1977; Hecaem e Jeannerod, 1978).

É, ainda, quando o sistema nervoso dos mamíferos recém-nascidos encontra-se em processo de maturação com sua termo-
regulação bastante frágil e a sua produção de células nervosas prestes a encerrar-se, que se constata a mais alta taxa de "sono
paradoxal" (50 a 60% do período total do sono nos seres humanos, 80% a 90% nos gatos) (Jouvet, 1977; Jouvet, 1992). Essa alta taxa
de sono paradoxal dos recém-nascidos decresce à medida que a mielinização cerebral vai se completando até alcançar o nível
comumente encontrado no adulto normal. (10% do estado total de sono) (Jouvet, 1977).

O sono paradoxal ou sono REM, que tem origem no tronco cerebral, é caracterizado por quatro sinais fisiológico/comportamentais.
Dos quatro sinais, dois deles são exteriormente observáveis: a total perda de tônus muscular e os movimentos oculares rápidos,
REM. Os outros dois são internos: a intensificação da atividade cortical e a atividade pôntico-gênico-occipital, sistema POG (Jouvet,
1992). Enquanto que a atividade sub-cortical e cortical rápida, contínua e de baixa voltagem, é semelhante àquela que ocorre no
estado de vigília, o aumento significativo da temperatura cerebral e o desaparecimento do tônus muscular são considerados sinais
"tônicos", as pontas de alta voltagem registradas ao nível da ponte, que dirigem-se aos núcleos oculomotores, ao núcleo geniculado
lateral e ao córtex occipital (sistema PGO), responsável pelos movimentos oculares rápidos REM, são considerados sinais "fãsicos"
por surgirem de forma episódica e abrupta durante o sono (Jouvet, 1977).
(pg.68) Responsável pela aprendizagem endógena das expressões motoras, contidas no repertório de reflexos sociais
instintivos que se manifestam a cada nova etapa do desenvolvimento do indivíduo, o Sistema PGO do sono paradoxal desemaranharia,
também, um papel preponderante na individualização dos comportamentos sociais ao longo da vida.

A atividade PGO, segundo pesquisadores da Universidade de Laval, em Quebec, por interferir na grande maioria dos
neurônios que atuam na Formação Reticular, no Tálamo, nas áreas corticais e particularmente nos interneurônios Golgi tipo II,
responderia pela "aprendizagem", endógena de numerosos mecanismos motores integrativos que ocorrem durante o sono paradoxal
(Jouvet, 1992). Os interneurônios Golgi tipo II, apesar de permanecerem silenciosos durante o estado de vigília, são, à noite, durante o
sono paradoxal, os alvos específicos da atividade PGO (Jouvet, 1992).

A visão e o sonho

Em 1969, Evarts e Thach identificam ao nível da pirâmide bulbar duas categorias de células nervosas: os neurônios
“tônicos" e os "fásicos". Enquanto os primeiros, com axônios de pequeno diâmetro, apresentam uma atividade contínua durante o
estado de vigília, os segundos, detentores de um axônio de condução rápida , permanecem inativos durante este mesmo período
(Evarts eThach,1969).
Em 1988, Hobson e Mac Carley apresentam, baseados em pesquisas neurofisiológicas, a hipótese da "ativação síntese" na
formação de sonhos. Para eles, dois grupos de neurônios do tronco cerebral que interagem reciprocamente seriam os responsáveis pela
formação dos sonhos (Hobson, 1988).

Em 1990, Michel Jouvet descreve diferentes categorias de células nervosas que, surgidas no reino animal, ao mesmo tempo
que a homeotermia, criariam um novo modelo de conservação da individualidade genética em substituição ao antigo modelo de
neurogênese permanente. Neste singular modelo operacional atuariam dois diferentes tipos de neurônios: um mais arcaico e
dependente de estimulação exógena para ativar-se, que estaria submetido a um programa genético extremamente rígido, e um outro, de
formação mais recente e flexível, ativado endogenamente pelo sono paradoxal, que permitiria ao animal maior plasticidade neurológica
e, conseqüentemente, uma maior adaptabilidade ambiental, possibilitando-o assimilar comportamentos diversificados e
individualizados não previstos em seu código social genético (Jouvet, 1977; Jouvet, 1992). Este último tipo de neurônio, de
estimulação endógena estaria intimamente relacionado à motricidade, sendo portanto significativa sua influência na movimentação do
feto e do recém-nascido (Joëlle, 1977). Ativado pelo sistema "pôntico-gênico-occipital (PGO) do "sono paradoxal", esse tipo de
neurônio seria o.responsável pelos movimentos oculares rápidos (REM) que ocorrem nesta fase do sono (Jouvet, 1977).

(pg.69) Curiosamente, o "sistema pôntico-gênico-occipital" (PGO), que está em ação durante o sono paradoxal, corresponde
a uma das duas modalidades funcionais existentes no sistema visual dos mamíferos superiores, particularmente nos primatas. Nos
animais mais evoluídos, com a finalidade de satisfazer a diferentes necessidades, as fibras que deixam a retina subdividem-se em duas:
a primeira relaciona-se com a localização do estímulo visto e a segunda com a qualidade intrínseca do estímulo visual.

A via nervosa, que informa ao animal sobre a localização do estímulo externo na tentativa de responder à pergunta "onde",
é uma via de condução lenta que parte da retina e dirige-se ao Tectum ao nível dos Quadrigêmeos Anteriores. A via que informa ao
animal sobre a qualidade do estímulo relacionada à questão "o que é visto" é de condução rápida. Ela origina-se na retina, passa por um
primeiro relé ao nível do Corpo Geniculado Lateral e dirige-se posteriormente ao Córtex Estriado (Jeannerod, 1977), trilhando,
praticamente, o mesmo percurso traçado pelo sistema PGO responsável pelo sono paradoxal ou sono REM (Jeannerod, 1977; Dement,
1978).

Vertebrados mais primitivos como os peixes e batráquios, nos quais as fibras retinianas dirigem-se unicamente para o
Tectum , são seres primitivos incapazes de produzir sonhos e de interpretar formas. Estes animais, conseqüentemente, não estão aptos a
responder à pergunta "o que", apesar de possuírem uma orientação visual-espacial relativamente complexa que os permite responder à
questão "onde". A possibilidade de responder simultaneamente às duas questões: “ o que é" e "onde está localizado o estímulo visual"
representa um enorme avanço na discriminação dos estímulos circundantes e, conseqüentemente, na capacidade de identificar
individualmente os membros do grupo. Animais mais complexos como os mamíferos, por desenvolverem além da "via retino-tectal" a
“ via gênico-occipital", tornaram-se os primeiros seres vivos capazes de produzir sonhos e, em conseqüência, localizar, dar significado
e emprestar individualidade às formas visualmente percebidas (Jeannerod, 1977).

(pg.70) O conteúdo do “sonho sísmico” do animal assim como aquele do "sono agitado" do feto e do recém-nascido
humanos, equivale, de certa forma, à experiência visual externa de animais primitivos como os répteis. Estes, devido à limitação
visual ,que lhes é imposta pela "via retinotectal", experimentam um mundo estéril, desprovido de imagens visuais formais simbólicas,
muito difícil de ser avaliado. O padrão motor que determina a postura e as expressões faciais no feto e no recém-nascido durante a fase
agitada de seu sono não é, assim como a visão externa dos peixes e reptéis, acompanhado de imagens formais simbólicas. Este tipo de
sonho arcaico, em que alterações sucessivas de caráter motor predominam, tem a finalidade de impulsionar o novo ser a uma
aprendizagem postural endógena, inconsciente, acelerada. Ao nascer, o animal precisa estar apto a responder adequadamente a
inúmeras solicitações em que respostas imediatas à questão "onde" lhe serão vitais. (Reflexos de busca do mamilo materno, de
afastamento e aproximação a diferentes estímulos táteis etc.)

O trabalho de N.K Humphrey, da Universidade de Cambridge (Humphrey e Weiskrart, 1967), dedicado ao estudo do
comportamento visual de macacos cujo córtex estriado (visual) foi extirpado e o corpo-gênico-lateral-dorsal, conseqüentemente,
degenerou-se, é muito elucidativo. Ele constatou que, após um período de grave incompetência na coordenação viso/manual, estes
animais restabeleciam a capacidade de acompanhar visualmente objetos em movimento, assim como a de alcança-los com as mãos,
mas que permaneciam, porém, totalmente incapazes de atribuir aos objetos visualmente percebidos qualquer significado relacional.
Diante de um alimento apreciado, como uma banana, ou de um animal anteriormente ameaçador, como uma cobra, estes seres
descorticados visualmente passaram a não expressar nenhuma reação diferenciada, como interesse ou medo, evidenciando a perda total
da capacidade de atribuir significado aos escuros visuais como se tivessem perdido a capacidade de responder à pergunta “o que",
limitando-se a responder à pergunta "onde" (Evarts e Thach, 1969).

(pg.71) São os conceitos de "campo" e de "mundo visual" de J.J. Gibson (1974) que, segundo Humphrey, melhor explicam
aqueles comportamentos. O conceito de "campo visual", assim como o de "mundo visual", fazem parte do mesmo, e ainda misterioso,
processo sensorial denominado "visão". Enquanto o "campo visual" é um espaço restrito à visão frontal, o "mundo visual", por ser um
espaço infinitamente mais amplo e rico, engloba, além dos 180 graus de distância lateral e dos 150 graus acima e abaixo do alvo
focalizado, tudo aquilo passível de ser sensorialmente percebido nos 360 graus que envolvem o sujeito que vê. A grande abrangência
perceptiva do "mundo visual" é a responsável pela transformação dos estímulos planos e inexpressivos do “campo visual” em
estímulos do “mundo visual” complexos e plenos de significados (Gibson, 1974).

Segundo Humphrey (1972), os macacos desprovidos de córtex visual experimentariam tão-somente o "campo visual".
Tendo perdido definitivamente o recurso vivencial do "mundo visual", transformar-se-iam em animais inferiores, espécie de répteis,
incapazes de abstrair dos objetos visuais os atributos que lhes são específicos, tais como a forma, a distância, a cor, etc. Por não verem
mais "através" dos olhos mas "com" os olhos, estes animais transformar-se-iam em "agnósticos visuais", seres que tudo "vêem", mas
nada "reconhecem". Conseqüentemente, o conteúdo de sua visão passaria a ser algo inexpressivo. Tendo perdido toda a
"intencionalidade" do olhar, estes animais manteriam somente a primitiva tendência de “anotar”e “fixar” automaticamente figuras
eticamente diferenciadas, sem nenhuma outra elaboração perceptual. Como a movimentação corporal dos primatas está, em sua grande
parte, ligada à estimulação visual, o macaco visualmente descorticado apresentaria um empobrecimento global em sua motricidade,
caracterizando urna baixa motivação (Evarts e Thach, 1969).
(pg.72) Ao comparar as latências entre a chegada dos estímulos retinianos ao nível do córtex visual e sua resposta ocular
motora durante os estados de vigília e do sono paradoxal, M. Jouvet constatou que, surpreendentemente, o início dos movimentos
oculares rápidos (REM), característicos do sono paradoxal, ao contrário do que ocorre no estado de vigília, precede à chegada do sinal
endógeno não retiniano (atividade PGO) ao nível do córtex cerebral. Estes achados sugerem a existência de uma capacidade excitatória
sensorial, sobretudo visual, relacionada ao estado de sono paradoxal dos mamíferos. Esta mesma capacidade seria responsável pela
ativação motora de comportamentos sociais inatos, tais como as expressões de ataque, fuga, perseguição, acasalamento, alimentação, etc,
cujo funcionamento é independente da excitação sensorial que ocorre usualmente no estado de vigília (Jouvet, 1977).

Foi em 1953 que Aserinsky e Kleitman (1953) descreveram pela primeira vez a existência de uma movimentação ocular
atípica constituída por movimentos rápidos e bruscos, binocularmente sincronizados e de ocorrência esporádica, a qual foi por eles
associada a episódios visuais oníricos. Várias pesquisas foram então elaboradas procurando provar que a experiência visual onírica
ocorreria durante o período REM. Concluiu-se que a descrição verbal da experiência visual onírica não só se referia à fase REM do sono
como também coincidia com sua duração, padrão e seqüência espaço/temporal (Dement, 1978).

Entretanto, como foi assinalado por William C. Dement (1978), os movimentos REM, por aparecerem também durante o
sono de recém-nascidos e de seres descerebrados ou descorticados, favoreceram a idéia de que o conteúdo onírico não seria a única causa
deste tipo de movimento ocular. Segundo aquele autor, a movimentação REM atuaria, então, como um tipo de descarga motora não
específica no momento em que o córtex seria ainda um órgão imaturo ou inexistente. Porém, á medida que certas estruturas encefálicas
fossem se desenvolvendo e amadurecendo, essa atividade neural não específica seria suprimida e o aparelho oculomotor passaria a ser
utilizado na movimentação voluntária relacionada às imagens oníricas que, por sua vez, poderiam influenciar o conteúdo do sonho, como
num processo de feedback (Dement, 1978).

(pg.73) O relato apresentado por sujeitos cegos a respeito de suas experiências oníricas é extremamente interessante.
Segundo Michel Jouvet, estes indivíduos, mesmo quando cegos de nascença manifestam assim como os providos de visão, os chamados
movimentos oculares rápidos, REM, característicos da atividade PGO do sono paradoxal. Entretanto, seus sonhos são totalmente
desprovidos de imagens visuais, apresentando, em intensidade decrescente, sensações auditivas seguidas de táteis, quinestésicas,
gustativas e olfativas (Jouvet, 1992). Todavia, quando a perda de visão acontece após a idade crítica de 5 a 7 anos, a ocorrência de
sonhos com conteúdo visual persiste, ainda por algum tempo, levando 20 a 30 anos para que as imagens visuais oníricas desapareçam
totalmente (Jouvet, 1992). Estes dados vêm corroborar as observações do mesmo M. Jouvet acerca das latências entre a estimulação do
córtex cerebral e a movimentação ocular rápida, REM, do sono paradoxal. Assim como os comportamentos sociais inatos (caretas,
franzir do cenho, mímicas de pré-choro e sorrisos) manifestados durante o sono agitado do,feto, dos recém-nascidos normais, de seres
descerebrados e descorticados (Hecaem e Jeannerod 1978) independem de qualquer estimulação sensorial cortical interna ou externa,
também o início da movimentação REM seria desencadeada independentemente da chegada do estímulo visual ao córtex (Hecaem e
Jeannerod, 1978).

O antigo tratado “Parva Naturália” de Aristóteles descreve o estado de sonho como resultado da impressão do "Koinon
aistheterion", significando que as imagens oníricas teriam origem em movimentos mínimos remanescentes de atividades sensoriais que
ocorrem no estado de vigília e que se reproduzem durante o sono (Meier, 1978).

A teoria da existência de um complexo processo motor relacionado à linguagem onírica encontra reforço na observação do
sono paradoxal ou REM de surdo-mudos adultos, utilitários da linguagem gestual como meio de comunicação. Nesta fase do estado de
sono, estes indivíduos costumam apresentar uma intensa movimentação nos dedos das mãos (Costa da Costa. 1993; Max, 1935).

(pg.74) Conclusão

O "sono paradoxal" ou "REM" do adulto, por ser um evento repleto de imagens visuais de caráter simbólico envolvendo
áreas corticais altamente complexas, equivaleria à experiência de “mundo visual”dos mamíferos mais evoluídos.

Tendo como possível finalidade responder à questão "o que?" da forma mais abrangente possível, o sonho paradoxal
proporcionaria a análise, a seleção e a composição de múltiplas impressões sensoriais, internas e externas que, ultrapassando os limites do
tempo e espaços físicos, daria ao ser humano um entendimento individualizado, consciente e universal, acerca do mundo e de si mesmo.

Considerando-se que o sentido mediador encontrado no “sono paradoxal” por Michel Jouvet, em suas recentes pesquisas, é
o mesmo encontrado no início do século por Freud nos “símbolos oníricos” e por Vigotsky no "significado das palavras", concluímos que
símbolos e signos, sejam eles utilizados como mediadores internos ou externos, desempenharam ao longo dos tempos, um importante
papel no processo de individualização social das espécies.

Por selecionar, comparar, organizar e relacionar experiências ancestrais com aquelas experimentadas no dia-a-dia, o sonho
condensa em seu conteúdo simbólico, assim como os mitos, todo o drama da humanidade sem, entretanto, perder as características
peculiares a cada diferente grupo social. Dentro deste enfoque, a experiência onírica das tribos indígenas, pequenos grupos cuja etnia e
práticas relacionais permanecem mais ou menos constantes, é muito elucidativa.

Na cultura Hopi, tribo indígena do sudoeste americano, os sonhos, ao lado dos cerimoniais religiosos, constituem, desde o
nascimento até a morte, uma fonte inesgotável de imagens simbólicas que satisfaz não só às necessidades individuais, como também as
sociais. Possuindo uma cultura egóica extraordinariamente controlada pelo grupo, os hopis apresentam em suas vivências um conteúdo
onírico bastante homogêneo e estável em que as imagem visuais e as emoções se repetem.

(pg.75) A deidade hopi é "Palulukon", uma grande serpente que vive nas entranhas da terra controlando as águas do
universo. Por ser uma personagem flexível, ao mesmo tempo coletiva e singular, toda a vez que fica desgostosa com o comportamento
dos homens, individualmente, em família ou dentro da tribo, ela manifesta seus sentimentos de desagrado agitando-se, o que provoca
catástrofes ambientais, como furacões, tempestades, maremotos e terremotos. Em seu aspecto benéfico, "Palulukon" é a grande
fornecedora de líquidos vivificantes como a seiva das plantas, sangue e sêmen de animais e homens. Como é um ser muito flexível, ela
minimiza-se, ocultando-se nos corações humanos de onde observa e julga seus sentimentos e atos. Quando, no julgamento da serpente,
um hopi comporta-se mal, ele corre o risco de adoecer podendo mesmo vir a falecer. A imagem de "Palulukon" presente nos sonhos dos
hopis tem, pois, a função de informar, conscientizando-os a respeito de seu comportamento individual frente ao grupo. Neste sentido, o
processo onírico para os membros dá tribo hopi tem um caráter social mediador adaptativo (Eggan, 1978).

Para certos aborígenes australianos os rituais e mitos da tribo têm origem no “tempo dos sonhos”, um peculiar estado de
consciência, atemporal, em que habitam animais que são homens e homens que são animais. Neste estado, em que todas as distinções
estabelecidas pelo inflexível código de cada espécie ou pela imposição social do grupo desaparecem, surge a possibilidade de, após cada
noite de sono, através da experiência onírica, o sujeito adquirir uma condição social diferente daquela que anteriormente possuia
(Caillois, 1978).

Na antiga Grécia, os sonhos tinham, inicialmente, um caráter religioso, o de “oráculo divino”. Segundo Homero, durante o
estado onírico, o ser humano era visitado por um ente espiritual “oneiros”. Nessa ocasião, a alma humana libertava-se de seu túmulo
(corpo físico) tornando-se apta a receber os conselhos de seres superiores e com eles dialogar.

(pg.76) Seguindo uma arcaica tradição budista, os sonhos adquirem, pouco a pouco, a condição terapêutica que se perpetua
na Igreja Cristã Ocidental, o “sonho incubatório”. Naquela prática de caráter curativo, o “paciente” previamente escolhido (excluíam-se
moribundos, mulheres grávidas e seres considerados impuros) era introduzido num recinto sagrado, um santuário. Este local, cheio de
árvores, água em abundância e muitas cobras inofensivas, bem distante no campo, era privilegiado por sua beleza. Depois de submeter-se
a determinados ritos de purificação abluções e sacrifícios preliminares, o paciente deitava-se em seu “kline” (clínica) e aguardava sonhar
o “sonho certo”, isto é, incubava, de “incubare”, dormir no santuário, “enkoimesis” para os gregos (Coxhead e Hillers, 1976). Os sonhos
curadores traziam sempre em seu conteúdo a presença de uma epifania, visão divina ou de seu substituto humano ou animal, que tocava a
parte afetada do corpo do paciente e desaparecia. Aguardando a ocorrência do sonho curativo, muitos pacientes permaneciam por longo
tempo no lugar sagrado. Estes indivíduos, que aguardavam e acreditavam na cura divina, recebiam o nome de “religiosus”. Os
“religiosus” deveriam registrar por escrito todos os seus sonhos. Quando o sonho do paciente coincidia com o do sacerdote,
“symptoma”, era o sinal certo de que o espírito curativo havia impregnado totalmente a atmosfera do local sagrado e de que o indivíduo
estaria curado. Após sua cura, o paciente deveria cumprir com certas obrigações econômicas e oferendas de ação de graças. Caso isto
não acontecesse, o paciente corria grande risco de recair em sua moléstia ou mesmo vir a falecer (Meier, 1978).

Como está escrito no mito da criação, segundo Ésquilo, a interpretação dos sonhos foi uma das maiores criações de
Prometeu, símbolo mítico do intelecto humano. O nome Prometeu, que significa literalmente aquele que é capaz de “prever pelo
pensamento”, revela a condição humana de avaliar imagens visuais antes mesmo que estímulos alcancem os olhos, numa clara referência
às imagens visuais oníricas (Meier, 1978).Prometeu, que simboliza na amplitude do pensamento grego a história essencial do gênero
humano, inicia sua trajetória na inocência animal (inconsciência, sono, "Taijasa"), percorre o caminho da lntelectualização (Consciência,
vigília, "Vaiçvanara"), passa por perigosos desvios (subconsciente, sonho ou “Prajña”) até finalmente alcançar a vida sobreconsciente no
Olimpo, o inominável “Turya” para os indianos (Díel, 1966). Por condensar em seu discurso o drama da humanidade, a mitologia judeu-
crístã reafirma no “Gênese”, livro primeiro da Bíblia Sagrada, sua condição de sonho coletivo de um povo. O nome de seu herói
primordial, “Adão”, não se refere a um homem singular ou a um gênero no sentido sexual, mas a algo “universal” que se entende por
espécie humana, conjunto de todos os seres humanos, em que se destacam certas condições evolutivas. No versículo 19 do capítulo
“Origens” lê-se que Deus chama Adão para que ele nomeie cada um dos outros seres vivos, enfatizando, então, sua condição de
intermediador, ser verbal, o criador das palavras (d'Olivet, 1984).

(pg.77) O processo psicanalítico criado por Sigmund Freud no início do século, ao valer-se destes dois poderosíssimos
mediadores sociais, a "palavra" e o "sonho", pode ser entendido como um grande mito contemporâneo. Conscientizando e adaptando o
ser humano atual às difíceis condições da sociedade moderna, esta mediadora de vanguarda, a psicanálise, demonstra hoje, na prática,
como estes dois extraordinários mecanismos sociais, a "palavra" e o "sonho", atuaram durante toda a evolução despertando os seres vivos
do mais obscuro estado de inconsciência, para a mais ampla consciência de si mesmo.

Concebidos como mediadores psicológicos por Vigotski e Freud, a palavra e o sonho têm, na atualidade, através de recentes
achados neuropsicológicos, reconhecida sua força transformatória, aquela que possibilita aos seres socialmente indiferenciados
alcançarem a condição privilegiada de indivíduo em seu grupo social, os únicos frente aos demais membros de sua espécie.

Notas (pg.78)

1- Psicóloga Clínica

2- Símbolo, ou signos de reconhecimento, deriva da palavra grega simbolon, do verbo simballo, juntar, reunir. Originalmente referia-
se a um ritual de amizade em que dois indivíduos dividiam, “mediavam”, uma mesma moeda guardando cada um uma das metades.
Estas partes eram preservadas por gerações como sinal de união e reconhecimento mútuo (Bailly-Hachette, 1973).
3- Jàgrat ou Vaiçvanara, a Vigília = (do sâsc.) - O estado de vigília, desperto ou de percepção exterior
(Blavatsky, 1970). Fogo rnalznédco que penetra o sistema solar manifestado - aspecto mais objetivo da Vida Una (Subba Row).
Significa também - fogo, calor vital calor do estômago: o sol, Agni, o deus do fogo. Muitas vezes utilizava-se este nome para dessignar o
Eu. (Doutrina Secreta, II, 521 e 600, nota). Literalmente esta palavra significa: “Saído do Vishvânara” (isto é, do fogo, do deus fogo)
(Blavatsky, 1970). “Vigília - do Latim vegetare, vegetar, de vegere, animar, fortalecer” (Heckler et al., 1984).

4- Taijasa ou Susbupi sono NREM = “Sono profundo, sono sem sonhos aquele estado de consciência em que as manifestações da
mente experimental no sono estão em repouso.” (Blavatsky, 1970). “[Taijasi no feminino], do sânscr. radiante, luminoso, flamejante (de
Tejas, fogo). É empregado algumas vezes para descrever o Mâsapa-rupá, ou corpo-pensamento e também os astros. [Ver, Bindu
Mariestaijasa e Budhitaijast Na filosofia vendantina, Taijasa significa o centro da consciência cósmica de onde os Devas.] (Blavatsky,
1970).

“São características poligráficas que distiguemguem os limites dos estágios de sono. O estágio 1 do sono NREM surge
diretamente da vigília. Seu critério de definição consiste na atividade EEG de baixa voltagem com alentecimento até freqüêcias
teta, mantendo atividade Alfa menor que 50%. Ondas agudas do vértice ao EEG, movimentos oculares
lentos; ausência de fusos de sono, complexo K ou movimentos oculares rápidos. O estágio 1 normalmente toma de 4
a 5% do total de sono (sono REM). O estágio 2 do sono NREM é caracterizado pelo surgimento de fusos do sons e complexo
K tendo atividade de fundo de voltagem relativamente baixa e freqüência mista ao EEG; ondas delta de alta voltagem podem
tomar até 20% do traçado; geralmente toma de 45 a 55% do tempo total de sono.,' O estágio 3 do sono REM define-se por pelo
menos 20% e não mais do que 5 0% do período, consistindo de ondas de 2Hz e mais 75 uV de amplitude (ondas deita de grande
amplitude); um estágio"delta", junto com o estágio 4, constitui o sono “profundo" NREM; freqüentemente está combinado
com o estágio 4 formando o estágio3/4 NREM por falta de diferenças fisiológicas documentadas entre os dois; surge geralmente
só no primeiro terço do período de sono; geralmente, toma de 4 a 6% do tempo total de sono. A definição do estágio 4 de sono
NREM equivale àquela do estágio 4 com a exceção de que as ondas lentas e de alta voltagem do EEG tomam 50'/o ou mais do
traçado; o estágio 4 de sono NREM geralmente ocupa 1 5% do total de sono." (Reimão e Diament, 1985).

(pg.79)5 - Prajña ou Svapna, o sono REM = "Estado de êxtase ou sonho, clarividência" (Blavatsky, 1970). “(Prajña, Prajna) (sânscr.)-
sinônimo de Mahat, a Mente Universal. Consciência. A capacidade para a percepção que existe em sete aspectos diversos,
correspondentes às sete condições da matéria. ( Doutrina Secreta I, 163.). Significa, além disso: inteligência,' conhecimento,
entendimento', discernimento, razão, juizo, sabedoria, conhecimento supremo ou espiritual." "Prajña o sétimo escalão da sabedoria, cuja
chave de ouro faz do homem um deus, convertendo-o em Bodhissattva, filho dos Dhyânis. (Voz do silêncio, lll).
Prajña é também um sobrenome de Sarasvati" (Blavatsky, 1970). "Sono REM. Estágio REM Estágio de sono do em todos os m@os,
inclusive o
Sono encontrado em todos os mamíferos, inclusive o homem, qual a atividade cerebral é intensa, o metabolismo cerebral está
aumentando, e existem sonhos. E também denominado
"sono paradoxar” porque, ao mesmo tempo em há intensa excitação do SNC
e presença de movimentos oculares rápidos espontâneo, a atividade muscular de repouso está suprimidas, com ausência do ritmo Alfa
( Indicativo do estado vigil no homem). O estágio REM geralmente toma de 20 a 25% do tempo de sono” ( Reimão e Diament, 1985).
(pg.80) 6- Turya ou estado de contemplação - “Turiya – (sânscr.) Um estado êxtase (transe) mais profundo:
o quarto estado do Tacara – Kaja – Yoga, que corresponde a Atmâ e, nesta Terra ao sono sem sonhos, uma condição causal. É o quarto
estado de consciência, aquele que excede ao sono sem sonhos, aquele superior a todos, um estado de elevada consciência espiritual.(Voz
do silêncio, I). O estado de consciência absoluta (Râme Prosâd).” (Blávatsky, 1970).

7 - Quadro da instalação do estado de sonho nos diferentes níveis evolutivos

vigília Vaiçvanara exotermia


ou Jàgrat

Répteis neurogênese
ininterrupta
sono Taijasa
ou NREM ou Sushupti
vigília Vaiçvanara homeotermia
ou Jàgrat

sono Taijasa neurogênese


mamíferos ou NREM ou Sushupti interrompida

sono sísmico Prajña


ou REM ou Svapna

vigília Vaiçvanara
ou Jàgrat

sono NREM Taijasa homeotermia


ou Sushupti

Seres Humanos neurogênese


interrompida

sono agitado Prajña socialização


ou REM /individualizada
Turya

Referências Biblioráficas (pg.81)

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 AZEVÊDO, P. W. e JOFFILY, S.
A importância do conteúdo visual onírico no despertar do desejo sexual
masculino. (artigo)
In RUBENS, R. Distúrbios do Sono. São Paulo: Associação Paulista de Medicina, 2003:211/213
Patrocínio: CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
INTRODUÇÃO

Considerando-se que as representações mentais que povoam os pensamentos, a imaginação e os sonhos dos homens, despertando-
lhes o desejo sexual, são predominantemente visuais, algumas perguntas se impõem: estaria a modalidade sensorial visual também na
base das representações mentais eróticas que povoam os sonhos dos indivíduos privados de visão? Que outras modalidades estariam
presentes? Espera-se que o estudo comparativo das representações mentais dos sonhos eróticos de indivíduos cegos e videntes
colabore na elucidação destas instigantes questões.

ASPECTOS PSICOFISIOLÓGICOS DA SEXUALIDADE

Características psicológicas e fisiológicas, implícitas e explícitas, do desejo sexual masculino, como a representação mental e
a ereção peniana, coexistem durante o estado de sono REM ou sono paradoxal dos homens de todas as idades. (Schmidt, 2000).
Estudando-as, Karacan (1966; 1976) constatou que as representações mentais, que acompanham as ereções nem sempre possuem o
esperado teor erótico ou sexual.

Apesar da maioria dos fenômenos relacionados ao sono paradoxal ou REM, tais como os movimentos oculares rápidos e a
hipotonia muscular, terem origem no tronco cerebral, as ereções penianas ocorridas durante este mesmo estado de consciência, decorrem,
segundo Schmidt (2000), da ativação das áreas pré-óticas laterais do telencefalo. Surpreendentemente, lesões nas áreas pré-óticas laterais
de ratos não impossibilitam o animal de continuar tendo ereções durante o estado de vigília, (ibid). Estruturas dos Sistema Nervoso
Central como o hipocampo (implicada na fixação de memórias de longo prazo), a amígdala, ou ainda os bulbos olfativos dos ratos,
(ambos envolvidos em processos emocionais) quando estimulados, elétrica ou quimicamente, também produzem ereções. Ainda segundo
Schmidt, as ereções decorrentes da estimulação cortical ou hipocampal implicariam em memórias ou representações mentais, enquanto
que as ereções causadas pela estimulação do bulbo olfativo e da amígdala, em estímulos olfativos.

Ereções independentes da ativação cerebral também acontecem na espécie humana. Indivíduos paraplégicos ou que tiveram a
sua medula secionada apresentam-nas em decorrência da manipulação peniana. Tais fatos descaracterizam o cérebro e às representações
mentais visuais como entidades geradoras da função erétil, segundo este mesmo autor, eles seriam, apenas, entidades reguladoras deste
aspecto fisiológico da sexualidade masculina.

O PAPEL DAS REPRESENTAÇÕES VISUAIS NO DESPERTAR DO DESEJO SEXUAL MASCULINO

Sabe-se que, a visão de uma mulher excitante, de revistas ou filmes de conteúdo erótico ou pornográfico, fazem oscilar os
níveis de testosterona dos homens. (Crenshaw, 1998; Brandão, 2000). A influência combinatória de fatores biológicos e ambientais no
despertar do desejo sexual masculino pode ser demonstrada brevemente da seguinte maneira: estímulos visuais fazem o nível de
testosterona oscilar. Uma tal oscilação intensifica a atividade do núcleo pré-óptico medial do hipotálamo. As projeções eferentes do
núcleo pré-óptico medial informam à hipófise acerca da necessidade de liberar o hormônio LHRH. O LHRH sintetizado nos testículos
transmuta-se em LH (hormônio lutenizante). Quanto mais LH circulante, maior a produção de testosterona. A maior produção de
testosterona desencadeia a ereção peniana. Esse mecanismo, responsável pelo despertar fisiológico da sexualidade masculina, é também
conhecido como Sistema de Retro Alimentação LHRH/ Testosterona. Através deste sistema, o desejo sexual (aspecto psicológico e
implícito da sexualidade) e a ereção (aspecto fisiológico e explícito da mesma) se entrelaçam.

Se, o resumo acima proposto reflete fielmente os primeiros estágios do despertar do desejo sexual masculino, uma pergunta se
impõe: como se processa o despertar do desejo sexual nos indivíduos desprovidos de visão?

REPRESENTAÇÕES VISUAIS ONÍRICAS VERSUS PRIVAÇÃO VISUAL

A hipótese dos sonhos dos indivíduos cegos congênitos apresentarem representações visuais é defendida por Lopes da Silva
(2003). Para este autor, a imagética visual onírica não decorre exclusivamente de percepções visuais, mas da ativação do córtex visual
através de inputs não visuais. Baseando-se na premissa de que o padrão de ativação cortical visual onírica é similar ao da imaginação
visual em estado de vigília e, que ambos podem ser observados através da diminuição visual da atividade alfa (8-12hz) registrada no
EEG, Bertolo et al (2003), produziu um experimento no qual observou através do registro EEG a atividade nervosa das áreas acciptal e
central do cérebro de sujeitos cegos, durante o estado de sono REM ou paradoxal. Após o experimento, desenhos e relatos verbais
confirmaram o caráter, não só tátil, auditivo e somestésico como também visual da imagética onírica dos cegos. Ainda segundo Bertolo et
al (2003), a significativa correlação, entre a atividade das áreas visuais do córtex e a diminuição da atividade alfa detectada no
experimento acima descrito, evidencia a existência de uma imagética visual onírica nos indivíduos cegos semelhante àquela que ocorre
nos sonhos dos sujeitos dotados de visão. Embora estes achados não sejam conclusivos, eles são instigantes.

A PESQUISA

No Laboratório de Cognição e Linguagem do centro de Ciências do Homem da UENF desenvolvem-se pesquisas a respeito da
predominância da modalidade visual na construção das representações mentais sexuais que povoam o pensamento, a imaginação e os
sonhos dos homens e a sua influência no despertar do desejo sexual masculino. Neste sentido, o conteúdo onírico, mais uma vez, revelou-
se um fértil e eficiente campo de estudos.

Através de questionamentos, previamente elaborados, analisa-se o conteúdo dos sonhos eróticos de sujeitos videntes, cegos de
nascença e de cegos tardios (por volta da adolescência). Embora, tenha-se constatado a presença de outras modalidades sensoriais no
despertar do desejo sexual de homens (cegos e videntes), a freqüência da experiência sensorial visual, permanece marcante.
As representações sexuais oníricas dos indivíduos dotados de visão refletem, sobretudo, a amplitude de uma memória corporal
e ambiental distal. Neles, aparecem inúmeras representações de caráter espacial e simultâneo, como as visuais; um menor número de
espaço/ temporais e seqüenciais, como as auditivas, (impressões sonoras como ruídos, musicas e comunicações verbais); algumas poucas
representações temporais e seqüenciais, como as táteis, proprioceptivas e somestésicas, e, difusas impressões semânticas, emocionais e
afetivas.

As representações sexuais oníricas dos indivíduos privados de visão refletem os limites de uma memória corporal e ambiental
proximal. Nelas, observam-se inúmeras representações temporais e seqüenciais, como as táteis, as proprioceptivas e as somestésicas;
outras, distais e seqüenciais, como as auditivas, (impressões sonoras como ruídos, musicas e comunicações verbais); algumas
representações de caráter espacial e simultâneo, como as visuais, no caso de cegos tardios, e ínfimas e indefinidas, no caso de cegos de
nascença, assim como, intensas impressões semânticas, emocionais e afetivas.

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 JOFFILY, Sylvia Beatriz.


Sonho e Individuação (artigo)
in REIMÃO, R. Tópicos Selecionados de Medicina do Sono. São Paulo: Associação
Paulista de Medicina, 2002:261/266

Múltiplos são os meandros psicológicos, biológicos, fisiológicos e sociais que fazem de cada homem, no contexto de sua
espécie, um ser único, um indivíduo.
Dentre as diferentes funções neuropsicobiológicas que colaboram para o estabelecimento de uma tal individualidade
destaca-se aquela que propicia o surgimento das representações mentais durante o estado de sono.
Esta função, característica dos seres evolutivamente superiores, é também enfatizada na Teoria Psicológica Analítica de Jung
devido à importância, por ele atribuída à experiência onírica durante o processo de maturação psíquica ou de individuação (Hall, 1986;
Jung, 1987).

Enquanto fenômenos evolutivos de caráter recente, a produção de sonhos e a individualização humana, merecem ser mais
bem investigadas.

Considerando-se as condições biofisiológicas que possibilitam a ocorrência dos sonhos destacam-se, entre outras, o controle
da temperatura corporal e a interrupção da neurogênese.

Através da neurogênese o reino animal divide-se em duas diferentes categorias: na primeira, incluem-se os organismos que
permanecem produzindo neurônios para o resto de suas vidas, e na segunda, aqueles cuja produção de novas células nervosas esgota-se,
praticamente, por volta do nascimento.

Os animais pertencentes à primeira categoria, tendo a sua temperatura corporal determinada pela temperatura ambiente, são
denominados animais de sangue frio ou exotérmicos. Os animais pertencentes a segunda categoria, dotados de uma capacidade oxidativa
própria e uma produção metabólica relativamente alta de calor (Hardy, 1979) recebem a denominação de animais de sangue quente ou
endodérmicos.
Ora, sabe-se que os animais de sangue frio e neurogênese ininterrupta, tais como os peixes, os répteis e os anfíbios,
privilegiam uma única fonte de informação, a filogenética. Esta informação de caráter estereotipado e repetitivo, determinante de um
padrão comportamental massificado e rígido, faz daqueles seres entidades indistintas dentro da mesma espécie.

Animais de sangue quente como os mamíferos, nos quais a produção de células nervosas (neurogênese) interrompe-se logo
após o nascimento, adicionando e modulando experiências sensoriais atualizadas àquela primitiva e limitadora informação pré-natal, de
caráter hereditário, (filogenética) dão origem a um outro acervo de memórias, particular e exclusivo, pós-natal, (ontogenética), que os
transforma em indivíduos, seres únicos, dentro da mesma espécie.

(Pg.162) A analise psicológica dos comportamentos decorrentes de fenômenos fisiológicos tais como a interrupção da
neurogênese, e o controle endógeno da temperatura corporal pode ajudar a desvendar como surgem as funções cognitivas superiores,
responsáveis pela produção das memórias ontogenéticas e das representações mentais. Como se sabe, a característica principal do acervo
filogenético de memórias motoras, comum a todos os membros das espécies dotadas de processo de neurogênese contínua, é ser pobre e
estereotipado. (Rosinha, 2001; Hannevin-Dubois 2000).
Acredita-se que o Sistema Nervoso Central de animais cuja perambulação é limitada como peixes, répteis e anfíbios,
habitando praticamente toda a vida o mesmo e restrito ambiente, dispensa estratégias de sobrevivência cognitivas mais elaboradas. Por
outro lado, os animais de sangue quente, cuja neurogênese é interrompida logo após o nascimento ousando enfrentar, devido a sua
incessante mobilidade, ambientes externos dinâmicos e diversificados, são obrigados a criar, para sobreviver, um renovável e amplo
acervo de memórias ontogenéticas.

Como os primitivos animais de sangue frio e neurogênese continuada, transformando-se em animais de sangue quente e de
neurogênese interrompida, criam um acervo de memórias renováveis ou ontogenéticas?

Sabe-se que nos organismos nos quais o processo de neurogênese é contínuo, gerações e gerações de neurônios imaturos
repetem, de forma praticamente inalterada, o mesmo e único traçado de conexões sinápticas que lhes foi imposto pela memória da
espécie.

Acredita-se também que a interrupção pós-natal da produção de neurônios propicie, não só o amadurecimento daquelas
células, como também que, o fazer, o desfazer e o refazer contínuo de novas e antigas conexões sinápticas, resultantes de uma inédita e
excessiva exposição sensorial não prevista no código filogenético, favoreça o surgimento de um sistema de memória de caráter renovável
ou ontogenético.

A implantação de um sistema termo-regulador endógino explica-se da seguinte maneira:

Ao deixarem o mar em direção a terra firme, vertebrados de sangue frio e neurogênese interrompida como os peixes,
submetidos aos efeitos da gravitação, despem-se de toda a leveza e graciosidade motriz proporcionada pela imponderabilidade do espaço
aquático. Na terra, seus corpos transformam-se em lentas e pesadas carcaças, e suas antes temíveis e móveis mandíbulas, pressionadas
contra a solidez da terra, não mais se abrem em busca de alimento.

Na tentativa de sobrevivência, inúteis e frágeis barbatanas transmutam-se em sólidas e robustas pernas, e seus ineficientes e
sobrecarregados sistemas circulatório e respiratório submetem-se à uma total reforma anatomo-funcional. A combustão gerada pela
atualização daqueles órgãos aquece-lhes o corpo e dá origem a uma condição endógena, termo reguladora, a qual, juntamente com a
invenção das pernas, resgata, em parte, a antiga disposição motriz. (Jastrow, R., 1987)

Simultâneo a endotermia surge no sistema nervoso, ligando o córtex cerebral à medula, uma função motora de caráter
voluntário. Esta função, contrariando, muitas vezes, informações contidas nos padrões motores da espécie, impulsiona o animal a
enfrentar e a resolver de forma inédita, personalizada e satisfatória, variadas situações pessoais e ambientais. (Jouvet, 1992; Ayala-
Guerrero, 1990; Hecaen e Jeannerod, 1978).

(Pg.163) É esta movimentação voluntária que leva os organismos a abandonarem os estreitos limites espaço temporais do
antigo território e se exporem a circunstâncias ambientais ainda não previstas no acervo de memórias filogenéticas.

Os desafios gerados por essa atividade motora voluntária não encontrando respaldo no arcaico e limitado sistema cognitivo
característico da espécie desencadeiam a criação de novos e inéditos processos de cognição. Através deles, padrões motores
ontogenéticos, até então desconhecidos pelo acervo de memórias filogenéticas, são assimilados, acomodados, memorizados, imitados,
generalizados, selecionados, categorizados e sintetizados de forma rápida e eficiente. (Edelman, 1992; Jacob,P.,2001; Maratos O.,1982;
Meltzoff, N. e Moore, M.R,1977 e1983).

Utilizando os mesmos recursos funcionais da cognição superior, a função imagética onírica, característica do estado de sono
paradoxal ou sonho, é uma forte candidata ao título de responsável pelo surgimento das representações mentais, as quais se situam na
origem do processo de individuação humano.

A possível relação existente entre a atividade neural precursora do estado de sono paradoxal ou do sonho do indivíduo
adulto, o sono agitado do feto e do recém nascido, e os processos cognitivos superiores que dão origem à individuação humana tem sido
alvo de várias pesquisas (Jofflly,1995/6; 2000;2001).

Embora não tenha sido possível evidenciar, no sistema nervoso dos animais de sangue frio e de neurogênese ininterrupta,
sinais característicos do sono paradoxal ou sonho, sabe-se que indícios de uma tal função, como os movimentos oculares rápidos ou
movimentos REM, encontram~se presentes desde o sétimo mês de gestação dos humanos, quando a retina adquire uma estrutura mais
definida e o registro eletroencefalográfico torna-se contínuo.

Considerando-se que a surpreendente quantidade de sono agitado e de sono paradoxal apresentada pelos fetos e recém-
nascidos humanos dá-se exatamente no momento em que os fatores genéticos predominam sobre os epigenéticos, Michel Jouvet (1977)
sugere que a principal função dos estados primordiais do sonho seria a de preparar o cérebro para reagir de maneira individualizada à
inesperada múltipla e diversificada estimulação sensorial enfrentada por organismos dotados de funções nervosas, motoras e voluntárias,
como os animais de sangue quente, portadores de um sistema endógeno de regulação térmica.

É sabido que durante o período de maturação nervosa (estado fetal e pós-natal) os animais de sangue quente, ou mamíferos,
apresentam uma taxa de sono paradoxal muito alta (50 a 60% do período total de sono nos seres humanos, 80 a 90% nos gatos). Neste
mesmo período a produção de neurônios (neurogênese) encerra-se e o sistema endógeno de regulação termo/dinâmico se estabiliza. À
medida que o sistema nervoso vai se mielinizando a taxa de sono paradoxal do recém~nascido decresce até aproximar do nível
encontrado nos indivíduos adultos normais (10% do estado de sono). (Rosinha,2000;Craig; Peyron e Frank, 2000)
(Pg.164) Enquanto as estruturas neuroanatômicas subcorticais e corticais que viabilizam o surgimento do sono agitado e
paradoxal do feto e do recém-nascido modificam-se bioquimicamente, a mielinização e a arborização dendritica intensificam-se
aumentando o número de contatos sinápticos. (Costa da Costa, 1996)

Embora o córtex cerebral ainda imaturo dos mamíferos recém-nascidos apresente um número de conexões sinápticas muito
maior do que aquele encontrado no cérebro do animal adulto, logo após o nascimento, grande parte dos prolongamentos nervosos,
anteriormente estabelecidos, desaparecem. (Innocenti et al. 1977; Wise e Jones, 1976). Segundo Michel Jouvet (1992), é a implantação
de um novo modelo de conservação de individualidade genética, baseado em duas diferentes categorias de células nervosas, surgidas no
reino animal ao mesmo tempo que a homeotermia, que substitui o antigo modelo de neurogênese permanente.

Neste singular e atualizado modelo operacional, dois diferentes tipos de neurônios atuam: um arcaico e dependente
submetido a um programa genético extremamente rígido, cuja ativação depende de estimulação exógena, e um outro, de formação mais
recente e flexível, passível de ativação endógena através do sono paradoxal, que dá ao animal maior plasticidade neuronal e melhor
adaptabilidade ambiental. É através deste último, que animal assimila posturas motoras diversificadas e individualizadas não previstas no
código genético da espécie. (Jouvet, 1977; 1992)

Ativados pelo sistema "ponto-geniculo-occiptal" (PGO) do "sono paradoxal" aqueles neurônios, de estimulação endógena
característicos da segunda categoria celular, desempenham um significativo papel na movimentação do feto e do recém-nascido (Joëlle,
1977). Os movimentos oculares rápidos (REM) que ocorrem durante a fase paradoxal do sono decorreriam daquela ativação. (Jouvet,
1977).

Curiosamente, o circuito neural do sistema "ponto-geniculo-occiptal” (PGO), que entra em ação durante o sono paradoxal,
reproduz o circuito de uma das duas modalidades funcionais do sistema visual dos mamíferos superiores, particularmente dos primatas.

Nos animais cujo sistema nervoso central dedica-se a satisfazer múltiplas e variadas necessidades cognitivas, as fibras que
deixam a retina subdividem-se em duas: a primeira relaciona-se com a localização do estímulo visto e a segunda com a quantidade
intrínseca do estímulo visual.

A via nervosa que informa o animal sobre a localização do estímulo externo é uma via de condução lenta que parte da Retina
e dirige-se ao Tectum ao nível dos Quatrigêmeos Anteriores. Ela dedica-se a responder a questão: Onde está o estímulo? A via que
informa ao animal sobre a qualidade do estímulo é uma via de condução rápida. Originando-se na Retina, ela passa por um primeiro relé
ao nível do Corpo Geniculado Lateral para depois se dirigir ao Córtex Estriado (Jeannerod, 1977). É ela que responde a questão: O que é
visto? Esta via praticamente reproduz o mesmo percurso do sistema PGO responsável pelo sono paradoxal ou sono REM (Jeannerod,
1977; Dement, 1978).

Vertebrados primitivos como os peixes, os répteis e os anfíbios, nos quais as fibras retinianas dirigem-se unicamente
para o Tectum, são seres primitivos, incapazes de produzirem sonhos ou de reconhecerem formas mais complexas como a própria
imagem espelhada, sendo, portanto, seres indistintos entre si.

(Pg.165) Levando-se em conta o conceito de individuação de C.G. Jung, no (Hall, M.D. 1986; Jung, 1987), somente o
animal portador de um sistema de memórias renováveis, ontogenéticas, e de um sistema motriz voluntário e individualizado, estaria apto
a se auto-reconhecer visualmente na imagem especular.
Entretanto segundo as pesquisas de Fagot e Martin-Malivel (2002) só os macacos antropóides e os homens apresentam;
frente à própria imagem espelhada, comportamentos de auto-exploração corporal, significando serem capazes de reconhecer a si mesmos
como entidade única e permanente. (Uma alma?).

Macacos não antropóides frente à própria imagem espelhada limitam-se a manifestar comportamentos sociais semelhantes
àqueles que utilizam quando se deparam com outros indivíduos da própria espécie. (Gallup C., 1998).

Seriam então os macacos antropóides, assim como os homens, os únicos seres vivos a se auto-reconhecer na imagética
onírica? Esta é uma questão para futuras pesquisas.

As pesquisas relacionadas à influência das diferentes modalidades sensoriais na elaboração da construção do conceito de um
Eu na imagética onírica desenvolvidas pela Profª Dra. Sylvia Joffily, no Laboratório de Cognição e Linguagem do Centro de Ciências do
Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, dedicam-se ao esclarecimento destas instigantes questões.

BIBLIOGRAFÍA

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25 Premach, David (1993) O acontecimento moral no recém-nascido. In: Changeux J.P. (ed.) Fundamentos Naturais da Ética.
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26 Rosinha M.U. (2001) Sono e Memória em Rubens, R. (org). Avanço em Medicina do Sono. São Paulo: A.P.M: Zeppelini, Edit.

27 ________(2000) Fisiologia do Sono: Atualizações em Rubens, R. (org). Temas de Medicina do Sono. São Paulo: A.P.M.;
Lemos Edit.

Artigos a serem publicados:


 Seria a atividade onírica uma função cognitiva superior?
Autora: Sylvia Beatriz Joffily
A ser publicado no livro Sono em Psicologia de Sueli Gottochlich Rossini e
Rubens Reimão. Editora Atheneu

A importância da fala interior no desenvolvimento cognitivo e motivacional da
criança.
Autora: Sylvia Beatriz Joffily
 Atenção interativa e alternância sono/vigília.
XIII Simpósio Brasileiro de Sono e VII Congresso Paulista de Sono
Autora: Sylvia Beatriz Joffily


Reflexões sobre a influência dos constructos tempo/espaciais nas modalidades
tátil,visual e auditiva.
Autora: Sylvia Beatriz Joffily
Universidade Estadual Norte fluminense, Darcy Ribeiro

8.2 LIVROS e ARTIGOS TRADUZIDOS

8.2.1.Toucher pour Connaître – psychologie cognitive de la perception tatile-manuelle.Paris: Presses Universitaires de


France 2000.
Autores: HATWELL,Y, STRERI, A, GENTAZ, E.
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Lúcia Barros Contino; Hildeny R.S.Lima; Maria Júlia Gomes de Mello

8.2.2 Perception et Intermodalité – Approches Actuelles de la Question de Molyneux. Paris: Presses Universitaires de france
1997.
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Lúcia barros Contino; Hildeny R.S.Lima; Maria Júlia Gomes de Mello

8.2.3. La Maladie de l´Indifference.(A doença da indiferença)


Revista Cerveau & Psycho – nº 3 / 2003:66-70.
Autores: VERSTICHEL, P. e LARROUY, P
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Bianca Rocha Miranda

8.2.4. Espace et regard (Espaço e Olhar) em


Livro: Neuropsychologie de la Perception Visuelle (Neuropsicologia da Percepção Visual)
Sous la diretion de Henri Hecaen.
Autor: JEANNEROD, M.
Editora: Masson e cia/1972: 265-279.
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Lúcia Barros Contino.

8.2.5. Memoire – On a découvert la molécule de l`oublie ! Memória: decobriu-se a molécula do esquecimento !


Revista: Science e Vie/ nº 1032/setembro/2003: 38-60.
Autores: BETTAYEB, K, JULIENNE, M, TOURBE,C et CORNILLIER,Y
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Bianca Rocha Miranda

8.2.6. Visão: uma janela para a consciência


Autor: LOGOTHETIS, N.
Revista: Scientific American/Ago-2002:18-25.
Tradução: Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Ana Bianca Rocha Miranda

8.2.7. O chefe da orquestra da memória espacial (Le chef d’ orchestre de la mémorie spatiale)
Revista: La Recherche/ nº 344/jul/ago/2001:36-39
Autor: Buno Pucet
Tradução e transcrição: Drª Sylvia Beatriz Joffily

8.2.8 – Stress e Memória: uma aproximação a neuropsicologia


Revista: Consulta Médica. P. 21-30.
Autor: Dr. José Luis Carrera
Tradução e transcrição: Maria Julia Gomes de Mello

8.2.9 – La pensée sans mots. (O pensamento sem palavras)


Revista: Revista Cerveau & Psycho – nº 3 / 2003:38-43.
Autor:Sabina Pauen
Tradução: Drª Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Hildeny R.S.Lima

8.2.10. Au commencement était l’action (No começo era a ação)


Revista: La Recherche/ nº 366. 1998:54-65.
Le double commande d`une pince de haute précision. P. 54.
Autor:Marc Jeannerod;
Un immense chantier neuronal. P. 58
Autor: Driss Boussaoud; Pierre Jacob.
Voir n`est pás toujours “voir” . P. 62.
Autor: Pierre Jacob.
Tradução: Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Hildeny R.S.Lima

8.2.11. Subjectivité et conscience d’agir: Approches cognitive et clinique de la psychose (Subjetividade e consciência no
agir: Abordagens cognitiva e clínica da psicose)
Paris: PUF, 1998.
Tradução: Sylvia Beatriz Joffily
Transcrição: Munira Queiroz

8.3.11 Las teorías del sueño en la filosofía antigua – 2ª ed., Fondo de Cultura Económica (FCE), México, 1989.
Autor: CAPPELLETTI, Ángel J.
Tradução e transcrição – Maria Julia Gomes de Mello (Mestranda)
Drª Sylvia Beatriz Joffily (Orientadora)

9. DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
10.OBJETOS ANATÔMICOS CONSTRUÍDOS
10.1. Embriologia do Sistema Nervoso.
10.1.Áreas Corticais
10.2. Sistema Límbico
10.3. Núcleos da Base.
10.4. A Célula Nervosa
Projeto e execução: Ana Bianca Rocha Miranda
Hildeny R.S.Lima
Sylvia Beatriz Joffily

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